• Nenhum resultado encontrado

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, HONORÁRIOS DO PERITO E JUSTIÇA GRATUITA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, HONORÁRIOS DO PERITO E JUSTIÇA GRATUITA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA DO TRABALHO"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, HONORÁRIOS DO PERITO E

JUSTIÇA GRATUITA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Iris Soier do Nascimento de Andrade

Pós-graduanda em Direito Material e Processual do Trabalho na Faculdade de Direito Milton Campos. Pós-graduada em Advocacia Cível pela Escola Superior de Advocacia (ESA – OAB/MG). Graduada em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos (2015). Membra

da Oficina de Estudos Avançados: As interfaces entre o Processo Civil e o Processo do Trabalho – IPCPT, da Faculdade de Direito Milton Campos. Advogada.

E-mail: irissoier@hotmail.com

Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar as principais mudanças introduzidas na legislação trabalhista por meio da Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), no que tange ao instituto da Justiça Gratuita, os honorários advocatícios sucumbenciais e honorários do perito na seara juslaboral. Para tanto, será avaliado como o ordenamento trabalhista tratava os aludidos temas antes da Reforma e como passou a tratar após incorporar as normas da nova lei. Ainda, será realizado um confronto das previsões constantes da Lei nº 13.467/2017 com as normas previstas no Código de Processo Civil e na Constituição Federal.

Palavras-Chave: Honorários de sucumbência. Justiça do Trabalho. Justiça Gratuita. Honorários Periciais. Lei nº 13.467/2017.

Área de conhecimento: Humanas

1 INTRODUÇÃO

Após a edição da Lei 13.467/2017, que deu origem à Reforma Trabalhista, a CLT passou por diversas alterações, inclusive, no que diz respeito à possibilidade de condenação ao vencido ao pagamento de honorários de sucumbência.

O legislador reformista, trouxe ainda alterações significativas no instituto da justiça gratuita e nos honorários periciais.

A reforma promovida na legislação trabalhista incluiu o art. 791-A, autorizando a fixação de honorários de sucumbência em favor do patrono da parte vencedora, enquanto a alteração realizada na redação dos artigos 844 e 790-B alteraram o regramento relativo aos honorários periciais e ao instituto da justiça gratuita.

As alterações promovidas levantaram divergência na doutrina, posto que vão de encontro com princípios do direito do trabalho, como o da proteção e da norma mais favorável, bem como com princípios constitucionais da igualdade e do amplo acesso à jurisdição.

As duas maiores mudanças no ordenamento juslaboral com relação ao benefício da gratuidade de justiça dizem respeito à exigência de pagamento das custas pelo beneficiário da gratuidade de justiça, em caso de arquivamento da reclamação, condição para a propositura de nova demanda; e à responsabilidade

(2)

pelo pagamento dos honorários periciais pela a parte beneficiária da gratuidade de justiça.

Essas e outras questões serão abordadas no presente estudo, que se prestará a esclarecer alguns pontos controversos sobre as mudanças relativas aos honorários advocatícios, honorários do perito e justiça gratuita na justiça do trabalho.

2. OBJETIVOS

O presente artigo tem por objetivo analisar as principais mudanças introduzidas na legislação trabalhista por meio da Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), no que tange ao instituto da Justiça Gratuita, os honorários advocatícios sucumbenciais e honorários do perito na seara juslaboral.

3. MÉTODOS

A metodologia utilizada no presente artigo será a pesquisa bibliográfica, utilizando-se como método de abordagem o dedutivo, na medida em que da leitura dos livros e artigos selecionados pode-se extrair conceitos que auxiliam na melhor compreensão dos institutos estudados.

Os autores selecionados, a legislação consultada, bem como os artigos lidos, são facilmente encontrados nas bibliotecas jurídicas, tanto físicas, quanto virtuais e na rede mundial de computadores, o que facilita a interação do leitor com o tema, caso deseje.

