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Valoração econômica dos serviços ecossistêmicos da zona costeira

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VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS DA ZONA COSTEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título: Mestre em Geografia – Área de Concentração: Utilização e Conservação de Recursos Naturais - Área Temática: Análise Ambiental.

Orientadora: Prof.ª Dra. Marinez Eymael Garcia Scherer

Florianópolis 2019

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca

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Dedico esta pesquisa a meus filhos, Nicole, Cauã e Tainá para que essa inspire-os a terem determinação em suas vidas. A minha esposa Melissa por confiar no meu potencial.

Aos meus pais Sr. Otelino e Sra. Erotildes, e aos meus irmãos Jua, Rose e Ro por me motivarem a seguir sempre em frente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Paz Divina que norteia minha vida, me orienta e me traz pessoas de luz que iluminam o meu caminho.

Aos meus pais e meus irmãos por tê-los como exemplo de dedicação e perseverança nos momentos de extrema dificuldade e desânimo. Em especial ao meu irmão Juarez que me orientou sobre como tratar alguns dados matemáticos.

A minha esposa Melissa que acreditou que eu venceria mais este desafio e juntamente com meus filhos e meu cão

Speed compreenderam a minha ausência em vários momentos

para que eu pudesse cumprir mais essa meta.

A Professora Drª Rosemy Nascimento, que iniciou comigo esse caminho incentivando-me a continuar mesmo quando mudei o tema de minha pesquisa. Obrigado pelo seu carinho e sua orientação.

A minha orientadora Professora Drª Marinez Scherer que me acolheu durante esse caminho e com toda sua paciência acreditou que eu daria conta da minha proposta de pesquisa. Agradeço pela sua orientação, sempre objetiva, clara e pertinente e por me dar motivação para continuar.

Aos professores da banca de Qualificação e de Defesa: Dr. Washington Ferreira, Dr. Gerson Rizzatti Junior e Dr. Milton Asmus que contribuíram com suas críticas e sugestões para o enriquecimento e finalização dessa pesquisa.

Aos meus colegas do Laboratório de Gerenciamento Costeiro Integrado (LAGECI) pelas sugestões. Em especial ao Francisco Lima pela sua empolgação pelo tema de pesquisa.

Ao Fabrício Basílio Almeida, parceiro de surf e de idéias conservacionistas, pelo incentivo e orientação sobre os serviços ecossistêmicos do PNMLJ.

Ao João Vicente, meu amigo, pela ajuda da elaboração do mapa, cálculo das áreas e formatação do estudo.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pelo espaço e pela oportunidade do aporte de conhecimento.

Ao pessoal da Pós-Graduação em Geografia (PPGG) que sempre me auxiliaram com os tramites burocráticos.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de pesquisa.

A todos que de alguma forma contribuíram com a concretização desse estudo.

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A riqueza verdadeira é constituída pelas coisas necessárias para a vida; como a comida, a água, a moradia, a roupa, os bens e serviços fornecidos pelas florestas, a pesca, a terra (...). O dinheiro em si não é riqueza. É apenas um meio físico que facilita as trocas entre as pessoas que compram a riqueza verdadeira.

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RESUMO

Classificar e estimar o valor econômico dos serviços ecossistêmicos da Zona Costeira poderá chamar a atenção da sociedade para a importância dos benefícios gerados pelos seus ecossistemas. Assim, no intuito de demonstrar a relevância ecológica e socioeconômica de serviços ecossistêmicos (SEs) comuns na Zona Costeira utilizou-se a Unidade de Conservação Parque Natural Municipal da Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho (PNMLJ), com área de 340,63ha, como estudo de caso. Dos 20 SEs identificados nos 5 ecossistemas naturais do Parque (Mata Atlântica, Restinga, Duna, Costão Rochoso e Banhado) optou-se por valorar: os benefícios ecossistêmicos de Abastecimento de água e de Balneabilidade; o ecossistema Mata Atlântica; e, o Parque (valor de uso e de existência). Aplicou-se o Método Baseado no Mercado (MBM) para valorar o benefício de Abastecimento de água que resultou em R$ 2.573.996,39 por ano, ou R$ 30.136,94 por hectare/ano. O Método de Custos de Controle (MCC) identificou o valor estimado de R$ 1.015.303,89 por ano, referindo-se aos gastos anuais da população da Localidade do Santinho para manter a Balneabilidade. A valoração pelo Método de Custo de Reposição (MCR), usado em uma situação hipotética de recuperação da Mata Atlântica na área do PNMLJ, resultou em R$ 12.669.597,10 ou R$ 107.542,63 por hectare. A aplicação do Método de Custo de Viagem (MCV), usado para definir o valor de Uso do PNMLJ pelos turistas que frequentam o local, resultou no valor estimado de R$ 25.897.281,78 por ano. O valor de Existência do Parque, por meio da disposição a pagar (DAP) dos moradores da Localidade do Santinho, aplicando-se o Método de Valoração Contingente (MVC), resultou no valor de R$ 803.808,00 por ano. Em síntese, o resultado identificou um valor econômico anual estimado de R$ 42.959.987,16. Aos tomadores de decisão e gestores de áreas naturais remanescentes na Zona Costeira, cabe utilizar desses conhecimentos para acelerar os processos efetivos de preservação dessas áreas, por meio de planos de manejo; criação de UCs; contribuição financeira pelo uso dos SEs, valor de referência para aplicação de multas; entre outros. Palavras-chave: Zona Costeira. Unidade de Conservação. Serviços ecossistêmicos. Valoração econômica ecossistêmica.

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ABSTRACT

Classifying and estimating the economic value of ecosystem services in the Coastal Zone could draw the attention of society to the importance of the benefits generated by its ecosystems. Thus, in order to demonstrate the ecological and socioeconomic relevance of common ecosystem services (ES) in the Coastal Zone, the Municipal Natural Park of the Jacaré Lagoon of the Dunes of Santinho (MNPJL) was used, with an area of 340.63ha, as a case study. Of the 20 ES identified in the five natural ecosystems of the Park (Atlantic Forest, Restinga, Dune, Rocky Coast and Bathed), we opted to value: the ecosystemic benefits of Water Supply and Balneability; the Atlantic Forest ecosystem; and, the Park (value of use and existence). The Market Based Method (MBM) was applied to evaluate the benefit of Water Supply that resulted in R $ 2,573,996.39 per year, or R $ 30,136.94 per hectare per year. The Control Costs Method (CCM) identified the estimated value of R $ 1,015,303.89 per year, referring to the annual expenditures of the population of Santinho's Locality to maintain the Balneability. The valuation by the Replacement Cost Method (RCM), used in a hypothetical situation of recovery of the Atlantic Forest in the MNPJL area, resulted in R $ 12,669,597.10 or R $ 107,542.63 per hectare. The application of the Travel Cost Method (TCM), used to define the Usage of MNPJL value by the tourists that frequent the place, resulted in the estimated value of R $ 25,897,281.78 per year. The Existence value of the Park, by means of the willingness to pay (WTP) of the residents of Santinho’s Locality, applying the Contingent Valuation Method (CVM), resulted in the amount of R $ 803,808.00 per year. In summary, the result of the application of the methods proposed here identified an estimated annual economic value of R $ 42,959,987.16. Decision makers and managers of natural areas remaining in the Coastal Zone should use this knowledge to accelerate the effective processes of preservation of these areas, through management plans; creation of new Conservation Units; value estimation for environmental compensation; financial contribution for the use of ES, reference value for the application of fines; among others.

