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ENFRENTAMENTO DE INDISCIPLINA DE CRIANÇAS COM ESPECTRO DO ALCOOLISMO FETAL. Miriam Nascimento de Lima, Regina Keiko Kato Miura. Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília/SP. Apoio: PROEX-Reitoria/UNESP mirinha_-_c2_-_@hotmail.com; rkkmiura@marilia.unesp.br

Tema: Inclusão Educacional

No cotidiano escolar a indisciplina é frequente e desenvolver estratégias de enfrentamento faz-se necessário para aumentar o envolvimento de professores e alunos em atividades acadêmicas. O presente estudo objetivou identificar os comportamentos inadequados apresentados por escolares com espectro do alcoolismo fetal e caracterizar as habilidades sociais utilizadas, por graduandos de pedagogia, para lidar com problemas de comportamento desses alunos. Participaram deste estudo cinco alunos, idade entre 4 e 9 anos, com o histórico de uso de álcool na gestação com transtorno de comportamento em diversos contextos em atendimento educacional. O estudo foi conduzido no Centro de Estudos da Educação e da Saúde - CEES, unidade auxiliar da Unesp/ Marília. As observações ocorreram em média, uma vez por semana, com carga horária de três horas. Os dados de observação e interação com o aluno foram anotados em um diário de campo. Os resultados mostraram que as estratégias de enfrentamento diante da apresentação de comportamentos inadequados, intitulado como indisciplina, foram efetivas e proporcionou ao educando aprendizagem de novas competências acadêmicas e sociais, com a participação da família. Observou-se, que a aprendizagem de habilidades sociais propiciou, ao aluno, o convívio social e acadêmico mais adequado e agradável a todos os envolvidos no processo educacional.

Palavras-chave: Espectro do alcoolismo fetal. Indisciplina. Inclusão

INTRODUÇÃO

Os problemas de indisciplina são frequentes no ambiente escolar e um dos maiores desafios a serem enfrentados por professores e profissionais da educação. É comum ouvir relatos de professores, como esse descrito por Sobrinho (2014) que os seus primeiros minutos como professora de inglês, onde a única formação que tinha para dar aula era somente o domínio da língua estrangeira, com mais de dez alunos entre 10 e 11 anos não davam a mínima, a mesma relata que deu aula para as paredes. Frustrada e esgotada planejou uma estratégia para conter aquelas crianças, mantê-las em ordem e fazê-las aprender inglês. A professora afirmou que, naquele momento, foi quando descobriu o que seria “dar aula”.

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O que, de fato, caracteriza a indisciplina? brigar, xingar, responder, se recusar a fazer as atividades propostas pelo professor, falta de interesse, correr e andar pela sala entre outros. O conceito de indisciplina se relaciona ao conceito de disciplina, ou seja, a disciplina é a obediência as regras e a manutenção da boa ordem, o conceito de indisciplina é basicamente a desobediência de regras (PARRAT-DAYAN, 2011, p. 18)

No entanto, o conceito de indisciplina é a algo socialmente e culturalmente construído, não é algo uniforme, Parrat-Dayan (2011) diz que a indisciplina está relacionada a um conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre diferentes culturas e classes sociais. O conceito de indisciplina no ambiente escolar também pode variar, para alguns a movimentação de alunos na sala, os barulhos de conversa, os desenhos no caderno pode ser visto de maneira positiva e uma forma de construção da criatividade e construção de conhecimento, para outros professores pode ser caracterizada como indisciplina, caso não haja silêncio e organização da sala e do caderno (PARRAT-DAYAN, 2011, p.19).

Lepre (2001) observa que os professore s apontam a indisciplina como a culpada do fracasso escolar, visto que geralmente o culpado do problema é o aluno em sua origem social e na estrutura familiar. Entretanto, Alves (2012 apud Hardan et al, 1993) cita que a indisciplina pode ser de ordem:

 Biológicas (por herança genética ou anormalidades neurológicas);  Fenomenológica (acontecimentos, sentimentos e eventos subjetivos);  Comportamentais (eventos ambientais, estressantes ou não);

 Sociológicas/ ecológicas (transmissão cultural, interações negativas com outras pessoas).

Estudos de Aquino (1998) mostram a indisciplina muito mais do que quebrar regras impostas pela escola, a origem da indisciplina pode se relacionar a prática do professor em sua maneira de mediar o processo de aprendizagem.

