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Quantização de uma teoria de cordas bosônica relativística

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE F´ISICA

PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM F´ISICA

OT ´AVIO AUGUSTO DE PINHO HOLANDA

QUANTIZAC¸ ˜AO DE UMA TEORIA DE CORDAS BOS ˆONICA RELATIV´ISTICA

FORTALEZA 2020

(2)

QUANTIZAC¸ ˜AO DE UMA TEORIA DE CORDAS BOS ˆONICA RELATIV´ISTICA

Dissertac¸˜ao de Mestrado apresentada ao Pro-grama de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica da Univer-sidade Federal do Cear´a, como requisito parcial para a obtenc¸˜ao do T´ıtulo de Mestre em F´ısica.

´

Area de Concentrac¸˜ao: F´ısica da Mat´eria Con-densada.

Orientador: Prof. Dr. Geov´a Maciel de Alencar Filho.

Coorientador: Prof. Dr. Marcony Silva Cunha.

FORTALEZA 2020

(3)

Biblioteca do Curso de F´ısica

A000p Holanda, Ot´avio Augusto de Pinho.

Quantizac¸˜ao de uma teoria de cordas bosˆonica relativ´ıstica / Ot´avio Augusto de Pinho Holanda. – Fortaleza, 2020.

52.:il.

Dissertac¸˜ao (mestrado) - Universidade Federal do Cear´a, Centro de Ciˆencias, Departamento de F´ısica, Fortaleza, 2020.

´

Area de Concentrac¸˜ao: F´ısica da Mat´eria Condensada. Orientac¸˜ao: Prof. Dr. Geov´a Maciel de Alencar Filho.

1. Ac¸˜ao de Nambu-Goto. 2. Formalismo lagrangiano. 3. Quantizac¸˜ao. 4. Gauge cone de luz. 5. Modo de Virasoro. I. T´ıtulo.

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QUANTIZAC¸ ˜AO DE UMA TEORIA DE CORDAS BOS ˆONICA RELATIV´ISTICA

Dissertac¸˜ao de Mestrado apresentada ao Pro-grama de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica da Univer-sidade Federal do Cear´a, como requisito parcial para a obtenc¸˜ao do T´ıtulo de Mestre em F´ısica.

´

Area de Concentrac¸˜ao: F´ısica da Mat´eria Con-densada.

Aprovada em 28 de outubro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Geov´a Maciel de Alencar Filho Universidade Federal do Cear´a (UFC)

Prof. Dr. Marcony Silva Cunha Universidade Estadual do Cear´a (UECE)

Prof. Dr. Thiago Simonetti Fleury International Institute of Physics (UFRN)

(5)

Neste trabalho, constr´oi-se uma teoria relativ´ıstica para cordas abertas e fechadas com base no formalismo lagrangiano para part´ıculas relativ´ısticas livres, cuja ac¸˜ao ´e proporcional a linha-mundo da part´ıcula. A consequente invariˆancia por reparametrizac¸˜oes da ac¸˜ao n˜ao-linear ob-tida, conhecida como ac¸˜ao de Nambu-Goto, permite a imposic¸˜ao do chamado gauge cone de luz, onde s˜ao utilizadas as famosas coordenadas do cone de luz, que facilitam o procedimento de quantizac¸˜ao da teoria. Neste gauge, a corda passa a ser descrita pelas coordenadas transversas, uma constante de integrac¸˜ao e uma componente conservada de seu momento. Esta descric¸˜ao permite, ent˜ao, a obtenc¸˜ao de uma ac¸˜ao quadr´atica somente nas coordenadas transversas que implique nas mesmas condic¸˜oes de contorno e equac¸˜ao de movimento, facilitando o procedi-mento de quantizac¸˜ao. As relac¸˜oes de comutac¸˜ao dos modos da expans˜ao para a soluc¸˜ao das coordenadas transversas permite interpret´a-los como operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao, al´em de tamb´em implicar na necessidade de ordenamento para a quantizac¸˜ao do modo de Virasoro de ordem zero. Observa-se que a exigˆencia de uma invariˆancia de Lorentz na teoria fixa a di-mens˜ao do espac¸o-tempo em D = 26 e ocasiona um shift na express˜ao para a massa dos diversos estados de part´ıculas. Por fim, ilustra-se o semelhante procedimento de quantizac¸˜ao covariante e a necessidade de v´ınculos para a construc¸˜ao de uma teoria fisicamente consistente.

Palavras-chave: Ac¸˜ao de Nambu-Goto. Formalismo lagrangiano. Quantizac¸˜ao. Gauge cone de luz. Modo de Virasoro.

(6)

In this work, a relativistic theory for open and closed strings is constructed based on the la-grangian formalism for relativistic free particles, in which the action is proportional to the particle’s world-line. The invariance under reparametrization of the obtained action, known as Nambu-Goto action, allows the imposition of the so called light-cone gauge, in which the famous light-cone coordinates are used, making it easy for the quantization procedure. In this gauge, the string is described by the transverse coordinates, a constant of integration and a con-served component of its momentum. This description allows one to obtain a quadratic action on these transverse coordinates that imply the same boundary conditions and equation of mo-tion, facilitating the quantization procedure. The commutation relations between the expansion modes of the general solution for the transverse coordinates allows a interpretation in terms of creation an annihilation operators, forcing the quantized Virasoro zero mode to be ordered. Also, it is observed that the Lorentz invariance of the theory fixes the space-time dimension with D= 26 and shifts the expression for the masses of the various particle states. At last, a similar procedure of covariant quantization is presented emphasizing the need of some constraints for physical consistency of the theory.

Keywords: Nambu-Goto action. Lagrangian formalism. Quantization. Light-cone gauge. Vira-soro mode.

(7)

ηµ ν M´etrica do espac¸o-tempo de Minkowski D-dimensional X(τ, σ ) Vetor coordenada D-dimensional

XI(τ, σ ) Coordenadas transversas Pτ Vetor densidade de momento

p Vetor momento

M2 Massa ao quadrado

Ln⊥ Modos de Virasoro

(8)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 8

2 A AC¸ ˜AO DE NAMBU-GOTO . . . 10

2.1 As equac¸˜oes de movimento . . . 12

2.2 Correntes conservadas na folha-mundo . . . 13

2.3 O gauge est´atico . . . 14

2.4 Generalizac¸˜ao do gauge est´atico . . . 16

2.5 Equac¸˜ao de onda e a expans˜ao em modos . . . 18

2.6 Gauge cone de luz e os modos de Virasoro . . . 20

3 QUANTIZAC¸ ˜AO DAS CORDAS ABERTAS . . . 23

3.1 Operadores de Virasoro e a quest˜ao do ordenamento . . . 28

3.2 A invariˆancia de Lorentz na teoria quantizada . . . 31

3.3 A construc¸˜ao do espac¸o de estados . . . 32

3.4 O caso das cordas fechadas . . . 35

4 QUANTIZAC¸ ˜AO COVARIANTE . . . 37

4.1 Operadores de Virasoro . . . 37

4.2 V´ınculos . . . 38

4.3 A construc¸˜ao covariante do espac¸o de estados . . . 41

4.4 O caso covariante para cordas fechadas . . . 44

5 CORDAS EM ADS5 . . . 45

5.1 Estrutura causal de AdS5 . . . 47

5.2 Ac¸˜ao da corda e equac¸˜oes de movimento . . . 48

6 CONCLUS ˜AO . . . 52

(9)

1 INTRODUC¸ ˜AO

Os diversos artif´ıcios matem´aticos para a f´ısica descobertos no passar dos ´ultimos s´eculos permitiram a percepc¸˜ao e a resoluc¸˜ao de diversos problemas atrav´es da conex˜ao dos resultados ou m´etodos de diferentes teorias. Foi dessa forma que nasceu a possibilidade de se descrever part´ıculas em teoria quˆantica de campos atrav´es da quantizac¸˜ao de cordas rela-tiv´ısticas (BECKER; BECKER; SCHWARZ, 2006). Essa identificac¸˜ao permitiu que as cordas dessa forma tratadas fossem candidatas promissoras `a esperada teoria de unificac¸˜ao de todas as forc¸as da natureza. Como a teoria de cordas possibilita a inclus˜ao da gravidade, torna-se tamb´em uma teoria quˆantica da gravitac¸˜ao. Por outro lado, como poder´a ser observado no de-correr deste trabalho, a interpretac¸˜ao de part´ıculas como estados quˆanticos de uma teoria de cordas pode ser obtida de forma bastante intuitiva atrav´es de uma analogia com a teoria cl´assica e quˆantica de uma part´ıcula relativ´ıstica livre (ZWIEBACH, 2004).

O ponto crucial que permite esta conex˜ao entre as cordas cl´assicas e a teoria de cordas ´e o tratamento das coordenadas que a descrevem como campos quˆanticos que atuar˜ao em um espac¸o de estados de part´ıculas. A construc¸˜ao desse espac¸o ´e feita de maneira an´aloga aos procedimentos de quantizac¸˜ao canˆonica em teoria de campos, pois a soluc¸˜ao geral para o campo, que neste caso satisfaz uma equac¸˜ao do tipo onda, tamb´em permitir´a a interpretac¸˜ao em termos de operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao, ou seja, os diversos estados de part´ıculas ser˜ao constru´ıdos com base em um estado de v´acuo aniquilado por um dos dois tipos de modos do campo quantizado. Mas para a realizac¸˜ao deste procedimento pelo formalismo hamiltoniano ser´a necess´aria a obtenc¸˜ao de uma ac¸˜ao equivalente que leve as mesmas condic¸˜oes de contorno e equac¸˜ao de movimento para as coordenadas transversas da corda, que a determinar˜ao por completo a menos de outras quantidades conservadas. Em analogia a quantizac¸˜ao de part´ıculas, os geradores de Lorentz podem ser devidamente quantizados atrav´es de express˜oes hermitianas e normalmente ordenadas em detrimento da possibilidade de imposic¸˜ao de uma invariˆancia de Lorentz na teoria (ZWIEBACH, 2004).

