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Influência da prática do yoga no processo de metilação do DNA : um projeto piloto

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

ROBY WILL VENCATTO

INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DO YOGA NO PROCESSO DE METILAÇÃO DO DNA. UM PROJETO PILOTO.

CAMPINAS 2019

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ROBY WILL VENCATTO

INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DO YOGA NO PROCESSO DE METILAÇÃO DO DNA. UM PROJETO PILOTO.

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutor em Ciências Médicas, Área de Concentração em Ciências Biomédicas.

ORIENTADORA: PROF.ª DRª. CARMEN SILVIA BERTUZZO

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO ROBY WILL VENCATTO, E ORIENTADO PELA PROFA. DRA. CARMEN SILVIA BERTUZZO.

CAMPINAS 2019

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COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO

ROBY WILL VENCATTO

ORIENTADORA: PROF(A). DRA. CARMEN SILVIA BERTUZZO

MEMBROS:

1. PROF(A). DRA. CARMEN SILVIA BERTUZZO

2. PROF(A). DRA. ILÁRIA CRISTINA SGARDIOLI

3. PROF(A). DR. NELSON FILICE DE BARROS

4. PROF(A). DR. CHARLES DALCANALE TESSER

5. PROF(A). DRA. ELISETH RIBEIRO LEÃO

Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da FCM.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho contou com a coorientação voluntária da Profa. Dra. Pamela Siegel.

A Tudo e a Todos:

Agradeço aqui a todas as pessoas, situações e momentos que de alguma forma me ajudaram neste trabalho, seja na orientação direta ou indiretamente, seja com um auxílio, dicas, e até mesmo com um conselho que não relacionado à tese, mas conselho de vida, e que me fizeram refletir.

Agradeço a todos que estiveram ligados e envolvidos com minha pessoa neste período de doutorado, me fazendo refletir a cada novo dia, revendo erros e acertos e lutando/buscando melhorar a cada dia, a cada minuto.

Concluo, que como ego, somos pequenos seres buscando sermos melhores, ser feliz, cada um no seu tempo e dentro de suas circunstâncias. E é fato que juntos podemos fazer melhor. Um trabalho dificilmente se faz sozinho, pois na verdade um trabalho é de todos, pois atrás de cada Ser que de alguma forma contribuiu aqui, há algo em comum a todos. Sendo assim este trabalho está representado não apenas por Roby, mas lá no fundo é nosso.

Agradeço a CAPES: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

Agradeço a Unicamp, a Faculdade de Ciências Médicas – FCM e ao Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica.

A todos, desejo do fundo do meu coração muita Luz e Sabedoria nesta breve passagem chamada vida.

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EPÍGRAFE

“Os sentidos são a raiz da consciência material. O indivíduo comum está mais inclinado para o mundo e para as coisas materiais do que para as coisas espirituais, porque os faróis de seus cinco sentidos – visão, audição, olfato, paladar e tato – estão direcionados para o exterior, isto é, aos objetos e prazeres materiais. É por isso que tudo lá fora parece lindo e agradável. Nunca se contempla o “mundo interior” a menos que os faróis se invertam e se focalizem ali. Só quando aprender a não se deixar levar pela operação dos sentidos é que você conseguirá desfrutar da consciência espiritual. Quando você se interioriza, começa a perceber que há muito mais maravilhas no mundo interior do que no exterior [...]. A consciência espiritual leva à percepção da sabedoria e da beleza que existem por trás de todos os fenômenos materiais”.

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RESUMO

De acordo com a visão da Medicina Integrativa, pode-se trabalhar em diferentes níveis da esfera do corpo humano e com diferentes abordagens terapêuticas que terão diferentes níveis de atuação. O Yoga é um exemplo de uma abordagem que atua na esfera psicológica e fisiológica simultaneamente e, consequentemente, pode atuar no nível epigenético. As células do organismo humano respondem a diversos estímulos ambientais, causando modificações epigenéticas e consequentemente obtém modificações na expressão e função gênica. Estudos mostram que mudanças na metilação do DNA podem ocorrer em resposta a experiências sociais que não envolvem exposição a produtos químicos, mas uma interpretação programada desses experimentos. Yoga é uma prática mente-corpo e acredita-se ter efeitos benéficos na saúde física e mental. Este estudo piloto procurou verificar se há diferença no padrão de metilação global do DNA entre praticantes de Hatha Yoga e não praticantes. Foram incluídos no estudo 40 indivíduos, sendo 20 professores de Hatha Yoga e 20 indivíduos controles. A análise de metilação global do DNA de todos os participantes foi realizada usando o método de imunoensaio enzimático (ELISA). Conforme observado houve uma diferença no padrão geral de metilação global entre os grupos (p≤0,05), mostrando um valor aumentado de metilação no grupo de professores de Yoga. Houve também diferenças significativas entre os grupos nas variáveis estresse, ansiedade e qualidade de vida. O estudo mostrou que o Hatha Yoga além de ser algo que traz muitos benefícios terapêuticos, possa estar atuando na esfera epigenética do organismo humano. Estes achados possibilitam o direcionamento para outras linhas de raciocínio dentro do Yoga e a ampliação para investigação com técnicas laboratoriais mais específicas, se estendendo também para outras práticas mente-corpo. Palavras-chave: metilação do DNA; yoga; medicina integrativa; prática mente-corpo.

(8)

ABSTRACT

According to the vision of Integrative Medicine, one can work in different levels of the sphere of the human body and with different therapeutic visions that help to select the levels of performance. Yoga is an example of an approach that is found in psychological and physical psychology and, consequently, can act at the epigenetic level. The cells of the human body respond to diverse environmental stimuli, causing epigenetic modifications and consequently obtain modifications in the expression and gene function. Studies show that changes in DNA methylation may occur in response to social experiments that do not involve exposure to chemicals, but a programmed interpretation of these experiments. Yoga is a mind-body practice and is believed to be beneficial in physical and mental health.This pilot study sought to verify if there is difference in the global DNA methylation pattern between Hatha Yoga practitioners and non-practitioners. The study enrolled 40 individuals, of which 20 were Hatha Yoga teachers and 20 control subjects. The overall DNA methylation analysis of all participants was performed using the enzyme immunoassay (ELISA) method. The result was a difference in the overall pattern of methylation between groups (p≤0.05), showing a high methylation value in the group of Yoga teachers. There were also significant differences between the groups in the variables stress, anxiety and quality of life.The study showed that Hatha Yoga other than something that has many therapeutic benefits may be acting in the epigenetic sphere of human body. These findings make it possible to target other lines of reasoning within Yoga and to extend them to research with more specific laboratory techniques, applying them to other mind-body practices as well.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras:

Figura 1: Rotas e efeitos da Medicina Alternativa ... 15

Figura 2: Ilustração das possíveis rotas do mecanismo biológico das práticas mente-corpo . 17 Figura 3: Nadis (canais de energia) disposto no Ser Humano ... 19

Figura 4: Formação da 5-mC pela a ação da enzima DNA metiltransferase ... 22

Figura 5: Metilação em ilhas CpG e não CpG ... 22

Figura 6: Processo ativo e passivo de desmetilação da base citosina ... 23

Figura 7: Ilustração da técnica de Elisa indireta ... 31

Gráficos:

Gráfico 1: Comparação da concentração de 5-mC global (metilação global) entre os grupos 1 e 2...36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Exemplo de quantidade/diluições dos reagentes, referente a 16 amostras. ... 32

Tabela 2: Dados Genoma humano. ... 33

Tabela 3: Características da casuística. ... 34

Tabela 4: Dados relativos aos professores de Hatha Yoga e seu contato com a prática ... 35

Tabela 5: Aspectos externo ambientais ... 35

Tabela 6: Resultado da análise do perfil de metilação global, pelo método de ELISA. ... 36

