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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO APELAÇÃO CRIMINAL Nº 0001803-63.2009.4.03.6117/SP 2009.61.17.001803-2/SP

RELATOR : Desembargador Federal ANDRÉ NEKATSCHALOW

APELANTE : PAULO CESAR PASCHOAL

ADVOGADO : GLAUBER GUILHERME BELARMINO e outro

APELADO : Justica Publica

No. ORIG. : 00018036320094036117 1 Vr JAU/SP EMENTA

PENAL. PROCESSO PENAL. ART. 334 DO CÓDIGO PENAL. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. MERCADORIA PROIBIDA. INAPLICABILIDADE.

1. O agente que mantém máquinas caça-níqueis que contenham peças de origem estrangeira, em seu estabelecimento comercial, comete a contravenção de jogo de azar e o crime de contrabando, infrações penais autônomas, que tutelam bens jurídicos diversos, quais sejam, a primeira, a economia popular e o segundo, a ordem pública e o comércio exterior.

2. É inaplicável o princípio da consunção porquanto o crime de contrabando é mais grave que a contravenção de jogo de azar, de maneira que aquele não poderia ser absorvido por esta, ainda que se insira no contexto finalístico da ação.

3. Configurado crime de contrabando perpetrado contra serviços e interesses da União, patente a competência da Justiça Federal para processo e julgamento do feito, nos termos do inciso IV do artigo 109 da Constituição da República.

4. A manutenção de máquinas caça-níqueis constituídas por peças de origem estrangeira, cuja importação é proibida, caracteriza o delito de contrabando.

5. O princípio da insignificância é aplicável ao delito de descaminho, na medida em que a exação resulte inferior a R$10.000,00, em consonância com a jurisprudência dominante, segundo a qual esse seria o valor mínimo para cobrar o crédito tributário correspondente. Mas no caso do contrabando, no qual as mercadorias são de internação proibida, não há falar em crédito tributário e, em conseqüência, aplicabilidade do princípio da insignificância.

6. Materialidade e autoria demonstradas. 7. Apelação desprovida.

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ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação da defesa, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

São Paulo, 05 de agosto de 2013. Andre Nekatschalow

Desembargador Federal Relator

VOTO

Imputação. Paulo Cesar Paschoal foi denunciado pela prática do delito do art. 334, § 1º, c, do Código Penal:

Consta dos presentes autos que, no dia 13 de fevereiro de 2008, por volta das 14h00, o denunciado, PAULO CESAR PASCHOAL, foi surpreendido mantendo em depósito, em proveito próprio, no exercício de atividade comercial, mercadorias de procedência estrangeira, que devia saber serem produtos de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem, ante a ilegalidade patente da atividade.

Segundo se apurou, na data dos fatos, policiais civis compareceram no estabelecimento comercial do denunciado, situado na rua Angelo Cestari, nº. 248, Vila São José, Barra Bonita/SP e lograram encontrar 7 (sete) máquinas "caça-níqueis" e mais R$221,00 que estava no interior delas, conforme demonstram o Boletim de Ocorrência de fls. 05/06 e o auto de exibição e apreensão de fl. 07.

Pode-se concluir, até por seguir um padrão, que o laudo pericial, acostado às fls. 34/36, atesta que as máquinas apreendidas contêm componente de origem estrangeira.

Ademais, é de conhecimento geral que tais máquinas são montadas com componentes estrangeiros.

A prática de contrabando perpetrada pelo denunciado está intimamente ligada à proibição das máquinas "caça-níqueis", trazida pelo Decreto nº 3.214/99, o qual, por sua vez, revogou o §2º do art. 74 do Decreto nº 2.574/98.

Por derradeiro, vale lembrar que o §2º do artigo 334 do Código Penal amplia o conceito de comércio empregado no parágrafo anterior, referindo-se também ao comércio clandestino, inclusive o praticado no âmbito residencial.

Do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL denuncia a Vossa Excelência

PAULO CESAR PASCHOAL como incurso nas penas do art. 334, §1º, c, do Código

Penal, requerendo seja recebida esta e aberto processo-crime, com a realização dos atos processuais devidos, ouvindo-se no momento oportuno, as testemunhas arroladas abaixo. (destaques originais, fls. 78/79)

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Ministério Público Federal deixou de propor a suspensão condicional do processo e protestou pelo regular prosseguimento do feito, tendo em vista a ausência dos requisitos previstos pela Lei n. 9.099/95 (fl. 100).