Keywords: Coastal Zone. Conservation Unit. Ecosystem services. Ecosystem economic valuation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processos de geração de funções que compartilham serviços ecossistêmicos similares de um único ecossistema. Fonte: Costanza et al. (1997). ... 51 Figura 2. Fluxograma dos objetivos específicos, métodos e resultados correspondentes. ... 70 Figura 3. Localização do PNMLJ, área de estudo dessa pesquisa. Elaboração: Otelino N. da Silva. ... 71 Figura 4. Denominação das regiões da Zona Costeira. ... 73 Figura 5. Delimitação oeste (pós-praia) e leste (face praial) do ecossistema praial a partir do aplicativo Google Earth (2018) e dos conceitos de Suguio (1992). ... 74 Figura 6. À esquerda, escarpa praial limitando a borda oeste do pós-praia. À direita, zona de arrebentação, limite leste da face praial, na Praia do Santinho. Fotos: Otelino N. da Silva (2018). 75 Figura 7. Fluxograma dos componentes utilizados no cálculo de aplicação do MBM. ... 81 Figura 8. Fluxograma dos componentes utilizados no cálculo de aplicação do MCC. ... 84 Figura 9. Fluxograma dos componentes utilizados na aplicação dos cálculos do MCR. ... 86 Figura 10. Fluxograma dos componentes utilizados no cálculo de aplicação do MCV. ... 92 Figura 11. Fluxograma dos componentes utilizados no cálculo de aplicação do MVC. ... 100 Figura 12. Localização e distribuição dos ecossistemas na área do PNMLJ. ... 106 Figura 13. Localização da bacia de contribuição de esgotos domésticos na Localidade do Santinho em relação ao PNMLJ. Elaboração a partir de Google Earth (2018). ... 135 Figura 14. Distribuição dos entrevistados por faixa etária. ... 147 Figura 15. Distribuição dos entrevistados por nível educacional. ... 148 Figura 16. Renda mensal per capita dos entrevistados. ... 149 Figura 17. Ocupação dos entrevistados. ... 150 Figura 18. Relação do número de turistas entrevistados com o seu estado/país de origem. ... 151 Figura 19. Relação do número de turistas entrevistados com a sua cidade de origem. ... 151

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Figura 20. Tipo de transporte utilizado pelos turistas no deslocamento de suas cidades de origem. ... 152 Figura 21. Frequência das visitas dos turistas a Praia do Santinho. ... 153 Figura 22. Tipos de lazer mais efetuados pelos turistas na Praia do Santinho. ... 154 Figura 23. Fatores importantes para a escolha do destino de viagem dos turistas. ... 155 Figura 24. Atrativos da Praia do Santinho eleitos pelos turistas. ... 156 Figura 25. Condições negativas para o retorno do turista a um local visitado ... 157 Figura 26. Condições positivas para o retorno do turista a um local visitado. ... 158 Figura 27. Conhecimento sobre o que são Unidades de Conservação. ... 159 Figura 28. Conhecimento sobre a existência de Unidades de Conservação no Norte da Ilha de SC. ... 159 Figura 29. Conhecimento sobre a existência do PNMLJ. ... 160 Figura 30. Quantidade de visitas ao PNMLJ pelos turistas entrevistados. ... 161 Figura 31. Tipo de visitas ao PNMLJ pelos turistas. ... 161 Figura 32. Conhecimento sobre o que são os Serviços Ecossistêmicos (SEs). ... 162 Figura 33. Serviços ecossistêmicos apontados como os mais importantes do PNMLJ. ... 163 Figura 34. Opinião se as atitudes dos turistas afetam ou não a área do PNMLJ ... 164 Figura 35. Atitudes dos turistas que influenciam negativamente o PNMLJ. ... 164 Figura 36. Atitudes que influenciam positivamente sobre a área do PNMLJ. ... 165 Figura 37. Localidade do Santinho (em amarelo) na porção leste do Bairro dos Ingleses do Rio Vermelho, onde está situada a praia homônima e o PNMLJ. Elaborado a partir de Google Earth. ... 179 Figura 38. Distribuição dos entrevistados por faixa etária... 181 Figura 39. Distribuição dos entrevistados por nível educacional. ... 182 Figura 40. Renda mensal per capita dos entrevistados. ... 183 Figura 41. Renda familiar em salários dos entrevistados. ... 184

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Figura 42. Ocupação dos entrevistados. ... 185 Figura 43. Tipo de moradia dos entrevistados residentes. ... 185 Figura 44. Conhecimento dos moradores sobre o que é são Unidades de Conservação. ... 189 Figura 45. Conhecimento sobre a existência de Unidades de Conservação no Norte da Ilha de SC. ... 190 Figura 46. Conhecimento sobre a existência do PNMLJ. ... 191 Figura 47. Número de visitas dos moradores ao PNMLJ. ... 191 Figura 48. Tipo de visitas ao Parque Natural Municipal da Lagoa do Jacaré. ... 192 Figura 49. Conhecimento sobre o que são os Serviços Ecossistêmicos (SEs). ... 193 Figura 50. Serviços ecossistêmicos apontados como os mais importantes do PNMLJ. ... 194 Figura 51. Percepção dos moradores sobre a influência de suas atitudes sobre a área do PNMLJ. ... 195 Figura 52. Atitudes negativas dos moradores sobre o a área do PNMLJ. ... 195 Figura 53. Atitudes que influenciam positivamente sobre a área do PNMLJ. ... 196 Figura 54. Disposição a pagar (DAP) dos moradores da localidade do Santinho para o PNMLJ. ... 198

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Classificação dos serviços e funções ecossistêmicas elaborados por Costanza et al. (1997 apud COSTANZA et al. (2017). ... 44 Quadro 2. Comparação de quatro dos principais sistemas de classificação de serviços ecossistêmicos utilizados em todo o mundo e suas diferenças e semelhanças. Fonte: Costanza et al. (2017). ... 46 Quadro 3. Estrutura das categorias de relatórios do ecossistema, funções e serviços ecossistêmicos e componentes do bem-estar propostos para o SEQ (Austrália). Fonte: Maynard et al., (2010). ... 48 Quadro 4. Exemplo de nomenclatura utilizada tanto para funções como para serviços ecossistêmicos apresentados na Estrutura de Serviços Ecossistêmicos do SEQ (Austrália). ... 52 Quadro 5. Categorias de funções e serviços ecossistêmicos apresentados na Estrutura de Serviços Ecossistêmicos do SEQ (Austrália). ... 53 Quadro 6. Categorias de constituintes de bem-estar desenvolvidas na Estrutura de Serviços Ecossistêmicos do SEQ (Austrália). Fonte: Maynard et al. (2010). ... 55 Quadro 7. Síntese dos métodos aplicados para obtenção de cada objetivo específico. ... 68 Quadro 8. Exemplo da estrutura utilizada para a classificação ecossistêmica do PNMLJ. ... 76 Quadro 9. Exemplo da estrutura utilizada para o agrupamento dos serviços culturais, de recreação e lazer de todos os ecossistemas do PNMLJ. ... 76 Quadro 10. Exemplo da estrutura a ser utilizada para a Classificação Ecossistêmica do PNMLJ baseada na CICES (versão 5.1). ... 77 Quadro 11. Modelo de concepção da matriz para a análise da susceptibilidade ao risco de perda do serviço e dos bens e benefícios gerados pelo PNMLJ. Elaboração: Otelino Nunes da Silva. ... 78 Quadro 12. Exemplo da estrutura a ser utilizada na análise de suscetibilidade ao risco de perda do serviço e dos bens e benefícios gerados pelo PNMLJ. ... 79

