SISTEMA DE ENSINO
PROCESSUAL PENAL
vado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Po-lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen-te), PRF (AgenAgen-te), Ministério da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).
1. Introdução ...4
1.1. Procedimento Comum ...5
1.2. Procedimento Especial ...7
1.3. Procedimento Comum Ordinário ...8
1.4. Procedimento Comum Sumário ...19
1.5. Procedimento Comum Sumaríssimo ...22
Resumo ...28
Questões de Concurso ...35
Gabarito ...48
1. Introdução
Querido(a) aluno(a), nesta aula, vamos iniciar os estudos de assunto bastante chato, mas também importante para um bom entendimento da disciplina: os
PRO-CEDIMENTOS.
Esta aula terá mais de uma parte haja vista que seu conteúdo é muito extenso. Na aula de hoje, vamos abordar os seguintes tópicos:
Cena do Seriado “Boston Legal” – Justiça Sem Limites
Você já sabe que o Direito Processual Penal é uma disciplina de direito adjetivo, voltado principalmente para a forma por meio da qual os ritos processuais devem ser realizados.
Embora existam muitas normas híbridas, mistas, que tratam de conteúdo tanto de direito substantivo quando de direito adjetivo, predominam, no CPP, as nor-mas de conteúdo adjetivo, formal, que tratam da maneira como os atos devem ser executados.
E é sob esse prisma que estão dispostas as normas dos chamados
PROCEDIMEN-TOS, contidas no CPP e essenciais para o regular exercício do devido processo legal.
Começando pelo art. 394, o CPP nos apresenta uma série de regramentos, os chamados processos em espécie, contendo os elementos e detalhes neces-sários para que o Estado possa conduzir regularmente o processo penal e aplicar o Direito Penal ao caso concreto.
São as normas procedimentais que irão responder como efetivamente deve
ser conduzido um julgamento perante o tribunal do júri, por exemplo!
Tais normas, embora MUITO maçantes, são importantíssimas para o Estado De-mocrático, tendo em vista que garantem que todos sejamos julgados com base em um procedimento padrão, seguindo um mesmo rito.
Dito isso, vamos iniciar a análise do procedimento comum, a primeira (e mais importante) espécie de procedimento regulado pelo CPP.
1.1. Procedimento Comum
O procedimento comum está previsto a partir do art. 394 do CPP, pelo qual ini-ciaremos nosso estudo:
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.
ou sumaríssimo. A diferenciação dessas categorias é realizada ainda no parágrafo
primeiro, em seus incisos:
Art. 394.
I – ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II – sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III – sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
Essa classificação é muito importante para fins de prova. Os examinadores em geral gostam muito de cobrar que o aluno indique qual o tipo de procedimento deve ser utilizado em um processo de uma determinada infração penal.
Lembre-se de que Infração de Menor Potencial Ofensivo é a categoria que abran-ge as contravenções penais e delitos cuja pena MÁXIMA não ultrapasse 2 anos!
A previsão de MULTA não influi na seleção do procedimento a ser utilizado em um determinado processo penal.
1.2. Procedimento Especial
Embora não seja nosso objeto de estudo para a aula de hoje, o procedimento especial nada mais é do que um conjunto de procedimentos previstos para casos específicos, que estão listados tanto no CPP quanto em legislação extravagante.
Por hora, basta que você saiba o seguinte:
O procedimento COMUM é a REGRA GERAL do CPP. O procedimento especial só pode ser aplicado quando a lei EXPRESSAMENTE prevê essa possibilidade!
É o que diz o art. 394, parágrafo segundo, CPP:
Art. 394.
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial.
Outro ponto importante é o seguinte: mesmo quando os procedimentos
espe-cial, sumário ou sumaríssimo são aplicáveis, o procedimento comum ainda poderá ser aplicado de forma SUBSIDIÁRIA, em caso de necessidade!
Essa previsão também está no art. 394, porém no § 5º:
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
Portanto, na hipótese de que as normas dos procedimentos sumário, sumaríssi-mo ou especial não sejam suficientes para o bom andamento do processo, poderá ser utilizado o procedimento comum de forma complementar.
Agora que já conhecemos o conceito de procedimento comum, as situações em que este é aplicável e a sua característica de regra geral, podemos estudar em de-talhes a sua primeira espécie: o procedimento comum ordinário.
1.3. Procedimento Comum Ordinário
O procedimento comum ordinário está previsto entre os artigos 395 e 405 do CPP. Como você já sabe, este é o procedimento que contém o conjunto de atos processuais que são utilizados nos casos de crimes cuja sanção máxima é igual
ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade.
Uma vez que conhecemos esse requisito, vamos falar, na prática, como funciona o procedimento comum ordinário. O primeiro passo é simples: a análise da denúncia.
Rejeição ou Recebimento da Denúncia
O primeiro passo, portanto, é tomado pelo magistrado, que analisa a denúncia oferecida pelo MP e decide rejeitá-la ou aceitá-la. Essa decisão deve ser tomada levando em consideração os pressupostos do art. 395 do CPP:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I – for manifestamente inepta;
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Caso o magistrado perceba que está diante de algum dos três casos acima, de-verá rejeitar a denúncia!
A rejeição da denúncia pelos pressupostos acima tem natureza PROCESSUAL. Isso significa que é possível a chamada REPROPOSITURA da ação penal – basta que o MP sane o vício encontrado pelo magistrado!
Certo. Uma vez sanados (ou inexistentes) os problemas na denúncia (ou quei-xa), o juiz pode receber a denúncia, ato em que efetivamente está ajuizada a
ação penal!
Em caso de dúvida sobre o recebimento da denúncia, aplica-se o princípio in dubio
pro societate, e NÃO o princípio do in dubio pro reo.
Ou seja, na dúvida, a decisão do magistrado deve ser a favor da sociedade, e não do réu, de modo que este deverá RECEBER a denúncia, e não rejeitá-la!
Consequência do Recebimento da denúncia
Tendo em vista que o juiz recebeu a denúncia, e que agora passamos a consi-derar que a ação penal está ajuizada, ocorre uma primeira consequência importan-tíssima: interrompe-se a prescrição do delito (art. 117, I, CP).
Nesse sentido, é importante observar que, segundo o STF, se a denúncia for recebida por juízo ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE, a prescrição não será
inter-rompida (Informativo n. 555). Citação do Acusado
para o acusado de que foi recebida uma denúncia contra ele, para que ele possa defender-se. Tal ciência é dada através da citação do acusado, conforme previsão do art. 396 do CPP:
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Sob o prazo aqui prescrito não há opção: Tem que saber! O examinador adora cobrar prazos... e, dessa forma, não temos outra opção, senão a de apelar para a nossa já sobrecarregada memória de concurseiro.
Embora não seja o objeto dessa aula, também é importante lembrar que CITA-ÇÃO é o ato de dar ciência a alguém de que está sendo acusado de algo, enquanto que INTIMAÇÃO é dar ciência da prática de um ato, seja um ato futuro ou que já foi realizado. Na hora da prova, não confunda os termos!