Para se alcançar o objetivo proposto foi realizada ampla pesquisa bibliográfica, por meio da consulta de livros, periódicos, artigos em sítios eletrônicos, bem como a legislação correspondente ao tema selecionado. Como método de procedimento, adotou-se inicialmente o histórico, posto que foi realizado um estudo do aparecimento dos métodos alternativos no ordenamento brasileiro. Após, aplicou-se o método comparativo, a fim de avaliar se os autores selecionados estavam em consonância de ideias, sendo possível o amplo aproveitamento de seu conteúdo.

Após a leitura de todo o material de forma geral, foi realizada uma leitura mais seletiva, seccionando itens essenciais para o desenvolvimento do estudo. Logo, foi conferida a confiabilidade das fontes mencionada nos artigos constante em periódicos e sites da rede mundial de computadores, a fim de conferir maior confiabilidade ao trabalho.

Em conjunto com o passo anterior, realizada uma pesquisa na legislação, a fim de extrair as regras antes e após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, que deu origem à Reforma Trabalhista e alterou significativamente os temas em análise.

(3)

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Honorários advocatícios são a contraprestação paga pela parte ao advogado contratado para representar os interesses das partes, seja em âmbito judicial ou extrajudicial, podendo ser convencionados, arbitrados ou de sucumbência.

O Estatuto da OAB define honorários advocatícios em seu art. 22 ao assim dizer:

“Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. ”

Essa verba, tanto a arbitrada convencionalmente entre o advogado e seu cliente, quanto aquela estipulada pelos magistrados em razão da finalização de um processo judicial, possui natureza alimentar1, tendo em vista ser de onde o profissional da advocacia retira seu sustento, bem como o de sua família.

4.1.1 Evolução histórica

No Direito Romano clássico não havia que se falar em honorários, tendo em vista que cada parte suportava os encargos do litígio. Ainda, a contratação de advogado não era obrigatória, podendo as partes comparecerem em Juízo pessoalmente.

Algo parecido com o que temos hoje, no que concerne aos honorários de sucumbência, surgiu no período da legis actiones, em que as partes teriam que depositar em juízo determinada quantia, que seria levantada ao final pela parte vencedora.

A Alemanha disciplinou o assunto pela primeira vez em 1877 quando impôs expressamente que caberia à parte vencida arcar com as despesas do processo.

O direito francês e o italiano também trouxeram previsão para condenação do vencido nos ônus do processo no decorrer do século XIX.

No Brasil, os honorários advocatícios de sucumbência apareceram pela primeira vez em um ordenamento jurídico no ano de 1965, quando a Lei nº 4.632/65 alterou a redação do Código de Processo Civil vigente à época (Código de 1939), para estabelecer que o vencido pagaria os honorários da parte vencedora.

Ainda, em 1994, com o advento do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906), que o direito aos honorários de sucumbência foi assegurado aos advogados.

1

Tal entendimento já foi consolidado na Súmula Vinculante 47 que diz: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.

(4)

O Código de Processo Civil de 1973, em seu art. 20, regulamentou a fixação de honorários sucumbenciais de forma proporcional ao valor econômico envolvido, tendo a formatação se mantido no Código de Processo Civil de 2015, com pequenas alterações, em seu artigo 85 e seguintes.

No âmbito trabalhista, os honorários advocatícios de sucumbência eram devidos apenas em favor do sindicato que presta assistência judiciária, nos termos do art. 16 da Lei 5.584/1970. Ainda, a Súmula 2192 do TST previa que na Justiça do Trabalho, os honorários advocatícios não decorreriam apenas da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente, ser assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou estar em situação econômica que não lhe permitisse demandar em juízo sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família.

Mais recentemente, com a edição da Lei 13.467/2017- Lei da Reforma Trabalhista, os honorários de sucumbência passaram a ser devidos também na seara juslaboral (artigo 791-A, caput e §§ 1º a 4º), conforme será melhor abordado adiante.

4.1.2 Regulamentação dos honorários advocatícios de sucumbência pela Lei 13.467/2017

Os honorários de sucumbência são aqueles previstos no art. 853 do Código de Processo Civil de 2015.

