Introdução
“Passados 35 anos de funcionamento formal do Instituto de Química da USP, cabe perguntar quais foram as suas origens, ou seja, quais os núcleos que levaram à
sua formação e como se desenvolveram.”
“Para responder, é preciso remontar a pouco mais de 70 anos atrás, ou seja, à época da fundação da
Universidade de São Paulo, quando se criou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e, dentro dela, o Curso de
Química, em 1935.”
A organização da FFCL e suas primeiras
atividades
“Instituída em conformidade com o decreto de fundação, a FFCL compreendia três Secções, ou seja, a de Filosofia, a de Ciências e a de Letras, sendo que a de Ciências abrigava seis sub-secções, a saber:
Ciências Matemáticas Ciências Físicas
Ciências Químicas
Ciências Naturais História e Geografia
“Assumindo (a diretoria da FFCL), em meados de agosto de 1934, o Prof. Antonio de Almeida Prado se viu a braços com a tarefa de instalar a Faculdade em lugar adequado [...] conseguiu [...] instalar, em caráter temporário, boa parte da FFCL no prédio da Faculdade de Medicina. O edifício,
inaugurado poucos anos antes, dispunha de algumas áreas não totalmente ocupadas.”
Dependências da FFCL na Faculdade de Medicina Laboratório de Biologia
Dependências da FFCL na Faculdade de Medicina
Sala de professor
A Química no prédio da Faculdade de Medicina
“A Química ocupou espaço em área vinculada à Cadeira de Farmacologia, no terceiro andar, cedida graças à gentileza do catedrático Prof. Jayme Regalo Pereira.”
“O Prof. Heinrich Rheinboldt,
da Universidade de Bonn, contratado para organizar o curso e ser seu responsável, chegou a São Paulo em julho de 1934.”
“(O Prof. Rheinboldt) sentia a falta de um colaborador que pudesse dividir com ele as tarefas didáticas e,
oportunamente, dar início às pesquisas [...]”
“Contatos feitos via governo apontaram alguns nomes, dentre os quais o do Prof. Heinrich Hauptmann que se encontrava na Suíça, na École de Chimie, em Genebra”
“transferiu-se Hauptmann
para São Paulo em fevereiro de 1935.”
O início das aulas e a metodologia de ensino
“O Prof. Rheinboldt deu a primeira aula do curso em meados de março de 1935, expressando-se em língua francesa.”
Mesa para ‘preleção
A carência de espaço e a saída da Faculdade de Medicina
“em 1936, os novos alunos tiveram de se acomodar na
mesma dependência (um modesto laboratório de ensino).”
“a perspectiva para o ano seguinte, com três turmas, era assustadora (não esqueçamos que todos trabalhavam em regime de tempo integral).”
“Pouco após o início das obras (de ampliação do laboratório didático), em junho de 1937, um grupo de alunos da
Faculdade de Medicina resolveu depredar e botar abaixo o andaime que estava sendo montado. [...] a repercussão do ocorrido foi tal que os dois diretores, da Faculdade de
Filosofia e da Medicina, demitiram-se de seus cargos.” “Durante o segundo semestre, (o Prof. Ernesto de Souza Campos, novo diretor da FFCL) realizou gestões junto ao governo que resultaram na compra de amplo palacete na Alameda Glette, no 463, esquina da rua Guaianazes,
que havia pertencido ao industrial inglês do ramo de tecidos Jorge Street.”
A mansão da alameda Glette, 463,
“Com algumas adaptações, reformas e compra de mobiliário, o Prof. Souza Campos promoveu a mudança no local dos
setores (administração da FFCL e área de humanidades) que estavam na residência Macedo Soares (onde atualmente é a biblioteca Mario de Andrade)”
“
e deu início à construção de um modesto prédio
para a Química.”
Planta do local Prédio da Química em término de construção, 1938“As áreas de humanidades e a administração não ficaram muito tempo no local [...] e as dependências da mansão da Alameda Glette foram ocupadas pelas secções de Ciências Naturais, ou seja, Biologia, Zoologia, Fisiologia Geral e Animal, Botânica, Mineralogia e Geologia, onde
permaneceram por muitos anos.”
Alunos de Geologia As estufas da Botânica
A Química na Alameda Glette
“A mudança da Faculdade de Medicina ocorreu nos primeiros dias de janeiro de 1939.”
Almoço de confraternização (março de 1939)
Laboratório didático de Química Analítica Qualitativa Laboratório didático de Química Analítica Quantitativa
Senise no laboratório de pesquisa
“em pouco tempo o espaço se tornou insuficiente e em 1944-1945, [...] conseguiu-se ampliar o prédio, ligando-o a uma nova construção.”
