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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GESTOR GARANTINDO A IMPLANTAÇÃO E

EXECUÇÃO DO PPP: UMA ESCOLA QUE FUNCIONA

Por: José Carlos Gonçalves de Oliveira

Orientadora

Profª. Drª Maria Claudia Dutra Lopes Barbosa

Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GESTOR GARANTINDO A IMPLANTAÇÃO E

EXECUÇÃO DO PPP: UMA ESCOLA QUE FUNCIONA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar.

Por: José Carlos Gonçalves de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo, aos meus pais, Carlos e Maria de Fátima, pelo exemplo de vida, à Maria Conceição Costa Falcão, pela amizade.

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DEDICATÓRIA

Marcelo Ciriaco de Freitas, pelo exemplo de vida.      

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RESUMO

O Gestor Escolar deve desempenhar múltiplas funções e atender às demandas diversas que dependem de sua ação gerencial. Deve possuir competências e habilidades que lhe permitam exercer forte liderança para adotar medidas que levem à construção de uma escola efetiva, com base em uma cultura de sucesso, gerada e gerenciada no interior da própria escola, alinhada às normas do órgão de ensino e aos princípios de uma gestão democrática e participativa. Com o avanço das políticas educacionais que postulam a descentralização, a gestão da unidade escolar passou a receber maior atenção, ampliando-se suas responsabilidades na busca da melhoria da qualidade do ensino. Partindo do princípio que cada escola possui uma realidade específica, este estudo propõe ressaltar a importância fundamental do gestor para coordenar e dirigir todas as ações, tanto dos professores quanto dos outros membros que fazem parte do sistema escolar. Com a preocupação e a responsabilidade de viver num mundo globalizado, cabe ao gestor criar situações favoráveis para que as atividades realizadas tenham um desempenho com sucesso. O presente trabalho busca também analisar a influência do administrador escolar na elaboração e na implementação do Projeto Político-Pedagógico. Espera-se, assim, contribuir para uma gestão mais segura e para uma escola verdadeiramente democrática.

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METODOLOGIA

Após a definição do assunto do presente trabalho, fez-se necessário um cronograma, que foi respeitado. Algumas leituras preliminares foram de total auxílio para que se pudesse identificar, com mais conhecimento de causa, o tema a ser desenvolvido. O desenvolvimento deste trabalho deu-se por meio da pesquisa bibliográfica, em termos de metodologia, com vista a fundamentar toda a investigação realizada. Ruiz (1980) afirma que, assim, há uma absorção maior do conhecimento para a solução do problema por meio da busca referente ao assunto.

Para a elaboração da presente monografia, como referência, foram consultadas diversas obras concernentes ao vasto universo educacional. Com isso, as leituras desenvolvidas foram de fundamental importância para o enriquecimento da presente obra que permitiram, assim, um melhor acesso ao conhecimento/tema escolhido. Objetivando-se assim, um direcionamento adequado à realidade de uma determinada escola. “Com isso, o educando adquire a teoria e os instrumentos metodológicos básicos para a formação de um pesquisador” (opus cit., 1980).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I

AS ATRIBUIÇÕES DE UM GESTOR DEMOCRÁTICO 9 CAPÍ TULO II

O GESTOR ESCOLAR E OS TRABALHOS DAS EQUIPES 17 CAPÍTULO III

PPP: UM ORGANISMO VIVO NA E DA ESCOLA 26 CAPÍTULO IV

A ESCOLA COM ESPAÇO PARA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA 34

CONCLUSÃO 42

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INTRODUÇÃO

A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar, adequadamente, os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento.

A presente monografia tem por objetivo esclarecer a importância de um bom administrador escolar e como ele pode influenciar de forma efetiva no bom andamento de uma escola, ressaltando as suas atribuições. Destaca-se também o trabalho de todas as equipes que trabalham na escola e no bom entrosamento entre elas.

Buscando reforçar a importância do trabalho conjunto, merece destaque o PPP, pois é por meio dele que o gestor, respeitando os objetivos traçados, reconhece sua importância enquanto instrumento democrático dentro da escola; com isso, devem ser oferecidas condições para a implantação de um bom trabalho para todos os membros da unidade escolar e para toda a comunidade.

Por fim, há que se valorizar o espaço escolar para a construção cidadã, uma vez que a escola deve ser vista, na verdade, como um espaço de cidadania, já que, enquanto parte atuante da sociedade, reserva ao indivíduo um verdadeiro espaço sociopolítico de aprendizagem e atuação.

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CAPÍTULO I

AS ATRIBUIÇÕES DE UM GESTOR DEMOCRÁTICO

Numerosas são as atribuições de um gestor escolar. Acima de tudo, deve ser um bom administrador, procurando buscar sempre resultados positivos. Cabe a ele exercer uma participação ativa e ampla no dia a dia da escola. Por isso, o gestor deve saber ouvir, refletir e encaminhar da melhor forma possível, indicando saídas e, assim, estimular o grupo a procurar soluções para os problemas (LÜCK, 2000).

Situações das mais diversificadas aparecem a todo o momento no ambiente escolar. O gestor, além de pensar em educação, deve compreender, projetar ações e favorecer o seu crescimento como um todo. Deve ele tentar de todas as maneiras superar dificuldades e contornar problemas, que porventura possam surgir (opus cit., 2000).

O gestor precisa atender às exigências burocrático-administrativas, colocadas pelas instâncias superiores do sistema escolar, além do conteúdo educativo que necessita ser desenvolvido no interior da instituição escolar. Compreendendo a escola como um espaço no qual o projeto pedagógico se faz coletivamente, e esse deve ser bem planejado, coerentemente desenvolvido, organizado, competente e muito bem avaliado. O diretor deve por meio de suas ações, favorecer não só o trabalho da administração escolar, como também fazer com que suas ações deem suporte a toda a equipe docente, funcionários, alunos e comunidade, de modo que a escola se torne uma unidade coesa, capaz de otimizar a cada dia bons resultados. Essa linha de atitude pode ser entendida como processo democrático de tomada de decisões (idem, 2000).

É por meio de uma administração escolar eficaz que se pode garantir a participação de todos os segmentos da comunidade escolar, a fim de que assumam o papel de co-responsáveis pela construção do projeto pedagógico na escola. Pedagogicamente, o gestor escolar precisa dar ênfase ao trabalho

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solidário, indispensável à vida em sociedade. O processo da administração escolar deve estar sempre voltado para sua função social e política na educação escolar, que é a formação do cidadão participativo, responsável e critico (FERREIRA, 2000).

O processo de democratização das relações administrativas dentro da escola e sua função com a comunidade é um ponto importante para a busca da participação na realidade escolar. Neste sentido a administração democrática e a participação da comunidade, longe de ser um dado consumado, são, na maioria das vezes, um horizonte a ser buscado, pois como diz a autora, o caminho é um aprendizado coletivo. Para o êxito desse aprendizado podem colaborar o diretor da escola, a comunidade escolar e todos os demais envolvidos (HORA, 1994).

