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SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO COMANDO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL

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COMANDO DE POLICIAMENTO AMBIENTAL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL EM POLICIAMENTO AMBIENTAL

Módulo: Introdução ao estudo do Direito Ambiental Brasileiro Aula 01: Noções gerais acerca do Direito Ambiental

São Paulo 2013

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL EM POLICIAMENTO AMBIENTAL

Módulo: Introdução ao estudo do Direito Ambiental Brasileiro Aula 01: Noções de Direito Administrativo

Professor: 1º Ten PM Ewerton Ricardo Messias Todos os direitos reservados

São Paulo 2013

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1. DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE...04

1.1. Definição Biológica de Meio Ambiente...04

1.2. Conceito Jurídico de Meio Ambiente...04

2. DEFINIÇÃO DE DIREITO AMBIENTAL...04

3. DIVISÃO PEDAGÓGICA DO MEIO AMBIENTE...05

3.1. Meio Ambiente natural...05

3.2. Meio Ambiente artificial...05

3.3. Meio Ambiente do trabalho...05

3.4. Meio Ambiente cultural...05

4. COMPETÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS EM MATÉRIA AMBIENTAL...05

4.1. Competência legislativa – artigo 24 da CF/88...05

4.2. Competência material – artigo 23 da CF/88...06

5. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL...06

5.1. Princípio do poluidor-pagador...06 5.2. Princípio do usuário-pagador...07 5.3. Princípio da prevenção...08 5.4. Princípio da precaução...08 5.5. Princípio da participação...10 5.6. Princípio da cooperação...12 5.7. Princípio da ubiquidade...13

5.8. Princípio do desenvolvimento sustentável...14

6. O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO...14

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1. DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE

1.1. Definição Biológica de Meio Ambiente

Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo (chamados fatores abióticos) e os próprios seres vivos que coabitam no mesmo ambiente, que é chamado de (biótopo).

1.2. Conceito Jurídico de Meio Ambiente

O conceito jurídico de meio ambiente está previsto no artigo 3º, inciso I, da Lei nº 6.938/81), como sendo o "conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

2. DEFINIÇÃO DE DIREITO AMBIENTAL

A compreensão da definição de Direito Ambiental faz-se importante para o entendimento da dimensão de tal ramo do direito.

Neste contexto, Édis Milaré afirma que o Direito Ambiental compreende “[...] o conjunto de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.”1

De Plácido e Silva define Direito Ambiental como sendo um “conjunto de normas e princípios tendentes à preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida.”2.

Assim, pode-se definir Direito Ambiental como um ramo do direito, constituído por um conjunto de princípios e normas jurídicas voltadas à proteção jurídica do meio ambiente, visando garantir seu equilíbrio e, assim, a existência de vida digna para as presentes e futuras gerações.

1

MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p.109.

2

SILVA, De Plácido e, 1892-1964. Vocabulário jurídico conciso. Atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p.260.

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3. DIVISÃO PEDAGÓGICA DO MEIO AMBIENTE

3.1. Meio Ambiente natural

O meio ambiente natural ou físico é constituído pelos recursos naturais, como o solo, a água, o ar, a flora e a fauna, e pela interação de cada um destes elementos com os demais.

3.2. Meio Ambiente artificial

O meio ambiente artificial é o construído ou o alterado pelo ser humano, sendo constituído pelos edifícios, urbanos e rurais, e pelos equipamentos públicos, como as ruas, as estradas, as vicinais, as praças e as áreas verdes.

3.3. Meio Ambiente do trabalho

O meio ambiente do trabalho é aquele relacionado aos aspectos definidores da salubridade e da incolumidade dos trabalhadores, por isso, abrange o conjunto de fatores que se relacionam às condições do ambiente laboral, como o local de trabalho, as etapas do processo produtivo, os meios materiais para o desenvolvimento da atividade laboral etc.

3.4. Meio Ambiente cultural

O meio ambiente cultural abrange o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico e constitui-se tanto das belezas paisagísticas, objetos e documentos, como dos dos idiomas, das danças, dos cultos religiosos e dos costumes de uma maneira geral.

4. COMPETÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS EM MATÉRIA AMBIENTAL

4.1. Competência legislativa – artigo 24 da CF/88

O artigo 24, incisos VI e VIII, da Constituição federal de 1988 estabelecem a competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal, para legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,

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proteção do meio ambiente e controle da poluição, assim como responsabilidade por dano ao meio ambiente.