Tabela 7: Resultados do perfil psicossocial. ... 37

Tabela 8: Resultados do índice de ansiedade conforme escores. ... 37

Tabela 9: Resultados do índice de depressão conforme escores. ... 38

Tabela 10: Resumo das variáveis com valor de p significativo (p<0,05). ... 38

Tabela 11: Descrição da variável “Alimentação” quanto a sua categoria “outros” ... 39

Tabela 12: Descrição da variável “Medicamento de rotina” quanto a sua categoria “sim”. ... 40

Tabela 13: Descrição da variável “Atividades mente-corpo extras” quanto a sua categoria “várias práticas”. ... 41

Tabela 14: Descrição dos aspectos gerais de cada pergunta (faceta) englobada nos domínios físico e meio ambiente. ... 42

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

%: porcentagem >: maior

µl: microlitro

5-mC: 5-metilcitosina

AID: Activation Induced Cytidine Deaminase

APOBEC: Apolipoprotein B mRNA Editing enzyme, Catalytic Polypeptide CAAE: Certificado de apresentação para Apreciação Ética

CACNA1C: Calcium Voltage-gated Channel Subunit Alpha1 C CEP: Comitê de Ética em Pesquisa

CH3: Grupo metil composto de carbono e três átomos de hidrogênio

CpG: C (cytosine); p (phosphate); G (guanine), bases citosina e guanina (CG) da sequências de DNA, separadas por apenas um grupo fosfato.

CYC1: Cytochrome C1

DGMMG: Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica DNA: Deoxyribonucleic Acid ( Ácido Desoxirribonucleico)

E.coli: Escherichia coli

EDTA: Ácido Etilenodiamino Tetra-acético

ELISA: Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ensaio de imunoabsorção enzimática) FCM: Faculdade de Ciências Médicas

HCL: Ácido clorídrico

HIST1H2BC: Histone Cluster 1 H2B Family Member C (gene) HPA: Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

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loci: locais M: Molaridade

MADRS: Montgomery–Åsberg Depression Rating Scale MAPK: Mitogen Activated Protein Kinases

N: Normalidade

n: número de indivíduos na pesquisa.

NCCIH: National Center for Complementary and Integrative Health ºC: grau Celsius

p: valor-p (probabilidade de significância) QV: Qualidade de vida

RNA: Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucleico) rpm: rotação por minuto

SPSS: Statistical Package for the Social Sciences SUS: Sistema Único de Saúde

Thy: Thymine (Timina: base nitrogenada da cadeia de DNA) TNF-α: Tumor Necrosis Factor alfa (gene fator de necrose tumoral) Tris: Cloridrato de tris (hidroximetil) - aminometano

TSS1500: Transcription Start Sites 1500 TSS200: Transcription Start Sites 200

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 14

1.1 Yoga e mente-corpo ... 15

1.1.1 Aspecto sutil do Yoga ... 18

1.2 Relações terapias mente-corpo, genética e epigenética. ... 20

2. JUSTIFICATIVAS ... 25

3. OBJETIVOS ... 26

4. MATERIAL E MÉTODOS ... 27

4.1 Aspectos gerais ... 27

4.1.1 Seleção dos participantes ... 27

4.1.2 Recrutamento dos participantes ... 28

4.2 Análises laboratoriais - aspectos gerais e obtenção do DNA genômico. ... 29

4.2.1 Método para análise de metilação ... 30

4.3 Análise estatística ... 33 5. RESULTADOS ... 34 6. DISCUSSÃO ... 43 7. CONCLUSÃO ... 56 8. REFERÊNCIAS ... 57 9. APÊNDICE ... 63 9.1 Apêndice 1 - Questionário ... 63 10. ANEXOS ... 66

10.1 Anexo 1 – Parecer consubstanciado ... 66

10.2 Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 77

10.3 Anexo 3 – Escala de Hamilton ... 80

10.4 Anexo 4 – Escala de Montgomery e Asberg ... 81

10.5 Anexo 5 – Escala de Estresse Percebido ... 82

(14)

1. INTRODUÇÃO

A medicina convencional ou biomédica considera o corpo por suas partes individuais, como os órgãos, tecido, células e moléculas; e que a mente é algo separado do mesmo, sendo assim, a medicina convencional difere da medicina holística por possuir uma filosofia oposta (1).

O destaque da medicina convencional é na atenção aguda e cirúrgica, entretanto há uma grande ênfase no uso crônico de drogas. O que se está esquecendo é que o corpo humano possui uma sabedoria e inteligência inatas, ele tem um conhecimento de como crescer, curar, regenerar, equilibrar e recuperar a homeostase. Desta forma está havendo uma crescente tendência de profissionais da saúde de se envolverem com filosofias médicas fora do padrão e que são normalmente associadas às práticas médicas convencionais (2).

O National Center for Complementary and Integrative Health - NCCIH tem estruturado pesquisas nesta área e reconhece três tipos de práticas de Medicina Alternativa e Complementar, são estas: uso de produtos naturais, outras abordagens complementares em saúde (inclui nesta categoria práticas de Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurveda, Naturopatia e Homeopatia) e práticas de mente-corpo, cujo esta última inclui-se o Yoga, Manipulação Osteopática e Quiropraxia, Meditação, Massagem Terapêutica, Acupuntura, Técnicas de Relaxamento, Tai Chi, Qi Gong, toque de cura, hipnoterapia e terapias de movimento (2, 3).

Uma nova abordagem instituída pelo NCCIH conhecida como Medicina Integrativa busca aproximar as práticas de Medicina Convencional com Medicina Alternativa e Complementar, buscando desta forma entender o conjunto de circunstâncias únicas do paciente, analisando amplamente as influências físicas, psicológicas, sociais, ambientais e espirituais. De acordo com a visão da Medicina Integrativa (Figura 1) pode-se trabalhar em diferentes níveis da esfera do corpo e com diferentes abordagens terapêuticas que terão diferentes níveis de atuação. Conforme os autores, o Yoga é um exemplo de uma abordagem que atua na esfera psicológica e fisiológica simultaneamente e conseguinte pode atuar no nível epigenético (2).

(15)

Figura 1: Rotas e efeitos da Medicina Alternativa (2).

Legenda: Routes for alternative medicine (Rotas da medicina alternativa); Psychological (Psicológico); Physiological (Fisiológico); Cellular biochemistry (Bioquímica celular); Epigenetics (Epigenética); Effects of alternative medicine (Efeitos da medicina alternativa).

1.1 Yoga e mente-corpo

Yoga é uma prática de tradição milenar Hindu, havendo muitas definições e diferenças no oriente e ocidente. No segundo século antes de Cristo, Patanjali fez uma estruturação no Yoga Sutras, elaborando os passos éticos: 1) yama, as moralidades: não violência, não roubar, veracidade, não perversão do sexo e inveja; 2) niyama, regras de vida: pureza, harmonia, serenidade, contentamento e estudo; 3) asanas, posturas (corpo); 4) pranayama, controle da respiração; 5) pratyahara, controle sensorial; 6)dharana, concentração; 7) dhyana, meditação e 8) samadhi, identificação acima de si mesmo (além do ego) (4).

O Yoga surgiu como prática física e espiritual, que tem como objetivo unir mente, corpo e espírito. Através do Yoga a mente pode ser treinada levando ao controle desta. Os praticantes de Yoga dizem que ele pode diminuir e eventualmente prevenir o acumulo de emoções reprimidas na mente, entretanto o processo é gradual exigindo continuidade para que os efeitos sejam duradouros (5).

Milhões de pessoas têm praticado Yoga e no Brasil esta prática foi introduzida em 1940 por Caio Miranda no Rio de Janeiro. Em 2011, através do Programa da Academia de Saúde, o Yoga foi incluído no Sistema Único de Saúde (SUS) (4). O predomínio atualmente é

(16)

do Hatha Yoga que está mais associado às posturas corporais (asanas) e que apresenta muitas nuanças e estilos. Geralmente a prática é simplesmente utilizada como opção terapêutica, não explorando seu aspecto de produção de autoconhecimento e instigando hábitos saudáveis (6).