A conex˜ao entre os estados da teoria quˆantica de cordas bosˆonicas e as poss´ıveis part´ıculas que esta descreve pode ser feita atrav´es da obtenc¸˜ao do auto-valor do operador massa nesses estados e das equac¸˜oes de Schr¨odinger respectivamente satisfeitas pela func¸˜ao de onda de cada, de tal modo a encontrar analogias com equac¸˜oes de movimento em teorias cl´assicas de campo previamente conhecidas. Intuitivamente, pode-se dizer que cada part´ıcula ´e descrita por um modo de vibrac¸˜ao da corda, que ´e caracterizado por um determinado conjunto de operadores de criac¸˜ao, assim como diferentes sons s˜ao obtidos a partir de diferentes vibrac¸˜oes mecˆanicas das cordas de um viol˜ao (KAKU, 1999).

(10)

Existem tanto cordas abertas como cordas fechadas. As abertas possuem duas pon-tas enquanto que as fechadas n˜ao possuem nenhuma. Pode-se construir teorias de cordas com apenas um desses dois tipos ou com ambos. Al´em disso, as teorias podem ser dividas em bosˆonicas e de supercordas. As cordas bosˆonicas s˜ao as aqui estudadas, vivem em 26 dimens˜oes e todas as suas vibrac¸˜oes representam b´osons, tornando-a um pouco distante da realidade. Por outro lado, as supercordas vivem em 10 dimens˜oes e seus espectros de estados incluem tanto b´osons como f´ermions, que est˜ao relacionados atrav´es da supersimetria. Durante o passar das d´ecadas observou-se que o estudo de teorias de cordas contribuiu bastante para o desenvolvi-mento de outras ´areas n˜ao apenas do ponto de vista matem´atico como do f´ısico, possibilitando a obtenc¸˜ao de ferramentas adequadas ao entendimento de teorias da f´ısica de part´ıculas, em especial as teorias de gauge, assim como para uma interpretac¸˜ao estat´ıstica da entropia de um buraco negro, por exemplo (ZWIEBACH, 2004).

(11)

2 A AC¸ ˜AO DE NAMBU-GOTO

Na relatividade especial o movimento de uma part´ıcula livre entre dois pontos do espac¸o-tempo de Minkowski pode ser obtido atrav´es de uma ac¸˜ao proporcional a um invariante de Lorentz conhecido como tempo pr´oprio, que mede o per´ıodo que a part´ıcula leva para percor-rer uma linha-mundo qualquer entre estes dois pontos num referencial de repouso instantˆaneo. No entanto, o comprimento pr´oprio dessa linha-mundo, definido em termos do produto interno de quadrivetores, coincide com o tempo pr´oprio a menos de uma constante multiplicativa ab-soluta na teoria, a velocidade da luz c (RINDLER, 2006). Como o percurso de uma corda relativ´ıstica forma em princ´ıpio uma superf´ıcie no espac¸o-tempo, analogamente chamada de folha-mundo, ent˜ao a construc¸˜ao de uma ´area pr´opria possibilita a determinac¸˜ao an´aloga de uma ac¸˜ao para a descric¸˜ao do movimento desse objeto.

O comprimento no espac¸o-tempo de Minkowski D-dimensional ´e definido atrav´es de uma generalizac¸˜ao da express˜ao euclidiana em termos do produto interno de vetores (RIN-DLER, 2006). Da mesma forma, a ´area de um paralelogramo delimitada por dois vetores ~u e ~v no espac¸o euclidiano pode ser escrita em termos de produtos internos como

|~u ×~v| =p(~u ×~v) · (~u ×~v) =p(~u ·~u) (~v ·~v) − (~u ·~v) (~u ·~v). (2.1) Assim, a generalizac¸˜ao torna-se natural j´a que o c´alculo de ´areas no espac¸o euclidiano depende apenas dessa express˜ao. No entanto, a ordem dos dois termos dentro da raiz importa nesse caso j´a que o produto em Minkowski tamb´em pode ser negativo (KAKU, 1999).

A folha-mundo da corda relativ´ıstica ´e caracterizada por dois parˆametros atrav´es de uma func¸˜ao vetorial D-dimensional X (τ, σ ) que a localiza no espac¸o-tempo. Por conveniˆencia admite-se que o parˆametro τ tenha relac¸˜ao com o tempo de tal modo que um varie com a variac¸˜ao do outro e tenha-se ∂τX06= 0 em todos os pontos. Da mesma forma que no espac¸o

euclidiano, o elemento de ´area relativ´ıstico dA ´e constru´ıdo a partir da generalizac¸˜ao de (2.1) com as variac¸˜oes parciais dessa func¸˜ao em relac¸˜ao aos dois parˆametros, ∂τX e ∂σX, levando em considerac¸˜ao o valor absoluto do termo dentro da raiz, ou seja

dA= dτdσ q |(∂τX) 2 (∂σX) 2 − (∂σX· ∂σX) 2|. (2.2) O comportamento do sinal do termo que se tira o valor absoluto dentro da raiz depende da orientac¸˜ao da folha-mundo j´a que envolve vetores tangentes a mesma. Na realidade, a existˆencia de direc¸˜oes tangentes do tipo-tempo em toda a folha-mundo ´e suficiente para mostrar que o termo em quest˜ao ´e sempre negativo. Isso de fato deve ocorrer, pois a inexistˆencia de tais

(12)

direc¸˜oes em algum ponto ou porc¸˜ao da folha-mundo impossibilitaria localmente a obtenc¸˜ao de um referencial instantaneamente em repouso (ZWIEBACH, 2004). Assim, como ∂τX e ∂σX

s˜ao vetores linearmente independentes, tem-se que o vetor v(λ ) = ∂τX+ λ ∂σX, com λ um

n´umero real qualquer, pode assumir todas as direc¸˜oes poss´ıveis do plano tangente a um ponto qualquer da folha-mundo. Logo, para que sempre existam λ ’s tais que v(λ ) possa ser tanto do tipo-espac¸o como do tipo-tempo a equac¸˜ao v(λ )2= vµ(λ )v

µ(λ ) = 0 deve ter discriminante

positivo, ou seja (∂τX· ∂σX) 2 − (∂σX) 2 (∂τX) 2 > 0. (2.3)

Por outro lado, ´e importante observar o comportamento do elemento de ´area em (2.2) sob reparametrizac¸˜oes do tipo ˜τ = ˜τ (τ , σ ) e ˜σ = ˜σ (τ , σ ). Obviamente, o c´alculo de integrais duplas no plano determina como muda o elemento de integrac¸˜ao dτdσ , enquanto que a mudanc¸a na raiz ´e determinada pela invariˆancia do intervalo relativ´ıstico ds2= dX · dX sob esse tipo de transformac¸˜ao. Denotando as vari´aveis da folha-mundo por ξ1= τ e ξ2= σ , tem-se

que o termo dentro da raiz ´e exatamente |det(g)| da matriz g de elementos gi j = ∂iX· ∂jX, onde

ξi= ∂i. Nesta notac¸˜ao, tem-se que

dξ1dξ2= d ˜ξ1d ˜ξ2|det(∂ ξi/∂ ˜ξj)|,

enquanto que a invariˆancia do intervalo relativ´ıstico, utilizando a soma de ´ındices repetidos, implica que gi j = ˜gkl∂iξ˜k∂jξ˜l. Assim, tem-se tamb´em

det(g) = det( ˜g) det(∂ ˜ξi/∂ ξj)2,

o que indica que a raiz em (2.2) transforma-se inversamente ao elemento de integrac¸˜ao. Ou seja, o funcional de ´area relativ´ıstica A procurado seria dado pela express˜ao

A= Z dτdσ q (∂τX· ∂σX) 2− (∂ τX) 2(∂ σX) 2, (2.4) invariante n˜ao somente por transformac¸˜oes de Lorentz mas tamb´em por reparametrizac¸˜oes das vari´aveis τ e σ que caracterizam a folha-mundo (ZWIEBACH, 2004).

Como o funcional de ´area A tem unidade de comprimento quadrado, [L]2, tem-se que a constante de proporcionalidade entre a ac¸˜ao da teoria e esse funcional deve ter unidade de momento angular por comprimento quadrado, ou seja, unidade de massa por tempo [M] / [T ]. Um candidato seria a raz˜ao entre uma suposta tens˜ao na corda T0 e a velocidade da luz c, que

permite na realidade tal interpretac¸˜ao f´ısica na presenc¸a de um sinal negativo (ZWIEBACH, 2004). A ac¸˜ao da corda seria ent˜ao dada pela express˜ao

S= − (T0/c) Z dτdσ q (∂τX· ∂σX) 2 − (∂τX) 2 (∂σX) 2 , (2.5)

(13)

mais comumente conhecida por ac¸˜ao de Nambu-Goto de uma corda relativ´ıstica (NAMBU, 1973).

2.1 As equac¸˜oes de movimento

Com a ac¸˜ao da sec¸˜ao anterior, pode-se agora obter as equac¸˜oes de movimento para tentar interpretar melhor a teoria constru´ıda. Denotando as derivadas por ∂τX = ˙X e ∂σX= X0,

e definindo a densidade lagrangiana da ac¸˜ao por L ˙X,X0 = − (T 0/c) q ˙ X· X02 − ˙X2X02, (2.6)

pode-se ent˜ao utilizar o formalismo lagrangiano para obter as equac¸˜oes de movimento. A variac¸˜ao da lagrangiana ´e dada por

δL = ∂L ∂ ˙X · δ ˙

X+∂L ∂ X0 · δ X

0,

express˜ao que pode ser reescrita, atrav´es da regra do produto para derivadas, em termos das variac¸˜oes nas coordenadas da folha-mundo como

δL = ∂ ∂ τ  ∂L ∂ ˙X · δ X  + ∂ ∂ σ  ∂L ∂ X0· δ X  −  ∂ ∂ τ ∂L ∂ ˙X + ∂ ∂ σ ∂L ∂ X0  · δ X. (2.7)

Denotando σ ∈ [0, σ1] e a coordenada com relac¸˜ao temporal monotˆonica τ ∈



τi, τf na integral

da ac¸˜ao em (2.5), pode-se assumir δ X (τi, σ ) = δ X τf, σ = 0 como variac¸˜oes nulas dos

esta-dos iniciais da corda previamente conheciesta-dos. Utilizando essa considerac¸˜ao obt´em-se a seguinte express˜ao para a variac¸˜ao da ac¸˜ao

