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DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ESTOMATOGNATICO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

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Biblioteca Setorial CCS-0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ESTOMATOLOGIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ODONTOPEDIATRIA

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA ESTOMATOGNATICO

NA

PRIMEIRA INFÂNCIA

MARTA GHISLENI CORÓ

MONOGRAFIA APRESENTADA AO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ODONTOPEDIATRIA DO DEPARTAMENTO DE ESTOMATOLOGIA DA UFSC PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM ODONTOPEDIATRIA.

ORIENTADOR: PROF'. DRA. IZABEL

CRISTINA SANTOS ALMEIDA

(2)
(3)

- Aos professores da Discliplina de Odontopediatria, em especial A. professora

Izabel Cristina Santos Almeida, pela paciência e sabedoria com que orientou a realização deste

trabalho;

- Aos colegas, pelos momentos de estudo e alegria compartilhados;

(4)

se sabe trabalhar e amar: trabalhar pelo que se ama e

amar aquilo em que se trabalha."

(5)

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO 08

2 REVISÃO DA LITERATURA 11

2.1 Formação

e

desenvolvimento do sistema estomatognatico 11

2.1.1 Músculos e articulação temporomandibular 1 2

2.1.2 Crescimento e desenvolvimento dos maxilares 14

2.1.3 Relação maxilo-mandibular 17

2.1.4 Cavidade bucal 19

2.1.5 Desenvolvimento dentário 21

2.1.6 Cronologia e seqüência de erupção 22

2.1.7 Oclusão decidua normal 25

2.2 Fatores que influenciam

o

desenvolvimento do sistema estomatognfitico 26

2.2.1 Sucção 26

2.2. I .1 Aspectos fisiológicos 26

2.2.1.2 Aspectos patológicos 31

2.2.2 Deglutição 37

2.2.3 Respiração 40

2.2.4 Mastigação 43

2.2.5 Fonoarticulação 46

3 DISCUSSÃO 48

4 CONCLUSÕES 56

(6)

Este estudo tem por finalidade analisar o desenvolvimento do sistema

estomatognatico na primeira infância e os fatores que influenciam o mesmo, procurando salientar

a importância do diagnóstico precoce de fator(es) negativo(s). Através de uma revisão

bibliográfica, concluiu-se que a amamentação natural, a respiração nasal, a deglutição normal e

as funções de mastigação e fonoarticulação, em menor intensidade, são fatores relevantes no

desenvolvimento do sistema estomatognático, pois estimulam o crescimento de seus

componentes de uma forma harmônica. Já, a amamentação artificial, a sucção de chupeta e/ou

dedo prolongada, a respiração bucal e a deglutição atípica, constituem fatores que podem

(7)

This study has the purpose of analize the development of the stomathognathic system

in the first childhood and the factors that influence it, intending to emphasize the importance of

the precocious diagnosis of negative factors. Through a bibliographic review, we can see that the

breast feeding, the nasal breathing, the normal swallow and the chewing and fonoarticulation

functions, in lower intensity, are relevant factors in the stomathognathic system development,

because they stimulate the growth of their components in a harmonic way. Nevertheless the

bottle feeding, the pacifier and/or finger suction, the mouth breathing and the tongue thrust,

(8)

A Odontologia, em especial a Odontopediatria, esta cada vez mais voltada para um

acompanhamento precoce do indivíduo, começando já na sua vida intra-uterina. Considerando

esta abordagem, torna-se imprescindível entendermos melhor como ocorre o desenvolvimento da

criança como um todo e em especial do seu sistema estomatognatico, tendo-se o conhecimento

necessário sobre as características morfológicas de uma cavidade bucal considerada dentro dos

padrões de normalidade ao nascimento, bem como do desenvolvimento adequado desta cavidade

durante os primeiros anos de vida.

Um aspecto importante sobre o desenvolvimento facial normal esta no estudo das

funções bucais do bebê, porque, apesar do crescimento e desenvolvimento cranio-faciais estarem

diretamente relacionados a fatores genéticos, os mesmos são fortemente influenciados pelo

padrão funcional da musculatura buco-facial. Assim, com o conhecimento do desenvolvimento

das funções bucais e de como se estabelecem as atividades neuromusculares na regido peri-bucal

e facial, adquire-se uma visão integral do crescimento e desenvolvimento cranio-facial e das

dentições ( CORRÊA et al., 1998).

Segundo SCHTNESTSCK, SCHINESTSCK (1998) a saúde biológica de todo o

(9)

constituintes fisiológicos. Quando cada um e todos trabalham harmoniosamente, as funções são

realizadas com o máximo de eficiência e o mínimo gasto de energia.

No entanto, a função alterada de um ou vários componentes do sistema

estomatognatico provoca desequilíbrios que se manifestam na conformação e estrutura dos

órgãos intenelacionados. De acordo com a teoria de Moss , sobre a matriz funcional, o

crescimento e a manutenção de todos os órgãos e tecidos não esqueléticos são sempre respostas

secundarias, compensatórias e obrigatórias a eventos operacionais e temporariamente prioritários

para os processos que ocorrem em órgãos e tecidos não esqueléticos (MOYERS,1988).

Assim, verifica-se que, além das influências genéticas sobre o desenvolvimento do

sistema estomatognatico, o mesmo pode ser significantemente afetado pelo ambiente, quer seja

positivamente durante a realização das funções bucais adequadas pelo bebê ou negativamente,

pela execução de um hábito bucal deletério.

Segundo MOYERS (1988), os hábitos são "... padrões de contração muscular

aprendidos e de natureza complexa... ." Representam ainda um comportamento que de tantas

vezes praticado torna-se inconsciente e passa a ser incorporado à personalidade (SIMPSON,

CHEUNG,1973).

Se estas parafunções não forem reconhecidas e interceptadas ainda nos estágios mais

precoces, poderá ocorrer o estabelecimento de alterações dento-alveolares e miofuncionais.

Segundo GRABER (1974) três fatores associados, são necessários para que uma má-oclusão se

(10)

Biblioteca Setorial

CCs-0 10

habito. Estes, são conhecidos como

"Tríade

de Graber", representados pela duração, freqüência

e

intensidade.

Assim,

é

de fundamental importância que os profissionais, principalmente

o

Odontopediatra, saiba reconhecer

e

diagnosticar de maneira segura

e

correta os desvios que

possam ocorrer no crescimento

e

desenvolvimento do sistema estomatognatico, já na primeira

infância, com a finalidade de orientar, alertar e/ou tranqüilizar os pais ou responsáveis

e

indicar

o

tratamento adequado. Com esta atitude, estaremos segundo FALTIN

JÚNIOR

et al. (1983),

preservando

e

conservando a integridade do aparelho mastigatório, praticamente desde

o

nascimento.

Este trabalho tem por objetivo analisar

o

desenvolvimento do sistema

estomatognatico na primeira infância

e

os fatores que influenciam

o

mesmo, procurando salientar

a importância do diagnóstico precoce de fator(es) negativo(s)

e

a(s) conseqüência(s) deste(s),

evitando desta forma a instalação de problemas futuros que comprometam funções tais como

(11)

2 REVISÃO DA LITERATURA

0 desenvolvimento do sistema estomatognitico envolve uma série de fatores

bastante complexos, sendo que, para se ter uma melhor compreensão dos acontecimentos

isoladamente, costuma-se, em termos didáticos, dividi-lo em partes. Analisaremos previamente

como ocorre a formação deste sistema e, posteriormente, os fatores que influenciam o mesmo.

2.1 Formação

e

desenvolvimento do sistema estomatognitico

0 sistema estomatognático, de acordo com SAADIA ( 1981), representa um ciclo

funcional formado pela musculatura, maxila, mandíbula, articulação temporomandibular, dentes

e periósteo que agem como uma unidade funcional.