Resposta Escrita
Em seguida, após citado o acusado, que agora já está ciente de que está sendo processado penalmente, temos a chamada resposta escrita à acusação, que
tam-bém deve ser oferecida no prazo de 10 dias.
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pre-tendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Note como é extenso o rol de medidas que podem ser tomadas pelo acusado quando responder à acusação contra ele oferecida. É importante conhecer a litera-lidade deste artigo, que é outro favorito dos examinadores.
Segundo a doutrina, o art. 396-A manifesta o princípio chamado de
concentra-ção de matéria de defesa, segundo o qual todas as matérias (sejam processuais
Segundo a doutrina, a resposta escrita do réu é uma PEÇA OBRIGATÓRIA do pro-cesso penal. Sua ausência gera NULIDADE ABSOLUTA!
Em outras palavras, se o acusado não apresentar sua defesa escrita ou sequer constituir um defensor técnico (internacionalmente conhecido como advogado), o juiz deverá nomear um defensor dativo e lhe conceder 10 dias para que possa examinar os autos e oferecer uma resposta adequada aos moldes do CPP:
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
Vistas à Parte Autora
Uma vez oferecida a resposta da defesa técnica do acusado, segundo a dou-trina, deve ser concedida vista dos autos ao MP ou ao ofendido (em caso de ação penal privada) para que este possa manifestar-se, no prazo de 5 dias.
A previsão acima é apenas DOUTRINÁRIA, realizada por analogia do procedimento do júri. O CPP não prevê expressamente esse procedimento.
Absolvição Sumária
Após esse momento, o magistrado já está de posse da denúncia (que já foi re-cebida), e da resposta escrita a acusação, enviada pelo acusado por meio de sua defesa técnica.
Segundo o princípio da concentração de matéria de defesa, o acusado deve juntar tanto questões materiais quanto processuais, nesse primeiro momento. Tal princípio tem uma razão de ser:
A depender das alegações do acusado, o juiz poderá, desde logo, pro-mover sua absolvição sumária!
Ocorre o que a doutrina chama de julgamento antecipado da lide, na qual existe a verdadeira possibilidade de uma decisão de mérito da causa. Em palavras menos chiques: o juiz julga e decide antes mesmo da audiência de instrução!
Obviamente, decidir antecipadamente pela absolvição sumária é algo excepcio-nal, e o CPP prevê expressamente os casos em que tal procedimento é possível:
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inim-putabilidade;
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou; IV – extinta a punibilidade do agente.
Vejamos um exemplo:
É oferecida uma denúncia contra um policial em serviço, pelo delito de homicídio dolo-so. Na etapa de oferecimento da resposta escrita do acusado (após sua devida citação), sua defesa técnica faz a juntada de provas de que houve legítima defesa (o policial reagiu a injusta agressão, atual ou iminente, para defender a própria vida de disparos de um terceiro).
Note que existe uma manifesta existência de causa excludente de ilicitude
(le-gítima defesa), de modo que deve o juiz absolver sumariamente o acusado, se
estiver convencido da validade das provas juntadas pela defesa!
Outro exemplo clássico é a prescrição do delito. Na prescrição, o Estado perde o direito de exercer sua pretensão punitiva pelo decurso do prazo (ou seja, o Esta-do demorou demais para punir o infrator). Caso isso ocorra, opera-se a chamada
extinção da punibilidade, motivo pelo qual o juiz também deverá absolver
su-mariamente o agente, por força do inciso IV do art. 397.
Esquematizando!
Vamos dar um intervalo em nosso estudo e, antes de seguir adiante, esquemati-zar as etapas que estudamos até agora, de modo que você possa entender melhor o fluxo processual apresentado:
Audiência de Instrução e Julgamento
Bom, você já sabe que o MP ofereceu a denúncia e o magistrado entendeu pelo seu recebimento. O acusado foi citado, defendeu-se, e o juiz não viu nenhuma causa de absolvição sumária presente na defesa técnica inicialmente apresentada. O próximo passo, naturalmente, é a realização da audiência!
O procedimento inicia-se com a intimação do acusado, de seu defensor, do MP (ou querelante, na ação penal privada) para a realização da audiência. Aqui,
por-tanto, temos uma intimação sobre um ato processual que ainda será realizado (no caso, a audiência em si).
Vejamos o que diz o CPP:
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
§ 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação.
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
O primeiro ponto é bastante simples: se o acusado estiver preso, será
requisi-tado para seu interrogatório, e cabe ao poder público providenciar para que seja regularmente apresentado.
O segundo ponto, por sua vez, é fundamental, pois manifesta o princípio da
identidade física do juiz. Seria temerário que um juiz presidisse a audiência e
outro realizasse o julgamento da causa, pois é necessário que o juiz tenha o domí-nio de todas as circunstâncias para emitir um julgamento justo e imparcial.
Como é altamente questionável uma tomada de decisão por parte de um ma-gistrado que pode não ter se inteirado devidamente dos fatos, nasce o parágrafo segundo: o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Prazo para Realização da Audiência
O prazo para realização da audiência de instrução e julgamento é de no máximo 60 dias, segundo o art. 400 do CPP:
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o dis-posto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acarea-ções e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
Descumprido o prazo do art. 400, se o acusado estiver preso, deve ocorrer o rela-xamento de sua prisão!
Seguindo em frente, temos o seguinte:
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consi-deradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.
Como leciona Leonardo Barreto, o trecho acima apresenta o chamado princípio
da concentração dos atos processuais, segundo o qual todas as provas serão
pro-duzidas em uma só audiência. Merece especial atenção o fato da possibilidade de
o magistrado indeferir provas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
Ainda sobre o art. 400, reitero a importância de sua leitura e releitura. Tal nor-ma apresenta a ordem em que os procedimentos são realizados na audiência, e até esse ponto costuma ser cobrado pelos examinador!
Número de Testemunhas
Outro ponto RECORRENTE em provas de concursos é a questão do número de
testemunhas que podem ser arroladas em cada espécie de procedimento. Este é
outro ponto que você precisa dominar.
Por força do art. 401 do CPP, para o procedimento comum ordinário, na instrução poderão ser ouvidas 8 testemunhas de acusação e 8 de defesa. Entre-tanto, cuidado:
São 8 testemunhas POR FATO DELITIVO!
Logo, se o indivíduo for acusado de três infrações penais diferentes, poderá ar-rolar 24 testemunhas em sua defesa, por exemplo.
Na prática, essa previsão acaba gerando bastante polêmica. Quer ver uma situ-ação real que ganhou bastante notoriedade? Veja só:
A defesa do ex-Presidente Lula arrolou, em um determinado processo, 87 tes-temunhas. Curiosamente, conforme você acabou de estudar, essa quantidade é perfeitamente possível: desde que ele estivesse sendo acusado de 11 crimes
em sede de procedimento comum ordinário, o que permitiria que ele
arrolas-se, efetivamente, 88 testemunhas!