Importante salientar que, diante do Princípio da Predominância do Interesse, cabe à União fixar normas gerais sobre tais assuntos e aos Estados e Distrito Federal cabe editar normas voltadas a suprir eventual omissão legislativa por parte da União ou a detalhar normas gerais existentes. Portanto, os Estados e o Distrito Federal atuaram com competência suplementar, diante da existência de normas gerais estabelecidas pela União, ou atuaram com competência plena, diante da inexistência de normas gerais estabelecidas pela União.

Verifica-se que, em matéria de competência legislativa ambiental, os Municípios foram excluídos.

4.2. Competência material – artigo 23 da CF/88

O artigo 23, incisos VI e VII, da Constituição Federal de 1988 prevê ser competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas, bem como a preservação das florestas, da fauna e da flora.

Assim, a implementação das diretrizes, políticas e preceitos concernentes à proteção do meio ambiente e ao combate à poluição em qualquer de suas formas, bem como à preservação das florestas, da fauna e da flora, deve ser exercida de forma igualitária pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sem a exclusão de nenhum, em virtude da competência material comum ambiental.

5. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

5.1. Princípio do poluidor-pagador

Previsto no artigo 225, §3º, da Constituição Federal de 1988 o princípio do poluidor pagador não se trata de um princípio autorizativo, mas sim de um princípio preventivo e/ou repressivo. Desta forma, não pode, em hipótese alguma, ser confundido com a ideia do poluo mas pago ou, ainda, pago para poluir.

Na mesma esteira, o princípio do poluidor pagador não pode ser confundido com o mecanismo da responsabilidade civil, visto que aquele tem alcance muito mais amplo que este. O princípio do poluidor pagador inclui todos os custos de proteção ao meio ambiente,

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dentre eles os custos de prevenção, reparação e repressão do dano ambiental3. Assim, a responsabilidade civil objetiva surge, também, a partir da aplicação do referido princípio.

Em primeira análise, o princípio do poluidor pagador busca obrigar o poluidor a arcar com os custos de prevenção de danos ambientais que seu empreendimento possa vir a ocasionar. Em uma segunda análise, o referido princípio impõe ao poluidor o dever de reparar os danos causados ao meio ambiente por sua atividade empreendedora 4. Sobre outro foco de análise, o princípio do poluidor pagador atua como instrumento de repressão, visto que inibe a ação lesiva ao meio ambiente, por meio da tríplice responsabilização do poluidor, na esfera civil, penal e administrativa.

Ao tratar das externalidades ambientais Antonio Herman Benjamin afirma que:

[...] o objetivo maior do princípio do poluidor pagador é fazer com que os custos das medidas de proteção do meio ambiente – as externalidades ambientais – repercutam nos custos finais de produtos e serviços cuja produção esteja na origem da atividade poluidora. Em outras palavras, busca-se fazer com que os agentes que originaram as externalidades assumam os custos impostos a outros agentes, produtores e/ ou consumidores5.

Devido aos efeitos redistributivos ocasionados pelo princípio do poluidor pagador, os custos advindos dos riscos ambientais no processo de produção, devem ser considerados como um dos fatores a serem observados na elaboração e cálculo dos custos financeiros dos empreendimentos.

Desta forma, este princípio objetiva diminuir o impacto para a sociedade dos custos econômicos da poluição causada pelas atividades desenvolvidas, que, se não corrigidos de forma satisfatória, podem ser suportados pela sociedade e não pelo empreendimento poluidor. Com isso, pretende-se evitar a socialização dos riscos ambientais, que passam a integrar os custos financeiros dos empreendimentos.

5.2. Princípio do usuário-pagador

3

BENJAMIN, Antonio Herman. Dano ambiental, prevenção, reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 227.

4

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 10.ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 37.

5

BENJAMIN, Antonio Herman. Dano ambiental, prevenção, reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 229.

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Previsto no artigo 4º, inciso VII, da Lei 6938/81 o princípio do usuário pagador impõe, ao usuário dos recursos ambientais, a contribuição pela utilização de tais recursos com fins econômicos.

Portanto, segundo tal princípio, aqueles que utilizam os recursos ambientais devem suportar seus custos.

