Vivência: Revista de Antropologia
Vivência: Revista de Antropologia
É a revista do Departamento de Antropologia – DAN e da Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS.
A revista tem registro nos seguintes indexadores internacionais: A revista tem registro nos seguintes indexadores internacionais: Sociological/Abstracts
Social Services Abstracts
World Political/Science Abstracts
Linguistics and Language Behavior Abstracts Endereço para correspondência:
Endereço para correspondência: Vivência: Revista de antropologia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA Departamento de Antropologia - DAN
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Natal-RN
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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCHLA Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCHLA Divisão de Serviços Técnicos
Divisão de Serviços Técnicos
Vivência: revista de antropologia. UFRN/DAN/PPGAS, v. I., n. 48 (jul/dez. de 2016),- Natal: Vivência: revista de antropologia. UFRN/DAN/PPGAS, v. I., n. 48 (jul/dez. de 2016),- Natal: UFRN. 2016. UFRN. 2016. 1-Antropologia- periódico. 1-Antropologia- periódico. Semestral. Semestral.
Descrição baseada em: n. 48, 2016. Descrição baseada em: n. 48, 2016. Este número é em parceria com a EDUFRN Este número é em parceria com a EDUFRN N NOO 48 | ISSN 0104-3064 | 2016 48 | ISSN 0104-3064 | 2016
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Reitor(a): Ângela Maria Paiva Cruz Vice-Reitor: José Daniel Diniz Melo
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Diretora: Maria das Graças Soares Rodrigues Vice-Diretor: Sebastião Faustino Pereira Filho
Departamento de Antropologia – DAN Departamento de Antropologia – DAN
Chefe: Rita de Cássia Maria Neves Vice-Chefe: Francisca de Souza Miller
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS
Coordenador: Carlos Guilherme Octaviano do Valle Vice-coordenadora: Julie Antoinette Cavignac
Revista Online Revista Online
Editora: Francisca de Souza Miller Editora Gerente: Lisabete Coradini
Revista Impressa Revista Impressa
Editora: Francisca de Souza Miller Editora Gerente: Lisabete Coradini
Assistente Editorial Assistente Editorial
Francisco Fagner
Vivência: Revista de Antropologia
Vivência: Revista de Antropologia ISSN: 0104 3064 (versão impressa):
http://www.cchla.ufrn.br/vivencia/
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Vivência: Revista de Antropologia ISSN: 2238 6009 (versão online):
http://perodicos.ufrn.br/vivencia
Comissão Editorial: Comissão Editorial:
Carlos Guilherme Octaviano do Valle (UFRN) Eliane Tania Martins de Freitas (UFRN) Elisete Schwade (UFRN)
Francisca de Souza Miller (UFRN) Jean Segata (UFRN)
José Glebson Vieira (UFRN) Julie Antoinette Cavignac (UFRN) Juliana Gonçalves Melo (UFRN) Lisabete Coradini (UFRN) Luiz Carvalho Assunção (UFRN) Rita de Cássia Maria Neves (UFRN) Rozeli Maria Porto (UFRN)
Conselho Editorial: Conselho Editorial:
Angela Maria de Souza Torresan (Universidade de Manchester/Inglaterra) Antonio Carlos Diegues (USP)
Carmen Sílvia Rial (UFSC)
César González Ochoa (UNAM/México) Cornélia Eckert (UFRGS)
Clarice Ehlers Peixoto (UERJ)
Edmundo Marcelo Mendes Pereira (UFRJ/Museu Nacional) Ellen Fensterseifer Woortmann (UnB)
Gabriela Martins (UFPE)
Gloria Ciria Valdéz Gardea (El Colegio de Sonora/México) Ilka Boaventura Leite (UFSC)
José Guilherme Cantor Magnani (USP)
Luiz Fernando Dias Duarte (UFRJ/Museu Nacional)
Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha (Universidade de Chicago/EUA) Miriam Pillar Grossi (UFSC)
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ANTROPOLOGIA
Rafael Antonio Pérez-Taylor Aldrete (UNAM/México) Rinaldo Sérgio Vieira Arruda (PUC-SP)
Roberta Bivar Carneiro Campos (UFPE)