δ S = Z dτ [Pτ· δ X]σ1 0 − Z dτdσ (∂τPτ+ ∂σPσ) · δ X , (2.8)

ondePτ = ∂L /∂ ˙X e Pσ = ∂L /∂X0. Assim, obt´em-se que a equac¸˜ao de movimento

asso-ciada a invariˆancia da ac¸˜ao ´e dada por

∂τPτ+ ∂σPσ = 0. (2.9)

Em um espac¸o-tempo de Mikowski D-dimensional, tem-se da express˜ao de variac¸˜ao da ac¸˜ao em (2.8) que o primeiro termo exige 2D condic¸˜oes de contorno na folha-mundo para o caso de cordas abertas. Em cordas fechadas, o produto interno em ambos extremos do parˆametro σ coincidem, anulando a integral. Uma forma de anular os termos relevantes se d´a atrav´es das conhecidas condic¸˜oes de Dirichlet, em que a ponta espacial da corda ´e fixada, ou seja δ Xµ(τ, σ∗) = 0, onde σ∗ representa uma das duas pontas e µ = 1, ..., D − 1. O caso µ = 0 ´e exclu´ıdo por conta da relac¸˜ao entre τ e o tempo. Outra forma ´e impor Pσ(τ, σ) = 0,

(14)

permitindo variac¸˜oes arbitr´arias de δ X 6= 0, comumente chamada de condic¸˜ao de ponta livre do tipo Neumann. As diversas condic¸˜oes de contorno para cordas relativ´ısticas definem para cada ponta a chamada Dp-brana, uma regi˜ao espacial p-dimensional ao qual a ponta est´a restrita a se mover. Nos casos anteriores, tem-se duas D0-branas, pontas fixas, e uma D(D − 1)-brana, pontas livres, respectivamente, onde o D `a frente refere-se a Dirichlet (ZWIEBACH, 2004). 2.2 Correntes conservadas na folha-mundo

Para identificar alguma corrente da teoria, estuda-se a invariˆancia da ac¸˜ao por al-gum tipo de transformac¸˜ao. A mais simples ´e dada pelas translac¸˜oes infinitesimais nos campos que neste caso s˜ao as vari´aveis Xµ da corda, que ´e v´alida para a ac¸˜ao de Nambu-Goto onde

L = L ˙X,X0. Assim, considera-se as variac¸˜oes δ Xµ= εµ, onde εµ s˜ao constantes

infinite-simais, que n˜ao dependem dos parˆametros τ e σ . Para prosseguir, observa-se que a equac¸˜ao de movimento (2.9) implica em

(∂τPτ+ ∂σPσ) · δ X = 0, (2.10)

enquanto que a invariˆancia da densidade lagrangiana (2.6) por tal transformac¸˜ao requer

· δ ˙X+· δ X0= 0. (2.11)

Dessas duas equac¸˜oes, tˆem-se ent˜ao que

∂τ(Pτ· δ X) + ∂σ(Pσ· δ X) = 0. (2.12)

Dessa forma, substituindo δ Xµ = εµ na ´ultima equac¸˜ao, tem-se que a quantidade ji =Pi,

onde i = (τ, σ ), identifica-se com a corrente conservada da folha-mundo para translac¸˜oes in-finitesimais. A carga conservada q = p ´e dada portanto pela integral do termo temporal jτ na

coordenada espacial σ da corrente, ou seja, p(τ) =

Z σ1

0 P

τ(τ, σ ) dσ ,

onde escolheu-se σ ∈ [0, σ1] de tal modo que a fronteira representa as pontas, no caso de uma

corda aberta, ou o mesmo ponto ap´os um per´ıodo, no caso de uma corda fechada, sem perda de generalidade (ZWIEBACH, 2004). Evidentemente, atrav´es da equac¸˜ao de movimento pode-se observar que a carga ´e realmente conservada j´a que tanto para cordas abertas com pontas livres quanto fechadas tem-se

˙ p(τ) = − Z σ1 0 ∂σP σ dσ =Pσ(τ, 0) −Pσ(τ, σ 1) = 0. (2.13)

(15)

p ´e denominado de momento da corda j´a que ´e uma carga conservada por translac¸˜oes infinite-simais. Assim, tem-se que a interpretac¸˜ao f´ısica dePτ ´e a de uma densidade de momento da

corda (BARBASHOV; NESTERENKO, 1990).

Em consequˆencia da invariˆancia da densidade Lagrangiana por transformac¸˜oes de Lorentz, pode-se considerar tamb´em rotac¸˜oes infinitesimais no espac¸o-tempo para obter a res-pectiva corrente conservada. Neste caso, a variac¸˜ao nas coordenadas da corda ´e dada por δ Xµ = εµ νXν de tal forma que a relac¸˜ao de Lorentz δ (X · X ) = 0 seja satisfeita, o que

im-plica de imediato na antisimetria dos infinit´esimos εµ ν. Utilizando a equac¸˜ao (2.12), a variac¸˜ao

das coordenadas da corda e a antisimetria dos infinit´esimos desta transformac¸˜ao, obt´em-se ana-logamente que a corrente conservada ´e dada por

Mi µ ν = XµP i ν− XνP i µ.

Assim, tem-se analogamente que a carga conservada neste caso seria dada por Mµ ν(τ) = Z  XµPτ ν− XνPµτ  dσ , (2.14)

objeto antissim´etrico que de acordo com o formalismo lagrangeano no caso quadridimensional est´a associado a um tipo de momento angular da corda pelas componentes Mi j, onde i, j = 1, 2, 3

(BARBASHOV; NESTERENKO, 1990). 2.3 O gauge est´atico

Para se entender melhor a teoria constru´ıda escolhe-se uma parametrizac¸˜ao es-pec´ıfica para τ e σ em termos das coordenadas da corda, j´a que a mesma ´e invariante por reparametrizac¸˜oes. A mais simples poss´ıvel ´e conhecida como a condic¸˜ao do gauge est´atico, onde a vari´avel τ da corda coincide com o tempo de X0= ct, para todo ponto da folha mundo. Essa parametrizac¸˜ao permite a interpretac¸˜ao f´ısica de alguns resultados em analogia ao for-malismo lagrangiano para cordas n˜ao-relativ´ısticas. A energia da corda neste gauge pode ser calculada a partir da densidade hamiltoniana

H = ˙~X · ~PτL . (2.15)

A parte espacial da densidade de momento pode ser escrita como, ~

= (T 0/c)2

h

~X0 X˙· X0 − ˙~X X02i/L .

Substituindo essa express˜ao em (2.15) e considerando o gauge est´atico X0= cτ, H = (T0/c)2X˙0

h

X00 X˙· X0 − ˙X0X02 i

(16)

A densidade lagrangiana para o gauge est´atico se reduz a L = −(T0/c) r  ˙~X· ~X02 +c2− ˙~X2~X02 .

Considerando neste gauge uma corda reta girando num plano de acordo com o vetor ~

X = (σ1/π) cos (πσ /σ1) (cos (πct/σ1) , sin (πct/σ1)) ,

a densidade lagrangiana ser´a dada por L = −T0sin2(πσ /σ1), que implica numa densidade

hamiltoniana constante,H = T0, dando consistˆencia `a definic¸˜ao dessa na ac¸˜ao de Nambu-Goto

como uma tens˜ao na corda. Assim, a energia da corda ser´a dada por E=

Z σ1

0 H dσ = T0

σ1.

Neste caso a corda tamb´em possui um momento angular J = M12 que, da definic¸˜ao, pode ser

escrito em termos de um produto vetorial bidimensional como J= Z σ1 0 |~X× ~Pτ|dσ = (σ 1T0/πc) Z σ1 0 cos2(πσ /σ1) dσ = σ12T0/2πc.

Logo, o momento angular da corda em rotac¸˜ao ´e proporcional ao quadrado da energia, J = E2/2πT0c. Por sua vez, a constante de proporcionalidade identifica-se com o parˆametro de

inclinac¸˜ao, α0 = (J/¯h) /E2, muito utilizado em teoria de cordas, que mede a raz˜ao entre o momento angular em unidades de ¯h, a constante de Planck, e o quadrado da energia. Essa relac¸˜ao ´e uma caracter´ıstica da teoria aqui constru´ıda j´a que em mecˆanica newtoniana, o mesmo sistema f´ısico tem momento angular J ∝√E. Em termos de α0, a constante presente na ac¸˜ao de Nambu-Goto em (2.5) pode ser reescrita como

T0/c = 1/2πα0¯hc2,

uma forma que ´e comumente utilizada em teoria de cordas, em unidades de ¯h = c = 1 (ZWIE-BACH, 2004).

No caso da corda reta em rotac¸˜ao pode-se observar que as linhas espaciais de σ constante s˜ao perpendiculares as de τ constante, ou seja,

˙ ~

X· ~X0= 0.

Essa express˜ao pode ser assumida, sem perda de generalidade, como uma condic¸˜ao de gauge para o parˆametro σ , j´a que trata apenas da forma como ´e constru´ıda a dependˆencia das coor-denadas da corda em relac¸˜ao a este parˆametro. A express˜ao para a componente temporal da

(17)

densidade de momento pode ser escrita, utilizando as duas condic¸˜oes do gauge est´atico, como Pτ 0=H /c = (T 0/c)  |~X0|/ q 1 −~X˙2/c2  .

Com essas duas condic¸˜oes, observa-se que~X˙ ´e como uma velocidade de uma porc¸˜ao da corda em σ , enquanto que ds = |~X0|dσ trata-se de um elemento de linha dessa porc¸˜ao. Ent˜ao, T0ds

´e an´alogo a uma energia de repouso dessa porc¸˜ao, enquanto que a raiz age como um fator gama relativ´ıstico, ou seja, dE = T0γ (~X˙)ds. Al´em disso, comoPσ 0= 0 no gauge est´atico, em decorrˆencia de ∂σX0= 0, obt´em-se da equac¸˜ao de movimento em (2.9) que

∂tPτ 0= ∂tH /c = 0.

Assim, a energia da corda ser´a conservada no tempo, ou seja, ˙

E= Z

∂tH dσ = 0.