Ainda sobre essa questão, é importante observar o seguinte:
Diligências finais
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.
Se considerarem que é necessário, tanto o MP, o querelante e o assistente,
circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Lembre-se de que o requerimento é um pedido, diferentemente da requisição (que possui caráter de ordem).
Alegações Finais
Por fim temos as alegações finais, cuja normatização está presente nos artigos 403 e 404 do CPP:
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão ofereci-das alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. § 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
Esse artigo é um prato cheio para o examinador: cheio de prazos (em minutos e dias, como se nós já não tivéssemos problemas suficientes). Como de praxe, va-mos esquematizar!
O chamado memorial nada mais é que uma alegação final na forma escrita (acei-tável em casos de grande número de acusados ou de grande complexidade. Segundo
o STJ, inclusive, se o juiz aceitar a apresentação escrita em casos cuja
complexi-dade não justifique tal medida, não haverá nulicomplexi-dade (apenas irregularicomplexi-dade). Sentença
O penúltimo passo é a sentença. Via de regra, o juiz sentencia logo após as
sus-tentações orais, na própria audiência. Entretanto, como você já sabe, também
pode fazê-lo por escrito, no prazo de 10 dias, em casos de grande complexidade.
Registro
Por fim deve ser lavrado o termo da audiência, em livro próprio, contendo um resumo do que ocorreu:
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos.
§ 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofen-dido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, esteno-tipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações.
§ 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.
Note que o CPP fala da preferência pelo registro de depoimentos por meios au-diovisuais, para uma maior fidelidade de informações. E que, no caso da utilização de tal procedimento, deve ser encaminhado às partes cópia dos registros audiovi-suais realizados.
Resumo do Procedimento Comum Ordinário
1.4. Procedimento Comum Sumário
O procedimento comum sumário é aquele utilizado no processo de delitos cuja pena máxima cominada não ultrapassa quatro anos, excetuadas as
infra-ções de menor potencial ofensivo, que ficam sob a tutela do procedimen-to comum sumaríssimo.
Tanto o procedimento sumário quanto o sumaríssimo buscam o mesmo objetivo:
enxugar o rito do procedimento ordinário, de forma a dar mais celeridade em
casos penais que são menos complexos e que envolvem delitos menos graves.
Felizmente para nós concurseiros, tanto o procedimento comum sumário quan-to o sumaríssimo têm como origem o procedimenquan-to comum ordinário, que, como você também já sabe, pode até mesmo ser aplicado subsidiariamente.
Desse modo, para que você aprenda como funciona o procedimento comum su-mário, basta entender as diferenças entre este procedimento e o comum ordinário (o qual já estudamos em detalhes).
Uma vez que você dominar as diferenças, fica fácil: você vai saber diferenciar ambos os procedimentos e vai acertar tudo na hora da prova!
Número de Testemunhas
A primeira diferença entre o procedimento comum sumário e o ordinário está no número de testemunhas que podem ser arroladas. No procedimento comum ordinário, como você já sabe, são 8 por delito, para cada parte. No procedimento sumário, são 5!
CAPÍTULO V
DO PROCESSO SUMÁRIO
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5 (cinco) pela defesa.
Oralidade
Um dos objetivos do procedimento sumário é tornar o processo mais célere. E uma das mudanças que permitem tal evolução é a redução de atos realizados
pela forma escrita.
Enquanto no procedimento comum ordinário existe a possibilidade de alegações finais tanto na forma oral quanto na forma escrita, a depender da complexidade do fato, o procedimento sumário admite apenas as sustentações orais!
Segundo a doutrina, caso o juiz possibilite a apresentação de alegações finais es-critas, também estaremos diante de mera irregularidade. Entretanto, tal decisão pode resultar no relaxamento da prisão do réu, e ensejar providências correcionais contra o juiz que optou por proceder dessa maneira.
Seguindo o mesmo raciocínio, a sentença também deve ser prolatada de
forma oral, aplicando-se o mesmo regramento de responsabilização do
magistra-do e de relaxamento de prisão caso o juiz decida por sentenciar de maneira escrita.
Diligências
Enquanto o processo ordinário admite uma fase de diligências, no procedi-mento sumário, tal fase deixa de existir. Concluídas a audiência de instrução e julgamento. Portanto, não haverá a possibilidade de requerer diligências, de modo que as partes DEVERÃO passar diretamente para as suas alegações finais (que como observado no tópico anterior, deverão ser realizadas de forma obriga-toriamente oral).
Prazo
A última diferença entre o procedimento comum ordinário e o sumário está no
PRAZO para a realização da audiência.
Ao passo que, no procedimento ordinário, são 60 dias; no procedimento su-mário, o prazo é de apenas 30 dias, por força do art. 531 do CPP (cuja leitura é importante, pois também pode ser cobrado em sua literalidade):
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à in-quirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressal-vado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate.
Esquematizando! Procedimento Ordinário x Sumário
1.5. Procedimento Comum Sumaríssimo
Temos ainda o procedimento comum sumaríssimo, aplicável às infrações de me-nor potencial ofensivo (delitos de até 2 anos de pena máxima e contravenções penais).
O procedimento comum sumaríssimo não é regulado pelo CPP, e sim pela Lei n. 9.099/1995!
Se você digitar “sumaríssimo” no CPP, vai ver que só irão aparecer três menções a esse termo. Isso porque, embora o CPP cite a existência de tal procedimento, ele não o regula – quem o faz é a Lei dos Juizados Especiais, em seus artigos 77 a 83.
Dito isso, vamos utilizar a mesma abordagem que utilizamos para o procedi-mento comum sumário: vamos comparar e citar as diferenças entre o
procedimen-to sumaríssimo e os demais, de modo que você vai dominar os ponprocedimen-tos importantes de forma residual.
Denúncia
A primeira e mais marcante diferença do procedimento sumaríssimo está na denúncia (ou queixa), realizada de forma oral!
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
“Professor, isso significa que a denúncia não está fundamentada em nenhum documento?”
Calma! Não é isso. A denúncia será realizada de forma oral, mas irá tomar por base o chamado Termo Circunstanciado (TC).
Termo Circunstanciado
Segundo o art. 69 da Lei n. 9.099/1995, nos casos de Infração de Menor Potencial Ofensivo, a autoridade policial não irá tombar um Inquérito Policial, e sim irá lavrar um Termo Circunstanciado (TC) para formalizar a autuação do agente delitivo.
Dessa forma, haverá um lastro documental para o oferecimento da denúncia de forma oral. Note, ainda, que tal denúncia será reduzida a termo, o qual é
entre-gue uma cópia ao acusado!