Normatização: Normatização:
Editoria da Vivência: Revista de Antropologia
Revisão de texto em português: Revisão de texto em português:
Rousiêne Gonçalves (Caule de Papiro Gráfi ca e Editora)
Revisão de texto em inglês: Revisão de texto em inglês:
Gleidson José da Costa (Caule de Papiro Gráfi ca e Editora)
Projeto Gráfi co/Editoração Eletrônica: Projeto Gráfi co/Editoração Eletrônica:
Caule de Papiro Gráfi ca e Editora
Obra da capa: Obra da capa: Avelar Amorim Avelar Amorim Parceria: Parceria:
Editora Universitária da UFRN – EDUFRN
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA
Tiragem: Tiragem: 300 exemplares
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APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
PRESENTATION
Rozeli Porto (UFRN) Anna Paula Vencato (UFMG) Ana Flavia Lucas D`Oliveira (USP) DOSSIÊ
DOSSIÊ
DOSSIER
DES-FAZER DE CORPOS: UMA HISTÓRIA SOBRE
DES-FAZER DE CORPOS: UMA HISTÓRIA SOBRE BEM-ESTAR, SOFRIMENTO E INTERSEXUALIDADE
ESTAR, SOFRIMENTO E INTERSEXUALIDADE
UN-DO OF BODIES: A HISTORY ABOUT WELL-BEING, SUFFERING AND INTERSEXUALITY
Barbara Gomes Pires Barbara Gomes Pires
A PSIQUIATRIZAÇÃO DO SEXO NÃO NORMATIVO: A PSIQUIATRIZAÇÃO DO SEXO NÃO NORMATIVO: BDSM E A 5ª REVISÃO DO MANUAL DIAGNÓSTICO E BDSM E A 5ª REVISÃO DO MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE DOENÇAS MENTAIS
ESTATÍSTICO DE DOENÇAS MENTAIS
THE PSYCHIATRIZATION OF NON-NORMATIVE SEX: BDSM AND THE 5TH REVISION OF THE DIAGNOSTIC AND
STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS
Vera Lucia Marques da Silva Vera Lucia Marques da Silva
HIV/AIDS EM MOÇAMBIQUE: PENSANDO GÊNERO E HIV/AIDS EM MOÇAMBIQUE: PENSANDO GÊNERO E SAÚDE A PARTIR DE IMAGENS
SAÚDE A PARTIR DE IMAGENS
HIV/AIDS IN MOZAMBIQUE: THINKING GENDER AND HEALTH IMAGES FROM
Esmael Alves de Oliveira Esmael Alves de Oliveira
(SIDA)DANIA E SAÚDE DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (SIDA)DANIA E SAÚDE DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS
CITIZENSHIP (THROUGH STD/AIDS) AND HEALTH OF TRANSVESTITES AND TRANSSEXUALS
Juliana Vieira Sampaio Juliana Vieira Sampaio Camila Aleixo de Campos Avarca Camila Aleixo de Campos Avarca
AS MULHERES SURDAS E O SISTEMA PÚBLICO DE AS MULHERES SURDAS E O SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE: CAMINHOS PARA O ACESSO AOS DIREITOS SAÚDE: CAMINHOS PARA O ACESSO AOS DIREITOS SEXUAIS REPRODUTIVOS
SEXUAIS REPRODUTIVOS
DEAF WOMEN AND THE HEALTH PUBLIC SYSTEM: WAYS TO ACCESS SEXUAL AND REPRODUCTIVE RIGHTS
Ana Luisa Borba Gediel Ana Luisa Borba Gediel
O CASO ADELIR E O MOVIMENTO PELA O CASO ADELIR E O MOVIMENTO PELA
HUMANIZAÇÃO DO PARTO: REFLEXÕES SOBRE HUMANIZAÇÃO DO PARTO: REFLEXÕES SOBRE VIOLÊNCIA, PODER E DIREITO
VIOLÊNCIA, PODER E DIREITO
THE COURT CASE OF ADELIR AND THE HUMANIZATION OF CHILDBIRTH MOVEMENT: REFLECTIONS ON VIOLENCE, POWER AND RIGHTS
Raquel Simas Raquel Simas Sara Sousa Mendonça Sara Sousa Mendonça
SAÚDE MENTAL E GÊNERO: O SOFRIMENTO SAÚDE MENTAL E GÊNERO: O SOFRIMENTO PSÍQUICO E A INVISIBILIDADE DAS VIOLÊNCIAS PSÍQUICO E A INVISIBILIDADE DAS VIOLÊNCIAS
MENTAL HEALTH AND GENDER: PSYCHOGICAL DISTRESS AND INVISIBILITY OF VIOLENCES
Ioneide de Oliveira Campos Ioneide de Oliveira Campos Valeska Maria Zanello de Loyola Valeska Maria Zanello de Loyola
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ATENCIÓN A LAS NECESIDADES DE SALUD DE LOS
ATENCIÓN A LAS NECESIDADES DE SALUD DE LOS HOMBRES EN LA CONSULTA DE PLANIFICACIÓN HOMBRES EN LA CONSULTA DE PLANIFICACIÓN FAMILIAR
FAMILIAR
ATTENTION TO THE HEALTH NEEDS OF MEN IN FAMILY PLANNING CONSULTATION
Yoanna Martínez Boloña Yoanna Martínez Boloña Zoe Díaz Bernal Zoe Díaz Bernal ARTIGOS ARTIGOS
PAPERS
A ASSISTÊNCIA AO PARTO NA PERSPECTIVA