A gestão democrática em educação nos remete à possibilidade de uma ação administrativa coletiva exigindo a participação de toda a comunidade escolar – gestor, professores, coordenador, funcionários, alunos, pais, a comunidade como um todo – nas decisões do processo educativo, o que resultará na democratização das ações desenvolvidas na escola, contribuindo para o aperfeiçoamento da administração e da parte pedagógica, fazendo com que a escola como instituição social tenha a possibilidade de construir a democracia como forma política de convivência humana e harmônica entre todos (LIBÂNEO, 2001).

1.1- O Processo de Gestão Escolar Democrática e seus

Desafios

Compete à gestão escolar organizar, estabelecer o direcionamento e a mobilização capazes de sustentar e dinamizar a cultura das escolas, de modo a serem orientadas para resultados, isto é, um modo de ser e de fazer caracterizado por ações conjuntas, associadas e articuladas. Sem esse enfoque, os esforços e gastos são despendidos sem muito resultado (LÜCK, 2000).

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Daí a importância de se trabalhar o planejamento educacional sob uma perspectiva participativa. Até porque, ao se abrir um espaço participativo para pais, alunos, professores, funcionários e especialistas estamos garantindo a ampliação da compreensão desses sobre a realidade escolar, por meio do debate democrático (LÜCK, 2002).

A presença do debate democrático possibilita a produção de critérios coletivos na orientação do processo de planejamento, que por sua vez, incorpora significados comuns aos diferentes agentes educacionais, colaborando com a identificação desses com o trabalho desenvolvido na escola. O debate favorece a execução de ações por meio de compromissos construídos entre aqueles diretamente atingidos pelo planejamento educacional (GANDIN, 1997).

Posturas divergentes sobre os problemas da escola devem ser discutidos, dentro dos limites éticos, prevalecendo o respeito à diferença, possibilitando um diálogo que viabilize propostas coletivas para a melhoria da qualidade política, pedagógica e administrativa da escola. Cabe lembrar que todo processo de planejamento participativo tem por função transformar uma dada realidade (opus cit., 1997).

É possível entender que a consolidação de uma gestão democrática numa escola não é um processo fácil, pois a dinâmica das relações do poder poderá entravar o avanço do processo, sendo necessário que o permanente esforço humano seja coletivo e esteja caminhando sempre em função de decisões de grupos e não de indivíduos (idem, 1997).

Dentro deste contexto, a função do gestor é de coordenar e dirigir todas as ações, tanto dos professores quanto dos outros membros que fazem parte do sistema escolar. Deve o gestor alertar às pessoas sobre o processo de mudanças no mundo globalizado, criando situações favoráveis para que tenham um bom desempenho nas atividades realizadas a partir de uma realidade educacional. Percebe-se que o administrador escolar tem um papel fundamental na escola, pois é o principal responsável pelo desenvolvimento

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de todas as atividades a serem realizadas no âmbito escolar. Daí pode-se afirmar que o gestor, antes de ser um administrador, deve ser um educador por excelência (GANDIN, 1997).

Ferreira (2000) afirma que um processo de gestão que construa coletivamente um projeto pedagógico de trabalho tem já, na sua raiz, a potência da transformação. Por isso, é necessário que atuemos na escola com maior competência, para que o ensino realmente se faça e que a aprendizagem se realize, para que as convicções se construam no diálogo e no respeito e as práticas se efetivam coletivamente, no companheirismo e na solidariedade.

O êxito de uma organização depende da ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade por uma vontade coletiva, pois como afirma Lück (2000), o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre o seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto.

No entanto, existe a possibilidade de se praticar a gestão escolar pura e simplesmente como uma administração modernizada, atualizada em seus aspectos externos, mas se mantendo a antiga ótica de controle de pessoas e processos. Esta é a razão de se analisar a questão da participação em destaque. A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior participação de todos os interessados no processo decisório da escola, envolvendo-os também na realização das múltiplas tarefas de gestão. Esta abordagem igualmente amplia a fonte de habilidades e experiências que podem ser aplicadas na gestão das escolas por não haver uma única maneira de se implantar um sistema participativo de gestão escolar (VEIGA, 2001).

Democratizar o ensino é também oferecer ensino de boa qualidade, além de tentar estimular os alunos, levando-os a aprender com vontade e prazer, e para que não desistam. Para isso, a escola precisa funcionar bem. Para assegurar esta reflexão, a gestão democrática exige a compreensão em

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profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. E visa romper com a separação e execução, entre pensar e fazer, entre a teoria e a prática. Busca resgatar o controle do processo e do produto de trabalho pelos educadores (VEIGA, 2001).

1.2- O Gestor como Articulador

O gestor deve estar sempre a par do trabalho desenvolvido em sua escola, dos projetos que estão em andamento. Enfim, deve se envolver com todo o processo de ensino e de aprendizagem, contribuindo com sua firme liderança e profissionalismo para o sucesso de todo o processo educacional (GANDIN, 1997).

A gestão escolar constitui um modo de articular pessoas e experiências educativas, atingir objetivos da instituição escolar, administrar recursos materiais e humanos, planejar atividades, distribuir funções e atribuições. A gestão democrática requer, dentre outros, a participação da comunidade nas ações desenvolvidas na escola. Envolver a comunidade local e escolar é tarefa complexa, pois, articula interesses, sentimentos e valores diversos. Nem sempre e fácil, mas compete às equipes gestoras pensarem e desenvolverem estratégias para motivar as pessoas a se envolver e participar na vida da escola. As possibilidades de motivação podem ser várias, desde a concepção e o uso dos espaços escolares até a organização do trabalho pedagógico. A mobilização das pessoas pode começar quando elas se defrontam com situações-problema (opus cit., 1997).

A escola e seus profissionais devem cada vez mais investir em conhecimento e socializá-lo para que a organização escolar aumente sua capacidade de criar e de inovar, já que mudar é confrontar a organização com novas perspectivas, iniciativas e modelos mentais (paradigmas); usar o pensamento sistêmico e desenvolver o aprendizado colaborativo entre pessoas de capacidade equivalente (MEDIANO, 1999).

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O gestor educador deve construir uma imagem positiva de si, dos alunos e da escola; busca constantemente atualização em diversas áreas; planeja suas ações, prevendo suas consequências; comunica-se bem e envolve pais, alunos e outros professores com os seus projetos para a escola; e deve ser participativo e comprometido com a escola e seus alunos (LÜCK, 2000).

Porém, qualquer mudança gera resistência. Assim, cabe ao gestor da organização escolar fazer com que essa barreira seja vencida de maneira construtiva, não impondo o novo modelo, mas gerando comprometimento para que seja adotado e cultivado. Para que o gestor escolar consiga enfrentar mudanças significativas que elevem o padrão da escola, é preciso que ocorra uma mudança radical na atitude das pessoas, com o objetivo de que as mesmas passem a encarar a inovação como um desafio e sintam-se estimuladas pela motivação pessoal e, assim, se tornem capazes de ir além dos seus próprios limites (THURLHER, 1994).

