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HOUSE OF STORMS DRAGÕES GUARDIÕES 7 RAIDEN SCARLETT GROVE

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Academic year: 2021

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H

OUSE OF

S

TORMS

D

RAGÕES

G

UARDIÕES

7

R

AIDEN

(3)

S T A F F

Envio: Shifters Homeland

Tradução: Tessa Gray

Revisão Inicial: Dory

Segunda revisão: Hay

Revisão Final: Arwen Elessar

Leitura Final: Louven Duenda

Formatação: Sariah Stonewiser

(4)

É S E M P R E B O M L E M B R A R Q U E …

Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito lucrativo e apenas com

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COMUM NO DIA A DIA.

ALGUNS TERMOS, GÍRIAS, EXPRESSÕES PODEM SER ENCONTRADOS BEM COMO OBJETOS QUE NÃO ESTÃO EM CONFORMIDADE COM A GRAMÁTICA

NORMATIVA.

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S I N O P S E

Para encontrar sua companheira, ele terá que acreditar no impossível.

Uma cientista impulsionada

Para Flora Baptiste, nada é mais importante do que encontrar uma vacina contra os vampiros que a sequestraram e mudaram. Nada irá detê-la até que o problema seja resolvido. Enquanto

trabalha na House of Storms, ela não pode se distrair com sua atração por seu melhor amigo, Raiden. Ela nem é sua companheira. Ele lhe disse isso.

Um jogador insatisfeito

Raiden pode adorar jogos de vídeo, mas isso não significa que seu capitão aprova. O guerreiro astuto está se preparando para a guerra que sabe que virá, e o jogo mantém seus sentidos atentos e seus reflexos aperfeiçoados. Junto com horas gastas no ginásio, Raiden está bombeado

e pronto para o inevitável ataque, se ele puder conciliar tudo com sua atração por sua melhor amiga. Ele não quer nada mais do que beijá-la, mas seu dragão interior não deu um pio. Se seu

dragão está em silêncio, como ela pode ser dele?

Desafiar, preparar e combater

Com humanos desaparecidos e misteriosos assassinatos acontecendo nas ruas, Raiden sabe que seus preparativos eram justificados. Flora trabalha desesperadamente para encontrar a vacina,

mas tudo o que faz parece falhar. Flora encontrará o ingrediente que falta antes que os vampiros conduzam a raça humana à loucura? E Raiden pode reivindicar o amor que deseja

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RAIDEN

CAPÍTULO 01

F

lora Baptiste colocou seus últimos pertences em uma caixa de papelão e a identificou para a viagem até a House of Flames, finalmente terminara seu doutorado na Universidade de Washington. Absorta em seus trabalhos escolares, não havia conseguido concentrar toda a sua atenção na descoberta de uma vacina para proteger os humanos dos vampiros. Com seu doutorado concluído, Flora poderia priorizar a vacina e, enquanto estivesse na House of Flames, auxiliaria sua irmã gêmea, Penélope, com o novo bebê.

Dax e Cato levaram as caixas até a van da mudança. Ela os seguiu para fora de seu condomínio até o andar de baixo, carregando sua bolsa de notebook. Eles deslizaram a porta da van com um forte estrondo e, quando entraram, deram-lhe um aceno de cabeça. Ela sentiria falta do seu condomínio perto do Lake Union, em Seattle. Lastimaria pela falta da correria da cidade e do fácil acesso à comida e entretenimento. Até sentiria falta da escola. Mas tinha coisas importantes para fazer. Encontrar a vacina para a mordida dos vampiros era um trabalho monumentalmente importante. Sua mudança estava acontecendo bem a tempo para o nascimento do primeiro filho de sua irmã.

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Penélope e Flora eram mais que irmãs, eram melhores amigas. Elas tiveram uma competição saudável durante a maior parte de suas vidas, mas cerca de um ano antes, Flora havia sido sequestrada por vampiros, e Penélope salvara sua vida. Desde então, elas estiveram mais próximas do que nunca, e os sentimentos competitivos que as motivaram desde que seus pais morreram se abrandaram. As irmãs perceberam que estavam no mesmo time. Não havia sentido em competir uma com a outra, quando elas poderiam fazer muito mais trabalhando juntas.

Flora olhou para o condomínio através do espelho retrovisor enquanto se afastava, pensando em todos os anos em que ela e Penélope viveram ali, crescendo. Sua tia-avó, que as criara desde os dez anos, deixara o lugar para elas.

Afastar-se de Seattle seria uma transição difícil, mas Flora esperava voltar ao condomínio depois que a vacina fosse descoberta. As irmãs discutiram a venda de sua casa, mas Flora ainda não estava pronta. Ela recebeu bolsas de pesquisa na universidade e esperava tirar proveito delas, não sabia se queria passar o resto da vida vivendo com os dragões no meio do nada.

Flora seguiu a van até a estrada, iniciando a longa viagem. Penélope morava em uma mansão no sudoeste rural de Washington com seu marido, Cato, junto com todos os dragões da House of Flames. Era um lugar agradável para se viver, com muitos acres de terra, uma piscina e um teatro no porão, mas Flora não queria ficar lá para sempre.

Cato era um dragão de fogo. Sua tripulação de dragões de fogo foi a primeira a ser despertada no planeta depois de um sono de um milhão de anos em câmaras de estase. Flora ainda precisava se beliscar quando pensava nisso.

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Os Dragonianos, dragões de toda a galáxia, haviam deixado sua estrela moribunda à procura de um novo lar. Quando finalmente descobriram a Terra, eles semearam o planeta com o DNA de seus ancestrais, esperando que um dia, os habitantes primitivos da Terra evoluíssem para criaturas inteligentes e carregassem as almas dos antigos dragões, tornando-se Dragon Souls, humanas destinadas a se tornarem companheiras de dragões. Após a semeadura, os dragões entraram em câmaras de estase, onde dormiram por um milhão de anos.

Havia muitas Dragon Souls vivendo na Terra neste período de tempo. Flora descobrira que ela era uma Alma Dragônica, bem como sua irmã gêmea. Mas nenhum dos dragões que havia despertado era seu companheiro. Ela suspirou quando saiu da rodovia, seguindo a van em movimento pela estrada rural que levava à House of Flames. Ela e Raiden, da House of Storms, se tornaram próximos. Ambos gostavam de videogames de tiro em primeira pessoa 1, um dos poucos hobbies que a ocupada estudante de ciências se permitia. Ela não deu ouvidos a nenhuma provocação de Penélope sobre ser a companheira de Raiden, porque os dois eram apenas amigos. Além disso, Flora estava ocupada demais terminando sua tese para considerar um relacionamento. No entanto, toda vez que pensava em Raiden, um pequeno arrepio percorria sua espinha.

Ele não era exatamente o tipo dela. Era tão despreocupado, obcecado por videogames e malhar. Mas era divertido estar perto dele, toda vez que passavam uma

1Tiro em primeira pessoa, do inglês first-person shooter (ou FPS), é um gênero de jogo de computador e consoles, centrado no combate com armas de fogo no qual se enxerga a partir do ponto de vista do protagonista, como se o jogador e personagem do jogo fossem o mesmo observador. É um subgênero de jogos de tiro.

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tarde juntos, ele a ajudava a relaxar. Esse era exatamente o tipo de relacionamento que Flora precisava.

Flora era jovem para uma candidata a doutorado e tinha toda a sua vida pela frente, não estava apressada para se estabelecer, casar e começar uma família. Penélope também não tinha estado. Não até conhecer Cato. Tudo mudou desde então. Mas Flora tinha um trabalho importante a fazer e não se distrairia disso. Ela queria ajudar o mundo. Seu projeto sobre a vacina foi apenas o começo, esperava conseguir muito mais. Entrar em um relacionamento nesta fase da sua vida simplesmente não era uma prioridade.

No entanto, seu corpo tinha outras ideias toda vez que pensava em Raiden. A última vez que eles passaram uma tarde juntos jogando videogames no sofá da House of Storms, ela tinha visto o brilho nos olhos e a inclinação sedutora de seu sorriso. A certa altura, pensou que seria beijada, mas então ele apenas se virou e deu de ombros, parecendo quase decepcionado. Ficou desapontada por ele não ter feito isso. Ela não era beijada... não conseguia nem se lembrar há quanto tempo. Se eles não tivessem sido interrompidos um momento depois que ele perdeu a coragem, ela própria o teria beijado. Ela parou em frente à House of Flames e estacionou na grande calçada circular do lado de fora da mansão. Dax e Cato começaram a desempacotar suas coisas e levá-las para o quarto. Ela pegou sua bolsa de notebook e correu para o andar de cima, atrás deles. Quando Flora chegou ao quarto, encontrou-os já trabalhando, suas caixas empilhadas no canto.