ARAÚJO (1988) afirmou que o sistema estomatognático, também conhecido por

sistema mastigatório, é composto pelos ossos maxilares e mandíbula, dentes, ATM, músculos e

completado através dos lábios, bochechas, língua,, nervos e vasos.

SCHINESTSCK, SCHINESTSCK (1998) consideraram o sistema estomatognático

como sendo um sistema complexo, indivisível e interligado, formado pelos dentes, lingua, ossos,

(12)

realiza funções vitais (mastigação, deglutição ,respiração) de extrema sensibilidade e importância

para a manutenção de todo o equilíbrio biológico do indivíduo.

Entretanto para BEHSNILIAM apud SCHINESTSCK, SCHINESTSCK (1998) o

sistema estomatognatico é uma entidade fisiológica funcional, perfeitamente definida e integrada

por um conjunto heterogêneo de órgdos e tecidos, cuja biologia e fisiopatologia são

absolutamente interdependentes, sendo que a saúde biológica de todo o sistema estomatognático

depende, principalmente, da perfeita harmonia funcional entre seus constituintes fisiológicos.

Para um melhor entendimento, estudaremos a formação e o desenvolvimento de

cada componente do sistema estomatogridtico separadamente.

2.1.1 Músculos e articulação temporomandibular

Segundo SAADIA( 1981), desde o momento mais precoce do aparecimento, na 6a

semana de vida intra uterina, quando os músculos são formados e respondem as excitações

neurais, até sua maturação, os músculos já adquirem autonomia. A musculatura é responsável

por uma série de funções tais como a mastigação, deglutição, expressão facial, postura e

respiração. Cada uma dessas funções é realizada por um ou por diversos músculos com seu

próprio sistema sensorial e motor, que contribui para a atividade adequada do sistema muscular.

Contudo em relação à articulação temporomandibular, durante a vida fetal, esta

apresenta-se de forma rudimentar se comparada com as outras articulações do corpo, sendo que,

(13)

todos seus componentes e uma imaturidade anatômica e histológica, onde o côndilo e o disco se

encontram rasos e a eminência articular é somente urna pequena elevação. Em decorrência disso,

a mandíbula está livre para movimentar-se em qualquer direção, já que não há interferências,

porém os movimentos em lateralidade são de pequena intensidade. Esses movimentos permitem

o desenvolvimento da musculatura perioral, o qual, em torno, começa a maturação da articulação

temporomandibular, sendo que, durante os primeiros dois anos de vida, com o estabelecimento

das relações oclusais, a articulação adquire contornos característicos. Acrescenta ainda que, com

a erupção dos incisivos, a mandíbula não pode deslocar-se para anterior sem fazer movimento de

abertura, devido à presença dos dentes; desta forma sofrerá novamente alterações morfológicas

que a adaptem ao novo padrão funcional. Assim, o processo de remodelagem da articulação

temporomandibular é continuo durante todo o estabelecimento da dentição decidua.

MOYERS (1988) afirmou que o côndilo apresenta um formato rudimentar, sendo

"tosco" no bebê e achatado quando comparado com o do adulto encontrando-se coberto por uma

espessa camada de cartilagem, durante os seis primeiros meses de vida, sendo que depois, esta

espessura sera reduzida, provavelmente devido à redução da vascularização desta Area.

De acordo com MOLINA (1989), a articulação temporomandibular encontra-se em

estágios primários de desenvolvimento ao nascimento e a delimitação dos seus contornos ocorre

provavelmente como resultado do estimulo da função mastigatória inicial. Afirma ainda que

estas modificações são resultados da aposição e reabsorção ósseas diferenciais e principalmente

da aposição na eminência, sendo que durante o desenvolvimento da dentição decidua, a

profundidade da fossa aumenta consideravelmente e a eminência torna-se claramente

identificada. No entanto, a forma de "S" característica da cavidade glen6ide e a forma condilar

(14)

pelos dentes permanentes,

o

que indica que

o

crescimento

e

a maturação pós-natal dos

componentes da ATM, só se

completarão

com

o

amadurecimento da dentição permanente, em

geral após os vinte anos de idade.

Para VAN DER LINDEN (1990)

o

crescimento da face pode ser melhor explicado se

admitirmos uma subordinação do esqueleto facial aos tecidos moles

e

aos componentes

funcionais que tomam parte nas atividades da face, considerando assim

o

mesmo como

adaptativo

e

resultante das demandas funcionais impostas sobre

o

mesmo.

MOYERS, CARLSON (1993) dividem a maturação da neuromusculatura orofacial

em um

período

pré-natal

e

outro pós-natal. Durante a vida pré-natal, a musculatura associada

regido orofacial amadurece mais depressa que a das

regiões

dos membros, visto que a boca

é o

órgão onde várias funções vitais devem estar em plena atividade desde

o

nascimento, sendo que

os reflexos respiratórios, os reflexos de oclusão da maxila

e mandíbula, o

do regurgitamento, a

sucção

e

a deglutição infantis desenvolvem-se todos dentro de um padrão, entre a le ea 32'

semana de vida intra uterina. Após

o

nascimento, a maturação da neuromusculatura orofacial

é

proporcionada pelas funções bucais que

o

recém-nascido realiza, como a sucção, deglutição,

choro

e

manutenção das vias aéreas e, mais tarde, pela mastigação, fala, expressão facial

e

deglutição madura.

(15)

SAADIA (1981) considera que a discussão sobre

o

crescimento facial pode ser

limitada ao crescimento

e

desenvolvimento dos processos maxilares

e

mandibulares,

e

que este

é

significativo da

e

semana de vida até a 2 ° década.

De acordo com MOYERS (1988), a forma básica das arcadas dentárias

é

determinada, pelo menos até

o

4° mês de vida intra-uterina, pelos germes dentários em

desenvolvimento

e

pelo osso basal em crescimento, sendo que ao nascimento, pode-se observar

a maxila de forma arredondada, diferente da

mandíbula,

que se apresenta em forma de U.

Para ARAÚJO (1988), a maxila apresenta crescimento sutural

e

processos de

aposição

e

reabsorção óssea, crescendo para trás

e

para cima

e

provocando

o

seu deslocamento

para frente

e

para baixo. Acrescenta que, para se entender

o

mecanismo de crescimento da

mandíbula, é

importante imaginá-la inicialmente como se fosse um osso longo com suas duas

epífises, dobrado em forma de ferradura, ocupando uma posição na parte inferior da face

e

fortemente solicitado por um conjunto de músculos que a ela

estão

ligados interna

e

externamente.

VAN DER LINDEN (1990) afirmou que

o

ciindilo

é

a regido mais vigorosa de

crescimento no esqueleto crânio-facial

e

que nenhum outro osso da cabeça exibe

proporcionalmente tanto crescimento como a

mandíbula;

salientando que nenhum outro osso

mostra um grau

tão

alto de variação na sua forma final.

Segundo TOLEDO (1996),

o

crescimento da maxila faz-se por meio de proliferação

do tecido conjuntivo sutural, ossificação intramembranosa, aposição óssea superficial,

(16)

com

o

crescimento das órbitas

e

das fossas nasais

e

que,

o

crescimento do processo alveolar em

altura, está relacionado com o desenvolvimento

e

a erupção dos dentes.

Todavia em relação à

mandíbula,

TOLEDO (1996) afirmou que, ao nascimento, os

ramos mandibulares são bastante curtos

e o

processo condilar

é

pouco desenvolvido, sendo que

durante

o

primeiro ano de vida ocorre um crescimento generalizado, caracterizado por aposição

óssea em todas as superficies desta. Após

o

primeiro ano, este torna-se mais seletivo, ocorrendo

aposição óssea somente na borda posterior do ramo

e

no processo alveolar. Paralelamente,

ocorre reabsorção na borda anterior do ramo, aumentando

o

comprimento do processo alveolar.