Youssef Said Cahali (2011) conceitua os honorários sucumbenciais da seguinte maneira:

“Os honorários de sucumbência representam, assim, graças ao espírito corporativista que terá inspirado o novel legislador, uma remuneração complementar que se concede ao advogado em função da atividade profissional desenvolvida pelo procurador no processo em que seu cliente

2

Súmula nº 219 do TST.

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (art.14,§1º, da Lei nº 5.584/1970). (ex-OJ nº 305da SBDI-I). II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista.

III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego.

IV – Na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de emprego, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da sucumbência submete-se à disciplina do Código de Processo Civil (arts. 85, 86, 87 e 90).

V - Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os honorários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC de 2015, art. 85, § 2º).

VI - Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os percentuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código de Processo Civil.

3

(5)

se saiu vitorioso, e de responsabilidade exclusiva do vencido; não se destinam à complementação ou reposição dos honorários advocatícios contratados, não se vinculando, de maneira alguma, a estes, que são devidos exclusivamente pelo cliente cujos interesses foram patrocinados no processo.”

Conforme já exposto, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não previa em seu texto original a possibilidade de condenação ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência pela parte vencida, prevalecendo o entendimento de que, no processo do trabalho, em se tratando de conflito decorrente da relação de emprego, como regra, os honorários advocatícios apenas seriam devidos nas hipóteses do art. 164 da Lei 5.584/70 (GARCIA, 2019, p. 38).

No entanto, A Lei 13.467/2017, que deu origem à Reforma trabalhista, incluiu o art. 791-A na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulando o tema da seguinte forma:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria

§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários. § 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção

Consoante se extrai da leitura do artigo acima transcrito, a Lei que culminou na reforma trabalhista não apenas regulamentou expressamente a possibilidade de condenação em honorários advocatícios no âmbito da Justiça do Trabalho, como

4

Art 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato assistente. (Revogado pela Lei nº 13.725, de 2018)

(6)

também viabilizou a possibilidade de sucumbência recíproca e a sucumbência na reconvenção.

Gabriela Neves Delgado e Maurício Godinho Delgado (2017, p. 363) entendem que a inserção do art. 791-A, com a consequente inclusão dos honorários de sucumbência na legislação trabalhista, corresponde a um dos aspectos mais impactantes da reforma no âmbito processual.

Com efeito, a nova previsão normativa traz três possibilidades de sucumbência, a sucumbência total ou parcial do empregador, a sucumbência total ou parcial do trabalhador e a sucumbência recíproca5.

Ressalte-se que a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais no processo do trabalho será devida apenas nas ações propostas após a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, em 11 de novembro de 2017.

4.2. DA APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

De acordo com os artigos 769 e 8º, §1º da CLT, nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto no que for incompatível. Dessa forma, com relação aos honorários de sucumbência, entende-se que se aplicam, além das novas disposições trazidas na CLT, os artigos 85 e seguintes do CPC e os artigos da seção IV (art. 98 a 102) do Código de Processo Civil, que versam acerca da gratuidade de justiça.

No quadro abaixo, pode-se observar as principais diferenças na regulamentação dos honorários pelo Código de Processo Civil e pela CLT, sendo claras as omissões da legislação juslaboral acerca do assunto.

CPC – Art. 85 e seguintes6 CLT – Art. 791-A

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida

ou não, e nos recursos interpostos,

cumulativamente.

§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

§ 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria

5

Ressalte-se que a compensação de honorários é vedada pelo art. 85, §14 do CPC/2015.

6

Foram omitidos os parágrafos 4º, 5º e 7º do art. 85, por versarem sobre disposições concernentes à Fazenda Pública, tema não incluído neste estudo. Ainda, foram omitidos os parágrafos 8º, 9º e 15 a 19 do art. 85, artigos 88 e 89, pela possível incompatibilidade com a Justiça do Trabalho. Ressalte-se que entendemos ser cabível o ajuizamento de ação autônoma para fixação dos honorários advocatícios no âmbito juslaboral.

(7)

sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

(...)

§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.

(...)

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo.

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77 .

§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos legais.

§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.

§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção

Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas.

Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por

(8)

inteiro, pelas despesas e pelos honorários. Art. 87. Concorrendo diversos autores ou

diversos réus, os vencidos respondem

proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários.

