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Aula 02. Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas deste

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Curso/Disciplina: Direito Processual Penal Militar

Aula: Inquérito policial militar.

Professor (a): Marcelo Uzêda

Monitor (a): Lívia Cardoso Leite

Aula 02

CPPM, art. 4º - Aplicação no espaço e no tempo

Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas deste Código:

Tempo de paz I - em tempo de paz:

a) em todo o território nacional;

b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;

c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;

d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;

e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;

Tempo de guerra II - em tempo de guerra:

a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;

b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;

c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

Esse art. fala da aplicação do CPP Militar, da lei processual penal militar no espaço. Ele praticamente repete o art. 7º do CPM.

CPM, art. 7º - Territorialidade, Extraterritorialidade

Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

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§1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada.

Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros

§2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares.

Conceito de navio

§3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando militar.

Resumindo: o art. 4º do CPP Militar repete quase na literalidade o texto do art. 7º do Código Penal Militar. No Código Penal Militar adota-se a regra da EXTRATERRITORIALIDADE IRRESTRITA. A TERRITORIALIDADE é MODERADA, eis que respeita as regras internacionais, os tratados e as convenções.

Em relação à EXTRATERRITORIALIDADE, a aplicação da lei penal militar é IRRESTRITA, INCONDICIONADA. Seguindo essa mesma lógica, é óbvio que em tempo de paz aplica-se a lei processual penal militar ao crime militar cometido no território nacional, bem como ao crime cometido fora do território nacional. Ex: militares brasileiros estão em uma missão de paz da ONU no Haiti ou em outro lugar como, por exemplo, na Síria. Imaginemos que o Brasil faça uma intervenção na Síria, aprovada pela ONU. O Brasil passa a fornecer contingentes para a ocupação, a pacificação do território. Imaginemos que isso aconteça. É hipotético. No crime cometido por militar brasileiro ou contra militar brasileiro aplica-se a lei penal militar brasileira, ainda que o fato ocorra fora do território nacional, independente de o autor ser julgado pela justiça local. Há interesse de aplicação da lei brasileira com EXTRATERRITORIALIDADE IRRESTRITA. Por isso justifica-se a aplicação da lei penal militar.

O art. 4º do CPPM é a repetição do art. 7º do Direito Penal Militar. O art. 5º do CPPM fala da aplicação da lei no tempo.

CPPM, art. 5º - Aplicação intertemporal

As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

ressalvados os casos previstos no art. 711” – era uma norma de transição.

Não há nada de novo. O CPP Comum também segue a mesma regra – IMEDIATIDADE. O art. 5º do CPP Militar consagra a regra da IMEDIATIDADE. As normas novas de processo penal militar, ou seja, em havendo uma alteração no texto, são aplicadas imediatamente, inclusive aos processos em curso, pendentes. Não há que se falar em irretroatividade da lei processual penal, seja comum ou militar. O que é irretroativo é a lei penal gravosa. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. A lei processual penal é neutra. Tem aplicação, incidência imediata aos processos em curso, mesmo que o fato tenha sido praticado antes, salvo quando a lei processual é híbrida, quando a norma processual nova tem caráter

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híbrido. Nesse caso, ela não pode retroagir, uma vez que se a norma não é cindível, separável, não pode aplicar-se retroativamente a parte penal gravosa.

Isso não aconteceu recentemente. As modificações do CPP Militar não refletiram essa realidade.

Se há uma alteração do processo penal militar que cria uma regra gravosa de cunho penal, ou seja, uma norma híbrida, e a norma penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu, sendo a norma incindível ela só pode ser aplicada na totalidade para os casos novos, por conta da irretroatividade da lei gravosa, da lei penal gravosa.

Ex: não é propriamente do processo penal militar mas se aplica à esfera militar – Lei nº 9099/95. Não é alteração do CPP Militar. A Lei nº 9099/95 sofreu uma alteração em 99, vedando, com o art. 90-A, a aplicação de suas normas à esfera militar.