– Obrigado por fazerem isso. – Flora observou Dax e Cato ajoelhados no chão, parafusando o estrado na cama. – Vocês devem pensar que sou exigente por precisar da minha própria cama quando há tantas aqui para escolher.

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– De jeito nenhum. – Disse Cato, acenando com a mão. – Tudo que você precisar para fazer o seu melhor.

Ela começou a desempacotar seu notebook em sua mesa, a qual Cato e Dax tinham colocado sob uma janela com vista para o jardim. Tinha que admitir, era uma bela vista. Quando os caras colocaram o colchão na cama, Flora conectou o último dos cabos e ligou.

– Você fez algum progresso na vacina desde a última vez que estive aqui? – Ela perguntou a Cato quando Dax desapareceu pela porta do quarto.

– Zephyr e eu encontramos algumas anomalias interessantes em anticorpos no sangue de Dragon Soul. Mas nossas tentativas de simulação para sintetizar uma vacina a partir dos anticorpos foram desastrosas. – Cato explicou.

– Espero ser capaz de oferecer uma visão do genoma humano. – Declarou Flora. – Nós sabemos que você conseguirá. Você tem o conhecimento que nos falta.

Flora riu. – Vocês são uma raça avançada com milhões de anos de experiências científicas e avanços técnicos.

– Mas ainda precisamos de você, Flora. Você é uma cientista humana com uma perspectiva sobre sua raça que nós não possuímos. Agradecemos que você tire um tempo de sua vida e sua carreira para trabalhar neste projeto.

– Eu não conheço nada mais importante. – Exprimiu.

– E eu aqui pensando que você viria para cuidar de mim. – Enunciou Penélope, esfregando sua barriga enquanto entrava no quarto e enganchava o braço no de sua irmã.

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Levantando-se para beijar Penélope no rosto Flora disse. – Você está absolutamente radiante.

– Estou tão grande quanto uma casa. Não posso esperar pelo nascimento.

– Apenas uma semana mais até que ela dê à luz. – Cato esfregou o estômago de sua esposa e beijou sua bochecha.

– Espero que nosso trabalho não seja uma distração do bebê. – Disse Flora.

– Nossa filha é importante, mas a vacina também é. – Penélope assegurou. – Nunca esperaria que você, ou Cato parassem o trabalho. Mas conto que você esteja lá para me ajudar com a amamentação da meia-noite e me trazer chá quando estiver cansada.

– Claro que sim. – Flora falou, inclinando-se para abraçar a irmã e dar um tapinha nas costas dela. – Eu sempre estarei aqui para cuidar de você. Assim como você estará sempre lá para cuidar de mim.

Cato e Penélope se retiraram e Flora fechou a porta do quarto para um descanso e privacidade muito necessárias. Ela nunca esqueceria o que sua irmã tinha feito por ela um ano antes, quando vampiros a tinham sequestrado por seu sangue de Alma Dragônica. O próprio líder do Coven a havia mordido e mudado. Foi somente por causa da obstinada determinação e tenacidade de Penélope que Flora ainda era um ser humano.

Ela não desistiu mesmo depois de saber que Flora se tornara uma vampira. Havia apenas uma pequena faísca de humanidade nela, onde Penélope e Cato haviam feito tudo o que podiam para trazê-la de volta. Eles arriscaram uma cura, e valeu a

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pena. Depois de uma transfusão de sangue completa, conseguiram trazer Flora de volta à sua humanidade.

Flora ainda tinha pesadelos sobre aquela época. Ela se tornou uma vampira sedenta de sangue, feliz por torturar e matar, drenando o sangue de qualquer humano que escolhesse. Tinha sido uma psicopata completa. Às vezes acordava à noite, suando e com o coração acelerado. Sentava-se na cama, sempre ofegando com as lembranças daqueles poucos dias.

Sua consciência e percepção eram incapazes de processar completamente o que ela havia sido durante esse breve período. Mas todos os dias, ficava um pouco mais fácil, e os flashbacks se tornaram menos frequentes. A busca por uma vacina contra os vampiros se tornou seu maior desejo.

Os dragões descobriram quase por acaso que o sangue de uma Alma Dragônica acasalada era venenoso para os vampiros. Mas eles ainda não haviam encontrado uma maneira de transmitir essa qualidade venenosa para o resto da humanidade, garantindo que qualquer vampiro que mordesse um humano morresse imediatamente. Esse trabalho era importante para a segurança e proteção de toda a humanidade.

Vampiros viviam na Terra há dez mil anos e, através de sua interferência, distorciam a nobreza da sociedade humana criando uma corrente de ganância e egoísmo. No começo, eles eram como deuses para a humanidade, posteriormente, quando sua força diminuiu, adotaram uma abordagem mais clandestina.

Sua influência ainda estava presente em todos os níveis da sociedade humana, desde o topo até o embaixo, de políticos a gangues, e de CEOs a chefes da máfia. Se espalhando

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como um veneno, torcendo como a humanidade via a si mesma e os valores que defendiam.

Sem os vampiros, os humanos poderiam ter amadurecido de forma equilibrada. Sua criação foi desencadeada pela introdução do DNA de espécies ancestrais primitivas de dragão, e pelo processo de um milhão de anos evolucional. Mas a interferência dos vampiros havia posto a civilização humana em um curso tangencial.

Ninguém sabia como as coisas teriam se desenvolvido sem os vampiros, mas Penélope queria saber quem os humanos modernos poderiam ser sem eles. Os seres humanos estavam em um ponto de sua história onde as coisas poderiam se tornar melhores ou piores. Seu mundo poderia se tornar uma utopia ou uma distopia, dependendo das escolhas que fizessem.

Flora acreditava que seu trabalho na vacina seria um fator decisivo no decorrer do restante da história. Os dragões eram uma raça nobre, leal e verdadeira, especialmente aqueles que haviam escapado da morte cataclísmica do seu sol.

Depois de milhões de anos em batalha com os vampiros, os anciões de Dragonia se estabeleceram em seus caminhos, não dispostos a mudar. Mas aqueles que haviam escapado, cujo DNA estava misturado com o dos humanos, eram ousados, corajosos e fiéis aos valores centrais do que significava ser um dragão. E foi isso que eles deram à humanidade.

Era nisso que Flora passara a acreditar em seu trabalho com a genética de dragões e humanos. Ela traçara a linhagem e procurara pistas ao longo do genoma e da história. Sua conclusão foi que o DNA do dragão carregava consigo inteligência, nobreza e um senso de dever para proteger aqueles que eram mais fracos. Ela se orgulhava de se

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chamar de Alma Dragônica, assim como sua bela e leal irmã, que não se deteve em nada para salvá-la, a trazendo de volta a si mesma, mesmo quando tudo parecia perdido.

Essa qualidade era exatamente pelo que Flora estava lutando e o que ela acreditava que salvaria o mundo, trazendo um novo alvorecer de paz, prosperidade e compreensão para o planeta que amava.

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CAPÍTULO 02

E

u estou chegando! Seis horas! Cuidado! – Raiden gritou em seu fone de ouvido para seus companheiros de equipe. Uma saraivada de tiros aconteceu na estreita extensão entre os prédios. Um spray de sangue digital surgiu e o avatar de Raiden caiu.

– Bom trabalho. – Ele resmungou. – Boa maneira de me defender.

– Fomos surpreendidos. – Veio o som da voz de seu companheiro de equipe através de seus fones de ouvido.

– Desculpa típica. – Disse Raiden. – Se isso fosse uma manobra do mundo real, todos estaríamos mortos agora.

– Porque está fazendo tempestade em um copo d’água, Dragonheart127? – Veio a voz de outro companheiro de equipe.

– Acabamos de perder nosso ranking de número um. Eu odeio ser o número dois. – Resmungou Raiden.

– Eu duvido que essa seja a razão. – Replicou Tangofoxtrot99.

– Então, onde está aquela gostosa que estava jogando com você outro dia? – Perguntou Ispy47.