Yoga é uma prática mente-corpo e acredita-se que ela possui efeitos benéficos na saúde tanto física quanto mental, de acordo com pesquisas realizadas nas últimas décadas, sugerindo que o Yoga tem benefícios sobre o estresse, ansiedade, sintomas depressivos, dor e aspectos funcionais físicos (7).

A prática do Yoga em sua essência foi concebida com intuito de aumentar os poderes vitais. Com isso, posteriormente, o Hatha Yoga veio inserir práticas para controlar os efeitos impactantes da natureza e conseguinte desenvolver e aperfeiçoar este aspecto essencial do Yoga. Hatha Pradipika, Gheranda Samhita, Goraksha Shataka e Shiva Samhita são os textos mais conhecidos do Hatha Yoga sendo posteriores aos Yogasutras de Patanjali (8)

Estudos verificando os benefícios da prática de Hatha Yoga demonstraram resultados significativos na redução do estresse percebido e alterações psicofisiológicas positivas em mulheres de meia idade e pós-menopausadas, respectivamente, e melhorias no bem-estar mental e emocional em idosos, além dos níveis de estresse e exaustão (9-11).

Efeitos positivos mostrando resultados estatística e clinicamente significativos foram encontrados em um estudo recente, que avaliou indivíduos adultos com depressão maior leve à moderada e que após receberem uma intervenção de prática de Hatha Yoga mostraram redução na gravidade da depressão (12). Entretanto existe um interesse crescente na busca dos efeitos da prática do Yoga sobre os processos fisiológicos que podem estar na base dos efeitos sobre a saúde (7).

Não apenas o Yoga como também outras práticas mente-corpo, geram muitas especulações quanto ao seu mecanismo de ação. Acredita-se que o mecanismo biológico influenciado pelas práticas mente-corpo segue duas rotas, conforme explicado a seguir (figura 2):

(17)

Figura 2: Ilustração das possíveis rotas do mecanismo biológico das práticas mente-corpo (13).

Rota de cima para baixo (top down): Neste caso são as práticas que possuem uma ação a nível cognitivo, foco de atenção, intenção e estado afetivo. As regiões de atuação são no cérebro, incluindo córtex orbitofrontal e cingulado anterior, amígdala, hipocampo e córtex somatossensorial. Devido a alterações cerebrais os praticantes possuem diversas experiências, podendo citar algumas como redução do estresse psicológico e excitação, mudanças ligadas ao aumento do parassimpático e diminuição do tônus do sistema nervoso autônomo simpático, diminuição de citocinas inflamatórias em leucócitos da circulação, sensibilidade aumentada aos hormônios glicocorticoides tal como cortisol, produzido via eixo HPA (Hipotálamo-Hipófise-Adrenal). Reduções no eixo HPA e sistema nervoso autônomo simpático têm alguns efeitos em nível de jusante (“downstream”) como variabilidade da frequência cardíaca aumentada, modulação - em órgãos linfoides secundários - da função imunitária e inflamação, alterações na motilidade intestinal e atividade microbiana. Deve-se ressaltar que o sistema imunológico e a microbioma do intestino geram um efeito retroativo (feedback) no cérebro, podendo influenciar no comportamento e humor.

Rota de baixo para cima (botton up): envolve práticas que possuem um trabalho relacionado ao controle respiratório e práticas físicas. Estas podem exercer influência a nível

(18)

musculoesquelético e aumento do débito cardiovascular, que também possuem um efeito na jusante (“downstream”) sobre a atividade do eixo HPA, balanceamento sistema simpático/parassimpático, funções imunológicas e humor.

Estas rotas fornecem um possível entendimento de como as práticas mente-corpo podem estar impactando positivamente na saúde (13).

Conforme Singh e colaboradores (2015), a plasticidade neural - fenômeno de grande descoberta, pois fornece compreensão sobre a ciência da reabilitação neurológica - pode ser um dos mecanismos de atuação da pratica do Yoga, devido aos movimentos motores e experiências sensoriais advindos da prática, levando a modificações estruturais e funcionais no cérebro (14).

1.1.1 Aspecto sutil do Yoga

Para o Yoga, ao fazer referencia ao Ser Humano, não se refere apenas ao corpo físico, e sim ao conjunto de três corpos (causal, astral (sútil) e físico) constituídos de densidades variadas, de elementos grosseiros até as camadas mais sutis da mente. Atrás desses corpos reside o verdadeiro Eu, que se encontra além de toda manifestação física e mental (15).

Em nível sutil o Hatha Yoga é embasado no sistema de que as correntes de prana (energia vital) fluem pelo corpo humano através de canais denominados nadis e dessa forma influenciam determinando o modo de sentir, pensar e atuar. De acordo com os escritos tradicionais, há 72 mil nadis (figura 3) que estão todos interligados (8).

Em algumas regiões do corpo humano, estes nadis formam plexos, conhecidos como chakras. Há sete principais chakras: Muladhara (localizado no períneo); Svadisthana (região púbica); Manipura (região do umbigo); Anahata (região cardíaca), Vishuddha (na região da garganta); Ajna (centro da testa) (8) e Sahasrara (topo da cabeça – alguns não consideram por se localizar fora do corpo) (8, 15).

(19)

Figura 3: Nadis (canais de energia) disposto no Ser Humano (16).

Os distúrbios do corpo e da mente estão ligados ao mau funcionamento do fluxo de prana nestes canais. No nível sutil os chakras estão associados com tendências psíquicas, emoções e formas não sensitivas de percepção e consciência; já em nível físico controlam o funcionamento fisiológico (8).

O prana atua no nível físico, mental e espiritual. No nível físico tem potencialidade de curar enfermidades, pois este nível depende de prana para exercer suas atividades. Também tem capacidade de influir sobre a mente, e esta sobre ele, pois está associada. No nível espiritual, age estabilizando a mente com objetivo de alcançar a autorrealização (8).

A mente tem seu próprio canal chamado chitta nadi. Através do fluxo de chita

nadi todos os humanos experimentam o fluxo da mente, do pensamento e da consciência. A

mente exterior, às emoções, os impulsos de vida, são originados através do fluxo externo de energia, de chitta nadi, denominado manas. Já quando este fluxo é interno, dá origem a mente interior e a intuição, denominada buddhi ou inteligência interior. A mente humana comum,

(20)

possui o fluxo de chitta nadi fragmentado, pelo fato da distração, se movendo em várias direções (15).

Chitta nadi é o fluxo do prana original (da alma) e da mente. Quando a mente se

move (chitta spanda) consequentemente há reflexo no movimento do prana (prana-spanda), ou seja, todo funcionamento do canal é governado por chitta nadi. Ele não governa apenas o fluxo do pensamento e sim todo fluxo de prana (energia) que dele deriva (15).

Quando ocorre um fluxo interno de chitta nadi há purificação e energização de todos os outros nadis, consequentemente levando à abertura dos chakras e seus potenciais. O fluxo de chitta nadi é baseado no desejo, fazendo com que este flua para fora, porém, o desapego permite que flua para dentro. Entretanto, o desejo mais forte é o sexual, possuindo atração para fora desse canal. Chitta nadi quando flui para fora, a energia é direcionada para o mundo externo, onde é eventualmente perdida. A energia quando vai fluindo para dentro é direcionada para uma transformação interna (15).

O Hatha Yoga, portanto, se ocupa desta tarefa de fazer com que o fluxo destas correntes prânicas sejam reguladas e surja um funcionamento adequado. Através de kryas, asanas, pranayamas, técnicas de concentração e meditação, o Hatha Yoga procura preparar o indivíduo para atingir um estado de consciência elevado, que produz felicidade (8).

1.2 Relações terapias mente-corpo, genética e epigenética.

De acordo com a literatura, fatores ambientais podem afetar na ativação e desativação dos genes, dentre estes, os fatores físicos, químicos e atualmente fatores mentais estão sendo considerados. Em um estudo realizado por Takimoto e colaboradores (2012)(1) foi demonstrado que agentes estressores como, por exemplo, ansiedade, medo, raiva, ressentimento e choque evidenciaram uma expressão gênica desfavorável.

