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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.3 Análise estatística

A análise estatística foi realizada pelo software SPSS (Statistical Package for the

Social Sciences) versão 23.0 (IBM, Armonk, New York, USA). Foram empregados os

seguintes testes para analise de associações entre os grupos: Teste T de Student (paramétrico), Mann-Whitney (não paramétrico). Para as analises categóricas foi empregado os testes Qui- Quadrado e Exato de Fisher.

5. RESULTADOS

Conforme tabela 3 segue-se a compilação dos dados demográficos e características relevantes de cada grupo.

Tabela 3: Características da casuística.

Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

Sexo Feminino 14/20 (70%) 14/20 (70%) 1* Masculino 6/20 (30%) 6/20 (30%) Idade (anos) 46,70  10,43 46,85  12,14 0,967a Menopausa (sim) 7/14 (50%) 8/14 (51,7%) 1** Etnia Branco 16/20 (80%) 16/20 (80%) 1* Negro 1/20 (5%) 2/20 (10%) Pardo 3/20 (15%) 2/20 (10%)

Índice de massa corpórea (Kg/m2) 22,72 (20,17 a 24,80) 25,41 (21,51 a 27,87) 0,052b

Índice de massa corpóreo (grupo)

Baixo peso 2/20 (10%) 1/20 (5%) 0,097*

Normal 14/20 (70%) 8/20 (40%)

Sobrepeso 4/20 (20%) 9/20 (45%)

Obeso - 2/20 (10%)

Nível escolar

Médio ou superior incompleto 1/20 (5%) 6/20 (30%) 0,116*

Superior completo 14/20 (70%) 10/20 (50%)

Pós-graduação 5/20 (25%) 4/20 (20%)

Orientação religiosa

Católico (praticante e não praticante) 1/20 (5%) 8/20 (40%) 0,001*

Cristão, cristianismo 3/20 (15%) -

Espiritualista, universalista, ecumênico 7/20 (35%) 2/20 (10%)

Evangélico - 2/20 (10%)

Espírita - 5/20 (25%)

Oriental 1/20 (5%) -

Agnóstico teísta 1/20 (5%) -

Nenhuma 7/20 (35%) 3/20 (15%)

*, análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. **, análise estatística realizada pelo teste Exato de Fisher. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. a, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann- Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.

Com relação apenas aos professores de Hatha Yoga, foram levantados alguns dados (tabela 4) inerentes da prática, como: tempo como professor e praticante de Yoga, número de aulas ministradas na semana, se pratica além das aulas.

Tabela 4: Dados relativos aos professores de Hatha yoga e seu contato com a prática.

Variável Grupo 1 (Yoga) ( frequência % ou desvio padrão)

Prática de Yoga (além das aulas)c 19/20 (95%)

Tempo que pratica Yoga (anos)c 14,50 (10,25 a 19,75)

Tempo que ensina Yoga (meses)c 102 (39 a 144)

Aulas na semana (número)c 7,5 (4,25 a 11,75)

c

, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05.

Na tabela 5 há o levantamento de alguns fatores externo (ambientais) que podem estar associados a cada indivíduo (representado pelo grupo) e conseguinte possuírem alguma influência impactante tanto a nível físico/molecular quanto mental/energético sutil.

Tabela 5: Aspectos externo ambientais

Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

Fumante (sim) 2/20 (10%) 2/20 (10%) 1*

Uso de álcool (sim) 13/20 (65%) 14/20 (70%) 1**

Alimentação

Vegetariano/Vegano 9/20 (45%) 11/20 (55%) 0,015*

Vários- sem restrição 3/20 (15%) 8/20 (40%)

Outros 8/20 (40%) 1/20 (5%)

Trauma emocional último ano (sim) 6/20 (30%) 4/20 (20%) 0,716*

Exame com imagem (últimos 12 meses) 13/20 (65%) 10/20 (50%) 0,523**

Contraste no exame (sim) 2/13 (15,4%) 1/10 (10%) 1*

Consumo água /caixa de amianto (sim) 1/20 (5%) 2/20 (10%) 1*

Problema de saúde crônico (sim) 3/20 (15%) 4/20 (20%) 1*

Medicamento de rotina (sim) 2/20 (10%) 10/20 (50%) 0,014*

Chá com intenção terapêutica (sim) 8/20 (40%) 8/20 (40%) 1**

Uso de plantas medicinais (sim) 7/20 (35%) 4/19 (21,1%) 0,480**

Atividade física regularmente (sim) 13/20 (65%) 10/20 (50%) 0,523**

Atividades mente corpo extras

Meditação/Técnicas relaxamento 10/20 (50%) 1/20 (5%) < 0,001*

Outras práticas 7/20 (35%) 1/20 (5%)

Não 3/20 (15%) 18/20 (90%)

*, análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. **, análise estatística realizada pelo teste Exato de Fisher. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. a, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann- Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.