De acordo com Libâneo (2001), o conceito de participação fundamenta-se no princípio da autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos para a livre determinação de si próprios, isto é, para a condução da própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições dá-se pela participação na livre escolha de objetivos e processos de trabalho e na construção conjunta do ambiente de trabalho.

Desse modo, a participação requer a autonomia dos sujeitos na decisão de formas de trabalho que atenda às necessidades comuns dos sujeitos envolvidos. Entretanto, esta é uma visão um tanto quanto idealizada frente à realidade educacional em nosso país. A autonomia deve ser o fundamento da concepção democrático-participativa de gestão escolar (opus

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1.3 - O Gestor e a sua Efetividade no Processo de Ensino e de

Aprendizagem

O papel do gestor, na escola, não requer somente executar decisões, mas sim preparar condições, estimular, organizar as mudanças no decorrer do processo administrativo. A função administrativa é comum a todas as organizações e requer indivíduos especialmente preparados para exercê-la. O diretor eficaz é um líder que trabalha para desenvolver uma equipe composta por pessoas que juntamente são responsáveis por garantir o sucesso da escola. A ênfase principal da liderança está no papel de ensino, pois o líder deve ajudar a desenvolver as habilidades nos outros, para que compartilhem a gestão na unidade. (LÜCK, 2000).

Torna-se imprescindível que o gestor escolar analise a atitude das pessoas que trabalham na escola, em relação às práticas pedagógicas e administrativas da organização educacional, a fim de diagnosticar o grau de interesse profissional com a instituição da qual fazem parte. Ele deve atuar como líder, ou seja, formar pessoas que o acompanhem em suas tarefas e prepará-las para serem abertas às transformações. Nesse sentido, necessita ter motivação, responsabilidade, dinamismo, criatividade e capacidade de atender às necessidades mais urgentes. Isso requer um constante aprendizado, para atualizar-se e conhecer as mais recentes contribuições dos educadores sobre os processos de capacitação de lideranças educacionais. Sendo assim, os gestores devem conscientizar-se de que seu papel na escola de hoje é muito mais de um líder que de um burocrata. Espera-se dele que assuma a direção como um membro ativo da comunidade escolar (FERREIRA, 1999).

É dessa forma que a escola deve ser administrada, uma vez que a mesma tem que acompanhar a evolução da sociedade global, pois as escolas atuais necessitam de líderes capazes de trabalhar e facilitar a resolução de problemas em grupo, capazes de trabalhar junto com professores e colegas,

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ajudando-os a identificar suas necessidades de capacitação e a adquirir as habilidades necessárias (LÜCK, 2000).

É um grande desafio para o gestor escolar atuar como líder e desenvolver formas de organização inovadoras, empreendedoras e participativas, mas isto é indispensável. Algumas das importantes e atuais funções do gestor escolar são prever e se antecipar às mudanças. Assim, ele deve saber ir além e intuir as mudanças, aprender a pesquisar, avaliar e enfrentar os novos desafios. Sendo assim, o gestor para liderar as mudanças e implantá-las, deve ter a consciência da existência de riscos para que assim possa evitar possíveis erros, por meio de um planejamento bem elaborado e participativo. No entanto, os erros e acertos do passado podem ser fundamentais para direcionar as decisões futuras. Uma verdadeira liderança se faz na dedicação, na visão, nos valores e na integridade que inspira os outros a trabalharem conjuntamente para atingir metas coletivas. Assim, de forma eficaz, este gestor terá a capacidade de influenciar positivamente os grupos e de inspirá-los a se unirem em ações comuns coordenadas. Deste modo, é importante que a liderança do gestor seja participativa, para que todos compartilhem a gestão da escola (opus cit., 2002).

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CAPÍTULO II

O GESTOR ESCOLAR E OS TRABALHOS DAS

EQUIPES

Dentro de uma escola todos sabem da importância de um bom gestor para o eficaz funcionamento de uma escola. Porém, sem a efetiva participação de todas as equipes que trabalham nela, o trabalho torna-se árduo e infecundo. É necessário o total envolvimento de todos: coordenação, professores e demais funcionários (VEIGA, 2001).

Entende-se que o projeto pedagógico se faz nos momentos coletivos, com a participação de cada um dos elementos que participam do cotidiano escolar, assim como a decisão coletiva, constitui-se num concreto espaço de comprometimento dos membros da comunidade escolar com o Projeto Político-Pedagógico a ser construído e assumido por todos os seus profissionais (opus. cit., 2001).

Todos sabem da importância de cada equipe dentro da escola. Porém, é necessário que os profissionais que nela trabalham tenham em mente que uma equipe depende da outra: os professores, por exemplo, precisam do apoio da coordenação e dos inspetores; e esses necessitam do apoio dos mestres. Com as equipes bem entrosadas e articuladas, todos os elementos da escola sentem-se parte dela e sabem da importância umas das outras (idem, 2001).

Compreendendo a escola como um espaço onde o projeto pedagógico se faz coletivamente, e este fazer deve ser bem planejado, coerentemente desenvolvido, organizado, competente e muito bem avaliado, esse só pode vir a favorecer o trabalho de toda a administração escolar (FERREIRA, 1999).

Paralelamente, cada segmento analisado não por si só, mas como parte integrante de um grupo, deverá agir tal qual uma engrenagem, na qual todas as peças têm valor, e que só funcionam num ritmo harmonioso. Assim,

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se possível não só obter diversas visões, como também, valorizar cada elemento, aumentando assim sua auto-estima e fazendo com que cada um tenha a intenção de aperfeiçoar resultados. A escola deve possibilitar que todos os segmentos possam participar do processo educativo. É dentro deste princípio que ela se apresenta como instituição de equalização social (FERREIRA, 1999).

Apenas para fins “limitadores”, embora possa parecer um fato notório e de conhecimento de todos, envolvidos ou não, é aconselhável traçar mais diretamente o papel de cada segmento dentro de uma instituição escolar (opus cit., 1999).

2.1 – Direção

A Direção é o órgão de execução e tem por finalidade a supervisão, coordenação e controle das atividades desenvolvidas na instituição de ensino, devendo ser o “centro” gerador que propicie a execução de todo o trabalho, principalmente articulando-se com as famílias e a comunidade, criando um processo de integração com a escola. Deverá promover meios e ordens diversas para o envolvimento e desenvolvimento do P.P.P. dentro de uma realidade plausível. Pode-se afirmar que a verdadeira missão do líder da escola é conciliar as demandas burocráticas e pedagógicas - para garantir que os alunos progridam (LÜCK, 2000).

O administrador da educação escolar também deverá funcionar como um articulador entre a comunidade e a escola, com a finalidade de criar um elo de cooperação entre elas. Cabe ao diretor o compromisso e a boa vontade em mudar o que não estiver atendendo à causa educacional, que inclui a formação do cidadão capaz de participar e, possivelmente, colaborar na transformação do meio social em que vive. Para tanto é preciso ao administrador da educação possuir, entre outras, três características necessárias: competência, disposição e o compromisso com a educação que se deseja ministrar àquela escola (opus cit., 2000).