0 crescimento na cabeça da

mandíbula

contribui para

o

crescimento do ramo para

trás

a para

cima, determinando também a direção do deslocamento mandibular. A aposição óssea na borda

posterior

e

a reabsorção na borda anterior movimentam

o

ramo para trás, produzindo um

alongamento do corpo

e

promovendo

o

crescimento em largura. 0 aumento em altura

é

dado

pelo crescimento do processo alveolar, que, por sua vez, está relacionado com a erupção

dentária.

CÔRREA et al. (1998) afirmaram que

o

primeiro grande surto de crescimento dos

maxilares em sentido transversal ocorre durante os dois primeiros anos, porém mais de 60%

deste crescimento ocorre nos primeiros 6 a 8 meses de vida. Este crescimento transversal ao qual

se atribui principalmente à presença da sutura palatina mediana na maxila

e

à sincondrose

sinfisiana na

mandíbula, outorgará o

espaço necessário para uma disposição harmoniosa dos

dentes deciduos nas arcadas

dentárias

na

época

de sua erupção.

Segundo FERREIRA (1998),

o

crescimento dos ossos componentes do esqueleto

(17)

como pela concomitância dos mecanismos que envolvem este processo. De acordo com o autor,

o crescimento da maxila se realiza de maneira intramembranosa por aposição e reabsorção óssea

em quase toda sua extensão e por proliferação do tecido conjuntivo sutural nos pontos em que

este osso se conecta com peças vizinhas ( frontal, zigomAticos, palatino e processo pterig6ide do

esfen6ide). Em relação à mandíbula, o autor afirmou que, a proliferação do tecido cartilagineo da

cabeça do cõndilo ( crescimento do tipo cartilagíneo), a aposição e reabsorção superficial no

corpo e ramo ascendente (crescimento do tipo membranoso) se constituem no complexo

mecanismo de crescimento deste osso.

2.1.3 Relação maxilo-mandibular

Analisando-se a relação fintero-posterior entre os maxilares ao nascimento, pode-se

observar uma postura retrognata da mandíbula em relação à maxila. No entanto, com o processo

evolutivo do estabelecimento da oclusão, esta relação sofre modificações significativas, sendo

que as mesmas já ocorrem na vida intra-uterina, conforme estudo realizado por CLINCH apud

ANDO, PSILLAKIS (1973), que observaram que do 56 a ao 64a dia de vida intra-uterina, a

mandíbula apresenta-se maior que a maxila, no 74a, essa projeção anterior do rodete mandibular

praticamente desaparece. A partir deste momento, o processo de crescimento torna-se contrario

ao apresentado e, com isso, a projeção do rodete superior é evidente e mantém-se assim até o

nascimento do bet* fazendo com que a maxila anteriorizada em relação A mandíbula seja a

característica mais marcada em sentido Antero-posterior ao nascimento.

GUEDES-PINTO (1990) salientou que a posição mais distal da mandíbula

(18)

rebordos gengivais, que ocorre após o nascimento, possivelmente esteja relacionado ao reflexo

de sucção.

TOLEDO (1996) afirmou que no inicio da vida fetal, a relação sagital dos ossos

maxilares é caracterizada por uma protrusão mandibular, que diminui gradualmente, de forma

que ao nascer, esta relação se inverte, prevalecendo a retrusão mandibular. No entanto, após o

nascimento, a mandíbula cresce horizontalmente bem mais que a maxila, diminuindo esta

retrusào, característica do recém-nascido. Já aos quatro anos de idade, pode-se perceber um perfil

normal por conta desse diferencial de crescimento, sendo que, desta forma, o crescimento

ântero-posterior pós-natal da mandíbula é de fundamental importância clinica para o bom

relacionamento dos arcos dentários na dentadura decidua.

CÔRREA et al. (1998) relataram que, ao nascer, os bebês apresentam um

retrognatismo da mandíbula em relação à maxila, chamado de retrognatismo mandibular

secundário, que mede de 8 a 12mm, sendo que até a época de erupção dos primeiros dentes

deciduos ( 6 a 12 meses de vida) é necessário que este retrognatismo tenha sido anulado através

do desenvolvimento mais acentuado da mandíbula para que se estabeleça um oclusão correta dos

dentes deciduos.

Para os autores, quando se analisa a relação maxilo-mandibular de um

recém-nascido no aspecto frontal, pode-se encontrar uma das seguintes características: ou espaço /

abertura entre os rodetes na região anterior, ou sobremordida, ou relação anterior topo a topo.

Em estudo realizado pelos mesmos autores apenas 4,3% das crianças analisadas apresentavam

abertura frontal entre os rodetes gengivais, sendo que 91,4% mostravam sobremordida,

(19)

2.1.4 Cavidade bucal

A boca do recém-nascido, segundo TORRES (1973), apresenta na porção vestibular

externa a musculatura labial com contorno nitidamente triangular, sendo que o lábio inferior

localiza-se num plano horizontal, devido à retrusdo mandibular, sendo visualizado como a base

do triângulo e o lábio superior forma um vértice superior médio.

Ao nascer, os bebês apresentam a cavidade bucal edentada e formada pelos processos

alveolares, que são cobertos por mucosa gengival de cor rosada firmemente aderida, recebendo o

nome de rodetes gengivais. Estes, segundo GUEDES-PINTO (1990), possuem abaulamentos

gengivais que logo se segmentam para indicar os locais de desenvolvimento dos dentes deciduos,

sendo que a fase, desde o nascimento até o inicio da erupção dos dentes, é chamada de período

dos rodetes gengivais.

TOLEDO (1996) afirmou que os arcos alveolares ou rodetes gengivais têm forma de

ferradura na maxila e de "U" na mandíbula e ambos mostram abaulamentos que denunciam a

posição dos dentes deciduos, intercalados por sulcos transversais, dos quais dois são bem nítidos:

os sulcos laterais superiores, mesiais com relação aos inferiores que se localizam no limite distal

dos caninos; essa situação mostra que, ao nascimento, os caninos inferiores estão em relação

distal, sendo que ela será revertida após os primeiros seis meses de vida, para que os caninos

superiores irrompam em relação levemente distal aos inferiores, coerente com um

relacionamento ligeiramente retrusivo da mandíbula do recém-nascido, mas já normalizado na

(20)

WALTER et al. (1996) relataram que a característica morfológica mais

freqüentemente observada na cavidade bucal do bebê é a presença de um cordão fibroso e

flácido à palpação, também conhecido como cordão fibroso de Robin e Magitot, bem

desenvolvido no recém-nascido e conforme se aproxima a época de erupção dos dentes deciduos,

ele vai desaparecendo. Consideram também que este cordão colabora com o vedamento dos

maxilares, tornando-o assim um auxiliar durante a sucção.

Uma pesquisa de CÔRREA et al. (1998) que avaliou bebês de 0 a 6 dias de vida,

relata algumas diferenças morfológicas no segmento anterior dos rebordos, sendo que o rodete

superior apresentou variações mais evidentes. 0 rebordo superior na região anterior mostrou-se

liso e arredondado, com uma firme aderência, em 47,1% dos casos, enquanto 52,9% dos bebês

apresentaram rebordos irregulares e flácidos à palpação. A presença de sulco lateral ou depressão

por distal da papila canina também foi descrita em ambos os maxilares, sendo mais evidente na mandíbula.

Com relação à inserção do freio labial, os autores acreditam que ela seja variável,

podendo estar vários milímetros acima da crista alveolar. Porém, no recém-nascido observa-se

com maior freqüência que ele se insere na crista do rebordo alveolar. Posteriormente, com a

erupção dos incisivos e com o desenvolvimento do osso alveolar, existe ganho em altura e a

inserção desloca-se progressivamente para a superficie vestibular do rebordo alveolar, assumindo

uma posição mais alta. Em alguns casos, a inserção mantém-se na papila deixando que as fibras

se estabeleçam entre os incisivos. Este tipo de freio é considerado patológico e conhecido como

(21)

2.1.5 Desenvolvimento dentário

Ao nascimento, conforme ANDO, PSILLAKIS, (1973), os dentes deciduos estão em

diferentes etapas de desenvolvimento e a mineralização dos primeiros molares permanentes

inferiores já se iniciou, o que não se observa com os superiores. Não há osso alveolar nos bordos

incisais e superficies oclusais dos dentes, sendo que esta ausência de suporte ósseo entre o rodete

gengival e o dente, pode sugerir que traumas na cavidade bucal, no ato do parto, ou na fase

neonatal, podem acarretar conseqüências, como a degeneração de unidades dentárias tal como

anodontia falsa.