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Quadro 13. Exemplo da síntese dos ecossistemas, serviços e benefícios ecossistêmicos do PNMLJ e seus respectivos métodos de valoração econômica. ... 80 Quadro 14. Estrutura de Classificação Ecossistêmica para o Ecossistema de Dunas do PNMLJ. ... 108 Quadro 15. Estrutura de Classificação Ecossistêmica para o Ecossistema de Restinga do PNMLJ... 108 Quadro 16. Estrutura de Classificação Ecossistêmica para o Ecossistema de Banhado do PNMLJ ... 109 Quadro 17. Estrutura de Classificação Ecossistêmica para o Ecossistema de Praia do PNMLJ. ... 110 Quadro 18. Estrutura de Classificação Ecossistêmica para o Ecossistema de Mata Atlântica do PNMLJ ... 111 Quadro 19. Estrutura de Classificação Ecossistêmica para o Ecossistema de Costão Rochoso do PNMLJ. ... 112 Quadro 20. Estrutura de Classificação Ecossistêmica dos Serviços culturais relacionados a Educação, ao Patrimônio cultural, Entretenimento, Existência e Legado. ... 113 Quadro 21. Estrutura de Classificação Ecossistêmica dos Serviços culturais relacionados a Educação, ao Patrimônio cultural, Entretenimento, Existência e Legado. ... 114 Quadro 25. Análise de suscetibilidade ao risco de perda do serviço e dos bens e benefícios de Provisionamento gerados pelo PNMLJ ... 116 Quadro 26. Análise de suscetibilidade ao risco de perda do serviço e dos bens e benefícios de Regulação e Manutenção gerados pelo PNMLJ. ... 117 Quadro 27. Análise de suscetibilidade ao risco de perda do serviço e dos bens e benefícios Culturais gerados pelo PNMLJ ... 119 Quadro 28. Serviços, Bens e Benefícios de Provisionamento gerados pelo PNMLJ. ... 123 Quadro 29. Serviços, Bens e Benefícios de Regulação e Manutenção gerados pelo PNMLJ.. ... 124 Quadro 30. Serviços, Bens e Benefícios Culturais gerados pelo PNMLJ. ... 126 Quadro 31. Ecossistemas, serviços e benefícios ecossistêmicos do PNMLJ e seus métodos de valoração ... 131 Quadro 32. Valor econômico estimado dos benefícios dos serviços ecossistêmicos do PNMLJ ... 201 Quadro 33. Valor econômico estimado dos SEs do PNMLJ .... 205

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Exemplo de planilha de valoração da execução do PRAD para a situação hipotética de recuperação do ecossistema da Mata Atlântica no PNMLJ. ... 90 Tabela 2. Escore Z relacionado ao grau de confiança desejado na amostra. ... 93 Tabela 3. Área dos ecossistemas naturais ocorrentes no PNMLJ. ... 105 Tabela 4. Variáveis de clima para a região de Florianópolis obtidos das normais climatológicas no período de 1981-2010. Fonte: INMET (2018). ... 132 Tabela 5. Valores de execução do PRAD para a situação hipotética de recuperação do ecossistema da Mata Atlântica no PNMLJ. ... 143 Tabela 6. Número de pessoas que se hospedaram no Costão do Santinho por lazer e por eventos entre 2010 e 2014. ... 145 Tabela 7. Relação dos entrevistados por faixa etária. ... 147 Tabela 8. Relação dos entrevistados por nível educacional. ... 148 Tabela 9. Relação da faixa de renda dos entrevistados... 148 Tabela 10. Relação do tipo de ocupação dos entrevistados. ... 149 Tabela 11. Relação do meio de transporte usado pelos entrevistados. ... 152 Tabela 12. Relação da freqüência de visitas dos entrevistados a Praia do Santinho. ... 152 Tabela 13. Relação do tipo de lazer mais realizado pelos turistas que frequentam a Praia do Santinho. ... 153 Tabela 14. Relação dos fatores importantes para a escolha do destino de viagem dos turistas. ... 154 Tabela 15. Relação dos atrativos da Praia do Santinho eleitos pelos turistas entrevistados. ... 155 Tabela 16. Relação das condições negativas para o retorno do turista a um local visitado. ... 156 Tabela 17. Relação das condições positivas para o retorno do turista a um local visitado. ... 157 Tabela 18. Percepção dos entrevistados sobre o conhecimento do que são Unidades de Conservação. ... 158 Tabela 19. Percepção dos entrevistados sobre a existência de Unidades de Conservação no Norte da Ilha de SC. ... 159 Tabela 20. Percepção dos entrevistados sobre a existência do PNMLJ. ... 160

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Tabela 21. Relação do número de visitas a área do PNMLJ. .. 160 Tabela 22. Relação do tipo de visitas ao PNMLJ pelos turistas. ... 161 Tabela 23. Percepção dos entrevistados sobre o que são os Serviços Ecossistêmicos. ... 162 Tabela 24. Relação dos serviços ecossistêmicos apontados como os mais importantes do PNMLJ pelos turistas. ... 162 Tabela 25. Percepção dos turistas sobre a influência de suas atitudes sobre a área do PNMLJ. ... 163 Tabela 26. Relação das atitudes que influenciam negativamente o PNMLJ informadas pelos turistas. ... 164 Tabela 27. Relação das atitudes que influenciam positivamente o PNMLJ informadas pelos turistas. ... 165 Tabela 28. Freqüência de respostas dos turistas entrevistados (em %) quanto ao grau de percepção ambiental em relação às questões propostas ... 168 Tabela 29. Dados de pesquisa utilizados para o cálculo do custo do tempo de viagem. ... 170 Tabela 30. Dados de pesquisa utilizados para o cálculo do custo total da viagem. ... 173 Tabela 31. Dados de pesquisa utilizados para o cálculo do valor médio diário gasto por visitantes ao PNMLJ. ... 175 Tabela 32. Resultados mais importantes da aplicação do MVC para estimar o valor de uso do PNMLJ. ... 178 Tabela 33.População do bairro dos Ingleses do Rio Vermelho e Florianópolis de 2010 e 2018. ... 179 Tabela 34. Relação da faixa etária dos entrevistados. ... 181 Tabela 35. Relação dos entrevistados por nível educacional. . 182 Tabela 36. Renda mensal per capita dos entrevistados. ... 182 Tabela 37. Relação da faixa de renda familiar dos entrevistados. ... 183 Tabela 38. Relação do tipo de ocupação dos entrevistados. ... 184 Tabela 39. Relação do tipo de moradia dos entrevistados. ... 185 Tabela 40. Freqüência de respostas dos moradores entrevistados (em %) quanto ao grau de percepção ambiental em relação às questões propostas ... 188 Tabela 41. Percepção dos entrevistados sobre o que são Unidades de Conservação. ... 189 Tabela 42. Percepção dos entrevistados sobre a existência de UCs no Norte da Ilha de Santa Catarina. ... 190

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Tabela 43. Percepção dos moradores sobre a existência do PNMLJ. ... 190 Tabela 44. Relação do número de visitas a área do PNMLJ. .. 191 Tabela 45. Relação do tipo de visita ao PNMLJ pelos moradores. ... 192 Tabela 46. Percepção dos moradores sobre o que são serviços ecossistêmicos. ... 193 Tabela 47. Relação dos serviços ecossistêmico considerados mais importantes pelos moradores. ... 193 Tabela 48. Percepção dos moradores sobre a influência de suas atitudes sobre a área do PNMLJ. ... 194 Tabela 49. Relação das atitudes que influenciam negativamente o PNMLJ informadas pelos moradores. ... 195 Tabela 50. Relação das atitudes que influenciam positivamente o PNMLJ informadas pelos moradores. ... 196 Tabela 51. Disposição a pagar (DAP) dos moradores da localidade do Santinho ao PNMLJ. ... 197 Tabela 52. Resultados importantes da aplicação do MCV para estimar o valor de existência do PNMLJ. ... 200

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LISTA DE SIGLAS

CASAN – COMPANHIA CATARINENSE DE ÁGUAS E SANEAMENTO

CETESB - COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CICES - CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICO

CNPq - CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E

CONAMA – CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CRE - CATEGORIAS DE RELATÓRIOS DE ECOSSISTEMAS CSF - CONSERVATION STRATEGY FUND

DAP - DISPOSIÇÃO A PAGAR

FEGS - FINAL ECOSYSTEM GOODS AND SERVICES CLASSIFICATION SYSTEM

FEHIDRO - FUNDO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS. IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

INMET - INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA ISAS - INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL PRAIA DO SANTINHO ISC - LHA DE SANTA CATARINA

LARA - LABORATÓRIO DE REUSO DA ÁGUA MBM - MÉTODO BASEADO NO MERCADO MBS - MERCADO DE BENS SUBSTITUTOS MCC - MÉTODO DE CUSTOS DE CONTROLE MCE - CUSTOS EVITADOS

MCO - MÉTODO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE MCR - MÉTODO DE CUSTO DE REPOSIÇÃO MCV - MÉTODO DE CUSTO DE VIAGEM MDR – MÉTODO DOSE-RESPOSTA

MEA - MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

MPH - MÉTODO DE PREÇOS HEDÔNICOS

MPM - MÉTODO DE PRODUTIVIDADE MARGINAL MVC - MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE

NESCS - NATIONAL ECOSYSTEM SERVICES

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PMF - PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS.