A ASSISTÊNCIA AO PARTO NA PERSPECTIVA DE ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS EM UMA DE ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS EM UMA
MATERNIDADE PÚBLICA: DESMEDICALIZAÇÃO E MATERNIDADE PÚBLICA: DESMEDICALIZAÇÃO E MICROPOLÍTICAS NA LINGUAGEM DE GÊNER
MICROPOLÍTICAS NA LINGUAGEM DE GÊNERO
THE DELIVERY CARE IN VIEW OF OBSTETRIC NURSES IN A PUBLIC HOSPITAL: DEMEDICALIZATION AND MICROPOLITICS FROM THE GENDER LANGUAGE
Roniele Costa Sarges Roniele Costa Sarges Laura Cecilia López Laura Cecilia López
ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM: A INFLUÊNCIA DOS ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM: A INFLUÊNCIA DOS FATORES CAUSADORES DE NAUFRÁGIOS DO SÉCULO FATORES CAUSADORES DE NAUFRÁGIOS DO SÉCULO XVI NO MAR ADJACENTE AO PORTO DO RECIFE, PE, XVI NO MAR ADJACENTE AO PORTO DO RECIFE, PE, BRASIL
BRASIL
ARCHAEOLOGY OF THE LANDSCAPE: THE INFLUENCE OF SHIPWRECKS CAUSING FACTORS IN XVI CENTURY IN THE ADJACENT SEA TO THE PORT OF RECIFE , PE, BRAZIL
Carlos Rios Carlos Rios
Valdeci dos Santos Júnior Valdeci dos Santos Júnior Daline Lima de Oliveira Daline Lima de Oliveira
A SOCIO-ANTROPOLOGIA URBANA: DA SOCIOLOGIA A SOCIO-ANTROPOLOGIA URBANA: DA SOCIOLOGIA URBANA AO ESTUDO DA CIDADE DEFINIDA COMO UM URBANA AO ESTUDO DA CIDADE DEFINIDA COMO UM MUNDO DE RELAÇÕES
MUNDO DE RELAÇÕES
THE URBAN SOCIO-ANTHROPOLOGY: FROM THE URBAN SOCIOLOGY TO THE STUDY OF THE CITY DEFINED AS A WORLD OF RELATIONSHIPS
Jair Araújo de Lima Jair Araújo de Lima Rita de Cássia Fazzi Rita de Cássia Fazzi
LA INFLUENCIA DE LA RELIGIÓN EN LA LA INFLUENCIA DE LA RELIGIÓN EN LA
DESVALORIZACIÓN DE LOS CUIDADOS EN LA SALUD: DESVALORIZACIÓN DE LOS CUIDADOS EN LA SALUD: UNA LECTURA DESDE EL GÉNERO
UNA LECTURA DESDE EL GÉNERO
THE INFLUENCE OF RELIGION ON THE DEPRECIATION OF HEALTHCARE: A LOOK FROM A GENDER PERSPECTIVE
Vilma Aguirre Flores Vilma Aguirre Flores Braulio Urzúa Rivera Braulio Urzúa Rivera Yafza Reyes Muñoz Yafza Reyes Muñoz Claudia Cortés Figueroa Claudia Cortés Figueroa
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APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
PRESENTATION
Rozeli Porto (UFRN) Rozeli Porto (UFRN) Anna Paula Vencato (UFMG) Anna Paula Vencato (UFMG) Ana Flavia Lucas D`Oliveira (USP) Ana Flavia Lucas D`Oliveira (USP)
Os artigos reunidos neste dossiê trazem uma contribuição importante Os artigos reunidos neste dossiê trazem uma contribuição importante para pensar sobre como os estudos acerca do Gênero, das Sexualidades e da para pensar sobre como os estudos acerca do Gênero, das Sexualidades e da Saúde constituem-se, hoje, em, um campo central para a produção Saúde constituem-se, hoje, em, um campo central para a produção teórico-metodológica da Antropologia. A proposta refl etiu sobre como essas categorias metodológica da Antropologia. A proposta refl etiu sobre como essas categorias se articulam, de modo interseccional, com ênfase no atendimento prestado se articulam, de modo interseccional, com ênfase no atendimento prestado por agentes mediadores em hospitais, maternidades e/ou unidades básicas de por agentes mediadores em hospitais, maternidades e/ou unidades básicas de saúde às pessoas que se identifi cam, a partir de diversas categorias de saúde às pessoas que se identifi cam, a partir de diversas categorias de identi-fi cação/identidades, relativas ao gênero e às sexualidades. Assim, o dossiê se fi cação/identidades, relativas ao gênero e às sexualidades. Assim, o dossiê se propôs a contemplar a pessoas heterossexuais e como LGBTIs (Lésbicas, Gays, propôs a contemplar a pessoas heterossexuais e como LGBTIs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais,Transgêneros/as e Intersexo).
Bissexuais, Travestis, Transexuais,Transgêneros/as e Intersexo).