§ 1º A sentença deverá distribuir entre os

litisconsortes, de forma expressa, a

responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput .

§ 2º Se a distribuição de que trata o § 1º não for feita, os vencidos responderão solidariamente pelas despesas e pelos honorários.

Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu.

§ 1º Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da qual se desistiu.

§ 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente.

§ 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver.

§ 4º Se o réu reconhecer a procedência do

pedido e, simultaneamente, cumprir

integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade.

Destarte, ante às manifestas omissões contidas no ordenamento trabalhista acerca do tema, aplicam-se as disposições do Código de Processo Civil subsidiariamente.

(9)

4.2.1 Litisconsórcio, desistência, renúncia e compensação de honorários

No caso de litisconsórcios, as despesas relacionadas ao pagamento de honorários de sucumbência devem ser distribuídas na sentença e, na omissão desta, os vencidos responderão solidariamente pelos honorários arbitrados.

Em se tratando de desistência, renúncia ou reconhecimento do pedido, os honorários devem ser pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu, nos termos do art. 90 do CPC.

Havendo transação sem que haja previsão expressa acerca da distribuição dos ônus relativos às despesas e honorários, estes deverão ser divididos entre as partes, em consonância com a previsão do art. 90, § 2º do CPC.

Assim como no processo civil, não se admite a compensação de honorários advocatícios no caso de sucumbência recíproca, visto que pertencem aos advogados e não às partes, sendo os patronos legitimados para executar o crédito relativo aos honorários de sucumbência7.

4.2.2. Honorários de sucumbência na execução trabalhista

Para Radson Rangel F. Duarte (2019, p. 767), via de regra, a execução trabalhista não comporta a fixação de honorários advocatícios na fase de execução.

Isso porque, a execução trata-se de uma fase processual, destinada apenas à satisfação do crédito devido ao credor. Ainda, a previsão contida no art. 791-A de que os honorários advocatícios serão devidos em no máximo 15% do valor apurado em liquidação, já demonstra a intenção do legislador em limitar a fixação de honorários sucumbenciais à fase de conhecimento.

Entretanto, o autor defende que há outras situações que vinculadas à fase de execução que ensejariam a fixação de honorários de sucumbência, como nos casos de processo incidental (embargos à execução, embargos de terceiro e desconsideração da personalidade jurídica suscitada na execução).

4.2.3 Honorários advocatícios na fase recursal

Com relação aos honorários de sucumbência na seara juslaboral, questiona-se sobre a possibilidade de sua majoração na fase recursal.

Como a CLT é omissa com relação a este tópico, aplicam-se as disposições do Código de Processo Civil, nos termos do art. 769 da CLT.

O § 11 do art. 86, do CPC dispõe que:

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo

7

(10)

vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.

Élisson Miessa, apud Vitor Salino de Moura Eça (2019, p. 691) entende não ser cabível o acréscimo na fase recursal, sob o argumento de que no processo do trabalho, os honorários são calculados na fase de liquidação.

Em contraponto, divergindo do entendimento acima mencionado, Vitor Salino defende ser possível a majoração da verba honorária quando da apreciação de eventual recurso aviado, entendendo que não há incompatibilidade com o processo do trabalho.

Filia-se no presente estudo ao entendimento de Vitor Salino, posto que, entendendo que, sendo os honorários fixados na sentença de primeiro grau inferiores ao máximo previsto no art. 791-A, não há óbice para a sua majoração pelos tribunais superiores.

4.2.4. Outras controvérsias

Acerca do tema, restam controvérsias sobre a possibilidade de inclusão dos honorários para fins de depósito recursal e a aplicação da Súmula 326 do STJ em caso de sucumbência parcial em pedido de dano moral.

Com relação a inclusão dos honorários no depósito recursal, utilizado para a garantia da execução, há quem defenda ser possível e há quem entenda ser incompatível com o processo do trabalho.

O argumento utilizado para afastar a inclusão dos honorários do depósito recursal encontra fundamento no argumento de que o depósito seria utilizado para garantir a execução trabalhista, que lida com créditos de caráter alimentar.