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designa-ção de dia e hora para a audiência de instrudesigna-ção e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
Citação
A infração de menor potencial ofensivo segue um fluxo processual um pouco diferente, pois, em seu trâmite, existe a chamada audiência preliminar.
Antes que se possa adentrar a audiência de instrução e julgamento (com a qual você já está familiarizado), o autor de uma infração de menor potencial ofensivo comparece a uma audiência preliminar, na qual diversos institutos podem ser aplicados (tais como a transação penal, a suspensão do processo, entre outros).
Não vamos adentrar tais institutos despenalizadores na aula de hoje, não se pre-ocupe. Por hora, o que eu preciso que você entenda é o seguinte: existe uma
É na audiência preliminar, após receber a cópia da denúncia ou queixa, que o réu é CITADO e cientificado de que deve comparecer à audiência de instru-ção e julgamento, assim como acontece com as demais partes envolvidas!
Por esse motivo, audiência preliminar facilita e torna mais célere o processo sumaríssimo, visto que o procedimento de citação, que usualmente demanda uma citação por mandado e o deslocamento de um oficial de justiça já é realizado ime-diatamente após o oferecimento da denúncia!
Tal benefício só não ocorrerá em uma situação: se o acusado não estiver
pre-sente na audiência preliminar. Se isso ocorrer, não há remédio: a citação deve
seguir o fluxo regular do CPP, visto que o juiz deverá encaminhar as peças exis-tentes ao juízo comum para que adote os procedimentos previstos em lei (art. 66, parágrafo único da Lei n. 9.099/1995).
Dica de Leitura
Deixe-me fazer uma breve pausa no conteúdo para fazer a seguinte observa-ção: muitos alunos me enviam mensagens perguntando se eu costumo estudar a
letra da lei. A resposta é que SIM! Estudar a letra da lei – principalmente em
Di-reito Processual Penal – é fundamental. Uma grande parcela das questões se
restringe meramente à cobrança da literalidade dos artigos!
Por esse motivo, recomendo sempre o estudo de nossas aulas e depois a sua complementação com a leitura do texto de lei. No entanto, como o CPP é bastante extenso, precisamos nos direcionar para ler realmente apenas aquilo que importa.
Sobre o assunto da aula de hoje, recomenda-se a leitura dos seguintes
• Código de Processo Penal: 394 a 405. • Lei n. 9.099/1995: art. 77 a 86.
Uma vez que fizemos essa breve observação, devemos retornar à comparação entre o procedimento sumaríssimo e os demais procedimentos contidos no CPP.
Audiência de Instrução e Julgamento
Após os procedimentos que você já conhece (que tratam da audiência prelimi-nar), finalmente chegamos à audiência de instrução e julgamento, que, no caso do procedimento sumaríssimo, também possui suas peculiaridades:
• A audiência de instrução e julgamento no procedimento sumaríssimo é o mo-mento em que o defensor apresenta a defesa preliminar, em resposta oral
à acusação formulada.
• Após tal sustentação oral, é que o juiz decide se recebe ou rejeita a
de-núncia ou queixa.
• Se o juiz receber a denúncia (ou queixa), realizam-se as oitivas, nessa or-dem: vítima, testemunhas de acusação e de defesa, réu.
• Se for necessário, o juiz deve determinar a condução coercitiva de quem deva comparecer. A lei determina, inclusive, que nenhum ato seja adiado! (art. 80 da Lei n. 9.099/1995).
• Por fim, ocorrem as sustentações orais e a prolação da sentença, que deve ser realizada de forma oral, DISPENSADO o relatório!
Número de Testemunhas
Ao contrário do que ocorre com os demais ritos que estudamos na aula de hoje, a Lei n. 9.099/1995 NÃO determina o número adequado de testemunhas do rito sumaríssimo.
O trabalho fica, portanto, nas mãos da doutrina, que majoritariamente fala em 5 – seguindo o mesmo molde do procedimento sumário.
Além disso, a Lei n. 9.099/1995 também NÃO fala no tempo recomendável das sustentações orais, de modo que a doutrina também defende a aplicação dos pra-zos, por analogia, do procedimento sumário.
Esquematizando! Procedimento Sumaríssimo
E, com isso, finalizamos nossa exposição sobre os procedimentos comum,
su-mário e sumaríssimo. Na próxima aula, vamos adentrar os demais
RESUMO
Procedimento Comum
• Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
• Procedimentos especiais nada mais são do que um conjunto de procedimen-tos previsprocedimen-tos para casos específicos, que estão listados tanto no CPP quanto em legislação extravagante.
• O procedimento comum está dividido em três categorias: ordinário, sumário ou sumaríssimo
• A previsão de MULTA não influi na seleção do procedimento a ser utilizado em um determinado processo penal.
Procedimento Comum Ordinário
• Inicia-se com a Rejeição ou Recebimento da Denúncia:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I – for manifestamente inepta;
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.
• Se a denúncia for recebida, interrompe-se a prescrição do delito. • Cita-se o acusado.
• Abre-se espaço para a resposta escrita à acusação, no prazo de 10 dias. – Segundo a doutrina, a resposta escrita do réu é uma PEÇA OBRIGATÓRIA
• Uma vez oferecida a resposta, abre-se Vistas à parte Autora – O prazo é de 5 dias.
– A previsão acima é apenas DOUTRINÁRIA, realizada por analogia do proce-dimento do júri. O CPP não prevê expressamente esse proceproce-dimento.
• Após esse momento, se o juiz identificar os pressupostos, pode decretar a absolvição sumária do réu.
• É admissível a absolvição sumária nos seguintes casos:
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inim-putabilidade;
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou; IV – extinta a punibilidade do agente.
• Passa-se à audiência de instrução e julgamento.
• O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença! • Prazo para realização da audiência:
– prazo máximo de 60 (sessenta) dias;
– descumprido tal prazo, se o acusado estiver preso, deve ocorrer o relaxa-mento de sua prisão!
• As provas serão produzidas em uma só audiência:
– é o chamado princípio da concentração dos atos processuais. • Número de Testemunhas:
• Passam-se às Diligências finais, que podem ser requeridas (não tem caráter vinculante).
• O próximo passo são as Alegações Finais: – 20 minutos + 10 minutos para acusação; – 20 minutos + 10 minutos para a defesa. – assistente do MP possui também 10 minutos;
– caso se manifeste, a defesa ganha mais 10 minutos;
– em casos complexos, as alegações finais podem ser preparadas na forma escrita.
• Prazo de 5 dias.
• Em casos complexos, o juiz possui 10 dias para sentenciar, também na forma escrita.
• A sentença, via de regra, é oral e prolatada na própria audiência. Resumo esquematizado do Procedimento Comum:
Procedimento Comum Sumário
• Tem por objetivo enxugar o rito do procedimento ordinário, de forma a dar mais celeridade em casos penais que são menos complexos e que envolvem delitos menos graves
• Diferenças para o rito ordinário: • Número de testemunhas:
– 5 testemunhas por fato delitivo. • Rege-se pela oralidade.
