ANÁLISE DE VIABILIADE DE UMA EMPRESA DE CUSTOMIZAÇÃO DE VESTURIÁRIOS NA CIDADE DE BOTUCATU
Daniel Ricardo Marchi Junior1, Bernadete Rossi Barbosa Fantin2
1Formando Gestão de Negócios pela Faculdade de Tecnologia de Botucatu – FATEC, Botucatu, SP, Brasil.
dan-marchi@hotmail.com
2Professora Mestre da Faculdade de Tecnologia de Botucatu – FATEC, Botucatu, SP, Brasil.
bfantin@fatecbt.edu.br 1. INTRODUÇÃO
A moda nada mais é que uma forma de expressão. Ela estabelece a identidade social do indivíduo para si e para os outros. A forma de vestir é manifestação particular e identifica a pessoa como integrante de certa época, de certo grupo social, de certa profissão. O vestuário compõe, juntamente com outros atributos pessoais, o perfil das pessoas, inclusive refletindo o estado de espírito que elas estão vivenciando (MIRANDA, 2010). A vida no século XXI clama por exclusividade, baseada em valores individuais. A experiência de compra passa a demandar sensações, emoções e interações em tempo real (KOTLER, 2010). Pode haver mais do que um nível de customização oferecido por uma empresa a seus clientes e as diferenças entre as estratégias de customização em massa estão relacionadas, principalmente, aos pontos onde ocorrem as customizações. (MACCARTHY; BRABAZON, 2003). Basicamente, os processos de customizações se dividem em dois métodos, que podem ser complementares:
A modularização é um método de projeto do produto no qual o mesmo é montado de diferentes formas, a partir de um conjunto de partes constituintes padronizadas. A essência do conceito modular, portanto, é projetar, desenvolver e produzir partes que possam ser combinadas de múltiplas maneiras (STARR, 1986). A postergação corresponde ao retardamento de certas atividades de diferenciação do produto ou do serviço até o recebimento do pedido do cliente (VAN HOEK, 2001).
Sabe-se que todo negócio começa pela percepção do empreendedor sobre determinada tendência de mercado. A individualização das experiências de consumo é uma das tendências mais importantes no processo de geração de valor. Em lugar de opções de consumo, os consumidores buscam de forma crescente, soluções para seus desejos de experiências individualizadas. Os consumidores estão cada vez mais em
busca de experiências únicas. Muitas vezes não se satisfazem com um leque de opções. Eles desejam combinar opções de forma pessoal e momentânea, descobrindo novas formas de experimentação (KRISHNAN, 2008).
O empreendedor, muitas vezes, tem um plano em mente, mas para que esse empreendimento prospere, faz-se necessária a transformação dessas ideias em um documento formal (CHIAVENATO, 2004). Não existe um único caminho para se alcançar determinado objetivo. Cabe ao empreendedor escolher aquele que poderá levar à maior vantagem competitiva (MEINBERG, 2012).
Um Plano de Negócios será mais bem elaborado se contar com uma visão estratégica, previamente elaborada, que abarque toda a situação do empreendimento e do ambiente tecnológico, econômico, financeiro, social e cultural que o envolve (SALLES, 2001). Ao mesmo tempo, a inclusão do cliente é fundamental porque, dependendo das suas preferências sobre determinados atributos de um produto, haverá reflexos no desempenho dos critérios competitivos que a área de operações deverá ter como meta (BARDACKI & WHITELOCK, 2003).
Portanto, um negócio bem planejado terá mais chances de sucesso que aquele sem planejamento, na mesma igualdade de condições (DORNELAS, 2001).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste plano de negócio, foi elaborado um levantamento de dados no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a respeitos das estatísticas geográficas e econômicas da cidade de Botucatu, complementado pela utilização dos dados da pesquisa de usos, hábitos e costumes do consumidor realizada pela ABIT (Associação Brasileira da Industria Têxtil), que serviram de base para a determinação da magnitude de nosso público alvo e, portanto, para a previsão da demanda e objetivos da empresa para o varejo.
Outra pesquisa descritiva foi realizada para o levantamento dos possíveis clientes existentes para o atacado, em um raio de 200 km da cidade de Botucatu.