Entretanto, o argumento para defesa da inclusão dos honorários na guia de depósito é o mesmo, de que os honorários advocatícios teriam natureza alimentar. Este, inclusive, é o entendimento de Bruno Klippel (2019, p. 298), que disserta:

Contudo, o valor dos honorários advocatícios de sucumbência também deve ser considerado de natureza alimentar, pois é a remuneração do advogado, ainda mais na seara trabalhista em que muitos causídicos firmam com os seus clientes cláusulas de êxito, ou seja, sem adiantamento de honorários.

Considerando-se que não há entendimento consolidado sobre o tema, deve-se observar a tendência dos tribunais regionais sobre a possibilidade de inclusão dos honorários nos depósitos recursais, a fim de se evitar futuros prejuízos aos patronos das causas trabalhistas.

A segunda controvérsia posta relaciona-se a aplicação da Súmula 326 do STJ nas hipóteses de sucumbência parcial em pedido de dano moral.

(11)

A Súmula 326 dispõe que “na ação de indenização por dano moral, a

condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.”

O ponto de divergência estaria na identificação da sucumbência: se no pedido como um todo, ou se no quantum fixado.

Bruno Klippel (2019, p. 298) esclarece já haver na jurisprudência uma tendência a aplicar a Súmula 326 do STJ, reservando a condenação ao pagamento de honorários apenas nas hipóteses de improcedência do pedido8.

4.3. HONORÁRIOS PERICIAIS

A Lei 13.467/2017 também promoveu alterações relativas ao pagamento de honorários periciais, no âmbito da Justiça do Trabalho. As alterações foram promovidas no art. 790-B da CLT, que passou a ter a seguinte redação:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.

§ 1º Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho. § 2º O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.

§ 3º O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias.

§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo.

A regra geral instituída pelo artigo é que a parte sucumbente no objeto da perícia deverá arcar com os honorários do perito, independente se reclamante ou reclamado, ainda que beneficiários da gratuidade de justiça.

Estabelece o artigo que os honorários periciais serão fixados pelo magistrado, respeitando-se os limites do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, os quais poderão ser pagos de forma parcelada.

Ainda, a CLT é clara ao estabelecer que o juiz do trabalho não poderá exigir adiantamento de valores para a realização de perícias, já sendo este entendimento externado pela jurisprudência na OJ 989 da SDI-2 do TST.

Por outro lado, da leitura integral do dispositivo, se extrai que o beneficiário da justiça gratuita somente será isento do pagamento dos honorários periciais se não

8

Vólia Bomfim Cassar, ao comentar a alteração promovida pela lei 13.467/2017 com relação ao pagamento de honorários periciais, entendeu que deve ser observada a súmula 326 do STJ (2017, p. 443).

9

OJ 98 DSI-2: É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito.

(12)

tiver obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, passando a responsabilidade do encargo para a União.

A nova redação dada pelo legislador reformista confronta o conteúdo da Súmula 45710 do TST, a qual prevê que a União sempre será responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência judiciária gratuita.

Veja-se que tal como ocorre com a previsão de pagamento de honorário de sucumbência pelo beneficiário da gratuidade de justiça, a previsão de responsabilidade de pagamento dos honorários periciais pelo beneficiário da justiça gratuita viola tanto o princípio da proteção, a garantia constitucional da gratuidade de justiça e o princípio de amplo acesso à jurisdição.

4.4. JUSTIÇA GRATUITA

A gratuidade de justiça, prevista na Constituição no art. 5º, LXXIV11, garante assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.

O Código de Processo Civil regula o instituto da Justiça Gratuita em seus artigos 98 e seguintes, esclarecendo que o benefício abrange as taxas e custas judiciais, os selos postais, as despesas com publicação na imprensa oficial, à indenização devida à testemunha, os honorários de advogado e do perito, a remuneração do intérprete tradutor, as despesas relativas à exames de DNA, emolumentos cartorários, custo com elaboração de memória de cálculo na execução, dentre outros.

Ainda, o art. 99, §§ 2º e 3º do CPC estabelece que:

Art. 99. (...)

