• Nenhum resultado encontrado

O ensino municipal de Belém-PB: um olhar diferenciado para o multisseriado

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O ensino municipal de Belém-PB: um olhar diferenciado para o multisseriado"

Copied!
60
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES. ROSE MERRI DANTAS DE ASSIS SOARES. O ENSINO MUNICIPAL DE BELÉM um olhar diferenciado para o multisseriado. GUARABIRA - PB 2014.

(2) ROSE MERRI DANTAS DE ASSIS SOARES. O ENSINO MUNICIPAL DE BELÉM um olhar diferenciado para o multisseriado. Monografia apresentada ao Curso de Especialização Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em convênio com Escola de Serviço Público do Estado da Paraíba, em cumprimento à exigência para obtenção do grau de especialista.. Orientador: prof. Msc. Leandro Paiva do Monte Rodrigues.. GUARABIRA - PB 2014.

(3)

(4)

(5) DEDICATÓRIA. Dedico este trabalho a meu esposo, Carlito e a Thiago e Priscilla pela excelência como filhos e pelo exemplo de juventude sadia, nessa conturbada sociedade de hoje. Dedico com orgulho, a Osvany Sales, pelo exemplo ímpar de excelente pai. Dedico a Cristina Dantas, minha mãe, pelo incentivo e pelo apoio em tudo que preciso realizar na minha vida. Dedico ao meu orientador, Leandro Paiva, pela competência, pela firmeza no que faz e pela compreensão na condução dos trabalhos, dons exclusivos do verdadeiro mestre. Dedico, sobretudo e bastante emocionada, ao meu Deus, pela cura de um câncer de mama..

(6) Sois o meu Deus, venho agradecer-vos Salmo 117:28.

(7) AGRADECIMENTOS. Agradeço à Secretaria de Educação de Belém-PB e aos seus membros que aceitaram colaborar com este estudo, concedendo as entrevistas que serviram de suporte para o desempenho deste trabalho: o Secretário, a Secretária Executiva, a Secretária Adjunta, a Coordenadora do EJA, a Coordenadora do PNAIC do 1º ao 3º ano, aos professores, gestores escolares e alunos municipais. A todos nosso abraço de profundo agradecimento. Agradeço aos participantes das gincanas da escola Márcia Guedes, professores e alunos, pelas informações prestadas. Agradeço à minha cunhada Patrícia por colaborar sempre que precisei. Agradeço à professora Cristina Dantas por disponibilizar seu acervo bibliotecário particular para a realização da pesquisa. Agradeço ao Oficial do Registro Civil do Cartório de Belém, o Sr. Osvany Sales de Assis pelas informações prestadas na correção dos nomes próprios de pessoa. Agradeço à Sra. Maria Eunice pelas informações sobre a família do Sr. Manoel Batista. Agradeço ao radialista Valter Batista da Rádio Talismã pelas informações cedidas. Agradeço a Cleidson, funcionário do Cartório do Registro Civil, pela paciência e dedicação na digitação dos textos. Enfim, agradeço a todos, que de uma forma ou de outra, colaboraram para o êxito deste exercício. A todos o meu maior e mais sincero reconhecimento..

(8) O principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram Jean Piaget.

(9) RESUMO Este trabalho trata da educação do município de Belém, estado da Paraíba, tendo como base o ensino rural e como foco um olhar diferenciado para o ensino multisseriado, porque todas as escolas da zona rural do município funcionam nessa modalidade de ensino. A pesquisa literária procurou explicar conceitos polissêmicos como cultura e educação. Pesquisaram, também, ruralidade e a dicotomia urbano x rural, termos que neste contexto se fazem necessários para a condução e compreensão desta investigação. A pesquisa entrevistou secretários de educação, coordenadores de programas educacionais (EJA, PNAIC, etc.), pedagogos, gestores escolares, professores e alunos. O nível de qualificação dos professores da rede municipal de Belém é uma realidade, incontestavelmente, significativa. Num total de 239 professores apenas 4 estudam, ainda, o Ensino Médio, os demais estão assim distribuídos: 58 com Pós-Graduação, 90 com Licenciatura Plena, 37 com o Curso Normal e 40 com o Ensino Médio. Todas as escolas, tanto urbanas quanto rurais, têm Conselho Escolar, Projeto Pedagógico e Regimento Interno. Em termos gerais o ensino municipal de Belém vem, mostrando consideráveis avanços e procurando cumprir os ditames do MEC. Todos os entrevistados foram unânimes em desaprovar o ensino multisseriado. A heterogeneidade dessa modalidade é vista pelos educadores como um ensino de segunda categoria e de difícil organização didático-pedagógica. Essa dificuldade gera incompetência na aprendizagem do Ensino Fundamental I da zona rural dificultando o acompanhamento dos conteúdos do Fundamental II, do ensino regular, oferecido na escola urbana. A Secretária Executiva da Educação, quando entrevistada, apresentou como sugestão para este caso, a criação de Centros Educacionais na zona rural. Esses Centros ofereceriam condições para formar turmas por ano/série de estudo. Extinguiria o ensino multisseriado – educação do campo e, consequentemente, corrigiria a deficiência do ensino da zona rural que, então, passaria a funcionar como ensino regular. Todos os entrevistados concordam com a construção dos Centros por acreditar que solucionariam o problema da incompetência do ensino-aprendizagem da zona rural. É importante que se repense o caso porque o sujeito do campo, enquanto estudante, enquanto pessoa que se prepara para o futuro não merece tratamento educacional diferenciado e discriminatório.. PALAVRAS-CHAVE: ensino multisseriado. cultura. educação..