O professor como mediador para a aprendizagem e como regente das atividades da turma, surge a pergunta “O que o professor deve fazer para conseguir a tão desejada “disciplina”? No jargão docente, costuma-se dizer nos últimos tempos que se o professor não tem pulso, não tem a sala nas mãos, ele não consegue dar aula – ainda que tenha domínio do conteúdo a ser ensinado (Sobrinho, 2014, p. 5).

Nesse caso, o professor almeja alcançar a disciplina e a atenção dos alunos em sua maioria com o autoritarismo, o que pode aumentar ainda mais a revolta e indisciplina dos alunos. Essa forma de enfrentamento da indisciplina com a “autoridade” ainda é comum, no

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entanto, a indisciplina continua a existir e a produzir professores desgastados, além de acentuar o fracasso e evasão de alunos desmotivados.

A maneira como as crianças aprendem é bastante complexo e tem outras variáveis envolvidas, como por exemplo o sucesso ou o fracasso escolar:

O bom desempenho pode favorecer a superação de dificuldades e o envolvimento com projetos de vida que potencializam a auto realização. As dificuldades escolares, por sua vez, podem acentuar as dificuldades e as vivências de menos valiam, condições estas favorecedoras de outras dificuldades comportamentais e emocionais. (MARTURANO, LOUREIRO, p. 261, 2003).

Entende-se que é necessário considerar as experiências, interpretações e significados dos eventos vividos pelos alunos. Destacar as dificuldades e limitações pode contribuir para o aumento de comportamentos indesejáveis e desmotivá-los na realização das atividades propostas. Ressaltar as habilidades e as qualidades podem proporcionar, aos alunos, momentos de aprendizagem de forma divertida, com significado e também favorecer a diminuição da indisciplina e o engajamento em atividades acadêmicas.

A política na perspectiva de educação para todos aumentou a demanda das escolas de uma diversidade de alunos, com habilidades, dificuldades, cultura, realidade social, entre outras variáveis. Esta demanda de alunos propicia um desafio a mais a ser enfrentado pela escola.

Considerando que a proposta da inclusão significa mudança nas condições de ensino e que essa mudança depende, em grande parte, da formação e atuação do professor, no sentido de conduzir práticas inovadoras, que favoreçam a participação de todos os alunos, entende-se que os materiais publicados precisariam ser acompanhados de orientações sobre as ações e habilidades que o professor deve apresentar para criar condições de aprendizagem para todos os alunos. Criar tais condições não parece, portanto, ser apenas uma questão de atender à demanda; é também um importante elemento de qualidade de ensino. ((ROSIN-PINOLA, A. R.; DEL PRETTE, Z. A. P. p. 345, 2014)

Na realidade do cotidiano escolar, na perspectiva de inclusiva, há frequência de crianças com deficiência, espectro do alcoolismo fetal, altas habilidades e superdotação, e também, com associação às alterações decorrentes do Espectro do Álcool Fetal - EAF.

A caracterização do Espectro do Alcoolismo Fetal - EAF é uma condição irreversível associada por anomalias craniofaciais típicas, deficiência de crescimento, disfunções do sistema nervoso central e várias malformações. Os sintomas caracterizados por dificuldade de aprendizagem nos contextos escolares se manifestam de diversas e específicas formas para cada educando. Os estudos, na literatura da área, apontam que é possível identificar que estas crianças apresentam dificuldade para interagir socialmente, dificuldades em lidar com regras sociais, problemas na comunicação de desejos e necessidades, dificuldades em atividades

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acadêmicas, baixa tolerância em atividades que exigem atenção e concentração, vulnerabilidade emocional, dentre outros.

O papel do professor, além de sistematizar o currículo, também é identificar a melhor estratégia de intervenção, para que alunos com necessidades educacionais sejam incluídos no ambiente escolar com qualidade de ensino. Marturano e Loureiro (2003) considera o desempenho escolar uma variável importante, por interferir nos fatores cognitivos, afetivos e motivacional:

O desempenho escolar, assim, constitui-se um indicador que revela mais que o seu produto imediato, enquanto rendimento acadêmico, refletindo para as crianças recursos de desenvolvimento e suas condições pessoais de interação com o meio. Nesse sentido, a capacidade de aprender na escola expressa mais que uma a essa adequação a essa situação específica, fornecendo indicadores das habilidades da criança para lidar com as situações da vida (MARTURANO, LOUREIRO, p. 263, 2003).

Nessa perspectiva, compreende-se que a escola tem como objetivo auxiliar o aluno com ou sem necessidades educacionais especiais a adquirir competências, habilidades e conhecimentos que lhes permitam viver em sociedade de maneira independente, produtivo e feliz (MIURA, MAYO, LEBLANC,2014).