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Ocorre que, em sentido contrário à amplitude do benefício, garantido tanto na Constituição da República, quanto no Código de Processo Civil, a Lei 13.467/2017, ao regulamentar o instituto no âmbito do direito processual do trabalho, limitou a extensão do benefício.

10

Súmula nº 457 do TST. A União é responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência judiciária gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1º, 2º e 5º da Resolução n.º 66/2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT.

11

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

(13)

O art. 790, §§ 3º e 4º da CLT dispõe que:

Art. 790 (...)

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social12. § 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo

Observe-se que a CLT, diferente dos demais regramentos jurídicos acerca do tema, alterou o parâmetro de concessão do benefício, relacionando-o ao salário percebido pelo Reclamante, o que traz inúmeras críticas por parte da doutrina.

Isso porque, ao assim proceder, o legislador reformista limitou garantia constitucionalmente prevista, confrontando princípios do amplo acesso à jurisdição e da igualdade.

Não bastasse a limitação para a concessão do benefício, o beneficiário da justiça gratuita também será responsável pelo pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais previstos no art. 791-A, da CLT. O §4º desse artigo estabelece que:

Art. 791-A (...)

§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

Observe-se que o dispositivo prevê ainda a possibilidade de se deduzir o valor relativo aos honorários sucumbenciais de créditos oriundos de outro processo.

Com relação à concessão do benefício ao reclamante desempregado, o XIX Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – CONAMAT, aprovou tese no sentido de presunção de insuficiência de recursos para o autor desempregado, estabelecendo que, neste caso, independente do último salário percebido pelo reclamante, ou de qualquer prova documental, a mera declaração do interessado é suficiente para a concessão do benefício da gratuidade de justiça.

12

O teto dos benefícios pagos em 2019 corresponde a R$ 5.839,45 (cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e quarenta e cinco centavos). 40% desse valor é equivalente a R$ 2.335,78 (dois mil, trezentos e trinta e cinco reais e setenta e oito centavos).

(14)

Ressalte-se que as duas maiores restrições com relação ao benefício da gratuidade de justiça encontram-se nos artigos 844, §3º13 e 790-B, ambos da CLT.

A primeira dela diz respeito à exigência de pagamento das custas pelo beneficiário da gratuidade de justiça, em caso de arquivamento da reclamação, condição para a propositura de nova demanda.

A segunda versa acerca da responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais. A Lei que deu origem à Reforma Trabalhista manteve para a parte beneficiária da gratuidade de justiça o encargo relativo aos honorários de perito, se tiver sido sucumbente na pretensão objeto da perícia, sendo esta questão expressamente regulamentada no art. 790-B, da CLT. O §4º desse artigo prevê que

“somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo.”

Com relação a essas restrições, resta o questionamento acerca de sua constitucionalidade. Isso porque, além de contrariar a garantia constitucional de gratuidade de justiça prevista no art. 5º, LXXIV da CF, a norma confronta o princípio de amplo acesso à jurisdição, posto que pode inibir a realização de alguns pedidos, frente ao temor de eventual sucumbência, bem como o pedido de produção de prova pericial, ante a impossibilidade do custeio de eventual encargo a este título.

Inclusive, a discussão acerca da constitucionalidade da previsão levou a ADI nº 576614, que versa acerca de eventual inconstitucionalidade das previsões acerca de pagamento de honorários periciais e advocatícios quando a parte for beneficiária da gratuidade de justiça.

A questão encontra-se pendente de julgamento pelo STF, em razão da existência de divergência entre os ministros julgadores da ADI.

Acerca do tema, a doutrina diverge, havendo quem defende que as alterações promovidas pela lei da reforma afrontam a garantia constitucional de gratuidade de justiça e o princípio do amplo acesso à justiça.

Gabriela Neves Delgado e Maurício Godinho Delgado (2017, p. 359) argumentam nesse sentido que

A Lei da Reforma Trabalhista, contudo, reduziu a extensão dos benefícios da justiça gratuita, sob a perspectiva do trabalhador reclamante. Desse

modo, comprometeu significativamente – caso interpretado o texto

normativo de maneira gramatical literalista -, comando constitucional do art.