2.4 Generalizac¸˜ao do gauge est´atico ´

E poss´ıvel obter uma parametrizac¸˜ao que generalize o gauge est´atico, onde tamb´em estar´a inclu´ıdo o gauge cone de luz, comumente utilizado para o procedimento de quantizac¸˜ao. Para isso, ´e considerada uma combinac¸˜ao linear arbitr´aria das coordenadas da corda X , em forma de um produto escalar com um vetor n, como proporcional ao parˆametro τ por uma constante λ , ou seja,

n· X = λ τ.

Assim, o gauge est´atico ´e obtido quando se faz n = (−1, 0, 0...) e λ = c (ZWIEBACH, 2004). No gauge generalizado, se dois pontos distintos x1e x2satisfazem a condic¸˜ao para

um mesmo parˆametro τ, ent˜ao ser´a v´alida a relac¸˜ao (x1− x2) · n = 0. Ou seja, esses pontos

formam um hiperplano ortogonal a n. Ent˜ao, neste caso a corda coincide, para cada τ, com a curva de intersec¸˜ao da folha-mundo com o hiperplano caracterizado pelo parˆametro temporal. Considerando os dois pontos como pertencentes a corda e n um vetor tipo-tempo, pode-se obter um referencial inercial S0 onde apenas n006= 0. Mas como n0· (x01− x02) = n00 x001 − x002 = 0, tem-se que a corda ´e, portanto, tipo-espac¸o, o que ´e algo razo´avel de acordo com a intuic¸˜ao para o caso do gauge est´atico, em que o parˆametro temporal da corda coincide com o tempo (ZWIEBACH, 2004).

Evidentemente, a escolha de λ ´e arbitr´aria j´a que o vetor n pode ser reescalonado. Uma possibilidade de escolher λ em termos de uma constante conhecida se d´a tomando n de tal forma que n · p, onde p ´e o momento da corda, seja conservado, j´a que no caso de cordas abertas presas a branas ˙p6= 0 em geral. Para isso, basta assumir que n ·Pσ = 0 nas pontas, j´a

(18)

que a equac¸˜ao (2.13) garante a conservac¸˜ao requerida. Assim, assumindo que τ ´e adimensional, pode-se tomar λ = ˜λ (n · p) de tal maneira que a unidade da nova constante ser´a [ ˜λ ] = [T ] / [M], ou seja, velocidade por forc¸a. A velocidade absoluta na teoria ´e a da luz, c, enquanto que a constante absoluta com unidade de forc¸a ´e a tens˜ao na corda, T0. Portando pode-se tomar

˜

λ v c/T0= 2πα0¯hc2,

ou seja, ˜λ ´e da ordem da α0em unidades naturais, onde ¯h = c = 1. Por convenc¸˜ao, a condic¸˜ao de gauge fica reescrita na forma

n· X = β α0(n · p) τ, (2.16)

utilizando-se β = 2 para cordas abertas e β = 1 para cordas fechadas.

Na sec¸˜ao anterior, obteve-se a condic¸˜ao do gauge est´atico para σ de tal forma que as linhas espaciais de τ e σ constantes fossem perpendiculares entre si, o que resultou na conservac¸˜ao expl´ıcita da energia ou dePτ 0. Assim, analogamente a τ, a generalizac¸˜ao ocorre

requerendo a conservac¸˜ao de n ·Pτ, que coincide com Pτ 0 no gauge est´atico. Para mostrar

que isso ´e poss´ıvel basta observar que a mudanc¸a dessa express˜ao por uma reparametrizac¸˜ao σ → ˜σ ´e dada por

n·Pτ =d ˜σ

dσ (n ·P

τ(τ, ˜

σ )) . (2.17)

Assim, pode-se escolher uma mudanc¸a de parametrizac¸˜ao de tal forma que o lado direito de (2.17) dependa apenas de τ, de onde ´e obtida a condic¸˜ao de gauge para σ ,

n· p = Z

n·Pτ(τ) dσ = σ

1n·Pτ,

que implica de imediato na n˜ao dependˆencia em τ. Por quest˜ao de convenc¸˜ao, utiliza-se σ1= π

para cordas abertas e σ1= 2π para cordas fechadas, sem perda de generalidade, j´a que pode

ser feita uma reparametrizac¸˜ao da forma σ → πσ /σ1 ou 2πσ /σ1. Assim, analogamente a

condic¸˜ao para τ em (2.16), tem-se

n· p = (2π/β ) n ·Pτ. (2.18)

Completa-se, ent˜ao, a generalizac¸˜ao do gauge est´atico (ZWIEBACH, 2004).

Analogamente, pode-se demonstrar neste caso que a ortogonalidade das linhas de τ e σ constante, de onde a condic¸ ˜ao de gauge est´atico para σ foi obtida, tamb´em ser´a v´alida, mas neste caso na pr´opria folha-mundo da corda. Utilizando ∂σ(n · X ) = 0 e a definic¸˜aoPσ =

∂L /∂X0, obt´em-se a express˜ao

n·Pσ = 1/2πα02 ˙ X· X0

(19)

Como ∂τ(n · X ) = β α0(n · p), basta mostrar que n ·Pσ ´e nulo em todo caso para se obter a

ortogonalidade requerida. Fazendo o produto interno entre a equac¸˜ao de movimento (2.9) e o vetor n, e utilizando a independˆencia em τ de n ·Pτ, obt´em-se que

∂σ(n ·Pσ) = 0.

Logo, n ·Pσ ´e constante em σ . Para o caso das cordas abertas, esse termo ´e nulo nas pontas

e, portanto, para todo σ , enquanto que para as cordas fechadas, h´a uma simetria per´ıodica que permite escolher uma curva de σ constante de tal forma que esta seja ortogonal ao vetor tipo-espac¸o X0 em algum ponto, j´a que existe uma direc¸˜ao tipo-tempo tangente a folha que, pela independˆencia linear, pode ser utilizada para construir uma direc¸˜ao ortogonal apropriada. Assim, neste ponto, ´e novamente v´alido que n ·Pσ = 0 e, portanto, em todo caso

˙

X· X0= 0, (2.19)

v´ınculo que neste caso decorre das pr´oprias condic¸˜oes de gauge, ao contr´ario do que foi feito no caso do gauge est´atico (AMMON; ERDMENGER, 2015).

2.5 Equac¸˜ao de onda e a expans˜ao em modos

Evidentemente, as express˜oes para as quantidades f´ısicas consideradas at´e aqui po-dem ser facilmente reduzidas com as relac¸˜oes que decorrem das condic¸˜oes de gauge. Utilizando o v´ınculo em (2.19) na definic¸˜ao da densidade de momento, a express˜ao ´e reduzida a

= 1/2πα0 X02X˙/p− ˙X2X02.

Por outro lado, tomando o produto interno com o vetor n em ambos os lados, utilizando o gauge em (2.16) e n · ˙X = β α0(n · p), ´e encontrado que

˙

X2+ X02= 0. (2.20)

Dessa forma, existem dois v´ınculos dados pelas as equac¸˜oes (2.19) e (2.20), que podem ser resumidos em

˙

X± X02

= 0. (2.21)

Substituindo o v´ınculo da equac¸˜ao (2.20) nas express˜oes para osP’s e utilizando o fato de X0 ser tipo-espac¸o, obt´em-se

= 1/2πα0 ˙

X, (2.22)

e

(20)

Assim, a equac¸˜ao de movimento em termos das coordenadas da corda ´e simplesmente uma equac¸˜ao de onda,

¨

X− X00= 0. (2.24)

A partir da equac¸˜ao de onda e das condic¸˜oes de contorno, pode-se analisar a soluc¸˜ao para as coordenadas da corda em termos de modos (ZWIEBACH, 2004). Considerando uma corda aberta de pontas livres, a soluc¸˜ao mais geral para a equac¸˜ao (2.24) ´e dada por

X= (1/2) ( f (τ + σ ) + g (τ − σ )) , (2.25) onde f e g s˜ao func¸˜oes de um argumento que possuem a mesma natureza vetorial de X . Neste caso, a condic¸˜ao de contorno ´e a nulidade dePσ nas pontas que, pela express˜ao em (2.23),

´e equivalente a mesma nulidade para X0. Derivando a express˜ao em (2.25) e tomando a nuli-dade em σ = 0, decorre que as derivadas das func¸˜oes f e g coincidem, ou seja, diferem por uma constante que, por sua vez, pode ser considerada nula sem perda de generalidade para o problema em quest˜ao. Assim, resta que

X = (1/2) ( f (τ + σ ) + f (τ − σ )) .

Da condic¸˜ao de nulidade em σ = π, decorre a periodicidade da derivada de f em intervalos de 2π. Assim, assumindo a continuidade das coordenadas da corda, a derivada f0 pode ser expandida em uma s´erie de Fourier na forma

f0(u) = f1+ ∞

n=1

(ancos nu + bnsin nu) .

Integrando a express˜ao para a derivada, pode-se reescrever a func¸˜ao em termos de novas cons-tantes Ane Bn,

f(u) = f0+ f1u+ ∞

n=1

(Ancos nu + Bnsin nu) .

Dessa forma, a soluc¸˜ao geral fica reescrita como X = f0+ f1τ +

n=1

(Ancos nτ + Bnsin nτ) cos nσ . (2.26)

Em geral, ´e mais pr´atico utilizar uma constante complexa ao inv´es de duas reais, ou seja, pode-se reescrever os termos da s´erie na forma,

Ancos nτ + Bnsin nτ = Cn∗einτ+Cne−inτ,

onde Cn= (1/2) (An+ iBn). Para o procedimento de quantizac¸˜ao dessa teoria, a introduc¸˜ao dos

(21)

disso, substituindo ˙X da equac¸˜ao (2.26) na express˜ao para a densidade de momento em (2.22) e integrando para obter o momento da corda p, resta apenas a integral no vetor constante f1,

p= 1/2πα0 Z π

0

( f1+ . . . ) dσ = 1/2α0 f1.

