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ASSENTAMENTO BANCO DA TERRA: A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE A PARTIR DE SABERES TRADICIONAIS E DE CARACTERÍSTICAS LOCAIS

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Academic year: 2021

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ASSENTAMENTO BANCO DA TERRA: A CONSTRUÇÃO DE

UMA IDENTIDADE A PARTIR DE SABERES TRADICIONAIS E

DE CARACTERÍSTICAS LOCAIS

Marlei Wolfart (1); Luciana Pinheiro Viegas (2)

1 Acadêmica do curso de Bacharelado em Turismo – UNEMAT. Campus Universitário de Nova

Xavantina – e-mail: marleilrv@hotmail.com; 2 Professora Orientadora, Depto. de Turismo, UNEMAT -

e-mail: lucianaviegas@unemat.br

Resumo:

O turismo que está se destacando no cenário econômico nacional devido

a sua capacidade de gerar renda, começa aos poucos a se difundir também no meio rural que está aderindo à pluriatividade na tentativa de obter uma renda extra. O Assentamento Banco da Terra, localizado no município de Nova Xavantina – MT, possui um total de 570 hectares divididos em 60 lotes, nos quais as principais fontes de renda se resumem em atividades agropecuárias de subsintência. Essa pesquisa tem o objetivo de buscar junto a comunidade, a inserção da produção agrícola e não-agrícola, no mercado local e regional, com valor agregado propagando os produtos potencialmente comercializáveis de forma tal que estes estejam vinculados à identidade local e se tornem uma produção comercial. A comercialização de produtos com características do assentamento, é uma forma de valorizar os saberes tradicionais dessa população bem como contribuir para o aumento da sua renda. A metodologia utilizada neste estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto e estudo de campo. Foi realizada uma visita a campo para fazer o reconhecimento da área entrevistando, por meio do procedimento metodológico da história oral, os moradores do assentamento. Foi realizado também, o levantamento do potencial turístico a partir da realização, ainda em andamento, de um inventário turístico rural da àrea e posterior demarcação georreferenciada de importantes pontos para o desenvolvimento da atividade turística. Notou-se, nesta fase inicial do projeto, que os moradores do assentamento possuem diversas habilidades para realizar atividades não-agrícolas, como por exemplo, o artesanato. Porém, necessitam ser capacitados e estimulados para criar um artesanato com características do assentamento e assim construir sua identidade local. Além disso, esses agricultores familiares demonstraram grande interesse em desenvolver o turismo a fim de incrementar a renda.

Palavras-chave: Turismo rural, Desenvolvimento local, Artesanato, Assentamento rural

INTRODUÇÃO

O espaço rural vem sofrendo grandes mudanças nos últimos anos. Na agricultura as técnicas modernas estão sendo cada vez mais usadas para aumentar a produtividade e, conseqüentemante, o lucro. Novas culturas também estão sendo cultivadas para diversificar a produção. Nota-se também, que as grandes propriedades estão aumentando suas terras e ultrapassando os limites das pequenas propriedades. Dessa forma, os agricultores familiares que não conseguem acompanhar essa evolução no campo, não vêem outra alternativa a não ser abandonar o campo e migrar para os grandes centros. Outros continuam morando

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no campo, porém, trabalhando como assalariados nas grandes fazendas ou indústrias próximas.

Essas transformações no campo não acontecem somente na agricultura. O meio rural está, aos poucos, aderindo a pluriatividade na tentativa de obter uma renda extra. A pluriatividade consiste na conciliação de atividades agrícolas e não-agrícolas. Esta, relaciona-se ao turismo, ao lazer, artesanato, pousadas, que passaram a ser utilizadas no meio rural para incrementar a atividade agrária. Porém, a pluriatividade não é única forma de aumentar a renda e sim proporcionar aos agricultores familiares, auxílio tanto financeiro, quanto relacionado à educação e à qualificação para que assim, ele possa investir na sua propriedade aumentando a produção e, conseqüentemente, a renda.

Diante da necesssidade de encontrar alguma alternativa para diversificar a produção, as atividades não-agrícolas nas propriedade rurais são desenvolvidas com intuito de melhorar a renda, muitas propriedades não planejam adequadamente sua implantação o que resulta, em alguns casos, na perda da identidade rural. Com isso, o meio rural perde sua originalidade ou autenticidade.

Com o intuito de incrementar a renda dos moradores das áreas rurais o artesanato surge como uma atividade pluriativa. Ele é alvo dos turistas que visitam determinado local, pois sempre que uma pessoa vai para uma localidade, seja a passeio ou outro motivo, busca levar alguma lembrança consigo. Dessa forma, é importante que o artesanato seja algo típico do local, ou seja, possua características próprias daquele lugar. Assim, o artesanato é uma maneira de promover e valorizar a cultura de determinado local contribuindo assim, para preservação das suas características. Ao ser comercializado o artesanato torna-se uma importante fonte de renda que, por muitas vezes, é responsavel pela permanência da família em determinado local.

Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa , desenvolvido pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Mato Grosso - FAPEMAT – que tem como objetivo construir uma identidade no Assentamento Banco da Terra de Nova Xavantina/MT, a partir das características rurais do assentamento e dos saberes dos seus moradores e assim confeccionar e comercializar um artesanato com essa identidade como forma de incrementar a renda.

MATERIAIS E MÉTODOS

De acordo com Fachin método “é a escolha de procedimentos sistemáticos para descrição e explicação dos estudo.” (2003, p.27). Assim, esta pesquisa está sendo realizada utilizando os métodos apropriados para obtenção de seus resultados.