Os textos contemplados no dossiê trazem estes debates, a partir de Os textos contemplados no dossiê trazem estes debates, a partir de pesquisas qualitativas e quantitativas, que se debruçam por questões como o pesquisas qualitativas e quantitativas, que se debruçam por questões como o atendimento nos serviços de saúde; a formação e supervisão/educação atendimento nos serviços de saúde; a formação e supervisão/educação perma-nente dos profi ssionais de saúde no atendimento às mulheres em situação de nente dos profi ssionais de saúde no atendimento às mulheres em situação de violência de gênero e/ou violências cometidas contra a população LGBTI; o violência de gênero e/ou violências cometidas contra a população LGBTI; o acesso a políticas de saúde e a proteção do Estado frente à violência motivada acesso a políticas de saúde e a proteção do Estado frente à violência motivada pelo preconceito contra grupos tidos como subalternos, os obstáculos e desafi os pelo preconceito contra grupos tidos como subalternos, os obstáculos e desafi os relacionados à promoção de saúde, que vão desde a qualidade da informação, relacionados à promoção de saúde, que vão desde a qualidade da informação, passando por valores simbólicos, até a efetivação de propostas de gestores de passando por valores simbólicos, até a efetivação de propostas de gestores de saúde; as consequências da violência de gênero sobre a saúde das mulheres e saúde; as consequências da violência de gênero sobre a saúde das mulheres e da homo-lesbo-transfobia, no atendimento público de saúde; e as experiências da homo-lesbo-transfobia, no atendimento público de saúde; e as experiências positivas, no atendimento nos serviços de saúde e na formação de profi ssionais positivas, no atendimento nos serviços de saúde e na formação de profi ssionais da área de saúde relacionada às mulheres em situação de violência e às mulheres da área de saúde relacionada às mulheres em situação de violência e às mulheres e homens com diversas identidades de gênero e sexualidades.
e homens com diversas identidades de gênero e sexualidades.
Abrindo o dossiê, temos o artigo de Barbara Gomes Pires, que se Abrindo o dossiê, temos o artigo de Barbara Gomes Pires, que se propõe a examinar, a partir da trajetória de uma pessoa intersexual no serviço propõe a examinar, a partir da trajetória de uma pessoa intersexual no serviço de saúde, algumas ativações e atravessamentos da categoria “bem-estar”. A de saúde, algumas ativações e atravessamentos da categoria “bem-estar”. A autora realizou uma investigação etnográfi ca em um hospital público no Rio autora realizou uma investigação etnográfi ca em um hospital público no Rio de Janeiro, durante o ano de 2014. Por meio de abordagens clínicas deste de Janeiro, durante o ano de 2014. Por meio de abordagens clínicas deste itine-rário terapêutico, Pires refl ete sobre as implicações de protocolos biomédicos rário terapêutico, Pires refl ete sobre as implicações de protocolos biomédicos específi cos, em relação aos modos de procedimentos defi nidos que englobam específi cos, em relação aos modos de procedimentos defi nidos que englobam o que se chama hoje de “distúrbios do desenvolvimento sexual”. Através da o que se chama hoje de “distúrbios do desenvolvimento sexual”. Através da análise deste itinerário, a autora compreende como as aplicações práticas análise deste itinerário, a autora compreende como as aplicações práticas des-ses protocolos se relacionam com concepções de um “bem-estar restrito e ses protocolos se relacionam com concepções de um “bem-estar restrito e funcional”. Esta funcionalidade não será somente de ordem biológica, como funcional”. Esta funcionalidade não será somente de ordem biológica, como também e, efetivamente, de ordem social. Ao perseguir essa trama biomédica, a também e, efetivamente, de ordem social. Ao perseguir essa trama biomédica, a autora percebe como ideias de sofrimento, vulnerabilidade e qualidade de vida autora percebe como ideias de sofrimento, vulnerabilidade e qualidade de vida acabam por afetar determinadas experiências e, também, acabam por modelar acabam por afetar determinadas experiências e, também, acabam por modelar subjetividades. Conclui que essas práticas clínicas e cirúrgicas feitas, subjetividades. Conclui que essas práticas clínicas e cirúrgicas feitas, preco-cemente, apenas intensifi cam os processos de incertezas sobre o sexo/gênero, cemente, apenas intensifi cam os processos de incertezas sobre o sexo/gênero, onde “a garantia de coerência sexual se constrói inversamente ao apagamento onde “a garantia de coerência sexual se constrói inversamente ao apagamento ou à ‘mortifi cação do eu’ intersexual”. Observa, ainda, que as implicações das ou à ‘mortifi cação do eu’ intersexual”. Observa, ainda, que as implicações das práticas e explicações dessas condições compõem os processos de “veridicção práticas e explicações dessas condições compõem os processos de “veridicção da intersexualidade” e “do corpo sexuado” de forma geral.
da intersexualidade” e “do corpo sexuado” de forma geral.