• Segundo a doutrina, caso o juiz possibilite a apresentação de alegações finais escritas, também estaremos diante de mera irregularidade.
• A sentença também deve ser prolatada de forma oral. • Não há fase de diligências.
• Gráfico comparando os dois ritos:
Procedimento Comum Sumaríssimo
• O procedimento comum sumaríssimo não é regulado pelo CPP, e sim pela Lei n. 9.099/1995!
• É aplicável às infrações de menor potencial ofensivo.
• A primeira e mais marcante diferença do procedimento sumaríssimo está na denúncia (ou queixa), que é realizada de forma oral.
– A denúncia será realizada de forma oral, mas irá tomar por base o chamado Termo Circunstanciado (TC).
– Além disso, a denúncia será reduzida a termo, do qual é entregue uma có-pia ao acusado!
• Existe uma audiência preliminar para possibilitar a aplicação de institutos despenalizadores da Lei n. 9.099/1995.
– Citação: em regra, ocorre na audiência preliminar.
– Se o acusado não estiver presente na audiência preliminar, a citação deve seguir o fluxo regular do CPP.
• A audiência de instrução e julgamento no procedimento sumaríssimo é o mo-mento em que o defensor apresenta a defesa preliminar, em resposta oral à acusação formulada.
– Após tal sustentação oral é que o juiz decide se recebe ou rejeita a denún-cia ou queixa.
• Se o juiz receber a denúncia (ou queixa), realizam-se as oitivas, nessa or-dem: vítima, testemunhas de acusação e de defesa, réu.
• Se for necessário, o juiz deve determinar a condução coercitiva de quem deva comparecer. A lei determina, inclusive, que nenhum ato seja adiado! (Art. 80 da lei 9099/95).
• Por fim, ocorrem as sustentações orais e a prolação da sentença, que deve ser realizada de forma oral, DISPENSADO o relatório!
• A Lei n. 9.099/1995 não prevê o número de testemunhas no rito sumaríssimo. – A doutrina majoritária apoia a utilização de 5 testemunhas, por analogia ao
procedimento sumário.
QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/TJ-AL/JUIZ) Acerca do procedimento comum ordinário,
assina-le a opção correta.
a) No direito processual penal, não vigora o princípio da identidade física do juiz, previsto na lei processual civil.
b) O juiz deverá, inicialmente, interrogar o acusado, para, em seguida e sucessi-vamente, ouvir as testemunhas e o ofendido.
c) Em regra, as alegações finais serão orais, mas o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de cinco dias sucessivamente para a apresentação de memoriais.
d) Na instrução, poderão ser inquiridas até oito testemunhas arroladas pela acu-sação e oito, pela defesa, compreendidas nesses números aquelas que não pres-tem compromisso.
e) A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, inclusive as testemunhas do juízo.
Questão 2 (FCC/SCJ-BA/AGENTE PENITENCIÁRIO) Quanto ao procedimento
co-mum ordinário disciplinado no Código de Processo Penal, é CORRETO afirmar que
a) o acusado poderá responder à acusação, por escrito, no prazo de quinze dias.
b) produzidas as provas, e não sendo requeridas diligências, serão oferecidas ale-gações finais escritas, pela acusação e pela defesa.
c) depois de apresentada a resposta à acusação, o Juiz deverá absolver sumaria-mente o acusado, se verificadas as hipóteses previstas na lei.
d) na instrução deverão ser inquiridas, no mínimo, oito testemunhas arroladas pela acusação e oito pela defesa.
e) tem por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a dois anos de pena privativa de liberdade.
Questão 3 (FCC/TJ-RJ/TÉCNICO) No procedimento comum ordinário, a acusação
e a defesa poderão arrolar cada qual até
a) dez testemunhas.
b) três testemunhas.
c) oito testemunhas.
d) cinco testemunhas.
e) seis testemunhas.
Questão 4 (TJ-AC/JUIZ) No processo penal, especificamente no procedimento
co-mum ordinário, É CORRETO afirmar:
a) quando o réu residir fora do território da jurisdição do juiz processante, o juiz deverá determinar a citação por edital.
b) a citação por carta precatória ocorrerá quando o denunciado residir em Comarca diversa do local do fato.
c) não é possível a citação por carta precatória no procedimento comum ordinário.
d) se o acusado, citado por carta precatória, não comparecer, nem constituir ad-vogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do disposto no artigo 312.
Questão 5 (TJ-AC/JUIZ) Durante a audiência de instrução penal do procedimento
comum ordinário É CORRETO afirmar:
a) o interrogatório deve ser realizado antes da oitiva das testemunhas.
b) o interrogatório deve ser realizado após a oitiva das testemunhas.
c) somente o Juiz poderá perguntar no interrogatório.
d) o silêncio durante o interrogatório importará em confissão, conforme interpre-tação do artigo 186, parágrafo único do Código de Processo Penal.
Questão 6 (FGV/TJ-RJ/ANALISTA JUDICIÁRIO) O Código de Processo Penal prevê
que o procedimento poderá ser comum ou especial. Sobre o procedimento comum ordinário, é correto afirmar que:
a) o magistrado que recebeu a denúncia, ainda que não tenha realizado a audiência, deverá proferir a sentença, tendo em vista o princípio da identidade física do juiz;
b) poderão ser arroladas pelas partes 08 (oito) testemunhas, incluindo nesse nú-mero as referidas e as que não prestam compromisso;
c) a não apresentação de resposta à acusação pelo advogado do réu gera a decre-tação da revelia e preclusão para apresendecre-tação do rol de testemunhas;
d) o acusado preso será requisitado para realização de seu interrogatório, o mes-mo não ocorrendo quando da oitiva das testemunhas;
e) no caso de registro de audiência por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição.
Questão 7 (VUNESP/TJ-SP/ESCREVENTE JUDICIÁRIO) Assinale a alternativa em
que consta aspecto que diferencia o procedimento comum ordinário do procedi-mento comum sumário.
a) A ordem de inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e defesa.
b) O período de tempo que é concedido para acusação e defesa falarem em alega-ções finais orais.
c) O número máximo de testemunhas a serem ouvidas a requerimento da acusa-ção e da defesa.
d) A possibilidade de oitiva do perito, unicamente prevista para o procedimento comum ordinário.
e) A possibilidade de absolvição sumária, unicamente prevista para o procedimen-to comum sumário.
Questão 8 (VUNESP/TJ-SP/ESCREVENTE JUDICIÁRIO) No rito do procedimento
comum ordinário, constata-se, imediatamente após o oferecimento da resposta escrita à acusação, que existe em favor do acusado manifesta causa de exclusão da ilicitude. Nesse caso, o art. 397 do CPP indica que se deve seguir a
a) decretação da extinção da punibilidade do acusado.
b) absolvição sumária do acusado.
c) rejeição de denúncia.
d) designação de audiência de instrução e julgamento.
e) designação de audiência preliminar.