(10) ABSTRACT. This work talks about the education in the city of Belém, state of Paraíba, it has as a basis the rural teaching and as a focus a differentiated look for the multigrade teaching, because all the rural schools of the city of Belém work in this educational modality. The literary research tried to explain polysemyc concepts, like culture and education. It also researched thr rurality and the dichotomy urban X rural, terms that in the context are necessary to conduct and comprehend this investigation. The survey polled education secretaries, coordinators of educational programs (EJA, PNAIC, etc.), pedagogues, school managers, teachers and students. The qualification level of the municipal network of Belém is a reality, undoubtedly, significant. In a total of 239 teachers only 4 are still studying high school, the others are distributed this way: 58 pos graduated, 90 graduated licentiate, 37 with Normal Course e 40 with a High School diploma. All the public municipal schools have quality meals, schools transportation, didatic material; teachers and staff members with the fees on time. All the schools, both urban and rural, have a School Council, Pedagogic Project and Intern Regiment. In general terms the Municipal education in Belem comes, differently from the past, showing considerable progress, and trying, as far as possible, conform to the edicts of MEC. All the people interviewed were unanimous in disapproving the multigrade teaching. the heterogeneity of this modality is seen by educators as a second-class teaching and of hard didacticpedagogic organization. This difficulty creates incompetence of learning in the Elementary School I of the rural area, making difficult the accompaniment of the contentes of the Elementary II of the regular teaching, offered in urban schools, The Executive Secretary of Education, when interviewed, presented as a suggestion for this case, the creation of Educational Centers in the countryside. These centers would provide conditions to form classes per year/ series of study. They would extinguish the multigrade teaching in the countryside, and consequently correct the deficiency of theaching in the countryside, then, they would function as regular education. All the people interviewed agree with the construction of the Centers because they believe that would solve the problem of lack of teaching and learning in the rural areas. Its important to rethink about the case because the man of the coutryside, as a student, as a person that is preparing to the future, doesn´t deserve a discriminatory and differentiated educational treatment.. KEY-WORDS: multigrade teaching 1; cultura 2; education 3; rurality 4; municipal teaching 5..

(11) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 10 2 UMA REFLEXÃO SOBRE CULTURA ........................................................................................ 14 2.1 O que é cultura ....................................................................................................................... 14 2.2 Duas regiões, duas culturas ............................................................................................... 17 2.2.1 Breve conceituação de rural ....................................................................................... 17 2.2.2 Cultura urbana e cultura rural ..................................................................................... 19 3 METODOLOGIA ............................................................................................................................. 23 4 EDUCAÇÃO .................................................................................................................................... 25 4.1. Mestres e Pensadores da Educação .............................................................................. 28 5 O MUNICÍPIO DE BELÉM ............................................................................................................ 30 5.1. Caracterização do município de Belém. ......................................................................... 30 5.2. Manifestações culturais ...................................................................................................... 30 5.3. Aspectos da história do município .................................................................................. 33 5.4. A questão educacional........................................................................................................ 33 6 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................................. 37 6.1 O sistema de ensino rural do município de Belém: o que diz a Secretaria de Educação. ....................................................................................................................................... 37 6.2 Visita às escolas do campo ................................................................................................ 42 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 55.