Lei nº 9099/95 - Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

A Lei nº 9099 não tinha vedação expressa quanto ao tema, foi alterada e passou a vedar a aplicação de suas normas ao processo na esfera militar. No espaço, no intervalo de 95 a 99, ocasião em foi inserido o art. 90-A, havia possibilidade de aplicação porque não havia nenhuma proibição expressa. Podia ser aplicada a Lei nº 9099 ao processo penal militar de 95 a 99. Não havia proibição expressa. No que fosse cabível, compatível, ela podia ser aplicada.

Com a inserção do art. 90-A vedando a aplicação da Lei nº 9099 há uma norma híbrida que envolve o processo nos Juizados, o rito e os benefícios. Há uma questão de direito material e uma questão de direito processual. A norma que veda a aplicação da Lei nº 9099 à esfera militar se refere tanto a questões processuais quanto a questões materiais, de direito material – institutos como transação, composição e suspensão condicional do processo. Estes não são aplicáveis à esfera militar.

Então surgiu uma nova lei gravosa e híbrida – de matéria penal e matéria processual. Essa lei vedou a aplicação de seus benefícios à esfera militar. Portanto, ela não retroagiu, só se aplicando aos casos novos, doravante. Na esfera militar ela só se aplicou aos delitos praticados a partir da alteração. Essa alteração não foi diretamente no processo penal militar mas a lei o afetou, sendo, portanto, irretroativa. Os casos anteriores não poderiam ser prejudicados pela vedação, só se aplicando esta aos fatos praticados após a alteração da Lei nº 9099.

Esse tema ainda hoje suscita muita polêmica. O Supremo Tribunal Federal não tem adotado a Lei nº 9099 na esfera militar. Há uma resistência muito grande.

Na esfera da JMU há casos de civis por ela julgados. Por que não aplicar, já que não se afeta diretamente a hierarquia e a disciplina? Ex: desacato, ofensas, delitos com penas mais brandas enquadrados no conceito de delitos com menor potencial ofensivo. Por que não quando o autor é civil? É uma questão a ser discutida mas há ainda uma grande resistência dos Tribunais Superiores quanto à aplicação.

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Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.

Esse art. fala da aplicação das normas do CPP Militar na esfera estadual, na Justiça Militar Estadual. Direito Processual Penal traz normas que só podem ser estabelecidas através de lei federal. No caso do CPP Militar, o Decreto-Lei foi reconhecido, recepcionado, como lei federal, tendo aplicação. Somente lei federal pode tratar de matéria processual penal.

A lei local dispõe sobre organização judiciária, divisão de competência da Justiça Militar estadual, questões de recursos etc. Então, em algumas questões é respeitada a legislação local – execução, recursos e organização da Justiça. No restante é aplicado o CPP Militar nos processos da esfera estadual, na Justiça Militar estadual.

Obs: algumas questões de recursos são exclusivas da esfera federal. Inquérito Policial Militar

Investigação criminal.

CPPM, art. 7º - Exercício da polícia judiciária militar

A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições:

a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;

b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;

c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados;

d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;

e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios;

f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;

g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;

h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios; Delegação do exercício

§1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado.

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§2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.

§3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.

§4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a antiguidade de posto.

Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo ministro

§5º Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições do§ 3º, caberá ao ministro (comandante) competente a designação de oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência.

O rol de autoridades militares do art. 7º é exemplificativo. Esse art. está desatualizado. Não há mais Ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Há os comandantes das Forças.

Ex: o Comandante da Marinha do Brasil exerce a função de polícia judiciária, é autoridade de polícia judiciária militar. Tem jurisdição sobre todo o território nacional, sobre toda a Marinha, e também em relação ao crime praticado fora do território nacional. No topo da hierarquia militar, como também acontece no Exército e na Força Aérea Brasileira, que possuem a mesma lógica, o Comandante tem jurisdição para a apuração dos delitos praticados que envolvem os militares em todo o território nacional e fora dele. Ele exerce a função investigatória, é responsável por ela, no âmbito dos seus respectivos comandos.

O Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais é autoridade de polícia judiciária militar no âmbito desse Corpo. O Comandante do 1º Distrito Naval é autoridade dentro dele. Tem de ir descendo a escala hierárquica. Há níveis como o de Comandante de Navio, de Batalhão, Diretores.