13

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

(...)

§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a propositura de nova demanda.

14

O julgamento da ADI nº 5766 encontra-se suspenso até a presente data, em razão da existência de divergência entre os julgadores. O relator Luís Roberto Barroso entendeu não haver desproporcionalidade nas regras questionadas. Em contrapartida, o Ministro Edson Fachin , divergindo do relator, posicionou-se pela procedência do pedido, afirmando que os dispositivos questionados (art. 790 caput e §4º, art. 791-A, art. 844, §§2º e 4º) mitigam o direito fundamental da

assistência judicial gratuita e o acesso à justiça. Mais em: <

(15)

5º, LXXIV, da CF (que enfatiza “a assistência jurídica integral e gratuita”, ao invés de meramente parcial); afrontou também, inequivocamente, o comando constitucional relativo ao amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, CF).

Raphael Miziara (2017, p. 63-64), em sentido contrário, defende que a previsão de pagamento de honorários sucumbenciais e periciais não violam o direito à assistência jurídica integral prevista no art. 5º, LXXIV, da CF, mas apenas o direito de acesso ao judiciário.

Fundamentando sua posição, o autor argumenta que

Isso porque o beneficiário da justiça gratuita, quando vencido, deve sim ser condenado ao pagamento das custas, honorários do patrono do vencedor e periciais. Entretanto, não está obrigado a fazê-lo com sacrifício do sustento próprio ou da família, razão pela qual a condenação pode ocorrer, mas a exigibilidade deverá ficar suspensa.

Nesse prumo, o benefício da justiça gratuita não se constitui na isenção absoluta das custas e dos honorários, mas, sim, na desobrigação de pagá-los enquanto perdurar o estado de carência econômica do necessitado, propiciador da concessão deste privilégio.

Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2019, p. 46) entende que

A interpretação conforme a Constituição desse dispositivo deve ser no sentido de que apenas quando os créditos obtidos em juízo (ainda que em outro processo) não forem imprescindíveis à subsistência do beneficiário da justiça gratuita e de sua família (art. 5º, inciso LXXIV, da CRFB/88) é que podem ser destinados ao pagamento dos honorários advocatícios.

Entende-se que afirmar pela inconstitucionalidade absoluta das novas previsões acerca do tema seria temerário e precipitado.

Veja-se que o próprio Código de Processo Civil, em seu art. 98, §3º já previa que vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão

sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário, não se tratando, portanto, de inovação do legislador

reformista.15

Entretanto, o que não se pode admitir é a constrição de créditos relativos a outros processos e condicionar o pagamento de custas em caso de arquivamento para ajuizamento de novas demandas. Essas disposições sim, entende-se, que violam o princípio do amplo acesso à justiça, garantido a todos constitucionalmente.

15

No âmbito trabalhista, a exigibilidade dos créditos ficam suspensa por2 anos e não por 5, como previsto no CPC/2015.

(16)

Ressalte-se ainda, que os créditos oriundos de ações trabalhistas possuem caráter alimentar, não podendo ser utilizados para custear despesas processuais tais como honorários advocatícios e honorários do perito, acaso a parte esteja sob o pálio da gratuidade de justiça, sob pena de prejudicar o sustento do reclamante e de sua família.

5 CONCLUSÃO

Conforme exposto no presente estudo, diversas foram as alterações promovidas pelo legislador reformista nos temas relativos aos honorários de sucumbência, honorários do perito e Justiça Gratuita.

O art. 791-A, embora tenha autorizado a fixação de honorários de sucumbência em favor do patrono da parte vencedora, restou omisso em diversos pontos, abrindo grande espaço para interpretação na doutrina quanto à aplicação subsidiária do CPC/2015.

Partindo do pressuposto de que há compatibilidade entre as disposições do Código de Processo Civil e às da CLT, com relação aos honorários de sucumbência, nos casos omissos, tais como litisconsórcio, renúncia, transação, perda de objeto, majoração na fase recursal, sucumbência mínima, dentre outros pontos, aplica-se o regramento contido na norma processual civil.