(12) 10. 1 INTRODUÇÃO O pressuposto básico deste trabalho é alertar sobre a questão preocupante que aponta para a falta de equidade entre o ensino-aprendizagem das escolas da zona urbana e o ensino-aprendizagem das escolas da zona rural, tendo como foco o Ensino Multisseriado. Sabe-se que no Brasil os conteúdos programáticos são assegurados por Lei a todas as escolas do território nacional, inclusive aos povos indígenas. Veja-se Saviani (2008). [...] Universalizar, imediatamente, a adoção das Diretrizes para política Nacional de Educação. Universalizar, em dez anos, a oferta às comunidades indígenas, e programas educacionais equivalente às quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, respeitando seus modos de vida, suas visões de mundo e as situações sociolinguísticas especificas por elas vivenciadas. (SAVIANI, 2008, p. 215).. Já se discute hoje uma base nacional comum curricular (Nova Escola, setembro, p. 30-35, 2014). [...] A definição de quais conteúdos ensinar e do que é desejado que os estudantes saibam é influenciado por diferentes referências. Buscando solucionar a questão, O Ministério da Educação (MEC) convocou pesquisadores, formadores de professores e representantes de associações como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e a Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped). O grupo vem se reunindo periodicamente para criar a base nacional comum dos currículos, um descritivo de conteúdos e saberes necessários para cada ano e segmento da Educação Básica. [...] (camila.camilo@fvc.org.br).. Ao longo das pesquisas, apresentadas no corpo deste trabalho, fica suficientemente, provado que a questão preocupante a que nos referimos.

(13) 11. anteriormente e que aqui se pretende esclarecer, não advém de nenhum impasse sobre a universalização dos conteúdos programáticos. As pesquisas mostram o dilema existente entre urbano e rural. O homem urbano sempre tomado como pessoa polida, fina, educada, desenvolvida, culta, rica, etc. Em oposição, o homem do campo tomado como caipira, malcriado, tolo, abestalhado, rude, descortês, inurbano, rústico, pobre, etc., enfim um rural. Diz Frabetti (2006, p. 146) que o campo e a cidade são produtos da ação das sociedades humanas, apesar de ocasionalmente poderem se encontrar em oposição no interior dessas mesmas sociedades. No entanto “o campo representa o isolamento e a dispersão e a cidade, o encontro e a aglomeração; a centralidade”. Entende-se que “essas características são forças produtivas combinadas e investidas no processo mais amplo de reprodução e transformação da totalidade social”. (FRABETTI, 2006 p. 146). Pela realidade acima exposta há de se convir que a escola urbana sempre foi diferenciada da escola rural. A zona urbana sempre com mais propriedade de escolarização, favorecida pela questão da aglomeração, da centralidade. Quer se entender, partindo dessa compreensão, e do que vem explicitado ao longo da pesquisa bibliográfica e das entrevistas, que a grande dificuldade de escolarização na zona rural, dificuldade que, de certa forma, se arrasta até hoje, concorreu para o analfabetismo do sujeito do campo, bem assim, para a questão de que os moradores da zona rural fossem vistos e tidos como pessoas sem cultura e marginalizadas socialmente. Em tudo fica evidente a superioridade do urbano sobre o rural. Assim o rural tenderá a ser definido, em princípio, pela carência, o que não pode ser considerado um critério adequado sob qualquer ponto de vista..

(14) 12. Este trabalho inicia sua pesquisa buscando esclarecer conceitos polissêmicos como cultura e educação. Procurou-se, também, aprofundar os conhecimentos sobre outras questões igualmente necessárias à explanação e compreensão deste estudo, como por exemplo: cultura rural e cultura urbana e as dicotomias urbano x rural, dentre outras, igualmente necessárias à construção de uma lógica capaz de levar a uma explicação lúcida sobre a modalidade de ensino multisseriado, também tratado como educação do campo, foco de maior interesse neste e deste trabalho. Ao se pesquisar os impactos entre o meio urbano e o meio rural veja-se o que afirma Abramovay, (1998): “Sé o meio rural for apenas a expressão, sempre minguada, do que vai restando das concentrações urbanas, ele se credencia, no máximo a receber políticas sociais que compensem sua inevitável decadência e pobreza” (ABRAMOVAY, 1998, p. 3). Falou-se, ainda, sobre o município de Belém-PB, dando um rápido enfoque na sua história e nas suas manifestações culturais. Não se podia omitir um toque nesta questão. Como já foi citado neste trabalho, Belém, um município de extensão geograficamente limitada e uma população mínima de aproximadamente 17.083 habitantes (IBGE 2010) vem se destacando pelos talentos artístico–culturais; aptidões naturais do povo da terra. O que justifica essa abordagem, neste momento do trabalho, é que esses talentos alcançam alunos tanto da escola da zona rural como da escola da zona urbana. Estudantes deste município já se projetam internacionalmente. Alguns foram descobertos em gincanas escolares. As entrevistas mostraram que o nível de qualificação dos Secretários de Educação,. dos. orientadores,. professores. e. gestores. escolares,. é. consideravelmente, significativo. Dos 239 professores apenas 04 estudam, ainda, o.