5.3. Princípio da prevenção

O termo prevenção traz, como ideia principal, o ato de antecipar-se à ocorrência de um mal, dano ou lesão, adotando medidas para evitá-lo ou, ao menos, mitigá-lo. Neste sentido, o princípio da prevenção visa prevenir danos ambientais quando as consequências da realização de determinado ato são conhecidas, seja em decorrência de experimentação já ocorrida, seja em decorrência de lógica, obtida por meio de técnicas capazes de prever a sua provável ocorrência.

O princípio da prevenção está previsto no caput do artigo 225, da Constituição federal de 1988, que impõe o dever do Poder Público e da coletividade de defender e preservar o meio ambiente.

Tal princípio é de fundamental importância para o Direito Ambiental, pois, além de influenciar na instituição de medidas voltadas ao impedimento da ocorrência do dano ambiental ou, ao menos, a sua mitigação, influencia também na formulação de políticas públicas ambientais voltadas ao planejamento e à modificação do modo de desenvolvimento da atividade econômica 6.

O Direito Ambiental traz como regra a prevenção de danos ambientais, visando à preservação do meio ambiente, visto que ocorrido o dano ambiental este é de onerosa e difícil reparação, muitas vezes não sendo possível o restabelecimento do status quo ante, fato que redundaria em prejuízos ao equilíbrio ambiental e, via de consequência, ao direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como condição sine qua non da existência de vida digna no planeta terra.

5.4. Princípio da precaução

6

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Diante das incertezas e da incapacidade de traçar informações conclusivas acerca dos riscos e dos danos ambientais que podem advir de determinados empreendimentos, devem ser adotadas medidas eficazes a fim de impedir a degradação ambiental, que podem, inclusive, redundar no impedimento do funcionamento de determinadas atividades em um empreendimento.

Para tanto, vale-se do princípio da precaução, na medida em que esse tem como finalidade evitar um risco desconhecido, ou, ao menos, incerto, diante da falta de uma conclusão científica definitiva acerca dos danos que podem resultar da atividade ou empreendimento a ser iniciado. Como exemplo, citamos a utilização dos transgênicos, que é proibida em diversos países, em virtude da incerteza científica acerca da ocorrência ou não de danos ambientais.

O princípio da precaução difere-se do princípio da prevenção, pois o segundo relaciona-se ao conhecimento antecipado de que determinada atividade causará danos ao meio ambiente, como no caso de uma atividade siderúrgica, sabe-se que tal atividade gerará emissão de gases de efeito estufa, bem como resíduos sólidos, portanto, no ato do licenciamento, ser-lhe-ão impostas medidas mitigadoras ambientais aptas a, ao menos, minimizar os danos ambientais advindos de tal atividade.

Ao tratar sobre tal princípio Cristiane Derani afirma que o mesmo:

Se resume na busca do afastamento, no tempo e espaço, do perigo; na busca também da proteção contra o próprio risco e a análise do potencial danoso oriundo do conjunto de atividades. Sua atuação faz sentir, mais apropriadamente, na formação de políticas públicas ambientais, onde a exigência de utilização da melhor tecnologia disponível é necessariamente um corolário.7

Por meio do princípio da precaução o Estado deve atuar para garantir o desenvolvimento sustentável, pautado no afastamento de riscos que possam comprometer a existência de vida digna para as atuais e futuras gerações, neste sentido Cristiane Derani afirma que:

Esta precaução, visando à garantia de um meio ambiente física e psiquicamente agradável ao ser humano, impõe uma série de ações básicas pelo governo.8

7

DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.151.

8

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Continua ensinando que:

Precaução é cuidado (in dúbio pro securitate). O princípio da precaução está ligado aos conceitos de afastamento do perigo e segurança das gerações futuras, como também de sustentabilidade ambiental das atividades humanas. Esse princípio é a tradução da busca da proteção da existência humana, seja pela proteção de seu ambiente, seja pelo asseguramento da integridade da vida humana.9

Assim, tal princípio antecipa-se em muito ao perigo, pois, diante da incerteza, adotam-se medidas de precaução contra o risco, ou seja, anteriormente à manifestação do perigo, que visam garantir uma suficiente margem de segurança ambiental.

5.5. Princípio da participação

Em 1972, na cidade de Estocolmo, por ocasião da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, foi elaborada a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, mais conhecida como Declaração de Estocolmo, que foi composta por 7 postulados e 26 princípios voltados a inspirar e guiar os povos do mundo para preservação e melhoraria do meio ambiente humano.