A metodologia utilizada neste estudo é de abordagem qualitativa, que, segundo Oliveira (2002, p.116) possui a facilidade de:

descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos

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O método qualitativo está sendo usado nessa pesquisa, pois o que se pretende inicialmente é conhecer os moradores do assentamento, ou seja, identificar a aceitação das atividades pluriativas nas propriedades, identificar o potencial turístico rural, bem como a aceitação do turismo pelos moradores do assentamento.

Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e, em andamento, um estudo de campo que, por sua vez, permitem uma aproximação maior com o assunto pesquisado. A pesquisa bibliográfica tem como finalidade “conduzir o leitor a determinado assunto e proporcionar a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa.” (FACHIN, 2003, p.125). Assim, foi feito um levantamento do material a ser usado na pesquisa e então iniciou-se o estudo bibliográfico em livros, artigos, anais que abordassem assuntos ligados a assentamentos, agricultura familiar, pluriatividade, turismo, turismo rural.

Foi feita uma visita a campo para fazer o reconhecimento da área, bem como o levantamento do potencial turístico rural da área a partir de um inventário turístico rural ainda em andamento, além de fazer a demarcação georreferenciada de pontos interessantes para o desenvolvimento da atividade turística. O georreferenciamento que “é uma tecnologia que permite determinar a posição geográfica de propriedades rurais com resultados precisos.”(CEFET, 2008). O uso desse equipamento permitiu a delimitação dos pontos com potenciais turísticos rurais no assentamento.

Os assentados contribuíram, por meio da história oral, na obtenção de dados e informações sobre o assentamento. Utilizou-se o procedimento metodológico da história oral pelo fato de haver poucos dados registrados sobre o assentamento. Em conversa com os moradores, notou-se que possuem grande interesse, bem como habilidades, para realização de atividades ligadas a artesanato que são uma forma de construir a identidade de uma localidade. Partindo disso, será realizada uma oficina com os assentados com intuito de qualificá-los para confecção dessse artesanato. Da mesma forma, foi elaborada também uma entrevista, com perguntas abertas, para ser aplicada aos moradores, pois a entrevista permite a coleta de dados a partir de um interrogatório.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Assentamento Banco da Terra, localiza-se a 12 km do centro de Nova Xavantina e possui uma área aproximada de 570 hectares, divididos em 60 parcelas nas quais residem aproximadamente 60 famílias. Essas famílias, em sua maioria, atuam na agropecuária como na criação do gado de leite, suínos, plantação de milho, arroz, mandioca. Além disso, são preparados pelos moradores alguns doces, compotas, queijo, farinha, ou seja, produtos que podem ser comercializados para aumentar a renda.

No entanto, devido à falta de recursos finaceiros para investir na produção, alguns moradores estão trabalhando como assalariados em um frigorífico próximo do assentamento. Outros venderam sua parcela e migraram para o meio urbano.

Situações como essas, que resultaram no abandono da propriedade, poderiam ser evitadas caso houvesse atividades alternativas a serem realizadas na propriedade que proporcionassem ao agricultor familiar sobreviver no campo em condições dignas.

O turismo é uma dessas atividades que se trabalhado paralelamente às atividades rotineiras da propriedade, pode gerar renda às familias bem como propagar a cultura do assentamento por meio da venda de seus produtos

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confeccionados “[...] assim, além de ser visto como alternativa econômica para o produtor rural, o turismo rural deve, ao mesmo tempo, promover a conservação do patrimônio ambiental e cultural do lugar” (TULIK, 2003). Dessa forma, notou-se que o assentamento possui um grande potencial para desenvolver o turismo rural, porém ainda não está preparado para isso. Por mais que haja interesse dos agricultores em desenvolver a atividade, tornam-se necessários investimentos em infra-estrutura básica, técnicas de higiene e atendimento aos visitantes, entre outros.

Dentro da atividade turística, encontra-se o artesanato que é um meio de revelar os costumes e tradições de um local. No assentamento, essa tarefa é atribuída às mulheres que são as responsáveis pela confecção dos produtos. Porém, a confecção é em pequena escala, e sem identidade com o lugar. As agricultoras que já realizam algum trabalho artesanal, bem como as que ainda não desenvolvem, demonstraram interesse em confeccionar produtos com as características rurais do assentamento aliados aos saberes das moradoras. Assim, faz-se necessário um curso de capacitação para ensinar e auxiliar as agricultoras a criar um artesanato com um bom acabamento e com as características do assentamento e assim comercializá-lo e, conseqüentemente, aumentar a renda. CONCLUSÃO

Diante do cenário apresentado, conclui-se que o Assentamento Banco da Terra possui um grande potencial turístico rural a ser explorado. Percebeu-se também, nessa fase inicial do projeto, que os moradores do assentamento estão receptivos quanto a implantação do turismo, pois a renda oriunda da agropecuária já não é suficiente para mantê-los no assentamento fazendo com que abandonem o campo ou trabalhem como assalariados fora da sua propriedade.

Assim, a implantação do turismo no assentamento será uma maneira de incrementar a renda desses pequenos agricultores bem como propagar a cultura do assentamento, por meio da comercialização de produtos com características do assentamento.

Portanto, esse projeto é um processo de implantação do turismo no Assentamento Banco da terra de Nova Xavantina/MT, como forma de aumentar a renda desses agricultores familiares e com isso, mantê-los no campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia cientifica: projetos de

pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações, e teses. Maria Aparecida Bessana. (rev). São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso – CEFET/MT. Disponível em

:

http://www.cefetmt.br/cefetmtnovo/page/base/cursosPosGraduacaoGeoRefencia mento.jsp. Acessado em 15 de set. de 2008.

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