A soluc¸˜ao geral para as coordenadas da corda em termos de p e dos an’s fica na forma

X= x0+ 2α0pτ − i √ 2α0 ∞

n=1

a∗neinτ− ane−inτ cos nσ/

n, (2.27)

onde x0= f0. Por outro lado, ser´a tamb´em ´util a introduc¸˜ao de vetores αn, n ∈Z, atrav´es de

αn= an √ n e α−n = a∗n √ n para n positivo, e α0 = √

2α0p, de tal forma que a soluc¸˜ao geral poder´a ser reescrita na forma

X= x0+ √ 2α0α0τ + i √ 2α0

n6=0 (1/n) αne−inτcos nσ , (2.28)

simplificando bastante as express˜oes para as duas primeiras derivadas, ˙ X=√2α0

n∈Z αne−inτcos nσ , (2.29) e X0= −i√2α0

n∈Z αne−inτsin nσ , (2.30)

de onde tamb´em obt´em-se as express˜oes ˙

X± X0=√2α0

n∈Z

αne−in(τ±σ ). (2.31)

2.6 Gauge cone de luz e os modos de Virasoro

O gauge a ser utilizado para o procedimento de quantizac¸˜ao, como observado ante-riormente, ´e o gauge cone de luz, onde escolhe-se o vetor n do gauge generalizado de tal forma que

n· X = X+= X0+ X1 /√2,

ou seja, n = (−1/√2, 1/√2, . . . ). A componente do momento paralela a n a ser conservada ´e n· p = p0+ p1 /√2 = p+,

de maneira que as duas condic¸˜oes de gauge dadas pelas equac¸˜oes em (2.16) e (2.18) passam `a forma X+ = β α0p+τ , e p+ = (2π/β )Pτ +, enquanto que a segunda coordenada ´e X− =

(22)

X0− X1 /2. J´a as coordenadas restantes, chamadadas de transversas, s˜ao

XI=X2, X3, . . . , Xd,

considerando um espac¸o-tempo de Minkowski em d + 1 dimens˜oes (ZWIEBACH, 2004). O produto escalar de dois vetores u e v nesse espac¸o pode ser escrito em termos destas coordenadas como

u· v = −u+v−− u−v++

d

I=2

uIvI, (2.32)

em geral, omitindo-se o somat´orio em I. Neste caso, a condic¸˜ao em (2.20) leva `a express˜ao −2X˙+± X+0 X˙−± X−0+X˙I± XI0= 0.

Como decorre do gauge generalizado que ˙X+ = β α0p+ e X+0 = 0, tem-se ent˜ao, assumindo p+6= 0, a express˜ao ˙ X−± X−0= 1 β α02p+  ˙ XI± XI02, (2.33)

express˜oes que determinam as primeiras derivadas de X− em termos das derivadas das coor-denadas transversas. Da definic¸˜ao, observa-se que p+ anula-se somente no caso de part´ıculas n˜ao-massivas movendo-se no sentido negativo de X1, em que p0= −p1, caso que pode ser exclu´ıdo do formalismo aqui tratado, j´a que a nulidade pode ocorrer com p−. Assim, basta conhecer X− em algum ponto P da folha-mundo para determin´a-lo em qualquer outro ponto Q,

X−(Q) = X−(P) + Z ˙ X−dτ + Z X−0dσ .

No entanto, para o caso de cordas fechadas n˜ao ´e garantida a nulidade da integral em σ num contorno fechado, em que P = Q e τ ´e constante, devendo-se assumir um v´ınculo n˜ao-trivial,

Z 2π 0

X−0dσ = 0.

Utilizando a notac¸˜ao X−(P) = x−0 para a constante de integrac¸˜ao, tem-se portanto que a evoluc¸˜ao completa da corda ´e determinada por trˆes quantidades, a componente conservada do momento p+, a constante de integrac¸˜ao x−0, e as coordenadas transversas XI (ZWIEBACH, 2004).

Considerando novamente o caso de uma corda aberta, observa-se da soluc¸˜ao geral dada pela equac¸˜ao (2.28) que a soluc¸˜ao para X+ dada pelo gauge em τ ´e tal que apenas o vetor constante α0+ ´e n˜ao-nulo. Como as novas coordenadas s˜ao combinac¸˜oes lineares das antigas, segue que a soluc¸˜ao geral na equac¸˜ao (2.28) ser´a a mesma para todas. Assim, pode-se utilizar a express˜ao em (2.31) para as coordenadas transversas e do cone para substituir em (2.33), de

(23)

onde ´e obtida a relac¸˜ao √ 2α0

n∈Z αn−e−in(τ±σ )= 1 2p+ p,q∈Z

α I pαqIe−i(p+q)(τ±σ ). (2.34)

Fazendo a mudanc¸a de ´ındice q → n − p no somat´orio em q do lado direito da equac¸˜ao (2.34), obt´em-se da independˆencia linear das exponenciais complexas que

2α0αn−= 1 2p+

p∈Z

αn−pI αpI, (2.35)

mostrando que as constante αnIna soluc¸˜ao para XIde fato determinam as constantes necess´arias para se obter a soluc¸˜ao geral de X−a menos da constante de integrac¸˜ao. O somat´orio na equac¸˜ao (2.35) define os modos transversos de Virasoro,

L⊥n = (1/2)

p∈Z

αn−pI αIp, (2.36)

que neste caso coincidem com os modos da expans˜ao de X−. Um fato interessante ´e a n˜ao-negatividade da massa da corda calculada pela express˜ao relativ´ıstica (ZWIEBACH, 2004),

M2= −p2= 2p+p−− pIpI. (2.37) Como, por definic¸˜ao, vale a relac¸˜ao vetorial α0=

2α0p, segue da express˜ao (2.35) com n = 0 que 2p+p− = 1 α0 1 2α I 0α0I+ ∞

n=1 αnI∗αnI ! = pIpI+ 1 α0 ∞

n=1 naI∗naIn, onde utilizou-se tamb´em as relac¸˜oes α−n= αn∗= a∗n

n. Assim, da express˜ao para a massa da corda em (2.37), ´e obtida a positividade

M2= 1 α0 ∞

n=1 naI∗n aIn> 0. (2.38)

(24)

3 QUANTIZAC¸ ˜AO DAS CORDAS ABERTAS

Para a quantizac¸˜ao da teoria constru´ıda classicamente deve-se escolher os opera-dores quˆanticos independentes, ou de Schr¨odinger, e dependentes, ou de Heisenberg, da coor-denada temporal τ da corda (GASPERINI; MAHARANA, 2007). Evidentemente, sabe-se da sec¸˜ao anterior que classicamente a soluc¸˜ao geral ´e determinada pelas coordenadas transversas XI’s, a constante de integrac¸˜ao x−0 e a componente conservada do momento p+. Por outro lado, da equac¸˜ao (2.33) e da condic¸˜ao de ortogonalidade, tem-se que

˙ X− = 1 4α0p+  ˙ XIX˙I+ XI0XI0, de onde obt´em-se, utilizando a express˜ao em (2.22), que

Pτ −= π/2p+ Pτ IPτ I+ X I0XI0 4π2α02 ! .

Ou seja, al´em dePτ + ser determinado por p+, a componentePτ − ´e tamb´em determinada por

p+, al´em dosPτ I’s e das coordenadas transversas XI’s. Assim, os operadores independentes

de τ devem ser

Operadores de Schr¨odinger: x−0, XI(σ ) e p+,Pτ I(σ ) , (3.1)

enquanto que os dependentes, portanto,

Operadores de Heisenberg: x−0 (τ) , XI(τ, σ ) e p+(τ) ,Pτ I(τ, σ ) . (3.2)

O pr´oximo passo para a quantizac¸˜ao ´e definir as relac¸˜oes de comutac¸˜ao entre os ope-radores em (3.1) e em (3.2). Evidentemente, como as coordenadas da corda atuam como cam-pos em espac¸os bidimensionais, ou seja, que dependem de dois parˆametros, ent˜ao as relac¸˜oes de comutac¸˜oes para operadores que n˜ao comutam necessitam de uma delta de Dirac na coordenada espacial σ , enquanto que no caso dos operadores de Heisenberg deve-se considerar a coorde-nada temporal τ fixa, levando `as equal-time commutation relations (relac¸˜oes de comutac¸˜ao a tempo fixo) (KAKU, 1999). Assim, deve-se ter para as componentes transversais, dependentes de σ , que

XI(τ, σ ) ,Pτ J

τ , σ0 = iηIJδ σ0− σ , (3.3) e para os dois operadores restantes, independentes de σ ,

(25)

onde g−+ = −1 ´e uma componente da m´etrica em coordenadas do cone de luz, como indica o produto interno em (2.32). Todas as combinac¸˜oes restantes em pares de operadores comu-tam. As relac¸˜oes para os operadores de Schr¨odinger s˜ao semelhantes, omitindo-se apenas o parˆametro temporal τ (ZWIEBACH, 2004).

Classicamente, a expans˜ao em modos para a soluc¸˜ao geral contribui para o trata-mento quˆantico da teoria, por´em a forma da densidade lagrangiana na ac¸˜ao de Nambu-Goto n˜ao contribui para a obtenc¸˜ao do hamiltoniano da teoria por conta da presenc¸a de uma raiz que a torna uma combinac¸˜ao infinita de potˆencias das coordenadas da corda. Uma forma de corrigir este problema se d´a procurando uma ac¸˜ao que leve `as mesmas soluc¸˜oes, ou seja, `as mesmas equac¸˜oes e condic¸˜oes de contorno. No entanto, j´a que as condic¸˜oes de gauge determinam X+ por p+ e X− a menos de uma constante de integrac¸˜ao x−0, basta buscar uma densidade lagran-giana que dependa apenas das derivadas das coordenadas transversais e que levem a mesma equac¸˜ao de onda (ZWIEBACH, 2004). Pode-se considerar uma poss´ıvel combinac¸˜ao linear quadr´atica da forma

LX˙I, XI0= c

1X˙IX˙I+ c2XI

0

XI0,

onde c1e c2s˜ao constantes. Na realidade, tomando c1= −c2= 1/4πα0, pode-se verificar que

a ac¸˜ao

S= 1 4πα0

Z

dτdσX˙IX˙I− XI0XI0 (3.5) satisfaz as condic¸˜oes de contorno, juntamente com a equac¸˜ao de movimento transversal. A variac¸˜ao da densidade lagrangiana ´e dada por

δL = 1 2πα0  ∂τ δ X I ˙ XI− ∂σ δ X I XI0.