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– Ela soava quente. – Respondeu Ispy47. – Bem, ela é. – Murmurou Raiden.

– Então ela te largou? – Perguntou Tangofoxtrot99.

– Bionerd111 não é minha namorada. – Informou Raiden. – Talvez esse seja o problema. – Indicou Ispy47.

– Nós dois estamos ocupados demais para relacionamentos.

– Continue dizendo isso a si mesmo, Dragonheart127. – Zombou Ispy47. – Ela acabou de concluir um doutorado em engenharia genética.

– Ahhh... Ela é boa demais para você. Isso explica tudo.

Houve mais risos, e Raiden rangeu os dentes, rosnando. – Vocês todos são uns merdas. – Esbravejou ele, tirando o fone de ouvido.

– Não fique enfurecido. – Caçoou Ispy47.

Raiden ouviu mais algumas risadinhas antes de seu fone de ouvido bater no sofá. A próxima batalha seria em quinze minutos, tempo suficiente para encontrar algo para comer.

– Você faz alguma coisa além de jogar esse videogame? – Questionou Jojo quando ele entrou na cozinha.

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Todo mundo estava dando a ele um tempo difícil naquele dia. Ele deveria ser capaz de fazer o que bem entendesse, quando quisesse. Não era como se precisasse sair, arrumar um emprego e ganhar um salário. Os dragões tinham um enorme tesouro em ouro que pagava por tudo. Eles apenas se sentavam e esperavam o inimigo atacar em vez de sair e atacá-los.

Como os dragões haviam derrubado o Coven de vampiros mais próximo alguns meses antes, o noroeste do Pacífico estava quieto. Muito quieto. Raiden tinha a sensação de que os vampiros estavam apenas esperando o tempo certo antes de atacarem com mais força. Enquanto isso, ele trabalhava todos os dias ao nascer do sol e passava o resto do tempo mantendo seus reflexos rápidos através de seus jogos. Os outros dragões não entendiam o quão similar seu videogame era ao combate real. Em seu planeta natal, Dragonia, eles possuíam simulações virtuais muito melhores para a prática, mas aqui na Terra, isso teria que ser arranjado se quisesse exercitar-se com outras pessoas e não com um computador.

Ele gostava da camaradagem, quando não estavam brincando com ele sobre Flora. Desde que a tripulação da House of Storms havia despertado na Terra, as oportunidades para ir em missões foram poucas e distantes entre si. Se os vampiros estavam fazendo um tumulto ou atacando alguém, com certeza, ele usaria suas habilidades como guerreiro. Mas o resto do tempo, não podia fazer muito mais do que jogar jogos de computador.

Ele não era um cientista como Zephyr. Não era capitão, como Hanish. E não tinha uma companheira grávida para se preocupar, como Yuki, Ragnar e Akash. Isso os manteve ocupados. Além disso, eles viviam na cidade, e Raiden vivia no meio do nada.

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Realmente não havia mais nada a fazer além de puxar ferro2 e jogos de atirador. A tripulação deveria estar elogiando-o, ao invés de insultá-lo como se fosse algum tipo de perdedor. Flora entendeu porque ele passava tanto tempo jogando. Ela era realmente muito boa para uma nerd da ciência, e jogavam juntos sempre que ela estava por perto.

Raiden pegou um pedaço de pizza restante da geladeira e começou a mastigá-lo. JoJo colocou seu filho adotivo, Tor, na cadeira alta. Foi legal ter JoJo por perto. Ela equilibrou Hanish e o tornou menos mandão e exigente. Mas isso foi apenas porque era ainda mais mandona e exigente do que ele. Raiden teria que sair de lá mais cedo ou mais tarde, ou todos iriam deixá-lo louco.

– Flora se mudou para House of Flames hoje. – Informou JoJo, limpando a boca de Tor com um guardanapo.

– Eu sei. – Ele disse. – Eu estava com ela para comemorar sua formatura. É uma grande coisa, conseguir um doutorado.

– Flora é muito talentosa.

– Eu sei. Ela é realmente inteligente.

– Surpreende-me que vocês dois se dão tão bem. Especialmente porque vocês não são companheiros.

– Ela gosta dos mesmos jogos que eu. É bastante lógico sermos amigos.

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– Claro, claro. Eu entendo tudo isso. Mas eu não entendo porque você não fez uma análise de acasalamento para ver se ela é sua companheira.

– Meu dragão não deu um pio sobre isso. E Flora nunca mostrou nenhum interesse. Ela está ocupada com a escola e estou ocupado administrando minha guilda. É melhor deixar como está. Somos amigos e isso é tudo. Por que todo mundo tem que continuar insistindo que estamos em um relacionamento? Este é o século XXI. As pessoas não precisam se emparelhar apenas porque gostam de sair um com o outro.

– Eu concordo. – Disse JoJo. – Mas essa não é exatamente a razão. É só que você é um dragão e os dragões têm companheiras predestinadas.

– Bem, se Flora fosse minha companheira, eu saberia, e ela também saberia. Você não sentiu quando conheceu Hanish? Você não conseguia tirar os olhos dele. Eu estava aqui e me lembro.

– Sim, foi um tanto desajeitado para o meu empregador. Mas tudo deu certo no final, e eu não poderia estar mais feliz estando com Hanish e Tor. E agora, com um bebê a caminho, minha vida está realmente completa.

– Bem, isso é bom para você e Hanish. – Raiden disse. – Estamos muito felizes por você, eu estou feliz, Flora está feliz, e todo mundo na House of Flames está feliz. Todos namorando, acasalando e fazendo bebês, é fantástico!

– Você não parece convencido.

– Estou cansado de ser pressionado a encontrar uma companheira quando as de todos os outros amigos apenas apareceram para eles. E estou cansado de ser criticado

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por meus passatempos. Só porque gosto de videogames não significa que eu seja um membro inútil da sociedade. Esse é um estereótipo terrível que precisa acabar.

– Veja só o que Aiden e Aria estão fazendo com sua música e Cato, Zephyr e Flora com suas pesquisas para vacinação.

– Estou me preparando para a guerra. – Disse Raiden. – Está vindo. Marque minhas palavras. Os vampiros sabem que estamos aqui. Nós destruímos o Coven deles duas vezes. Eles não vão simplesmente ficar de braços cruzados e nos deixar dominar o planeta. Você sabe, existem centenas, se não milhares de vampiros anciões superpoderosos que estão dormindo e recuperando sua força. Eles vão ressurgir a qualquer momento. Eu estou me mantendo em condição física superior e usando esses videogames como exercícios militares para manter minha mente e meus reflexos em forma Só porque todo mundo está fora fazendo outras coisas, não significa que eu tenha esquecido o que os vampiros fizeram em nosso setor de origem ou o que estão fazendo aqui na Terra.

– Eu entendo, Raiden. Me desculpe por ter te questionado. – Bem, você poderia dizer a Hanish para me esquecer também?

– Eu absolutamente vou. – JoJo pegou Tor e segurou-o no quadril. Ela deu um tapinha no rosto de Raiden quando ela passou. – Você está indo bem, Raiden. Você realmente tem a cabeça no lugar, e eu vou falar com Hanish sobre o que disse. Você merece ser elogiado. Eu posso ver que sua mente está focada.

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Ele jogou um saco de pipoca no micro-ondas e enquanto esperava que estourasse comeu outra fatia de pizza. Com a pipoca em uma tigela e dois litros de Mountain Dew3, Raiden voltou para a sala e pegou seu fone de ouvido.

– Cinco minutos até a próxima rodada. – Disse Raiden. – É bom você se juntar a nós. – Disse Bionerd111.

– Whoo, é Bionerd. – Disse Ispy47. – Dragonheart e Bionerd sentados sob uma árvore se beijando...

– Cale a boca. Você está na próxima rodada, Bionerd? – Raiden perguntou, preparando-se para adicioná-la ao time.

– Tenho tempo para uma rodada e preciso voltar ao laboratório.

– O que é esse trabalho importante que você tem que fazer? – Perguntou Ispy47. – Estou em uma missão para salvar o planeta. É algo que só eu posso fazer. Trabalhando com uma equipe super elite de cientistas extraterrestres em uma missão para criar uma arma biológica contra o nosso maior inimigo. Mas é extremamente secreto, então você não pode dizer uma palavra a ninguém.

Ispy47 começou a rir, assim como vários outros membros da guilda de Raiden. – Você é hilária, Bionerd. Você deveria vir mais vezes. Raiden é menos idiota quando você está por perto.