PNMLJ - PARQUE NATURAL MUNICIPAL DA LAGOA DO JACARÉ DAS DUNAS DO SANTINHO

PNUMA - PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE

PPGG - PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

PRAD - PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA

REPAR - REFINARIA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS

SDS - SECRETARIA DE ESTADO DO DESELVOLVIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL.

SE - SERVIÇOS ECOSSISTÊMICO SEQ - SUDESTE DE QUEENSLAND

SIG - SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

SNUC - SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

TEEB - THE ECONOMICS OF ECOSYSTEMS AND BIODIVERSITY)

UC – UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

UFPR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ.

UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA US EPA - UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...25 1.1 Justificativa ... 28 1.2 Objetivo Geral ... 29 1.3 Objetivos específicos ... 30 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 31

2.1 Análise ambiental e os serviços ecossistêmicos – uma breve reflexão...31 2.2 Economia Ambiental ... 38 2.3 ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA – FUNÇÕES, SERVIÇOS E O BEM-ESTAR HUMANO ... 42 2.3.1 Funções e serviços ecossistêmicos – classificação, diferenças e semelhanças... 42 2.3.2 Constituintes do bem-estar ... 54 2.4 Valoração econômica e os serviços ecossistêmicos... 55 2.4.1 Classe de Valores ... 56 2.4.2 Métodos de valoração ... 60

3 MÉTODOS ... 67

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 67 3.2 Coleta, análise e processamento dos dados ... 68 3.2.1 Área de estudo ... 71 3.2.2 Cálculo das áreas dos ecossistemas ... 72 3.2.3 Classificação dos serviços ecossistêmicos do PNMLJ .. 75 3.2.4 Aplicação dos Métodos de Valoração Econômica Ecossistêmica...79

4 RESULTADOS ... 105

4.1 Área dos ecossistemas do PNMLJ ... 105 4.2 Estrutura de classificação ecossistêmica ... 107 4.3 Valoração econômica ecossistêmica do PNMLJ ... 129 4.3.1 Abastecimento de água pelo MBM ... 132 4.3.2 Balneabilidade praial pelo MCC... 135 4.3.3 Mata Atlântica pelo MCR ... 138 4.3.4 Cultura, lazer e recreação pelo MCV ... 144 4.3.5 Existência do PNMLJ pelo MVC ... 178 4.3.6 Valor econômico total do PNMLJ... 200

5 DISCUSSÕES ... 207 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 211 7 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ... 215 8 REFERÊNCIAS ... 217 9 APÊNDICES ... 227

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APRESENTAÇÃO

O eixo temático desta pesquisa enquadra-se dentro da

Geografia Ambiental, que de acordo com Pena (2018) é a área

dos estudos geográficos que se preocupa em compreender a ação do homem sobre a natureza, as consequências dessas ações antrópicas e, os efeitos da natureza sobre as atividades socioespaciais. Ainda, a temática da Geografia Ambiental refere-se à degradação e aos impactos ambientais, além do conjunto de medidas possíveis para conservar os elementos da natureza, mantendo uma interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento, como a Biologia, a Geologia, a Economia, a História e muitas outras.

O item, ou componente geral dessa pesquisa é a Análise

Ambiental, que conforme a Universidade Federal do Paraná – UFPR (2013), trata-se de estudos integrados do meio ambiente, do emprego de métodos geográficos, e do uso de tecnologias de informações geográficas, de forma a subsidiarem o planejamento e a gestão ambiental.

O componente específico deste estudo trata-se da

valoração econômica dos serviços ecossistêmicos da Zona Costeira, a partir de um recorte espacial, utilizando a Unidade de

Conservação Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho (PNMLJ), localizado ao nordeste da Ilha de Santa Catarina, entre a Praia dos Ingleses e a Praia do Santinho, importantes balneários de Florianópolis. Além da valoração, são analisados os vínculos entre os ecossistemas, suas funções, seus serviços e, o bem-estar humano proporcionado pela existência do Parque.

O autor desta pesquisa, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), iniciou seus estudos na área ambiental em 2004, quando entrou para o Curso Técnico em Meio Ambiente do antigo CEFET/SC, atual IFSC/SC. Após, em 2006 entrou para o curso de Bacharel em Geografia da UFSC, vindo a se formar em 2010. Profissionalmente atuou desde 2005, no Laboratório de Reuso da Água (LARA) da UFSC, como estagiário. Em 2006 começou a trabalhar na área de consultoria ambiental nas empresas Caruso Jr. Estudos Ambientais e posteriormente na Inca Estudos Ambientais. Atualmente é sócio-fundador do Instituto Socioambiental Praia do Santinho (ISAS), sociedade civil

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organizada, de caráter socioambientalista. Durante esse processo, auxiliado pelo conhecimento profissional e cientifico adquiriu um senso crítico e analítico em relação às questões voltadas a gestão ambiental e o preservacionismo. A junção desses fatores, somado a proximidade de sua residência com a Unidade de Conservação (UC) PNMLJ, área que sofre com a pressão antrópica, levou o autor a efetuar uma pesquisa que demonstrasse economicamente a importância dos serviços ecossistêmicos do Parque para a população beneficiária.

Outro fato que corroborou com a decisão para esta pesquisa é que desde a promulgação da Lei nº 9948, de 07 de Janeiro de 2016 que demarcou e constituiu o Parque, pouco se fez em nível governamental, para que de fato a área não sofresse com a intervenção humana desordenada.

O autor acredita que os resultados obtidos poderão servir para auxiliar os órgãos competentes na tomada de decisões quanto à implantação de políticas de conservação e preservação dos recursos naturais e ambientais. Além disso, esse estudo tem por intuito colaborar com futuras pesquisas de valoração econômica de ecossistemas ainda não protegidos na região. Esses merecem medidas de gestão ambiental adequada, proteção, ou ainda, medidas de recuperação significativas se forem diminuídos ou degradados.

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1 INTRODUÇÃO

A Zona Costeira tem sido uma das áreas de maior pressão antrópica nos últimos anos no que diz respeito à concentração da população e do uso dos seus recursos (MMA, 2010). Sejam eles, a ocupação da linha de costa e pressão ou supressão sobre seus ecossistemas naturais, ou ainda pela poluição dos recursos (BARRAGÁN, 2016). No litoral de Santa Catarina, a instalação de empreendimentos na linha de costa também tem impactado os ecossistemas costeiros (supressão de vegetação, lixo, esgotos, erosão) e consequentemente a qualidade de vida da população humana e de seu futuro (SILVA, 2010).

Assim, o entendimento dos serviços que os ecossistemas naturais prestam ao bem-estar humano e qual é o valor destes serviços é condição importante para o ordenamento e gestão dos usos e atividades humanas. Quando um bem ou um benefício não é trocado ou comercializado encontramos dificuldades em saber qual, de fato, é o seu valor. Dessa forma, emerge a questão: Como quantificar o valor econômico dos bens e serviços que são oferecidos pela natureza? Uma vez que pudermos quantificar esses benefícios correlacionando-os com os aspectos humanos de nossas vidas, nosso poder decisório poderá escolher os melhores resultados para a gestão desses recursos (CSF, 2018).

