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Parque urbano na Beira Mar de São José SC

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Academic year: 2021

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PARQUE URBANO NA BEIRA MAR DE SÃO JOSÉ - SC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CTC - CENTRO TECNÓLOGICO

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

ISABELA GUESSER SCHMITT KERCHNER

MATRÍCULA: 11200597

ORIENTADOR: SAMUEL STEINER DOS SANTOS

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PARQUE URBANO NA BEIRA MAR DE SÃO JOSÉ

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação 1.2 Motivação 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral 1.3.2 Objetivos Específicos 1.4 Justificativa 1.5 Metodologia 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Espaço livre urbano 2.2 Espaço público 2.2.1 Richard Sennet – O declínio do homem público 2.2.2 Carlos Nelson - Quando a rua vira casa 2.3 Áreas verdes de lazer 2.4 Parque urbano 2.5 Importância dos parques urbanos

3. REFERENCIAIS DE PROJETO EM ATERROS

3.1 Parque do Flamengo 3.2 Aterro da Baía Sul 4. HISTÓRICO 4.1 Localização e aspectos gerais 4.2 Histórico 4.3 Expansão urbana 4.4 O Bairro Kobrasol 4.5 Área de estudo 5. DIAGNÓSTICO 5.1 Sistema ambiental 5.2 Sistema viário 5.3 Uso do solo 5.4 Indicadores 5.5 Plano Diretor Participativo 2015 5.6 Levantamento de campo 5.6.1 Cheios e vazios 5.6.2 Uso do solo 5.6.3 Gabarito 5.6.4 Problemáticas e potencialidades 5.6.5 Entrevista 6. DIRETRIZES 6.1 Espaços públicos ao longo da orla 6.2 Mobilidade urbana 6.2.1 Costura urbana com a área consolidada 6.3 Proposta para o entorno imediato 7. O PARQUE 7.1 Eixos estruturantes 7.2 Caráter das áreas e atividades 7.3 O projeto REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pg. 1 pg. 1 pg. 1 pg. 1 pg. 1 pg. 1 pg. 1 pg. 2 pg. 2 pg. 2 pg. 3 pg. 3 pg. 3 pg. 4 pg. 5 pg; 5 pg. 7 pg. 7 pg. 8 pg. 8 pg. 8 pg. 10 pg. 11 pg. 11 pg. 13 pg. 15 pg. 16 pg. 16 pg. 17 pg. 19 pg. 19 pg. 22 pg. 25 pg. 25 pg. 25 pg. 26 pg. 27 pg. 29 pg. 29 pg. 29 pg. 30 pg. 38

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PARQUE URBANO NA BEIRA MAR DE SÃO JOSÉ

1. INTRODUÇÃO

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1.1 Apresentação

O processo de crescimento das cidades brasileiras e o avanço da mancha urbana resultaram em boa parte destas, numa significativa diminuição das áreas verdes das cidades. As áreas verdes se-jam elas de preservação permanente ou área verde de lazer parecem ter se tornado “ilhas” cercadas pelo desenvolvimento urbano. Além da perda de espaços verdes na cidade, a intensificação do uso do automóvel refletiu na diminuição dos espaços públicos para dar lugar às vias, com passeios pouco generosos, sem equipamentos urbanos ou arborização urbana. Os espaços públicos de convívio se tornaram escassos e a manutenção dos já existentes nem sempre é constante, criando espaços subutilizados e sem potencial apropriação. Outros fatores tam-bém refletem na apropriação de um espaço criado para ser público, de convívio e lazer. Esses fatores envolvem as dinâmicas internas de um bairro ou mesmo da cidade, dependendo do porte da área. Desse modo, a adequada forma que um parque urbano cria numa área consolidada não pode ser apenas um reflexo de resquício de área verde e pública que restou, e sim, um espaço que inten-sifique as relações espaciais e movimentos da cidade. Avaliando os usos, fluxos, transporte público, sistema ambiental e socioeconômico, todos aliados a fim de criar espaços que se integram e fazem parte das dinâmicas urbanas.

1.2 Motivação

Este trabalho possui uma motivação particular da autora. O interesse pelas questões urbanas e, sobretudo, dos espaços públicos foi dos principais motivos da escolha do tema Parque Urbano. Ten-do em vista os questionamentos quanto às dinâmicas existentes na cidade com o parque, dos espaços públicos e privados, dos requisitos que tornam um espaço de convívio atrativo e quais os elementos e equipamentos adequados a esse tipo de uso do solo.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Elaborar um anteprojeto de um Parque Urbano na Beira Mar de São José-SC, qualificando o novo aterro e integrando os espaços públicos com a cidade.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Requalificar os espaços públicos da Beira Mar de São José-SC. • Investigar as relações espaciais do Parque Urbano com a cidade. • Compreender as dinâmicas urbanas e históricas da área de estudo. • Compreender o conceito de espaço público e de lazer. • Integrar o projeto do Parque com outras centralidades. • Integrar o projeto do Parque com a área urbana consolidada do entorno imediato.

1.4 Justificativa

A escolha da implantação de um Parque Urbano na Beira Mar de São José – SC tem como justi-ficativa a sua posição central e acessível na Região Metropolitana da Grande Florianópolis. Assim como a proximidade com outras centralidades de bairro e o centro histórico de São José. A grande extensão da orla e área disponível intensifica o potencial para instalação de equipamentos de lazer, esporte e cultura na área de estudo. Além disso, o uso do solo misto do entorno se apresenta como um ponto positivo para sua apropriação, assim como o potencial paisagístico existente.

1.5 Metodologia

A metodologia utilizada para realização deste trabalho consiste no levantamento de dados da área de estudo, através do entendimento dos aspectos históricos, físicos, ambientais e socioeconômi-cos. Além disso, levantamentos de campo e entrevistas complementa a compreensão dessas relações espaciais. pg. 10 pg. 11 pg. 11 pg. 13 pg. 15 pg. 16 pg. 16 pg. 17 pg. 19 pg. 19 pg. 22 pg. 25 pg. 25 pg. 25 pg. 26 pg. 27 pg. 29 pg. 29 pg. 29 pg. 30 pg. 38

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

A demanda por espaços verdes de lazer e públicos no meio urbano faz parte de uma carência das cidades atuais. Desse modo, o entendimento dos diversos conceitos envolvendo o tema contribui para a compreensão da temática deste trabalho, que consiste num parque, sendo também um espaço livre, público e urbano.

2.1 Espaço livre urbano

O espaço livre urbano se constitui de um espaço aberto, não edificado em áreas opostas ao rural, tanto social quanto economicamente, com características próprias das cidades. Os espaços cons-truídos contemplam as funções das cidades, através dos mais diversos usos: residencial, comercial, institucional, entre outros. E os espaços livres urbanos complementam o espaço edificado, através da configuração deste com o edificado, compondo as ruas, praças, parques, matas, ou mesmo os vazios urbanos. Possuem uma função importante na cidade, de maneira que configuram a mesma articulando essas diversas funções. Além disso, cumprem uma função social, pois promovem os encontros e a socialização dos indivíduos. Os espaços livres urbanos podem ser classificados como: espaços livres públicos, sendo estes acessíveis ao público em geral, em contraposição, aos espaços livres privados, que também pode ser de uso coletivo, pode restritivo, como os loteamentos fechados.

2.2 Espaço público

Como forma de compreender e estabelecer critérios para a área de intervenção como espaço público de lazer utilizou-se como referencial teórico: O declínio do homem público (Richard Sennet) e Quando a rua vira casa (Carlos Nelson).