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– Raiden tem anos de experiência militar. Seria sensato ouvi-lo. – Disse Bionerd111. – Sim, sim, sim. Todos nós ouvimos. – Disse Ispy47. – Acabei de derrotar o esquadrão de zumbis nazistas esta manhã na Segunda Guerra Mundial.

– Hilário. – Bionerd111 disse.

– Parem de latir. – Advertiu Raiden. – Nossa batalha está começando em trinta segundos. Escolha suas armas com cuidado. Estamos contra o time de alto escalão em nosso setor de batalha.

O cronômetro passou, 5… 4… 3… 2… 1, e o time caiu sobre o campo de batalha. Raiden e Flora lutaram lado a lado. Desta vez, quando ele precisava de alguém, Flora estava lá para cobrir suas costas. Eles foram capazes de capturar a bandeira e tirar o outro time. Venceram por vinte a cinco e voltaram ao topo da tabela de classificação.

– Woo-hoo. – Veio o som de sua guilda quando a batalha terminou.

– Por que você não sai mais um pouco com a gente, Bionerd? Salvar o mundo pode esperar. – Tagarelou Ispy47.

– Receio não poder. – Bionerd111 digitou. – Terá que esperar até outra hora. Dragonheart127, te vejo em breve IRL4, piscadinha. – Ela saiu do jogo.

– Ela quer você. – Apontou Ispy47.

– Apenas deixe isso para lá. – Rebateu Raiden. – Nós somos amigos. Homens e mulheres não podem ser amigos sem que todo mundo de uma de casamenteiro?

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– Claro, contanto que vocês sejam amigos com benefícios. – Interveio Tangofoxtrot99. – Vocês são nojentos. – Disse Raiden. – Estamos aqui para ganhar este jogo, não para me unirem com minhas amigas.

– Você é o Mestre da Guilda. Se você não quer uma transa, então é problema seu. – Ótimo. Agora, cale a boca e jogue. Nossa próxima rodada é em quinze minutos. Onde está Starboy1010?

– Bem, é melhor ele voltar logo, ou eu vou ancorar a ele vinte e cinco pontos da guilda.

– Você é tão durão, Dragonheart. O garoto tem tarefas a fazer. – Disse Ispy47. O resto da guilda deu uma risadinha.

Pelo menos eles estavam tirando sarro de outra pessoa agora e tinham outro foco para suas interjeições além de seu relacionamento com Flora. Entre a guilda e os dragões, Raiden não sabia o que era pior. Não que ele não achasse Flora atraente. Pelo contrário, ela era linda, com longos cabelos castanhos ondulados e grandes olhos castanhos amendoados. E curvas que fariam qualquer um se perder nelas.

Ela era a epítome do que qualquer homem consideraria atraente, algo entre Afrodite e Scarlett Johansson. Seria um homem de sorte quem acabasse com ela. Mas o dragão de Raiden nunca disse que ela era a única, então o que deveria fazer? Todos os outros dragões que haviam despertado na Terra foram quase enlouquecidos por seus dragões e ficaram conscientes no primeiro encontro com sua companheira.

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Raiden conhecia Flora há quase um ano, e seu dragão nunca havia pronunciado um pio. Ele esteve ao redor dela em forma de dragão. Nada. Até mesmo se perguntou, enquanto estava em sua mente de dragão. – “Flora é minha companheira predestinada?” – E o dragão respondeu com um encolher de ombros. Quando sua companheira predestinada aparecesse, deveria ser implacável e incansavelmente apaixonado por ela. Ele não seria capaz de resistir, não seria capaz de parar de pensar nela. Seu dragão interior não faria mais que insistir que ele se acasalasse com ela a cada momento de cada dia. Era assim para todos os outros, e seria assim para ele. Por que seria de outra maneira?

A tripulação continuou pedindo a ele para fazer uma análise de acasalamento. Mas qual seria o objetivo? Seu dragão não estava sentindo nada. Raiden não podia forçar algo só porque a garota era linda e eles gostavam dos mesmos jogos, ou porque se encontrava quase a beijando toda vez que Flora estava por perto. Isso era apenas atração masculina típica. Ele se sentia atraído por muitas mulheres. As mulheres humanas eram atraentes. Flora era particularmente atraente.

Então, enquanto todos insistiam que ele e Flora deviam ser predestinados, Raiden estava apenas tentando dar continuidade à sua vida. Ele não ia entrar em seu caminho. Ela tinha um trabalho importante a fazer. Não havia sentido em executar uma análise de acasalamento quando nunca sentiu a faísca de seu dragão e ela nunca sentiu a faísca também.

Eles poderiam ter um caso. Ele pensou sobre isso mais de uma vez. Até os dragões tinham necessidades, e com as fêmeas humanas disponíveis na população, não havia nada que o impedisse de ter relações físicas. Não poderia ter filhos com alguém que não

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fosse sua companheira predestinada, mas certamente poderia ter intimidade física com qualquer uma que escolhesse.

Mas Raiden não queria fazer isso com Flora. Ela merecia mais consideração, e se quisesse um caso com ele, tinha certeza de que iria deixá-lo saber. Ela era uma mulher inteligente e independente que conhecia sua própria mente. Se quisesse um pouco de ação apenas sairia e diria, e Flora não disse. Então ele a deixou sozinha. Não havia sentido em ir mais longe.

Desejou que todos parassem de falar sobre isso. Depois de sua última batalha do dia, ele se sentou no sofá, olhando para a TV em branco, tomando uma cerveja e pensando em Flora. Ele quase a beijou na última vez que estiveram juntos, e provavelmente teria cometido esse erro se Hanish não os tivesse interrompido. Mas mesmo quando pensava em beijá-la ou fantasiava quando estava sozinho em sua cama à noite, seu dragão nunca dizia nada. Nenhum grunhido, nenhum rosnado, nenhum gemido.

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CAPÍTULO 03

F

lora passou todos os momentos no laboratório com cato, no porão da mansão. Quando não estava trabalhando, estava comendo ou dormindo, e os momentos muito breves que ela teve longe de seu trabalho e não atendendo às suas necessidades físicas, passou jogando videogames com Raiden e sua guilda. Ela amava aqueles momentos de alívio da intensidade de sua vida.

Ela e Cato tinham feito muito pouco progresso desde que se juntaram em seus trabalhos. Como bióloga genética, Flora estava trazendo muito à mesa, mas Cato e sua espaçonave eram o verdadeiro milagre. Ela só tinha sua perspectiva humana e seus anos de treinamento no genoma humano. Mas mesmo com sua experiência, a nave de Cato e o gênio científico de Zephyr, eles ainda não haviam decifrado o código. Eles precisavam de uma maneira de usar o sangue de Dragon Soul em uma vacina que funcionaria para todos os seres humanos.

Até agora, em suas simulações experimentais, eles descobriram que os anticorpos da Dragon Soul agiam como um câncer em humanos, acabando por matá-los. Em suas simulações de computador, eles perceberam que injetar sangue de Dragon Soul em uma Dragon Soul não acasalada não causava um efeito desastroso, mas ainda não tornava o sangue das Dragon Souls venenoso para os vampiros.

Fizeram centenas dessas simulações com o computador da nave de Cato, Bethi, e a cada vez as simulações voltaram negativas. Vinham trabalhando nesse problema há

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mais de um ano, e agora que ela estava a bordo, não tinha nenhuma ilusão de que de repente encontrariam a resposta que os cientistas dragonianos estavam procurando há tanto tempo.

Duas semanas depois de chegar à House of Flames, Flora estava sentada à mesa de jantar com toda a turma. Cato fez uma refeição especial para o grupo de frutos do mar e legumes da estação. Com a mudança para o outono ela começava a sentir o frio familiar no ar. Deu uma mordida em seu caranguejo e mergulhou-o na manteiga de alho antes de colocá-lo em sua boca e saborear.

Aiden, Aria e seus companheiros, Dax e Winnifred, voltaram para casa de sua turnê musical alguns meses antes, e estavam trabalhando em um novo álbum. Aria era a cantora Dragon Soul, da House of Flames, que tinha uma habilidade mágica para curar as pessoas com sua música, e Aiden era um guitarrista brilhante. Dax era um guerreiro grande e polido, que ficava melhor em casa ou em um campo de futebol do que no estúdio de gravação, mas ele era um brilhante protetor e defensor da doce Aria. Winnifred, uma artista independente e efervescente que havia encontrado seu nicho na criação de capas de álbuns para o grupo e para outros músicos, era a companheira de Aiden. Ela era uma pintora de formação clássica cujo trabalho adornava toda a mansão da House of Flames e começava a encher a mansão da House of Storms.