Um ecossistema é uma unidade que inclui todos os organismos (a comunidade biótica) em uma determinada área interagindo com o ambiente físico de modo que um fluxo de energia conduza a uma estrutura trófica, a uma diversidade de estruturas bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivos e não vivos. É mais que uma unidade geográfica (ou ecorregião): é uma unidade de sistema funcional, com entradas e saídas, e fronteiras que podem ser tanto naturais quanto arbitrárias (ODUM, 2001; ODUM & BARRETT, 2007).

Nos ecossistemas, os processos e componentes biológicos, geoquímicos e físicos que ali ocorrem (e.g.: regulação climática, regulação da água, regulação de nutrientes, retenção do solo, etc.) são denominados de funções ecossistêmicas. Essas funções, por meio da interação de processos, produzem serviços ambientais, que de forma direta ou indireta beneficiam a

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vida em todo o planeta (DE GROOT et al., 2002). Esses serviços (e.g.: armazenar água pluvial na forma de um aquífero, fornecer o excedente explorável da população de peixes, proporcionar a inspiração artística por meio da paisagem icônica, etc.) quando beneficiam a nós, os seres humanos, são então, de acordo com a Avaliação dos Ecossistemas do Milênio (MEA, 2005 p. 53 - da sigla em inglês Millennium Ecosystem Assessment)

denominados de serviços ecossistêmicos (SEs).

A classificação desses serviços tem sido discutida e estruturada por diversos autores, entre eles podemos citar: Costanza et al. (1997), MEA (2005), Maynard et al. (2010) e a Classificação Internacional Comum de Serviços Ecossistêmicos (CICES, da sigla em inglês Common International Classification

of Ecosystem Services) (versão 5.1). Somado a isso, a

quantificação dos serviços ecossistêmicos tem sido pontuada1 ou

valorada economicamente, pela sociedade organizada ou pela comunidade cientifica, em determinadas regiões de estudo.

É dentro desse contexto que essa pesquisa busca responder as seguintes questões? Quais são os serviços ecossistêmicos e os benefícios que os ecossistemas da Zona Costeira nos proporcionam? Qual o valor que pagaríamos por esses serviços se eles nos fossem cobrados? Qual o valor econômico de uma floresta, de um campo de dunas, de uma praia, ou de uma paisagem cênica?

Para tanto, como estudo de caso, foi escolhido a Unidade de Conservação Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho (PNMLJ), localizado na Praia do Santinho, no extremo nordeste da Ilha de Santa Catarina (ISC). A escolha do Parque se deu por esse possuir uma variedade de ecossistemas que abrigam uma biodiversidade singular a Zona Costeira; por estar situado em uma área litorânea de vocação turística, e portanto, sofrer com a pressão antrópica sobre os serviços ecossistêmicos de importância fundamental para a qualidade de vida da população local.

1 Estudo sobre a estrutura de Serviços Ecossistêmicos (SE) do Sudeste

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É importante esclarecer que a valoração econômica desses serviços não busca aqui, de forma alguma precificar2 a

natureza, dando ênfase a uma abordagem antropogênica, mas sim de estabelecer um valor conhecido no cotidiano (no caso uma cifra monetária) para que a sociedade entenda que os recursos utilizados provenientes da natureza valem bem mais do que uma expressão monetária. Porém, deixa-se claro que a natureza não está à venda. Contudo, sim, existe um valor estimado desses serviços que podem constituir, mesmo de forma simples, uma forma de avaliar as perdas do bem estar da população quando ameaçadas pelos impactos negativos ocasionados pelo suposto “desenvolvimento” humano. De que forma estimar isso? Parametrizando os valores econômicos de um serviço ecossistêmico (SE), em toda sua cadeia de beneficiários com os valores econômicos gerados ou projetados pela intervenção antrópica.

Somado a isso o conhecimento sobre o valor econômico dos recursos naturais por meio de métodos de valoração surge como alternativa para aplicá-lo na gestão de Unidades de Conservação (UC). Isto poderia levar a um aumento da arrecadação de recursos financeiros para essas áreas protegidas, possibilitando, por exemplo, o aumento do número de funcionários, compra e manutenção de equipamentos e veículos de fiscalização e investimentos em projetos de educação ambiental com a comunidade do entorno (SILVEIRA, 2011). Além disso, a análise social de custo-benefício subsidiada pela valoração ambiental oferece indicadores que auxiliam o gestor público na condução do processo político a fim de que as decisões sejam tomadas com mais objetividade (MOTTA, 1997).

Não podemos ser negligentes a ponto de esquecer de que, como seres que habitam o planeta, dependemos dos recursos da natureza para sobreviver. Esses recursos, denominados de serviços ecossistêmicos, devem ser geridos por meio de pesquisa e análise de sua rede de processos (entradas e saídas) utilizando-se sustentavelmente do seu excedente explorável.

2 Marcar o preço – Definição dada pelo Dicionário Aurélio Disponível

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1.1 JUSTIFICATIVA

A intervenção antrópica sobre a Zona Costeira tem pressionado negativamente os serviços ecossistêmicos, por vezes alterando sua qualidade ou mesmo suprimindo-os. Esse acontecimento é observado no Parque Natural Municipal da Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho (PNMLJ), objeto de estudo desta pesquisa por integrar diversos ecossistemas relevantes para a qualidade de vida da população e por estar localizada em uma área costeira. O turismo desregulado; o desenvolvimento imobiliário; a supressão da vegetação de restinga por meio da queima de lixo, do estacionamento de veículos e da pecuária; a perturbação da fauna silvestre por veículos ciclomotores; o esgoto lançado nas áreas alagadas; entre outros aspectos negativos, apontados pela sociedade organizada3 e pela comunidade acadêmica, como o estudo de

Veiga Lima et al. (2016)4, tem sido alguns dos fatores que

corroboram com esse processo.

Parte disso ocorre pela insuficiência de recursos humanos para a gestão do Parque que incide sobre a descontinuidade do processo de criação de um Conselho Consultivo e de um Plano de Manejo. Logo, prejudicando o andamento dos instrumentos estabelecidos pela Lei Nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), e dessa forma, os critérios e normas para a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana. Somado a isso acrescenta-se a falta de recursos econômicos da municipalidade de Florianópolis ao PNMLJ para a prevenção, por meio de placas informativas, educação ambiental, e principalmente pela fiscalização efetiva.

De modo geral os recursos disponíveis as UCs são estabelecidos pelo SNUC, a partir do Valor da Compensação Ambiental (CA) calculados pelo somatório dos investimentos necessários para implantação de empreendimentos de

3 Instituto Socioambiental Praia do Santinho (ISAS):

www.institutosocioambientalsantinho.com

4 Os autores avaliaram as ameaças sobre serviços ecossistêmicos de

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considerável impacto ambiental5 e multiplicados por um valor não

inferior a 0,5%6 . Entretanto, a UC PNMLJ de âmbito municipal,

dificilmente recebe o valor da CA, contando apenas com recursos escassos provenientes do orçamento da Prefeitura Municipal de Florianópolis.

Nesse ínterim, a importância desta pesquisa evidencia-se no momento em que muito se tem discutido sobre o gerenciamento costeiro, a aplicação de planos de gestão, zoneamento, entre outros, utilizando, entretanto, informações de caráter qualitativo dos recursos ambientais.

Classificar e estimar o valor econômico dos serviços ecossistêmicos da Zona Costeira poderá chamar a atenção da sociedade para a importância dos benefícios gerados pelos seus ecossistemas, utilizando uma linguagem monetária (quanto custa, ou quanto vale) utilizada no dia a dia das pessoas. Da mesma forma, as informações resultantes poderão fornecer aos órgãos competentes e aos tomadores de decisão uma base econômica para a implantação de políticas de conservação e preservação dos recursos naturais existentes nessa e em outras áreas. Assim como, estabelecer estimativas de valores de taxas de uso dos SEs destinadas a gestão dessas UCs.

1.2 OBJETIVO GERAL

Buscar e aplicar processos de valoração econômica de serviços ecossistêmicos (SEs) em zonas costeiras utilizando a Unidade de Conservação Parque Natural Municipal da Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho (PNMLJ) como estudo de caso.