(15) 13. Ensino Médio, 58 têm Pós-Graduação, 90 têm Licenciatura Plena, 37, o Curso Normal e 40 o Ensino Médio completo. Todas as escolas têm prédio próprio, merenda, transporte escolar, material didático, e todos os professores e funcionários trabalham com os salários em dia. Todas as escolas do município têm Conselho Escolar, Projeto Pedagógico e Regimento Interno..

(16) 14. 2 UMA REFLEXÃO SOBRE CULTURA As diversas formas de conceituar o termo cultura podem se resumir, inicialmente, como sendo os aspectos de uma realidade social. Muitos associam a palavra cultura à ideia, apenas, de educação escolarizada. Quando se fala em cultura a primeira representação mental é remetida a área do conhecimento. Cultura não é um termo fácil de se conceituar; está sempre relacionado à educação, à sociologia, à antropologia, às artes, à filosofia, à psicologia e às teorias da comunicação. 2.1 O que é cultura Houaiss (2001, p. 888) 1 AGR ação, processo ou efeito de cultivar a terra; lavra, cultivo (c. do solo) 1.1 p.met. AGR parte cultivada de um sítio, unidade produtiva ou região 1.2 p.met. AGR produto de tal cultivo; plantação, criação ou desenvolvimento com cuidados especiais (c. do feijão, de rosas, do bicho-da-seda) 2 AGR m.q. CULTIVO (‘produção com técnicas especiais’) 3 BIO cultivo de célula ou tecido vivos em uma solução contendo nutrientes adequados e em condições propícias à sobrevivência 4 criação de alguns animais (c. de moluscos, de peixes) 5 fig. o cabedal de conhecimentos, a ilustração, o saber de uma pessoa ou grupo social (estudioso, possuía uma vasta c.) 6 ANTRPOL conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes, etc. que distinguem um grupo social cf. contracultura 7 forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais (de um lugar ou período específico); civilização (c. clássica) (c. muçulmana) 8 complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belasartes, ciências humanas e afins (um governo que privilegiou a c.) c. alternativa ANTRPOL SOC na sociedade de consumo, tendência a assumir atividades, linguagens, costumes, etc. que contrariam real ou supostamente (esp. do ponto de vista da produção ou do consumo) os padrões culturais estabelecidos (os hippies dos anos de 1960 procuraram criar uma c. alternativa). *c. de massa SOC 1 universo de formas culturais (p. ex., música, literatura, cinema) selecionadas, interpretadas e popularizadas pela indústria cultural e meios de comunicação de massa para disseminação junto ao maior público possível; indústria cultural 2 pej. conjunto de atitudes, linguagens, conhecimentos e costumes assim induzidos, que tendem freq. à estereotipagem e à simplificação e buscam satisfazer indiretamente interesses de determinados grupos sociais; indústria cultural. *c. erudita ANTRPOL SOC conjunto de conhecimentos acumulados e socialmente valorizados, que constituem patrimônio da sociedade. *c. física aprimoramento regular do organismo mediante a prática do esporte, da ginástica. *c. oficial ANTRPOL SOC.

(17) 15. conjunto de atitudes, linguagens, conhecimentos, costumes etc. explícita ou implicitamente difundidos e estimulados pelos meios de comunicação mantidos ou utilizados pelo Estado e suas autoridades constituídas. *c. popular ANTRPOL SOC m.q. FOLCLORE (‘conjunto de costumes’) ETIM lat. Cultura,ae ‘ação de cuidar, tratar, venerar (no sentido físico e moral)’ [...]. Aurélio Buarque (1975, p. 409) Cultura (Do lat. Cultura) s. f. 1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2. Cultivo (2). 3. O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade; civilização: a cultura ocidental; a cultura dos esquimós. 4. O desenvolvimento de um grupo social, uma nação, etc. que é fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento desses valores; civilização, progresso: A Grécia do sec. V. a. C. atingiu o mais alto grau de cultura de sua época. 5. Atividade e desenvolvimento intelectuais; saber, ilustração, instrução: ministério da Educação e Cultura; a cultura do espirito. 6. Apuro, esmero, elegância. 7. Criação de certos animais, em particular os microscópicos: cultura de carpas; cultura de germes. * Cultura física. Desenvolvimento sistemático do corpo humano por meio de ginástica e desportos.. Como se pode observar, o termo cultura tem um conceito abrangente, entretanto, a maioria das pessoas entende que a palavra cultura remete, apenas, à ideia de educação escolarizada, conforme já foi dito acima. Cultura, como é sabido, está ligado, principalmente, a tudo que é produzido a partir da inteligência humana. Boas (1964, p. 166) considera que a cultura é “a totalidade das reações e atividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos indivíduos que compõem um grupo social”. Assim deve-se destacar: A necessidade de sermos tolerantes com as diferenças, por perceber que o outro não é inferior, mas pode ser uma fonte de novas opiniões. Assim, cada povo traça sua própria história, uma ideia pioneira nas discussões sobre igualdade social que contrapôs a hegemonia teórica de seu tempo e se estendem até nossos dias. (ARAÚJO, 2009, p. 26).. Portanto, as palavras de Celso Castro, organizador e tradutor da obra Antropologia Cultural de Fraz Boas, explica seu entendimento:.