Flora gostava de ouvir a discussão sobre letras de músicas e progressões de acordes na mesa de jantar. Winnifred tinha um grande interesse pela música e sempre lhes dava muitos insights e dicas. A principal preocupação de Dax era que Aria não se cansasse demais e que a coisa toda não se tornasse chata.

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Cato e Penélope estavam interessados em ciência da computação, a irmã de Flora era cientista da computação e Cato se inclinava mais nessa direção do que na biologia e genética. Zephyr era mais físico que biólogo. Às vezes, os três se juntavam a Yuki, um engenheiro que tinha suas próprias ideias sobre os projetos nos quais os cientistas estavam trabalhando. Dos cinco, Flora dominava melhor genética e biologia, especialmente biologia humana.

Kian, o líder e príncipe da House of Flames e sua companheira, Everly, estavam ocupados com seus dois filhos. Ember, sua adorável filha de três anos, tinha cabelos negros encaracolados e olhos azuis como o pai, e Ray, com um ano de idade, estava agora acompanhando sua irmã. Kian e Everly eram os pais da casa, certificando-se de que os refrigeradores estivessem sempre abastecidos e todos fossem para a cama. Flora estava mais do que satisfeita por ter uma casa e um chefe de família cuidando de tudo, enquanto ela e Cato se concentravam em seu trabalho.

– O jantar estava delicioso. – Comentou Penélope, esfregando a barriga. – Eu gostaria que minha preciosa flâmula gostasse tanto quanto eu. – Ela gemeu.

– Você está bem? – Cato disse, olhando para ela com preocupação e tocando o ombro dela.

O dispositivo de pulso de Penélope começou a apitar.

– Penélope, você está em trabalho de parto. – Veio a voz de Bethi através do dispositivo de pulso dela.

– Chegou a hora. – Arfou Penélope, com os olhos arregalados.

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– Todo mundo, fique calmo. – Disse Kian, tendo acabado de passar pela experiência um ano antes. – Eu a levarei ao hospital.

– Está tudo pronto. – Penélope fez uma careta quando uma contração passou por ela. – Vou ajudá-lo a levar as malas para o carro. – Disse Flora.

– Não me deixe. – Penélope pegou a mão da irmã gêmea e apertou. – Eu não vou deixar você. – Assegurou Flora.

– Eu vou pegar as malas. – Cato se prontificou, correndo para fora da cozinha. O resto da turma assistia os acontecimentos chocados e inseguros sobre o que fazer. – Como podemos ajudar? – Winnifred perguntou.

Aria começou a cantar, sua voz se elevando sobre o caos que começara na cozinha. Seus tons suaves percorreram a pele de Flora. Poderia dizer que o canto estava tendo um efeito calmante em Penélope também.

– Isso parece melhor do que uma epidural5. – Penélope disse com um suspiro. – Você pode vir para o hospital comigo?

– Claro que eu posso.

5Anestesia epidural é uma forma de controle da dor baseado na administração de substâncias por viaepidural (peridural), mais frequentemente

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Depois que os caras colocaram as malas no carro, todos ajudaram Penélope a ir para o Escalade6 e entrar no banco de trás. Flora e Cato sentaram-se em ambos os lados de Penélope enquanto Kian dirigia e Aria se sentou no banco da frente. Eles chegaram ao hospital em quinze minutos, e uma enfermeira de emergência empurrou uma cadeira de rodas para encontrá-los no meio-fio.

Alguns minutos depois, Penélope estava na sala de parto, cercada de enfermeiras e médicos. Aria cantou uma melodia lenta, dando alívio da dor. Penélope segurou a mão de Cato e olhou em seus olhos enquanto passava por seus exercícios de respiração.

Flora estava no lado oposto da cama, pronta e esperando para ajudar sua irmã com o que precisasse. Ela correu para pegar lascas de gelo, reaplicando compressas frias na cabeça de Penélope. Recolheu seu suco e a água, concentrando na música escolhida para o parto.

Quando chegou a hora de Penélope empurrar, Flora estava ao lado dela, segurando sua mão, enquanto sua irmã fez uma careta e heroicamente trouxe sua nova filha para o mundo.

Flora estava orgulhosa de sua irmã e uma lágrima deslizou por sua bochecha ao ver o bebê. A criança foi colocada no peito de sua mãe, coberta de gosma, enquanto dava seus primeiros gemidos de saudação. Depois que as duas ficaram ligadas por um momento, as enfermeiras a levaram para lavar e checá-la, antes de trazê-la de volta para sua mãe. Após o processo final de entrega, quando Penélope foi toda limpa, mãe e bebê descansaram confortavelmente na cama cercada por amigos e familiares enquanto Aria

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cantava. Uma linda e doce canção encheu a sala com o poder de cura de sua voz, ao mesmo tempo que mãe e bebê olhavam nos olhos uma da outra.

– Ela é tão bonita. – Penélope arrulhou, as lágrimas rolando por suas bochechas sem parar.

– Ela parece a mamãe. – Comentou Flora.

– Ela parece, não é? – Penélope disse. – Vamos nomeá-la Effie Gabriella Flame. – Isso é lindo. – Sussurrou Flora.

– Essa é a maneira perfeita de homenagear sua mãe. – Cato admitiu. – Ela ficaria tão orgulhosa de você hoje, Penélope. – Flora afirmou.

Todo mundo ficou em pé com todo o brilho de mãe e filha até que o doce devaneio foi quebrado por Dax entrando no quarto, carregando meia dúzia de balões em várias cores com inscrições. “Fique bem logo”, até “Parabéns é um menino”, também trazia um buquê maciço de flores e um bolso cheio de charutos.

– Eu acho que isso é tudo. – Disse, colocando o buquê na mesa em frente à cama. Aiden e Winnifred entraram atrás dele, e todos riram de suas palhaçadas. Até Penélope, que estava exausta, riu.

– Acho que, depois da visita, Penélope vai precisar descansar. – Determinou Cato. Winnifred trouxera para Penélope um pedaço do bolo que ela perdera no jantar. Ela agradeceu e mordiscou, enquanto Cato balançava Effie em seus braços na cadeira de balanço. Depois que todos a parabenizaram e Aria cantou mais uma vez para ajudar na

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cura, todos os visitantes, exceto Cato e Flora, deixaram o quarto do hospital. Eles dormiam em poltronas reclináveis no quarto do hospital, revezando-se e ajudando com o bebê durante a noite.

Pela manhã, o médico os liberou para sair, e a nova família empurrou Penélope para o meio-fio e a auxiliaram a entrar no carro, enquanto Flora posicionava o bebê na cadeirinha automotiva.

Quando chegaram em casa, Penélope e Cato se retiraram para o quarto, e Flora deitou em sua cama para se recuperar da noite longa e quase sem dormir. O nascimento de sua sobrinha foi monumental. Era um ponto de transição para uma nova vida, ainda maior que o acasalamento de sua irmã.

Embora a maioria dos dragões fosse legalmente casados com suas companheiras através do sistema judicial, Cato e Penélope nunca tiveram um casamento. Como a reivindicação era um momento muito importante e privado, e porque passaram tanto tempo juntos como um grupo, ninguém realmente viu o ponto de ter uma grande comemoração.

Além disso, Flora e Penélope eram a única família uma da outra. Penélope tinha convidado suas amigas da biblioteca assim que descobriram que seriam pais, para a pequena cerimônia no tribunal que ela e Cato haviam arranjado. Então eles os levaram para uma grande refeição em uma churrascaria local.

O tribunal foi suficiente para a maioria deles. Aiden e Winnifred nem se deram ao trabalho de se casar. Dax queria se casar com Aria imediatamente. Kian e Everly tinham se casado legalmente logo após o acasalamento.

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JoJo e Hanish da House of Storms também se casaram, mas isso foi principalmente porque JoJo precisava de um visto para ficar no país. Krista não tinha planos de se casar com nenhum de seus três companheiros, e Flora entendeu o porquê, ela não deveria demonstrar favoritismo a nenhum deles.