O MM. Juízo a quo determinou o prosseguimento da ação penal (fl. 108).

Prescrição. A pena fixada na sentença é de 1 (um) ano de reclusão. Ausente a interposição de apelo pelo Ministério Público Federal, essa é a pena a ser considerada para fins de prescrição, cujo prazo é de 4 (quatro) anos, a teor do inciso IV do art. 109 do Código Penal.

Entre a data do fato (13.02.08, fl. 78) e o recebimento da denúncia (23.11.10, fl. 80), passaram 2 (dois) anos, 9 (nove) meses e 10 (dez) dias.

Entre a data de recebimento da denúncia (23.11.10, fl. 80) e a sentença condenatória (02.10.12, fl. 204), transcorreu 1 (um) ano, 10 (dez) meses e 9 (nove) dias.

Contado o prazo prescricional a partir da sentença condenatória (02.10.12, fl. 204), à míngua de causa interruptiva do referido prazo, o término da pretensão do Estado está previsto para ocorrer em 01.10.16.

Procedendo-se à análise da prescrição, conclui-se que não está prescrita a pretensão punitiva do Estado com base na pena in concreto.

Princípio da consunção. Inaplicabilidade. Sustenta a defesa, em razões de apelação, que o delito de contrabando constitui meio necessário para a prática de jogo de azar, devendo a contravenção absorver o crime do art. 334 do Código Penal, aplicando-se o princípio da consunção.

Argumenta que o recorrente deve ser processado e julgado pela prática da contravenção penal prevista no art. 50 da Lei de Contravenções Penais e que não restou demonstrada a ofensa direta a bens, serviços ou interesse da União de modo a justificar a competência da Justiça Federal, remetendo-se os autos para a Justiça Estadual.

Falece razão à defesa.

O agente que mantém máquinas caça-níqueis que contenham peças de origem estrangeira, em seu estabelecimento comercial, comete a contravenção de jogo de azar e o crime de contrabando, infrações penais autônomas, que tutelam bens jurídicos diversos, quais sejam, a primeira, a economia popular e o segundo, a ordem pública e o comércio exterior.

Por outro lado, o crime de contrabando é mais grave que a contravenção de jogo de azar, de maneira que aquele não poderia ser absorvido por esta, ainda que se insira no contexto finalístico da ação.

Configurado crime de contrabando perpetrado contra serviços e interesses da União, patente a competência da Justiça Federal para processo e julgamento do feito, nos termos do inciso IV do artigo 109 da Constituição da República.

Desta forma, está afastada a aplicação do princípio da consunção, bem como a incompetência da Justiça Federal, uma vez que se trata de infrações penais autônomas que tutelam bens jurídicos diversos.

Nesse sentido, manifestou-se a Ilustre Procuradoria Regional da República:

Ressalte-se que o delito de contrabando e a contravenção de exploração de jogo de azar são infrações autônomas, que visam a tutelar bens jurídicos diversos (respectivamente, a ordem pública e o comércio exterior e a economia popular). Ademais, a importação da

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máquina caça-níquel ou de seus componentes não constitui fase normal, necessária e imprescindível para a execução da contravenção.

Dessa forma, desarrazoada a pretensão da defesa de absorção do crime de contrabando por uma contravenção penal. O caso em tela se afasta dessa possibilidade, eis que a contravenção é conduta menos grave que aquela apta e suficiente a configurar crimes. (fls. 245v./246)

Contrabando. Mercadoria proibida. Insignificância. Inaplicabilidade. O princípio da insignificância é aplicável ao delito de descaminho, na medida em que a exação resulte inferior a R$10.000,00, em consonância com a jurisprudência dominante, segundo a qual esse seria o valor mínimo para cobrar o crédito tributário correspondente. Mas no caso do contrabando, no qual as mercadorias são de internação proibida, não há falar em crédito tributário e, em conseqüência, aplicabilidade do princípio da insignificância:

PENAL. ARTIGO 334, §1º, ALÍNEA "C", DO CÓDIGO PENAL. AUTORIA. MATERIALIDADE. MÁQUINAS CAÇANÍQUEIS. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. INAPLICABILIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. Autoria e materialidade comprovadas. 2. Alegação de que as máquinas caçaníqueis apreendidas não são de propriedade do acusado não comprovada. Não foram fornecidos endereço ou quaisquer outros dados aptos a auxiliar na localização do suposto proprietário, tampouco foi comprovado que o mesmo realmente existe. 3. Apreensão das máquinas no bar do apelante. Manter em depósito mercadorias de procedência estrangeira que sabia ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta é fato suficiente para configurar o delito previsto no artigo 334, §1º, alínea "c", do Código Penal. 4. Princípio da insignificância não aplicado. Trata-se de maquinário cujo uso e exploração são proibidos no Brasil, sendo irrelevante o valor dos bens apreendidos. 5. Condenação mantida. 6. Apelação a que se nega provimento. (TRF da 3ª Região, ACr n. 200561210020440, Rel. Des. Fed. Vesna Komar, j. 19.05.09) PENAL. CONTRABANDO E CAÇA-NÍQUEL. ART. 334, § 1º, ALÍNEA C, DO CP. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. MATERIALIDADE E AUTORIA. DEMONSTRADAS. AUSÊNCIA DE DOLO. ABSOLVIÇÃO ART 386, VI, DO CPP. 1. Tratando-se de componentes para máquinas caça-níqueis, a lesão causada vai além da dimensão econômica, envolve a ordem pública, não podendo ser afastada pelo princípio da bagatela, até por que, de rigor, em tema de contrabando, a ilusão de tributo não figura como elementar do tipo. 2. Ausente o dolo em agir, deve sobrevir a absolvição, nos termos do art. 386, inc. VI, CPP.

(TRF da 4ª Região, Rel. Des. Fed. Taadaqui Hirose, j. 17.11.09)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE CONTRABANDO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO-APLICAÇÃO. I - A espécie de mercadoria apreendida (máquina caça-níquel) não leva à aplicação do princípio da insignificância, pois a lesão ao bem jurídico tutelado é significativa, haja vista tratar-se de equipamento empregado na prática de jogo de azar legalmente proibido em nosso País. Precedentes. II - Recurso provido.

(TRF da 1ª Região, RCCR n. 200438000418647, Rel. Des. Fed. Cândido Ribeiro, j. 30.09.08)

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Contrabando. Materialidade. Máquinas caça-níqueis. Peças de origem estrangeira. A manutenção de máquinas caça-níqueis constituídas por peças de origem estrangeira, cuja importação é proibida, caracteriza o delito de contrabando, conforme se verifica dos seguintes precedentes:

PENAL. CONTRABANDO. ARTIGO 334, §1º, ALÍNEA "C", DO CÓDIGO PENAL. MÁQUINAS CAÇA-NÍQUEIS. PEÇAS DE ORIGEM ESTRANGEIRA. (...).

1. A autoria e a materialidade estão satisfatoriamente provada pelos elementos de convicção existentes nos autos, restando incontroversos.

2. A manutenção de máquinas caça-níqueis no estabelecimento comercial, constituídas por peças de origem estrangeira, caracteriza o crime de contrabando, que atinge serviços e interesses da União. No caso em tela, as mercadorias são de internação proibida, sendo irrelevante a mensuração do crédito tributário e, consequentemente, inaplicável o princípio da insignificância, restrito aos crimes de descaminho, quando a exação resulte inferior a R$10.000,00, valor mínimo para cobrança do crédito tributário. 3. O dolo na conduta do réu claramente se extrai ao constatar-se que ele respondia a processo penal por crime idêntico, anteriormente cometido.

4. Apelação desprovida.

(TRF da 3ª Região, ACr n. 00025528020094036117, Juíza Convocada Raquel Perrini, j. 10.07.12)

PENAL. APELAÇÃO. CONTRABANDO. ARTIGO 334, §1º, "C", DO CÓDIGO PENAL.

MÁQUINAS CAÇA-NÍQUEIS. UTILIZAÇÃO EM ATIVIDADE COMERCIAL.

MATERIALIDADE DELITIVA CONFIGURADAS. PROVA DA PROCEDÊNCIA

ESTRANGEIRA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. DESCABIMENTO.

CONDENAÇÃO.