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A administração escolar deve estar preparada para realizar, junto ao grupo, o projeto pedagógico da escola, sendo este, um trabalho que tenha por objetivo, dinamizar o processo de transformação social. Para isso, precisa ser um cidadão capacitado, esclarecido em relação à realidade da comunidade na qual a escola está inserida e ser consciente de seu papel como educador (LÜCK, 2000).

A preparação, o interesse, a vontade de fazer a mudança social são aspectos exigidos no perfil do administrador de uma instituição escolar. A realização de um trabalho de equipe e a mediação que este pode realizar dentro da participação educacional dos alunos é relevante para que a escola atinja seu grande objetivo: formar um cidadão consciente, em busca da construção de uma sociedade mais justa (HORA, 1994).

Aqueles que se propõem a assumir a direção de uma escola devem estar conscientes do relevante papel a que essa função se destina, pois o gestor é o principal responsável por tudo que ocorre na sua instituição. É de sua responsabilidade, por exemplo, preservar os equipamentos escolares. Sobre seus ombros está o “sucesso” ou o “fracasso” de sua escola. Como forma de facilitar seu trabalho, ele deve administrar a escola como grupo: pais, alunos, comunidade, professores, pessoal de secretaria e pessoal de apoio da escola. Conservar um olhar de equipe será sempre a melhor opção de um gestor escolar (opus cit., 1994).

Hierarquicamente, o diretor ocupa uma posição peculiar, uma vez que pode legitimar para os pais muitas das medidas da instituição escolar, assim como legitima para as instâncias superiores institucionais as iniciativas e ações do professorado em ação conjunta com a comunidade. Por outro lado, tal posição também o coloca na função de mediador das relações entre os professores e os órgãos normativos e fiscalizadores do sistema educacional (idem, 1994).

A competência exigida do gestor de uma instituição escolar mostra-se muito difícil de alcançar, frente à pluralidade de atividades que o mesmo deve

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ser obrigado a realizar. Este profissional é um educador e um administrador quase que ao mesmo tempo, devendo atender às questões pedagógicas e, paralelamente, às exigências burocráticas. Para que o administrador consiga se movimentar nesse duplo caminho, deve ser competente o suficiente para realizar uma direção onde, não somente liderará o grupo, mas se proporá a trabalhar junto a ele, envolvendo-se profissionalmente com a equipe docente e não docente da escola (HORA, 1994).

O gestor deve ser também um líder pedagógico. Para tanto, precisa estar bem informado e motivado a socializar seu conhecimento. Evidentemente, isto implica estar atualizado em relação aos novos programas e metodologias existentes, o que poderá ser feito em cursos ou treinamentos de curta, média ou longa duração. Há necessidade do gestor estar sempre aberto a novos conhecimentos e aquisições, com respaldo teórico e técnico (LÜCK, 2000).

Caberia, finalmente, ao gestor escolar, enquanto líder pedagógico, facilitar aos professores a participação em seminários, cursos, conferências, debates, etc, além de realizar outras formas de atividade que contribuam para o aprimoramento profissional (opus cit., 2000).

2.2 – Coordenação

A Coordenação Pedagógica é um profissional fundamental para qualquer instituição escolar. Tem seu trabalho, prioritariamente voltado para o desenvolvimento das questões burocráticas, postas pela legislação vigente, além daquele com a equipe docente. Ou seja, o coordenador é o mediador das práticas do professor, uma vez que sua ação está diretamente ligada à educação, aos aspectos pedagógicos do ambiente escolar. A Coordenação Pedagógica deve responder ainda pela viabilização do trabalho pedagógico-didático e por sua integração e articulação com os professores, em função sempre da qualidade do ensino (LIBÂNEO, 2001).

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Segundo Libâneo (2001), o trabalho desenvolvido pelo Coordenador Pedagógico constitui-se em uma prática mediadora no sentido de visar o comprometimento com o corpo docente e o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Ele afirma que o Coordenador Pedagógico é o gestor responsável por:

“coordenar, acompanhar, assessorar, apoiar e avaliar as atividades pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos” (LIBÂNEO, 2001, p. 373).

A Coordenação é o órgão que funciona em colaboração direta com a Direção no planejamento, fiscalização, funcionamento e execução do Planejamento Político Pedagógico. Assim, seu papel é de fundamental importância para que se cumpra o objetivo de participação democrática voltada para melhoria do ensino (opus cit., 2001).

A função da Coordenação Pedagógica é coordenar o planejamento pedagógico para qualificar a ação do coletivo da escola, vinculando e articulando o trabalho à Proposta Pedagógica. Possibilita também, a construção e o estabelecimento de relações entre todos os grupos que desempenham o fazer pedagógico, refletindo e construindo ações coletivas (idem, 2001).

A Coordenação Pedagógica é uma atividade exercida que deve ser exercida por um educador que busque estabelecer uma dinâmica de interação para facilitar a caminhada em conjunto com as várias dimensões do ensino e aprendizagem, disponibilizando também subsídios que permitam o crescimento do grupo e articulem o conjunto de programas desenvolvidos pela unidade escolar: no aprender a conhecer, aprender a viver, aprender a fazer, e aprender a ser (DELORS, 2000).

Também é função da coordenação, organizar capacitações para professores, fazer atendimento a pais e alunos, dar sustentação pedagógica

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para os professores. Enfim, compete ao coordenador promover a redistribuição das responsabilidades e criar um ambiente “funcional” na escola, propício a todo um processo social e educacional para o aluno (PARO, 1987).

2.3 – Corpo Docente

Trata-se de uma ação de suma importância, para o sucesso de qualquer escola, a escolha dos profissionais que nela irão trabalhar. Os mestres devem ser pessoas preparadas, que devem procurar aprimorar seus conhecimentos por meio de palestras, cursos de Pós-Graduação Lato e Stricto Sensu, leituras constantes, pesquisas e seminários (GANDIN, 1997).

O sucesso de qualquer projeto proposto pela escola demanda o envolvimento do grupo, isto é, que todos “vistam a camisa”. Sem a colaboração dos professores é impossível para o gestor conseguir alcançar as metas traçadas de forma harmoniosa e objetiva. O grupo docente deve sempre ter uma postura profissional, buscando se envolver ao máximo com a escola, com seus projetos e objetivos. Quando o grupo docente se envolve de forma efetiva, torna-se possível alcançar ótimos resultados. Infelizmente, muitos mestres ainda resistem a mudanças, esquecendo que fazem parte de um grupo e que a escola tem um projeto a ser cumprido (opus cit., 1997).

2.4 – Secretaria

Segundo Paro (1987), a Secretaria da Escola é o órgão que assume o relevante encargo de manter, com eficiência e eficácia, a documentação, a escrituração e arquivos escolares, dando o suporte fundamental para o bom andamento da Unidade Educativa. É por meio de seus relatórios, dos seus registros, de sua história e organização que a Unidade Educativa poderá respaldar o seu Projeto Político-Pedagógico.