Utilizando a integrac¸˜ao por partes como anteriormente para a ac¸˜ao de Nambu-Goto, encontra-se δ S = − 1 2πα0 Z dτ   XI0δ XI π 0+ Z π 0 δ XI  ¨ X− X00  ,

lembrando que as variac¸˜oes iniciais e finais das coordenadas em relac¸˜ao a τ s˜ao nulas, anulando portanto a integral da derivada total em τ. Assim, tem-se novamente as condic¸˜oes de contorno XI0 = 0 para pontas livres e δ XI = 0 para pontas presas a branas de dimens˜oes mais baixas que a parte espacial do espac¸o-tempo considerado, e a equac¸˜ao de onda ´e tamb´em satisfeita

¨

XI− XI00 = 0 (3.6)

sob a condic¸˜ao de minimizac¸˜ao da ac¸˜ao δ S = 0.

Para estudar a evoluc¸˜ao dos operadores, constr´oi-se agora, ainda classicamente, o Hamiltoniano a ser quantizado a partir da ac¸˜ao descoberta. Utilizando a definic¸˜ao em (2.15),

(26)

a nova densidade lagrangiana em (3.5) e a express˜ao para a densidade de momento em (2.22), obt´em-se H = πα0Pτ IPτ I+ 1 4πα0X I0XI0 (3.7) como a nova densidade Hamiltoniana. Evidentemente, para a quantizac¸˜ao deve-se utilizar a express˜ao em termos dos Pτ I’s e dos XI0’s j´a que o pr´oprio operador Hamiltoniano ´e quem

ditar´a a evoluc¸˜ao temporal dos XI’s. A evoluc¸˜ao de um operador A numa teoria quˆantica de campo ´e dada pela equac¸˜ao de Heisenberg,

i ˙A(τ, σ ) = [A (τ, σ ) , H (τ)] . (3.8) Assim, utilizando a express˜ao para o novo hamiltoniano em (3.7), tem-se para a evoluc¸˜ao das coordenadas transversas da corda que

i ˙XI(τ, σ ) =  XI(τ, σ ) , πα0 Z dσ0Pτ J τ , σ0Pτ J τ , σ0  ,

onde j´a utilizou-se o fato de [XI, XJ0] = ∂σ0X

I, XJ = 0. Agora, utilizando as relac¸˜oes de

comutac¸˜ao para as componentes transversas em (3.3), obt´em-se que XI(τ, σ ) ,Pτ J

τ , σ0Pτ J τ , σ0 = 2iPτ I(τ, σ ) δ σ − σ0 , que, quando substitu´ıda na express˜ao anterior, leva a

˙

XI = 2πα0Pτ I, (3.9)

relac¸˜ao que coincide com a express˜ao cl´assica em (2.22). Analogamente, pode-se obter a evoluc¸˜ao dePτ I atrav´es da equac¸˜ao de Heisenberg,

i ˙Pτ I(τ, σ ) =  Pτ I(τ, σ ) , 1/4πα0 Z dσ0XJ0 τ , σ0 XJ 0 τ , σ0  ,

onde j´a utilizou-se o fato dePτ I,Pτ J = 0. Utilizando novamente as relac¸˜oes de comutac¸˜ao

em (3.3), encontra-se [Pτ I(τ, σ ) , XJ0 τ , σ0] = ∂σ0  Pτ I(τ, σ ) , XJ τ , σ0 = −iηIJδ0 σ − σ0 , de onde obt´em-se [Pτ I(τ, σ ) , XJ0 τ , σ0 XJ 0 τ , σ0] = −2iXI 0 δ0 σ − σ0 ,

(27)

partes, leva a

˙

Pτ I = 1/2πα0 XI00. (3.10)

Assim, observa-se que das equac¸˜oes (3.10) e (3.9), a equac¸˜ao de onda ´e novamente obtida (ZWIEBACH, 2004). Por outro lado, as equac¸˜oes de Heisenberg para x−0 e p+ s˜ao triviais, j´a que ambos comutam tanto comPτ I como com XI0, sendo assim independentes tamb´em de τ

mesmo na representac¸˜ao de Heisenberg, ˙

x−0 = 0 e ˙p+= 0.

Um resultado cl´assico importante ´e a identificac¸˜ao do modo zero de Virasoro com o novo hamiltoniano (ZWIEBACH, 2004). Utilizando as express˜oes em (2.29) e (2.30), pode-se obter a seguinte relac¸˜ao

˙

XIX˙I+ XI0XI0 = 2α0

m,n∈Z

αmnIe−i(m+n)τcos(m + n)σ .

Substituindo a express˜ao paraPτ da equac¸˜ao (2.22) na nova densidade hamiltoniana, tem-se

para o hamiltoniano,

H(τ) = 1/4πα0 Z π

0

dσX˙IX˙I+ XI0XI0, ou seja, utilizando a express˜ao anterior,

H(τ) = (1/2π)

m,n∈Z αmnIe−i(m+n)τ Z π 0 cos(m + n)σ . Assim, tem-se H(τ) = 1 2n

∈Zα I nα−nI = L⊥0.

No entanto, como ser´a observado a seguir, os modos αnI da soluc¸˜ao geral para XIn˜ao comutar˜ao em geral quando tratados como operadores quˆanticos, fazendo com que seja necess´ario um ordenamento em express˜oes como as dos modos de Virasoro (ZWIEBACH, 2004).

Com a dinˆamica do operador XI(τ, σ ) obtida, pode-se observar da equac¸˜ao (3.9) que

[XI(τ, σ ) , ˙XJ τ , σ0] = 2πα0iηIJδ σ − σ0 . (3.11) Derivando a express˜ao obtida em relac¸˜ao a σ ,

(28)

Assim, obt´em-se o seguinte resultado,

[ ˙XI(τ, σ ) + XI0(τ, σ ) , ˙XJ τ , σ0 + XJ

0

τ , σ0] = 4πα0iηIJδ0 σ − σ0 .

Utilizando a equac¸˜ao (2.31) do lado esquerdo da equac¸˜ao anterior com τ = 0, encontra-se,

m0,n0∈Z e−im0σe−in0σ0I m0, α J n0] = 2πiη IJ δ0 σ − σ0 . Multiplicando ambos os lados pelo operador

1 4π2 Z π 0 Z π 0 dσ dσ0eimσeinσ0,

todos os termos do somat´orio ser˜ao nulos com excec¸˜ao do termo com m0= m e n0= n, restando,

mI, αnJ] = iη IJ 2π Z π 0 dσ eimσ d dσ Z π 0 dσ0einσ0δ σ − σ0 = mηIJδm+n,0, (3.12)

relac¸˜ao que evidentemente n˜ao depende de τ j´a que ei(m+n)τδm+n,0 = δm+n,0, como ´e de se

esperar para os modos de XI. Assim, como adiantado anteriormente, a quantizac¸˜ao dos mo-dos αnI implica que os mesmos n˜ao necessariamente comutar˜ao entre si, fazendo com que seja necess´ario o ordenamento de express˜oes como as dos modos de Virasoro (KAKU, 1999).

Pondo m = 0 em (3.12), observa-se que α0I comuta com todos os modos, espera-se ent˜ao que este modo n˜ao comute com o termo restante da soluc¸˜ao geral para a coordenada em (2.28), xI0. Utilizando a soluc¸˜ao geral para integrar a express˜ao (3.11) de σ = 0 a σ = π, resta apenas os termos sem dependˆencia em σ ,

[xI0+√2α0α0Iτ , ˙XJ τ , σ0] = 2α0iηIJ, que pode ser reescrita com o aux´ılio da express˜ao (2.29) na forma,

n∈Z

[xI0, αnJ] cos nσ0e−inτ =√2α0iηIJ.

Da independˆencia linear das func¸˜oes exponenciais e−inτ e das trigonom´etricas cos nσ0, resta que

[xI0, αnJ] =√2α0iηIJδn0. (3.13)

Para garantir a hermiticidade do operador XI basta assumir a hermiticidade das quantidades reais na teoria cl´assica, (xI0)†= x0I e (α0I)†= α0I, enquanto que as quantidades complexas sa-tisfazem (αnI)†= α−nI , para n 6= 0. Ou seja, o conjugado hermitiano na teoria quantizada tem

(29)

ser reescrito em termos dos aIn= αnI/√ne dos aI†n = α−nI /√n, onde n> 1, como [aIm, aJ†n ] = δm,nηIJ,

indicando que os mesmos satisfazem relac¸˜oes semelhantes a dos operadores canˆonicos de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao da mecˆanica quˆantica n˜ao-relativista. Dessa forma, denomina-se αnI e aInde ope-radores de aniquilac¸˜ao, enquanto que seus conjugados hermitianos respectivos s˜ao chamados de operadores de criac¸˜ao da teoria quˆantica aqui desenvolvida (ZWIEBACH, 2004).

3.1 Operadores de Virasoro e a quest˜ao do ordenamento

A definic¸˜ao dos modos de Virasoro na equac¸˜ao (2.36) mostra que no caso n 6= 0 tem-se sempre que n − p 6= −p, ou seja, os operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao presentes na express˜ao sempre comutar˜ao. No entanto, quando n = 0, todos os termos s˜ao formados por operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao de mesma ordem que n˜ao comutam, com excec¸˜ao do termo com p = 0. Assim, para a quantizac¸˜ao, torna-se necess´ario o ordenamento apenas do modo de Virasoro de ordem zero, L⊥0. Os modos de Virasoro quantizados s˜ao denominados simplesmente por operadores de Virasoro. Para a quantizac¸˜ao de quantidades dependentes de operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao n˜ao ordenados utiliza-se em geral o procedimento conhecido como ordenamento normal com o intuito de facilitar a atuac¸˜ao destas quantidades quantizadas no estado de v´acuo da teoria, a ser definido posteriormente (KAKU, 1999). Neste procedimento, operadores de aniquilac¸˜ao ficam sempre a direita de operadores de criac¸˜ao. Utilizando a relac¸˜ao de comutac¸˜ao em (3.12), a express˜ao para o modo zero de Virasoro pode ser escrita na forma

L⊥0 = 1 2α I 0α0I+ ∞

p=1 α−pI αpI+1 2 ∞

p=1 pηII,

onde utilizou-se [α−pI , αpI] = −pηII para os termos de p6 1 e posteriormente a mudanc¸a p → −p. Sendo D = d + 1 a dimens˜ao do espac¸o, ent˜ao ηII= D − 2. Assim,

L⊥0 =1 2α I 0α0I+ ∞

p=1 α−pI αpI+D− 2 2 ∞

p=1 p.