A análise de metilação global realizada para ambos grupos, mostrou-se com uma diferença significativa conforme tabela 6. Os professores de Yoga (Grupo 1) evidenciaram um padrão aumentado de metilação global quando comparados com o grupo de controle.

Tabela 6: Resultado da análise do perfil de metilação global, pelo método de ELISA.

Resultado Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

% metilação global DNA 7,12  1,03 6,35  1,19 0,035a

a

, análise estatística realizada pelo teste T de Student, dados apresentados pela média e desvio padrão. Alpha = 0,05. Dado com valor de p significativo está apresentado em negrito.

Na sequência, para uma melhor visualização das diferenças entre os grupos, ilustram-se os resultados compilados na tabela anterior, em forma de gráfico.

Gráfico 1: Comparação da concentração de 5-mC global (metilação global) entre os grupos 1 e 2.

Na tabela 7 observa-se o levantamento de caracteres referente a fatores psicossociais, questões como estresse, ansiedade, qualidade de vida, que afetam o ser humano. Verifica-se que houve diferenças entre os grupos estudados. Os quatro primeiros marcadores (variáveis) foram retirados do questionário que os próprios participantes responderam em casa, ou seja, é a opinião deles frente ao estresse e ansiedade, como se percebem. Já na sequência há os índices, que tiveram como base as escalas de avaliação já com perguntas estabelecidas e seus resultados numéricos. Neste caso foram estabelecidas as médias para comparação entre os grupos.

Tabela 7: Resultados do perfil psicossocial.

Variável Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle) p-value

Avaliação por relato em questionário (apêndice 5)

Se considera estressado (sim) 3/20 (15%) 13/20 (65%) 0,003*

Nível de estresse relatado

Pouco 1/3 (33,3%) 6/13 (46,2%) 1*

Médio 2/3 (66,7%) 6/13 (46,2%)

Muito - 1/13 (7,7%)

Se considera ansioso (sim) 7/20 (35%) 17/20 (85%) 0,003*

Nível de ansiedade relatado

Pouco 5/7 (71,4%) 6/17 (35,3%) 0,324* Médio 2/7 (28,6%) 10/17 (58,8%) Muito - 1/17 (,5,9%) Escalas de avaliação Índice de estresse 16,50 (14 a 20,75) 20,50 (18 a 26) 0,046b Índice de ansiedade 4 (2 a 9,25) 10 (5,25 a 12,75) 0,007b Índice de depressão 4 (2 a 6) 6 (5 a 9,25) 0,056b Qualidade de vida (QV)

Percepção da qualidade de vida 5 (4 a 5) 4 (4 a 4) 0,008b

Satisfação com a saúde 4 (4 a 5) 4 (3 a 4) 0,052b

Domínio físico 4,36 (4,18 a 4,82) 4,14 (4 a 4,39) 0,035b

Domínio psicológico 4,08 (3,87 a 4,33) 4 (3,67 a 4,17) 0,183b Domínio social 4 (3,67 a 4,58) 4 (3,67 a 4) 0,201b Domínio meio ambiente 4,13 (3,88 a 4,38) 3,57 (3,16 a 3,88) < 0,001b

Total (QV) 109 (104,25 a 118) 99,50 (96,25 a 105,50) 0,001b

*,

análise estatística realizada pelo teste Qui-Quadrado. Todos os dados estão apresentados pela frequência absoluta e pela frequência relativa. b, análise estatística realizada pelo teste de Mann-Whitney, dados apresentados pela mediana (percentil 25 e percentil 75). Alpha = 0,05. Dados com valor de p significativo estão apresentados em negrito.

Em relação às escalas de avaliação de ansiedade (Hamilton) e depressão (MADRS), estas possuem classificação por escores, no qual os resultados estão compilados nas tabelas 8 e 9 respectivamente.