A Secretaria Escolar está diretamente subordinada à Direção do estabelecimento de ensino, e tem por finalidade a administração, o controle e o registro de todas as atividades que lhe são pertinentes. Seu papel reveste-

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se de indiscutível importância para o melhor funcionamento da escola, competindo-lhe a organização e preservação de toda a documentação da Unidade Educativa, seja de forma escrita ou digitalizada. Suas atribuições deverão ser exercidas por funcionários previamente capacitados, estando todavia, voltados e devidamente integrados aos objetivos e realizações do PPP. A amplitude de suas funções faz com que a Secretaria tenha relação direta e permanente com diferentes áreas de atuação da instituição escolar, exigindo sua interação com todos os envolvidos no trabalho escolar. A Secretaria necessita primar pela segurança de suas informações, não permitindo o acesso de pessoas estranhas sem a devida autorização. Diante dos encargos e trabalhos que lhe são conferidos, é ela quem dá valor legal à ação da escola (PARO, 1987).

2.5 – Serviços Auxiliares e Inspetoria de Alunos

O inspetor de aluno e demais funcionários que executem serviços de apoio deverão ser pessoas de ilibada idoneidade moral. Ao inspetor compete: I) cumprir as determinações da Lei vigente; II) zelar pela disciplina do Estabelecimento; III) usar de solicitude, moderação e delicadeza no trato com o aluno; IV) prestar assistência ao aluno que adoecer ou sofrer qualquer acidente, comunicando o fato de forma imediata à autoridade escolar competente; V) organizar a entrada do aluno à sala de aula; VI) atender ao professor em suas solicitações do cotidiano escolar; VII) levar ao conhecimento do Diretor os casos de infração à disciplina; VIII) encaminhar ao Diretor o aluno retardatário e não lhe permitir, antes de findos os trabalhos escolares, sua saída sem a necessária licença; IX) auxiliar na realização de solenidades e festas escolares; X) tratar com solicitude os visitantes e demais pessoas envolvidas no processo educativo; XI) organizar a saída dos alunos; XII) franquear o ingresso de autoridades do Ensino ao Estabelecimento, desde que identificadas; XIII) não consentir que pessoa estranha ao serviço ingresse no Estabelecimento, sem autorização superior (opus cit., 1993).

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Por todas as tarefas acima relacionadas, é fundamental que esses funcionários contribuam não só para formação do PPP, como também devem atuar dentro de uma mesma linha, traçada por toda comunidade escolar. Caso contrário, correremos o risco de termos uma escola dentro de outra escola (PARO, 1993).

2.6 – Sala de Leitura

É extremamente importante para qualquer escola que a sala de leitura esteja sempre disponível para toda a comunidade escolar. É lamentável que muitas escolas por todo o nosso país nem tenham esse ambiente indispensável. Há escolas nas quais elas existem, mas encontram-se constantemente fechadas ou funcionam em tempo reduzido, não atendendo, por isso, a todo o universo escolar. Em muitas escolas públicas, por exemplo, a carga horária estabelecida para o profissional que ali atua não consegue atender a todos. Por isso, infelizmente, há dias (ou turnos) nos quais a sala de leitura não se encontra aberta (ZAZDSZNAJDER, 2004).

A Sala de Leitura é o lugar encarregado pelo empréstimo de livros, vídeos, DVDs, revistas, etc. O preenchimento desse cargo está a critério da direção e deveria ser exercido por pessoa capacitada para esse tipo de função. Suas principais atribuições são: I) Divulgação do acervo; II) Empréstimo de livros; III) Orientação nas pesquisas; IV) Desenvolvimento de projetos (opus cit., 2004).

O funcionário da Sala de Leitura, obrigatoriamente um professor de Língua Portuguesa, deverá participar de reuniões junto aos órgãos centrais e professores, além de tentar atrair o aluno, por meio de trabalhos diversificados e que despertem interesse (idem, 2004).

2.7 – Grêmio Estudantil

O Grêmio é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar como na

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comunidade. É também um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos (LÜCK, 2000).

O Grêmio Estudantil é o órgão representativo do corpo discente da Escola com regulamentação própria. Tem por finalidade desenvolver a consciência crítica, o espírito de cidadania e a democracia, devendo estar em perfeita adequação com os objetivos a serem alcançados com o processo ensino-aprendizagem (opus cit., 2000).

Por isso, é importante deixar claro que um de seus principais objetivos é contribuir para aumentar a participação dos alunos nas atividades de sua escola, organizando campeonatos, palestras, projetos e discussões, fazendo com que eles tenham voz ativa e participem – junto com pais, funcionários, professores, coordenadores e diretores – da programação e da construção das regras dentro da escola (idem, 2000).

Em resumo: um Grêmio Estudantil pode fazer muitas coisas, desde organizar festas nos finais de semana até exigir melhorias na qualidade do ensino. Ele tem o potencial de integrar mais os alunos entre si, com toda a escola e com a comunidade (idem, 2000).

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CAPÍTULO III

PPP: UM ORGANISMO VIVO NA E DA ESCOLA

O PPP é um documento de todos. A Proposta Político-Pedagógica de uma escola deve ser vivenciada por todos os segmentos, de forma a se constituir um documento de interesse comum, pois o Projeto da escola não é responsabilidade apenas de sua direção, e sim de todos os elementos (VEIGA, 2001).

Novas formas de produção do planejamento e do Projeto Político-Pedagógico, novos conteúdos, grandes e belos objetivos serão letra morta, se surgirem de um processo que não contempla a participação efetiva dos agentes educacionais no processo que não contempla a participação efetiva dos agentes educacionais no processo de planejamento e na elaboração do PPP, pois este deve ser um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica, científica, e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressaltar a ação de todos os agentes da escola (FERREIRA, 1999).

A escola não pode prescindir da reflexão sobre sua intencionalidade educativa. O Projeto Político-Pedagógico passa a ser objeto prioritário de estudo e de muita discussão, não sendo somente uma carta de intenções, nem apenas uma exigência de ordem administrativa, pois deve expressar a reflexão e o trabalho realizado em conjunto por todos os profissionais da escola, no sentido de atender às diretrizes do sistema nacional de Educação, bem como às necessidades locais e específicas da clientela da escola. Com isso, concretiza-se a identidade da escola e do oferecimento de garantias para um ensino de qualidade. Foi-se o tempo da pretensão de saber de antemão qual é o projeto adequado para as escolas. Foi-se, também, o tempo em que se deixava ao diretor a responsabilidade de definir o projeto, sem ter incorporado as experiências, opiniões e aspirações daqueles que vão

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realizá-lo – a equipe escolar – e daqueles para os quais o projeto é feito – alunos e suas famílias (ANDRÉ, 2001).

Segundo Libâneo (2001), o planejamento técnico-racional deu lugar à responsabilidade compartilhada do diálogo e da criatividade, fatores necessários à elaboração do projeto pedagógico. A pluralidade desses projetos faz parte da história educacional da nossa época, pois deve ser compreendido como instrumento e processo de organização da escola, assim como as características do instituído e do instituinte.