Segundo SAADIA (1981) os dentes começam sua calcificação em torno da 4'

semana de vida intra-uterina, sendo que este processo continuará até a erupção completa do

segundo molar deciduo, por volta dos três anos de idade.

VAN DER LINDEN (1990) afirmou que os germes dentários apresentam-se

apinhados no espaço intra-ósseo, principalmente na região anterior das arcadas dentárias,

evidenciando que o crescimento ósseo pré-natal transversal não foi suficiente para o

alinhamento dental correto. No entanto, um primeiro grande surto de crescimento transversal

ocorre até os dois anos de idade, com um pico do nascimento à erupção dos incisivos,

favorecendo o alinhamento dos dentes intra-ósseo e fornecendo condições para que as vias de

erupção se estabeleçam. Na maxila, este aumento deve-se à presença da sutura palatina mediana

e, na mandíbula, à sinfise mentoniana.

Para TOLEDO (1996), o desenvolvimento dentário começa na 6 a semana de vida

(22)

desenvolvimento dental para

o

diagnóstico de alterações no desenvolvimento que possam estar

etiologicamente associados a problemas sistêmicos ou locais em determinadas

épocas

da vida do

indivíduo.

De acordo com CÔRREA et al. (1998), da 7a à 10a semanas de vida intra-uterina, os dentes deciduos iniciam sua formação à partir da lamina dental, processo conhecido como

odontogênese. Por volta do quarto mês de vida intra-uterina, na 15 a semana, se encontrarão em

processo inicial de dentinogênese, com a diferenciação dos tecidos dentários. Conforme os

processos de iniciação dental progridem, diferenciação tecidual

e

mineralização posterior das

estruturas

e

dos tecidos dentários poderão ocorrer distúrbios de desenvolvimento, como

anodontias, dentes

supranumerários,

geminação

e fusão.

Os autores acrescentam ainda que nos seis meses de vida pós-natal,

o

crescimento

vertical do processo alveolar

é

intenso, estabelecendo ganho em altura no terço inferior da face.

Os germes dentários passam a ser envolvidos pela cripta óssea, sendo que

o

processo alveolar

passa a existir em função da erupção dental -la.

2.1.6 Cronologia

e

seqüência de erupção

Por volta do 6° ao 7° meses de idade, os incisivos centrais inferiores irrompem

guiados pelo lábio inferior

e

pela lingua, criando a possibilidade de dissociação dos movimentos

dos lábios, lingua

e mandíbula.

Os incisivos centrais superiores irrompem nos meses seguintes,

guiados pelo lábio superior

e

pela lingua, estabelecendo a guia incisal no encontro com seus

(23)

SAADIA (1981) afirmou que os incisivos centrais inferiores irrompem na cavidade

bucal por volta dos 8 meses de vida pós-natal, apresentando uma inclinação mais vertical que

seus sucessores permanentes ( longo eixo perpendicular ao plano oclusal)

e

provocando um

aumento da dimensão vertical, que afeta a articulação temporomandibular, promovendo a sua

remodelação. Acrescenta ainda que, embora diversos grupos sociais de diferentes Areas

geográficas tenham sido estudados para verificar a seqüência de erupção na primeira dentição, a

mesma pode apresentar-se variável, pois

é

influenciada também pelas condições

sócio-econômicas, pela nutrição e pela saúde geral da população.

Na seqüência adequada, os próximos dentes a irromperem, segundo VAN DER

LINDEN (1990), serão os primeiros molares inferiores, guiados em posição oclusal pelos tecidos

moles que

o

circundam. Em pouco tempo, irrompem os antagonistas superiores, com direção de

erupção vestibulo-distal, de forma que a

cúspide

mesio-palatina contacte a fossa distal dos

molares inferiores quando a intercuspidação entre eles ocorrer.

Com a erupção dos caninos, a guia de

oclusão e

sobretudo a lateralidade ficam

estabelecidos mais mesialmente, em

função

cuspidea unilateral. 0 canino inferior

é

levado em

posição pelos tecidos moles que

o

circundam, guiando-se pela superficie distal do incisivo

lateral, enquanto

o

superior guia-se pela superficie mesial do primeiro molar. ( VAN DER

LINDEN,1990).

Para TOLEDO (1996),

é

evidente a importância que

o

estudo da cronologia

e

da

seqüência da erupção dentária tem para

o

Odontopediatra, pois a primeira representa um

(24)

orientar um diagnóstico de alterações no desenvolvimento e, a segunda, porque uma

determinada seqüência eruptiva pode oferecer oportunidade ideal para que todos os dentes

permanentes venham a ocupar seu lugar no arco.

Algumas alterações na cronologia de erupção dos dentes deciduos podem ocorrer em

recém-nascidos, apesar de sua incidência os casos de dentes natais e neonatais são poucos.

Segundo CÔRREA et al. (1998), os dentes natais são aqueles que estão presentes ao nascimento

e dentes neonatais aqueles que irrompem na cavidade bucal durante os primeiros trinta dias após

o nascimento. Os autores acrescentam ainda que os últimos dentes a irromperem são os segundos

molares deciduos, guiados pela distal dos primeiros. Da mesma forma que o primeiro molar, a

cúspide mais proeminente do segundo molar superior durante a via de erupção , é a

mesiopalatina, que em contato com a cúspide vestibular do segundo molar inferior escorrega

para a oclusão no sulco distovestibular. Com isso, fica nítido que a seqüência de erupção

favorável no grupamento molar é que os inferiores irrompam antes e guiem os superiores para a

intercuspidação normal, ficando os dentes inferiores em posição mais mesial.

Completada a dentição decidua, as dimensões sagitais e transversais da arcada ficam

estáveis, a não ser que submetidas a influências ambientais. Verificaremos então as

características que indicam o estado de normalidade desta dentição.

2.1.7 Oclusão decidua normal

Para SAADIA (1981), após a primeira dentição ter sido completada, podemos

(25)

CCS-0 25

considerada normal:

cúspide mésio-vestibular

do primeiro molar inferior

ocluindo

ao

nível

do

espaço

primata superior,

superfície

distal do segundo molar tangente

e

perpendicular ao plano

oclusal,

posicionamento vertical dos incisivos, sendo que os inferiores

ocluem

na

região

do

cíngulo

dos superiores

e cúspides

maxilares

ocluindo

no mesmo plano vertical que as

mandibulares, mas ultrapassando as mesmas.

TOLEDO

(1996)

afirmou que, no sentido

vestíbulo

-lingual, os dentes

deciduos

apresentam-se

verticalizados,

de tal maneira que todas as suas

superficies oclusais e

bordas

incisais tocam num mesmo plano. Não

há,

portanto, a curva de

Spee,

que

é própria

da

dentição

permanente.

Segundo FERREIRA

(1998 ),

os arcos da dentição

decidua não

sofrem,

após

sua

formação

completa,

alterações

em largura

e

em comprimento, acrescentando ainda que lid dois

tipos de arcos nesta

dentição,

de acordo com a

existência

ou

ausência

de

espaçamento

(diastemas)

entre os dentes: arcos do

Tipo

I de

Baume,

que apresentam

diastemas

generalizados

na região anterior,

e

arcos do Tipo

H

de

Baume,

que não apresentam os

diastemas.

Nos arcos do

tipo I, dois

diastemas

no arco superior

e

dois

diastemas

no arco inferior merecem

atenção

especial.