1. Materialidade e autoria delitiva devidamente configuradas nos autos, pelo que se extrai da prova oral e pericial.

2. Ao contrário do que expôs o juízo a quo para fundamentar a absolvição, os fatos imputados se amoldam à espécie típica do contrabando, porquanto os equipamentos eletrônicos "caça-níqueis" utilizados na atividade comercial do réu, bem como os componentes empregados na sua montagem, são efetivamente de importação proibida, estando sujeitos a apreensão pela autoridade administrativa, nos termos do que dispõe o art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 309, de 18.03.2003 (DOU de 21.03.2003).

3. O reconhecimento do princípio da bagatela se deve à irrelevância da lesividade ao bem jurídico tutelado, de forma a tornar imerecida a repercussão penal à conduta formalmente típica, tendo por base os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Direito Penal nas relações jurídicas.

4. A adoção de um limite de insignificância nos delitos ofensivos à atividade tributária aduaneira se justifica pelo desinteresse da Fazenda em cobrar os créditos tributários de até R$ 10.000,00 (dez mil reais), nos termos do art. 20, da Lei 10.522/02. Nestes casos, estamos diante do crime de descaminho, cuja objetividade jurídica consiste no interesse fiscal do Estado em seu aspecto meramente econômico.

5. Diferente é o caso em tela, no qual o enquadramento típico da conduta se refere ao cometimento de contrabando, espécie criminosa que, conquanto esteja também prescrita no art. 334, do Código Penal, tem como bem jurídico tutelado a moralidade e a

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segurança pública, as quais são resguardadas pela proibição legal da entrada dos itens apreendidos no território nacional.

6. Apelação ministerial provida. Condenação.

(TRF da 3ª Região, ACr n. 00044283420084036108, Rel. Des. Fed. Cotrim Guimarães, j. 03.07.12)

PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CONTRABANDO. MATERIALIDADE. AUTORIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.

1. Resulta evidenciado que o Recorrido, agindo de forma livre e consciente, utilizou em proveito próprio, no exercício de atividade comercial, máquinas caça-níqueis de procedência estrangeira, cuja introdução em território nacional é proibida, o que torna presente, na hipótese, a tipicidade material.

2. Não há que se falar em aplicação do princípio da insignificância, ainda que o valor da mercadoria seja de somenos importância, quando o objeto em discussão é o contrabando de equipamento destinado à exploração de jogos de azar.

3. Recurso de Apelação provido.

(TRF da 1ª Região, ACr n. 200338010077100, Rel. Des. Fed. Mário César Ribeiro, j. 01.02.11)

Do caso dos autos. Em razões de recurso, a defesa pugna pela aplicação do princípio da insignificância, tendo em vista que não constou nos autos o valor dos tributos devidos pela importação irregular das peças componentes das máquinas caça-níqueis e considerando que os valores dos equipamentos apreendidos são irrisórios.

Sem razão a defesa.

Trata-se de mercadorias de uso e exploração proibida no País, o que torna o fato relevante penalmente, não obstante a alegação de que os valores das máquinas caça-níqueis são irrisórios. Também não interfere na configuração do contrabando o fato de não constar dos autos o valor dos tributos devidos pela importação irregular.

Assim, considerando que as máquinas caça-níqueis são de origem estrangeira (cf. fl. 35), a conduta é materialmente típica.

Portanto, não é de se aplicar à conduta o princípio da insignificância, subsumindo-se ela ao tipo do art. 334 do Código Penal.

Materialidade. Resta satisfatoriamente demonstrada a materialidade delitiva pelos seguintes elementos de convicção:

a) boletim de ocorrência n. 274/08 (fls. 5/6); b) auto de exibição e apreensão (fl. 7);

c) laudo n. 653/08 (vistoria no local relacionado com a apreensão de máquinas caça-níqueis) (fls. 13/16);

d) laudo pericial n. 4583/08 (fls. 34/36);

e) laudo complementar n. 209.635/12 (fls. 187/190). Autoria. Resta demonstrada a autoria do delito.