Diante desta realidade escolar, o presente estudo objetivou identificar os comportamentos inadequados apresentados por escolares com o histórico de uso de álcool na gestação e caracterizar as habilidades sociais utilizadas pelos graduandos do curso de Pedagogia para lidar com a apresentação de problemas de comportamento destes alunos.

MÉTODO

Participantes

Os participantes foram cinco alunos com o histórico de uso de álcool pela mãe na gestação, que apresentaram transtorno de comportamento em diversos contextos do atendimento educacional no Centro de Estudos da Educação e da Saúde –CEES -FFC – UNESP – Marília/SP e graduandos em estágio supervisionado na área de Fonoaudiologia e Pedagogia.

Quadro 1. Caracterização dos participantes-alunos.

ALUNOS GÊNERO IDADE INSTRUÇÃO HISTÓRICO, DIAGNÓSTICO

A1AR Masculino 7 anos EMEF Adotivo, dificuldade na fala, histórico de uso de álcool e droga pela mãe na gestação, falta de concentração, desinteresse pelas atividades propostas e condutas

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inadequadas.

A2LE Masculino 9 anos EMEF Adotivo, dificuldade na fala, histórico de uso de álcool pela mãe na gestação, falta de interação social, dificuldade em desenvolver atividades acadêmicas e condutas inadequadas.

A3MI Masculino 4 anos EMEI Adotivo, dificuldade na fala, histórico de uso de álcool e droga pela mãe na gestação, desinteresse pelas atividades propostas, falta de atenção, falta de interação social e condutas inadequadas.

A4RA Feminino 6 anos EMEI Adotivo, dificuldade na fala, histórico de uso de álcool e droga pela mãe na gestação, falta de concentração, desinteresse pelas atividades propostas e condutas inadequadas.

A5YG Masculino 7anos EMEF Adotivo, dificuldade na fala, histórico de uso de álcool pela mãe na gestação, alteração na capacidade de memorização, muito agitado.

Local e material

O estudo foi realizado no Centro de Estudos da Educação e da Saúde –CEES -FFC – UNESP – Marília/SP. Os materiais para o desenvolvimento do estudo consistiram da elaboração e consequente assinatura do termo de consentimento livre-esclarecido; elaboração do roteiro de avaliação funcional e de entrevista semiestruturada e diário de campo.

Procedimento

O estudo caracterizado como pesquisa qualitativa cuja proposta pressupõe o uso da teoria e da prática de forma simultânea.

No primeiro momento realizou-se a pesquisa bibliográfica sobre o tema. No segundo momento estabeleceu-se o contato inicial para explicação de objetivos e relevância da pesquisa e respectiva colaboração dos estagiários. A seleção dos educandos teve como prioridade àqueles que tivessem apresentado transtorno de comportamento.

Por fim, a avaliação funcional permitiu a identificação de variáveis que poderão produzir o comportamento alvo e elaborar estratégias de ensino de novas habilidades comportamentais, sociais e acadêmicas.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A princípio, os alunos participantes do presente estudo apresentaram algumas regularidades em termos comportamentais como: choro, birras, falta de interesse nas atividades, dificuldades de aprendizagem. A figura abaixo mostra os dados das estratégias de ensino habilidades sociais e acadêmicas utilizadas pelos graduandos:

Quadro 2. Análise funcional e estratégias de habilidades sociais ALUNO ANÁLISE FUNCIONAL/ ESTRATÉGIAS

A1AR -Adaptar condutas do aluno em diversas situações sociais;

-Generalizar o uso das regras sociais aprendidas também em situações de rotina; - Elaborar e intensificar as atividades que envolvam comunicação, interação e regras. - Favorecer modelos de falas e comportamentos adequados;

-Definir um objetivo por vez;

-Fazer adaptações curriculares e de recursos;

-Oferecer níveis de ajuda total e parcial em atividades sociais, leitura e escrita.

A2LE -Buscar ações eficazes para diminuir os comportamentos inadequados dentro e fora da sala de aula;

-Ignorar os comportamentos inadequados: gritos, birras, choros, entre outros. -Redirecionar a atenção para a situação de aprendizagem;

-Desenvolver atividades/ações que incentive a utilização da fala. -Oferecer modelos de falas e de comportamentos adequados;

-Desenvolver atividades em locais diferentes com objetivo de ensinar o aluno a se comportar adequadamente em diversas situações sociais.

-Oferecer ajuda parcial para andar adequadamente (andar ao lado do graduando, seguir comando verbal).