(18) 16. A concepção humana boasiana de cultura tem como fundamento de que cada ser humano vê o mundo sob a perspectiva da cultura em que cresceu – em uma expressão que se tornou famosa, ele disse que estamos acorrentados aos “grilhões da tradição”. (BOAS, 2004, p. 18). Em. 1952, o. antropólogo. Alfredo. Kroeber. em uma. pesquisa. coletou, aproximadamente, cerca de 200 definições para o conceito de cultura. Uma pesquisa hoje poderia catalogar milhares. Portanto pode-se afirmar que cultura é um conceito polissêmico, ou seja, possui uma multiplicidade de sentidos que variam de acordo com o contexto (ARAÚJO, 2009). A fim de oferecer uma noção mais clara do significado de cultura, seguem agrupadas algumas definições em categorias. Em cerca de vinte e sete páginas de seu capítulo sobre o conceito Kluckhohn conseguiu definir cultura como: (1) o modo de vida global de um povo; (2) o legado social que o indivíduo adquire do seu grupo; (3) uma forma de pensar, sentir e acreditar; (4) uma abstração do comportamento; (5) uma teoria, elaborada pelo antropólogo sobre a forma pela qual um grupo de pessoas se comporta realmente; (6) um celeiro de aprendizagem em comum; (7) um conjunto de orientações padronizadas para os problemas recorrentes ; (8) comportamento aprendido; (9) um mecanismo para a regulamentação normativa do comportamento; (10) um conjunto de técnicas para se ajustar tanto ao ambiente externo como em relação aos outros homens; (11) um precipitado da história e voltando-se para o desespero, para as comparações, como um mapa, como uma peneira e como uma matriz (GEERTZ, 2008, p. 4).. Diferente dos teóricos anteriores Geertz traz a proposta de cultura como um mecanismo de controle do comportamento e, com o intuito de integrar os conceitos, defende e propõe duas ideias: A primeira delas é que a cultura é melhor vista não como complexos de padrões conceitos de comportamentos – costume, usos, tradições, feixes de hábitos – como tem sido o caso até agora, mas como um conjunto de mecanismos de controle – planos, receitas, regras, instruções (o que os engenheiros de computação chamam de ‘programas’) para governar o comportamento. A segunda ideia é que o homem é precisamente o animal mais desesperadamente dependente de tais mecanismos de controle, extragenéticos, fora da pele, de tais programas culturais, para ordenar o seu comportamento (GEERTZ, 2008, p. 32-33)..

(19) 17. Não seria conveniente falar em cultura sem apresentar o que ficou estabelecido na Constituição Federal Brasileira de 1988, Art. 216 que apresenta uma versão bastante objetiva: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-cultural; V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.. É impossível, então, retratar, segundo Cuche (2002, p. 18), a história da palavra cultura, devido a tantos significados diferentes. O importante é tomar consciência de que a palavra foi e continua a ser aplicada a diversas realidades.. 2.2 Duas regiões, duas culturas. 2.2.1 Breve conceituação de rural Antes de adentrar sobre o estudo da cultura rural, achou-se conveniente ressaltar que o conceito de rural é outro tema que os estudiosos pensam de maneira divergente e que cada país tem critérios bastante distintos. Frabetti (2006, p. 146), por exemplo, diz que o campo produtos da ação das sociedades. humanas.. e a cidade são. Diz, entretanto, que “o campo. representa o isolamento e a dispersão, já a cidade representa o encontro e a aglomeração; a centralidade”. A crítica à dicotomia urbano x rural só encontrou eco no cenário sociológico com o fortalecimento e a solidificação da sociologia rural, que só ganhou.