O Comandante de um Batalhão de Fuzileiros Navais é autoridade de polícia judiciária militar no seu Batalhão. O Comandante de uma fragata, de um navio, de um porta-aviões, é o responsável pela apuração dos crimes nesses âmbitos, é autoridade de polícia judiciária. Isso ocorre desde o topo da hierarquia até os níveis mais pontuais de comando, dentro das unidades, no nível de uma unidade. Esse nível é atribuição de seu comandante.

O rol está desatualizado. As autoridades agora estão de acordo com a estrutura atual das forças militares. Isso também vale para a esfera estadual, de acordo com cada comando. O que importa registrar é: não existe órgão próprio como na esfera comum - Polícia Civil e Polícia Federal. Não existe um órgão próprio para desenvolver a atividade investigatória. Esta e as funções de polícia judiciária, que são tarefas diferentes, são exercidas pelas autoridades militares dentro da circunscrição do seu comando, no âmbito da circunscrição do seu comando. Há uma questão territorial. O Distrito Naval, por exemplo, tem uma jurisdição territorial. No caso do navio, é em seu âmbito, no de sua tripulação, no crime praticado por membro da tripulação contra outro. Há essa delimitação de atribuição.

Não existe um órgão, uma polícia. Há a companhia de polícia, mas essa é de combate, essa é a sua atividade – polícia de combate, tratamento de prisioneiros de guerra, atividades de campo, de combate - atividades tipicamente militares. A atividade de investigação de crimes militares não é tipicamente militar. Mas pela lei é atribuída às autoridades militares. Não existe um órgão, mas a função é exercida pela

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CPPM, art. 7º, §1º - Na prática o Comandante da Marinha não preside o inquérito policial. Não é razoável. Ele delega a um Oficial, respeitados a hierarquia, o comando e a jurisdição. Ele delega a atividade.

O Comandante de um navio tem muitas tarefas, muitas responsabilidades. Ele não irá se dedicar à investigação. Ele delegará a um Oficial essa atividade. A sua atividade é muito complexa, motivo pelo qual ele delega a um Oficial sob seu comando. As tarefas de investigação podem ser delegadas a Oficiais da ativa para fins especificados e por tempo limitado. O comandante baixa uma portaria delegando ao Oficial sob seu comando a investigação. Esse Oficial será delegado. Não é o Delegado de carreira, é Oficial delegado para a investigação.

Existem 2 modalidades de delegação:

- Delegação para instauração de inquérito – o comandante baixa uma portaria dizendo que designa “Carlos”, um Oficial, para instaurar inquérito policial, presidir a investigação que apura o fato tal. Ele dá o prazo do inquérito policial. Se o indiciado estiver solto, o prazo é de 40 dias; se estiver preso, são 20 dias.

O comandante pode delegar a instauração ou instaurar e delegar só a investigação.

- Delegação para investigação – o comandante instaura o inquérito através de uma portaria, delegando a um Oficial a investigação. O comandante preside o inquérito que ele instaurou.

A forma de delegação faz muita diferença. Quando a delegação é para a instauração do inquérito, deve ser observado o §2º do art. 7º do CPPM. Se o comandante delega a instauração do inquérito, esta deve recair sobre Oficial de posto superior ao do indiciado.

CPPM, art. 7º, §3º - Ex: o indiciado é um Capitão e na unidade não há nenhum Major. Designa-se um Capitão mais antigo do que o indiciado, apesar de ocuparem o mesmo posto.

Quando a delegação é para instauração do inquérito policial, no final o Oficial delegado deve fazer o seu relatório e submetê-lo à homologação. Ele apresenta o inquérito relatado para que o comandante homologue ou não a solução. Se há delegação para instauração, além de ser exigido um posto superior ou o mais antigo de um mesmo posto, ao final o delegado deve fazer seu relatório e apresentá-lo ao comandante para a homologação ou não da solução. Esse é tema de conclusão do inquérito.