5 Empreendimentos onde são necessários como requisitos para seu

licenciamento ambiental de instalação o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA).

6 § 1o do Art. 36 da Lei No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000 que institui

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1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar os ecossistemas do Parque Natural Municipal da Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho (PNMLJ);

• Classificar as funções e serviços ecossistêmicos, os benefícios e as constituintes do bem-estar humano; e,

• Analisar, selecionar e aplicar os métodos de valoração econômica para os serviços ecossistêmicos escolhidos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ANÁLISE AMBIENTAL E OS SERVIÇOS

ECOSSISTÊMICOS – UMA BREVE REFLEXÃO

O conteúdo que concentra a temática de análise ambiental, linha de pesquisa deste estudo de pós-graduação em geografia, é bastante complexo dado os conceitos e sua abrangência multidisciplinar. De acordo com Macedo (1995) a avaliação ambiental objetiva, essencialmente, fundamentar e otimizar processos decisórios envolvendo atividades transformadoras, antrópicas ou não. As decisões envolvidas estão orientadas para o desenvolvimento de planos capazes de aperfeiçoar o desempenho ambiental dessas atividades, minimizando adversidades e maximizando os benefícios delas decorrentes.

Barcelos & Landim (1995) reconhecem a função social da Análise Ambiental no seu papel transformador da realidade palpável. Também que a descrição, a análise e a interpretação do ambiente, nos momentos de decisão, monitoram a discussão em busca do desenvolvimento técnico-científico, e, conduzem à compreensão de que os componentes, os fatores ambientais e humanos interagem, exigindo um estudo mais sério, responsável e integrado, sem que ocorra a fragmentação em unidades da natureza.

Não encerra-se aqui os diversos temas multidisciplinares importantes abrangidos pela Análise Ambiental, e dos quais o profissional dessa área deverá ter conhecimento como a abordagem sistêmica, que de acordo com Christofoletti (1995) possui conceitos e noções que nos levam a uma visão de mundo integradora e à compreensão da estrutura, organização, funcionamento e desenvolvimento dos sistemas. Entre tantos, porém é inevitável não discorrer sobre a questão polêmica atual que é o desenvolvimento sustentável e a sua problematização. Ou seja, a possível dicotomia existente entre a economia e os principais conceitos e perspectivas que cercam a noção de desenvolvimento sustentável: justiça social, preservação de valores culturais, fortalecimento institucional e proteção ambiental. Margulis (1995) defende que há grande unanimidade acerca desses aspectos citados e da necessidade de sua

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integração, mas que há igualmente uma falta de rigor teórico e conceitual.

Outra questão, dentro desse cenário geral, levantada por Margulis (1995) é a dificuldade de avaliação econômica do ambiente por parte dos órgãos responsáveis que os leva a adotarem, na prática, os padrões de qualidade ambiental. De certa forma, abre-se mão de atingir o que seria excelente para a economia, mas incorpora-se um critério que pode ser implementado na prática. Ainda assim, os mecanismos econômicos, que induzem os agentes a incorporar os custos ambientais, não são de fácil aplicação. Os custos de implementação dessas políticas, os efeitos de incerteza, as condições geográficas, o número e o tipo de agentes poluidores e uma série de outros fatores determinam a preferência de uma ou de outra política de controle que não cabe aqui aprofundar, mas que devem ser de conhecimento dos profissionais dessa área de conhecimento.

O fato dos recursos naturais não possuírem mercado definido torna o gerenciamento de seus usos muito complexo (FONSECA et al., 2013). Nesse caso, surge uma linha de pesquisa dentro da Análise Ambiental que é a valoração dos serviços ecossistêmicos (recursos naturais, serviços e bens naturais, serviços da natureza), ou seja, conforme a MEA (2005, p.57) dos “benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas”.

Em um breve histórico, Costanza et al. (2017), citam que o termo “serviços da natureza” apareceu pela primeira vez no literário acadêmico em 1977, em um artigo da Revista Science, escrito por Walter Westman intitulado “Quanto vale o valor dos serviços da natureza?” 7. O termo sinônimo "serviços

ecossistêmicos" apareceu pela primeira vez em Ehrlich & Ehrlich (1981) e de forma mais sistemática em Ehrlich & Mooney (1983). Para a MEA (2005) o conceito de serviços ecossistêmicos foi usado primeiramente em 1960 por King (1966) e Helliwell (1969) e se seguiu nas pesquisas de Costanza et al. (1997); Daily (1997); Daily et al. (2000); e, De Groot et al. (2002).

Costanza et al. (2017) citam que as ideias relacionadas a essa temática estavam se formando na literatura acadêmica há

7 How Much Are Nature’s Services Worth? - Westman (1977 apud

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décadas, e se poderia argumentar que a ideia de que os sistemas naturais oferecem benefícios que sustentam o bem-estar humano é tão antiga quanto os próprios seres humanos.

É importante frisar que essa visão é tida por alguns autores, como Thompson e Barton (1994) e McCauley (2006) citados por Costanza et al. (2017) como "antropocêntrica", instrumental ou utilitária da natureza, ou seja, que a natureza só existe para "servir" os humanos. Costanza et al. (2017) discordam dos autores e acham essa visão do conceito de serviços ecossistêmicos um tanto simplificada. Para Costanza et

al. (2017) a noção de serviços ecossistêmicos, primeiramente,

reconhece que os seres humanos dependem de toda a natureza para o seu bem-estar e para a sua própria sobrevivência. Ainda, que o Homo sapiens é parte integrante da atual biosfera. Em segundo momento, Costanza et al. (2017) argumentam que esses críticos ignoram o fato de que os seres humanos são uma espécie biológica e, como todas as outras espécies, "usam" os recursos em seu ambiente para sobreviver e prosperar. Acreditar que somos interdependentes da natureza coloca em risco o bem-estar de nossa espécie e, ao mesmo tempo, ameaça cegamente os ecossistemas globais. O conceito de serviços ecossistêmicos deixa claro que todo o sistema é importante, tanto para os seres humanos quanto para as outras espécies com as quais somos interdependentes. Na verdade, o conceito de serviços ecossistêmicos é uma visão de "todo o sistema consciente" dos seres humanos incorporados à sociedade e incorporados ao resto da natureza.

Gómez-Baggethun et al. (2010 apud COSTANZA et al., 2017) fornecem uma história mais detalhada do conceito de serviços de ecossistemas, com base nas suas raízes econômicas. Braat & Groot (2012 apud COSTANZA et al., 2017) resumiram a história do conceito de traçado dos cenários disciplinares, tanto em economia como em ecologia e síntese em economia ecológica.

Costanza et al. (2017) citando Beddoe et al. (2009) aponta que a partir da segunda metade do século 20 a perda dos serviços ecossistêmicos tornou-se muito mais evidente, com o

capital natural rapidamente sendo esgotado. Junto a isso

ocorreu também uma crescente compreensão da ecologia, especialmente a ecologia de ecossistemas inteiros, e do valor não comercial de amenidades (bem-estar) naturais.

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Segundo Constanza et. al (2017) durante algum tempo, dois fluxos de trabalho prosseguiram em paralelo, com contato limitado e fertilização cruzada: a comunidade de ecologia do ecossistema, por um lado, e a comunidade de economia ambiental e de recursos, por outro. Então, na década de 1980, um novo campo transdisciplinar conhecido como "economia ecológica" foi estabelecido (Jansson, 1984; Costanza, 1989) com vista a superar a diferença entre estas duas comunidades, ao mesmo tempo que abraça outras vertentes de pesquisa, incluindo psicologia, ciências políticas e ciências do sistema terrestre, bem como conectar o trabalho acadêmico com a prática e o conhecimento tradicional (DE GROOT, 1987; BRAAT 1992; DE GROOT 1992).