São

os

espaços primatas,

que se situam no arco superior entre os incisivos laterais

e

os

caninos,

e

no arco inferior, entre os caninos

e

os primeiros molares.

Quanto à

relação

entre as arcadas

dentárias,

pode-se dizer que numa vista

ântero-posterior, a

relação

terminal entre os segundos molares

deciduos

superiores

e

inferiores

apresenta, de acordo com

Baume apud CÔRREA

et al.

(1998),

a seguinte

distribuição: 76%

dos

casos plano terminal vertical,

14%

degrau

mesial e 10%

degrau distal para a

mandíbula

(26)

plano reto, devido as compensações que podem ocorrer posteriormente, possibilitam uma relação favorável para a instalação adequada da dentição mista. 0 plano terminal em degrau distal para a mandíbula é desfavorável para a instalação da relação correta entre os primeiros molares

permanentes.

Os mesmos autores acrescentam ainda que, a atrição dentária começa assim que os dentes entram em oclusão, acentuando-se a partir dos 3 anos de idade principalmente nas

superficies oclusais e proximais e que na fase final da dentição decidua, esta apresenta sinais de maturidade, ou seja, desgastes dentários naturais, relação topo a topo com desgastes generalizados das cúspides, sobretudo de canino, favorecendo desta forma a correta transição

para a dentição mista.

2.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento do sistema estomatognático

2.2.1 Sucção

2.2.1.1 Aspectos fisiológicos

Dentre os fatores ambientais que influenciam o desenvolvimento do sistema

estomatognatico, a sucção nutritiva ( que fornece nutrientes essenciais, como a amamentação natural e artificial ) ou não nutritiva ( que assegura um sentimento de proteção, como sucção de chupeta e dedo ), tem influência expressiva. Ao longo dos anos vários autores vêm estudando a

(27)

Biblioteca Setoriel

CCS-0 27

De acordo com SEGOVIA (1977) a postura ideal para a amamentação é a posição

ortostatica de Robin, na qual A. semelhança de outros mamíferos, o bebê é colocado em posição

de confronto vertical em relação à mama; desta maneira ele estira o pescoço e o colo, adiantando

a mandíbula, no plano horizontal para apreender o mamilo.

FALTIN JUNIOR et al. (1983) afirmaram ser a amamentação no seio materno o

fator primordial e mais importante para o desenvolvimento do aparelho mastigat6rio, pois o ato

da amamentação no seio materno representa uma verdadeira ginástica mandibular, através da

qual a criança succiona o mamilo materno.

PETROVIC, STUTZMANN (1985) relataram uma experiência feita em ratos

recém-nascidos, onde observaram o crescimento do c6ndilo e o comprimento mandibular, relacionados

ao tipo de alimentação oferecida a esses animais. A amamentação natural foi comparada

artificial e esta, por sua vez, oferecida de duas formas: com bico de consistência dura e bico de

consistência macia. Após vinte dias, esses animais foram sacrificados e observaram, naqueles

amamentados naturalmente, direção de crescimento mais horizontal do cóndilo e maior

crescimento condilar e do comprimento da mandíbula, quando comparados Aqueles

amamentados artificialmente e, entre estes, não houve diferença estatisticamente significante

quanto à consistência do bico da mamadeira.

A amamentação no seio materno representa para a criança o fator inicial de um bom

desenvolvimento dento-facial, permitindo a obtenção de uma oclusão dentária normal e

(28)

Para HADDAD

(1992)

a

amamentação

natural, além de estimular o crescimento da

mandíbula no sentido

ântero-posterior, reforça

o circuito

neurofisiológico

da

respiração,

excitando as

terminações neurais

das fossas nasais, com seu

conseqüente

desenvolvimento, e de

seus anexos. Este fato

repercurte

favoravelmente no desenvolvimento da maxila, sendo que estes

circuitos

neurofisiológicos

devem ser desencadeados durante o primeiro ano de vida.

PASTOR, MONTANHA

(1994)

através de um revisão de literatura com o objetivo

de analisar a importância da

amamentação

natural sobre o desenvolvimento do sistema

estomatognatico

e realizar uma

análise

comparativa com a

amamentação

artificial, chegaram a

conclusão de que a

amamentação

natural é um fator relevante neste desenvolvimento como um

todo, estimulando o crescimento

ântero-posterior

da mandíbula e

reforçando

o circuito neural

fisiológico

da

respiração.

Concluíram ainda

que

a

amamentação

artificial satisfaz As

necessidades

nutricionais

da

criança,

porém grande parte das

excitações

que partem da boca,

ficam anuladas.

TURGEON

O'BRIEN et al.

(1996)

relataram que a

amamentação

natural promove

um melhor desenvolvimento

orofacial,

porque

um movimento mais

rápido

de

protrusão

mandibular nos

bebês

amamentados no peito em

relação

aos amamentados na mamadeira.

quanto

a

amamentação

artificial, afirmam que seus efeitos sobre o desenvolvimento

dentofacial

variam de acordo com o tipo de bico usado, sendo que o mais apropriado é o bico tipo

fisiológico,

pois promove um movimento anterior da lingua por baixo da

superficie

horizontal do

bico, pressionando-o para

trás

e para cima contra o palato duro da

criança,

induzindo a um

(29)

De acordo com OLIVEIRA et al. ( 1997), durante a sucção do leite materno a lingua

é posicionada fora e entre os roletes gengivais, contactando o lábio inferior e abaixo do bico do

seio que está sendo sugado. Durante o inicio da sucção do leite materno, ocorre a elevação e a

distensão da ponta da lingua e da mandíbula. Na consumação do ato de sucção, propriamente

dito, há uma compressão do peito, pela elevação da mandíbula resultando na saída do leite

materno. 0 ciclo se reinicia com o descanso da mandíbula que só cessa quando o bebê se

satisfaz, tanto nutritiva como emocionalmente.

Segundo FERREIRA (1997),

a

sucção é uma função vital, característica dos

mamíferos, a qual irá suprir não somente as necessidades nutritivas do recém-nascido como

também suas necessidades emocionais, através do envio ao S.N.C. de estímulos tais como o

contato lábio-língua-seio materno. Caso essa função persista (sucção prolongada),

provavelmente irá ocorrer alterações no comportamento da musculatura peribucal e

deformidades dento-alveolares.

SCHINESTSCK, SCHINESTSCK (1998 ), relataram que, na observação lateral de

um recém-nascido podemos perceber a grande discrepância existente entre o crânio cefálico, o

terço inferior da face e a posição distal da mandíbula em relação a maxila, porque o crânio já está

com o seu desenvolvimento quase completo, enquanto que a face e a relação basal maxilar

dependem imensamente de estímulos oriundos da amamentação natural, respiração nasal e

posteriormente da mastigação para atingirem o seu desenvolvimento. Havendo esta

amamentação por um período igual ou superior a 8 meses, proporcionar-se-á uma fisiologia oral

adequada. A protrusão e a retrusão mandibular aliados ao posicionamento correto da lingua na

cavidade bucal, com deglutição e respiração adequados desencadeiam a criação e a propagação

(30)

Os autores afirmam ainda que o conhecimento minucioso da amamentação materna e

sua relação com o sistema estomatognatico deve fazer parte do arsenal cientifico que envolve a

pratica odontológica,em virtude de sua influência no desenvolvimento e crescimento

crânio-facial, da maturação do sistema neuro-muscular e das funções reflexo-vegetativas. Os dentistas

devem conhecer e se preocupar com o período da amamentação e o inicio da alimentação sólida

do bebê, pois a prevenção de muitas disfunções começam com este ato fisiológico no peito da

mãe e ultrapassam os conhecidos beneficios nos aspectos nutricionais, imunológicos e psíquicos.