Além disso, demonstrou-se nesta revisão, que a “Resposta de Relaxamento”, que é uma prática mente-corpo, provoca alterações na expressão de genes e que pode aliviar o impacto deletério do estresse psicológico crônico nos processos celulares (1).

Deve se ressaltar que muitas moléculas funcionais do corpo, estão envolvidas na comunicação mente-corpo entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico, bem como o hipotálamo; e o desafio maior é encontrar evidências empíricas que revelem esta comunicação subjacente. Isto será de extrema contribuição, pois evidenciará a contribuição da mente para a

(21)

saúde e bem estar, dos pensamentos e emoções e o desenvolver da capacidade do potencial humano (1).

Ren et al (2012) (17) analisaram a metilação de DNA de alguns genes em praticantes de Tai chi, forneceu evidências de que esta prática – também conhecida como uma abordagem mente-corpo - pode estar associada a mudanças epigenéticas benéficas. A capacidade de medir tais alterações a nível molecular possibilita assim, conceber novas e objetivas abordagens que podem ser utilizadas para delinear os mecanismos biológicos e as eficiências de saúde e terapêutica do Tai chi, e isso, pode se estender a outras abordagens de medicina alternativa, como Acupuntura, Fitoterapia, Meditação, Qigong, Reiki, Shiatsu e Yoga (17).

A epigenética estuda as mudanças hereditárias e estáveis que afetam a expressão de genes, mas que não estão ligadas diretamente à sequência do DNA. Dentre estas alterações dos mecanismos epigenéticos incluem: metilação do DNA, mudanças na conformação da cromatina e proteínas, e processos de silenciamento de genes associados ao RNA (18).

Devido às mudanças epigenéticas, as células do organismo respondem a estímulos diversos (internos e externos), para assim conseguirem modificações na expressão e função gênica. Estudos vêm demostrando que um dos mecanismos epigenéticos, a metilação do DNA, é muito variável em um indivíduo e em tecidos distintos e que estas podem ser modificadas por exercícios, estímulos ambientais (exposição solar, amianto, arsênico e tabaco) e podem diminuir com a idade (17).

A metilação de DNA é uma ligação covalente em que um grupo metil (CH3) é adicionado no carbono 5 de uma base citosina, cuja modificação é catalisada pela enzima metiltransferase (19) e esta conformação de citosina com o grupo metil é chamada 5-metilcitosina 5-mC (figura 4) (20). Trata-se de um evento de regulação que ocorre em nível de transcrição. Sua função primordial é a supressão da expressão gênica, sendo esta última associada diretamente à RNA polimerase e fatores de transcrição que se juntam a elementos de regulação como as regiões promotoras e potenciadores (20).

(22)

Figura 4: Formação da 5-mC pela a ação da enzima DNA metiltransferase (20).

Legenda: Cytosine (citosina). Me (grupo metil ligado ao carbono 5). 5-methylcytosine

(5-metilcitosina)

A metilação de DNA geralmente ocorre em regiões onde possui uma citosina seguida de uma base de guanina, estas são conhecidas como metilação CpG (comumente chamadas ilhas CpG). Entretanto é possível encontrar citosinas metiladas em locais de sequencias diferentes das CpG, e neste caso são ditas com não CpG e estas podem ser seguidas de uma base de adenina, timina ou outra citosina (figura 5) (20).

Figura 5: Metilação em ilhas CpG e não CpG (20).

Legenda: CpG methylation (metilação em região CpG). Non-CpG methylation (metilação em

região não CpG). Me (grupo metil ligado a citosina). A,T, C e G (bases nitrogenadas da cadeia de DNA.

O processo de metilação pode sofrer desmetilação, sendo de forma passiva no momento da replicação e no caso não havendo uma metilação de novo, o 5-mC é “diluído”. Porém pode haver o processo de desmetilação de forma ativa que no caso implica em desaminação ou oxidação da citosina (figura 6) (20).

(23)

Figura 6: Processo ativo e passivo de desmetilação da base citosina (20).

Legenda: Passive process (processo passivo por meio de diluição sem metilação de novo). Active

process (processo ativo por meio de desaminação ou oxidação). Tet 1, 2 e 3 (proteínas Tem-Eleven-Translocation). 5-mC metilcitosina). Thy (base timina). 5-hmC hidroximetilcitosina). 5-hmU (5-hidroximetiluracila). 5-fC (5-formilcitosina). 5-caC (5-carbocilcitosina). Cytosine (base citosina). Base excision repair (reparo de excisão de base). Me (grupo metil ligado ao carbono 5). AID - Activation Induced Cytidine Deaminase (enzima Citidina desaminase induzida por ativação). APOBEC- Apolipoprotein B mRNA Editing enzyme, Catalytic Polypeptide (enzima que converte citosina em uracila por processo de desaminação).

Os níveis de 5-metilcitosina (5-mC), em geral, são estáveis ao longo dos tecidos adultos, sendo metiladas aproximadamente 5% de todas as citocinas (21).

Mudanças na metilação do DNA podem ocorrer em resposta a experiências sociais que não envolvem exposição a substâncias químicas, mas uma interpretação programada dessas experiências. Alterações nos padrões de metilação podem ocorrer após o nascimento em resposta a determinantes sociais, sugerindo que a metilação do DNA é reversível, e em resposta ao meio ambiente, pode funcionar como um verdadeiro sinal fisiológico (22).

Um estudo realizado por Kuo e colaboradores (2015)(23), analisou frente à intervenção mente-corpo a “Resposta de Relaxamento” em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável e Doença Inflamatória Intestinal. Através da análise de rede de interação genética foram verificadas algumas vias metabólicas e conseguintes alguns genes de interesse. As mudanças de expressão gênica foram significativamente diferentes entre as patologias estudadas, entretanto algumas mudanças foram comuns como de genes MAPK, P38 MAPK,

MAPK8 depois da prática mente-corpo utilizada, sustentando a ideia de que tal prática

neutralizou efeitos de estresse através da mudança na expressão de genes relacionados a este (23).

(24)

A via MAPK tem importante função na transdução de sinal extracelular devido a respostas celulares. Uma gama de estímulos celulares é analisada por esta via que, retransmite, amplifica e integra sinais provocando uma resposta fisiológica adequada na célula como: proliferação, diferenciação, desenvolvimento, apoptose e respostas inflamatórias (24).

Outro estudo abordando a Resposta de Relaxamento obteve resultados através da análise interativa de rede de alguns genes focos - com padrões de alta regulação associados à Resposta de Relaxamento em longo prazo - relacionados com papel crítico na manutenção e estabilidade do telômero, são estes: HIST1H2BC (gene que codifica uma proteína importante no nucleossomo e é essencial na regulação transcricional, reparo e replicação do DNA, e estabilidade cromossômica), CACNA1C (codifica uma proteína de canal de cálcio) e CYC1 (gene importante da respiração e da energia mitocondrial, podendo fornecer uma visão sobre o papel da Resposto de Relaxamento na eficiência energética mitocondrial) (25).

Uma revisão realizada por Niles et al (2014), analisou estudos que abordam práticas mente-corpo associadas aos mecanismos da genética. Apesar de focarem o campo do transcriptoma (expressão genética), observa-se que, de 15 estudos revisados, apenas um abordou a prática do Yoga, especificamente Iyengar Yoga1, sendo que em relação ao método de Hatha Yoga não houve estudos (27).

Com base nestes achados, busca-se integrar conhecimentos de abordagem epigenética com uma prática mente-corpo milenar de raiz oriental, o Hatha Yoga.

