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DELIMITAÇÃO DOS NÚCLEOS TALÂMICOS PELA ELETROFISIOLOGIA ESTEREOTÁXICA

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Academic year: 2021

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DELIMITAÇÃO DOS NÚCLEOS TALÂMICOS PELA

ELETROFISIOLOGIA ESTEREOTÁXICA

N I L T O N L u í s L A T U F * ; M A R C U S J . C O L B A C H I N I * * ; JOSÉ A . B R A Z G A L V Ã O * *

Com o advento do L - D o p a e da Amentadina, a cirurgia estereotáxica vem sendo cada vez menos indicada no tratamento do parkinsonismo. Entre-tanto, nossa experiência em 91 casos de parkinsonismo8, assim como a de vários a u t o r e s6, mostra que ainda existem indicações para a cirurgia nos casos de tremores unilaterais sem rigidez e nos casos cujo tratamento clínico não tenha determinado resultados satisfatórios quanto ao tremor.

Neste tipo de cirurgia a dificuldade maior diz respeito à exatidão com que deve ser atingido o alvo visado. Este alvo é delimitado, pela maior parte dos cirurgiões apenas pela radiologia, com o risco de complicações mais ou menos graves que podem ser evitadas, conforme mostram Guiot e col., me-diante a delimitação exata do alvo visado. E m uma secção sagital ( F i g . 1 ) , a zona de destruição eficaz tem a forma de um triângulo limitado, posterior-mente, pelo núcleo ventral posterior ( V . P . ) , inferiormente pelo corpo de L u y s ( L ) e, anteriormente, pela cápsula interna. E m secção horizontal ( F i g . 2) o alvo é limitado pela cápsula interna, pelo núcleo ventral posterior e, internamente, por uma linha que segue o plano da lâmina medular interna, com o feixe de Vicq'Azyr ( A Z ) e o pedúnculo anterior do tálamo, cujas lesões levam à confusão mental e afonia, respectivamente. Enfim, em secção frontal (Fig. 3) com a forma de uma cornucopia, encontra-se internamente o núcleo dorsal mediano ( D M ) cuja lesão provoca distúrbios mentais, lateralmente a cápsula interna e, inferiormente, a zona incerta ( Z i ) e o campo de Forel.

Vários foram os recursos empregados na talamotomia estereotáxica afim de serem determinados com exatidão os núcleos talâmicos ventrais (estimu-lação elétrica, refrigeração localizada2, registro das atividades elétricas celulares 5) .

M A T E R I A L E MÉTODOS

O registro das atividades elétricas celulares, com pesquisa de potenciais evocados, proposto por Guiot e c o l .3 foi empregado por nós em 23 tálamotomias. O método

mostrou ser útil quanto à somatotopia da representação táctil no núcleo ventral posterior e quanto à delimitação tálamo-capsular, demonstrada pelos resultados obtidos.

Trabalho do Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Ribeirão Preto, apre-sentado no I X Congresso da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (Rio de Janeiro, 15-20 julho. 1972): * Neurocirurgião-chefe; ** Residentes.

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Antes do ato cirúrgico foi feita uma pneumencefalografia para estabelecer as coordenadas radiológicas das estruturas visadas; as coordenadas de altura e de profundidade são obtidas pelo clichê de perfil e a de lateralidade pelo clichê antero-posterior. Com os reparos tomados nestas chapas construímos a projeção lateral dos núcleos ventrais cujas medidas não nos dão garantia absoluta não só por ter o terceiro ventrículo a forma de um disco bicóncavo, como também pela presença ou ausência da comissura branca influenciando na lateralidade * e, portanto, na coorde-nada ma's difícil de precisar-se, justificando o controle fisiológico.