Para DOUGLAS et al. apud CORRÊA et al. (1998), a amamentação no peito permite

um exercício fisioterápico necessário ao desenvolvimento do sistema estomatognático,

salientando que através da amamentação, a mandíbula posiciona-se mais anteriormente; alguns

músculos mastigat6rios como o temporal, o pterig6ideo lateral e o milo-hióideo iniciam sua

maturação e reposicionamento;a lingua estimula o palato, evitando que a ação dos bucinadores

seja prejudicial; e o orbicular dos lábios mostra-se eficiente na orientação de crescimento e

desenvolvimento da região anterior do aparelho mastigatório. Assim, há uma integração entre a

recepção de estímulos corretos e as respostas adequadas, que conduzem ao crescimento e

desenvolvimento normais dos componentes do sistema estomatognático.

2.2.1.2 Aspectos patológicos

No entanto, a sucção, inicialmente realizada para se obter alimentos, quando

realizada sem fins nutritivos pela pratica de repetição, pode condicionar a instalação de um

(31)

desenvolvimento do sistema estomatognático, ou seja,

o

aparecimento de maloclusões, como

demonstram diversos autores.

HANNA ( 1967 ) realizou um estudo com

o

objetivo de relacionar

o

tipo de

amamentação com a instalação de hábitos bucais. Para isso, 589 crianças caucasianas com as

idades de dois anos

e

meio à treze anos foram pesquisadas através de questionários respondidos

pelos pais ou responsáveis. Do número total das crianças, 63% foram amamentadas na

mamadeira somente. Aquelas crianças que foram amamentadas no seio

e

então depois na

mamadeira somaram 27%.

Aquelas

amamentadas somente no seio somaram 10%. Este estudo

revelou que dos bebes amamentados na mamadeira, 31% apresentavam algum hábito. Do

segundo grupo, que foi amamentado tanto na mamadeira como no seio, 35,2% apresentavam

algum tipo de habito,

e o

grupo que foi amamentado somente no seio tinha 32,2% de habito de

chupar dedo/polegar. Isto significa que

o

tipo de amamentação não tem relação significativa com

o

desenvolvimento de hábitos bucais. 0 autor concluiu ainda que a posição em que

o

filho

é

amamentado

é

que

é

importante em relação a instalação destes

hábitos,

pois quanto mais elevada

for esta posição, maior sera a chance de vir a desenvolver um hábito.

SHOAF ( 1979 ) preconizou

três

teorias que levam a prolongação dos hábitos de

sucção

não nutritivos, prejudicando assim

o

desenvolvimento do sistema estomatognitico , que

seriam: insatisfação da necessidade de sucção durante

o período

de lactincia, distúrbios

emocionais ( teoria psicoanalitica) ou um simples aprendizado do hábito do qual deriva

o

prazer.

BISHARA et al. ( 1987 ) com

o

objetivo de examinar a variação no

desenvolvimento dos arcos dentários maxilar

e

mandibular, pesquisaram 122 crianças no

(32)

seis semanas 6. dezoito meses de vida. As crianças foram agrupadas de acordo com sua

amamentação e o método de sucção da seguinte forma: a) somente amamentação natural;

b)amamentação natural e exercício funcional; c) bico de mamadeira e chupeta funcionais; d) bico

de mamadeira convencional e sem chupeta; e) bico de mamadeira e chupeta convencionais. As

mudanças absolutas e relativas no desenvolvimento dos arcos foram comparadas entre machos e

fêmeas, bem como entre os diferentes grupos de amamentação/sucção. Os resultados indicaram

que, no geral, as mudanças nos diferentes arcos observadas durante o período de dezoito meses

não foi significante estatisticamente entre os grupos estudados.

LABBOK, HENDERSHOT (1987), realizaram um estudo com o objetivo de avaligr

a relação entre amamentação natural e a ocorrência de maloclusdo. Utilizaram uma amostra de

15 crianças com até dezoito meses de idade, que foram selecionadas para a realização do

Suplemento de Saúde Pública Americana do ano de 1981. Os pais/ responsáveis responderam

questionários que incluiam questões quanto a amamentação da criança, se era no seio e por

quanto tempo. Foi considerada a amamentação como curta quando ia até menos de seis meses e

como longa quando ia além. As questões sobre maloclusão foram respondidas também pelos pais

e incluiam informações se a criança já havia usado aparelho, se achavam que precisava usar e se

algum dentista já havia encaminhado para usar aparelho. Os autores chegaram a conclusão de

que há uma forte indicação de que a amamentação natural, especialmente a prolongada, protege

contra maloclusão. Por esta razão é importante orientar as gestantes sobre esta vantagem

adicional da amamentação.

MEYERS, HERTZBERG (1988) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a

existência de associação entre amamentação artificial e malocluseies. Para isso aplicaram

(33)

6

UFSC

33

subúrbio de Boston, nos quais haviam perguntas sobre métodos e duração de alimentação

infantil, tipo de bico de mamadeira usado, hábitos de sucção e histórico de tratamento

ortodõntico. Analisando as respostas, verificaram não existir relação entre amamentação

artificial e necessidade de tratamento ortodeintico, porém, quando havia um aumento da

exposição à mamadeira em relação ao período de tempo, foi encontrado um pequeno aumento

desta necessidade.

LEGOVIC, OSTRIC (1991), através de exame clinico e questionários aos pais,

realizaram um estudo com o objetivo de verificar os efeitos dos métodos de amamentação sobre

o desenvolvimento do sistema estomatognatico. Foram examinadas 214 crianças na idade média

de três anos, nas creches da cidade de Porec, Croácia. Observaram que, das crianças examinadas

que não usaram chupetas, 58,8% foram amamentadas no seio por três ou mais, comparadas com

31% que usaram chupeta e forma alimentadas exclusivamente com mamadeira. Dentre as

crianças que apresentaram o habito de chupar dedo, houve uma alteração de comportamento,

uma vez que 20,6% dessas, que chupavam dedo foram amamentadas no seio por três meses ou

mais e 13,1% alimentadas exclusivamente com mamadeira.

ADAIR et al. (1992) realizaram um estudo com o objetivo de comparar a oclusão de

crianças entre 24 e 59 meses de idade que usaram chupeta ortodõntica ou convencional com a

oclusão de um grupo controle que não apresentava hábitos de sucção. As informações foram

obtidas através de questionários respondidos pelos pais. Foram examinadas 79 crianças e

divididas em três grupos: a) uso de chupeta convencional somente; b) uso de chupeta ortodõntica

somente e c) crianças que não usavam chupeta. Na análise oclusal foram observados overbite,

overjet, relação canina, relação molar e mordida cruzada posterior. Analisando-se os resultados,

(34)

apresentaram um overjet maior e que havia uma maior proporção de sujeitos com mordida

aberta no grupo que usava chupeta convencional.

PAUNIO et al. (1993), através de exame clinico, estudaram a associação de hábitos

de sucção de chupeta e dedo com o aleitamento natural em 1018 crianças de três anos de idade

na cidade de Turku, na Finlândia. Foi observado que, à medida em que o tempo de aleitamento

diminuía, aumentava o risco da criança utilizar a chupeta até a idade de três anos,

comparativamente àquelas que receberam aleitamento natural por seis meses. Os autores não

conseguiram estabelecer uma associação entre o hábito de chupar dedo com o aleitamento

natural, devido ao pequeno número de crianças com esse habito (1,7%).

Sabemos que a amamentação natural e a artificial promovem diferenças

significativas no crescimento da mandíbula e na atividade muscular. Para confirmar estas

diferenças quantitativamente, INOUE et al. (1995), estudaram a atividade mioelétrica do

músculo masséter em bebês amamentados artificialmente. Doze bebês amamentados na

mamadeira, assim como doze amamentados no peito, que foram usados como grupo controle,

foram examinados eletromiograficamente durante a amamentação natural e artificial. Analisando

os resultados, os autores concluíram que a atividade do músculo masséter 6, significativamente,

reduzida durante a amamentação artificial.