2.2.1 Richard Sennet – O declínio do homem público

O conceito de espaço público e sua apropriação sofreram alterações ao longo do tempo. Para compreender como o espaço público se articula é necessário entender também o que ocorre nos espaços privados. A vida pública parece opor-se a vida íntima/privada, porém, as duas estão intima-mente relacionadas. Numa abordagem mais plana, o público é relativo a uma coletividade e o privado a apenas um grupo específico ou a um indivíduo. Muitas vezes as pessoas tratam os assuntos públicos em termos pessoais, que deveriam ser tratados como algo impessoal, justamente por tratar de um todo coletivo. O espaço público das cidades quase sempre é delimitado pelas edificações. A sua configuração pode criar espaços públicos “mortos”, onde o papel de espaço coletivo não é apropriado. As edifica-ções sem integração com a rua e o entorno acabam contribuindo para a formação de espaços apenas de passagem, sem uso e permanência. Em contrapartida existem edificações que possuem um espaço público interno, como um pátio, porém, este não se articula com o espaço público da rua. Neste caso, é como se existissem dois tipos de espaços públicos, um deles mais “íntimo/privado” que o outro. O espaço público também pode ser associado como uma derivação do movimento, pois, onde existe o movimento, também existe o fluxo de pessoas e veículos, interagindo ou não. Porém, as ruas/ vias quase sempre são associadas aos veículos, aos automóveis, e a rua como o local por onde é per-mitida a movimentação. Uma movimentação quase sempre de passagem. Durante o “antigo Regime” em Paris e Londres do século XVIII, observou-se uma ruptura nos padrões sociais, com a burguesia em ascensão e a aristocracia em declínio. Além disso, houve um crescimento populacional bastante grande nas duas cidades, impulsionadas pela Revolução Industrial. Esse crescimento populacional em grande parte foi resultado de uma migração externa. Todos esses fatores contribuíram para uma modificação na interação dessas cidades, convi-vendo nas ruas e espaços públicos os moradores locais e estrangeiros/”estranhos”. Nesta época os locais onde as pessoas se apropriavam para encontros eram os cafés, parques e teatros. As praças monumentais de Paris, de concepção renascentista, onde as funções foram retiradas e as atividades restritas, resultaram no seu enfraquecimento e desuso. Em Londres, as praças tornaram-se “museus” da natureza em meio ao mais sofisticado tipo de moradias, se distanciando de áreas comerciais. Essas intervenções mudaram a ideia de praça como um lugar central de uso múltiplo, de reunião e observa-ção. Vista a necessidade e o prazer que as pessoas passaram a adquirir por andar pelas ruas, por poder observar e ser observado, o andar pelas mesmas começou a ser tratado como uma atividade social. Na concepção barroca, foram criados passeios com rotas atrativas, passando por monumentos, igrejas, praças. Criando uma cidade monumental, porém, com o intuito de “ver gente”. Surge então, uma nova instituição da cidade, o parque público, desenhado para longos passeios de carruagens e jornadas a pé.

O público pode ser entendido também como uma criação humana e o privado a condição humana. Desse modo, estamos sujeitos a um balanceamento entre o público e privado. O homem público passou a ser identificado como um ator, de maneira que o ator “público” evocaria sua persona-lidade individual repleta de “aparências” e autenticidade, criando novos laços sociais que substituem uma vida expressiva e natural. A sociabilidade é fruto do lazer e quanto mais as pessoas interagem, mais dependentes elas se tornam uma em relação às outras, dependendo dessas relações para conseguirem uma percepção do eu. Na medida em que as cidades foram crescendo, mais estrangeiros transitavam pelas ruas, fa-zendo com que cada vez mais se perdesse o contato funcional das pessoas umas com as outras nas ruas, refletindo numa vida mais isolada. A perda do contato se ampliou para as praças, os quarteirões e também na própria concepção de vizinhança. O capitalismo industrial interferiu também na vida pública. Com uma produção em massa, os empresários visando o lucro e criando o fetichismo das mercadorias e com ela uma cultura do consu-mo, de status e aparências. Desse modo, as pessoas “conheciam” umas às outras pelo seu vestuário, por exemplo, ou seja, pela sua aparência externa. Como as relações humanas no mundo público se formaram de acordo com as mesmas regras que determinaram as relações dentro da instituição família, está traz consigo diversas questões parti-culares. O homem público diante das novas relações sociais passou a se sentir mais confortável diante do papel de ouvinte, do que um condutor ativo da própria expressão, tornando-se apenas um espec-tador. Esse silêncio em público é também um meio de retraimento, da ausência de interação social, fazendo com que fosse possível ao mesmo tempo estar visível aos outros, porém isolado destes.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O “sendo de comunidade” de uma sociedade tem uma forte vida pública, necessitando, por-tanto, de uma interação e expressão do eu. Porém, algumas barreiras interferem na comunicação das pessoas. Uma delas é a tecnologia das comunicações, que deveria aproximar as pessoas, mas acaba muitas vezes, afastando e isolando ainda mais. Assim como, as facilidades no transporte, que isolam a cidade como local de permanência. O papel que a mídia desempenhou na sociedade também afetou a maneira como o homem público passou a se manifestar, inibindo as ações políticas e manifestações sociais. A divisão das cidades por funções pôs fim num componente essencial do espaço público, como exemplo as cidades modernistas, pois, a superposição de funções dentro de um mesmo território cria complexidades de experiência naquele determinado espaço. Por fim, a cidade é o instrumento da vida impessoal, o molde em que a diversidade e complexidade de pessoas, interesses e gostos tornam-se disponíveis enquanto experiência social.

2.2.2 Carlos Nelson - Quando a rua vira casa

Existem dois tipos de espaços nas cidades: o construído, fechado e geralmente privatizado e o aberto, normalmente de uso coletivo. Em sua maioria são planejados e a imposição de espaços deli-mitados e rígidos faz com que a população se adapte ou não às novas concepções urbanas. O projeto de um espaço de lazer, por exemplo, necessita de um amplo estudo do lugar, muitas vezes referenciais antigos, da arquitetura do imaginário compõem elementos importantes na sua con-cepção. A rua, potencialmente apropriada é um universo de múltiplos eventos e relações. Ruas com uso diversificado e misto geralmente contribuem para as dinâmicas urbanas e cumprem uma função social importante. Muitas vezes, um espaço concebido para uma função acaba sendo utilizado para outros fins. Um estacionamento em determinados horários pode ser apropriado como um campo de futebol para moradores de um bairro, por exemplo. Nesse caso, a falta de espaços adequados para as atividades de lazer contribui para esse processo. As renovações urbanas quando acompanhadas de demolições de partes de um bairro podem junto com ela “derrubar” também um modo de vida e das dinâmicas internas daquele local. Do mes-mo modo, ao longo de uma rua podem existir diversas dinâmicas, resultado dos usos e das relações das edificações com a mesma. A rua pode ser entendida como o domínio oposto ao da casa, por ser pública, formal, o visível; já a casa como sendo o privado, informal e o “invisível”, mais íntimo. Como também o lugar de passa- gem, o passeio e as calçadas como o lugar das pessoas na rua. Em casas térreas e de arquitetura colo-nial o olhar para rua e observar o movimento estava mais presente que atualmente, como se houvesse uma participação no movimento da rua a partir da janela da casa. Outro fenômeno que contribuiu para a perda de relações entre bairros, por exemplo, são as construções das vias, e junto delas os viadutos e espaços associados ao automóvel. É comum vermos como limites de bairros as vias de trânsito rápido, que formam uma verdadeira barreira espacial e uma descontinuidade no tecido urbano. O crescimento e planejamento das cidades, a densificação e a perda das relações sociais de comunidade, resultaram num isolamento e individualidade cada vez maiores. Criando zonas com ho-mogeneidade social, onde mesmo morando com pessoas da mesma classe social, o bom vizinho é que aquele que não “perturba”, evidenciando a perda das relações de comunidade. Até mesmo os espaços públicos, como uma praça num bairro planejado, possuem características privativas, de maneira que somente determinadas pessoas se sentem “confortáveis” de apropriar-se naquele espaço, normal-mente associado a sua classe social. Espaços públicos utilizados somente em alguns períodos do dia, por exemplo, criam áreas in- seguras, assim como as edificações com muros altos e sem permeabilidade ao longo de uma rua, fal-tando os chamados “olhos da rua”, a vigilância feita pelos próprios moradores. Por fim, “Se o mundo urbano é um equipamento potencial de lazer, quanto mais complexo e diversificado, tanto mais ple- namente pode ser apropriado para este fim. Planejar espaços para fins de lazer não é construir cam-pos de futebol, ciclovias, ou criar áreas verdes. É cultivar um meio urbano cujas ruas permitam jogar uma “pelada”, andar de bicicleta, ou simplesmente passar à sombra. O planejar é cultivar no sentido primeiro da palavra; acompanhar o dia-a-dia, intervir dia a dia na escala do dia-a-dia.” (Santos, Carlos Nelson, 1985).

2.3 Áreas verdes de lazer

As áreas verdes de lazer são constituídas por espaços livres, normalmente permeáveis e com significativa cobertura vegetal, sendo considerada, portanto, uma área verde. Exemplos de áreas ver-des de lazer são as praças e parques. Os canteiros das avenidas também podem ser considerados áreas verdes, apesar de não cumprir a função de lazer, servindo apenas de suporte do sistema viário. O índice das áreas verdes é utilizado para determinar a qualidade ambiental urbana, de modo que ele determina a quantidade de áreas destinadas ao lazer de um determinado local. Segundo Fer-reira, a área verde é definida, para fins de índice, como uma área onde, por motivo qualquer, haja vegetação e, para tal, existe um índice hipotético de 12 m²/habitante como padrão ideal de áreas de lazer/vegetação para qualquer cidade. Desse modo, as áreas verdes são espaços livres vegetados, po-dendo ou não ser de lazer.