Tabela 8: Resultados do índice de ansiedade conforme escores. ESCALA DE ANSIEDADE DE HAMILTON

ESCORE Classificação Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle)

Menor ou igual 17 Normal 20 19

18 a 24 pontos Ansiedade leve 0 1

25 a 30 pontos Ansiedade moderada 0 0

Tabela 9: Resultados do índice de depressão conforme escores. ESCALA DE DEPRESSÃO MADRS

ESCORE Classificação Grupo 1 (Yoga) Grupo 2 (Controle)

Menor ou igual 14 Normal 20 19

15 a 24 pontos Depressão leve 0 1

25 a 30 pontos Depressão moderada 0 0

31 a 43 pontos Depressão grave 0 0

Maior ou igual 44 Depressão muito grave 0 0

Para melhor identificação dos fatores que se evidenciaram significativos entre os grupos Grupo 1 (Yoga) e Grupo 2 (Controle), na tabela a seguir estão descritos as variáveis que se destacaram por possuírem um valor de p significativo.

Tabela 10: Resumo das variáveis com valor de p significativo (p<0,05).

Variável Referência

% metilação global DNA Tabela 6

Orientação religiosa Tabela 3

Alimentação Tabela 5

Medicamento de rotina (sim) Tabela 5

Atividades mente corpo extras Tabela 5

Se considera estressado (relatado) Tabela 7

Se considera ansioso (relatado) Tabela 7

Índice de estresse Tabela 7

Índice de ansiedade Tabela 7

Qualidade de vida (QV)

Percepção da qualidade de vida Tabela 7

Domínio físico Tabela 7

Domínio meio ambiente Tabela 7

Na tabela 11 está detalhada mais precisamente a variável alimentação (devido a possuir três categorias, sendo uma delas, a descrição “outros”), portanto relatam-se as observações dos participantes quanto a suas preferências alimentares, já que não se classificaram nas outras opções. Na tabela 12 estão descritos quais tipos de medicamentos são utilizados pelos indivíduos da pesquisa.

Na tabela 13 estão registradas quais práticas mente-corpo além do Hatha Yoga os participantes realizam, pois este item foi dividido em três categorias sendo uma delas “várias práticas” que englobam mais de três práticas.

Tabela 11: Descrição da variável “Alimentação” quanto a sua categoria “outros” Grupo 1 (Yoga)

Participante DESCRIÇÃO

Y01 Raramente consome peixe. Não consome nenhuma outra carne, consomo ovos e todos os vegetais, frutas e leguminosas.

Y07 Consumo de peixe, ovos, verduras, legumes, grãos, frutas.

Y08 Consumo de vários alimentos, raramente carnes, sem carne vermelha. Y11 Procura ter uma alimentação adequada, consome peixes e frango às vezes. Y13 Apenas não como carne e não se classifica.

Y15 Macrobiótica.

Y17 Consome peixe e frutos do mar e lacto- ovo-vegetariana. Não come outras carnes e nem embutidos há mais de 10 anos.

Y18 Consumo de carne 1 vez na semana e nada de industrializado. Grupo 2 (Controle)

Participante DESCRIÇÃO

CT08 Alimentação saudável, evita industrializados.

CT12 Classificou-se como tendo alimentação vegana, porém colocou como observação que consume ainda doces e alguns industrializados.

Tabela 12: Descrição da variável “Medicamento de rotina” quanto a sua categoria “sim”. Grupo 1 (Yoga)

Participante DESCRIÇÃO

Y11 Condres (colágeno não hidrolisado). Pantogar (tratamento cabelos e unhas). Y17 Vitamina D. Omega3. Hormônio biodêntico (começou a usar há dois meses – data

coleta). Passa uma dose pequena de baixo do braço diariamente. Grupo 2 (Controle)

Participante DESCRIÇÃO

CT02 Homeopatia.

CT03 Losartana (hipertensão). Hidroclorotiazida (diurético). Glifage (antidiabético). CT04 Cerazetti (pírula anticoncepcional).

CT05 Finasterida (queda de cabelo).

CT09 Colágeno hidrolisado. Extrato de amora.

CT13 Vitamina B12.

CT16 Vitamina B12 (1000mcg).

CT17 Ablok (controle de hipertensão, angina pectoris, arritmias).

CT18 Homeopatia.

Tabela 13: Descrição da variável “Atividades mente-corpo extras” quanto a sua categoria “várias práticas”.