Entre os hábitos de sucção não nutritivos, o uso da chupeta é um dos mais freqüentes,

sendo que geralmente está associados a uma curta duração da amamentação natural. Com o

objetivo de verificar se o uso da chupeta é uma causa, uma conseqüência ou uma coincidência do

curto tempo de duração da amamentação natural, VICTORA et al. (1997) realizaram um estudo

(35)

Social da Universidade Federal de Pelotas, que foram visitados após o parto e aos 1, 3 e 6 meses.

Uma amostra de 80 mães e seus filhos foi selecionada para o estudo etnográfico. Os autores

concluíram que chupetas podem ser um mecanismo efetivo de desmame usado pelas mães que

possuem dificuldades explicitas ou implícitas de amamentar seus filhos.

SERRA-NEGRA et al. (1997) em uma pesquisa realizada com a proposta de associar

a forma de aleitamento com a instalação de hábitos bucais deletérios e conseqüentes

maloclusões, examinaram 357 crianças, na faixa etária de 3 à 5 anos, que frequentavam creches e

escolas da cidade de Belo Horizonte, sendo que as informações sobre o desenvolvimento das

crianças foram obtidas através de questionários respondidos pelas mães. Constataram que há

uma associação entre aleitamento natural com a não instalação de hábitos bucais deletérios, pois

86,1% das crianças que não apresentaram hábitos deletérios foram amamentadas por, no mínimo,

seis meses. A associação de hábitos bucais com maloclusties foi significante, sendo mais

prevalentes as mordidas cruzadas posteriores e aberta anterior.

GAMA et al. (1997), realizaram um estudo com o objetivo de alertar sobre a

influência do tipo de amamentação no desenvolvimento da função e oclusão da criança. Os autores, através de uma revisão da literatura sobre o assunto, concluí ram que a amamentação

natural é muito importante, principalmente nos primeiros seis meses de vida, tanto do ponto de

vista nutricional, imunológico e de desenvolvimento, quanto do fato da maior proximidade entre

mãe e filho e do suprimento das necessidades de sucção da criança. Concluíram ainda que se, no

entanto, a criança não puder ser amamentada no peito, deve-se fazer uso de mamadeiras com

bicos fisiológicos que simulem a amamentação natural e evitem a instalação de hábitos viciosos

de sucção não fisiológica, os quais poderão influenciar negativamente no desenvolvimento

(36)

De acordo com MODESTO, AZEVEDO (1997), o habito de sucção é fisiológico em

todas as crianças do nascimento até cerca de dois anos de idade de acordo com a necessidade

individual de sucção e do desenvolvimento social da criança. Porém, quando o hábito ultrapassa

a fase de sucção e prolonga-se durante a fase de mastigação e no período da dentição mista, pode

provocar mudanças no crescimento e desenvolvimento da face e nas dentições, sendo que neste

momento o hábito torna-se nocivo e deve ser eliminado.

FERREIRA, TOLEDO (1997), desenvolveram um estudo com o objetivo de

verificar em pré-escolares do Distrito Federal a existência de relação entre o tempo de

aleitamento materno e a etiologia de alguns hábitos bucais perniciosos. A amostra foi constituída

de crianças de ambos os sexos, com idade entre 3 e 6 anos, matriculadas em creches e

pré-escolas. As mães responderam questionários para se conhecer métodos alimentares, tempo de

aleitamento e razões para o desmame. As crianças foram submetidas a exame clinico para avaliar

a oclusão e a prevalência de hábitos nocivos. Os resultados mostraram que existe uma relação

significativa de dependência entre o tempo de aleitamento materno e os hábitos de sucção, os

hábitos respiratórios e o bruxismo, observados isoladamente. Mostraram ainda que quanto mais

prolongado o aleitamento no seio materno, menor a ocorrência de hábitos bucais nocivos.

CÔRREA et al. (1998) afirmaram que o habito nocivo de sucção pode acarretar o

aparecimento de maloclusiles, especialmente do tipo mordida aberta anterior. 0 efeito dependerá

da freqüência, duração e intensidade do hábito, bem como da predisposição individual,

condicionada a fatores genéticos. Relataram ainda que, na maioria dos casos, a maloclusão se

autocorrige se o habito for interrompido antes da erupção dos dentes permanentes. Todavia,

quanto maior o período decorrido desde a instalação do habito, mais dificil sera a sua remoção.

(37)

desenvolvimento, mais precisamente até durante o segundo ano de vida, o hábito de sucção fosse

gradativamente substituído por outras formas de contato, estimulo e atividades adequadas a cada

idade.

Com relação à amamentação artificial, os autores relatam que, quando se utiliza a

mamadeira, os músculos utilizados na sucção são diferentes dos utilizados no aleitamento

natural, ocorrendo um maior desenvolvimento do músculo bucinador. No entanto, se por algum

motivo a mãe não puder amamentar seu filho, deve-se utilizar uma mamadeira com o orificio

pequeno localizado na parte superior do bico, assim como, quando do uso da chupeta, deve-se

dar preferência para as do tipo ortodôntica, por serem mais semelhantes ao mamilo materno que

as convencionais.

2.2.2 Deglutição

Para VAN DER LINDEN (1990) o mecanismo da deglutição funciona de forma

diferente entre recém-nascidos e os adultos. Quando uma criança deglute, os maxilares não se

encontram; a lingua é mantida entre eles. Após os primeiros molares deciduos entrarem em

oclusão, a criança inicia a passagem para uma deglutição madura, sendo que nesta a lingua toca

a parte anterior do palato, acima e atrás dos incisivos e com contração minima dos lábios.

De acordo com MOYERS, CARLSON (1993), a deglutição infantil é uma parte do

altamente complicado reflexo de sucção, pois ambos são reflexos que já devem estar

desenvolvidos ao nascimento de modo que a criança possa se alimentar. A deglutição infantil é

(38)

a maxila e a mandíbula enquanto se completa a deglutição; b) pela estabilização da mandíbula

mediante a contração dos músculos faciais e a interposição lingual; e c) pela deglutição que é

iniciada e, até certo ponto guiada, pela troca de sensações entre os lábios e a lingua.

Ainda segundo MOYERS, CARLSON (1993), a deglutição infantil é substituida pela

deglutição madura, normalmente durante o primeiro ano de vida, pois a chegada dos incisivos

induz movimentos mais precisos de abertura e fechamento da boca, sendo que vários aspectos a

caracterizam: a) os dentes ocluem; b) a mandíbula é estabilizada pelas contrações dos

masseteres ( e não dos músculos faciais ); c) a ponta da lingua é mantida contra o palato, acima

e atrás dos incisivos; e d) há contrações mínimas dos lábios e músculos faciais.

OLIVEIRA et al. (1997) afirmam que um equilíbrio perfeito entre os músculos dos

lábios, bochechas e lingua durante a deglutição é fundamental para a execução correta destes

reflexos. Uma quebra neste equilíbrio irá levar ao desenvolvimento de uma deglutição atípica,

dando origem is maloclusões.

Para FERREIRA (1997), a deglutição atípica consiste em contrações exageradas da

musculatura peribucal e da projeção lingual sobre os dentes, podendo ser dividida, de acordo

com sua etiologia, em: a) deglutição com interposição lingual simples, que vem acompanhada

por um história de sucção prolongada e apresenta uma mordida aberta anterior bem definida,

sendo que a lingua tem em relação a essa mordida aberta um papel secundário; b) deglutição

com interposição lingual complexa, que apresenta como agente etiológico a lingua, a qual

assume uma posição anterior tanto no repouso como durante a deglutição, causando assim uma

(39)

Segundo MERCADANTE (1998), a deglutição é uma função biológica e

coordenada, havendo uma conexão neurológica e um mecanismo sinérgico e antagônico de ações

musculares por arcos reflexos. E um ato continuo e de execução rápida, mas para fins didáticos é

geralmente dividida em três fases: fase bucal ( consciente e voluntária), fase faringea

(consciente e involuntária) e fase esofágica ( inconsciente e involuntária). Acrescenta ainda que,

durante uma deglutição normal, é importante que haja um perfeito equilíbrio, ou um equilíbrio

com forças que se anulam, entre os músculos dos lábios, bochecha e lingua, sendo que qualquer

ruptura deste equilíbrio irá originar as deglutições atípicas e como conseqüência as maloclusões.