De acordo com Vasconcellos (1995), o projeto pedagógico é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa e democrática. A introdução e a execução do projeto em qualquer escola pode ser considerado como um momento muito importante de renovação dentro da instituição escolar. Isso porque ele projeta um futuro, não com uma única visão, mas coletivamente desejado, e, projetar significa “lançar-se para frente”, antever um futuro diferente do presente, quando o “pensar individual” cede lugar ao “pensar coletivo”.

Na tentativa de uma síntese, pode-se dizer que a palavra projeto faz referência a ideia de se projetar, lançar uma ação intencional e sistemática, onde estão presentes: a utopia concreta/confiança, a ruptura/continuidade e o instituinte/instituído. Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função da promessa de cada um. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores (GADOTTI, 1998).

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3.1 – O PPP como Instrumento Político

Segundo Veiga (2001), o Projeto Político-Pedagógico, carregando o caráter de projeto de sua origem etimológica latina (projectu), cumpre a função de dar um rumo, uma direção à instituição. O projeto de escola é sempre uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente.

O Projeto Político-Pedagógico não é um conjunto de planos e projetos de professores, nem somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa, mas um produto específico, que reflete a realidade da escola como transformadora, situada em um contexto mais amplo que a influencia e que pode ser por ela influenciado. Portanto, trata-se de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional em sua totalidade. O PPP tem como propósito a explicitação dos fundamentos teóricos-metodológicos, dos objetivos, do tipo de organização e das formas de implementação e de avaliação institucional. Não é modismo e nem é documento para ficar engavetado em uma mesa na sala da direção da escola; ele transcende o simples agrupamento de planos de ensino e atividades diversificadas, pois é um instrumento do trabalho que indica rumo, direção e que deve ser construído com a participação de todos os profissionais da instituição de ensino (opus cit., 2001).

Todo Projeto Pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos. É político, no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (SAVIANI,1995).

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O Projeto Pedagógico não é uma peça burocrática e sim um instrumento de gestão e de compromisso político e pedagógico coletivo. Não é feito para ser mandado para alguém ou algum setor, mas sim para ser usado como referência para as lutas da escola. É um resumo das condições e funcionamento da escola e ao mesmo tempo um diagnóstico seguido de compromissos aceitos e firmados pela escola consigo mesma – sob o olhar atento do poder público (SAVIANI,1995).

3.2 – O PPP como Projeto de Instrumento de Transformação

O Projeto Político-Pedagógico pode e deve ser realmente um instrumento de transformação na escola. Representa a oportunidade da direção, da coordenação pedagógica, dos professores e da comunidade tomarem sua escola nas mãos, definir seu papel estratégico na educação das crianças e jovens, organizar suas ações, visando a atingir os objetivos que se propõem, pois o PPP é o ordenador, o norteador da vida escolar (LIBÂNEO, 2001).

Segundo Gadotti (1997), a palavra projeto vem do verbo projetar, lançar-se para frente, dando sempre a ideia de movimento, de mudança. Representa o laço entre presente e futuro, sendo ele a marca da passagem do presente para o futuro. É uma atividade natural e intencional que o ser humano utiliza para procurar solucionar problemas e construir conhecimentos. Gandin (1997) afirma ainda que no mundo contemporâneo, o projeto é a mola do dinamismo, se tornando um instrumento indispensável de ação e transformação.

O enfoque de construção que se pretende enfatizar na gestão do Projeto Político-Pedagógico é o da “construção negociada”, entendida como uma construção participativa e coletiva. Deve ser um processo de qualidade, com uma natureza transformadora – transformar para melhor. A qualidade possui uma natureza formadora – produz uma cultura, induz à transformação para melhor dos seus atores (BOUTINET, 2002).

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3.3 - A Construção do PPP

A elaboração de um PPP é um processo rico para todo o coletivo da instituição. Pois, ao construir os projetos das escolas, planeja-se a intenção de fazer, de realizar. Lança-se para diante, com base no que se tem, buscando com isso, o possível. Nesta perspectiva, o Projeto Político-Pedagógico vai além de um simples argumento de planos de ensino e de atividades diversas. É necessário aglutinar crenças, convicções, conhecimentos da comunidade escolar, do contexto social e científico, constituindo-se em compromisso político e pedagógico coletivo. O PPP é um documento que não se reduz à dimensão pedagógica, nem muito menos ao conjunto de projetos e planos isolados de cada professor em sua sala de aula. Ele deve ser portanto, um produto específico que reflete a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo que a influencia e que pode ser por ela influenciado. Em suma, é um instrumento clarificador da ação educativa da escola em sua totalidade (VEIGA 2001).

O PPP permite romper com a rotina do mando pessoal, da burocracia, possibilitando relações horizontais no interior da escola. Isto exige reflexões sobre a concepção de educação e sua relação com a sociedade e a escola, bem como, reflexões sobre o ser humano que se deseja formar. Portanto, o Projeto Político Pedagógico dá uma nova identidade à escola, pois se fazem necessários estudos, pesquisas e discussões entre professores, especialistas, coordenação pedagógica, alunos, ex- alunos, pais e comunidade. É um plano que apresenta o caminho do processo e ajusta a estrutura organizacional da escola à realidade e ao momento histórico vivido (GANDIN, 1997).

Falar da construção do PPP é falar de planejamento no contexto de um processo participativo. Tem como pressuposto a gestão escolar democrática e participativa e articula seus compromissos em torno da construção do projeto pedagógico da escola. Neste sentido, parte de uma concepção de educação aceita pelo coletivo e que deve unir as ações deste na escola. Inclui

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não só a comunidade interna da escola, mas envolve relações com a família e com a comunidade externa mais ampla. A escola não pode pensar em si mesma desconhecendo suas relações com seu entorno. (VEIGA, 2001).

A concepção de um Projeto Político-Pedagógico deve apresentar características, tais como: a) ser um processo participativo de decisões; b) preocupar-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições; c) explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à participação de todos no projeto comum e coletivo; d) conter opções explícitas na direção de superar problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade especifica; e) explicitar o compromisso com a formação do cidadão (FUSARI, 1998).

Pensar em Projeto Político-Pedagógico para qualquer escola, pressupõe que os educadores tenham um espaço onde possam se manifestar, que o processo da escola e suas experiências acumuladas sejam refletidas no texto. Que haja uma definição anterior sobre qual a concepção de Projeto Político Pedagógico será utilizada pelo grupo (opus cit., 1998).

A execução de um Projeto Político-Pedagógico de qualidade deve: a) nascer da própria realidade, tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas aparecem; b) ser acessível e prever as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação; c) ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola; d) ser construído continuamente, pois como produto, é também processo (idem, 2001).

Deve-se analisar o Projeto Político-Pedagógico sob duas perspectivas: como uma ação regulatória ou técnica e como uma ação emancipatória ou edificante. A inovação regulatória significa assumir o PPP como um conjunto de atividades que vão gerar um produto: um documento pronto e acabado. Neste caso se deixa de lado o processo de produção coletiva. A inovação de cunho regulatório nega a diversidade de interesses e de atores que estão

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presentes. Sob a perspectiva emancipatória, a inovação e o Projeto Político-Pedagógico estão articulados, integrando o processo com o produto porque o resultado final é não só um processo consolidado de inovação metodológica, na esteira de um projeto construído, executado e avaliado coletivamente, mas um produto inovador que provocará também rupturas epistemológicas (VEIGA, 2001).