Grupo 1 (Yoga)

Participante DESCRIÇÃO

Y05 Praticante de Barras de Access que é uma prática que promove um relaxamento profundo em quem aplica e em quem recebe esta terapia. É reikiana e também formada em Magnified Healing. Regularidade da prática pode mudar de quase todo dia para 1 vez na semana ou menos, dependendo de como estiver se sentindo. Se auto aplica estas técnicas ou MTVSS#, que é outra ferramenta vibracional. Já praticou meditação regularmente, assim como Qi Gong, Terapias de movimento e acupuntura, mas no momento não está praticando regularmente nada disso.

Y07 Meditação. Acupuntura e massagem terapêutica a cada 2 meses, shiatsu uma aplicação por mês e auto hemoterapia 1 ao mês. O Reiki é auto aplicação, em média 2 vezes por mês. Somando tudo, acaba tendo alguma das terapias em cada semana. Y11 Meditação. Passes de cura em Centro Espírita (ocasionalmente). Quiropraxia e

massagem (quando necessário).

Y12 Meditação todos os dias. Técnicas de relaxamento 2 vezes por semana. Massagem

terapêutica 1 vez por mês.

Y13 Meditação. Técnicas de relaxamento (yoga nidra). Lian gong. Reiki (auto aplicação). Em média, pratica de 1 a 2 ou 3 vezes por semana cada técnica. Não há um número exato, pois a maioria das atividades é ao ar livre, então depende das condições meteorológicas, às vezes acaba fazendo mais de uma do que de outra, ou até mesmo não realiza nenhuma.

Y17 Meditação. Técnicas de relaxamento. Toque de cura, reiki. Pratica em média 3 vezes na semana.

Y19 Meditação. Massagem terapêutica. Acupuntura. Técnicas de relaxamento. Relata que yoga faz 4 vezes na semana e as demais técnicas 1 vez por mês.

Grupo 2 (Controle)

Participante DESCRIÇÃO

CT11 Auriculoterapia (1 vez por semana). Reiki, auto aplicação, 1 vez por semana.

#

MTVSS= Molecular Terminal Valence Sloughing System (Sistema de desprendimento da Valência Terminal Molecular).

Conforme verificado, os domínios físico e meio ambiente da escala de qualidade de vida (WHOQOL-Bref) mostraram diferenças entre os grupos. De acordo com estas informações, para esclarecimento, na tabela 14 seguem-se quais são as questões englobadas em cada domínio, ou seja, a essência de significado da pergunta.

Tabela 14: Descrição dos aspectos gerais de cada pergunta (faceta) englobada nos domínios físico e meio ambiente.

DOMÍNIO FÍSICO

Pergunta Aspectos de cada faceta

3 Dor e desconforto

4 Dependência de medicação ou de tratamentos

10 Energia e fadiga

15 Mobilidade

16 Sono e repouso

17 Atividades da vida cotidiana

18 Capacidade de trabalho

DOMÍNIO MEIO AMBIENTE

Pergunta Aspectos de cada faceta

8 Segurança física e proteção

9 Ambiente no lar (físico)

12 Recursos financeiros 13 Informação 14 Recreação e lazer 23 Ambiente no lar 24 Cuidados de saúde 25 Transporte

6. DISCUSSÃO

Conforme observado nos resultados deste estudo, há uma diferença no padrão global de metilação entre os grupos de Yoga e controle, mostrando um valor (%) mais elevado de metilação global no grupo Grupo 1 (Yoga) o que nos leva a pensar em vários aspectos da prática do Hatha Yoga e o que ela pode estar influenciando a nível biológico molecular.

Vários fatores externos podem alterar os padrões de metilação e por isso este trabalho buscou averiguar as possíveis influências e assim poder nulificá-las.

De acordo com um estudo longitudinal realizado em duas populações diferentes (sendo uma com 111 indivíduos e outra com 126), foi observada mudança na metilação global dependente do tempo (idade), em que 8-10% dos indivíduos em ambas as populações apresentaram mudanças maior que 20% em um período de tempo de 11 a 16 anos. Estas alterações mostraram agrupamento familiar de metilação aumentada e diminuída, e foram maiores (> 30%) em uma família com 5 indivíduos mostrando perda de metilação ao longo do tempo. Esses dados corroboram a ideia da perda de padrões epigenéticos normais relacionadas à idade como um mecanismo para o início tardio das doenças humanas comuns (31).