Diferença dos tipos de delegação: uma é para que se faça tudo. O delegado recebe do comandante a delegação para instauração e investigação. No outro caso, o comandante instaura e delega somente a investigação. O delegado só fará a investigação. O inquérito continua sendo presidido pelo comandante.

CPPM, art. 7º, §4º - Se o indiciado é inativo não prevalece a antiguidade de posto. Ex: se o indiciado é um Capitão da reserva, o comandante pode designar um Capitão da ativa mesmo que não seja

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mais antigo que ele. A antiguidade de posto de quem está na inatividade não prevalece sobre quem está na atividade. Essa é a lógica do §4º.

CPPM, art. 22 – Relatório

O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos termos legais.

Solução

§1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.

Advocação

§2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.

Quando o comandante delega a própria instauração do inquérito, o delegado tem o dever de submeter ao comandante o seu relatório. O delegado presidiu, instaurou e relatou o inquérito, mas leva ao comandante para que ele homologue ou não a solução.

Obs: autoridade militar não pode arquivar inquérito. Independente da solução, há remessa para o Juiz-Auditor que, por sua vez, dá vista ao MP para que se manifeste como entender pertinente.

O comandante não arquiva mas pode aplicar punição disciplinar. Se o relatório já é conclusivo pela falta disciplinar, independente do encaminhamento do inquérito ao Juiz, o comandante já pode aplicar a punição disciplinar, sem prejuízo da análise que o MP fará.

O comandante também pode determinar novas diligências se houver indiciado solto. Para o indiciado preso não há novas diligências. Essa determinação também passa pelo crivo ministerial. O comandante ou o Oficial delegado indicam, este na ocasião em que se manifestar no seu relatório, a necessidade de diligências, estando solto o indiciado. Nesse caso é possível a prorrogação. O MP pede e o juiz a autoriza.

Discordando da solução, o comandante avoca o inquérito e dá a solução que entender pertinente, sem arquivá-lo. O comandante militar, autoridade de polícia judiciária militar, não arquiva inquérito policial. Esse tema foi cobrado na prova da DPU 2001.

Polêmica: CPPM, art. 7º, §5º - Esse § tem aplicação hoje? Não. Esse § foi pensado em uma época em que havia o Marechal, o Almirante 5 estrelas, na época dos Oficiais-Generais de 5 estrelas, que combateram na guerra. Na inatividade eles ocupavam um posto superior. Hoje o posto mais alto da Marinha, por exemplo, é o Almirante de Esquadra. No Exército é o General de Exército.

Imaginemos que o General mais antigo do Exército é o autor do fato. Quem está acima dele? O comandante do Exército, e só ele. Não tem mais ninguém na reserva de posto superior. Não há um Marechal

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O professor Célio Lobão (tem um livro sobre Direito Processual Penal Militar, da Editora Gen) afirma que esse §5º deve ser considerado não escrito por falta de destinatário. Essa é a sua posição.

Como resolver esse problema? Nesse caso a posição, a ascendência hierárquica do comandante da força lhe confere autoridade para investigar. Ele pode designar alguém, delegar a outro Oficial-General. O comandante da Marinha pode designar outro Almirante de Esquadra.

Essa situação é excepcionalíssima. A solução do professor Célio Lobão é razoável uma vez que não existem mais os 5 estrelas. Não há ninguém acima do Almirante de Esquadra, por exemplo, nem na reserva, na inatividade, para que se supra essa designação. O comandante da Marinha designa um Oficial-General, um Almirante de Esquadra, logo, do mesmo posto, conferindo ascendência hierárquica para a investigação.

Se o inquérito já estava iniciado e no curso da investigação identifica-se o Oficial-General mais antigo da Força como envolvido, avoca-se para a designação de outro Oficial-General. O comandante da força designa outro Oficial para o exercício dessa atividade. Essa questão é complexa. A solução de Célio Lobão é interessante. O comandante designa um Oficial-General do mesmo posto do Oficial mais antigo e a sua ascendência hierárquica irá conferir legitimidade para que o Oficial-General investigue o colega. Não há ninguém na reserva, na inatividade, que tenha a condição de posto superior para a assunção da investigação.

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