apresentação | presentation
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Na sequência, o artigo de Vera Lucia Marques da Silva refl ete sobre
Na sequência, o artigo de Vera Lucia Marques da Silva refl ete sobre como determinadas práticas efetivadas pelo grupo BDSM (acrônimo para como determinadas práticas efetivadas pelo grupo BDSM (acrônimo para Bondage/Disciplina, Dominação/Submissão, Sadismo/Masoquismo) aparecem Bondage/Disciplina, Dominação/Submissão, Sadismo/Masoquismo) aparecem na quinta Revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais na quinta Revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V). O texto explora certos elementos do processo histórico que ensejou a (DSM V). O texto explora certos elementos do processo histórico que ensejou a organização das práticas sexuais, a partir de algumas categorias, tais como organização das práticas sexuais, a partir de algumas categorias, tais como “nor-mal” e “patológico”, e como estas marcam processos de estigmatização de mal” e “patológico”, e como estas marcam processos de estigmatização de dife-rentes grupos sociais, tais quais aqueles praticantes de BDSM. As defi nições de rentes grupos sociais, tais quais aqueles praticantes de BDSM. As defi nições de patologia prescritas nos manuais médico-psiquiátricos não são percebidas pelo patologia prescritas nos manuais médico-psiquiátricos não são percebidas pelo grupo BDSM no Brasil como um grande problema a ser enfrentado. Observa grupo BDSM no Brasil como um grande problema a ser enfrentado. Observa que a reiteração incessante de que suas práticas são norteadas pelo princípio que a reiteração incessante de que suas práticas são norteadas pelo princípio “São, Seguro e Consensual”, elementos que lhes garante o afastamento da ideia “São, Seguro e Consensual”, elementos que lhes garante o afastamento da ideia de patologia, assim como da ideia de que essas práticas poderiam se confundir de patologia, assim como da ideia de que essas práticas poderiam se confundir com violências físicas ou de outras ordens. Um debate crítico acerca do DSM V com violências físicas ou de outras ordens. Um debate crítico acerca do DSM V demanda que se problematize os riscos da inclusão de certas relações ou sujeitos demanda que se problematize os riscos da inclusão de certas relações ou sujeitos no discurso médico-psiquiátrico a partir de categorias que patologizam desejos e no discurso médico-psiquiátrico a partir de categorias que patologizam desejos e práticas ou a partir de normativas que regulamentem como seus corpos, desejos práticas ou a partir de normativas que regulamentem como seus corpos, desejos e práticas devem ser. O acesso a uma saúde de qualidade passa, também, por e práticas devem ser. O acesso a uma saúde de qualidade passa, também, por garantir que o indivíduo tenha autonomia para tomar decisões acerca de seus garantir que o indivíduo tenha autonomia para tomar decisões acerca de seus corpos, desejos e práticas.
corpos, desejos e práticas.
O terceiro artigo, de Esmael Alves de Oliveira, faz uma refl exão sobre O terceiro artigo, de Esmael Alves de Oliveira, faz uma refl exão sobre os limites das ações de enfrentamento ao HIV/Aids em Moçambique. Por meio os limites das ações de enfrentamento ao HIV/Aids em Moçambique. Por meio da análise de imagens, evidencia as contradições de um discurso que busca da análise de imagens, evidencia as contradições de um discurso que busca transmitir uma mensagem de “prevenção” numa política do controle e num transmitir uma mensagem de “prevenção” numa política do controle e num discurso “catastrófi co”.
discurso “catastrófi co”.
O autor fez uso das imagens produzidas em Moçambique para a O autor fez uso das imagens produzidas em Moçambique para a polí-tica de enfrentamento ao HIV/Aids naquele país, assim como dos discursos tica de enfrentamento ao HIV/Aids naquele país, assim como dos discursos dessas campanhas, buscando pensar as distintas lógicas de sentido que tecem dessas campanhas, buscando pensar as distintas lógicas de sentido que tecem as organizações “narrativas e simbólicas em torno do HIV/Aids”.
as organizações “narrativas e simbólicas em torno do HIV/Aids”.
Alguns aspectos questionados pelo autor nesse texto dizem respeito Alguns aspectos questionados pelo autor nesse texto dizem respeito a se é possível, por exemplo, situar os cartazes de prevenção utilizados pelo a se é possível, por exemplo, situar os cartazes de prevenção utilizados pelo Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) como metáforas do HIV/Aids. Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) como metáforas do HIV/Aids. Questiona, ainda, sobre quais seriam os dilemas inerentes a esta política de Questiona, ainda, sobre quais seriam os dilemas inerentes a esta política de enfrentamento da epidemia, especialmente, no que diz respeito às estratégias enfrentamento da epidemia, especialmente, no que diz respeito às estratégias utilizadas no “combate” a prevenção. Observa que tais questões apontam para utilizadas no “combate” a prevenção. Observa que tais questões apontam para a importância de se levar em consideração os elementos culturais, uma vez que a importância de se levar em consideração os elementos culturais, uma vez que as imagens divulgadas nas propagandas do MISAU trazem “uma representação as imagens divulgadas nas propagandas do MISAU trazem “uma representação do HIV/Aids”, sempre envolta numa dimensão “da negação, do mal, do perigo, do HIV/Aids”, sempre envolta numa dimensão “da negação, do mal, do perigo, daquilo que é interdito, portanto, proibido”. Aqui, claramente, a representação daquilo que é interdito, portanto, proibido”. Aqui, claramente, a representação do HIV/Aids, nas campanhas e discursos de prevenção, reatualizam a noção de do HIV/Aids, nas campanhas e discursos de prevenção, reatualizam a noção de risco e estigma, tradicionalmente associadas à epidemia desde seu surgimento. risco e estigma, tradicionalmente associadas à epidemia desde seu surgimento. Para o autor, essas campanhas tendem a assumir um papel normativo/regulador Para o autor, essas campanhas tendem a assumir um papel normativo/regulador com relação às práticas tidas como “de risco”, tendo efeitos, também, na com relação às práticas tidas como “de risco”, tendo efeitos, também, na produ-ção das noções de “conscientizaprodu-ção” e de “cuidado”. Ao cabo, as instituições, ção das noções de “conscientização” e de “cuidado”. Ao cabo, as instituições, sejam elas governamentais ou não, que produzem essas campanhas, acabam, sejam elas governamentais ou não, que produzem essas campanhas, acabam, também, por desempenhar funções que, pautadas em estratégias de saber e de também, por desempenhar funções que, pautadas em estratégias de saber e de poder, produzem sentidos e dão as bases para o policiamento, o controle e a poder, produzem sentidos e dão as bases para o policiamento, o controle e a normatização das próprias práticas de prevenção que fomentam.
normatização das próprias práticas de prevenção que fomentam.