A união de sua irmã foi algo estimado e contemplado, entretanto sua sobrinha configurava algo que transpunha ao extraordinário. Foi o primeiro passo real para a idade adulta e responsável, sem possibilidade de retorno. Flora e Penélope sempre tentaram superar-se. Quando Penélope deixara a escola com seu mestrado em ciência da computação para ocupar um cargo na biblioteca pública, Flora não lhe fizera nenhuma provocação. Mas Penélope tinha ficado feliz com o trabalho dela, e estava pagando a maior parte de suas contas naquela época, enquanto Flora ainda estava fazendo empréstimos estudantis.

Agora que Penélope não era apenas casada, mas também tinha um bebê, Flora teve a sensação de que estava ficando para trás. Ela pensou que nada disso importava mais. Mas depois de ver a linda criança e sua impressionante semelhança com a mãe Gabriella, Flora sentiu que estava perdendo alguma coisa, e o sentimento não se baseava apenas na competição.

Ela sentia falta do alicerce de uma família, e de um senso de conexão. Coisas que seu trabalho não podia lhe dar. Amava seu trabalho, e ainda queria fazer algo grande, mas talvez, apenas talvez houvesse tempo em sua vida para encontrar alguém para amar.

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CAPÍTULO 04

T

odos na House of Storm se reuniram ao redor da tela do computador, olhando para a foto da bebê, Penélope, Flora e Cato. A turma estava deslumbrada com a recém-nascida, mas Raiden não conseguia tirar os olhos de sua tia Flora com seu cabelo esvoaçante e grandes olhos castanhos. A semelhança entre as irmãs antes da gravidez era surpreendente. Raiden não pôde deixar de imaginar como Flora seria na gravidez. Ele piscou com o pensamento absurdo, seu dragão interior ainda completamente silencioso sobre o assunto.

Ele rosnou para si mesmo e foi embora, sentindo-se ridículo por ter tais pensamentos sobre essa mulher sem qualquer razão para apoiá-los. Antes do cataclismo em Dragonia, não havia mais mulheres. E ele tinha a sensação de que estar perto de qualquer mulher, especialmente uma linda e talentosa Alma Dragônica como Flora, estava começando a cobrar seu preço.

Ele e Zephyr foram os últimos dos dragões despertos e estavam sem companheiras, e ele estava começando a se perguntar se algum dia encontraria uma. Só porque os outros descobriram alguém, não era garantia que ele iria. O Azure, a IA da sua nave, despertou o grupo porque muitas das companheiras da tripulação estavam vivas no planeta. Ragnar, Akash e Yuki estavam todos acasalados com Krista. Então Hanish encontrou JoJo, resultando em uma união perfeita de mandões exigentes.

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Raiden suspirou para os dois enquanto babavam sobre a foto da bebê, e Hanish esfregou o estômago de JoJo. Raiden revirou os olhos e saiu da sala. Ele precisava lutar com sua guilda em quinze minutos e iria ouvir um inferno se ele se atrasasse. Sentou-se no sofá em seu lugar habitual, que começava a apresentar um buraco na almofada, e ligou o jogo.

– Demorou o suficiente. – Disse Ispy47.

– Minha prima acabou de ter um bebê. A irmã de Bionerd. – Falou Raiden.

– Apenas observe. Ela irá querer um agora também, Coração de Dragão. E ela sabe onde conseguir a semente que precisará para fazer isto. – Brincou Ispy47.

Raiden ouviu risos através de seu fone de ouvido e revirou os olhos. – Bionerd é uma cientista. Ela gosta de tipos acadêmicos, e não de velhos tipos militares como eu.

– Nunca se sabe. Eu presenciei garotas boas com garotos maus.

– O que foi aquilo sobre garotos maus? – Perguntou Bionerd enquanto entrava no jogo.

– É bom você se juntar a nós, Bionerd. Você é o membro menos confiável da nossa guilda. – Disse Tangofoxtrot99.

– Pare de aborrece-la. Eu te disse, ela não é um membro principal da guilda. É um membro casual. Dê um tempo a ela, está tentando salvar o mundo.

– Desde quando “estar tentando salvar o mundo é uma desculpa?” – Disse Tangofoxtrot99. – Quando fui inserido, ainda assim precisava ter pontualidade.

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– Besteira. – Queixou se Ispy47. – É verdade. – Tangofoxtrot99 disse.

– Escolha suas armas, senhores. Cinco minutos. Você está jogando, Bionerd? Starboy não está aqui. Temos um lugar.

– Não. Eu acabei de chegar para dizer oi. Você vem amanhã? – Todos nós estamos chegando, então eu estarei lá.

– Vejo você então.

Bionerd111 fez o logoff e a equipe de Raiden se manifestou. – Awww... – Fazendo barulhos de beijos. Raiden escolheu não dizer nada, reagir só piorava. Quando foi colocado no jogo, ele tirou sua frustração no inimigo. Eles venceram a rodada, quebrando o recorde pelo tempo mais rápido com mais assassinatos. Ele sorriu enquanto as pontuações flutuavam pela tela e seu nome estava no topo da tabela de classificação.

– Novo recorde de todos os tempos, Dragonheart127. – Tangofoxtrot99 comentou. – Fizemos isso juntos. – Disse Raiden.

Mais tarde naquela noite, muito depois de todos terem ido para a cama, Raiden retirou-se para seu quarto com as sobras do jantar, frango frito, purê de batatas, milho e um pouco de chá gelado descafeinado. Ele sentou em seu sofá e ligou um filme. Zephyr e Cato estavam sempre incomodando todos para aprender sobre os rituais de acasalamento humanos. Raiden não tinha pensado muito nisso, já que sua companheira não tinha aparecido. Mas ele imaginou que poderia muito bem entender o que os humanos achavam romântico.

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Ele começou a assistir a uma comédia romântica sobre uma mulher que sempre foi uma dama de honra. Era bonita e alta, e isso o fez se perguntar por que ela não foi capaz de encontrar um homem. Mas ao assistiu ela se acasalar com alguém que não era tão bonito ou tão talentoso como ele. Talvez ele tivesse uma chance com Flora depois de tudo.

O que estava pensando? Ele não poderia estar com Flora. Ela não era sua companheira, e nunca seria. Executar uma análise de acasalamento seria apenas uma grande decepção, e não queria ter que passar por isso. Depois do filme, acabou desabando sobre a cama, com migalhas do frango frito na camisa.

Quando ele acordou no dia seguinte, resmungou e enxugou o rosto. Havia um prato de papel na cama ao seu lado e chá derramado em sua camisa. Sentando-se, pensou que talvez fosse hora de começar a reavaliar suas atitudes. Se arrastou até o banheiro, coçando a bunda. Depois de um longo banho quente, durante o qual se forçou a não pensar em Flora, vestiu um par de jeans, tênis e moletom com capuz. JoJo disse que ele parecia um hipster, e ele tinha certeza de que não era um elogio. Mas realmente não se importava. JoJo, embora fosse gentil e carinhosa ajudando a manter Hanish longe de lhe aborrecer o tempo todo, era uma conservadora, que não se soltou até conhecer Hanish. Os dois podiam concentrar-se um no outro. Não era problema dele.

Ao descer encontrou todo mundo pronto para ir, até mesmo Krista e seu harém haviam chegado para a viagem à House of Flames, no intuito de visitar o bebê Effie. Em breve a própria Krista traria ao mundo uma nova vida, haveria dois novos draconianos para rejuvenescer sua raça. Era responsabilidade de cada dragão trazer novos filhos ao mundo. Essa foi a razão pela qual eles semearam o planeta em primeiro lugar, para se salvar da extinção. Se a tarefa de manter a corrida tivesse sido deixada para os anciões

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de Dragonia, todos estariam mortos e não haveria ninguém para proteger os humanos dos vampiros.

Flora poderia estar tentando com toda a sua inteligência encontrar uma vacina, mas Raiden estava se preparando para a batalha que sabia que estava chegando. Tinha estado muito quieto desde o último ataque ao Coven, durante o qual eles queimaram a mansão dos vampiros e mataram a maior parte deles. Haveria repercussões. Ele podia sentir isso profundamente em seus ossos.