Christensen e colaboradores analisaram 217 tecidos humanos não patológicos de 10 locais anatômicos em 1.413 loci autossômicos de CpG associados a 773 genes para investigar diferenças específicas de tecido na metilação do DNA e para discernir como o envelhecimento e as exposições contribuem para a variação normal na metilação. Estratificando os dados sobre o status de loci CpG-ilha, mostraram que tanto a direção quanto a força da correlação entre a idade e metilação foram largamente dependentes do status de ilha CpG. Mais especificamente, foi encontrada uma propensão para que os loci da ilha CpG ganhem metilação com a idade, e as ilhas não CpG perdem metilação com a idade (32).

Conforme estudo que avaliou o silenciamento de 16 genes em 331 tumores de câncer de bexiga, foi verificado que gênero masculino, idade e tabagismo foram variantes que mostraram relação nas alterações de hipermetilação, de regiões promotoras estudas (33).

Diante destes fatores, podemos observar que no presente estudo as variáveis, idade, índice de massa corpórea (IMC), sexo, etnia e uso de álcool, não mostraram uma associação entre os grupos, o que indica que essas variáveis não influenciaram os achados de metilação.

Miousse e colegas apontaram em um estudo de revisão que a radiação ionizante pode afetar a metilação de DNA, porém os autores relatam que muitos estudos fizeram analises in vitro ou in vivo experimental, tendo poucos estudos relacionados a tecidos normais e tumorais humanos, devendo-se, portanto, ter cautela na interpretação (34).

Porém para evitarmos vieses com relação a este item, verificamos esta variável no que concerne a realização de exames de imagem e uso de contrastes no último ano e conforme observado mostrou-se equiparada entre os grupos, não atribuindo assim às diferenças encontradas, a elas.

Outras variáveis mostraram homogeneidade entre os grupos, como a questão de traumas (emocionais), menopausa, consumo de amianto (este item já foi citado neste estudo como um agente que pode causar alterações na metilação), problemas crônicos de saúde, uso de chás ou plantas medicinais. Quanto ao uso de chás verificamos uma equiparação entre os grupos de 40%, e vale ressaltar que não é o consumo de um único tipo de chá, tornando assim a observação estratificada e, portanto nula, o mesmo se aplica ao uso de plantas medicinais que teve uma frequência inferior aos chás.

Observa-se uma diferença significativa quanto ao uso de medicamentos entre os grupos, sendo 50% no Grupo 2 (Controle) e 10% no Grupo 1 (Yoga). Entretanto, podemos observar que na tabela de relação dos medicamentos usados, alguns não são de uso contínuo (como analgésico), outros são vitaminas, suplementos de reposição, alguns de absorção superficial e com permeabilidade baixa perante as células. Porém, observa-se heterogeneidade e, portanto, por possuírem mecanismos de ação diferenciados, podem não possuir uma relevância biológica a nível epigenético.

Em relação à orientação religiosa dos participantes, houve uma diferença significativa entre os grupos e poderíamos pensar no fato da oração, preces serem fatores de influência mental, entretanto esta variável está muito categorizada, portanto seu valor estatístico também perde precisão e no mais há diferentes credos e até quem não tem nenhuma orientação religiosa.

Deve-se observar também no que concerne aos professores de Yoga, o quanto muitos buscam outras abordagens terapêuticas de mente-corpo tanto como forma de autoconhecimento, quanto forma de crescimento profissional. Muitos dos selecionados realizam outras atividades ou tratamento terapêutico (como paciente ou terapeuta) tal como: meditação, técnicas de relaxamento, reiki, técnicas energéticas em geral, acupuntura, ou seja, complementam suas atividades. Porém a prática de meditação é algo abordado no Hatha Yoga, até mesmo a técnica de relaxamento conforme alguns professores relataram.

A prática de meditação é algo inerente ao Hatha Yoga, segundo um estudo que mediu as idades de metilação do DNA verificou se a taxa de envelhecimento biológica em meditadores de longo prazo (n=18) era diferente do que nos controles (n=20) e não encontrou diferença na aceleração da idade epigenética intrínseca entre os grupos, no entanto, encontrou uma trajetória diferente quando comparou entre o próprio grupo controle e meditadores, em função da idade, com um aumento de aceleração da idade epigenetica intrínseca com a idade em controles - quando estes foram comparados no próprio grupo -, mas não em meditadores, sugerindo que a integração prática de meditação na rotina diária pode ter um efeito protetor em termos de envelhecimento biológico em longo prazo (35).