2.4 Parque urbano

Os parques urbanos surgiram após a Revolução Industrial no século XIX, como resposta a ne-cessidade de dotar as cidades de espaços livres que pudessem desempenhar atividades de lazer, em meio ao crescimento desordenado das cidades. Atualmente existe uma grande variedade de parques, com formas, dimensões, funções e equipamentos diferentes. Segundo Kliass (apud Scalise, 2002), o parque urbano é definido como “espaços públicos com dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura vegetal, destinados à recreação”. No Brasil, os primeiros parques públicos surgem com a vinda da família Real Portuguesa para o Rio de Janeiro, sendo estes: o Passeio Público, o Campo de Santana e o Jardim Botânico. Os parques tinham um caráter contemplativo, influenciado pelos parques franceses, com caminhos sinuosos, for-mas orgânicas e com elementos como esculturas e pontes. O fato de o Brasil ser rico em elementos naturais, a oferta de espaços de lazer para a popu-lação eram supridas. Porém, durante o século XIX o parque passou a ser considerado desnecessário, somente com a diminuição ou mesmo desaparecimento desses espaços, a partir do século XX que esse equipamento urbano tornou-se uma necessidade social (Macedo, 2002).

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Dessa maneira, no início do século XX surgem os primeiros planos urbanos e com eles a ne-cessidade de implantação de novos parques urbanos. São exemplos dessa reestruturação urbana o Parque do Ibirapuera em São Paulo e o Parque do Flamengo no Rio de Janeiro, voltados para o lazer público. Porém, poucos parques são criados nesse período e a partir dos anos 50 ficou cada vez mais evidente a carência de espaços livres de lazer. Os parques existentes estavam implantados apenas em áreas centrais e bairros mais ricos A partir da metade do século XX surge um novo tipo de uso para os parques urbanos. Sendo este um programa que valorizava o esporte e o lazer cultural, consolidando o parque moderno, volta- do para um público mais amplo e com um programa misto de caráter recreativo e contemplativo. Nes-te período surgem diversos parques em São Paulo e Curitiba, com investimentos de política pública. Surge também durante o século XX também os chamados parques litorâneos ou parques de orla, como um processo de modelagem urbana, de saneamento e valorização da orla. Nesse período as classes de maior renda passam a ocupar as áreas costeiras e a praia urbana foi consolidada como um grande parque. A Praia de Copacabana é um dos primeiros exemplos de parques-praia, a exemplo dos waterfronts europeus. Dessa maneira, a faixa litorânea passou a representar um potencial para implantação de espaços livres públicos. Foram criados calçadões à beira-mar, áreas com equipamen- tos voltados para o esporte, instalação de bares, restaurantes como forma de se apropriar destes es-paços amplamente valorizados.

2.5 Importância dos parques urbanos

Os espaços livres públicos, assim como os parques urbanos, são estruturados normalmente por vegetação e dedicados ao lazer da sociedade. Um espaço que serve para “descompressão” dos usuários durante sua rotina diária. Contribuem, portanto, para melhorar os aspectos físicos e sociais das cidades, de modo que os espaços abertos “fogem” da movimentação da cidade, criando um sen-timento de tranquilidade. Esses espaços, quando bem estruturados e desenhados podem fornecer aos usuários a possi-bilidade de aproximação e sentimento de comunidade, criando a sensação de pertencimento ao lugar. A adoção de cobertura vegetal e áreas verdes na cidade também promovem uma qualidade ambiental urbana, que hoje estão cada vez mais escassos. Atualmente os parques urbanos adotam novos significados voltados ao lazer e seu uso está relacionado principalmente à prática de atividades junto à preservação de recursos naturais. Dentre essas atividades, o caráter esportivo dos parques vem ganhando força, associado à qualidade de vida dos usuários. A partir das décadas de 70 e 80 as orlas marítimas passaram a ser palco dos encontros sociais, assumindo funções de parque urbano, vinculada a paisagem natural e inúmeras possibilidades de la-zer, assim como em outros tipos de parques.

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3. REFERENCIAIS DE PROJETO EM ATERROS

3.1 Parque do Flamengo

O Aterro do Flamengo ou Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, reproduziu a ideia de cidade-par-que com a avenida, com influência modernista, envolvendo a racionalidade técnica e o convívio com a natureza. Foi construído a partir de uma série de aterros na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. O desmonte do morro de Santo Antônio é o principal deles. Essa intervenção urbana fazia parte de um plano cujo objetivo principal era articular e me-lhorar o tráfego, através da criação de novas avenidas. O Parque estaria, portanto associado às vias expressas, cujo contorno acompanha o traçado da avenida. O Parque faz a transição entre o mar e a ocupação urbana mais consolidada. A passagem de pedestres é feita através de passarelas ao longo do Parque. Integra na sua composição edificações e grandes equipamentos associados à cultura, tais como o Museu de Arte Moderna, Monumento dos Pracinhas e Museu Carmem Miranda. Além disso, oferece diversas atividades culturais: Teatro de Ma-rionetes, Teatro de Arena e pavilhões recreativos. Mantém a relação com o mar através da Marina da Glória, Praia do Flamengo e grande área de lazer ao ar livre, com diversos equipamentos associados à prática de esportes, recreação, cultura e gastronomia. Em sua extensão diversifica atividades ligadas à prática de esportes com espaços destina-dos a campos de futebol, pistas de skate, BMX e aeromodelismo, tanque de nautimodelismo, ciclovia, quadras de basquete, vôlei, power soccer, futsal, tênis, gateball e playground. Também oferece supor-te à alimentação com restaurantes e quiosques, além de grandes áreas arborizadas e gramados para piqueniques e diversas outras atividades de lazer ao ar livre.

3.2 Aterro da Baía Sul

O aterro da Baía Sul em Florianópolis tinha como objetivo aumentar os espaços necessários para a implantação de novas avenidas, que pudessem melhorar o problema do tráfego entre a Ilha e o Continente. A construção do aterro resultou num novo espaço físico com 600 mil metros quadrados na área central e histórica. Além do objetivo de dar suporte às novas avenidas, o aterro tinha como intuito ampliar o co-mércio da cidade, implantar a sede do Governo do Estado de Santa Catarina, tornando este um centro político e administrativo e por fim, constituir um centro de lazer e convívio. A proposta original de ocupação previa 23 instalações: Palácio do governo, Assembleia Legis- lativa, Secretarias do Estado, Palácio da Justiça, Prefeitura, Museu, Teatro, Biblioteca, Prédio dos Cor-reios e Telefonia, Centro Comercial, Centro Localizado, Escritórios para a iniciativa privada, Hotel para a iniciativa privada, Garagens, Restaurante-Bar, Quadra de Futebol, Quadra de Basquetebol, Aeromo-delismo, Velomodelismo, Posto da Petrobrás, Play Ground, Terminal de ônibus e Tribunal de Contas. Porém, somente 6 das instalações previstas foram executadas: Palácio do Governo, Assembleia Legislativa, Palácio da Justiça, Terminal de ônibus, Tribunal de Contas e Secretaria da Educação. Grande parte da área de aterro foi ocupada para construção de acessos às pontes e avenidas de alto tráfego. Parte das edificações construídas na área do aterro, como o Centro Sul, Passarela Nego Quiri-do e o Terminal de Integragação (TICEN) possuem pouca integração com o entorno e principalmente com o mar. Além disso, grandes áreas de estacionamentos ocupam parte do aterro, assim como áreas residuais, canteiros e trevos das vias. Outro uso bastante peculiar é a implantação da Estação de Tra-tamento de Esgoto (CASAN) próximo aos acessos das pontes. O Aterro da Baía Sul afastou o centro histórico do mar, criando uma barreira física formada pelas vias, com pouca ou nenhuma apropriação como espaço de lazer e convívio. Existem somente poucas passagens de pedestres elevadas através de passarelas, conectando as edificações próximas ao mar. Parque do Flamengo, Rio de Janeiro. Disponível em: < http://monicabenini.com.br/tag/aterro-do-flamengo/> Aterro da Baía Sul, Florianópolis. Disponível em: < http://www.ndonline.com.br/florianopolis/noticias/31656-edital--preve-revitalizacao-do-aterro-da-baia-sul-em-florianopolis.html>