Mas naquele dia, iriam ver a bebê. Raiden encomendou um presente para a garota pela Internet, que havia chegado no dia anterior, no qual tinha feito um belo embrulho. Era um pequeno dragão de pelúcia. Este bebê iria se acostumar com os dragões em sua vida, considerando que seu pai era um e ela também. Essa era uma das belezas de Dragon Souls acasalando-se com dragões: seus filhos seriam todos dragões de sangue puro. Tudo funcionou muito bem depois da semeadura do planeta. A evolução cuidara de tudo enquanto dormiam.

Os cientistas dragonianos tinham se arriscado seguindo esse plano, mas tudo deu certo no final, para todos, exceto Raiden e Zephyr, de qualquer forma. Com a sorte de Zephyr, encontraria uma companheira muito antes de Raiden, e Raiden estaria sozinho pelo resto de sua vida, ansiando por uma mulher que nunca poderia ter.

Ele pegou seu presente, empurrou-o em sua mochila junto com seu laptop e fone de ouvido, e saiu para a garagem com os outros. Optou por dirigir o Maserati7 ao invés de

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seguir com todos. Não estava com vontade de ouvir menções jorrando sobre filhos, seus trabalhos ou provocando-o sobre seus passatempos.

Dirigiu rápido ao longo da rota rural, tomou a rodovia, em seguida, entrou na estrada que levava à House of Flames. Ele adorava dirigir rápido. Era uma das poucas coisas que lhe davam paz em seu mundo cada vez mais estreito.

Parou em frente à House of Flames e estacionou seu carro na entrada da garagem. Depois de pegar sua mochila, correu para a porta da frente. Everly cumprimentou-o com um grande sorriso e conduziu-o para dentro. Todos da House of Flames estavam reunidos na sala de estar.

Sentou-se no sofá em frente a Flora e colocou a mochila no chão ao lado. Seus olhos se desviaram do bebê e o sorriso estampado em seu rosto se transformou em outra coisa. Sua mudança de expressão deu um ínfimo indício que Raiden reconhecia como desejo.

Piscou várias vezes, sem saber como reagir. Flora nunca demonstrara qualquer interesse por ele. Se tivesse, não saberia como se sentiria sobre isso. Ela era a irmã de Penélope, e se eles tivessem um relacionamento sexual, isso poderia causar alguns problemas nas casas. Seria estranho quando terminasse. Como seriam os churrascos então? Ele e Flora ainda seriam amigos?

Sua amizade era provavelmente o maior problema. Gostava de Flora. Não era só que ela era inteligente, bonita, legal e engraçada. Ele dependia da amizade deles. Poderia ser estranho que, como um homem cercado por uma tripulação de irmãos de armas que lutaram juntos em guerras por centenas de anos, ele encontraria o maior conforto e camaradagem com uma mulher humana.

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Ela nunca o julgou e em certas ocasiões o ajudou a relaxar. O fez sentir como se sua vida tivesse significado. Contou sobre seu trabalho com a vacina, não de maneira técnica, mas filosófica e de fácil compreensão. Atuava com empenho para interromper a guerra com os vampiros, como ele, que vinha lutando desde que era criança.

De volta ao seu planeta natal, Dragonia, ele mal tinha saído da concha antes de segurar sua primeira espada de laser. Treinou por anos em combate corpo-a-corpo. Era um dos mais habilidosos combatentes furtivos de todo o exército dragoniano. Lutar em guerras estava em seu sangue. Mas agora que ele estava na Terra, não havia nada a fazer senão esperar.

Flora foi a única que entendeu que Raiden ainda estava treinando. Era a única que não o considerava um perdedor pela maneira como escolheu gastar seu tempo. Era uma cientista e provavelmente mais inteligente do que Raiden, embora ele fosse de uma espécie avançada, de acordo com ela. Ambos se deram bem e ofereceram um ao outro apoio, conforto e capacidade de apenas ser. Isso era algo que estimava. Não importava o quão bonita e sexy Flora fosse, precisava que fosse sua amiga muito além de sua necessidade em fazer amor com ela.

– Ela não é linda? – Penélope perguntou, balançando o bebê Effie em seus braços. – Ela parece com a nossa mãe. – Afirmou Flora à Raiden.

– Nós a chamamos de Effie Gabriella Flame. – Penélope contou. – É bonito. – Exprimiu Raiden.

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Raiden olhou de Flora para Penélope e de volta para Flora, que estava olhando para sua irmã gêmea e sua sobrinha. Havia tanto amor na sala que era quase palpável, fazendo Raiden se sentir desconfortável. Não pôde deixar de notar o quão amável Flora parecia sentada ao lado de sua irmã.

Ela usava um cardigã verde folgado com remendos de couro nos cotovelos. Debaixo disso, havia um top com algum trocadilho de ciência que ele não entendia e usava um par de meias. Seu cabelo estava em uma trança bagunçada que pendia sobre o peito, e usava um medalhão no pescoço que ele sabia que continha uma foto dela e de Penélope quando eram crianças.

Raiden entregou seu presente para Cato.

– Obrigado, Raiden. Você não deveria. – Disse Penélope quando o resto da House of Storms chegou.

Cato colocou o presente na mesa e foi cumprimentar a todos. – Você pode abri-lo, Flora? – Penélope perguntou.

Flora pegou o pacote embrulhado para presente e começou a abri-lo para sua irmã. Quando tirou a tampa da caixa e encontrou o pequeno dragão bonitinho que era feito para uma criança, os olhos de Penélope se arregalaram e ela murmurou.

– É tão fofo.

– Suas asas são para a dentição. – Raiden explicou.

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– Nós conseguimos um ano de serviço de fraldas. – Disse Yuki, entrando na sala. – E nós temos para você, babá ilimitada com a melhor babá do país. – JoJo relatou. – Que ótima maneira de se exibir. – Raiden brincou, olhando para seu capitão e JoJo. – O seu brinquedo de dragão também é fofo. – Hanish comentou, segurando Tor no quadril.

– Eu amei isso, Raiden. Não deixe que eles te chateiem. – Penélope exprimiu com um sorriso gracioso.

Raiden assentiu e deu um tapinha no ombro de Penélope, parabenizando-a com uma voz suave antes de sair do ambiente. O restante dos Storms se aglomeravam e ele começou a se sentir claustrofóbico.

Normalmente, Raiden tinha uma personalidade fácil e desimpedida. Mas nos últimos meses, se tornou cada vez mais sombrio. Não tinha certeza do porquê. Talvez tenha sido por causa da constante provocação e insultos de sua equipe. Talvez fosse porque quando trouxe Flora para a guilda como uma jogadora casual, seus companheiros de equipe continuaram a provocação de onde sua tripulação havia parado. Ou talvez fosse porque estava se apaixonando seriamente por sua melhor amiga, uma mulher que não era sua companheira. Tudo culminou em fazer o normalmente feliz e despreocupado Raiden, intensamente mal-humorado.

Ele escapou para um covil privado e abriu seu computador de jogos. Quando ligou a máquina, Flora passou pela porta e sentou-se à sua frente. Fechou a tampa e aceitou a garrafa de cerveja que ela lhe ofereceu.

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– Eu nunca fui muito para chás de bebê. – Comentou Flora.

– Todo mundo está me dando nos nervos ultimamente. – Admitiu Raiden.

– Eu sei o que você quer dizer. Amo minha irmã, Cato e minha sobrinha mais do que eu posso compreender. Mas com todo mundo acasalando e tendo bebês, o assunto é só acasalar isso e bebê aquilo, e isso começa a desgastar, sabe?

– Eu sei exatamente o que você quer dizer. Às vezes, eu só quero jogar ou assistir a um filme e não me preocupar em encontrar minha companheira predestinada. Além disso, os vampiros não vão descansar. Não é como se tivéssemos nos livrado deles permanentemente. A primeira vez nós queimamos o Coven deles, eles acabaram estabelecendo um novo, mas desta vez matamos a maioria, incluindo um ancião. Haverá repercussões.

– Eu não duvido. – Disse Flora.

– Precisamos estar preparados. Não podemos simplesmente descansar sobre nossas glorias e decorar berçários. Precisamos estar prontos para o próximo ataque.

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CAPÍTULO 05

Pelas duas semanas seguintes, posterior ao chá de bebê, Flora dividia seu tempo entre o trabalho no subsolo com seu projeto da vacina e a correria auxiliando sua irmã e sobrinha que demandava alguém as apoiando integralmente. Entretanto com o ritmo intenso começava a se desgastar, e até aquele momento não tinha obtido nenhum avanço com o projeto. Estava começando a se sentir cansada e desapontada.