No quarto artigo do dossiê Juliana V. Sampaio e Camila A. Campos No quarto artigo do dossiê Juliana V. Sampaio e Camila A. Campos Avarca procuram demonstrar como transexuais e travestis são apontadas como Avarca procuram demonstrar como transexuais e travestis são apontadas como um dos grupos que mais sofre prejuízos em razão do preconceito por tentarem um dos grupos que mais sofre prejuízos em razão do preconceito por tentarem subverter a heterossexualidade compulsória, assim como os modelos de subverter a heterossexualidade compulsória, assim como os modelos de femi-nilidade e masculinidade vigentes. A falta de acesso aos serviços de saúde e nilidade e masculinidade vigentes. A falta de acesso aos serviços de saúde e atendimentos inadequados, decorrentes do preconceito dos profi ssionais que atendimentos inadequados, decorrentes do preconceito dos profi ssionais que
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ANTROPOLOGIA
atuam no Sistema Único de Saúde, são apontados como algumas das principais
atuam no Sistema Único de Saúde, são apontados como algumas das principais violências enfrentadas por essas sujeitas. Segundo as autoras, ainda há uma violências enfrentadas por essas sujeitas. Segundo as autoras, ainda há uma efervescente disparidade no atendimento para tais grupos que se encontram em efervescente disparidade no atendimento para tais grupos que se encontram em situação de desigualdade, apesar de algumas políticas transversais – a exemplo situação de desigualdade, apesar de algumas políticas transversais – a exemplo da Política Nacional de Humanização e a Política Nacional de Saúde Integral da Política Nacional de Humanização e a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - terem por objetivo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - terem por objetivo qualifi car o atendimento em saúde. Dessa forma, o artigo discute o acesso da qualifi car o atendimento em saúde. Dessa forma, o artigo discute o acesso da população de travestis e transexuais aos serviços públicos de saúde na de cidade população de travestis e transexuais aos serviços públicos de saúde na de cidade Fortaleza, Ceará – através da Teoria Ator-Rede (TAR) - concluindo que uma Fortaleza, Ceará – através da Teoria Ator-Rede (TAR) - concluindo que uma das controvérsias centrais envolvidas no atendimento de travestis e transexuais das controvérsias centrais envolvidas no atendimento de travestis e transexuais é a limitação das suas necessidades ao campo da DST/Aids, como um processo é a limitação das suas necessidades ao campo da DST/Aids, como um processo de repatologização das sexualidades dissidentes.
de repatologização das sexualidades dissidentes.
O quinto artigo do dossiê trata da problemática de inserção de O quinto artigo do dossiê trata da problemática de inserção de pes-soas Surdas nos espaços públicos, sobretudo, no que se refere a compreender soas Surdas nos espaços públicos, sobretudo, no que se refere a compreender as diferentes formas de acesso às informações a respeito dos direitos sexuais as diferentes formas de acesso às informações a respeito dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres Surdas de classes sociais menos favorecidas. Ana e reprodutivos das mulheres Surdas de classes sociais menos favorecidas. Ana Luisa Borba Gediel, através de uma etnografi a virtual, aborda temas Luisa Borba Gediel, através de uma etnografi a virtual, aborda temas conside-rados tabus quando acessados, via relações face a face (GOFFMAN, 1998), de rados tabus quando acessados, via relações face a face (GOFFMAN, 1998), de questões voltadas ao gênero e à sexualidade desse segmento de mulheres, as questões voltadas ao gênero e à sexualidade desse segmento de mulheres, as quais puderam ser acessadas através dessas redes sociais virtuais, que quais puderam ser acessadas através dessas redes sociais virtuais, que funcio-naram como um espaço privilegiado de agência dos corpos Surdos femininos. naram como um espaço privilegiado de agência dos corpos Surdos femininos. Segundo Gediel, o universo das Mulheres Surdas, como qualquer esfera da vida Segundo Gediel, o universo das Mulheres Surdas, como qualquer esfera da vida cotidiana, é constituído por inúmeros projetos de agência culturalmente cotidiana, é constituído por inúmeros projetos de agência culturalmente constru-ídos e, também, suscetíveis a variações de distribuição. Nas performances das ídos e, também, suscetíveis a variações de distribuição. Nas performances das Mulheres Surdas conectadas às redes sociais, assim como em qualquer outra Mulheres Surdas conectadas às redes sociais, assim como em qualquer outra experiência social, existem valores e construções culturais atreladas à experiência social, existem valores e construções culturais atreladas à compo-sição e dispocompo-sição de
sição e disposição de agencyagency como parte do processo comunicacional. Conclui como parte do processo comunicacional. Conclui que esse processo foi verifi cado por meio do uso demasiado “de
que esse processo foi verifi cado por meio do uso demasiado “de emojisemojis nas nas mensagens, vídeos em Libras e envio de sinais” entremeado com o português mensagens, vídeos em Libras e envio de sinais” entremeado com o português escrito, o que permitiu atingir outros espaços e usufruir “representações gráfi cas escrito, o que permitiu atingir outros espaços e usufruir “representações gráfi cas de um acervo disponível online”, que são acessados por Surdas e produzidos de um acervo disponível online”, que são acessados por Surdas e produzidos pelas pessoas pesquisadas.
pelas pessoas pesquisadas.