A3MI -Desenvolver atividades em locais diferentes com objetivo de adaptar o aluno em diversas situações sociais.

-Definir um objetivo por vez. -Dar uma instrução uma por vez. -Adaptar recursos pedagógicos;

-Oferecer níveis de ajuda total e parcial, em atividades de leitura e escrita; -Definir de ações para diminuir os comportamentos inadequados.

-Desenvolver atividades/ações que incentive a utilização da fala.

-Ignorar os maus comportamentos e redirecionar a atenção para a situações de aprendizagem;

-Oferecer ajuda total e parcial (andar ao lado e seguir comando verbal).

A4RA -Traçar ações com objetivo de diminuir os comportamentos inadequados dentro e fora da sala de aula;

-Ignorar os comportamentos inadequados: gritos, birras, choros, entre outros. -Redirecionar sua atenção para a situação de aprendizagem;

-Desenvolver ações que promova a oralidade,

-Oferecer modelos de falas e comportamentos adequados;

-Desenvolver atividades em locais diferentes com objetivo de ensinar o aluno a se comportar adequadamente em diversas situações sociais.

-Oferecer modelos de falas e atitudes adequadas; -Definir um único objetivo por vez.

-Adaptar recursos;

-Oferecer níveis de ajuda total e parcial em leitura e escrita.

-Ajudar totalmente e parcialmente o educando andar adequadamente.

A5YG -Desenvolver atividades em locais diferentes com objetivo de ensinar o aluno a se comportar adequadamente em diversas situações sociais.

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-Definição de um objetivo por vez,

-Em alguns momentos houve a necessidade de adaptações curriculares e de recursos; -Níveis de ajuda total e parcial, principalmente nas atividades envolvendo leitura e escrita.

-Buscar ações eficazes para diminuir os comportamentos inadequados;

-Ignorar os maus comportamentos e redirecionar sua atenção para a situação de aprendizagem;

-Desenvolver atividades que promova interação social de maneira adequada, -Ajudar totalmente e parcialmente em atividades de habilidades sociais.

Quadro 3. Resultados após definição das estratégias.

ALUNO RESULTADOS OBSERVADOS APÓS A DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS A1AR -Reconhece as letras do alfabeto e a maioria das sílabas simples;

-Realiza a contagem de numerais em atividades da rotina de 0 a até 50; -Escreve os símbolos numéricos de 0 a 10;

-Ampliou seu vocabulário, porém necessita de modelos de fala.

-Aumentou atitudes adequadas: falar baixo, andar adequadamente, engajamento nas atividades proposta, diminuiu as birras, entre outros.

-Aumentou o interesse em atividades com pares: brincar, compartilhar brinquedos, jogar, respeitar as regras, esperar a vez e respeitar o outro.

A2LE -Reconhece todas as letras e algumas sílabas. -Realiza contagem de 0 a 30.

-Reconhece as principais cores.

-Diminuiu as oscilações constantes no comportamento e humor.

-Maior independência nas atividades pedagógicas: escrita, leitura, organização do caderno, entre outros.

-Maior independência nas atividades sociais: brincadeiras, compartilhar, jogos com regras, frequentar e se comportar corretamente em locais públicos.

-Aumentou a tolerância com outros pares: esperar a vez, saber ganhar e perder. -Aumentou a concentração em atividades de matemática e produção escrita. A3MI -Reconhece algumas letras do alfabeto.

-Escreve o primeiro nome sem ajuda. -Realiza a contagem de rotina de 0 a 10.

-Com ajuda parcial escreve os símbolos numéricos de 0 a 10. -Aumentou a participação em atividades que envolvem a fala.

-Diminuiu a quantidade de birras: em atividades acadêmicas e de concentração.

-Diminuiu os comportamentos inadequados e aumentou a manutenção de comportamentos adequados.

-Maior independência nas atividades acadêmicas: maior interesse e concentração. -Maior interesse por atividades sociais: brincar, jogar e dialogar com outros pares. -Aumento no tempo de concentração nas atividades sociais e escolares.

A4RA -Diminuiu o tamanho e melhorou o traçado da letra. -Reconhece a maior parte das letras do alfabeto. -Escreve o nome completo.

-Realiza contagem de 0 a 20.

-Escreve os símbolos numéricos de 0 a 10.

-Diminuiu os níveis de ajuda e de modelos de fala. -Aumentou a participação nas atividades propostas.