1Iyengar Yoga e o chamado Ashtanga Yoga de Pattabhi Jois, são focados nas posturas yóguicas (asanas) e na

respiração yóguica (pranayama) sendo considerados Yoga Postural Moderno (MPY). Iyengar foi fundado por B.K.S sendo considerada a escola mais influente desta modalidade privilegiando as posturas físicas. De Michelis, em sua observação daquilo que ela categorizou de Yoga Postural Moderno, classificação que envolve os estilos de yoga corporais, realizados em forma de sequências coreografadas, conclui que o yoga é um modelo de ritual de cura secular, cujas teorias e práticas favoreceriam diferentes explanações da práxis, moldando-a às sociedades multiculturais e interreligiosas. (26).

(25)

2. JUSTIFICATIVAS

O cenário de medos que o ser humano vive no seu cotidiano, com sensações que lhe afetam de algum modo, reflete no seu corpo físico gerando complicações. Apesar de ser algo abstrato, os pensamentos (mente) - que são energia - tem seu papel na constituição do ser humano como um todo. O que se pensa, o que se sente, é de alguma forma refletido no corpo físico através de modificações químicas, que nada mais são que moléculas feitas de átomos, que são energia condensada. Isso é algo que intriga os cientistas de orientação materialista, pois como algo “não material” possuiria influência na matéria? Porém o campo da ciência é vasto e levando-se em conta a complexidade da constituição do ser humano, muito se tem a investigar acerca destas questões. Tomando como ponto de partida os aspectos da mente refletidos no corpo, buscam-se atualmente na ciência ocidental respostas que esclareçam esta ligação mente-corpo. Para a ciência oriental este aspecto já tem sido alvo de grande especulação há milênios. Entretanto, na cultura ocidental marcada pelo viés do conhecimento cartesiano, estes enigmas precisam ser colocados à prova em testes empíricos. Com isso, atualmente, pesquisas que analisam a influência da mente sobre o corpo através de técnicas específicas mente-corpo estão cada vez mais sendo estudadas e analisadas. Estudos neste campo estão sendo feitos na área da genética e através da epigenética podemos lançar hipóteses tais como a que diz que “algo” externo ao corpo físico pode influenciá-lo, sendo a mente humana o veículo de ligação. Os estudos que abordam técnicas mente-corpo relacionando-as com genética, estão ainda muito focados na expressão de genes e pouco focados no epigenoma. Dentro deste contexto, este trabalho busca realizar uma investigação desta nova área, através da epigenética (metilação de DNA) e contribuir no campo na medicina integrativa. Ressalta-se que este trabalho aborda um campo novo de atuação.

(26)

3. OBJETIVOS

O objetivo geral: lançar olhares e contribuir para o campo da medicina integrativa, buscando verificar se a prática de Hatha Yoga (prática mente-corpo) influencia no processo de metilação global do DNA, buscando evidências de um possível mecanismo fisiológico – a nível molecular – subjacente, resultante devido a tal prática.

Objetivos específicos:

 Verificar se há diferenças nos padrões de metilação global em praticantes de Hatha Yoga (professores) e em um grupo controle de não praticantes.

 Verificar possíveis associações entre os grupos, dos índices de ansiedade, estresse, depressão e qualidade de vida, e outras variáveis clínicas, como possíveis gatilhos na mudança de comportamento e conseguinte influência biológica/molecular.

(27)

4. MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas – FCM, sob o parecer consubstanciado número: CAAE: 69764417.0.0000.5404 (anexo 1). Foram incluídos neste estudo 40 indivíduos e todos os participantes da pesquisa concordaram com o estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 2).

4.1 Aspectos gerais

4.1.1 Seleção dos participantes

Trata-se de um estudo observacional comparativo transversal piloto, onde foram recrutados:

Grupo1: 20 indivíduos que praticam Hatha Yoga (professores);

Grupo2: 20 indivíduos que não praticam Hatha Yoga, sendo este o grupo controle. A seleção dos participantes seguiu-se conforme os seguintes critérios:

Critérios de inclusão:

Grupo 1 (Yoga): professores de Hatha Yoga, em atividade, com experiência acima de 3 anos2.

Grupo 2 (Controle): não praticar Hatha Yoga ou outra modalidade de Yoga.

Idade acima de 18 anos, para ambos os grupos.

2

Cursos acadêmicos de formação em Yoga podem abranger duas esferas: (i) os de extensão com carga horária mínima de 30 horas, (ii) curso de especialização presencial com carga horária mínima de 360h, porém, com a exigência de possuir diplomação universitária (26). Conforme um estudo de revisão sistemática onde houve aplicação de Yoga em pessoas acometidas por diabete, indicou que esta prática terapêutica é benéfica, sendo observado nos trabalhos, que a duração das intervenções realizadas com Yoga variou entre 8 e 360 dias, percebendo predominância de 30 a 45 dias e 90 a 120 dias. Foi observado também, que nos estudos houve uma concentração no numero de sessões que vão de 20 a 24 e 32 a 45 sessões (28). Com base nestas informações citadas, foi escolhido como corte, o referido tempo, pois é um período que evidencia uma experiência básica trazida pela formação dos professores e conforme verificado no estudo de revisão, a prática realizada com intervenção, ou seja, não praticantes de Yoga, pode surtir efeitos em um espaço curto de tempo.

(28)

Critérios de exclusão:

Os critérios são aplicados para os dois grupos.

 Possuir alguma doença aguda.

 Praticantes diários (regulares) de múltiplas atividades físicas intensas como, por exemplo, musculação, corrida, ginástica e de outras técnicas mente-corpo e demais atividades relacionadas ao bem estar.

 Estar participando regularmente de alguma abordagem terapêutica (tratamento), que envolve fatores mentais e energéticos.

4.1.2 Recrutamento dos participantes

A seleção dos voluntários seguiu-se primeiramente com o Grupo 1, os professores de Hatha Yoga, pois para a obtenção do Grupo 2 (Controle) houve a necessidade de equiparar o máximo possível algumas características, tais como sexo, idade, hábitos alimentares e fatores extrínsecos em comuns. As etapas de seleção foram da seguinte forma:

I. Entrou-se em contato com algumas escolas de Hatha Yoga da cidade de Campinas no período de 08/2017 há 12/2017 e verificado o interesse dos professores em participar na pesquisa.

II. Após o indicativo de interesse, foram observados os critérios de inclusão e exclusão.

III. Após inclusão na pesquisa, foi verificado quanto à disponibilidade do participante selecionado, em comparecer até a instituição conforme datas e horários disponibilizados no Laboratório de Genética Molecular, para a coleta de dados e amostra biológica.

O início das participações começou no período de 12/2017 e na sequência os próprios professores foram indicando colegas e amigos de trabalho (professores de Yoga) contribuindo para o recrutamento da casuística proposta. Foram incluídos professores da cidade de Campinas e região, além da cidade de Ribeirão Preto.

Para a obtenção do Grupo 2 (Controle), foram inicialmente contatados alguns voluntários da Faculdade de Ciências Médicas e na sequência foi realizado a divulgação por

(29)

meio de mídia jornalística no site da instituição. Foram aplicados os critérios estabelecidos e assim verificado a possibilidade de participação. Procedeu-se da mesma forma que com os voluntários do Grupo 1 (Yoga), sendo que o último participante para o fechamento da casuística proposta foi em 06/2019.

Para a obtenção dos índices de ansiedade, depressão, estresse e qualidade de vida, foram aplicadas as escalas de: Hamilton, Montgomery e Asberg, estresse percebido e WHOQOL_Bref (anexos 3, 4, 5 e 6 respectivamente), graciosamente cedidas pelo professor Dr. Paulo Dalgalarrondo do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria (FCM-UNICAMP). Um questionário (apêndice 1), desenvolvido neste estudo, também foi repassado por e-mail, no qual foram obtidos os dados demográficos e informações pertinentes para este estudo, podendo assim, conhecer um pouco mais sobre cada participante.

4.2 Análises laboratoriais - aspectos gerais e obtenção do DNA genômico.

As amostras de sangue periférico foram coletadas no Laboratório de Genética Molecular (Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica- DGMMG/ FCM), sendo que o volume total foi de aproximadamente 12 ml, colhidos em tubos contendo anticoagulante EDTA (Ácido Etilenodiamino Tetra-acético), adotando todas as medidas e cuidados de biossegurança.