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Aterro da Baía Sul, Florianópolis. Disponível em: < http://www.ndonline.com.br/florianopolis/noticias/31656-edital--preve-revitalizacao-do-aterro-da-baia-sul-em-florianopolis.html>

3. REFERENCIAIS DE PROJETO EM ATERROS

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4. HISTÓRICO

4.1 Localização e aspectos gerais

A área de intervenção está localizada na Região Sul do Brasil, no Estado de Santa Catarina, no município de São José. O município de São José faz parte da Região Metropolitana de Florianópolis. Possui posição central na área conurbada dos municípios de Florianópolis, Biguaçu, Palhoça e São José. Ao Norte do município faz fronteira com Biguaçu, ao Sul com Palhoça e São Amaro da Imperatriz, a Leste com São Pedro de Alcântara e a Oeste com Antônio Carlos. Dos quatro municípios da área conurbada é o que apresenta a segunda maior população, com 209.804 mil habitantes, seguido de Florianópolis, segundo dados do IBGE, Censo de 2010. Teve um crescimento populacional mais acentuado a partir da década de 1970, com uma taxa de crescimento anual em declínio atualmente. Possui uma área total de 114,7 km² e uma densidade de 1.829,2 hab/km², a maior densidade entre os quatro municípios, considerando a área total destes. São José é formada por três distritos, sendo estes: Distrito Sede – concentra 34,7% da população - , Distrito Campinas - concentra 12,5% da população -, e Distrito de Barreiros – concentra 51,3% da população, conforme dados do IBGE, Censo de 2000. Seu índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do ano 2000 é considerado eleva-do em relação a outras cidades do Brasil, com valor igual a 0,849. A base da economia do município é o comércio, indústria e prestação de serviços. São José tem demonstrado uma crescente autonomia nos núcleos urbanos consolidados, concentrando postos de trabalho e fluxos diários entre os municípios vizinhos. Possui clima subtropical, com as estações do ano bem definidas. Quanto aos aspectos ambien-tais e físicos, o litoral é banhado pelas baías norte e sul, com uma área de aterro recente. O relevo apresenta poucas variações, boa parte com superfícies planas e superfícies montanhosas, destacando o Morro da Coruja, Morro do Avaí, Morro Forquilhas e o Morro da Pedra Branca. São José é cortado pelos seguintes rios: Rio Maruim, Serraria, Três Henriques, Araújo e Buchler. Com o processo de expansão urbana no município, boa parte da cobertura vegetal das flores- tas originais desapareceu, existindo atualmente apenas uma pequena porção de APP (área de preser-vação permanente), conforme Plano Diretor de 2004.

4.2 Histórico

A freguesia São José da Terra Firme foi criada em 1750 com a chegada de açorianos à Capitania do Desterro. Teve um crescimento inicial bastante lento, no ano de 1796 possuía apenas 2091 habi-tantes, com base na agricultura. Em 1833, São José passou da categoria de freguesia a vila, e somente em 1894 passou para a categoria de município no dia 4 maio. A área total do município foi reduzida após sucessivos desmembramentos, o Distrito do Estrei-to passou a fazer parte de Florianópolis em 1943, Angelina em 1961, Rancho Queimado em 1962 e São Pedro de Alcântara em 1955. O desmembramento do Distrito do Estreito significou uma perda de fon-te de renda, pois ali se localizava os abatedouros e indústrias de subprodutos do boi, principalmente. Atualmente o município possui três distritos: Distrito Sede (1750), Distrito de Barreiros (1959) e Distrito de Campinas (1981). O Distrito Sede é composto por 18 bairros, englobando: Bosque das Mansões, Centro Histórico, Distrito Industrial, Fazenda Santo Antônio, Flor de Nápoles, Forquilhinhas, Picadas do Norte, Picadas do Sul, Ponta de Baixo, Potecas, Praia Comprida, Roçado, Santos Saraiva, São Luiz, Alto Forquilhas, Colônia Santana, Forquilhas e Sertão Imaruim. Já o Distrito de Campinas é composto por dois bairros: Campinas e Kobrasol. Por último, o Distrito de Barreiros engloba 10 bairros: Areias, Barreiros, Bela Vista, Ipiranga, Jardim Santiago, Jardim Cidade Florianópolis, Nossa Senhora do Rosário, Pedregal, Real Parque e Serraria. Até meados do século XIX São José apresentava uma economia baseada na agricultura. Com a abertura do caminho para a serra, iniciou-se uma comercialização de produtos com Desterro. O porto da vila era o principal escoadouro de diversos produtos, desempenhando importante papel na econo-mia. Além disso, os abatedouros que abasteciam de carne fresca a cidade de Florianópolis, também se localizam no distrito do Estreito e em Capoeiras (Farias, 1999). A construção da Ponte Hercílio Luz em 1926 acarretou numa estagnação econômica no mu-nicípio de São José, tendo em vista que os produtos passaram a ser transportados diretamente para Florianópolis, sem necessitar parar no município. Próximo a esse período, São José perdeu alguns de seus territórios, que foram emancipados. Somente a partir da década de 1970 que São José apresentou um crescimento econômico e populacional mais significativo. A construção da BR 101, instalação de indústrias, e comércios de maior porte impulsionaram esse desenvolvimento. Além disso, uma parcela da população de Florianópolis Localização: Brasil - Santa Catarina - São José - Bairros Kobrasol e Campinas - Área de intervenção.

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4. HISTÓRICO

migrou para os municípios vizinhos, dentre eles São José, em função dos elevados preços de terra e moradia. Com a delimitação de um Distrito Industrial, teve um aumento na instalação de indústrias no município, destacando-se as seguintes: Macedo Koerich, Cassol Materiais de Construção, Intelbrás e Hoepcke. A partir da década de 1990 diversificaram-se as atividades de comércio e prestação de ser-viços como: serviços editoriais e gráficos, informática, imobiliário, alimentar, vestuário, entre outros.

4.3 Expansão urbana

As primeiras manchas urbanas no município de São José originaram-se em torno do Centro His-tórico, do núcleo litorâneo do Distrito de Barreiros e no interior da Colônia Santana. A ocupação inicial do Centro Histórico ocorreu no entorno da Praça da Igreja Matriz, com características da colonização portuguesa. Os vetores de expansão se formaram a partir dos núcleos citados, principalmente dos núcleos litorâneos em direção ao interior. O município é cortado transversalmente pela BR 101, formando uma barreira e delimitando muitos dos bairros. Porém, a construção dessa via significou também um au-mento significativo da mancha urbana, já que possibilitou a ligação do Estado à rede urbana nacional. Parte da consolidação urbana mais intensa dos Distritos de Barreiros e Campinas ocorreram a partir da década de 1970, impulsionadas pelo desenvolvimento econômico que acontecia no municí- pio. Também surgiram investimentos dos empreendedores imobiliários, com destaque para o lotea-mento Kobrasol. Além disso, houve um avanço da mancha urbana em torno do Centro Histórico, assim como loteamentos periféricos, como Flor de Nápolis, Forquilhinhas e Areias, reflexo do crescimento populacional principalmente. No período de 1995 à 2001 observou-se uma consolidação da área urbanizada, juntamente com investimentos de infraestrutura urbana, principalmente no sistema viário. Com destaque para o Calçadão do Kobrasol, Transpotecas, obra do Aterro da Avenida Beira-Mar Sul e Avenida das Torres. Nota-se que a expansão urbana atual ocorre em direção ao interior, nos núcleos urbanos já consolidados observam-se um aumento da densidade urbana e intensificação da verticalização.

4.4 O Bairro Kobrasol

O bairro do Kobrasol surgiu a partir da década de 1970, fruto de investimentos imobiliários prévios, com a finalidade de lotear parte do Distrito de Campinas. O terreno onde estava localizada a Sede do Aeroclube de Santa Catarina foi oferecido sob forma de permuta por meio de licitação públi-ca. O dono da empresa Cassol se uniu ao da empresa Madeireira Brasilpinho para juntos entrarem na concorrência pela área. A proposta das empresas Cassol e Brasilpinho foi aprovada sobre outra concorrente a Sul Em- preendimentos de Condomínios Imobiliários de Curitiba. Uniu-se ao grupo vencedor a empresa Koeri-ch. O nome do Bairro Kobrasol foi criado a partir dos nomes das três empresas da socidade: KOerich, BRAsilpinho e CasSOL. Inicialmente a proposta era a criação de um Parque Residencial Kobrasol, limitando as constru-ções a dois pavimentos, com a finalidade de construção de casas residenciais. Porém, o Plano Diretor de São José permitia até quatro andares. Em 1987, o segundo Plano Diretor aprovou a construção de edificações de até 14 pavimentos. O loteamento foi planejado e estruturado com regulamentações para construção, indicadas pela empresa. Também foi dotado de infraestrutura básica desde o aterro, drenagem pluvial, pavimen-tação, iluminação pública, distribuição de água e delimitação de áreas de lazer. A partir da década de 1980 o bairro passou a ter uma maior autonomia, com a instalação de es-tabelecimentos comerciais e diversificação do uso do solo. Atualmente, o Bairro Kobrasol consolida-se como um centro atrativo comercial. Em pouco tempo o Bairro Kobrasol passou a concentrar um dos principais pólos de atividades comerciais e lazer, tornando-se o novo centro do município de São José. Evolução da mancha urbana, 1956 - 2014. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015).