Em 1996, Robert Costanza propôs a ideia de sintetizar toda a informação que estáva sendo montada em uma avaliação global quantitativa do valor dos serviços ecossistêmicos realizada no Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica (NCEAS, da sigla em inglês National Center for Ecological Analysis and

Synthesis) intitulada "O valor total dos serviços ecossistêmicos

mundiais e do capital natural8". O workshop, ocorrido de 17 a 21

de junho de 1996 teve a participação de 13 representantes de uma série de ciências naturais e sociais. A síntese foi uma "meta-análise" de toda a literatura existente em dezessete serviços ecossistêmicos existentes em dezesseis biomas, utilizando uma técnica básica de transferência de valor que assumiu um valor constante por hectare para cada um dos biomas. Os resultados foram eventualmente publicados na Nature (COSTANZA et al., 1997), com o seguinte resumo: “para toda a biosfera, o valor (a maioria dos quais está fora do mercado) é estimado na faixa de US$ 16-54 trilhões por ano, com uma média de US$ 33 trilhões por ano. Por causa da natureza das incertezas, isso foi considerado como uma estimativa mínima.”

Conforme Constanza et. al (2017) o resultado chocou algumas pessoas, pois o valor foi significativamente maior do que o produto interno bruto global (PIB) do momento. Alguns ficaram surpresos porque achavam que a estimativa era muito baixa, outras porque achavam que era muito alto (como poderia ser

8 The Total Value of the World’s Ecosystem Services and Natural Capital.

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maior do que o PIB mundial inteiro?) E outros porque pensavam ser algo profano e vulgar (como você pode colocar um preço na natureza?). No entanto, a maioria das pessoas entendeu que o estudo tinha por objetivo fazer uma estimativa crua: demonstrar que os serviços ecossistêmicos eram muito mais importantes para o bem-estar humano do que o pensamento econômico convencional lhes havia dado crédito. Como exemplo disso os autores explicam que a contabilidade econômica convencional valoriza os ecossistemas quando seus produtos foram colhidos e vendidos nos mercados. As árvores cortadas para a madeira foram contadas e valorizadas, mas os serviços de regulação do clima, controle de inundações e erosão e oportunidades recreativas e estéticas não foram. Como resultado, sua contribuição crucial para o bem-estar humano foi ignorada na política de desenvolvimento. Com esse estudo, segundo Costanza et al. (2017), os autores mostraram que os ecossistemas funcionais e intactos produzem muitos serviços valiosos, que são muitas vezes mais significativos do que os resultados da sua extração e exploração. Também queríam mostrar que era possível pelo menos estimar seu valor em unidades comparáveis a outros serviços que as pessoas conheciam e se preocupavam (ou seja, em unidades monetárias).

O artigo recebeu uma enorme cobertura positiva da imprensa, inclusive na Science (Roush, 1997), The Chronicle of

Higher Education (McDonald, 1997), New York Times (Stevens,

1997), Newsweek, Science News, National Public Radio, e a

BBC. foi incluído como uma das histórias Top 100 Science da

revista Discover de 1997 (Zimmer, 1998), o que desencadeou uma explosão de pesquisas e interesse político em serviços ecossistêmicos.

Para Costanza et al. (2017) o estudo também provocou controvérsias e críticas devido aos seus métodos e resultados, incluindo Hueting et al. (1998), Norgaard et al. (1998), Pearce (1998) e Bockstael et al. (2000). No entanto, o documento teve o efeito que os autores esperavam. Como concluíram no artigo:

Dadas as enormes incertezas envolvidas, talvez nunca possamos ter uma estimativa muito precisa do valor dos serviços ecossistêmicos. No entanto, mesmo a

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estimativa inicial bruta que conseguimos montar é um ponto de partida útil (enfatizamos novamente que é apenas um ponto de partida). Isso demonstra a necessidade de muita pesquisa adicional e também indica as áreas específicas que precisam de estudo adicional. Ele também destaca a importância relativa dos serviços ecossistêmicos e o impacto potencial sobre o nosso bem-estar de continuar a desperdiçá-los. (COSTANZA et al., 1997 p. 259).

Dentre as pesquisas que se seguiram a mais notável, de acordo com Maynard et al. (2010), foi a Avaliação dos Ecossistemas do Milênio (Millennium Ecosystem Assessment – MEA) em 2005, realizada pelas Nações Unidas, Banco Mundial

(2004) e os Instituto de Recursos Mundiais (2007) entre outros. O estudo demonstrou que o bem-estar humano está ligado inseparavelmente à provisão dos serviços ecossistêmicos. Muito se conseguiu em termos de definição de estruturas apropriadas (MEA, 2005; DE GROOT et al., 2002; BINNING et al., 2001; KREMEN, 2005), classificando os serviços ecossistêmicos (MEA, 2005; DE GROOT et al. 2002; WALLACE, 2007) e valorizando-os (COSTANZA et al. 1997). Contudo, segundo Cowling et al. (2008); Comunidades Europeias (2008 apud MAYNARD et al. 2010) há um desafio permanente para conduzir e demonstrar aplicações práticas do conceito e métodos para melhorar a prestação dos serviços ecossistêmicos a uma escala regional.

Outro importante trabalho de referência para essa abordagem ecossistêmica, semelhante ao estudo da MEA9

(2005), é o estudo sobre a estrutura de Serviços Ecossistêmicos (SE) do Sudeste de Queensland (SEQ) - Austrália, descrita mais adiante no tópico 2.3.1 - ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA – FUNÇÕES, SERVIÇOS E O BEM-ESTAR HUMANO desta pesquisa.

Salienta-se ainda que paralelo a essa conceitualização de “serviços ecossistêmicos” definido por King (1966 apud MEA,

9 Avaliação dos Ecossistemas do Milênio: ecossistemas e bem-estar

humano, um quadro para a avaliação (Ecosystems and Human Well-being: A Framework for Assessment) (MEA, 2005 p.71-84).

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2005) e a avaliação global quantitativa do valor dos serviços ecossistêmicos realizadas por Robert Costanza em 1996, o cientista Howard T. Odum no ano de 1963, elaborava o conceito de “energia incorporada”, termo alterado a partir de 1983 para

emergia por David Scienceman (VOORA & THRIFT, 2010).

Odum (2012) define a emergia de um recurso como a soma do valor intrínseco da matéria original e de todo o trabalho ralizado para produzir esse recurso. Para ele a contabilidade emergética considera tanto o trabalho feito pela natureza quanto o trabalho executado pelos seres humanos. Odum (1996) explica que a emergia está sustentada nas leis da termodinâmica, da teoria de sistemas e da ecologia de sistemas. Assim, fluxos de recursos que não são trocados no mercado, inclusive a radiação solar, o vento e a onda, podem ser internalizados na produção econômica e valorados pela emergia. Para Campbell (2008 apud VOORA & THRIFT, 2010) a emergia pode ser pensada como uma “memória” energética, e seu cálculo é análogo à avaliação de esforços passados que moldaram nossas carreiras (apoio familiar, esforços de professores, livros, mensalidades, refeições, abrigo e assim por diante). Para Waldhelm et. al (2016) através do conceito de emergia é possível ter um pensamento mais sistêmico e comparativo não só do comportamento dos sistemas ecológicos, mas também de como o sistema econômico se comporta semelhante aos sistemas naturais, não podendo ser analisado separadamente. Entretanto, de acordo com o Voora & Thrift (2010), embora a abordagem emergética possa ter mérito para avaliar os bens e serviços ecossitemicos (BSEs) no apoio a tomada de decisões e políticas e avançar no planejamento do desenvolvimento sustentável, sua absorção potencial dentro do âmbito da formulação de políticas ainda é limitada. Isso se deve a sua complexidade e também devido as críticas metodológicas dentro da academia. Essa consideração é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD - da sigla em inglês

International Institute for Sustainable Development), elaborada

em 2010 para a Alberta Environment que soliticou ao IISD uma investigação de diferentes ferramentas para avaliar os bens e serviços ecossitemicos (BSEs) não negociados no mercado.