Raquel Simas e Sara Sousa Mendonça escrevem o sexto artigo do Raquel Simas e Sara Sousa Mendonça escrevem o sexto artigo do dossiê, apresentando-nos as apropriações e embates, que ocorreram entre o dossiê, apresentando-nos as apropriações e embates, que ocorreram entre o Movimento pela Humanização do Parto e do Nascimento e o sistema jurídico Movimento pela Humanização do Parto e do Nascimento e o sistema jurídico brasileiro, a partir do caso de Adelir Góes. Em 2014, Adelir foi obrigada pela brasileiro, a partir do caso de Adelir Góes. Em 2014, Adelir foi obrigada pela Justiça a ser submetida a uma cesárea após o deferimento de uma medida Justiça a ser submetida a uma cesárea após o deferimento de uma medida limi-nar proposta pela médica que a havia atendido. O caso Adelir, para as autoras, nar proposta pela médica que a havia atendido. O caso Adelir, para as autoras, manifesta algumas dimensões do défi cit de cidadania no país: “O acesso aos manifesta algumas dimensões do défi cit de cidadania no país: “O acesso aos direitos reprodutivos ocorre na perspectiva do modelo hegemônico obstétrico direitos reprodutivos ocorre na perspectiva do modelo hegemônico obstétrico pautado pela internação e medicalização do parto” - controle este analisado pautado pela internação e medicalização do parto” - controle este analisado através da teoria foucaultiana. Destacam que o Movimento pela Humanização através da teoria foucaultiana. Destacam que o Movimento pela Humanização do Parto defende mudanças na assistência obstétrica, buscando o direito ao do Parto defende mudanças na assistência obstétrica, buscando o direito ao reco-nhecimento da distinção de suas demandas com relação ao modelo tradicional nhecimento da distinção de suas demandas com relação ao modelo tradicional de atendimento que se pretende universalizar. De acordo com as mesmas, os de atendimento que se pretende universalizar. De acordo com as mesmas, os procedimentos hospitalares padronizados, ordenados por uma lógica de procedimentos hospitalares padronizados, ordenados por uma lógica de indivi-dualismo do tipo igualitário, entram em confl ito com as demandas específi cas dualismo do tipo igualitário, entram em confl ito com as demandas específi cas deste grupo de mulheres, gerando uma agressão, que mais do que um insulto deste grupo de mulheres, gerando uma agressão, que mais do que um insulto moral, é considerada uma violência.
moral, é considerada uma violência.
Concluem que, se por um lado, as agentes do Movimento pela Concluem que, se por um lado, as agentes do Movimento pela Humanização buscam legitimar suas demandas e, para isto, se empenham na Humanização buscam legitimar suas demandas e, para isto, se empenham na criação de uma lei que regulamente e puna a violência obstétrica e acionam o criação de uma lei que regulamente e puna a violência obstétrica e acionam o Judiciário para serem reparadas pelas agressões sofridas, por outro, tanto o saber Judiciário para serem reparadas pelas agressões sofridas, por outro, tanto o saber médico quanto o saber jurídico não estão destacados das relações de poder na médico quanto o saber jurídico não estão destacados das relações de poder na
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sociedade e, desta forma, o corpo da mulher é tutelado, principalmente durante sociedade e, desta forma, o corpo da mulher é tutelado, principalmente durante a gestação.
a gestação.
O sétimo artigo deste dossiê foi escrito por Ioneide de Oliveira Campos O sétimo artigo deste dossiê foi escrito por Ioneide de Oliveira Campos e Valeska Zanello. O objetivo das autoras foi realizar uma leitura sobre os e Valeska Zanello. O objetivo das autoras foi realizar uma leitura sobre os diagnósticos e sintomas, a partir de uma perspectiva de gênero e saúde mental. diagnósticos e sintomas, a partir de uma perspectiva de gênero e saúde mental. Metodologicamente, optaram por um estudo transversal, de abordagem Metodologicamente, optaram por um estudo transversal, de abordagem “quan-tiqualitativa”, com produção de dados por análise de prontuários dos usuários tiqualitativa”, com produção de dados por análise de prontuários dos usuários (as). No que diz respeito aos resultados, observam que estes demonstram (as). No que diz respeito aos resultados, observam que estes demonstram “pre-valência de diagnósticos relacionados aos transtornos do humor em mulheres valência de diagnósticos relacionados aos transtornos do humor em mulheres e, nos homens, de esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes”. Esses e, nos homens, de esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes”. Esses dados, segundo as autoras, associados ao levantamento do perfi l dados, segundo as autoras, associados ao levantamento do perfi l sociodemo-gráfi co e a análise dos dados dos prontuários, “apontam para a medicalização gráfi co e a análise dos dados dos prontuários, “apontam para a medicalização e psiquiatrização da vida, sobretudo no caso das mulheres, cuja presença em e psiquiatrização da vida, sobretudo no caso das mulheres, cuja presença em episódios de violência chegou a 32,54%”. Apreende-se, neste artigo, que o episódios de violência chegou a 32,54%”. Apreende-se, neste artigo, que o modelo de atenção psicossocial brasileiro pode não possibilitar um acolhimento modelo de atenção psicossocial brasileiro pode não possibilitar um acolhimento adequado às mulheres em geral, se não qualifi car as especifi cidades de gênero adequado às mulheres em geral, se não qualifi car as especifi cidades de gênero e suas interseccionalidades, aplicando-se ainda mais às mulheres vítimas de e suas interseccionalidades, aplicando-se ainda mais às mulheres vítimas de violência.