A participação em matéria ambiental já fora contemplada em tal documento, quando fora proclamado que:

7. Para se chegar a esta meta será necessário que cidadãos e comunidades,

empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as responsabilidades que possuem e que todos eles participem equitativamente, nesse esforço comum. Homens de toda condição e organizações de diferentes tipos plasmarão o meio ambiente do futuro, integrando seus próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações locais e nacionais, e suas respectivas jurisdições são as responsáveis pela maior parte do estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem aos países em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número cada vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção de medidas para as organizações internacionais, no interesse de todos. A Conferência encarece aos governos e aos povos que unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do homem e de sua posteridade.10

9

DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 152.

10

Postulado 7. da Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/estocolmo1972.pdf. Acesso em 17 out. 2013.

(11)

A Constituição Federal de 1988 também contemplou o princípio da participação na tutela ambiental na última parte, do caput,do artigo 225, da Constituição Federal de 1988, que dispõe ser “dever do poder público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.11

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, elaborada durante a Eco/92, contemplou o princípio da participação em seu princípio 10, com o seguinte conteúdo:

O melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos interessados, em vários níveis. No plano nacional, toda pessoa deverá ter acesso adequado à informação sobre o ambiente de que dispõem as autoridades públicas, incluídas a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem perigo em suas comunidades, assim como a oportunidade de participar do processo de adoção de decisões. Os Estados deverão facilitar e fomentar a sensibilização e a participação do público, colocando a informação à disposição de todos. Deverá ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e a administrativos, entre os quais o ressarcimento dos danos e os recursos pertinentes.12

Em 1998, a Organização das Nações Unidas, por meio da Comissão Econômica para a Europa, realizou a Convenção de Aarthus, na Dinamarca, ocasião em fora discutida e aprovada a Convenção sobre acesso à informação, participação do público no processo de tomada de decisão e acesso à justiça em matéria de ambiente. Os objetivos de tal Convenção foram descritos no seu artigo 1º, estando, a participação do público no processo de tomada de decisão e acesso à justiça em matéria de ambiente, dentre tais objetivos, conforme se pode verificar abaixo:

Artigo 1.º Objetivos

De forma a contribuir para a proteção do direito que qualquer indivíduo, das gerações atuais ou futuras, tem de viver num ambiente adequado à sua saúde e bem-estar, cada Parte garantirá os direitos de acesso à informação, participação do público no processo de tomada de decisão e acesso à justiça em matéria de ambiente, de acordo com as disposições desta Convenção. 13

11

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Artigo 225. Vade Mecum / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. 14.ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012.

12

Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf. Acesso em 17 out. 2013.

13

Artigo 1º da Convenção sobre acesso à informação, participação do público no processo de tomada de decisão e acesso à justiça em matéria de ambiente. Disponível em: http://www.cada.pt/uploads/d98108f2-3272-3e31.pdf. Acesso em 17 out. 2013.

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Da interpretação conjunta dos princípios e dispositivos legais acima citados, verifica-se a importância da participação da sociedade na tutela do meio ambiente, para tanto, necessário faz-se o acesso à informação fidedigna, tal e qual previsto no artigo 4º, inciso V, da Lei nº 6.938/81 e no artigo 225, §1º, inciso VI, da Constituição Federal de 1988.

5.6. Princípio da cooperação

O princípio da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade está previsto no artigo 4º, IX, da Constituição Federal de 1988, e se trata de um princípio de orientação do desenvolvimento político.

Diante da constatação de que o meio ambiente é um bem de uso comum da humanidade e de que as agressões ao meio ambiente nem sempre se circunscrevem aos limites territoriais de um País, Estado ou Município, pautado sobre a máxima de que mais vale uma ação global, com resultado durador e expressivo, do que uma ação local, com resultado momentâneo e limitado, este princípio abre espaço para a cooperação, no âmbito internacional, entre as Nações, e, no âmbito nacional, entre a União, os Estados e os Municípios, para o tratamento da problemática ambiental.

Assim, pode-se entender que o princípio da cooperação proporciona o devido espaço para o intercâmbio de todo e qualquer dado, informação ou conhecimento na área ambiental.

De acordo com tal princípio deve haver cooperação entre o Poder Público e a coletividade para proteção do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como forma de possibilitar a existência de vida digna no Planeta Terra.

A proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado como condição sine qua non para existência de vida digna, prevista no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, trata-se de um poder/dever do Poder Público e da coletividade, que devem cooperar para sua realização. Portanto, cabe ao Poder Público desenvolver políticas públicas aptas a proporcionar a proteção ambiental e, em contrapartida, cabe à coletividade cooperar para a efetividade de tais políticas públicas, por meio da cooperação cidadã.

Cabe salientar, que é muito importante a cooperação entre os diversos órgãos do Poder Público federal, estadual ou municipal na busca pela proteção ambiental. Assim, por exemplo, de nada adianta a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, de um determinado município, atuar para a destinação adequada dos resíduos sólidos da construção civil, se a

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Secretaria de Obras, do mesmo município, depositar irregularmente tais resíduos em terreno não licenciado para tal.

A cooperação tem que ser a mais abrangente possível, envolvendo Poder Público e a coletividade em prol da proteção ambiental, como forma de garantir a existência de vida digna para as atuais e futuras gerações.

5.7. Princípio da ubiquidade

Partindo da premissa de que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito da humanidade, que se irradia sobre todo o ordenamento jurídico, político, social e econômico, voltado a propiciar a existência de vida digna, o princípio da ubiquidade preceitua que o objeto de proteção do meio ambiente deve ser levado em consideração diante de toda e qualquer atuação do homem na sociedade, portanto, deve “fazer parte do quotidiano dos órgãos governamentais, das empresas, das instituições e da população em geral.”14

Assim, o objeto de proteção do meio ambiente deve ser observado, de forma global e solidária, diante de toda e qualquer criação, alteração ou desenvolvimento das regras legais, políticas, sociais e econômicas, vez que, como já dito anteriormente, as agressões ao meio ambiente nem sempre se circunscrevem aos limites territoriais.

Deste princípio surge a máxima “pensar global e agir local”, pois, segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo, “[...] o direito ambiental reclama não apenas que se “pense” em sentido global, mas também que se haja em âmbito local, pois somente assim é que será possível uma atuação sobre a causa de degradação ambiental e não simplesmente sobre seu efeito”15.

Como dito anteriormente, o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 prevê o dever do Poder Público e da coletividade em defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, em virtude de sua imprescindibilidade para existência de vida digna para as presentes e futuras gerações.

Tal dever impõe ao Poder Público e à coletividade a necessidade de fiscalizar e competentemente administrar o uso dos bens ambientais, desta feita, o princípio da ubiquidade informa que a atuação de tais atores deve dar-se além do plano da elaboração

14

SOUZA, Paulo Roberto Pereira de. A conflituosidade ambiental do desenvolvimento sustentável. Revista Jurídica Cesumar - Mestrado, v. 10, n. 2 p. 365-387, jul./dez. 2010 - ISSN 1677-6402, p.385.

15

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 10.ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 60.

(14)

legislativa, de forma a alcançar a elaboração e a implementação de políticas públicas que, a partir de ações locais, colaborem com a proteção ambiental em âmbito global.

5.8. Princípio do desenvolvimento sustentável

Devido às catástrofes ambientais vivenciadas e a conclusão de que os recursos naturais são finitos, o tema sustentabilidade vem sendo discutido em todo o mundo já a algum tempo. A sustentabilidade envolve o desenvolvimento holístico de três aspectos: atividade economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta, formando o chamado Triângulo da Sustentabilidade.

Da análise do caput do artigo 170, conjuntamente com o inciso VI, do mesmo artigo, todos da Constituição Federal de 1988, verifica-se que a ordem econômica, fundada na livre iniciativa, tem por finalidade assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, por meio, dentre outras coisas, da defesa do meio ambiente.

No caput do artigo 225, a Constituição Federal de 1988 impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as atuais e as futuras gerações.

Da interpretação conjunta desses dois dispositivos constitucionais, com o previsto no artigo 1º, III e IV, também da Constituição Federal de 1988, chegamos ao princípio do desenvolvimento sustentável, que visa garantir, para as atuais e futuras gerações, os direitos fundamentais ao desenvolvimento sócioeconômico e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pautados na livre iniciativa e na defesa ambiental, aspectos de vital importância para à concretização e eficácia social do princípio da dignidade da pessoa humana, preceito norteador de todo o Ordenamento Jurídico brasileiro.