De acordo com o mesmo autor, as causas mais prováveis das deglutições atípicas

são: desequilíbrio do controle nervoso, tonsilas inflamadas, macroglossia, anquiloglossia, freio

lingual anormal, perdas precoces dentais, fatores simbióticos como sucção de dedo e respiração

bucal , desnutrição e hábitos alimentares inadequados na primeira infância.

ALMEIDA et al. (1998) citaram algumas alterações morfológicas causadas pela

interposição lingual durante a deglutição, como a vestibularização dos incisivos superiores e

inferiores, aumentando o comprimento do arco dentário, com conseqüentes espaçamento entre os

incisivos, a presença de uma mordida aberta anterior que poderá apresentar um formato difuso

ou retangular, os lábios superiores apresentam-se hipotônicos, enquanto a musculatura da lingua

e do lábio inferior mostram-se hipertônicas e também o agravamento do trespasse vertical

negativo e do trespasse horizontal.

De acordo com GRANVILE-GARCIA et al. (1998), a deglutição é uma função

(40)

processo de crescimento e desenvolvimento do mesmo, esta apresenta diferentes padrões de

normalidade funcional, compatíveis com o grau de formação das estruturas relacionadas.

Os autores acrescentaram ainda que a deglutição normal infantil caracteriza-se

basicamente pela interposição da lingua entre os rebordos gengivais e estabilização da mandíbula

pelos músculos do sétimo par craniano e que, apesar de ainda não estar bem definido o período

limite para a sua maturação, acredita-se na existência de uma fase transicional para o

aprendizado da deglutição madura. Salientaram também a importância do conhecimento da

fisiologia e estrutura normais da deglutição infantil, no sentido de embasar o diagnóstico de

prováveis alterações o mais precocemente possível.

2.2.3 Respiração

A manutenção da passagem de ar é um mecanismo necessário para que ocorra a

transição da vida intra-uterina para a extra-uterina e estabeleça-se, então a respiração.

ARAGÃO ( 1988 ), em revisão literária, afirmou que, ao nascer, a criança apresenta

uma conformação crânio-facial bem característica; o crescimento do crânio já está quase

completo, o que não ocorre com o da face, que somente adquire velocidade a partir do

nascimento, na dependência do funcionamento do sistema estomatognatico, onde esta incluída a

função de respiração. De acordo com o autor, durante a amamentação natural, o recém-nascido

faz uma respiração predominantemente nasal. Esta respiração estimula os sensores da mucosa

nasal, filtra, aquece e umidifica o ar antes deste chegar aos pulmões e cumprir sua função de

(41)

as vias aéreas superiores. 0 autor acrescenta ainda que, a criança que desde o nascimento tem

este desempenho: amamentação diretamente no seio materno, vedamento labial e respiração

nasal, deverá ter um desenvolvimento harmonioso da face.

Para VAN DER LINDEN (1990), quando a respiração se inicia após o nascimento,

há uma via aérea adequada para a passagem do ar para os pulmões, sendo que esta passagem de

ar é mantida aberta através das atividades musculares da lingua, das paredes da faringe e através

da postura anterior da mandíbula, sendo que normalmente os recém-nascidos são capazes de

respirar pelas suas narinas , no entanto a respiração bucal pode desenvolver-se anos depois,

como uma reação a algum tipo de obstrução nasal e/ou nasofaringea.

0 autor acrescenta que a obstrução nasal ou orofaringea pode ser conseqüente de

alergia, hipertrofia e inflamação das tonsilas ou adenóides, desvio de septo nasal, dilatação das

conchas e hipertrofia da membrana da mucosa nasal.

MOYERS, CARLSON (1993) afirmaram que a musculatura orofacial é responsável

pelas relações vitais que mantém livre as vias aéreas. A manutenção fisiológica da desobstrução

das vias aéreas é de vital importância desde o primeiro dia de vida extra-uterina. Enquanto a

criança está repousando, um diâmetro uniforme das vias aéreas é proporcionado pela:

a)manutenção da mandíbula ântero-posteriormente; e b) estabilização das relações entre a lingua

e a parede faringea posterior.

De acordo com TOLEDO (1996), o bloqueio parcial ou total das vias aéreas

(42)

Para FERREIRA (1997), a respiração bucal é um habito deletério que representa uma

disfunção respiratória e que a presença de algum obstáculo na cavidade nasal ou na região

orofaringea, como pólipos, sinéquias, cistos e tumores, rinites hipertróficas, rinólitos,

neoplasmas, desvio de septo e colapso da asa nasal, pode impedir o fluxo aéreo normal, parcial

ou totalmente. Afirma ainda que a respiração bucal pode persistir como um habito residual

mesmo após a liberação das vias aéreas, o que pode ser resolvido através de tratamento

fonoaudiológico.

Segundo CÔRREA et al. (1998), a manutenção da passagem de ar não é executada

apenas pela musculatura intrínseca e a que suspende a faringe, mas também pela da base do

crânio e da mandíbula. Os músculos elevadores da lingua também participam do controle do

diâmetro faringeo, especialmente o genioglosso.

Os autores relataram ainda que, quando o bebe passa a respirar pela boca, deixa de

excitar as terminações neurais das fossas nasais. 0 ar chega aos pulmões por uma via

mecanicamente mais curta e fácil, dando inicio a uma atrofia funcional relativa à capacidade

respiratória e ao desenvolvimento das fossas nasais e seus anexos. Isto repercute no

desenvolvimento da maxila. Além disso, as fossas nasais são importantes na fisiologia

respiratória, tendo as funções de filtragem, aquecimento e umidificação do ar inspirado e a

olfação, que deixam de ser exercidas na respiração bucal. Acrescentam também que a respiração

bucal ocorre sempre que há obstrução nasal, que poderá ter várias causas, sendo as principais:

hipertrofia das adenóides, rinite alérgica, resfriados e sinusites. Entre outras possíveis causas

estão a atresia de coana e o desvio de septo nasal. 0 diagnóstico deverá sempre ser feito pelo

otorrinolaringologista, sendo que, algumas vezes, mesmo após a eliminação da causa da

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os circuitos neurais da respiração nasal e estimular a musculatura responsável pelo vedamento

labial.

Ainda de acordo com CÔRREA et al. (1998), é fundamental que os profissionais que

atendam crianças estejam aptos a fazer o diagnóstico do quadro de respiração bucal e motivar os

pais para a importância da eliminação da causa da obstrução nasal. Isto poderá ser feito,

alertando-os para as conseqüências da respiração bucal, que envolvem deformidades da face,

maloclusões e problemas funcionais.

2.2.4 Mastigação

A interação entre o rápido crescimento do esqueleto craniofacial e a maturação do

sistema neuromuscular leva a modificações seqüenciais e progressivas das funções bucais

elementares presentes no recém-nascido, possibilitando o desenvolvimento das funções

consideradas pós-natais, onde está incluída a mastigação. ( ENLOW, 1975).

SIMÕES (1983) afirmou que a eficiência mastigatória é a "performance" adequada

dos ciclos mastigatórios, onde mecanismos compensatórios fisiológicos dispõem os músculos da

ATM e demais estruturas do sistema estomatognatico ern perfeita adaptação funcional.

De acordo com PLANAS (1988), os primeiros movimentos mastigatórios são

irregulares e pouco coordenados, sendo que quando a dentição decidua se completa, os ciclos mastigatórios tornam-se mais definidos, instalando-se um circuito neural que proporciona o

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