(20) 18. tal especificação devido a uma fraqueza momentânea do capitalismo. Esta área da sociologia evidencia que a relação entre rural e urbano nem sempre foi vista com foco somente em seus contrastes. Ao se questionar se existe um método que possa definir o meio rural sem levar em conta seu desenvolvimento como sinônimo de urbanização ou seja, sua relação com as cidades, Abramovay (1984, p. 4) afirma que são bastante claros os impactos políticos que respondem a esta pergunta teórica “Se o meio rural for apenas a expressão, sempre minguada, do que vai restando das concentrações urbanas, ele se credencia, no máximo, a receber políticas sociais que compensem sua inevitável decadência e pobreza” (ABRAMOVAY, 1998, p. 3). Se pensamos diferente, verificamos que se as regiões rurais tiverem a capacidade de preencher funções necessárias a seus próprios habitantes e também às cidades, mas que estas próprias não podem produzir, então a noção de desenvolvimento poderá ser aplicada ao meio rural. (ABRAMOVAY, 1998, p. 3) Para Abramovay (1998, p. 4), a demarcação do rural pode ser entendida de três formas: a) A delimitação administrativa é usada no Brasil e, na América Latina também no Equador, na Guatemala, em El Salvador e na República Dominicana. As principais restrições que se pode fazer a esta abordagem podem ser assim resumidas: 1. o rural é definido, ao menos em parte, ao arbítrio dos poderes públicos municipais, em que as consequências fiscais da definição acabam sendo mais importantes que seus aspectos geográficos, sociais, econômicos ou culturais; 2. desde que haja extensão de serviços públicos a um certo aglomerado populacional, ele tenderá a ser definido como urbano: é assim que, no Brasil, as sedes de distrito com algumas centenas ou dezenas de casas são definidas como urbanas; 3. o rural tenderá a ser definido, em princípio, pela carência, o que não pode ser considerado um critério adequado sob qualquer ponto de vista. b) Há países em que o peso econômico na ocupação de mão-deobra da agricultura é o principal critério para a definição de ruralidade. Em Israel são urbanas as localidades onde 2/3 dos chefes de famílias exercem ocupações não agrícolas..

(21) 19. No Chile, além do patamar populacional (1.500 habitantes) a localidade rural deve ter menos de 50% de seus habitantes ocupados em atividades secundárias (ABRAMOVAY, 1998, p. 4). 2.2.2 Cultura urbana e cultura rural Conceito de Urbano (Houaiss, 2001, P. 2.809) urbano adj. 1 Dotado de urbanidade; afável, civilizado, cortês 2 relativo ou pertencente à cidade, ou que lhe é próprio (política u.) (paisagem u.) (transporte u.) 3 que tem caráter de cidade (ajuntamento u.) 4 que ou o que vive na cidade, tem ocupação e hábitos típicos da vida da cidade (população u.) (casou-se com um u.) p.opos. a rural. ETIM. Lat. urbanus, a, um da cidade, urbano, fig, polido, fino; SIN/VAR ver antonímia de malvado, caipira, malcriado e tolo e sinonímia de meganha ANT abestalhado, descortês, inurbano, rural, rústico; ver tb, antononímia de caipira, malcriado e tolo. (HAUAISS, 2001). Como se pode ver a palavra urbano vem do latim e significa “o que é próprio da cidade”. Considere-se, portanto, que a cidade é um polo onde se reúnem ou podem se reunir diversidades de etnias, interesses e classes. Seus habitantes podem se tornar agentes culturais ativos, que tanto acrescentam como modificam o ambiente cultural onde vivem. Vendo-se por esse ângulo cultura urbana pode ser conceituada como uma mesclagem de culturas, como a expressão de grupos que desenvolvem suas atividades e ações na rua, nos bairros, em espaços públicos, criando novas possibilidades e novas sociabilidades. Tudo depende da região e do povo que nela habita que precisa se organizar para poder viver e estabelecer sua identidade. Assim, consequentemente, surgirão pontos de interesse que remetem ao resgate da cidadania trabalhando, inclusive, com a formação do indivíduo. A cultura urbana se populariza, cria características fortes, a ponto de não poder mais ser ignorada. É importante que a cultura urbana de cada região seja considerada como cultura e forma de organização social. Convém destacar que a urbanização desfaz os laços simbólicos ligados à vida comunitária rural e os vinculados à nobreza, surgindo, juntamente com a.