4.5 Área de estudo

A área de intervenção está localizada no Bairro Kobrasol, mais precisamente na área de aterro da Beira Mar Sul de São José. Foi escolhida pela sua localização central e de fácil acesso, possibilidade de requalificação da orla, criação de espaços públicos verdes de lazer e articulação com outras centra-lidades. A Beira Mar de São José foi construída durante o mandado do prefeito Dário Berger, com o intuito de ampliar o sistema viário e melhorar a qualidade do tráfego da Avenida Presidente Kennedy, criando uma conexão direta com a BR 282, como também delimitar espaços públicos para o lazer.

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4. HISTÓRICO

O projeto original do aterro na Beira Mar de São José tinha início no Centro Histórico, porém, a população do bairro se organizou e na década de 90 através de um processo judicial a obra neste trecho foi embargada. A população justificou sua reinvidincação associando a construção do aterro nesta trecho como a perda da identidade e ruptura do centro histórico com o mar. Somente durante o mandato de Dário Berger como prefeito de Florianópolis, que o trecho final que liga a Avenida da Beira Mar de São José com Florianópolis (BR 282) foi concluída, e em 2003 esta foi inaugurada. Apesar de o objetivo principal estar associado à construção de novas vias, observa-se como ponto positivo a delimitação de um lugar de uso público e de lazer, criando uma nova relação de ocu-pação com a orla e contato com o mar. O projeto da Beira Mar previa uma série de equipamentos, porém, apenas alguns foram real-mente concluídos. Dentre os projetos previstos estão: complexo esportivo, parque recreativo, praça de eventos, praças de estar, trapiche e atracadouro, cidade do idoso, área de preservação permanente (mangue) junto ao posto da Polícia Ambiental, Terminal Rodoviário Urbano, Centro Multiuso, ciclovia, passeio e estacionamentos. Os projetos concluídos são os seguintes: passeio e ciclovia, academia da saúde, atracadouro e sede dos pescadores, estacionamentos, complexo esportivo, olaria, Sede da Fundação do Esporte, Centro Multiuso e praça. Porém, as edificações e equipamentos possuem pouca integração entre si, a ciclovia não possui continuidade, com espaços repetitivos em função da grande extensão e linearida-de. Atualmente ocorre na área de estudo o Projeto Beira Mar em Movimento, que é um evento organizado pela Fundação Municipal do Esporte e ocorre sempre no último domingo do mês. Promove atividades de esporte e lazer ao ar livre, como dança, competições de vôlei de praia, futebol, espaço kids, exposições, entre outras atividades. Além disso, ao final da área de aterro, foi implantada uma praça de 5.000 m² construída por adoção de área pública. Esse espaço de lazer fica entre o Centro Histórico e o Clube 1º de Junho, em frente às duas torres de um empreendimento residencial. A adoção dessa área de lazer faz parte de um programa de adoção de áreas públicas por empresas privadas, regulamentada em 2011 pelo mu-nicípio. Paralelo a esta ação, a prefeitura de São José também planeja a requalificação de toda a orla da Beira Mar. Uma das propostas é que o uso da Beira Mar seja oneroso (concessão em troca de pa-gamento), e assim permitir licitar concessões para instalação de restaurantes e quiosques ao longo da via. Prevê também a construção de um complexo esportivo, piers e outras atividades. Projeto original Beira Mar de São José. Disponível em: < http://www.oisaojose.com.br/siteantigo/nov02/especial-nov02.htm>

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5. DIAGNÓSTICO

A fim de compreender as relações espaciais da área de intervenção foram realizadas análises das dinâmicas urbanas ali existentes, como o sistema viário, uso do solo, sistema ambiental, infraes-trutura e equipamentos urbanos.

5.1 Sistema ambiental

Com o avanço da mancha urbana, tanto as áreas verdes permanentes como as de lazer foram diminuindo gradativamente. No entorno próximo e dos bairros adjacentes nota-se a inexistência de áreas verdes públicas com área considerável. Dentro de um raio de 7 km da área de estudo, existem somente o Parque de Coqueiros e Parque da Luz como espaços verdes de lazer com área significativa, todos no município de Florianópolis. Já na escala dos Bairros Kobrasol e Campinas existem somente seis espaços verdes de lazer, cinco destas praças, sendo estas: Praça Eugenio Raulino Koerich, Praça José Jordino de Souza, Praça RDF, duas praças sem nome e a área de intervenção. Na atualização do Plano Diretor de 2015 as margens dos cursos d’ água estão delimitados como APP (Área de Preservação Ambiental). O principal curso d’ água existente se localiza na divisa de mu-nicípios de São José e Florianópolis, o Rio Araújo, porém, este não possui a mata ciliar mínima. Existe também um manguezal próximo a outro curso d’ água, este parcialmente canalizado. Outra atualiza-ção do novo Plano Diretor é a demarcação de diversos pontos do município como Parques Municipais, incluindo a área de estudo. Além disso, segundo mapa de balneabilidade emitido pela FATMA toda a orla da área de estudo é imprópria para banho. Áreas verdes e conexões entre bairros da área de estudo. Elaborado pelo autor. Balneabilidade na Região Metropolitana. Fonte: FATMA. Áreas verdes de especial interesse ambiental. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015).

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5.2 Sistema viário

A área de estudo se encontra envolta por eixos viários estruturantes na escala da Região Me-tropolitana da Grande Florianópolis. Os bairros adjacentes ao parque estão delimitados pela BR 101 (ligação Norte-Sul do país) e BR 282 (ligação Leste-Oeste do Estado). Além dessas duas vias, outras secundárias como a Avenida Presidente Kennedy, Av. Acioni Souza Filho, Avenida Josué Di Bernadi e Avenida Lédio Martins ligam bairros próximos, tornando esta área bastante acessível. Na escala dos Bairros Kobrasol e Campinas, alguns eixos viários se destacam pela sua conecti-vidade e integração dentro da malha viária. Tais como: Avenida Presidente Kennedy, Av. Acioni Souza Filho, Avenida Josué Di Bernadi, Avenida Lédio Martins, Rua Adhemar da Silva, Rua Antônio Scherer, Rua Altamiro Di Bernardi, Rua José G. R. Lima, Rua Maria Manchen de Souza, Rua João Grumiche e Rua Luiz Fagundes. Apesar de sua posição central e presença de eixos estruturantes próximos, a área de interven-ção apresenta poucas conexões diretas através do sistema viário. Somente as ruas: Rua Um, Rua Dois, Rua 5 de Novembro, Rua José da Costa Vaz, Rua Luiz Fagundes e Rua Pedro Destri fazem a ligação di-reta com a Avenida Acioni Souza Filho, que bordeia toda a sua extensão de 2,5 km. Em grande parte dos eixos estruturantes passam também as linhas do transporte coletivo (ôni-bus), com maior e menor número de linhas. As avenidas Presidente Kennedy e Acioni Souza Filho são as que apresentam maior concentração de linhas do transporte coletivo, não somente de linhas dos Bairros Kobrasol e Campinas, mas também de bairros próximos, como eixo de ligação com a BR 282 e Avenida Governador Ivo Silveira. Somente na área de intervenção é que existe uma faixa exclusiva para a ciclovia, porém esta, não apresenta continuidade e conexão com outras áreas. Hierarquia das vias e fluxos. Elaborado pelo autor. Mobilidade e transporte público. Elaborado pelo autor.