Questão 9 (FGV/TJ-RJ/TÉCNICO) Sobre a absolvição sumária, analise os itens a
seguir:
I – existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II – fato narrado evidentemente não constituir crime;
Trata-se de causa(s) de absolvição sumária do procedimento comum ordinário: a) somente I e II; b) somente I e III; c) somente II; d) somente II e III; e) I, II e III.
Questão 10 (FGV/AL-MT/PROCURADOR) É correto afirmar que
a) o procedimento comum será sumário quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja igual ou inferior a quatro anos.
b) as perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não ad-mitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
c) a expedição de carta precatória suspenderá a instrução criminal.
d) após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, permitindo que formulem diretamente ao acusado as pergun-tas correspondentes.
e) o procedimento comum ordinário será concluído no prazo máximo de oitenta dias.
Questão 11 (FCC/TJ-PE/TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS) De acordo com o
Có-digo de Processo Penal, é correto afirmar que
a) o procedimento comum será ordinário, sumário ou especial.
b) o procedimento comum será sumário quando tiver por objeto crime cuja san-ção máxima cominada seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade.
c) não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não consti-tuir defensor, o juiz desde logo designará dia e hora para audiência.
d) o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
e) no número máximo de testemunhas que podem ser arroladas no procedimento comum ordinário compreendem-se as que não prestem compromisso e as referidas.
Questão 12 (TJ-RS/OFICIAL DE JUSTIÇA) Assinale a alternativa que apresenta
hipótese em que, apresentada a resposta à acusação, o juiz NÃO absolverá suma-riamente o acusado, nos termos do Código de Processo Penal.
a) Quando houver indícios de que o acusado não participou do fato.
b) Quando estiver presente, manifestamente, causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade.
c) Quando o fato narrado na denúncia evidentemente não constituir crime.
d) Quando estiver presente, manifestamente, causa excludente da ilicitude do fato.
e) Quando estiver extinta a punibilidade do agente.
Questão 13 (FUNCAB/PC-RO/DELEGADO) O procedimento ordinário
expressa-mente previsto no Código de Processo Penal possui características que o diferen-ciam do procedimento especial previsto para os crimes dolosos contra a vida. Dito isso, analise as proposições e assinale a alternativa que se adequa ao procedimento ordinário.
a) Não há previsão legal para o recebimento da denúncia após a citação e apresen-tação da resposta escrita.
b) É cabível o julgamento antecipado da lide.
c) Podem ser arroladas até cinco testemunhas pelo autor da ação para cada impu-tação formulada.
d) Não é aplicável o Princípio da Identidade Física do juiz.
Questão 14 (FUNIVERSA/PCDF/DELEGADO) Assinale a alternativa correta acerca
do procedimento penal.
a) O princípio da identidade física do juiz não se aplica ao processo penal.
b) As provas devem ser produzidas em uma só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
c) No procedimento ordinário, após o oferecimento da denúncia, o juiz, recebendo-a, mandará desde logo designar dia e hora para o interrogatório do réu.
d) A absolvição sumária é instituto exclusivo do rito do júri popular.
e) O princípio da identidade física do juiz aplica-se ao processo penal por constru-ção jurisprudencial, não sendo previsto no CPP.
Questão 15 (FCC/TRE-AL/ANALISTA JUDICIÁRIO) Após oferecida resposta pela
defesa, havendo prova inequívoca de que a pessoa denunciada cometeu o crime em legítima defesa putativa, o Juiz deverá
a) abrir vista dos autos ao Ministério Público para aditar a inicial.
b) rejeitar a denúncia ou a queixa.
c) julgar extinta a punibilidade do agente.
d) declará-la inimputável.
e) absolvê-la sumariamente.
Questão 16 (VUNESP/TJ-MS/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS) Assinale a
alter-nativa que apresenta o prazo correto para o oferecimento da resposta à acusação nos procedimentos ordinário e sumário.
a) 15 dias em ambos os procedimentos.
b) 10 dias em ambos os procedimentos.
d) 20 dias no procedimento sumário e 10 dias no procedimento ordinário.
e) 10 dias no procedimento ordinário e 5 dias no procedimento sumário.
Questão 17 (VUNESP/TJ-MS/ANALISTA JUDICIÁRIO) Seguindo a regra geral
contida no art. 403 do CPP, é correto afirmar que no procedimento ordinário as alegações finais serão
a) oferecidas por escrito no prazo de 10 dias.
b) orais por vinte minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, com di-reito à prorrogação por mais 10 minutos.
c) apresentadas no prazo sucessivo de 5 dias, por memorial.
d) orais por trinta minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, com direito à prorrogação por mais 10 minutos
e) oferecidas por escrito no prazo de 8 dias, respectivamente, pela acusação e pela defesa.
Questão 18 (CESPE/TJ-AL/JUIZ) Depois de citado, o acusado deverá responder à
acusação no prazo de 10 dias. Após esse prazo, o juiz não poderá absolver suma-riamente o acusado se
a) ficar provada a inexistência do fato.
b) existir manifesta causa excludente da ilicitude do fato.
c) existir manifesta causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputa-bilidade.
d) o fato evidentemente não constituir crime.
Questão 19 (FCC/METROSP/ADVOGADO) A respeito do procedimento ordinário,
é correto afirmar que
a) terá início com o interrogatório do réu.
b) a defesa prévia será apresentada até três dias após o interrogatório.
c) serão ouvidas, na instrução, até cinco testemunhas.
d) as alegações finais orais serão oferecidas no prazo de duas horas.
e) o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Questão 20 (FCC/TJAP/ANALISTA JUDICIÁRIO) No processo ordinário, depois da
resposta do réu, o juiz o absolverá sumariamente se presente um dos motivos para o julgamento antecipado, nos quais NÃO se inclui:
a) estar extinta a punibilidade do agente.
b) a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
c) a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade.
d) o fato narrado evidentemente não constitui crime.
e) denúncia assinada por Promotor de Justiça incompetente.
Questão 21 (VUNESP/TJ-RJ/JUIZ) Em processo que tramita pelo rito comum
ordi-nário, que conta com 3 (três) acusados e um assistente do Ministério Público que faz uso da palavra, o tempo reservado ao defensor de cada acusado nos debates orais, como regra, em minutos, é de
a) (trinta).
b) (dez).
c) (quinze).
Questão 22 (VUNESP/TJSP/TÉCNICO) No procedimento comum,
a) poderão ser ouvidas mais de 8 testemunhas de acusação e mais de 8 teste-munhas de defesa, se nesse número estiverem compreendidas as testeteste-munhas referidas.
b) poderão ser ouvidas no mínimo 8 testemunhas de acusação e 8 testemunhas de defesa.
c) poderão ser ouvidas todas as testemunhas arroladas na denúncia, e no máximo 10 testemunhas arroladas pela defesa.
d) não poderão ser ouvidas as testemunhas que não prestarem compromisso.
e) somente poderão ser ouvidas as testemunhas arroladas na denúncia.