Pitombo e Cecchini em frente à entrada do palacete. As janelas ao fundo são do laboratório didático de
Recordações da Alameda
-
década de 40Foto tirada em 1943, ao lado do palacete
Turma de 1947, com o seu
Turma de 1949 no caminho ao lado do palacete
Alunos de várias turmas, com o Prof. Hauptmann
Recordações da Alameda
-
década de 50O anfiteatro
Alunos em frente ao prédio da Química
Laboratório de pesquisa no terceiro pavimento da ala mais antiga
Laboratório de pesquisa no segundo pavimento da ala mais nova
Recordações da Alameda
-
década de 60Formatura 1964 Laboratório didático de Físico Química
A Associação dos Ex-Alunos e a revista “Selecta Chimica”
“Assim é que, em junho de 1941, realizou-se a
Assembléia Geral da Fundação da ‘Associação dos Ex-Alunos de Química da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo’. [...] Éramos ainda poucos, os formados, pois não
O “espírito da Glette”
“A Química permaneceu na Alameda Glette de janeiro de 1939 a dezembro de 1965. [...] As instalações acanhadas, o sistema de ensino que
obrigava os alunos a passar juntos boa parte do dia nos laboratórios e a reduzida área de lazer,
contribuíram para construir uma convivência em que predominava o companheirismo, a ajuda
“surgiam brincadeiras sadias, como, por exemplo, [...] uma festinha denominada ‘Quali-Quanti’ em que os estudantes se esmeravam na decoração com cartazes muito criativos e divertidos e caricaturas que não poupavam também professores.”
Legenda:
“O senhor não deve chupar pirolito e sim metalito que tem
menos água. Está claro?”
“Do primeiro ao último ano todos se conheciam e
a convivência se estendia fora das salas de aula.”
Alunos de Química em visita à Laborterápica Ano: 1960
O movimento associativo estudantil
“Na Glette, grupos de estudantes promoviam
atividades recreativas, esportivas e sociais, [...] até que se fundou, em 1960, o Centro de Estudos
Químicos Heinrich Rheinboldt.”
“O CEQHR permaneceu como tal mesmo após a criação do Instituto de Química. [...] Tem
promovido a tradicional recepção aos alunos e – cabe ressaltar – a partir de 1982, passou a
“em 1961, aproximadamente um ano após o falecimento do Prof. Hauptmann, teve início a construção do
conjunto de pavilhões que os arquitetos resolveram batizar de ‘Conjunto das Químicas’.”
“O Prof. Hauptmann (que sucedeu o Prof. Rheinboldt na direção do Departamento), [...] obteve o apoio da maioria dos professores que ministravam química básica em outras faculdades e sugeriu a idéia da
construção de uma biblioteca comum ao redor da qual se localizariam os pavilhões das cadeiras e
“em fins de 1965, mudou-se para o Conjunto o grupo de Bioquímica, liderado por Isaias Raw, da antiga cadeira de Química Fisiológica da Faculdade de Medicina e logo a seguir, em 1966, instalaram-se os demais.”
Conjunto das Químicas – Cidade Universitária
A reforma universitária e a criação do Instituto de Química
“Com a vigência do estatuto em 1o de janeiro de 1970 [...] o
Instituto de Química foi constituído por dois grandes
departamentos: Química Fundamental e Bioquímica, para cuja formação concorreram, com seus antigos
departamentos e cadeiras, seis faculdades distintas, ou seja,
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Faculdade de Farmácia e Bioquímica
Escola Politécnica
Faculdade de Medicina
Faculdade de Medicina Veterinária Faculdade de Odontologia”
Instituto de Química - USP
Banca de defesa de tese
Corredor central de um bloco (sem geladeiras e armários)
6 novembro 1984 - Cinqüentenário da USP Simpósio Rheinboldt-Hauptmann
Participantes do Simpósio Rheinboldt-Hauptmann 6 novembro 1984
Confraternização em um bloco (antes de ser construída a praça de integração)
Professores na praça de integração
Alunos na escadaria do “queijinho”
Para saber mais sobre a história do
Instituto de Química, leia o livro.
Mas essa história
continua e os seus
personagens estão
aqui.
Enquanto isso, lá na Alameda Glette, no
“Ponto de encontro [...] era a sombra da figueira
centenária que se erguia imponente no antigo jardim. Tombada como patrimônio ambiental [...]”
Em 1930, no tempo em que o palacete era uma residência, a figueira era assim
As imagens foram cortesia de
Prof. Senise, Alcídio Abrão, Henrique Toma,
Emoke Galembeck , Friedrich Reuss, Ivano Gutz, Renato Cecchini, Roberto Rittner, Sophia
Cornbluth, Yoshitaka Gushikem
e também Neuza Guerreiro (gletiana da História Natural), Nelson Custódio (gletiano da Geologia) e Grupo Figueira da Glette.
Outras fontes
Anuário da FFCL-USP, 1937-1938
Ernesto de Souza Campos, História da Universidade de