Apesar de não ser contemplada nesta pesquisa de valoração econômica ecossistêmica, a abordagem emergética, conforme Voora & Thrift (2010), continua a evoluir, e sua

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aplicação continua a se ampliar, o que pode levar a uma aceitação mais ampla com o passar do tempo.

2.2 ECONOMIA AMBIENTAL

É importante que para preservar os serviços ecossistêmicos, seja dada mais ênfase ao entendimento de uma abordagem ecossistêmica por parte das universidades, organizações de conservação e outras instituições que apóiam esse tipo de pesquisa. Tal medida irá iniciar uma alteração na forma como vemos os bens naturais, seus recursos e os seus serviços prestados para o bem da humanidade.

De acordo Primack (2001) a mudança ocorrerá somente se as pessoas sentirem que elas estão realmente perdendo algo de valor ao continuar a danificar as comunidades biológicas. Primack interroga: Mas o que de fato estamos perdendo? Por que deveríamos nos preocupar caso uma espécie se torne extinta? O que há precisamente de tão terrível na extinção?

Para Primack a extinção das espécies faz parte do processo natural. Para ele, talvez seja esse entendimento que embase nossa permissividade em relação à exploração degradante dos recursos naturais e nos faça sentir que esse caminho que seguimos está dentro de um processo “natural”, não havendo uma mudança real de fato em nossas ações. Entretanto o autor nos chama a atenção para as taxas relativas de extinção e especiação:

A especiação é um processo lento que ocorre através da acumulação gradual de mutações e modificações das frequências dos alelos em dezenas de milhares ou, quem sabe, milhões de anos. A medida que a taxa de especiação se torna igual ou excede à taxa de extinção, a biodiversidade permanece constante ou aumenta. Nos períodos geológicos passados, a perda de espécies existentes esteve relativamente equilibrada ou excedeu através da evolução de novas espécies. Entretanto, as atividades humanas estão causando extinção em uma proporção que excede, em muito, a taxa de reposição das espécies. A perda de espécies

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que está ocorrendo no presente não tem precedentes, é única, e pode ser irreversível. (Primack, 2001, p. 36).

Esse fato já seria um argumento suficiente para que repensássemos nossas atitudes em relação às escolhas determinadas pelo desenvolvimento econômico, seja ele imobiliário, agrícola, mineral, entre outros. No entanto para Primack (2001) a degradação ambiental, basicamente ocorre por razões econômicas. As florestas são desmatadas para que produzam lucros com a venda de madeira. As espécies são caçadas para consumo pessoal, comércio e lazer. As terras marginais são convertidas em terras produtivas, pois não há outros lugares para novas propriedades rurais. Espécies são introduzidas em novos continentes e ilhas, acidental ou propositadamente, sem qualquer consideração com o resultado, levando à devastação ambiental. Uma vez que as causas dos danos ambientais são frequentemente de natureza econômica, a solução deve também incorporar princípios econômicos.

Nesse caso, percebe-se o quanto é importante à criação de uma trandisciplinaridade10 voltada para as questões

ambientais, abrangendo conhecimentos diversos unificados em resolver questões únicas, mas de importância crucial para a existência e o futuro da humanidade.

Para Primack (2001) a compreensão de alguns princípios econômicos básicos serve para esclarecer porque as pessoas tratam o ambiente de uma forma que nos parece restrita e

destrutiva. Um dos dogmas universalmente aceitos pela

economia moderna é o de que a transação voluntária ocorre apenas quando é benéfica para ambas as partes envolvidas. O autor cita Adam Smith, filósofo do século XVIII, cujos trabalhos se tomaram a base da economia: "Não é por causa da benevolência do açougueiro, do padeiro ou do cervejeiro que

10 Significado: Capaz de produzir uma interação entre disciplinas que,

não somente se restringindo ao conteúdo disciplinar, propõe um diálogo entre campos do saber, buscando alcançar e alterar a percepção, cognição ou comportamento do sujeito in:. Dicio (2018).

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comemos nosso pão diário, mas pelo seu próprio interesse” 11.

Todas as partes envolvidas esperam melhorar sua própria situação. A soma de cada ato individual em seu próprio interesse resulta na sociedade, como um todo, tornar-se mais mercantil e mais próspera. Ele se refere a esse conceito como a "mão invisível" que guia o mercado.

Primack também infere que há inúmeras assertivas e exceções deste princípio de livre troca que beneficia a sociedade, mas que não há nenhuma exceção relevante que afete diretamente as questões ambientais. Para ele, os custos e os benefícios do livre comércio são aceitos e admitidos pelos participantes da transação. Contudo, em determinados casos, alguns custos ou benefícios ocorrem para os indivíduos que

não estão diretamente envolvidos na troca, ao que se dá o nome

de externalidades.

Um exemplo típico de externalidade, mais notável e relevante, referido por Primack (2001), é o dano ambiental que ocorre como uma consequência indireta da atividade econômica humana. Onde existem externalidades o mercado não consegue apresentar soluções que resultem em uma sociedade mais próspera. Esta falha do mercado resulta em uma alocação de recursos errada que favorece algumas pessoas à custa da

sociedade.

Primack (2001) cita que as empresas ou pessoas envolvidas em produção que resulta em danos ecológicos, geralmente não arcam com todos os custos de suas atividades. Ele cita um exemplo de uma refinaria de petróleo, a REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas), em Araucária/PR, que se beneficia da venda do combustível, assim como também o consumidor do produto. Entretanto, no dia 14/07/2000, devido a uma falha do sistema, quase 4 milhões de litros de óleo cru12

foram lançados no ambiente, boa parte desses no Rio Iguaçu. Primack diz que esse custo de produção é pago por toda a população, não somente pelos envolvidos na relação de compra-venda de combustível. E que, estar a par dessa dicotomia é

11 Citação de Adam Smith em (Wealth of Nations (Riqueza das Nações),

1776 apud Primack (2001).

12 Lembrança: Vazamento de óleo polui rios, no 2º maior vazamento no

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essencial para o entendimento da falha do mercado: A ampla distribuição do custo econômico de uma atividade, em conjunto com um benefício concentrado em pequenos grupos, cria um

conflito econômico/ecológico. Ou de maneira mais direta:

“Não é o homem ou a espécie humana que degrada o ambiente. São alguns homens que degradam o ambiente. Assim como não são todos os homens que têm que arcar com os resultados dessa degradação”.

Outro exemplo a ser citado, ocorrido em 5 de novembro de 2015 é o caso do rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração (barragem de Fundão) localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais, controlada pela Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto da brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.

Segundo o IBAMA (2015) a barragem continha 50 milhões de m³ rejeitos de mineração de ferro. Desses rejeitos 34 milhões de m³ foram lançados no meio ambiente, e 16 milhões restantes continuaram sendo carreados aos poucos para jusante, pelo rio Doce até chegarem ao mar, já no estado do Espírito Santo. No total foram impactados diretamente 663,2km de corpos hídricos e, conforme Prous (2015), aproximadamente 1600ha nas margens foram recobertos pela lama carregada em resíduos do tratamento dos minerais de ferro.

Segundo Prous (2015) 19 pessoas morreram e 300.000 pessoas foram afetadas de alguma forma, pela destruição da sua vila e do seu território, pela perda dos seus meios de subsistência, do seu quadro de vida e das suas raízes territoriais ou, pelo menos, pela falta de água adequada ao consumo. Prous enfatiza o acontecimento como sendo a maior catástrofe ambiental já registrada no Brasil, e amplamente comentada na imprensa internacional.

Esse caso, da mesma forma que o ocorrido na refinaria de petróleo, a REPAR, em Araucária/PR, descrito por Primack (2001), observa-se que o custo de produção, no caso do minério de ferro, não é somente pago pela Samarco Mineração S.A, que extrai e se beneficia da venda do minério, nem também do consumidor final que compra os inúmeros produtos derivados de minério de ferro, mas também de toda a população, dado os custos de recuperação de estruturas urbanas e ecossistemas destruídos estimados, de acordo com Barbosa et al. (2015) em

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