5.3 Uso do solo

Com base no Plano Diretor de São José de 2004 foi analisado o uso do solo da área próxima a área de estudo. Caracteriza-se por apresentar uma área considerável de ARP (área residencial pre-dominante), com AMC (área mista central) nos principais eixos viários, que são também os eixos com maior predominância de comércios e serviços. Na borda esquerda do bairro Kobrasol, com frente para a BR 101 localiza-se a AMS (área mista de serviços). Além desses usos, uma porção é considerada do MA (Ministério da Agricultura) e do HR (pertencente ao Hospital Regional de São José). Quanto ao gabarito, na maior parte dos bairros o gabarito máximo é de 12 pavimentos, o que comprova a alta densidade populacional na área. Nos terrenos que bordeiam a área de intervenção o gabarito cai para no máximo 6 pavimentos. No eixo da Avenida Lédio Martins, principalmente, percebe-se o uso misto central. Este se ca-racteriza por um comércio diversificado e de pequeno porte, com lojas, bares, restaurantes e alguns serviços. Já o uso misto central ao longo das Avenidas Presidente Kennedy e Avenida Acioni Souza Filho caracterizam-se por apresentar um comércio mais especializado e de grande porte, com lojas ligadas a construção civil, móveis e concessionárias. Esse uso mais específico atrai pessoas de outros bairros para esta área. Além disso, possui um grande número de equipamentos institucionais como escolas, faculda-des e o Hospital Regional de São José. As áreas próximas das bordas dos cursos d’ água estão situadas

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em locais sujeitos a inundações. Apesar dos bairros do entorno fazerem parte de uma área consolida-da, existem alguns vazios urbanos, tais como os canteiros e trevos dos eixos estruturantes da BR 282 e terrenos sem uso nos bairros próximos. Recorte do Plano Diretor de São José (2004). Fonte: Prefeitura de São José.

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5.4 Indicadores

Com a atualização do Plano Diretor do município de São José em 2015 foram obtidos alguns mapas que servem como indicadores da área de estudo no município e na Região Metropolitana. Den-tre eles, a densidade populacional na Região Metropolitana. Os bairros do entorno da área de estudo são os que possuem maior densidade, juntamente com os bairros de Barreiros (São José) e Estreito (Florianópopolis) na porção continental e na Ilha de Santa Catarina o Distrito Sede. Já no município de São José os bairros do Kobrasol e Campinas são os que apresentam maior densidade populacional. Outro indicador bastante interessante é o mapa de concentração de empregos. Na Região Metropolitana os bairros que apresentam as maiores densidades populacional são os que possuem também uma maior concentração de empregos, com destaque para o Distrito Sede de Florianópolis, seguindo dos bairros Estreito e Barreiros e também Kobrasol e Campinas. Um dos fatores do alto tráfe-go de veículos para a Ilha de Santa Catarina é justamente sua alta concentração de empregos, o mapa mostra uma tendência de descentralização da concentração de empregos para a parte continental, principalmente para os bairros citados. Por fim, outro mapa do Plano Diretor 2004, apresenta os equipamentos comunitários e popu-lação de baixa renda no município de São José. Os resultados demonstram que os bairros Kobrasol e Campinas não apresentam população de baixa renda e concentram diversos equipamentos comuni-tários. Porém, nos demais bairros do município existem concentrações de população de baixa renda e uma diminuição dos equipamentos comunitários, demonstrando uma desigualdade na distribuição dos recursos no município como um todo. Densidade populacional São José. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015). Densidade populacional Região Metropolitana. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015).

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Concentração de empregos Região Metropolitana. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015). Equipamentos comunitátios e população de baixa renda. Fonte: Plano Diretor São José (2004). Outro indicador, este referente ao sistema viário, é o de sintaxe espacial. O mapa de sintaxe espacial do munípio de São José de integração global demonstra que existe uma concentração de segmentos (linhas axiais) na área de estudo com maior valor de integração, enquanto os bairros mais afastados com menor valor de integração. Já no mapa de local, boa parte das linhas axiais de alta integração global possuem também alto valor de integração local, com destaque para a Avenida do Kobrasol, Presidente Kennedy e Avenida Josué Di Bernadi. Outro resultado interessante é que as linhas axiais com maior valor de integração global (BR 101 e BR 282) não apresentam o mesmo valor para a integração local.

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Sintaxe espacial, integração global e local. Fonte: Plano Diretor São José (2004).

5.5 Plano Diretor Participativo 2015

O Plano Diretor do município de São José está atualmente em processo de reelaboração, atra-vés de um modelo participativo, envolvendo os moradores e comunidades. Este novo Plano Diretor toma como base as propostas e estudos feitos pela UFSC em 2004, readequando a atual realidade municipal e regional. Referente às novas propostas foi lançado uma versão preliminar da proposta do Plano Diretor. No entorno da área de intervenção são delimitadas as áreas de preservação permanen-te ao longo dos cursos d’ água, toda a orla é classificada como área especial da orla marítima. São identificados no município áreas com interesse ambiental para implantação de novos par- ques e consolidação dos existentes, tais como: Horto Ambiental, Jardim Botânico, Parque do Rio For-quilhas, Parque dos Ipês, Parque Pedra Branca, Parque da Ponta de Baixo e o Parque da Beira Mar. O Parque da Beira Mar está classificado como uma área de especial interesse para reestruturação urbana da Beira Mar e reestruturação da interface urbana da orla (mapa apresentado no item 5.1), evidenciando a importância da área de intervenção como espaço verde livre de lazer. É interessante ressaltar a preocupação do novo Plano Diretor em delimitar novos potenciais de áreas verdes, como os parques, sendo esta uma das carências atuais do município. Além disso, os principais eixos viários do entorno da área de intervenção são os que possuem a delimitação de maior número de pavimentos, igual a 16, evidenciando a alta densidade na área. As avenidas Presidente Kennedy e Acioni Souza Filho e a Rua João Grumiche são demarcadas como Cor-redor Metropolitano de Transporte Coletivo, devido ao grande número de linhas de ônibus que por estas vias trafegam. Alguns pontos críticos estão demarcados como reestruturação do sistema viário, com destaque para a interseção da BR 101 e BR 282, como também da Rua Luiz Fagundes, no eixo de ligação para o bairro Forquilhinhas. Também foram delimitadas algumas áreas próximas da área de estudo para instalação de equipamentos urbanos. Apesar da área de estudo estar enquadrada na ZCQU-A (Zona de Consolidação e Qualificação Urbana A) - com o maior índice de gabarito (16 pavimentos -, o trecho do entorno imediato está clas-sificado como AEBM (Área de Especial Interesse para Reestruturação Urbana da Beira-Mar), onde o número máximo de pavimentos é 6. Dentre outros índices para a fachada do entorno imediato da área de estudo e para o bairro do Kobrasol e Campinas segue nas tabelas abaixo: Parâmetros urbanísticos ZCQU-A e AEBM. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015).

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Áreas especiais de intervenção urbanística. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015). Áreas de especial interesse. Fonte: Plano Diretor Participativo São José (2015).

5.6 Levantamento de campo

A partir de um levantamento de campo foi possível identificar algumas questões urbanas na área de estudo e comparar os resultados com a proposta do Plano Diretor do município. Dentre os mapas elaborados estão: cheios e vazios, uso do solo e gabarito. Além disso, foi realizada uma pesqui-sa com a população, em forma de entrevista, a fim de levantar quais os principais pontos positivos e negativos da área de estudo, assim como o perfil dos usuários.

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5.6 .1 Cheios e vazios

O mapa de cheios e vazios destaca as edificações existentes em preto e os vazios em branco. Ao sul a ocupação é delimitada pelo mar, como também é delimitada pela duas vias: BR 101 a Oeste e pela BR 282 ao Norte, e a Leste é delimitado pela divisa de municípios com Florianópolis. O traçado das vias fica bem evidenciado pela malha quadricular dos bairros. Os grandes equipamentos também ficam ressaltados em comparação as demais edificações. O mapa apresenta uma considerável conso-lidação urbana, com poucos vazios urbanos restantes.

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5.6.2 Uso do solo

No mapa de uso do solo do entorno observa-se que os eixos viários estruturantes são também os eixos com predomínio do uso comercial e de serviços, sendo estas as edificações voltadas para a Avenida Presidente Kennedy, Avenida Acioni Souza Filho e Avenida Lédio Martins, principalmente. Ao longo da Avenida Acioni Souza Filho também se localizam uma série de edificações institucionais, a maior parte delas utilizadas pelo poder público. Observa-se um avanço do uso comercial e de serviços por justamente concentrar uma boa parcela dos empregos, mas também de moradias, já que atual-mente possui grande área ocupada por edificações residenciais. A fim de levantar o tipo de uso específico foi elaborado um mapa que apresenta o uso do solo da fachada que bordeia a área de estudo. Como citado anteriormente, a Avenida Acioni Souza Filho apresenta predominantemente comércios e serviços. Como também edificações de uso institucional e residencial em menor quantidade. Cheios e vazios. Fonte: elaborado pelo autor.