No que concerne às alterações realizadas nos artigos 844 e 790-B, relativas aos honorários periciais e ao instituto da justiça gratuita, os pontos controvertidos, como exigência de pagamento de despesas processuais pela parte assistida pela gratuidade de justiça, deverão ser resolvidos à luz da Constituição Federal e em atenção aos já consolidados princípios do direito do trabalho, como o da proteção e da norma mais favorável.

Ressalte-se ainda que o tema não comporta uma interpretação definitiva, devendo as questões controversas serem aclaradas conforme a direção da doutrina e da jurisprudência.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Simone Soares; SCARLÉCIO, Marcos; LIMA, Leonardo Tibo Barbosa. Reforma Trabalhista: teses interpretativas. Salvador. JusPodivm, 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: < http:// http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 19 mar. 2019.

BRASIL. Decreto Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, 9 ago. 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 19 mar. 2019.

(17)

BRASIL. Lei nº. 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em 19 de mar. 2019.

CAHALI, Yussef Said. Honorários Advocatícios. 4ªed. Revista dos Tribunais. São Paulo, 2011.

CASSAR, Vólia Bomfim. CLT comparada e atualizada: com a reforma trabalhista. Rio de Janeiro: Método, 2017.

CORDEIRO, Wolney de Macedo. Execução no Processo do Trabalho. 4. ed. rev. e atual. Salvador. JusPodivm, 2017.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei 13.467/2017. 2. ed. São Paulo: Ltr, 2018.

DUARTE, Radson Rangel F. Honorários Advocatícios na Execução Trabalhista.

In: Honorários Advocatícios na Justiça do Trabalho. MIESSA, Élisson (Coord.).

Salvador. JusPodivm, 2019.

EÇA, Vitor Salino de Moura. Honorários Advocatícios Recursais. In: Honorários

Advocatícios na Justiça do Trabalho. MIESSA, Élisson (Coord.). Salvador.

JusPodivm, 2019.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Evolução dos honorários advocatícios no processo do trabalho: da lei 5.584/1970 à lei 13.725/2018. In: Honorários

Advocatícios na Justiça do Trabalho. MIESSA, Élisson (Coord.). Salvador.

JusPodivm, 2019.

KLIPPEL, Bruno. Os honorários advocatícios de sucumbência na justiça do trabalho: conceitos e controvérsias. In: Honorários Advocatícios na Justiça do

Trabalho. MIESSA, Élisson (Coord.). Salvador. JusPodivm, 2019.

MIZIARA, Raphael. Novidades em torno do benefício da justiça gratuita na CLT reformada e o ônus financeiro do processo. In: O Direito Processual do Trabalho: na perspectiva do Código de Processo Civil e da Reforma Trabalhista. KOURY, Luiz Ronan Neves; ALMEIDA, Wânia Guimarães Rabêllo de; ASSUNÇÃO, Carolina Silva Silvino (Coord.). São Paulo, Lrt, 2017.

Referências

Documentos relacionados

Portanto, a nosso juízo, é da competência da Justiça do Trabalho – por- quanto envolve relação de trabalho lato sensu e direito sindical – julgar se é cabível a cobrança

O antes e o depois da reforma no âmbito da gratuidade da justiça e das regras de sucumbência quanto aos honorários advocatícios e periciais É bastante evidente que a

Honorários assistenciais são cabíveis na Justiça do Trabalho mediante ocorrência concomitante de gozo dos benefícios da justiça gratuita e de assistência

791-A, da CLT, ao prever regime jurídico mais gravoso ao beneficiário da justiça gratuita – que deve pagar os honorários sucumbências inclusive com

Antes da Lei 13.467 de 2017, existia a figura dos honorários sucumbenciais na justiça do trabalho. Entretanto, não da mesma forma que inserido pela reforma, e diferente também do

A alteração no caput do artigo deslocou para o beneficiário da justiça gratuita o encargo com honorários periciais nos casos de sucumbência; a nova regra

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba, como exigência parcial da obtenção

Tema interessante na relação entre advogados e partes no processo civil diz respeito à aplicação do instituto da compensação de honorários advocatícios na