-Maior quantidade de comportamentos adequados: Diminuiu significativamente a quantidade de gritos, birras e choros

-Maior interesse nas atividades acadêmicas: matemática, leitura, escrita e artes. -Maior independência nas atividades sociais: Brincar sem supervisão de um adulto,

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-Um pouco maior o tempo de concentração nas atividades propostas;

-Melhora significativa na organização dos materiais escolares e organização da escrita no caderno.

A5YG -Escreve todas as letras do alfabeto. -Reconhece a maioria das sílabas simples. -Realiza a contagem de 0 a até 50.

-Escreve os símbolos numéricos de 0 a 20.

-Ampliou seu vocabulário e melhorou a pronuncia das palavras.

-Ampliou atitudes adequadas: Falar baixo, não correr nos corredores, diminuição das birras.

-Aumento em atividades com pares: brincadeiras, jogos, pintar, entre outros

-Maior independência nas atividades acadêmicas: leitura, escrita, matemática, jogos, entre outros.

-Melhorou significativamente na organização dos materiais em uso.

Os resultados após intervenção com habilidades de manejo de comportamento indicaram que houve aumentos significativos de atitudes adequadas por parte dos educandos. A aprendizagem de habilidades sociais foi generalizada para outros locais em que, anteriormente, dificilmente eram frequentados pelos pais, com os filhos, por conta dos comportamentos inadequados apresentados, por exemplo, em igreja e supermercado.

O aumento das habilidades sociais e acadêmicas também foi generalizado para o ambiente escolar, segundo informações colhidas com os pais, observou-se aumento da tolerância com os amigos da sala, além do melhor desenvolvimento e engajamento em atividades acadêmicas.

A crescente melhora nos aspectos comportamentais, sociais e cognitivos deu-se pela análise funcional feita anteriormente para entender o caminho do comportamento, quando ele se inicia, quando termina, a causa, as contingencias ambientais, familiarizares. Além disso, realizou-se uma entrevista com pais e professores da criança em relação ao que gosta, o que não gosta, suas habilidades, as dificuldades, as interações pessoais com familiares e amigos, a rotina em casa e na escola, etc. Em seguida, as estratégias de ensino comportamentais e acadêmicos foram elaboradas e implementadas com atividades funcionais e significativas, para que o educando internalize e generalize as habilidades aprendidas.

As atividades funcionais e significativas valorizavam as habilidades e interesses da criança, com ajuda total e parcial até a criança conseguir desempenhar tal atividade sozinha. O foco foi favorecer condições para a realização e a motivação para futuros aprendizados.

Contudo, entende-se que é possível minimizar a apresentação das condutas inadequadas/ indisciplinas de alunos no ambiente escolar. Aprender a realizar uma avaliação funcional sobre o desenvolvimento de repertório inicial adequado e verificar se as instruções

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ou estratégias de ensino estão adequadas para cada indivíduo pode ser uma das variáveis fundamentais para futuros profissionais a lidar efetivamente com a indisciplina.

Capacitação e orientação para o enfrentamento da indisciplina escolar é uma necessidade urgente na formação, inicial ou em serviço, para que o professor consiga oferecer um ensino com qualidade nos seguintes âmbitos: acadêmico, social, comportamental e emocional. Ter uma sala em harmonia, com atividades prazerosas não é uma tarefa fácil, mas é totalmente possível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste estudo procurou-se a entender a indisciplina no ambiente escolar com alunos com Espectro do Alcoolismo Fetal, a importância de como o profissional da educação lida com a indisciplina, a interferência que a mesma tem na prática pedagógica e, consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem.

Ressaltou-se a importância de ter conhecimento sobre gestão ou manejo de comportamento por graduandos de Pedagogia para enfrentamento da indisciplina e comportamentos inadequados de alunos na escola. Dessa forma, há necessidade de aprender, ainda na graduação, as competências, os conhecimentos e as habilidades para lidar efetivamente com as situações desafiadoras que poderão surgir na sala de aula.

Observou que planejamento de atividades, principalmente quando se trata de uma sala de aula com alunos indisciplinados, exige do professor conhecimentos sobre o aluno e variáveis que podem interferir nas condições ambientais. Enfim, é fundamental analisar aspectos que podem levar ao sucesso ou ao fracasso da atividade e do aluno.

O estudo sobre enfrentamento de indisciplina de alunos com Espectro do Alcoolismo Fetal comportamento deverá ter continuidade com uso de instrumentos de coleta de dados para um maior refinamento dos resultados. As pesquisas sobre a temática de gestão de comportamento em sala de aula poderão contribuir na formação de futuros professores e para que o aluno com problema de comportamento consiga alcançar o sucesso acadêmico, social e emocional no ambiente escolar.

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Referências

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