Obteve-se, ent˜ao, da pr´opria express˜ao cl´assica uma forma normalmente ordenada para o operador de Virasoro de ordem zero, mas com a presenc¸a de uma s´erie aparentemente divergente. No entanto, assumindo que a relac¸˜ao de comutac¸˜ao (3.12) ´e tal que m → m−s, onde s→ −1 ´e uma constante complexa, tem-se que a s´erie infinita na express˜ao anterior coincide exatamente com a continuac¸˜ao anal´ıtica da func¸˜ao zeta,

ζ (s) =

p=1

(30)

que ´e tal que ζ (−1) = −1/12 (KAKU, 1999). Neste sentido, tem-se a seguinte express˜ao L⊥0 = 1 2α I 0α0I+ ∞

p=1 α−pI αpI+ a,

onde a = −(D − 2)/24. Da express˜ao cl´assica para a massa em (2.37), tem-se ent˜ao a forma quantizada respectiva, M2= 1 α0 ∞

n=1 naI†naIn+ a ! ,

mostrando que a quantizac¸˜ao exige uma mudanc¸a negativa, para D > 2, na massa do estado de v´acuo, que ´e aniquilado por aIn (KAKU, 1999). Al´em disso, as formas obtidas para os operadores de Virasoro e de massa implicam em (L⊥n)†= L⊥−n e na hermiticidade M2† = M2, como era de se esperar. Apesar de n˜ao comutarem entre si, os operadores de Virasoro formam a conhecida ´algebra de Witt e o c´alculo de seus comutadores tamb´em necessitam de cuidado devido a exigˆencia do ordenamento normal (ZWIEBACH, 2004). Para observar este fato, ´e ´util saber a relac¸˜ao de comutac¸˜ao desses com os operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao. Como a constante a do modo zero n˜ao intefere no comutador, pode-se utilizar a express˜ao cl´assica para obter

[L⊥m, αnJ] = 1 2p

∈Z

I

m−pαpI, αnJ] = −nαm+nJ .

Da relac¸˜ao em (3.13), obt´em-se tamb´em

[L⊥m, xI0] = −i√2α0αmI.

Para obter as regras de comutac¸˜ao entre os operadores de Virasoro ´e interessante separ´a-los em termos normalmente ordenados,

L⊥n = 1 2k≥0

α I m−kαkI+ 1 2k<0

α I kαm−kI .

O primeiro termo possui sempre operadores de aniquilac¸˜ao `a direita, enquanto que no segundo termo h´a sempre operadores de criac¸˜ao `a esquerda, estando ambos portanto normalmente orde-nados. Esta forma pode tamb´em ser utilizada para o operador de ordem zero j´a que a constante an˜ao interfere no comutador como citado anteriormente. Assim, tem-se

[L⊥m, L⊥n] = 1 2k≥0

[α I m−kαkI, L⊥n] + 1 2k<0

[α I kαm−kI , L⊥n].

(31)

criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao, obt´em-se [L⊥m, Ln⊥] =1 2k≥0

(m − k)α I m+n−kαkI+ 1 2k<0

(m − k)α I kαm+n−kI +1 2k≥0

kα I m−kαk+nI + 1 2k<0

kα I k+nαm−kI . (3.14)

A primeira linha ´e evidentemente normalmente ordenada pela mesma raz˜ao da express˜ao di-vida em dois termos utilizada para L⊥n. No entanto, o ordenamento da express˜ao na segunda linha depende dos valores de m e n. Quando m + n 6= 0, todos os operadores nos somat´orios comutar˜ao, resultando em

[L⊥m, L⊥n] = (m − n)L⊥m+n, para m + n 6= 0. Por outro lado, quando m + n = 0, tem-se a express˜ao

[L⊥m, L⊥−m] = 1 2k≥0

(m − k)α I −kαkI+ 1 2k<0

(m − k)α I kα−kI +1 2k≥0

kα I m−kαk−mI + 1 2k<0

kα I k−mαm−kI . (3.15)

Fazendo a mudanc¸a k → −k no segundo somat´orio da primeira linha, k → m + k no primeiro somat´orio da segunda linha, e k → m − k no segundo somat´orio da segunda linha, encontra-se

[L⊥m, L⊥−m] =

k≥0

(m − k)α−kI αkI+

k≥1

(m + k)α−kI αkI+ (D − 2)A(m),

onde utilizou-se a equac¸˜ao (3.12) para obter o terceiro termo, em que A(m) ´e dado por A(m) = 1 2 m

k=0 k(m − k) = 1 12(m 3− m).

Assim, para o caso espec´ıfico em que m + n = 0, tem-se a express˜ao [Lm⊥, L⊥−m] = 2mL⊥0 + 1

12(D − 2)(m

3− m).

Como o primeiro termo coincide com a express˜ao para m + n 6= 0, a relac¸˜ao pode ser expressa no caso geral como (ZWIEBACH, 2004),

[L⊥m, L⊥n] = (m − n)L⊥m+n+D− 2 12 (m

3− m)δ

m+n,0. (3.16)

Al´em disso, pode-se tamb´em interpretar os operadores de Virasoro atrav´es da forma como atuam no operador coordenada XI(τ, σ ) (ZWIEBACH, 2004). Dos comutadores com os operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao, pode-se utilizar as express˜oes em (2.29) e (2.30) para se

(32)

obter [L⊥m, XI(τ, σ )] = ξτ mX˙I+ ξmσXI 0 , onde ξτ

m(τ, σ ) = −ieimτcos mσ e ξmσ(τ, σ ) = eimτsin mσ . Para uma mudanc¸a de parametrizac¸˜ao

dada por τ → τ + εξτ

m(τ, σ ) e por σ → σ + εξmσ(τ, σ ), a coordenada da corda muda por

XI(τ0, σ0) = XI(τ, σ ) + ε[L⊥m, XI(τ, σ )].

Ou seja, os operadores de Virasoro atuam nas coordenadas da corda como um gerador de reparametrizac¸˜oes na folha-mundo (KAKU, 1999).

3.2 A invariˆancia de Lorentz na teoria quantizada

As cargas conservadas classicamente sobre invariˆancias por transformac¸˜oes de Lo-rentz infinitesimais, obtidas em (2.14), s˜ao chamadas de geradores de LoLo-rentz. Utilizando a soluc¸˜ao geral em termos de modos para as coordenadas da corda e suas derivadas, pode-se mostrar que a express˜ao cl´assica desses geradores ´e dada por

Mµ ν= x0µpν− xν 0pµ− i ∞

n=1 1 n(α µ −nαnν− α−nν αnµ). (3.17)

Resta saber novamente como tal express˜ao pode ser quantizada para que a invariˆancia de Lo-rentz seja satisfeita. Da mesma forma que os operadores de Virasoro geram reparametrizac¸˜oes na folha-mundo da corda, os geradores de Lorentz ir˜ao gerar transformac¸˜oes de Lorentz no espac¸o-tempo (ZWIEBACH, 2004). A express˜ao mais delicada para quantizac¸˜ao ´e a de M−I que analogamente ao caso da quantizac¸˜ao da part´ıcula relativ´ıstica deve ser um operador her-mitiano, normalmente ordenado, satisfazendo a relac¸˜ao

[M−I, M−J] = 0. A express˜ao cl´assica ´e dada por

M−I= x−0 pI− xI0p−− i ∞

n=1 1 n(α − −nαnI− α−nI αn−).

O primeiro termo ´e hermitiano j´a que x0− comuta com pI e ambos s˜ao hermitianos. Por outro lado, isso n˜ao ocorre com o segundo termo, que pode ser reescrito numa forma hermitiana,

xI0p−= 1 2(x

I

(33)

O somat´orio dos modos ´e completamente hermitiano em decorrˆencia de (αn)†= α−n. Assim,

uma poss´ıvel express˜ao quˆantica completamente hermitiana ´e dada por M−I= x−0 pI+1 2(x I 0p−+ p−xI0) − i ∞

n=1 1 n(α − −nαnI− α−nI αn−).

Para o ordenamento normal, basta observar da equac¸˜ao (2.35) que tanto p−∝ α0− como os αn−, para n 6= 0, podem ser escritos em termos de operadores de Virasoro normalmente ordenados, restando a express˜ao quˆantica hermitiana e normalmente ordenada,

M−I= xI0pI− 1 4α0p+  xI0(L⊥0 + a) + (L⊥0 + a)xI0−√ i 2α0p+ ∞

n=1 1 n(L ⊥ −nαnI− α−nI L⊥n). (3.18)

Utilizando esta express˜ao e as relac¸˜oes de comutac¸˜ao anteriores, resta que a garantia de uma invariˆancia de Lorentz na teoria seja dada pela nulidade do comutador

[M−I, M−J] = − 1 α0p+2 ∞

m=1 Bm(α−mI αmJ− α−mJ αmI), onde Bm= m  1 − 1 24(D − 2)  + 1 m  1 24(D − 2) + a  .

Assim, para possibilitar uma invariˆancia de Lorentz na teoria, deve-se ter a nulidade de todas as constantes Bm, onde m ≥ 1. Da express˜ao para Bmisso evidentemente ser´a satisfeito quando

o termo linear em m for nulo, ou seja, D = 26, assim como o termo linear em m−1, ou seja, a= −1. Ent˜ao, observa-se que a invariˆancia de Lorentz na quantizac¸˜ao da teoria de cordas de Nambu-Goto exige uma fixac¸˜ao da dimens˜ao do espac¸o em D = 26 e um shift negativo a = −1 na massa (ZWIEBACH, 2004).