(22) 20. Revolução industrial, a cultura de massa, tornando o país cada vez mais urbano. Para Rosas (2010, p. 22) com a divisão social e territorial do trabalho, teve começo essa dicotomia do rural e urbano. A partir dessas comunidades agrárias, surgiram as cidades, frutos dessa divisão. É evidente, também, que o avanço do processo de urbanização tem modificado muito o espaço rural em diversas partes do país e do mundo, principalmente, nas proximidades dos centros urbanos. Dado o distanciamento criado entre os dois espaços (urbano-rural) parece evidente a necessidade irreal de que aquilo que é definido como rural deve ser urbanizado. Isto geralmente acontece porque o capitalismo ressalta marcadamente a semelhança do rural com o atraso e do urbano com a evolução. Ora, se o sistema econômico vigente coloca tamanho equivoco como uma verdade, a mídia reproduz a ideia nas áreas rurais, despertando nos seus sujeitos um falso desejo de progresso, materializado por meio da migração para os grandes centros urbanos. Despertar a população rural a migrar para os grandes centros urbanos em busca de uma vida civilizada significa estimular o crescimento da miséria e violência nestes espaços. Estas iniciativas geralmente e consequentemente concorrem para a expansão das favelas e desordem urbana, levando a antiga população rural a viver de forma subumana nos centros tidos evoluídos e civilizados. Portanto, essas pessoas não estão se urbanizando, mas se desrulalizando, já que não vivem os padrões da urbanização (água, esgoto, energia elétrica, asfalto, telefone, televisão, entre outros), e criam uma nova fronteira entre o urbano e o rural, denominadas regiões deprimidas ou estagnadas, não sendo considerada urbana nem rural, mas uma nova área de subterfúgio de marginalizados do meio urbano e principalmente do rural. Essas transformações ocorrem em um palco específico, a natureza, um espaço construído historicamente, moldado de acordo com os interesses das sociedades de cada época e de cada lugar (ROSAS, 2010. P. 36-37).

(23) 21. Falando-se aqui do espaço rural, incluem-se sua população, sua cultura e seu meio ambiente. Assim, na relação entre áreas rurais e urbanas, deve ser garantido o respeito às relações sócio-econômicas e culturais. Com isso “a passagem de uma comunidade rural para outra urbana se realiza de maneira gradual, de tal modo que entre o urbano e a ruralidade não há uma ruptura e sim uma continuidade” (DURAN apud WANDERLEY, 2000, P. 23). A modernização da sociedade nos espaços locais/rurais tem como fundamento a crescente paridade social, isto é a similitude entre as condições de vida das populações que vivem nas cidades e no meio rural e a também crescente disponibilidade, no meio rural, daquilo que ainda é definido como o padrão de conforto urbano. O meio rural espelha hoje o perfil social de cada uma das sociedades modernas avançadas, nele predominando, conforme o caso, a classe média, os operários, ou ainda certas categorias especiais, tais como os aposentados. Se as relações com a vida urbana não permitem que se falem mais em situações de isolamento e oposição, parece evidente que a residência no meio rural expressa cada vez mais uma escolha que não é outra senão, como afirma Mendras, uma escolha por um certo modo de vida (WANDERLEY, 2000, P. 23).. Fica entendido que, dependendo do espaço analisado, (urbano ou rural), pode se observar a escala das mudanças ocorridas, visto que as transformações só podem ser analisadas quando os motivos são conhecidos. O que caracteriza são as influências internas e externas atuando em um espaço de tempo lento, mas em constantes transformações, cujos atores sociais são dimensionados no cenário como construtores do território, necessitando de apoio externo e buscando alternativas para sua atividade produtiva. Há uma tendência de se procurar no campo, através de suas histórias, novas fontes de valorização de cultura, agregando valor aos produtos de grande demanda e transformando-os para atender aos anseios de uma sociedade consumidora que se encontra cada vez mais exigente. É, portanto, neste contexto atual que vem surgindo a criação de novos valores culturais que, agregado aos valores existentes, ganham nova formatação, o que, na verdade, pode ser sentido ou entendido como a ocorrência natural de.

(24) 22. transformações, já que o que valoriza mais atualmente são as ideias, o pensamento inovador. Daí a importância da preservação da identidade. É de fato abrangente o conceito de cultura. Todavia destaque-se que quando se tratar da relação entre áreas rurais e urbanas deve ser assegurado o respeito às relações sócio-econômicas e culturais..