Através desta pesquisa podemos verificar que nosso público alvo para o varejo é composto principalmente de consumidores pertencentes a classe A, B, C e D, com idade de 15 a 41 anos, de ambos os sexos, compram por necessidade e desejo e são sensíveis às tendências da moda. Para o atacado, destacamos a presença de quatro pequenas e médias confecções no interior de São Paulo, que compram através de representantes,
buscam custo benefício e parceria estratégica, vindo a se enquadrar no perfil de nosso público alvo e norteando as estratégias operacionais da empresa.
A análise da viabilidade deste empreendimento foi feito através da inserção deste e de outros dados, tais como: estudo de concorrentes, clientes e fornecedores, produtos oferecidos, preços praticados, estratégias promocionais praticadas, estrutura de comercialização, localização, layout da empresa, capacidade comercial, processos operacionais, necessidade de pessoal, estimativa de investimentos, além da análise SWOT em um software livre, para a elaboração de planos de negócios, disponibilizado pelo SEBRAE/MG. Desta forma, podemos estabelecer a demanda a médio prazo e prever as estimativas de crescimento em ambas as frentes de atuação da empresa, além dos parâmetros para precificação, estratégias de marketing e operacionais.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise do mercado demostra que o empreendimento vem a atender uma demanda latente existente na região de Botucatu quanto à lavanderia industrial, na prestação de serviços à pequenas e médias confecções que terceirizam tais atividades.
A demanda inicialmente verificada para o atacado é de cerca de 16.000 peças mensais. Tal número, dá suporte financeiro para a instalação dos maquinários necessários à atender esta demanda e ainda para a criação de um novo negócio na cidade: A comercialização de uma marca exclusiva de vestuário, além do atendimento personalizado no varejo, através da prestação de serviços de customização.
A utilização simultânea dos equipamentos, além de diluir os custos fixos e diminuir proporcionalmente os investimentos iniciais, ainda permite que o atendimento ao varejo, se diferencie das propostas já existentes no mercado, que se limitam a pré-estabelecer opções que são disponibilizadas aos clientes, ou seja, os produtos estão limitados a um leque, geralmente pequeno, de opções. Desta forma, a empresa poderá propor a seus clientes total liberdade de criação no quesito acabamento: lavagens, cores, desgastes, efeitos, aviamentos e até mesmo essências (cheiros), através do processo de postergação. O resultado será o surgimento de peças realmente únicas, refletindo a personalidade de cada consumidor e potencializando as chances de sucesso do empreendimento. A seguir, a TABELA 1 demostra a exigência dos investimentos iniciais para a abertura da empresa, levando em consideração uma projeção de crescimento a médio prazo, ou seja, sem haver a necessidade de reinvestimentos nos primeiros 2 anos:
Tabela 1 – Investimentos.
Descrição dos itens R$
Maquinários 161.500,00
Móveis, Utensílios e Informática 16.500,00
Veículos 12.000,00
Investimentos Pré Operacionais 18.000,00
Capital de Giro 56.500,00
Total 264.500,00
Através das pesquisas também podemos concluir que as políticas de preços devem ser distintas para o atacado e o varejo. Enquanto a política de preços no atacado é baseada nos custos e orientada pela concorrência, no varejo ela é baseada no valor percebido, daí a exigência de processos criativos e exclusivos. A TABELA 2 traz a estimativa inicial de vendas, juntamente com os preços médios a serem praticados, necessários para o sucesso da empresa:
Tabela 2 – Projeção Inicial de Vendas.
Descrição dos itens comercializados Quantidade Preço Unit. R$ / Pc
Faturamento R$
Lavanderia Industrial 10.000 3,50 35.000,00
Serviços de Customização 72 18,00 1.296,00
Comercialização de Peças Exclusivas 50 140,00 7.000,00
Total 43.296,00
Para a projeção dos custos iniciais de produção, foi projetado um custo fixo, conforme TABELA 3, incluindo mão-de-obra suficiente para atender a demanda integral a médio prazo e, no curto prazo, proporcionar atendimento diferenciado no quesito prazo de entrega aos clientes, fato que certamente irá contribuir para o sucesso da empresa:
Tabela 3 – Projeção Inicial de Custos.