Apesar do entorno da área de estudo estar bordeada pelo uso comercial e de serviços, a maior parte das edificações ainda se apresenta como fundo de lote, com a frente voltada para a Avenida Presidente Kennedy, tendo em vista, que o aterro foi inaugurado em 2003. Porém, as no-vas edificações que estão surgindo não são mais como fundo de lote. No entorno também se lo-calizam parte dos grandes equipamentos, criando uma barreira visual com a Beira Mar. Den-tres eles se destacam os comércios voltados à Construção Civil como a Cassol Centelar, de lojas das redes varejistas (Casas Bahia, Ponto Frio, Koerich) e também de concessionárias (Fiat, Hon-da, Hyundai). Esse tipo de uso espefícico é também um dos atrativos comerciais dessa área.

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5.6.3 Gabarito

O Plano Diretor de 2004 apresenta um potencial construtivo de até 14 pavimentos na áreas de estudo, com exceção da borda da área de intervenção que é de 6 pavimento e 2 pavimentos em dire-ção ao bairro Praia Comprida. Porém, os dados do levantamento de campo demosntram que a área não se enquadra nessas características, apresentando o gabarito de até 3 pavimentos em boa parte do território, contando com algumas edificações isoladas com gabarito acima de 10 pavimentos, estas localizadas ao longo dos principais eixos. Porém, observa-se que as novas construções se enquadram no potencial costrutivo do plano diretor, demosntrando que a área deve apresentar um adensamento ao longo do tempo.

5.6.4 Problemáticas e potencialidades

Nos levantamentos de campo realizados foram observadas as dinâmicas da área de interven- ção na escala do pedestre. Desse modo, foi possível uma percepção mais próxima das relações inter-nas na área de intervenção. A Avenida Presidente Kennedy, paralela a Avenida Acioni Souza Filho que bordeia a área de es-tudo, hoje está configurada como uma barreira visual para a orla. De modo que são poucas e distantes as vias que ligam as duas avenidas. O Rio Araújo, que delimita os municípios de São José e Florianó-polis, já no trecho da área de estudo não apresenta a mata ciliar mínima, com edificações com fundos de lote voltadas para o rio. Isso demonstra a falta de preservação e gradativa poluição desse curso d’ água. O Pórtico do Rio Araújo está localizado na divisa de municípios, demarcando também uma descontinuidade do tratamento da orla, com grandes vazios urbanos. Observa-se que novas edifica-ções estão surgindo na Avenida Acioni Souza Filho, não mais como fundos de lote e com uso comercial principalmente. Foi realizado o levantamento de campo tendo como ponto inicial o Pórtico do Rio Araújo. Pró-ximo deste existe uma praça de estar, com playground e academia da saúde. Toda a orla da área de intervenção é demarcada por passeio e ciclovia, este sem continuidade com o entorno. Próxima a essa praça existe a sede dos pescadores, sem a devida estrutura e trapiche de apoio. Grandes áreas de estacionamento também ocupam a área de intervenção, localizadas próxi-mas a determinados usos. O Centro Multiuso também ocupa uma boa parcela da área, porém, com uso restrito e com grades, dificultando a apropriação deste espaço nos períodos sem eventos especí-ficos. Possui pouca relação com os usos próximos e possui como fundos a orla marítima. No decorrer do passeio e ciclovia ao longo da orla, são instalados alguns espaços de estar, com bancos e pergolado de madeira. Também se observa que em alguns trechos existem aberturas para o mar, aproximando-o, porém, sem um uma estrutura agradável para contemplação. A área de intervenção conta também com um Complexo Esportivo, com pista de skate, play- ground, cancha de bocha coberta, circuito para educação no trânsito, quadra poliesportiva (em re-forma), quadras de vôlei de praia e futebol de areia. Além disso, a Fundação de Esporte e Lazer está inserida próxima a esses usos, com oferta de diversas atividades para comunidade, dentre elas: Escoli-nha de Triathlon, Projeto Ciclista Cidadão, Beira Mar em Movimento. Na Fundação de Esporte e Lazer também são disponibilizas bicicletas para passeios na área. Em grande parte da Avenida Acioni a característica de fundo de lote, fica mais evidente com os muros altos, criando áreas inseguras e sem permeabilidade visual. Pelo fato da Avenida possuir um alto tráfego de automóveis, a travessia de pedestres e ciclistas é dificultada. Após o Complexo Esporti-vo existe uma grande área sem uso, com gramados e vegetações dispersas, porém, sem apropriação. Aproximadamente na metade da extensão da área de estudo se localiza uma área de mangue e diminuição da faixa de terra, tornando esta outra metade bastante estreita, contando apenas com o passeio e a ciclovia. Este trecho pela falta de equipamentos e usos diversos torna-se repetitivo. Ao longo da orla observa-se em alguns pontos lançamento de água para o mar, provenientes Gabarito. Fonte: elaborado pelo autor.

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de cursos d’ água canalizados. Ao final da área de intervenção está localizada uma sede dos pescadores e peixaria, sem infra-estrutura adequada e trapiche. Em frente, está localizada uma academia da saúde e o término da ciclovia e passeio. As edifi-cações que seguem possuem como fundo de lote o mar, e somente em alguns tre-chos se tem permeabilidade visual com a orla. Nota-se a presença de novas cons-truçõe ao fim da área de intervenção, com gabarito mais elevado e uso residencial. O empreendimento apresenta uma praça de iniciativa privada, com estares e quadras poliesportivas. Com a gradativa valoriza-ção da orla e criação de uma grande área para o lazer, observa-se um processo de especulação imobiliária.

Mapa de problemáticas. Fonte: elaborado pelo autor.

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Mapa de potencialidades. Fonte: elaborado pelo autor.

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5.6.5 Entrevistas

Foi realizado uma pesquisa online a fim de coletar informações dos usuários ou não da área de estudo em relação aos aspectos da Beira Mar de São José hoje e quais os pontos positivos e negativos que podem ser abordados numa intervenção urbana. Ao todo foram coletadas 40 respostas ao ques-tionário. Perfil dos entrevistados: todos os entrevistados residem na Região Metropolitana e possuem entre 17 e 50 anos. Sobre a utilização de espaços públicos: 89% dos entrevistados costumam frequentar espaços públicos. Abaixo os espaços públicos que utilizam normalmente e os critérios para a escolha: Beira Mar Estreito Beira Mar São José Beira Mar Norte Pista de caminhada, ciclovias Parques e praças Quadras esportivas, academia da saúde Segurança Conforto Conservação e limpeza Infraestrutura e usos diversos Paisagem Organização As perguntas e respostas das questões específicas da área de estudo seguem abaixo: 1. Você conhece a Beira Mar de São José - SC? Utiliza com qual frequência? Sim, diariamente Sim, uma vez por semana Sim, uma vez ao mês Sim, raramente Sim, nunca utilizei Não conheço 2. Considera a área de fácil acesso? R: 75% dos entrevistados consideram a área de fácil acesso. 3. Como normalmente você acessa a Beira Mar de São José? À pé De bicicleta De carro De ônibus Não frequento 4. Você sabia que a Beira Mar de São José está situada sobre uma área de aterro? R: 78,9% dos entrevistados sabiam que a área está situada sobe uma área de aterro. 5. Conhece o projeto Beira Mar em Movimento? R: 73,7% dos entrevistados não conhecem o projeto Beira Mar em Movimento e somente dois deles participam.