Após a coleta as amostras foram registradas no banco de dados do laboratório, em que foi atribuído um código, para que assim evite identificá-las nominalmente, preservando o sigilo. Foi estabelecido também um código alfanumérico inerente ao projeto para facilitação da pesquisa. Após registro, as amostras foram armazenadas em local próprio.

Na sequência foi realizada a extração do DNA genômico, sendo efetuada pelo método de cloreto de lítio conforme protocolo: (i) Centrifugação dos tubos de sangue por 10 minutos a 2500 rpm. Após foi retirado o plasma e descartado. (ii) Acrescentado 500 µl de sangue em tubo (de 1,5ml) contendo 1000 µl de solução de lise celular (composição: Sacarose, Tris-HCL 2M, Cloreto de magnésio 1M, Triton 100x-1%, água deionizada) homogeneizado por 1 minuto e centrifugado por 10 minutos a 8000 rpm. (iii) Na sequencia foi descartado o sobrenadante e adicionado mais 1000 µl de solução de lise celular,

(30)

homogeneizando por 30 segundos e repetindo a centrifugação por mais 10 minutos a 8000 rpm. (Esta etapa (iii) pode ser repetida conforme necessidade). (iv) Foi adicionado 395 µl de solução de digestão e 5 µl de proteinase-K [20mg/ml], homogeneizado e colocado em banho maria a 56ºC por 2 horas ( homogeneizando após 1 hora ). (v) Após o período no banho maria as amotras foram retiradas e adicionado 200 µl de solução de cloreto de lítio (0,5N), homogeneizado levemente e levado para freezer -20ºC por um período de 7 dias. (vi) Depois da etapa de freezer, as amostras foram centrifugadas a 8000 rpm por 10 minutos. Foi retirado o sobrenadante e colocado em novo tubo (1,5ml) já identificado e acrescentado 1000 µl de álcool etílico absoluto, realizando homogeneização por inversão e na sequencia deixando de um dia para o outro no freezer a -20ºC. (vii) Foi retirado do freezer e centrifugado a 13000 rpm por 5 minutos, desprezando o álcool na sequência. (viii) Acrescentado 1000 µl de álcool 70% e centrifugado por 5 minutos a 13000 rpm, após desprezar o álcool os tubos foram secados em temperatura ambiente (nesta etapa quando necessário foi utilizado estufa 37ºC para agilizar o processo). (ix) Foi adicionado água ultrapurificada nos tubos conforme a quantidade de DNA visualizada e levadas para o banho maria na temperatura de 56ºC por 10 minutos e conseguinte foi deixado as amostras em eluição em temperatura ambiente na bancada, para após este processo serem armazenadas em freezer -20ºC. O método de extração por fenol-clorofórmio (29) foi utilizado também em duas amostras, como medida de segurança, caso a quantidade obtida pelo método de primeira escolha não fosse suficiente para à análise, pois tratava-se de participantes de difícil contato imediato para uma nova coleta.

As amostras extraídas foram armazenadas em freezer -20ºC no biorrepositório do Laboratório de Genética Molecular (DGMMG/ FCM), sob a responsabilidade da Profa. Dra. Carmen Silvia Bertuzzo.

4.2.1 Método para análise de metilação

O método de escolha para verificar o perfil de metilação total foi o 5-mC DNA ELISA Kit (Zymo Research, Inc. Irvine, CA- USA). Este método tem um potencial de detecção maior ou igual a 0,5% de citosinas metiladas. Trata-se de um método de Elisa indireto, do qual possui um anticorpo monoclonal anti-5-metilciotosina que é específico e sensível para a região 5-mC. (figura 7).

(31)

Figura 7: Ilustração da técnica de Elisa indireta (30).

Legenda: Single-stranded DNA (DNA fita simples). Secondary Antibody (Anticorpo secundário).

Anti-5-mC mAb (Anticorpo monoclonal anti-5-metilcitosina). Well Surface (Superfície do poço – da

placa).

Todos os ensaios foram realizados de acordo com o protocolo do fabricante conforme se segue na sequência a descrição traduzida:

Protocolo do KIT.

“Este protocolo é otimizado para 100 ng de DNA por poço.

Amostras duplicadas são recomendadas para detecção e quantificação precisas de 5-mC.

Revestimento de DNA:

1. Remova o número necessário de tiras de poço para testar amostras de DNA e controles.

2. Adicione 100 ng de cada DNA a um tubo de PCR e traga o volume final para 100 μl com 5-mC Coating Buffer.

Exemplo: Se a concentração de DNA for 20 ng / μl, adicione 5 μl de DNA a 95 μl 5-mC Coating Buffer para um volume final de 100 μl.

3. Desnaturar o DNA a 98°C por 5 minutos em um termociclador (observação: foi usado da marca Eppendorf AG 22331, Hamburg, Germany). Depois da desnaturação, transferir imediatamente para o gelo por 10 minutos.

4. Adicione o volume total (100 μl) de DNA desnaturado aos poços da placa, cubra com papel alumínio e incube a 37 ºC por 1 hora.

(32)

Bloqueio:

1. Descarte o buffer dos poços.

2. Lave cada poço 3 vezes com 200 μl de tampão 5-mC Elisa Buffer. Descarte o buffer depois de cada lavagem.

3. Adicione 200 μl de tampão 5-mC Elisa Buffer a cada poço. Cubra a placa com papel alumínio e Incubar a 37 ºC durante 30 minutos.

Adição de anticorpos:

1. Descarte o buffer dos poços.

2. Preparar uma mistura de anticorpos consistindo em Anti-5-Methylcytosine e

Secondary Antibody em tampão 5-mC Elisa Buffer de acordo com a seguinte tabela:

Tabela 1: Exemplo de quantidade/diluições dos reagentes, referente a 16 amostras.

Reagentes Diluição Volume (µl) Exemplo (18 poços)

5-mC ELISA Buffer - (# poços + 2)100 2,000 µl

Anti-5-Methylcytosine 1: 2,000 Volume de buffer /2,000 1 µl

Secondary Antibody 1: 1,000 Volume de buffer/1,000 2 µl # número de poços da placa de reação.

3. Adicione 100 μl desta mistura de anticorpos a cada poço. Cubra a placa com papel alumínio e incube a 37ºC por 1 hora.

Desenvolvimento de cor:

1. Descarte a mistura de anticorpos dos poços.

2. Lave cada poço 3 vezes com 200 μl de tampão 5-mC Elisa Buffer.

3. Adicione 100 μl de HRP Developer a cada poço. Permitir que a cor se desenvolva entre 10 e 60 minutos à temperatura ambiente.

4. Medir a absorbância a 405-450 nm utilizando um leitor de placas ELISA.”

A absorbância foi verificada em leitor BioRad Model 680 Microplate Reader S/N 17323 em um filtro de 450nm.

Uma curva padrão foi gerada com as absorbâncias dos controles (de valores conhecido de 5%, 10%, 25%, 50%, 75% e 100%). A amostra de valor 0% foi considerada como branco da reação e seu valor foi subtraído na média obtida nas absorbâncias – realizadas em duplicata - da amostra de cada participante.

(33)

Após a obtenção das porcentagens de 5-mC pela equação logaritmo neperiano, foi efetuado o cálculo da porcentagem de metilação CpG e conseguinte o valor de metilação Global 5-mC.

O cálculo procedeu conforme estabelecido pelo fabricante (30), sendo que a porcentagem de 5-mC foi multiplicada pela diferença de densidade CpG entre E.coli (pois o DNA usado para gerar a curva padrão, deriva deste organismo) e humanos. Conseguinte multiplicou-se a porcentagem CpG pela quantidade de citosinas do genoma humano, conforme dados na tabela abaixo:

Tabela 2: Dados Genoma humano (30).