Questão 23 (CESPE/SAA-SP/PROCURADOR) O rito comum ordinário prevê que o
juiz pode substituir as alegações finais orais por memoriais escritos?
a) Sim, desde que o acusado não esteja preso.
b) Sim, desde que não se trate de julgamento de crime grave.
c) Sim, em qualquer hipótese, desde que a decisão seja fundamentada.
d) Sim, desde que o caso seja complexo ou a depender do número de acusados.
e) Não, por ausência de previsão legal.
Questão 24 (CESPE/TJ-BA/TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS) No procedimento
ordinário, após a apresentação de resposta à acusação, o juiz deverá absolver su-mariamente o acusado em face da
a) inexistência de laudo imprescindível para a condenação.
b) sua incompetência relativa para o processamento da ação penal.
c) prescrição do delito praticado pelo agente.
d) ausência de certeza acerca da autoria do fato.
Questão 25 (FCC/TJAP/JUIZ) Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a
denúncia ou queixa, o Juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação. Apresentada a resposta, NÃO é causa expressa de absolvição sumária, de acordo com o Código de Processo Penal,
a) a extinção da punibilidade do agente.
b) a inépcia manifesta da denúncia.
c) a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
d) a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade.
e) o fato narrado evidentemente não constituir crime.
Questão 26 (VUNESP/TJRJ/JUIZ) Assinale a alternativa que traz duas causas pelas
quais se deve absolver sumariamente o acusado, nos exatos termos do art. 397 do CPP.
a) A inépcia da denúncia; a falta de justa causa para a ação penal.
b) A falta de condição para o exercício da ação penal; a extinção da punibilidade.
c) A constatação de que o fato narrado evidentemente não constitui crime; a falta de pressuposto processual.
d) A existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade.
Questão 27 (UER/SEJUC/AGENTE PENITENCIÁRIO) O procedimento comum será
ordinário quando:
a) Tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
b) Tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
c) Para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei;
d) Nos crimes apenados com prisão independente do quantitativo imposto;
e) Nos crimes apenados com detenção independente do quantitativo imposto.
Questão 28 (VUNESP/TJSP/JUIZ SUBSTITUTO) No procedimento comum, após o
oferecimento da resposta pelo acusado, o juiz deverá absolvê-lo sumariamente quando
a) faltar justa causa para o exercício da ação penal ou verificar a existência mani-festa de qualquer causa excludente da culpabilidade.
b) verificar a existência manifesta de qualquer causa excludente da ilicitude do fato ou que o fato narrado evidentemente não constitui crime.
c) a denúncia ou a queixa for manifestamente inepta ou não se convencer da exis-tência de indícios suficientes de autoria ou de participação.
d) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal ou ve-rificar que extinta a punibilidade do agente.
Questão 29 (VUNESP/TJSP/ESCREVENTE) Nos procedimentos ___________,
ofe-recida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e __________ (CPP, art. 396)
Assinale a alternativa que preenche, adequada e respectivamente, as lacunas.
a) comuns … designará audiência de instrução e interrogatório
b) ordinário e sumário... designará audiência de instrução e interrogatório
c) ordinário e sumário … ordenará a citação do acu sado para responder à acusa-ção, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias
d) comuns … ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escri-to, no prazo de 15 (quinze) dias
e) sumário e sumaríssimo … designará audiência de instrução e interrogatório
Questão 30 (PUC/TJ-RO/JUIZ) A respeito dos ritos no Processo Penal, indique a
única alternativa CORRETA:
a) Para se identificar o rito processual basta verificar a pena mínima referente a cada delito presente no próprio tipo penal.
b) O rito Ordinário é destinado aos crimes punidos com reclusão, com pena igual ou superior a 8 anos.
c) Será aplicado rito Sumário quando a pena máxima do delito imputado ao réu em abstrato for igual ou superior a 4 anos.
d) Será aplicado rito Sumaríssimo quando a pena máxima for inferior a 4 anos e superior a 2 anos.
e) Será aplicado rito Ordinário aos crimes que tenham pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade.
GABARITO
1. c 2. c 3. c 4. b 5. b 6. e 7. c 8. b 9. e 10. b 11. d 12. a 13. b 14. b 15. e 16. b 17. b 18. a 19. e 20. e 21. a 22. a 23. d 24. c 25. b 26. d 27. a 28. b 29. c 30. eSISTEMA DE ENSINO
PROCESSUAL PENAL
vado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Po-lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen-te), PRF (AgenAgen-te), Ministério da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).
1. Introdução ...4 2. Procedimento do Tribunal do Juri ...5 2.1. Competência do Tribunal do Júri ...6 2.2. Composição do Tribunal do Júri ...7 2.3. Princípios do Tribunal do Júri ...9 2.4. Procedimento do Tribunal do Júri ...9 2.5. Jurados ...18 2.6. Julgamento ...19 2.7. Processo de Contravenções ...30 2.8. Processo de Crimes contra a Honra ...31 Resumo ...32 Questões de Concurso ...39 Gabarito ...53 Gabarito Comentado ...54
1. Introdução
Querido(a) aluno(a), hoje vamos continuar nossos estudos sobre os
PROCEDI-MENTOS.
Hoje vamos continuar nossos estudos sobre os PROCEDIMENTOS – buscando agora compreender os procedimentos especiais contidos no seu edital.
A estrutura é a seguinte: • Procedimentos Especiais
– Procedimento do Júri;
– Demais Procedimentos Relevantes.
Veja que trabalharemos diversos procedimentos especiais, mas com destaque para o procedimento do tribunal do júri, o qual tomará grande parte da nossa aula.
Ao final faremos menção a alguns outros procedimentos especiais, haja vista que o edital foi completamente aberto no item sobre procedimentos especiais, e vamos pecar pelo excesso.
Lembrando a todos que o procedimento das infrações de menor potencial ofen-sivo, por força do art. 394, inciso III do CPP, é regulado por lei específica (a famosa lei 9.099/95), a qual estudaremos em aula específica sobre o tema.
Como de praxe, ao final da aula, faremos uma lista de questões sobre o tema. Um excelente dia de estudos para todos vocês!
2. Procedimento do Tribunal do Juri
Cena do Seriado “American Crime Story” – Júri de O.J Simpson
Seguindo adiante no estudo das normas procedimentais, hoje vamos tratar das normas a serem observadas no Tribunal do Júri, cuja competência é a de julgar os crimes dolosos contra a vida.
Para mim, o Júri é uma instituição fascinante. Talvez uma das mais fascinantes que existem em nosso ordenamento jurídico.
Em outros países, é utilizado de uma forma mais ampla do que no nosso, se-guindo ritos com diferenças marcantes quando comparados com o instituto previs-to em nossa CF/1988.