O ato cirúrgico é realizado sob neuroleptanalgesia utilizando-se o aparelho e a técnica estereotáxica de Guiot, cuja sonda de penetração leva no seu interior um eletrodo bipolar concéntrico conectado ao aparelho eletrencefalográfico, seguindo uma trajetória póstero-anterior oblíqua em direção à linha de base ( F i g . 4 ) , controlada

pela iodoventriculografia praticada durante a intervenção cirúrgica. Esta trajetória atravessa todos os núcleos talâmicos apresentando, portanto, vantagens sobre os outros métodos, pois várias estruturas podem ser destruídas com a mesma trajetória. Cada núcleo pode ser reconhecido pelo traçado particular (Fig. 5) desde que se tenha tido inicialmente um pré-contacto talâmico. O pulvinar é caracterizado pelo ritmo alfa e pelo aparecimento de fusos de 7 à 12 c/s; o núcleo ventral posterior ( V . P . ) caracteriza-se pela extrema densidade de "spikes" e pelos potenciais evocados específicos tácteis, fornecendo as indicações topográficas precisas à uma somatotopia bem definida (Fig. 6 ) .

A entrada no núcleo ventral intermediário ( V i m ) é reconhecida pelo desapareci-mento dos potenciais evocados, precedidos de sua inversão. Esta inversão produz-se desde que a ponta do eletrodo penetra o núcleo Vim, enquanto que o anel está ainda no núcleo V P . Ela é confirmada pelo aspecto dos spikes que são menos densos mas de grande amplitude e pelo aparecimento de fusos de ondas lentas com ritmo de

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20 à 25 c/s. N o núcleo ventral oral posterior ( V . o . p . ) a atividade dos spikes diminui bruscamente e o ritmo dos fusos de ondas lentas cai para 18-22 c/s; uma nova redução da atividade spikes é observada no núcleo reticular havendo queda do ritmo para 15-20 c/s. Finalmente, penetrando-se na cápsula interna, o eletrodo não recolhe mais spikes.

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C O M E N T A R I O S

Como j á demonstraram Guiot e c o l .4, o controle neurof isiológico reduz de mais ou menos 1 m m o erro radiológico, afetando as coordenadas de lateralidade, altura e profundidade, o que é suficiente para determinar se-qüelas pós-operatórias de acordo com as estruturas vizinhas atingidas. Assim sendo, mediante este método pode ser conseguida a delimitação exata da zona a ser destruída tendo como limite posterior o núcleo ventral posterior e, anteriormente, a cápsula interna; a lateralidade pode ser controlada mediante somatotopia, descrita por P . D e r o m e3 e que é a mesma mostrada por W a l k e r 1 0 no núcleo ventral lateral, como também pela direção com a qual

A zona ideal do núcleo V . o . p . , visada para o tratamento do tremor do membro superior é situada adiante da representação táctil do polegar. Entretanto se ao penetrarmos no núcleo ventrolateral (Vim antes e Vop em seguida) o eletrodo regis-trar potenciais evocados nos últimos dedos da mão ou ainda no membro inferior, isso indica que a trajetória é muito lateral; ao inverso, quando os potenciais evocados são obtidos unicamente na face ou na língua, significa que a trajetória é muito interna, devendo ser corrigida.

Para o tremor do membro inferior a zona de destruição deve ocupar o canto póstero-lateral do alvo contra a cápsula interna, que se encontra adiante da repre-sentação táctil dos últimos dedos da mão. Para o tremor mandibular, a zona eficaz está adiante da representação táctil labial.

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o eletrodo sai do tálamo para penetrar na cápsula interna (quanto mais externa mais precocemente a cápsula será encontrada). Os bons resultados obtidos nos levam a concordar com Guiot e c o l .4 que esta técnica permite corrigir alguns erros imputáveis às variações anatômicas individuais, permi-tindo identificar funcionalmente certos núcleos e delimitar melhor o núcleo ventral lateral cuja importância é reconhecida no tratamento cirúrgico dos movimentos involuntários.