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6. Utiliza a Beira Mar de São José para qual finalidade? 10. Liste pontos positivos da área. R: Abaixo os pontos positivos levantados pelos entrevistados: Paisagem privilegiada Centro Multiuso Fácil acesso Diversas atividades Pista de caminhada, ciclovia, passeio Lugar calmo Proximidade do mar Espaço físico amplo Próximo ao bairro residencial Boa localização Proximidade com Kobrasol e Campinas Equipamentos de uso esportivo Rota de várias linhas de ônibus Aluguel de bicicletas Espaços de estar próximos ao mar Possui estacionamento Limpeza do local 12. Liste pontos negativos da área. R: Abaixo os pontos negativos levantados pelos entrevistados: Falta de manutenção Pouco sombreamento e arborização Relação com o mar subaproveitada Centro Multiuso Pouca pista de caminhada, afastada do movimento do bairro Falta elementos de transição entre as vias de automóveis para as áreas de lazer Falta de segurança, principalmente durante à noite Iluminação Espaço pequeno para bicicletas e patins Pouca área verde Poluição do mar Alto número de veículos Falta opções de lazer Acesso ruim O acesso dos veículos é o mais frequente/convidativo Calçadas próximas as vias de trânsito rápido Lazer esportivo Lazer contemplativo Lazer recreativo Lazer cultural (eventos, palestras) Não utilizo Outros 7. Avalie a qualidade dos equipamentos existentes. Ótima Boa Regular Ruim Péssima 8. Os equipamentos e atividades oferecidos são suficientes? R: 68,6% dos entrevistados consideram que os equipamentos e atividades oferecidos atualmente não são suficientes. 9. Quais tipos de equipamentos gostaria que existissem na Beira Mar de São José? Quadras poliesportivas Mirante Área verde (arborização, gramados) Cafés e restaurantes Trapiche Centro de Cultura

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Barulho do entorno Acesso dos pedestres pelo estacionamento Faltam opções de caminhos para pedestres Áreas muito amplas sem arborização Falta cantinas, lanchonetes, cafés Muito espaço para carros Pouca utilização do espaço Poucas lixeiras Pequeno em largura Espaço mal aproveitado Congestiona em alguns horários Pouca relação mar/bairro O resultado da pesquisa foi bastante satifastório, tendo em vista a diversidade de respostas e levantamento de questões pertinentes na área de estudo. Nota-se uma carência de espaços livres públicos pela população e que o quesito segurança, diversidade dos usos e paisagem são os que mais influenciam na escolha de utilização de um espaço livre público. Outro dado interessante é que a maior parte das pessoas que utilizam a Beira Mar atualmente chega ao local de carro, apesar do gran-de número de linhas de transporte coletivo que passam pela área de estudo. Como também a maior parte dos entrevistados não conhecerem projetos voltados ao público, como o Projeto Beira Mar em Movimento que promove atividades esportivas e culturais.

Além disso, foram levantados alguns tipos de equipamentos que a população gostaria que existissem na Beira Mar, dentre eles os com maior porcentagem é a falta de área verde (arborização, gramados para piqueniques), a inexistência de equipamentos de apoio como cafés e restaurantes, a falta de trapiches e mirantes que promovam uma aproximação maior ao mar, entre outros.

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6. DIRETRIZES GERAIS

6.1 Espaços públicos ao longo da orla Ao longo da orla e próximo a área de estudo propõem-se como diretriz geral uma rota de es-paços públicos de lazer. O mapa abaixo apresenta um recorte de possíveis locais para implantação e revitalização da orla marítima. Rota de espaços públicos de lazer ao longo da orla. Fonte: elaborado pelo autor. No recorte acima, os pontos Praia Balneário de Guararema, Centro Histórico de São José e Par-que Beira Mar de São José (área de estudo) se localizam no município de São José e os demais: Parque Abraão, Itaguaçu e Parque de Coqueiros se localizam em Florianópolis. Este recorte representa uma proposta de ampliação de espaços públicos na orla das cidades como um todo, voltando a cidade para o mar, associado a um desenvolvimento econômico e valorização da paisagem. No ano de 2016 foi inaugurado na Praia Balneário Guararema um trapiche e também uma revi- talização da orla, contando com um deck, quadra de vôlei de praia, academia e mobiliário urbano, in-vestimentos estes feitos pela Prefeitura. O Centro Histórico de São José foi enumerado como um ponto potencial principalmente pelo patrimônio histórico e cultural ali presentes. Em 2014 foi realizado um Concurso de Arquitetura e Urbanismo propondo a Requalificação Urbanística do Centro Histórico de São José, onde foram levantados diversos aspectos sobre o crescimento e constante transformação das cidades e como preservar seu o patrimônio histórico-cultural. Deste modo, uma das diretrizes gerais da proposta vencedora do concurso é uma conexão mais ampla do Centro Histórico com outros pontos da cidade, sendo um destes o novo centro de São José. No ano de 2016 também foi apresenta-do o anteprojeto pontos da cidade, sendo um destes o novo centro de São José. No ano de 2016 também foi apresenta-do Parque pontos da cidade, sendo um destes o novo centro de São José. No ano de 2016 também foi apresenta-do Abraão pelo IPUF. A proposta prevê a construção de pista de caminhada e ciclovia, equipamentos de ginástica, quadra poliesportiva, pista de skate, campo de futebol e horta comunitária. O projeto é uma reinvidicação antiga dos moradores e será implantado através de uma parceria entre iniciativas privada e pública. Itaguaçu conta com um calçadão ao longo da orla, deck e mobiliário urbano, faz parte de uma continuidade da rota gastronômica que se inicia em Coqueiros. Já o Parque de Coqueiros possui pista de caminhada, quadras de esporte, parque infantil, academia ao ar livre, assim como espaços sombre-ados e de estar, outro atrativo desta área é a rota gastronômica. Por fim, a área de estudo se apresenta como uma das maiores em metragem quadrada, in-serida próxima a uma área urbana consolidada e com grande concentração de empregos na Região Metropolitana. Grande parte dos pontos indicados no mapa possuem um caráter de espaço público na escala de bairro, com exceção do Parque de Coqueiros. Tendo isso em vista, as propostas que nortea-ram o projeto do Parque na Beira Mar de São José foram desenvolvidas imaginando um uso na escala Metropolitana. 6.2 Mobilidade urbana Outra proposta é uma implantação de um conjunto de modais de transporte integrados, prio-rizando o transporte coletivo. É proposto a integração dos modais: transporte marítimo, BRT (Buss Rapid Transit), corredores de ônibus e rede cicloviária. O mapa abaixo apresenta uma proposta de localização das plataformas do transporte marítimo. Proposta de localização das plataformas de transporte marítimo. Fonte: elaborado pelo autor.

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PARQUE URBANO NA BEIRA MAR DE SÃO JOSÉ

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6. DIRETRIZES GERAIS

As plataformas de transporte marítimo foram localizadas próximas de áreas urbanas conso-lolidas e dos eixos estruturantes do sistema rodoviário. Essas plataformas estariam integradas com outros modais de transporte, mas também fazendo a ligação com ônibus comuns que farão os trajetos municipais e mais curtos dentro das cidades. Abaixo proposta de transporte público integrado: Proposta de transporte integrado. Fonte: elaborado pelo autor. O mapa acima apresenta uma proposta de transporte público integrado, através das rotas de BRT, corredor de ônibus exclusivo e transporte marítimo, também estão descatados as plataformas de integração, uma destas localizada na área de estudo. O BRT foi inserido nos eixos estruturantes, em trechos de trânsito rápido, sem muitas interrupções. Na porção continental: BR 101, Via Expressa (BR 282) e na Avenida Acioni Souza Filho (avenida que bordeia a área de estudo), esta incluída como uma rota alternativa do BRT, passando por bairros de maior densidade e que concentram boa parte dos empregos na Região Metropolitana, além de ser uma das rotas de ônibus mais utilizadas vindos de outros bairros de São José, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz, principalmente. Outra justificativa é a implantação um Parque nesta área e a integração com o modal do transporte marítimo. As demais vias estruturantes foram classificadas como corredor de ônibus exclusivo, salientando a priorização do transporte público. Já na porção insular de Florianópolis foi destacado a rota do BRT que também foi inserida nas principais vias de transporte. Destaca-se também que atualmente estão sendo realizados estudos relativos a viabilidade do transporte marítimo na Região Metropolitana, sendo que uma das linhas experimentais de ligação do continente com a Ilha de Santa Catarina, está inserida uma estação na Beira Mar de São José e outra nos fundos do Centro Sul em Florianópolis. A estimativa da BBBarcos é que esta travessia dure cerca de 12 minutos, tempo bem abaixo comparado ao trajeto rodoviário em horários de pico hoje, por exemplo. 6.2.1 Costura urbana com a área consolidada A fachada do entorno imediato do Parque possui poucas conexões diretas, em parte devido a característica de fundo de lote ainda presente, fazendo com que boa parte desta fachada seja murada e sem permeabilidade visual com a área urbana consolidada. O mapa abaixo apresenta as diretrizes de mobilidade e costura urbana na escala do bairro e no entorno imediato do Parque. Diretrizes gerais, costura urbana. Fonte: elaborado pelo autor. O mapa acima apresenta as diretrizes na escala do bairro e a proposta de costura urbana com o Parque. Neste mapa está delimitado também a integração do transporte público com a rede ciclo-viária, que está presente nos principais eixos estruturantes e de ligação com outros bairros próximos. Além disso, está demarcado as praças existentes nos bairros Kobrasol e Campinas e a integração destas A3

Referências

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