3.3 A construc¸˜ao do espac¸o de estados

A quantizac¸˜ao da teoria de Nambu-Goto para cordas abertas resolve o problema do espectro cont´ınuo de massa e da ausˆencia de polarizac¸˜oes para o tratamento do f´oton. Na teoria cl´assica, apenas o estado de v´acuo ´e n˜ao-massivo e este n˜ao possui polarizac¸˜ao. A possibili-dade de tratar a teoria em termos de operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao permite a quantizac¸˜ao do espectro de massa, enquanto que o shift negativo decorrente do procedimento de ordena-mento do modo zero de Virasoro resulta na existˆencia de estados n˜ao-massivos com ´ındices de polarizac¸˜ao. Por convenc¸˜ao, utiliza-se o espac¸o dos momentos para a construc¸˜ao do estado de v´acuo da teoria, cuja descric¸˜ao ´e dada pela componente conservada p+ e pelas componentes transversas ~pT, ou seja,

(34)

Estes s˜ao os chamados estados de v´acuo para todos os valores de momento. Como de praxi, imp˜oe-se que estes estados s˜ao aniquilados pelos operadores aIn, ou seja,

aIn|p+,~pTi = 0, (3.20)

onde n ≥ 1 e I = 2, . . . , 25. Analogamente, os estados excitados s˜ao obtidos atrav´es da atuac¸˜ao dos diversos operadores de criac¸˜ao aI†n no estado de v´acuo. Assim, um estado de base geral do espac¸o constru´ıdo ´e dado por,

|λ i = ∞

n=1 25

I=2 (aI†n)λn,I|p+,~p Ti, (3.21)

onde os λn,I s˜ao constantes inteiras positivas que indicam em forma de potˆencia quantas vezes

o operador de criac¸˜ao aI†n atua no estado de v´acuo, ou seja, o espac¸o de Hilbert da teoria ´e um espac¸o vetorial de dimens˜ao infinita por ser gerado por infinitos estados de base |λ i. Um estado geral neste espac¸o ´e, portanto, uma superposic¸˜ao linear desses v´arios estados de base.

Para interpretar fisicamente o espac¸o de estados, observa-se a atuac¸˜ao do operador massa nestes. Evidentemente, da express˜ao em (3.22) para o operador massa com a constante de shift fixada em a = −1, tem-se

M2= 1 α0 ∞

n=1 naI†naIn− 1 ! . (3.22)

O somat´orio em (3.22) define o chamado operador n´umero N⊥, N⊥=

n=1

naI†naIn, (3.23)

que das regras de comutac¸˜ao em (3.12), observa-se que satisfaz relac¸˜oes semelhantes as do operador n´umero para o oscilador harmˆonico quˆantico,

[N⊥, aI†n] = naI†n , e

[N⊥, aIn] = −aIn.

Como o operador n´umero ´e normalmente ordenado, segue que esse tamb´em aniquila o estado de v´acuo,

N⊥|p+,~pTi = 0.

Por outro lado, conhecendo a sua atuac¸˜ao no estado de v´acuo e a sua relac¸˜ao de comutac¸˜ao com os operadores de criac¸˜ao e aniquilac¸˜ao pode-se obter a sua atuac¸˜ao em diferentes estados.

(35)

Assim, para um estado do tipo aI†2 |p+,~pTi, tem-se

N⊥aI†2 |p+,~pTi = [N⊥, aI†2]|p+,~pTi + aI†2N⊥|p+,~pTi = 2aI†2 |p+,~pTi.

Analogamente, obt´em-se

N⊥aJ†3 aI†2|p+,~pTi = 5aJ†3 aI†2|p+,~pTi.

Ou seja, os estados de base s˜ao auto-estados do operador n´umero com auto-valor igual a soma dos modos dos operadores de criac¸˜ao deste estado. Para o estado de base geral |λ i, tem-se um auto-valor N⊥ λ = ∞

n=1 25

I=2 nλn,I.

Analogamente, pode-se construir um espac¸o de estados dual com o conjugado hermitiano do estado de v´acuo hp+,~pT| para completar a estrutura do espac¸o de Hilbert com um produto

interno, definindo a relac¸˜ao,

hp0+,~p0T|p+,~pTi = δ (p

0+

− p+)δ (~p0T− ~pT),

juntamente com a linearidade e a antilinearidade para produtos envolvendo estados arbitr´arios. Para cada estado independente do tempo |λ i, sua evoluc¸˜ao ser´a dada por,

|λ , τi = e−iHτ|λ i, (3.24)

onde H = L⊥0 − 1 ´e o operador hamiltoniano. Ou seja, derivando a express˜ao (3.24) em relac¸˜ao a τ, tem-se evidentemente que o estado dependente do tempo satisfaz a equac¸˜ao de Schr¨odinger com o hamiltoniano da teoria (ZWIEBACH, 2004).

Como os auto-valores do operador n´umero s˜ao todos inteiros n˜ao-negativos, segue da express˜ao (3.22) para o operador massa que seus auto-valores ser˜ao limitados por

M2≥ −1/α0,

em passos inteiros de 1/α0 dependendo da ordem dos operadores de criac¸˜ao, ou osciladores, presentes no estado considerado. O estado geral dependente do tempo a descrever determi-nada part´ıcula pode ser constru´ıdo a partir dos estados de base com a mesma quantidade de operadores criac¸˜ao, somando-se sobre todos os valores de momento poss´ıveis,

|Ψ, τi = Z d p+d~pTψI1...Ik(τ, p + ,~pT)aIn11. . . a Ik nk|p + ,~pTi, (3.25) onde ψI1...Ik(τ, p +,~p

T) ´e a func¸˜ao de onda que caracteriza a amplitude da part´ıcula no estado

(36)

a repetic¸˜ao dos ´ındices I’s tamb´em representam somas neste caso. Da independˆencia linear entre os estados de base na equac¸˜ao de Schr¨odinger,

i∂τ|Ψ, τi = (α

0pIpI+ N− 1)|Ψ, τi,

(3.26) onde utilizou-se H = L⊥0 − 1 = α0pIpI+ N⊥− 1, obt´em-se,

i∂τψI1...Ik(τ, p

+

,~pT) = (α0pIpI+ N⊥− 1)ψI1...Ik(τ, p

+

,~pT), (3.27)

onde neste caso N⊥j´a representa o auto-valor do estado respectivo.

Com k = 0 em (3.25), obt´em-se o estado de part´ıcula mais simples, |Ψ, τi =

Z

d p+d~pTψ (τ , p+,~pT)|p+,~pTi. (3.28)

Neste caso, N⊥= 0, e a equac¸˜ao de Schr¨odinger ´e dada por, i∂τψ = (α

0pIpI− 1)ψ, (3.29)

que ´e precisamente a equac¸˜ao do campo escalar no espac¸o dos momentos em coordenadas do cone de luz com m2= −1/α0, indicando que o estado |Ψ, τi descreve possivelmente um t´aquion. Por outro lado, com k = 1, tem-se

|Φ, τi = Z

d p+d~pTφI(τ, p+,~pT)aI1|p+,~pTi, (3.30)

e como neste caso N⊥= 1, a equac¸˜ao de Schr¨odinger fica na forma,

i∂τφI = α0pJpJφI, (3.31)

que ´e precisamente a equac¸˜ao do campo vetorial cl´assico de Maxwell em coordenadas do cone de luz, indicando que |Φ, τi descreve possivelmente um f´oton (ZWIEBACH, 2004). Assim, tem-se que o ordenamento da express˜ao para os operadores de Virasoro utilizando-se uma continuac¸˜ao anal´ıtica e a exigˆencia de uma invariˆancia de Lorentz na teoria causaram um shift preciso no operador massa M2 de tal forma que o estado n˜ao-massivo pudesse descrever um f´oton.

3.4 O caso das cordas fechadas

Neste caso, o procedimento de quantizac¸˜ao ´e an´alogo ao das cordas abertas. O conjunto dos operadores na quantizac¸˜ao da teoria de Nambu-Goto para as cordas fechadas, em decorrˆencia das condic¸˜oes de contorno para a soluc¸˜ao geral em (2.25) n˜ao permitirem a igualdade entre f e g, ser´a exatamente uma c´opia duplicada do caso das cordas abertas, ou seja,

(37)

para todo operador A na soluc¸˜ao geral estar´a associado um outro ¯Aindependente tal que [A, ¯A] = 0. A periodicidade na coordenada σ implica na identidade α0= ¯α0 permitindo a descric¸˜ao da

corda em termos de apenas um momento p = ¯pque, por consistˆencia quˆantica, exige a igualdade entre os modos zeros das coordenadas x0= ¯x0(ZWIEBACH, 2004).

Todos os operadores barrados na soluc¸˜ao geral satisfazem as mesmas relac¸˜oes de comutac¸˜ao que os operadores n˜ao-barrados da teoria para as cordas abertas satisfazem entre si. Assim, a soluc¸˜ao geral pode ser escrita na forma,

X(τ, σ ) = x0+ √ 2α0α0τ + i p α0/2

n6=0 e−inτ n (αne inσ+ ¯ αne−inσ). (3.32)

Da definic¸˜ao para do modo zero de Virasoro observa-se tamb´em que a igualdade α0− = ¯α0− implicar´a em,

L⊥0 = ¯L⊥0. O operador massa ser´a dado por,

M2= 2 α0(N

+ ¯N− 2),

enquanto que o hamiltoniano,

H= L⊥0 + ¯L⊥0 − 2.

O estado de v´acuo ´e novamente denotado por |p+,~pTi, sendo aniquilado tanto pelos

operadores de aniquilac¸˜ao n˜ao-barrados como pelos barrados, ¯an. Os estados de base do espac¸o

de estados ser˜ao dados por,

|λ , ¯λ i = " ∞

n=1 25

I=2 (aI†n)λn,I # × " ∞

n=1 25

J=2 ( ¯aJ†n )λ¯n,J # |p+,~pTi.

O estado geral dependente do tempo de maior interesse na teoria quˆantica de cordas bosˆonicas fechadas ser´a o de massa nula, onde N⊥= ¯N⊥= 1,

|Ψ, τi = Z

d p+d~pTψIJ(τ, p+,~pT)a1I†a¯J†1 |p+,~pTi. (3.33)

Com o novo hamiltoniano, a equac¸˜ao de Schr¨odinger para a func¸˜ao de onda ser´a dada por, i∂τψIJ = (α0/2)pLpLψIJ, (3.34)

de tal forma que as componentes de ψIJ estar˜ao associadas ao campo do gr´aviton atrav´es da

parte sim´etrica de trac¸o nulo, ao campo de Kalb-Ramond atrav´es da parte antissim´etrica e ao campo do d´ılaton atrav´es do trac¸o (ZWIEBACH, 2004).

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