R E S U M O

Os l i m i t e s da á r e a destruída durante a cirurgia e s t e r e o t á x i c a são descritos l e v a n d o e m consideração as complicações decorrentes de lesões determinadas e r r o n e a m e n t e . S ã o comentados os m é t o d o s e m p r e g a d o s c o m a finalidade de c o n t r o l a r a d e l i m i t a ç ã o do a l v o , sendo descrita a técnica usada e m 23 t a l a m o ¬ t o m i a s c o m d e r i v a ç ã o da a t i v i d a d e e l é t r i c a celular dos núcleos t a l â m i c o s atravessados e a pesquisa de potenciais evocados, g r a ç a s à s o m a t o t o p i a da representação t á c t i l no núcleo v e n t r a l posterior. C o m este m é t o d o reduz-se de mais ou m e n o s 1 m m o e r r o radiológico, prescisando-se o a l v o t e r a p ê u t i c o t a l â m i c o nos t r ê s planos de espaço.

S U M M A R Y

Delimitation of the thalamic nuclei by stereotaxic electrophysiology

T h e limits o f t h e a r e a to be d e s t r o y e d during the s t e r e o t a x i c s u r g e r y f o r the t r e a t m e n t of t r e m o r s a r e described t a k i n g into account the c o m -plications due t o lesions erroneously p e r f o r m e d . T h e m e t h o d applied is c o m m e n t e d in o r d e r t o c o n t r o l the a c c u r a c y o f the t a r g e t delimitation, des-cribing the technique e m p l o y e d in 23 t h a l a m o t o m i e s , r e c o r d i n g the e l e c t r i c a l a c t i v i t y o f the t h a l a m i c nuclei acrossed and researching e v o k e d potentials thanks to the s o m a t o t o p i c t a c t i l r e p r e s e n t a t i o n in the v e n t r a l p o s t e r i o r nuclei. T h e m e t h o d p e r m i t s t o reduce r a d i o l o g i c e r r o r s g i v i n g m o r e a c c u r a c y f o r the d e l i m i t a t i o n of t h a l a m i c t a r g e t in the t h r e e planes of space.

R E F E R Ê N C I A S

1. BERTRAND, C. & JASPER, H. — L'enregistrement en micro-électrode d'unités thalamique an cours de la chirurgie estéréotaxique des mouvements involon¬ taires. Neuro-Chirurgie 10:447, 1964.

2. COOPER, I . S. — Cryogenic surgery of the basal ganglia. J . A . M . A . 181:600, 1962.

3. DEROME, P. — L e noyau ventral posterieur chez l'homme. Thèse, Paris, 1965. 4. GUIOT, G.; A R F E L L , G.; DEROME, P. & K A H N , A . — Procédés de controle neurophysiologique pour la thalamotomie estéréotaxique. Neuro-Chirurgie 14: 553, 1968.

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5. GUIOT, G.; DEROME, P. & ARFEL, G. — Chirurgie stéréotaxique des syndromes extra-pyramidaux. Encyclopédie Médico-Chirurgicale: Neurologie 6:17.700 C10, 1968.

6. GUIOT, G.; HARDY, J. & FESSARD, D. A . — Delimitation précise des structures sous corticales et identification des noyoux thalamiques chez l'homme par l'electrophysiologique stéréotaxique. Neuro-Chirurgie 5:1, 1962.

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8. LATUF, N . L.; COLBACHINI, M. J. & GALVÃO, J. A . B. — Tratamento do parkinsonismo com L-Dopa. Arq. de Neuro-Psiquiat (São Paulo) 30:138, 1972. 9. STELLAR, S.; MANDELL, S.; W A L T Z , J. M. & COOPER, I . S. — L-Dopa in

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10. W A L K E R , A . E. — The Primate Thalamus. The University of Chicago Press, Chicago, 1938.

Serviço de Neurocirurgia — Santa Casa de Misericórdia — Caixa Postal 644 — 14100 Ribeirão Preto, SP — Brasil,

Referências

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