violência.
Por fi m, o dossiê se complementa com a contribuição de Yoanna Por fi m, o dossiê se complementa com a contribuição de Yoanna Martínez Boloña e de Zoe Díaz Bernal. O objetivo das autoras é o de determinar, Martínez Boloña e de Zoe Díaz Bernal. O objetivo das autoras é o de determinar, através das percepções dos/das prestadores/as de um serviço de planejamento através das percepções dos/das prestadores/as de um serviço de planejamento familiar, se a atenção que dispensam satisfaz as necessidades dos sujeitos familiar, se a atenção que dispensam satisfaz as necessidades dos sujeitos homens. A investigação consistiu em estudo de carácter descritivo de corte homens. A investigação consistiu em estudo de carácter descritivo de corte transversal, realizado na Policlínica Docente “Antonio Maceo” na província La transversal, realizado na Policlínica Docente “Antonio Maceo” na província La Habana (Cuba), através de entrevistas em profundidade e observação. Boloña e Habana (Cuba), através de entrevistas em profundidade e observação. Boloña e Bernal argumentam que a consulta de planejamento familiar é um espaço criado Bernal argumentam que a consulta de planejamento familiar é um espaço criado para orientar e facilitar o processo de tomada de decisões de casais a respeito da para orientar e facilitar o processo de tomada de decisões de casais a respeito da constituição da família. Todavia, tal prestação de serviços tem sido descrita pela constituição da família. Todavia, tal prestação de serviços tem sido descrita pela literatura científi ca como pouca inclusiva para os homens, apesar da infl uência literatura científi ca como pouca inclusiva para os homens, apesar da infl uência que estes exercem sobre a saúde de suas companheiras sexuais e em sua própria que estes exercem sobre a saúde de suas companheiras sexuais e em sua própria saúde sexual. Concluem que o serviço não satisfaz as necessidades de atenção saúde sexual. Concluem que o serviço não satisfaz as necessidades de atenção relativas à saúde sexual e reprodutiva dos homens, sendo este serviço de atenção relativas à saúde sexual e reprodutiva dos homens, sendo este serviço de atenção identifi cado como direcionado efetivamente às mulheres.
identifi cado como direcionado efetivamente às mulheres.
A partir da produção desses artigos, houve o desafi o de pensar sobre A partir da produção desses artigos, houve o desafi o de pensar sobre como efetuar uma refl exão conjunta acerca de pesquisas inovadoras que como efetuar uma refl exão conjunta acerca de pesquisas inovadoras que apro-fundassem esse tema ou investigações que promovessem novos assuntos de fundassem esse tema ou investigações que promovessem novos assuntos de interesse, apontando para as diferentes formas de atuação de distintos sujeitos interesse, apontando para as diferentes formas de atuação de distintos sujeitos e sujeitas nesse campo de estudos.
e sujeitas nesse campo de estudos.
Um dos desafi os do campo da saúde, quando articuladas com a questão Um dos desafi os do campo da saúde, quando articuladas com a questão do gênero ou das sexualidades, passa por (re)conhecer as diferenças amplamente do gênero ou das sexualidades, passa por (re)conhecer as diferenças amplamente e, especifi camente, o respeito às diferenças como um princípio estruturante da e, especifi camente, o respeito às diferenças como um princípio estruturante da boa prática de saúde. O silêncio acerca das diferenças, assim como a boa prática de saúde. O silêncio acerca das diferenças, assim como a patolo-gização dos desejos e práticas tidos como “fora da norma”, conforme se pode gização dos desejos e práticas tidos como “fora da norma”, conforme se pode observar nos artigos aqui elencados, exclui indivíduos e abre as portas para observar nos artigos aqui elencados, exclui indivíduos e abre as portas para discriminações, exclusões, vulnerabilidades e violências diversas. O desafi o que discriminações, exclusões, vulnerabilidades e violências diversas. O desafi o que se coloca, ao cabo, é garantir uma saúde pública de qualidade, com acesso amplo se coloca, ao cabo, é garantir uma saúde pública de qualidade, com acesso amplo e irrestrito, para todas as pessoas e, na qual todas elas estejam representadas e e irrestrito, para todas as pessoas e, na qual todas elas estejam representadas e sejam acolhidas em suas especifi cidades e demandas por cuidados.