Apesar disso, sua essência é basicamente a mesma: um órgão que conta com a participação de um juiz togado e diversos jurados, de modo que um cidadão seja julgado por seus pares nos casos em que isso se fizer necessário.
Nosso objetivo de hoje será o de conhecer, a fundo, como funcionam os proce-dimentos do Tribunal do Júri em nosso país. Qual sua competência, sua composição
e suas formalidades. E tudo com foco na resolução de questões, como manda o figurino!
2.1. Competência do Tribunal do Júri
O Tribunal do Júri tem a competência CONSTITUCIONAL de julgar os chamados
crimes dolosos contra a vida. O legislador não fez distinção entre crimes
con-sumados e tentados, de modo que o Tribunal do Júri tem competência para julgar
a ambos.
Tal competência está prevista no art. 5º, XXXVIII, da CF/1988, a saber:
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, as-segurados:
a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Além disso, o Tribunal do Júri também é responsável por julgar os crimes
co-nexos ou continentes aos crimes dolosos contra a vida, como prevê o art. 78,
inciso I, do CPP:
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observa-das as seguintes regras:
I – no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri.
Ou seja, indivíduo que praticou, por exemplo, um estupro, e não satisfeito praticou ainda um homicídio doloso, de forma conexa, será julgado por ambas as condutas perante o Tribunal do Júri.
Tribunal do Júri e Crimes Preterdolosos
Caro(a) aluno(a), muito cuidado: crimes “seguidos de morte”, que integram o conjunto de crimes PRETERDOLOSOS (nos quais o agente possui DOLO na conduta ANTECEDENTE e CULPA na conduta CONSEQUENTE), não são de competência
do júri.
Exemplos: lesões corporais seguidas de morte e latrocínio (roubo seguido de morte).
Isso ocorre, pois, o ataque contra a vida da vítima aqui não é doloso, e, sim, culposo, o que afasta a competência do Tribunal do Júri.
Competência Mínima
Outra observação importante sobre o Tribunal do Júri é que sua competência, além de constitucional, é mínima.
A competência do Tribunal do Júri pode ser AMPLIADA pela lei (não necessi-ta de Emenda Constitucional), mas não pode ser REDUZIDA!
2.2. Composição do Tribunal do Júri
O conselho de sentença possui uma grande importância, pois é a ele que cabe
decidir se o réu será condenado ou absolvido, por meio da chamada votação
de quesitos, sobre a qual iremos discorrer mais à frente.
O número mínimo de jurados para que o Tribunal do Júri inicie seus traba-lhos é 15.
É o que rege o art. 463 do CPP:
Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento.
2.3. Princípios do Tribunal do Júri
O Tribunal do Júri é regido pelos seguintes princípios:
2.4. Procedimento do Tribunal do Júri
Uma vez que entendemos os princípios básicos que regem o Tribunal do Júri, podemos finalmente adentrar o estudo de seu procedimento propriamente dito.
O procedimento do júri é chamado pela doutrina de procedimento bifásico ou
Começaremos pela primeira: o juízo de admissibilidade.
Primeira Fase
A primeira fase tem um objetivo básico: tratar as questões de ordem
técni-ca desde logo, sob a tutela do juiz togado (que possui o conhecimento jurídico
para tal), de modo a facilitar o trabalho dos juízes leigos (os jurados). Além disso, a primeira fase também serve para confirmar a competência do Tribunal do Júri.
Essa fase é muito parecida com o rito do procedimento comum ordinário, com algumas pequenas diferenças:
• Manifestação do Ministério Público
Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.
No procedimento do júri, após o oferecimento de uma resposta à acusação por parte do réu, o juiz deve ouvir o Ministério Público sobre os documentos juntados pelo acusado.
Lembre-se que, no procedimento comum ordinário, essa fase também exis-te, mas, por analogia ao artigo 409 do CPP, que é específico sobre o Tribunal do Júri. Essa norma, portanto, teve sua origem no procedimento especial e acabou “migrando” para o procedimento comum!
• Prazo para realização da audiência
No procedimento comum ordinário, o CPP concede o prazo de 60 dias para a realização da audiência de instrução e julgamento. No Tribunal do Júri, no entanto, esse prazo é de apenas 10 dias!
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
• Diligências
A fase de diligências do procedimento comum ordinário (CPP, art. 402) não exis-te no Tribunal do Júri!
• Oralidade
Assim como ocorre no procedimento sumaríssimo, as alegações finais no Tribunal do Júri devem ser necessariamente orais, não podendo ser oferecidas por escrito.
Observadas essas peculiaridades do procedimento do Tribunal do Júri em re-lação ao procedimento comum ordinário, tome nota da seguinte informação: a
primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri (instrução e acusação preliminar) deve ser concluída em no máximo 90 dias!
Pronúncia
Antes de mais nada, vamos dar uma olhada em um pequeno esquema para que você possa se situar melhor quanto aos procedimentos que estudamos até o pre-sente momento, e que são essenciais para entender bem o conceito de pronúncia:
Note que o procedimento, por ora, assemelha-se muito com o procedimento comum ordinário. Vários ritos foram repetidos, desde a citação do acusado para lhe informar de que foi recebida uma denúncia contra ele, até a manifestação da defesa e a possibilidade de nomeação de defensor dativo. Praticamente tudo seguiu o rito de um procedimento comum.
Mas aí é que a coisa muda de figura: após as alegações finais da primeira fase, o
juiz não irá proferir uma sentença condenatória ou absolutória para o réu. Ele irá decidir simplesmente pela pronúncia ou impronúncia deste!
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da ma-terialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.
Em outras palavras: o juiz togado irá decidir se está convencido da
materiali-dade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou participa-ção para levar o acusado para a segunda fase do Tribunal do Júri, na qual ele será
submetido ao crivo dos jurados (juízes não togados)!
É muito interessante notar que a atuação do magistrado, nesse momento, fica um pouco “tolhida”. Isso acontece pelo seguinte motivo: se o magistrado
pro-nunciar o réu afirmando categoricamente estar convencido de que este é o autor da infração penal que ensejou a denúncia, poderá influir no pen-samento dos jurados!
Pense comigo: ao analisar o caso concreto, o juiz decide pela pronúncia do acu-sado, afirmando que existe a materialidade do fato e certeza de que o réu é o autor de um homicídio.
Nessa situação, ao tomarem ciência da decisão de pronúncia, haverá uma ten-dência de que os jurados tomem por base a decisão do juiz para embasar a sua pró-pria convicção sobre os fatos, o que prejudicaria totalmente a imparcialidade do júri! Esse é o fenômeno que o STF chamou, em seu informativo 597, de excesso
de linguagem. Para evitá-lo, o magistrado deve evitar demonstrar de forma muito clara o seu convencimento sobre o assunto, limitando-se a fazer um juízo de probabilidade, e não de certeza, conforme leciona Leonardo Barreto