Genoma humano (referência Human hg 19):  Genoma total [bp]: 3.137.161.264

 Sítios CpG: 28.700.086

 Total de citosinas: 585.012.752

 Comprimento Genoma/CpG (densidade CpG): 0,00915

 Diferença de densidade CpG (Ecoli/OOI): 8,167  Comprimento do genoma/Citosina: 0,186

4.3 Análise estatística

A análise estatística foi realizada pelo software SPSS (Statistical Package for the

Social Sciences) versão 23.0 (IBM, Armonk, New York, USA). Foram empregados os

seguintes testes para analise de associações entre os grupos: Teste T de Student (paramétrico), Mann-Whitney (não paramétrico). Para as analises categóricas foi empregado os testes Qui-Quadrado e Exato de Fisher.

(34)

5. RESULTADOS

Conforme tabela 3 segue-se a compilação dos dados demográficos e características relevantes de cada grupo.

Tabela 3: Características da casuística.

Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

Sexo Feminino 14/20 (70%) 14/20 (70%) 1* Masculino 6/20 (30%) 6/20 (30%) Idade (anos) 46,70  10,43 46,85  12,14 0,967a Menopausa (sim) 7/14 (50%) 8/14 (51,7%) 1** Etnia Branco 16/20 (80%) 16/20 (80%) 1* Negro 1/20 (5%) 2/20 (10%) Pardo 3/20 (15%) 2/20 (10%)

Índice de massa corpórea (Kg/m2) 22,72 (20,17 a 24,80) 25,41 (21,51 a 27,87) 0,052b

Índice de massa corpóreo (grupo)

Baixo peso 2/20 (10%) 1/20 (5%) 0,097*

Normal 14/20 (70%) 8/20 (40%)

Sobrepeso 4/20 (20%) 9/20 (45%)

Obeso - 2/20 (10%)

Nível escolar

Médio ou superior incompleto 1/20 (5%) 6/20 (30%) 0,116*

Superior completo 14/20 (70%) 10/20 (50%)

Pós-graduação 5/20 (25%) 4/20 (20%)

Orientação religiosa

Católico (praticante e não praticante) 1/20 (5%) 8/20 (40%) 0,001*

Cristão, cristianismo 3/20 (15%) -

Espiritualista, universalista, ecumênico 7/20 (35%) 2/20 (10%)

Evangélico - 2/20 (10%)

Espírita - 5/20 (25%)

Oriental 1/20 (5%) -

Agnóstico teísta 1/20 (5%) -

Nenhuma 7/20 (35%) 3/20 (15%)

*, análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. **, análise estatística realizada pelo teste Exato de Fisher. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. a, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.

Com relação apenas aos professores de Hatha Yoga, foram levantados alguns dados (tabela 4) inerentes da prática, como: tempo como professor e praticante de Yoga, número de aulas ministradas na semana, se pratica além das aulas.

(35)

Tabela 4: Dados relativos aos professores de Hatha yoga e seu contato com a prática.

Variável Grupo 1 (Yoga) ( frequência % ou desvio padrão)

Prática de Yoga (além das aulas)c 19/20 (95%)

Tempo que pratica Yoga (anos)c 14,50 (10,25 a 19,75)

Tempo que ensina Yoga (meses)c 102 (39 a 144)

Aulas na semana (número)c 7,5 (4,25 a 11,75)

c

, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05.

Na tabela 5 há o levantamento de alguns fatores externo (ambientais) que podem estar associados a cada indivíduo (representado pelo grupo) e conseguinte possuírem alguma influência impactante tanto a nível físico/molecular quanto mental/energético sutil.

Tabela 5: Aspectos externo ambientais

Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

Fumante (sim) 2/20 (10%) 2/20 (10%) 1*

Uso de álcool (sim) 13/20 (65%) 14/20 (70%) 1**

Alimentação

Vegetariano/Vegano 9/20 (45%) 11/20 (55%) 0,015*

Vários- sem restrição 3/20 (15%) 8/20 (40%)

Outros 8/20 (40%) 1/20 (5%)

Trauma emocional último ano (sim) 6/20 (30%) 4/20 (20%) 0,716*

Exame com imagem (últimos 12 meses) 13/20 (65%) 10/20 (50%) 0,523**

Contraste no exame (sim) 2/13 (15,4%) 1/10 (10%) 1*

Consumo água /caixa de amianto (sim) 1/20 (5%) 2/20 (10%) 1*

Problema de saúde crônico (sim) 3/20 (15%) 4/20 (20%) 1*

Medicamento de rotina (sim) 2/20 (10%) 10/20 (50%) 0,014*

Chá com intenção terapêutica (sim) 8/20 (40%) 8/20 (40%) 1**

Uso de plantas medicinais (sim) 7/20 (35%) 4/19 (21,1%) 0,480**

Atividade física regularmente (sim) 13/20 (65%) 10/20 (50%) 0,523**

Atividades mente corpo extras

Meditação/Técnicas relaxamento 10/20 (50%) 1/20 (5%) < 0,001*

Outras práticas 7/20 (35%) 1/20 (5%)

Não 3/20 (15%) 18/20 (90%)

*, análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. **, análise estatística realizada pelo teste Exato de Fisher. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. a, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.

A análise de metilação global realizada para ambos grupos, mostrou-se com uma diferença significativa conforme tabela 6. Os professores de Yoga (Grupo 1) evidenciaram um padrão aumentado de metilação global quando comparados com o grupo de controle.

(36)

Tabela 6: Resultado da análise do perfil de metilação global, pelo método de ELISA.

Resultado Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

% metilação global DNA 7,12  1,03 6,35  1,19 0,035a

a

, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. Alpha = 0,05. Dado com valor de p significativo está apresentado em negrito.

Na sequência, para uma melhor visualização das diferenças entre os grupos, ilustram-se os resultados compilados na tabela anterior, em forma de gráfico.

Gráfico 1: Comparação da concentração de 5-mC global (metilação global) entre os grupos 1 e 2.

Na tabela 7 observa-se o levantamento de caracteres referente a fatores psicossociais, questões como estresse, ansiedade, qualidade de vida, que afetam o ser humano. Verifica-se que houve diferenças entre os grupos estudados. Os quatro primeiros marcadores (variáveis) foram retirados do questionário que os próprios participantes responderam em casa, ou seja, é a opinião deles frente ao estresse e ansiedade, como se percebem. Já na sequência há os índices, que tiveram como base as escalas de avaliação já com perguntas estabelecidas e seus resultados numéricos. Neste caso foram estabelecidas as médias para comparação entre os grupos.

(37)

Tabela 7: Resultados do perfil psicossocial.

Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

Avaliação por relato em questionário (apêndice 5)

Se considera estressado (sim) 3/20 (15%) 13/20 (65%) 0,003*

Nível de estresse relatado

Pouco 1/3 (33,3%) 6/13 (46,2%) 1*

Médio 2/3 (66,7%) 6/13 (46,2%)

Muito - 1/13 (7,7%)

Se considera ansioso (sim) 7/20 (35%) 17/20 (85%) 0,003*

Nível de ansiedade relatado

Pouco 5/7 (71,4%) 6/17 (35,3%) 0,324* Médio 2/7 (28,6%) 10/17 (58,8%) Muito - 1/17 (,5,9%) Escalas de avaliação Índice de estresse 16,50 (14 a 20,75) 20,50 (18 a 26) 0,046b Índice de ansiedade 4 (2 a 9,25) 10 (5,25 a 12,75) 0,007b Índice de depressão 4 (2 a 6) 6 (5 a 9,25) 0,056b Qualidade de vida (QV)

Percepção da qualidade de vida 5 (4 a 5) 4 (4 a 4) 0,008b

Satisfação com a saúde 4 (4 a 5) 4 (3 a 4) 0,052b

Domínio físico 4,36 (4,18 a 4,82) 4,14 (4 a 4,39) 0,035b

Domínio psicológico 4,08 (3,87 a 4,33) 4 (3,67 a 4,17) 0,183b Domínio social 4 (3,67 a 4,58) 4 (3,67 a 4) 0,201b Domínio meio ambiente 4,13 (3,88 a 4,38) 3,57 (3,16 a 3,88) < 0,001b

Total (QV) 109 (104,25 a 118) 99,50 (96,25 a 105,50) 0,001b

*,

análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.