Em declarações na investigação criminal, o acusado informou ser o proprietário do estabelecimento comercial onde foram apreendidas, no dia 13.02.08, as 7 (sete) máquinas caça-níqueis, contendo a quantia de R$221,00 (duzentos e vinte e um reais) em seu

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interior. Narrou que os equipamentos foram deixados em sua empresa há 4 (quatro) meses por uma pessoa identificada pela alcunha de "Zete". Declarou que tinha o intuito de explorar comercialmente o uso das máquinas, recebendo 30% (trinta por cento) dos valores arrecadados em apostas realizadas (fl. 11).

Perante o Juiz, o réu confirmou as suas declarações prestadas em sede policial e confessou os fatos narrados na denúncia. Acrescentou que desconhecia a ilicitude de sua conduta, pois inúmeros outros estabelecimentos também mantinham em depósito, no exercício de atividade comercial, máquinas caça-níqueis. Informou que explorou comercialmente os equipamentos por cerca de 4 (quatro) ou 5 (cinco) anos, auferindo em média R$400,00 (quatrocentos reais) por semana (mídia, fl. 163).

As testemunhas de acusação, Orlando Parra Oller e Renato de Camargo, ambos Policiais Civis, declararam perante a Autoridade Policial que participaram da operação policial para apreensão das 07 (sete) máquinas caça-níqueis no estabelecimento comercial de propriedade do acusado. Informaram que os equipamentos estavam em funcionamento e que continha dinheiro de apostas em seu interior (fls. 9/10).

Ouvido em Juízo, Renato de Camargo confirmou o depoimento na fase extrajudicial. Acrescentou que, nas 2 (duas) ocasiões em que esteve no estabelecimento comercial do acusado, este se encontrava no local (mídia, fl. 163).

O apelante não se insurgiu contra o reconhecimento da autoria delitiva, a qual restou comprovada. O interrogatório do réu e as declarações das testemunhas convergem no sentido de que a máquina caça-níqueis, que possui componentes de origem estrangeira, introduzidos irregularmente no País, foi encontrada no estabelecimento comercial do acusado, sendo este o responsável por tal equipamento.

Não se sustenta a alegação de inexistência de dolo em razão de o réu desconhecer a irregular importação das peças componentes da máquina caça-níqueis. Ressalte-se que, anteriormente aos fatos tratados nestes autos, grande operação policial realizada pela Polícia Federal para investigar delitos de contrabando na região de Jaú (SP) foi deflagrada, fato que revela que ele tinha plena ciência da ilicitude de sua conduta.

Nesse sentido, é o parecer da Procuradoria Regional da República:

Observe-se, contudo, que a apreensão ocorreu após uma grande operação realizada pela Polícia Federal, em 15 de maio de 2007, na região de Jaú/SP. Naquela ocasião, a população local foi esclarecida sobre a ilicitude dos fatos, bem como sobre a procedência estrangeira das máquinas de caça-níqueis.

Além disso, as circunstâncias da apreensão das máquinas evidenciam que o condenado tentava escondê-las, já que as mantinha em salão fechado (fls. 13/14), o que é deveras incompatível com a aventada ignorância acerca da proibição da conduta.

Acrescente-se, ainda, que o apelante responde por crime em razão de fato análogo, conforme certidão de fl. 83, de modo que, mesmo evidentemente ciente do caráter

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criminoso de sua conduta, optou por reiterar a prática delitiva. É réu bem consciente da conduta e recalcitrante à ação da Justiça, quiçá crédulo da impunidade! (fls. 247v./248) Dosimetria. Considerando as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, a pena-base foi fixada no mínimo legal, ou seja, em 1 (um) ano de reclusão.

O MM. Juiz a quo reconheceu a incidência da circunstância atenuante da confissão (art. 65, III, d, do Código Penal); contudo, a pena foi mantida no mínimo legal em razão da Súmula n. 231 do Superior Tribunal de Justiça.

Ausentes circunstâncias agravantes, bem como causas de diminuição e de aumento da pena, a pena foi tornada definitiva em 1 (um) ano de reclusão.

Fixado o regime inicial aberto para cumprimento de pena.

Presentes os requisitos do art. 44 do Código Penal, a pena privativa de liberdade foi substituída por 1 (uma) pena restritiva de direitos, consistente prestação de serviços à comunidade, em favor de entidade a ser especificada pelo Juízo da Execução Penal. A defesa não se insurge contra a dosimetria da pena, a qual não merece reparo. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO à apelação.

É o voto.

Andre Nekatschalow

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