Sentada diante à TV de seu quarto, tarde noite, quando não conseguia dormir, desfrutava do tempo jogando com Raiden e sua guilda. Eles estavam sempre felizes em deixá-la participar casualmente das batalhas, às vezes mesmo quando estavam trabalhando em seus rankings. Ela os apreciava, se integrando em uma posição sempre que tinha tempo.

– Vou parar por aqui hoje à noite, pessoal. – Ela disse enquanto deixavam o campo de batalha. Tinha conseguido quinze mortes, um novo recorde pessoal, quase empatando com Raiden pelo primeiro lugar. – Boa noite, Bionerd. – Desejou Raiden.

– Boa noite, Dragonheart. – Exprimiu melancolicamente quando desligou o fone de ouvido e saiu do jogo.

Ouvir a voz de Raiden deu a Flora uma sensação de segurança e pertencimento. E quanto mais tempo convivia com a sua irmã e companheiro, maior ficava seu desejo que houvesse algo além de amizade entre os dois. No começo, pensou que a ideia era louca, porém começava a sentir se de maneira diferente sobre tudo. No chá de bebê, ambos concordaram que toda a conversa sobre filhos e acasalamento estava ficando velha. Mas

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quando olhou nos olhos de Raiden naquele dia, no fundo de sua alma, desejou que falassem sobre essas coisas um pouquinho.

Seus sentimentos por ele eram ridículos, tinha consciência disso. Não eram certos um para o outro, e de qualquer maneira, ele era todo impulso e músculo, enquanto ela era uma cientista pensativa e determinada. Mas se deram bem em mais de uma maneira, e Flora acabou por depender de sua amizade.

Foi por isso que não tentou ir além, não queria estragar o que tinham. Era bizarro admitir para si mesma, mas Raiden tinha se tornado seu melhor amigo, mais que todos os seus colegas de classe na universidade, seus professores e seus amigos de infância.

Raiden era o único cujo a conexão a impelia lembrar como se sentir bem. Até mesmo seu trabalho com Cato e Zephyr era estressante, e, continuamente decepcionante. Quando estava com Raiden, havia leveza, diversão e uma sensação de liberdade que não sentia com mais ninguém, e precisava disso em sua vida mais do que precisava de um namorado.

Além disso, se ela não fosse sua companheira predestinada, ele não iria querer ficar com ela de qualquer maneira. Essa foi uma das primeiras coisas que aprendeu sobre dragões. Raiden nunca sugeriu que Flora fosse sua ou fez qualquer movimento para cortejá-la, então precisava acreditar que não havia nada lá, não importava o quanto ansiava que houvesse. Optou por ser feliz com a amizade deles e, no momento, era feliz. Passar o tempo juntos era um grande alívio do estresse de trabalhar no laboratório e apoiar sua irmã. Quando estava com Raiden, conseguia realmente ser ela mesma, realizando coisas simples como soltar o cabelo e não ser tão séria, rir e se divertir.

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Desligou o console de jogos e ligou a TV para assistir ao noticiário. As manchetes estavam rolando abaixo do repórter na tela. Ela leu as palavras e piscou repetidamente, tentando entendê-las:

“Outras notícias: Uma onda de relatórios de pessoas desaparecidas espalhou-se pelo país. Homens, mulheres e crianças desapareceram de suas casas, do trabalho e de playgrounds sem deixar rastro. Os relatórios totalizam dois mil na última semana. E esses números estão apenas crescendo. Alguns sugeriram que é uma nova tática de grupos terroristas. Outros afirmam que é uma evolução natural do crime violento. Mas até agora, essas são apenas teorias. Vamos mantê-los atualizados sobre os eventos que se desdobram, mas por enquanto, fiquem seguros, e não saiam sozinhos, especialmente depois de escurecer.”

Flora assistiu ao noticiário, horrorizada, com uma sensação de naufrágio na barriga permeada pelo pressentimento que sabia a causa dos desaparecimentos. Ela abriu o laptop, digitou no site de notícias local e leu:

“Os relatórios das pessoas desaparecidas que estiveram varrendo a nação finalmente chegaram à área de Seattle. Houve mais de quinhentos relatórios de desaparecidos somente em King County nas últimas vinte e quatro horas.”

Quando Flora leu a notícia, sentiu uma angústia ainda maior. Raiden estava certo. Os vampiros estavam de volta e piores do que nunca. Usando o dispositivo de pulso que os dragões tinham fornecido, digitou uma mensagem para Raiden. “Você está certo. Os vampiros estão aqui, e estão sequestrando pessoas a um ritmo alarmante. Pior do que qualquer coisa que vimos antes.”

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“Você viu as notícias?” “Eu não assisto as notícias.”

“Você precisa ligar a CNN agora mesmo.”

Alguns minutos depois, ele respondeu. “Você está certa. É isso.” “Porque eles estão fazendo isso?”

“Eu não sei. Mas eu conheço a natureza dos vampiros, e quando se trata da queima de seus Covens e do assassinato de seus comparsas, eles não aceitam o insulto levemente. Eu previa que a retaliação aconteceria, porém não sabia exatamente como.”

“Onde eles levaram os humanos?” – Flora perguntou.

“Eles provavelmente estão mortos. Os vampiros provavelmente estão reunindo suas forças e bebendo o máximo de sangue possível antes de tentarem nos derrotar.”

“Eles podem?”

“Não como está agora, mas as coisas mudam a cada dia. Eu acredito que não vimos os vampiros mais fortes da Terra, eles dormiram por séculos. Quando despertaram, iniciaram um frenesi de alimentação maciça.”

“Você acha que é isso?”

“Pode ser”. – Escreveu Raiden. “Precisamos estar preparados para o caso. Leve isso para a atenção de Cato e tenha certeza de que ele tenha os escudos no máximo.”

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“Eu farei o mesmo aqui. Houve algum progresso com a vacina?” “Infelizmente não.”

“Bem, apenas continue trabalhando. Eu acredito em você.”

“Obrigado, Raiden. Eu provavelmente deveria ir dormir, mas não sei se posso.” “Eu vou ao ginásio para me exercitar, mas seu sono é indispensável. Você tem que descansar esse seu cérebro para a sua importante missão.”

“Eu falo com você de manhã.” – Escreveu ela. “Boa noite.”

Flora deslizou o dedo sobre o dispositivo de pulso e deitou-se na cama, aflita, seu coração batendo descompassadamente no peito. Ela considerou acordar e contar a Cato, porém seu cunhado estava dormindo tão pouco desde que Effie nasceu que a coragem de o perturbar sucumbiu.

Em vez disso, foi até o porão e começou a trabalhar na vacina, e no decorrer da madrugada adormeceu, caída sobre o painel do computador. Flora não acordou até que Cato entrou e perguntou o que ela estava fazendo.

– Eu trabalhei a noite toda. – Disse ela com um bocejo. – Você conseguiu dormir?

– Não muito. Mas está tudo bem.

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– Você viu as notícias? – Ela perguntou, ligando a televisão na tela holográfica do computador. O clipe de notícias era semelhante ao que ela tinha visto pela madrugada.

Cato sentou-se ao lado dela, chocado. – Dez mil em uma semana?

– Isso é cinco vezes mais desde a noite passada. Raiden acha que os vampiros mais velhos estão despertando e tendo um frenesi de alimentação em massa.

– Essa é uma explicação muito provável. – Considerou Cato. – Deslizando os dedos sobre o painel comandou. – Bethi, quero que você me consiga todas as imagens que puder das pessoas desaparecidas. Faça uma análise profunda das semelhanças e diferenças.

– Iniciando análise. – Relatou Bethi.

– Isso deve nos dar alguma clareza. – Cato comentou.

Mas Flora distinguiu a sutil insegurança que vinha em suas palavras. Como apresentava-se profundamente exausta, embora a adrenalina e o cortisol estivessem correndo pelo sangue, resolveu subir e deitar em sua cama, forçando-se a dormir um pouco mais. Conseguiu dormir algumas horas antes de acordar novamente com raios de sol nos olhos, checando o relógio constatou que já estava no período da tarde.

Ao se dirigir à cozinha, serviu-se de uma xícara de chá da cafeteira automática e sentou-se à mesa. Cato entrou na sala um momento depois, parecendo preocupado.

– Bethi completou sua análise. – Relatou ele. – E…?

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