Segundo André (2001), o Projeto Pedagógico não é somente uma carta de intenções, nem apenas uma exigência de ordem administrativa, pois deve expressar a reflexão e o trabalho realizado em conjunto por todos os profissionais da escola, no sentido de atender às diretrizes do sistema nacional de Educação, bem como às necessidades locais e específicas da clientela da escola; ele é a concretização da identidade da escola e do oferecimento de garantias para um ensino de qualidade. Libâneo (2001) afirma que o Projeto Pedagógico deve ser compreendido como instrumento e processo de organização da escola, tendo em conta as características do instituído e do instituinte.

Na tentativa de uma síntese, pode-se dizer que a palavra projeto faz referência a ideia de frentes um projetar, lançar para, a ação intencional e sistemática, onde estio presentes: a utopia concreta/confiança, a ruptura/continuidade e o instituinte/instituído. Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente (GADOTTI, 1997).

A importância do Projeto Político-Pedagógico está no fato de que ele passa a ser uma direção, um rumo para as ações da escola. É uma ação intencional que deve ser definida coletivamente, com consequente compromisso coletivo, refletindo assim, as opções e escolhas de caminhos e prioridades na formação do cidadão, como membro ativo e transformador da sociedade em que vive. Deve expressar claramente as atividades

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pedagógicas e didáticas que levam a escola a alcançar os seus objetivos educacionais. É importante que o Projeto Político-Pedagógico seja entendido na sua globalidade, isto é, naquilo que diretamente contribui para os objetivos prioritários da escola, que são as atividades educacionais, e naquilo cuja contribuição é indireta, ou seja, as ações administrativas. É também um instrumento que identifica a escola como uma instituição social, voltada para a educação, portanto, com objetivos específicos para esse fim (VEIGA, 2001).

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CAPÍTULO IV

A ESCOLA COMO ESPAÇO DE

CONSTRUÇÃO DE CIDADANIA

A política neoliberal implantada no país dificulta o fortalecimento da cidadania e da democracia, pois incorpora o discurso democrático e favorece a democracia e a cidadania de baixa intensidade. Promove mudança estrutural com reformas econômicas e políticas e exclui e compromete direitos sociais conquistados. Reconhece a importância da educação básica, mas assume um enfoque técnico-científico de seu tratamento e não valoriza o profissional da educação (CARDIA, 1996).

Em nosso país há uma profunda desigualdade social. Há privilégios para alguns e, consequentemente, a ausência de direitos, para muitos. Chama a atenção para um fator extremamente preocupante no comportamento da população, ou seja, no Brasil as desigualdades econômicas e sociais apresentam-se como uma normalidade, pois não são percebidas como injustiças graves por aqueles que as sofrem (opus cit., 1996).

O grande desafio colocado às instituições que visam contribuir para a formação de cidadãos conscientes, possibilitando a estes o exercício da cidadania ativa, é o de romper com a cultura escravocrata, clientelista e patrimonialista que embasa a formação do povo brasileiro, e que permeia as diferentes relações no conjunto das instituições sociais. A escola não está isenta dessas influências. A situação do Brasil, país colonizado com a prática da escravidão, gerou uma cultura de submissão, de autoritarismo, com comportamentos de servidão, de mando e de privilégios, em que o indivíduo é desrespeitado em sua condição fundamental de ser humano, tratado como “objeto” de manipulação dos seus “proprietários”. Enfim, ele não é considerado cidadão (WEFFORT 1991).

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Dois conjuntos de fatores influenciaram a construção da cidadania no Brasil, herdados do período de colonização portuguesa: de forma positiva, os portugueses deixaram uma enorme colônia dotada de unidade territorial, linguística, cultural e religiosa, e, de forma negativa, uma população analfabeta, uma sociedade escravista, uma economia baseada na monocultura do açúcar e no latifúndio, um Estado policial e fiscalizador, de maneira que, no final do período colonial, não havia nem cidadãos brasileiros nem pátria brasileira. Nesse período, a luta pelos direitos ficou centralizada na independência política do país e na construção da identidade nacional (COMPARATO, 1989)

4.1- Os Direitos Humanos e os Direitos Democráticos como

Formação para a Cidadania

A grande questão que se evidencia no início deste século não é mais o de fundamentar os direitos dos homens, mas de garanti-los, A dura realidade brasileira mostra que apenas a formulação de leis não garante os direitos aos cidadãos, havendo, portanto, uma diferenciação entre a proclamação do direito e a forma de desfrutá-lo (CANDAU,1995).

A política educacional é compreendida como proposta de política de governo, enquanto ação pública, no sentido do bem comum, do bem coletivo, que tem nas suas diretrizes os elementos orientadores do projeto escolar a ser efetivado na prática pedagógica. A escola, e principalmente a sala de aula, são espaços em que se concretizam as definições sobre a política e o planejamento que as sociedades estabelecem para si próprias, como projeto ou modelo educativo que se tenta pôr em ação. Sendo a política educacional parte de uma totalidade maior, deve-se pensá-la sempre em sua articulação com o planejamento mais global que a sociedade constrói como seu projeto e que se realiza por meio da ação do Estado (opus cit.,1997).

Compreende-se que a formação da cidadania está vinculada ao entendimento que se tem de democracia e dos direitos humanos em um

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determinado contexto social, cultural, político e econômico. Partindo-se do princípio de que o regime democrático é o que oferece melhor condição para o respeito aos direitos humanos, bem como a formação da cidadania, a democracia deve ser sinônimo de soberania popular com total respeito aos direitos humanos, fundada nos princípios da liberdade e da igualdade. A igualdade é entendida no sentido de igualdade diante da lei e de garantia do acesso aos bens sociais e às condições básicas necessárias a uma vida digna para todos os indivíduos. A liberdade é algo inerente à condição do ser humano, em termos da liberdade de expressão, de pensamento, de ir e vir, de participar e de intervir na construção do projeto de sociedade em que o indivíduo está inserido (COMPARATO, 1989).

Sem os direitos do homem protegidos e reconhecidos, não há democracia; sem democracia não existem as condições mínimas para solução pacífica dos conflitos, e os direitos não são assim exercitados. A democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos os direitos fundamentais (opus cit.,1989).

Algumas críticas têm sido feitas no sentido de que o surgimento dos direitos humanos teve como objetivo atender aos interesses burgueses, bem como a compreensão de que a ideia de homem enquanto cidadão é muito abstrata. A defesa desses direitos surge fundamentalmente do ideário liberal burguês, na tentativa de defender uma determinada classe social, ou seja, em favor dos direitos pessoais e do patrimônio da classe burguesa. Mas, ao mesmo tempo, é necessário compreender a contradição posta para a sociedade no momento em que os direitos são declarados, considerados universais, e não são respeitados pelo próprio Estado que os referendou (idem, 1989).