6. O DIREITO FUNDAMENTAL AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO

Em virtude das desigualdades materiais originadas pelo caos social criado pelo Estado Liberal, houve a reestruturação do Estado com a implementação de medidas de intervenção no domínio privado, objetivando cessar ou, ao menos, mitigar os elementos causadores daquela crise. Concomitantemente ocorreu a constitucionalização do Direito, com as Constituições assumindo o lugar das codificações no centro do sistema jurídico, irradiando-se sobre todo ele.

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Da análise do caput do artigo 170, conjuntamente com o inciso VI, do mesmo artigo, todos da Constituição Federal de 1988, verifica-se que a ordem econômica, fundada na livre iniciativa, tem por finalidade assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, por meio, dentre outras coisas, da defesa do meio ambiente.

No caput do artigo 225, a Constituição Federal de 1988 impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as atuais e as futuras gerações.

Da interpretação conjunta desses dois dispositivos constitucionais, com o previsto no artigo 1º, incisos III e IV, também da Constituição Federal de 1988, chegamos ao princípio do desenvolvimento sustentável, que visa garantir, para as atuais e futuras gerações, os direitos fundamentais ao desenvolvimento sócioeconômico e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, pautados na livre iniciativa e na defesa ambiental, aspectos de vital importância para à concretização e eficácia social do princípio da dignidade da pessoa humana, preceito norteador de todo o Ordenamento Jurídico brasileiro. Assim conclui-se que qualquer atividade, inclusive a atividade estatal, deverá conter um elemento de responsabilidade socioambiental a operar como delimitador da sua autonomia.

Neste sentido José Afonso da Silva explica que:

[...] a iniciativa econômica privada é amplamente condicionada no sistema da constituição econômica brasileira. Se ela se implementa na atuação empresarial, e esta se subordina ao princípio da função social, para realizar ao mesmo tempo o desenvolvimento nacional, assegurada a existência digna de todos, conforme os ditames da justiça social, bem se vê que a liberdade de iniciativa só se legitima quando voltada à efetiva consecução desses fundamentos, fins e valores da ordem econômica16.

O direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado tem por objetivo garantir a sadia qualidade de vida do homem, para as atuais e futuras gerações, por meio de políticas de desenvolvimento sustentável, que garantam o acesso, igualitário e equitativo, à educação, à moradia, ao lazer, ao trabalho e à saúde, visando à concretização e eficácia social dos princípios constitucionais da igualdade, da solidariedade e da dignidade da pessoa humana.

Ao analisar a expressão meio ambiente ecologicamente equilibrado, como condição essencial à sadia qualidade de vida, Élida Seguin afirma que a “[...] determinação dos

16

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parâmetros de uma sadia qualidade de vida dependerá de paradigmas sócio-culturais e do avanço do conhecimento científico-tecnológico”17.

Da interpretação realizada pela autora verifica-se que, para garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado e, consequentemente, uma sadia qualidade de vida, há necessidade de uma conscientização ambiental global, onde todos os indivíduos atuem em defesa daquele direito fundamental difuso e o avanço científico-tecnológico ocorra de forma sustentável, garantindo o equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental.

Portanto, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como direito fundamental que é, atua como informador da atuação estatal, operando como um verdadeiro delimitador da autonomia do Estado e da livre iniciativa, com a finalidade de assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social.

REFERÊNCIAS

Artigo 1º da Convenção sobre acesso à informação, participação do público no processo de tomada de decisão e acesso à justiça em matéria de ambiente. Disponível em: http://www.cada.pt/uploads/d98108f2-3272-3e31.pdf. Acesso em 17 out. 2013.

BENJAMIN, Antonio Herman. Dano ambiental, prevenção, reparação e repressão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 227.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Artigo 225. Vade Mecum / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. 14.ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2012.

DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonade, 2001, p.165. DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.151. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 10.ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 37.

MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p.109.

Postulado 7. da Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/estocolmo1972.pdf. Acesso em 17 out. 2013.

Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro da Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente Humano. Disponível em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf. Acesso em 17 out. 2013.

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SEGUIN, Elida. Direito Ambiental: nossa casa planetária. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.17.

SILVA, De Plácido e, 1892-1964. Vocabulário jurídico conciso. Atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p.260.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 28.ed. São Paulo : Malheiros, 2007. p. 794.

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