Descrição R$
Custos Fixos 20.081,89
Custos Variáveis 13.576,00
Custos de Totais Comercialização 6.494,40
Total 40.150,29
empresa em 6% ao mês para o primeiro ano, pois partimos de uma previsão inicial de vendas bem moderada, conforme citado acima. Tal fato também contribui para uma análise mais realista e torna o plano de negócios mais palpável. Uma vez que os custos fixos foram projetados desde o início para a atender a demanda de forma integral, podemos projetar então um aumento nos custos totais de 1% ao mês, suficiente para cobrir a taxa de inflação atual e possíveis reajustes cambiais nas matérias primas.
Desta forma, a TABELA 4 expressa a seguinte projeção para o primeiro ano: Tabela 4 – Projeção de Receita para o primeiro ano.
Período Faturamento R$ Mês 1 43.296,00 Mês 2 45.893,76 Mês 3 48.647,39 Mês 4 51.566,23 Mês 5 54.660,20 Mês 6 57.939,81 Mês 7 61.416,20 Mês 8 65.101,18 Mês 9 69.007,25 Mês 10 73.147,68 Mês 11 77.536,54 Mês 12 82.188,73 Total 730.400,97
O objetivo de todo empreendimento é o lucro. Podemos verificar através da TABELA 5 a seguir, que apesar do alto investimento inicial, e dos altos custos operacionais apresentados nos primeiros meses, as estimativas de crescimento proporcionam um horizonte financeiramente viável para a empresa:
Tabela 5 – Indicadores de Viabilidade.
Indicador Ano 1
Ponto de Equilíbrio 474.768,33
Lucratividade 18,77%
Rentabilidade 51,84%
Prazo de Retorno do Investimento 2 anos
4. CONCLUSÕES
profundamente seus clientes e o mercado onde está inserida a empresa. Desta forma, o plano de negócio se torna uma ferramenta de fundamental importância para o sucesso das empresas, além de mecanismo de monitoramento e controle imprescindível ao empreendedor moderno. Somente através deste documento é que podemos concluir a viabilidade do empreendimento e as condições para alcançá-la, tais como: atendimento diferenciado no atacado, forte tendência mundial de valorização de experiências individualizadas de consumo e grande sensibilidade à propaganda dos clientes do varejo.
Desde que sejam seguidas tais premissas, este novo modelo de negócio demostra ser sustentável a longo prazo e altamente rentável.
5. REFERÊNCIAS
BARDACKI, A., & WHITELOCK, J. Mass-customization in marketing: the customer perspective.
Journal of Consumer Marketing, 2003
CHIAVENATO, I. Introdução a teoria geral da administração. 7. ed. São Paulo: Akron Books, 2004. DORNELAS, José Carlos Assis;; Empreendedorismo: transformando idéias em negócios.
2.ed.revista.Rio de Janeiro:Elsevier,2001.
KOTLER P.; KARTAJAYA H. SETIAWAN I. Marketing 3.0. 3ª Edição – São Paulo, Campus/Elsevier, 2010.
KRISHNAN, M.S. A nova era da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 2008
MACCARTHY, B.; BRABAZON, P. G.; BRAMHAM, J. Fundamental modes of operation for mass
customization. International Journal of production Economics, v. 85, p. 289-304, 2003.
MEINBERG, J. L. Gestão Estratégica de Vendas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012
MIRANDA A. P. Consumo de Moda. Barueri – São Paulo – Estação das Letras e Cores. 2008. SALLES, Ricardo. Plano de Negócios para cooperativas e associações. Rio de Janeiro, 2001. STARR, M.K. Produção modular – um novo conceito. In: Coleção Harvard de administração, São Paulo, Nova Cultural, 1986
VAN HOEK, R. I.; PEELEN, E.; COMMANDEUR, H. R. Achieving mass customization through
postponement: a study of international channels. Journal of Customer Based Management, p. 1-22,
fev. 1999.
www.ibge.gov.br acesso em 26/04/2015