O estresse cumulativo ao longo da vida é um dos fatores descritos para acelerar o envelhecimento epigenético. Portanto, segundo Chaix e colaboradores, sugere-se que a diminuição do estresse psicológico em meditadores devido a sua prática regular pode contribuir para a estabilidade da aceleração da idade epigenética intrínseca. Ainda neste mesmo estudo, descobriu-se que a taxa de envelhecimento epigenético diminuiu significativamente com o número de anos de prática de meditação regular. Quando os controles foram incluídos na análise como "zero em experiência de meditação", o efeito significativo de anos de meditação sobre a aceleração da idade epigenética intrínseca só foram encontrados em indivíduos com idade maior ou igual a 52 anos, indicando que o efeito protetor da prática é principalmente em indivíduos mais velhos. Estes achados sugerem que o efeito protetor da meditação na aceleração da idade epigenética pode ser progressivo e cumulativo (35).

Em relação à frequência destas atividades extras, podemos observar que são inferiores quando comparadas com relação ao Hatha Yoga, pois todos os professores estão em atividade, possuem um tempo de experiência como praticantes e instrutores relativamente alto e além das aulas praticam em outros momentos.

Portanto, ao observarmos uma diferença significativa entre os grupos, mesmo havendo 2 voluntários controles que são adeptos de alguma abordagem mente-corpo, observamos que a maioria neste grupo (90%) não realizam nenhum tipo de abordagem mente- corpo, sugerindo uma probabilidade, de que a diferença encontrada no teste de metilação esteja associada com o Hatha Yoga, até pelo fato das outras práticas envolvidas não serem homogêneas no grupo e possuírem uma intensidade reduzida em relação ao Yoga.

Isso tudo ainda demonstra, o quanto há no Brasil uma variedade de práticas neste campo dito “alternativo” e como a busca por estas está se tornando cada vez intensa.

Além disso, em relação ao quesito alimentação, pode-se observar como uma variável significativa e que muito pode influenciar nos processos de metilação (36).

Apesar de haver estatisticamente uma diferença, verificamos que houve uma predominância em ambos os grupos, de alimentação vegetariana/vegana, podendo-se verificar também que na categoria “Outros”, os participantes possuem uma escolha mais saudável, com menos e até restrição a produtos industrializados, baixo consumo de carne vermelha, consumo de frutas, legumes, peixes, ou seja, uma alimentação que se assemelha, obviamente não totalmente, ao vegetarianismo.

De acordo com estudo realizado com 57 veganos e 80 não veganos, observou-se que de um total de 328 genes (média de todas as regiões de metilação) foram significativamente hipometilados em veganos em relação aos não-vegetarianos (p<0,05). O maior número de genes foi hipometilado quando se considerou a metilação de apenas ilhas de CpG, seguido pelo TSS200, primeiro exon e Regiões TSS1500. Estes achados sugerem diferenças substanciais na metilação de sítios e genes CpG, particularmente em regiões regulatórias, entre veganos e não-vegetarianos, com uma preponderância de hipometilação entre os veganos (37).

Conforme podemos observar, ao considerar o fator alimentação, uma hipometilação poderia refletir em uma diminuição na metilação global – até porque no estudo citado muitos genes foram envolvidos. O que podemos observar aqui neste presente trabalho é que este comportamento de diminuição foi encontrado no grupo 2 (Controle) quando comparado ao grupo 1(Yoga). É claro que talvez esta hipometilação encontrada no estudo citado, no que se refere à alimentação, talvez não seja substancialmente evidente e possa estar presente em ambos os grupos (1 e 2), entretanto o que não se pode negar é que foi encontrado um diferença significativa entre os Grupo 1 e 2 (no que concerne a metilação global) neste estudo e ambos possuem uma escolha de prevalência alimentar semelhante.

Em outro estudo com 40 mulheres foi observado que a ingestão de frutas (com maior frequência de laranja, tangerina e maça), está relacionado com baixa metilaçao do gene

TNF-α e sua ilha CpG 5. Porém a ingesta de outros grupos de alimentos como: legumes,

nozes, suco natural, cereais, cereais integrais e padrão dietético mediterrâneo, não se correlacionaram (38).

Portanto, devido ao predomínio de alimentação vegetariana entre os grupos há possibilidade das mudanças encontradas nos padrões de metilação entre os grupos não estarem ligadas ao fator alimentação, pois conforme verificado, há semelhança de padrões

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