Deve-se dar grande importância ao homem, de forma a possibilitar o exercício da cidadania democrática, pois os direitos humanos são aqueles direitos comuns a todo ser humano. São aqueles direitos que decorrem do reconhecimento da dignidade intrínseca do homem (CHAUÍ,1989).

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Os direitos humanos independem do reconhecimento formal dos poderes políticos – por isso são universais, naturais, históricos e interdependentes. Embora devam ser garantidos por esses poderes, a igualdade aqui defendida não tem relação com as condições físicas, intelectuais ou psicológicas, pois cada pessoa tem sua individualidade, sua personalidade, sua cultura, sua religiosidade, e tem de ser respeitada. As pessoas são diferentes, mas se apresentam iguais enquanto seres humanos, tendo as mesmas necessidades e faculdades essenciais. São, portanto, portadoras dos mesmos direitos (SILVA, 2000).

O fundamento de todos os direitos é o direito à vida, pois sem ela os outros não existiriam. Além de serem universais, naturais e históricos, os direitos humanos são indivisíveis e interdependentes, porque à medida que são acrescentados ao rol dos direitos fundamentais da pessoa, eles não podem mais ser fracionados (PINHEIRO, 1999).

A ideia de cidadania está intimamente relacionada às condições básicas para participar da vida pública, o que exige assegurar o direito que significa a cidadania democrática. Entende-se que esta é uma forma de contraposição à cidadania liberal, que tem predominado na história do nosso país. A construção da cidadania democrática exige o controle dos cidadãos sobre os governantes, como forma de proteção contra o poder arbitrário. Os direitos humanos são, na verdade, todos os direitos dos seres humanos, e por isso, devem ter assegurados, desde o nascimento, as condições mínimas necessárias para se tornarem úteis à humanidade, como também devem ter a possibilidade de receber os benefícios que a vida em sociedade pode proporcionar. É a esse conjunto de condições que se dá o nome de direitos humanos (opus cit., 1998).

A situação de marginalidade dos direitos denomina-se “cidadanias

mutiladas”, ou seja, aquelas manifestadas pela negação das oportunidades

de ingresso ao trabalho, nas diferenças de remuneração entre homens e mulheres e nas oportunidades de promoção, na inexistência de educação, do

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não atendimento à saúde, à habitação e ao lazer. Deve ser considerado cidadão, todo indivíduo que tem a capacidade de entender o mundo, de compreender a sua condição como ser humano no mundo e de conhecer os seus direitos para poder reivindicá-los (SILVA, 2000).

Ao tratar dos fundamentos da educação para a cidadania, parte-se, inicialmente, do princípio de que a educação é essencial à formação da cidadania democrática, sendo esta entendida como a concretização dos direitos políticos, civis e sociais que permitem ao indivíduo a inserção na sociedade. A educação, nesta perspectiva, deve possibilitar ao cidadão à transposição da marginalidade para a materialidade da cidadania. Ela é um dos seus atributos, faz parte da sua essência. Não é possível pensarmos na sua conquista sem educação, embora há a clareza, também, dos seus limites, principalmente no mundo globalizado em que os meios de comunicação exercem uma forte influência na formação dos indivíduos. A educação para a cidadania é uma promessa não cumprida, apesar de terem os discursos sobre democracia, nos últimos séculos, incorporado a ideia de que a única forma da pessoa transformar-se em cidadão é garantir-lhe o direito à educação (opus

cit., 2000).

4.2- O Papel Social da Escola

Não basta garantir o acesso e permanência do indivíduo na escola; é imprescindível reavaliar a finalidade da educação, seus objetivos e o papel social da escola, de forma a poder responder às novas exigências que emergem na sociedade, entre estas as questões referentes aos direitos humanos e à cidadania. Educar nesta direção é compreender a prática da vida em todas as instâncias de convívio social dos indivíduos: na família, na escola, no trabalho, na comunidade, na igreja e no conjunto da sociedade. É trabalhar com a formação de hábitos, atitudes e mudanças de mentalidades, calcada nos valores da solidariedade, da justiça e do respeito ao outro, em todos os níveis e modalidades de ensino. Dessa forma entende-se, que a formação para a cidadania requer uma educação voltada para a participação

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da vida pública, o que implica na tomada de consciência dos direitos e deveres do cidadão, uma educação para a ética na política e em todos os setores da vida, que consiste na formação através da valorização e do desenvolvimento das virtudes democráticas (BENEVIDES, 1991).

A escola deve ser um espaço possível para a realização da tarefa de educar para a formação da cidadania. A instituição escolar deve ser um lugar privilegiado para a educação em direitos humanos, por que é onde se dá a transmissão cultural e a formação para a convivência social. Ela se encarrega de transmitir cultura, valores e hábitos às novas gerações. A educação, assim, voltada para a cidadania, irá decorrer de uma opção radical pelos valores democráticos (opus cit., 1991).

Educar para a cidadania, tomando-se por base os valores democráticos, significa desenvolver conteúdos e práticas no sentido da escola assumir seu papel democratizante, ou seja, é a que assume o compromisso de capacitar os indivíduos para serem atores, ensina a respeitar a liberdade do outro, os direitos individuais, a defesa dos interesses sociais e os valores culturais (idem,1991).

A escola democratizante deve estar associada à ideia da aquisição de competências. Será, assim, um espaço onde se formam as crianças e os jovens para serem construtores ativos da sociedade na qual vivem e exercem sua cidadania. A proposta educativa deve ter como eixo central a vida cotidiana. É importante que a escola, na sua proposta metodológica, considere-a como referência da ação educativa. O conhecimento da realidade é o ponto de partida no sentido de possibilitar ao aluno diferentes estágios, de aprendizagem: conhecer, compreender a realidade social e apresentar propostas para sua melhoria e verdadeira transformação. É na trama diária das relações, emoções, perguntas, conflitos, socialização e produção do conhecimento que se cria e recria continuamente a nossa existência. Os acontecimentos do cotidiano, propostas e políticas governamentais são conteúdos que devem fazer parte do currículo escolar. É importante que o

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aluno perceba as tramas e complexidades em que são engendradas as políticas públicas e as suas determinações (CANDAU, 2000).

A escola deve ser um local de exercício permanente da cidadania ativa. Os sujeitos do trabalho escolar devem ser vistos como os autores e atores do projeto pedagógico nas suas diferentes etapas: planejamento, elaboração, execução e avaliação. A prática educativa deve buscar a superação das práticas autoritárias como condição para a existência da escola democrática, tendo o compromisso com uma sociedade que tem como base a afirmação da dignidade da pessoa humana. Esse compromisso requer a afirmação de valores como a solidariedade, a justiça e a ética (CARDIA, 1996).

É papel da escola trabalhar as competências básicas, cumprindo assim, a sua função social, que é o de garantir a socialização dos conhecimentos básicos à formação do cidadão. Trabalhar nesta perspectiva é vivenciar processos de sensibilização, percepção e reflexão sobre a temática, o que implica também mudança de mentalidade, cujo caminho se dá através da formação inicial e continuada dos educadores (opus cit.,1996).

Referências

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