Em relação às escalas de avaliação de ansiedade (Hamilton) e depressão (MADRS), estas possuem classificação por escores, no qual os resultados estão compilados nas tabelas 8 e 9 respectivamente.

Tabela 8: Resultados do índice de ansiedade conforme escores. ESCALA DE ANSIEDADE DE HAMILTON

ESCORE Classificação Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle)

Menor ou igual 17 Normal 20 19

18 a 24 pontos Ansiedade leve 0 1

25 a 30 pontos Ansiedade moderada 0 0

(38)

Tabela 9: Resultados do índice de depressão conforme escores. ESCALA DE DEPRESSÃO MADRS

ESCORE Classificação Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle)

Menor ou igual 14 Normal 20 19

15 a 24 pontos Depressão leve 0 1

25 a 30 pontos Depressão moderada 0 0

31 a 43 pontos Depressão grave 0 0

Maior ou igual 44 Depressão muito grave 0 0

Para melhor identificação dos fatores que se evidenciaram significativos entre os grupos Grupo 1 (Yoga) e Grupo 2 (Controle), na tabela a seguir estão descritos as variáveis que se destacaram por possuírem um valor de p significativo.

Tabela 10: Resumo das variáveis com valor de p significativo (p<0,05).

Variável Referência

% metilação global DNA Tabela 6

Orientação religiosa Tabela 3

Alimentação Tabela 5

Medicamento de rotina (sim) Tabela 5

Atividades mente corpo extras Tabela 5

Se considera estressado (relatado) Tabela 7

Se considera ansioso (relatado) Tabela 7

Índice de estresse Tabela 7

Índice de ansiedade Tabela 7

Qualidade de vida (QV)

Percepção da qualidade de vida Tabela 7

Domínio físico Tabela 7

Domínio meio ambiente Tabela 7

(39)

Na tabela 11 está detalhada mais precisamente a variável alimentação (devido a possuir três categorias, sendo uma delas, a descrição “outros”), portanto relatam-se as observações dos participantes quanto a suas preferências alimentares, já que não se classificaram nas outras opções. Na tabela 12 estão descritos quais tipos de medicamentos são utilizados pelos indivíduos da pesquisa.

Na tabela 13 estão registradas quais práticas mente-corpo além do Hatha Yoga os participantes realizam, pois este item foi dividido em três categorias sendo uma delas “várias práticas” que englobam mais de três práticas.

Tabela 11: Descrição da variável “Alimentação” quanto a sua categoria “outros” Grupo 1 (Yoga)

Participante DESCRIÇÃO

Y01 Raramente consome peixe. Não consome nenhuma outra carne, consomo ovos e todos os vegetais, frutas e leguminosas.

Y07 Consumo de peixe, ovos, verduras, legumes, grãos, frutas.

Y08 Consumo de vários alimentos, raramente carnes, sem carne vermelha. Y11 Procura ter uma alimentação adequada, consome peixes e frango às vezes. Y13 Apenas não como carne e não se classifica.

Y15 Macrobiótica.

Y17 Consome peixe e frutos do mar e lacto- ovo-vegetariana. Não come outras carnes e nem embutidos há mais de 10 anos.

Y18 Consumo de carne 1 vez na semana e nada de industrializado. Grupo 2 (Controle)

Participante DESCRIÇÃO

CT08 Alimentação saudável, evita industrializados.

CT12 Classificou-se como tendo alimentação vegana, porém colocou como observação que consume ainda doces e alguns industrializados.

(40)

Tabela 12: Descrição da variável “Medicamento de rotina” quanto a sua categoria “sim”. Grupo 1 (Yoga)

Participante DESCRIÇÃO

Y11 Condres (colágeno não hidrolisado). Pantogar (tratamento cabelos e unhas). Y17 Vitamina D. Omega3. Hormônio biodêntico (começou a usar há dois meses – data

coleta). Passa uma dose pequena de baixo do braço diariamente. Grupo 2 (Controle)

Participante DESCRIÇÃO

CT02 Homeopatia.

CT03 Losartana (hipertensão). Hidroclorotiazida (diurético). Glifage (antidiabético). CT04 Cerazetti (pírula anticoncepcional).

CT05 Finasterida (queda de cabelo).

CT09 Colágeno hidrolisado. Extrato de amora.

CT13 Vitamina B12.

CT16 Vitamina B12 (1000mcg).

CT17 Ablok (controle de hipertensão, angina pectoris, arritmias).

CT18 Homeopatia.

(41)

Tabela 13: Descrição da variável “Atividades mente-corpo extras” quanto a sua categoria “várias práticas”.

Grupo 1 (Yoga)

Participante DESCRIÇÃO

Y05 Praticante de Barras de Access que é uma prática que promove um relaxamento profundo em quem aplica e em quem recebe esta terapia. É reikiana e também formada em Magnified Healing. Regularidade da prática pode mudar de quase todo dia para 1 vez na semana ou menos, dependendo de como estiver se sentindo. Se auto aplica estas técnicas ou MTVSS#, que é outra ferramenta vibracional. Já praticou meditação regularmente, assim como Qi Gong, Terapias de movimento e acupuntura, mas no momento não está praticando regularmente nada disso.

Y07 Meditação. Acupuntura e massagem terapêutica a cada 2 meses, shiatsu uma aplicação por mês e auto hemoterapia 1 ao mês. O Reiki é auto aplicação, em média 2 vezes por mês. Somando tudo, acaba tendo alguma das terapias em cada semana. Y11 Meditação. Passes de cura em Centro Espírita (ocasionalmente). Quiropraxia e

massagem (quando necessário).

Y12 Meditação todos os dias. Técnicas de relaxamento 2 vezes por semana. Massagem

terapêutica 1 vez por mês.

Y13 Meditação. Técnicas de relaxamento (yoga nidra). Lian gong. Reiki (auto aplicação). Em média, pratica de 1 a 2 ou 3 vezes por semana cada técnica. Não há um número exato, pois a maioria das atividades é ao ar livre, então depende das condições meteorológicas, às vezes acaba fazendo mais de uma do que de outra, ou até mesmo não realiza nenhuma.

Y17 Meditação. Técnicas de relaxamento. Toque de cura, reiki. Pratica em média 3 vezes na semana.

Y19 Meditação. Massagem terapêutica. Acupuntura. Técnicas de relaxamento. Relata que yoga faz 4 vezes na semana e as demais técnicas 1 vez por mês.

Grupo 2 (Controle)

Participante DESCRIÇÃO

CT11 Auriculoterapia (1 vez por semana). Reiki, auto aplicação, 1 vez por semana.

#

MTVSS= Molecular Terminal Valence Sloughing System (Sistema de desprendimento da Valência Terminal Molecular).

Conforme verificado, os domínios físico e meio ambiente da escala de qualidade de vida (WHOQOL-Bref) mostraram diferenças entre os grupos. De acordo com estas informações, para esclarecimento, na tabela 14 seguem-se quais são as questões englobadas em cada domínio, ou seja, a essência de significado da pergunta.

(42)

Tabela 14: Descrição dos aspectos gerais de cada pergunta (faceta) englobada nos domínios físico e meio ambiente.

DOMÍNIO FÍSICO

Pergunta Aspectos de cada faceta

3 Dor e desconforto

4 Dependência de medicação ou de tratamentos

10 Energia e fadiga

15 Mobilidade

16 Sono e repouso

17 Atividades da vida cotidiana

18 Capacidade de trabalho

DOMÍNIO MEIO AMBIENTE

Pergunta Aspectos de cada faceta

8 Segurança física e proteção

9 Ambiente no lar (físico)

12 Recursos financeiros 13 Informação 14 Recreação e lazer 23 Ambiente no lar 24 Cuidados de saúde 25 Transporte

Referências

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