(25) 23. 3 METODOLOGIA Esta pesquisa pretende conhecer, apenas como amostragem, a situação da educação das escolas públicas do município de Belém, estado da Paraíba. Deu-se preferência às escolas da Zona Rural porque esta pesquisa tem como foco o Ensino Multisseriado e essa modalidade de ensino só existe nas escolas no campo. A abordagem da pesquisa utilizada será de natureza qualitativa realizada por meio de consultas bibliográficas; entrevistas com os secretários de educação, coordenadores e demais funcionários pertencentes à Secretaria de Educação do município de Belém. Trata-se de uma pesquisa descritiva e tem como base a consideração e a atribuição de significados, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas. Para a realização desta pesquisa decidiu-se, também, pelos seguintes procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica de cada um dos assuntos necessários ao esclarecimento e desenvolvimento do que se pretende explicar; visita à Secretaria de Educação deste município, e visita às escolas da zona rural do mesmo. Esses procedimentos podem, igualmente, ser descritos como uma conjunção da pesquisa bibliográfica, exploratória e não experimental. a) Delimitação A pesquisa foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2014. O município de Belém foi escolhido por ser a sede onde reside a pesquisadora o que muito facilitou à coleta dos dados..

(26) 24. b) Universo, população e amostra O município de Belém-PB tem uma área territorial de 100,143 K2 (IBGE 2008). Está localizado na Zona Fisiológica do Piemonte da Borborema. Apresenta um relevo caracterizado por uma superfície de pediplanação, monótona, cortada por vales, estreitos e serras. O relevo assim acidentado e o clima chuvoso favorece a deterioração das estradas dificultando o acesso às escolas da zona rural, sobretudo, na época invernosa. Este problema interferiu no número de escolas visitadas, bem como, na amplitude das informações sem, contudo, prejudicar a consecução dos resultados. Foram realizadas entrevistas com o Secretário de Educação, com a Secretária Executiva, com a Secretária Adjunta, gestores e professores de escolas da zona rural do município. Foram entrevistadas, ainda, a Coordenadora de Educação Especial, a Coordenadora de Educação do Campo, a Coordenadora do PNAIC e a Coordenadora de Educação de Jovens e Adultos – EJA, Supervisores Escolares, professores e alunos da zona rural. O cálculo da amostra de professores e alunos são informações estatística sobre a rede escolar do município, fornecidas pela Secretaria de Educação do mesmo e pelo IBGE. Além de verificar o atual contexto da educação e da cultura do município procurou-se, também, identificar mudanças e perspectivas de novos projetos para melhoria da educação e da aprendizagem dos estudantes das escolas da zona rural deste município..

(27) 25. 4 EDUCAÇÃO Educação como cultura é um termo de grande alcance conceitual. Por isso é difícil encontrar um método particular simples capaz de definí-la. O sujeito educador trabalha o processo de educar; ensinar, instruir, mas tem dificuldade em indicar-lhe o verdadeiro sentido, a significação precisa. Segundo Houaiss, educar é dar a alguém todos os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento de sua personalidade; é transmitir saber. E educação seria, então, o ato ou o processo de educar (se) bem como qualquer estágio desse processo (HOUAISS, 2001) Aurélio Buarque registra educação como ato ou efeito de educar (se). Como processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual; o cabedal cientifico, e os métodos empregados na obtenção de tais resultados; instrução, ensino. [...] (BUARQUE, 1975, p. 499.) Pesquisa-se os dicionários e até esses mestres economizam no conceito de educação. De tão simples conceitos compreende-se que o ato de educar é de suma importância para a construção de uma sociedade mais justa e mais democrática para a formação de jovens e adultos com qualidade. E para a educação de jovens e adultos não é a percepção de que as pessoas são portadoras de cultura e que dominam uma série de conhecimentos que prevalece, mas sim as várias maneiras eficientes de assegurar os direitos humanos.

(28) 26. e permitir que cada um possa exercer sua cidadania, a diversidade cultural evitando, assim, a discriminação e promovendo a solidariedade e a inclusão. Implicações ocorrerão como, por exemplo, partir dos saberes e conhecimentos que o educador já tem, e que o jovem traz de sua vivência familiar e do seu convívio social. Mas é claro que aprende-se estabelecendo relações entre o que já se sabe e o novo que se nos apresenta. Logo, a escola pode ser o local de diálogo, de aprender a conviver e vivenciar a própria cultura, respeitando as diversidades de formas nas quais se expressa. As diferenças são vistas como fator de enriquecimento e não como obstáculo para a aprendizagem. É irrefutável que educação e cultura fazem parte de um mesmo campo compondo uma rede de saberes em prol do desenvolvimento da sociedade. Segundo Gramsci (1982, p. 118), atualmente existe uma tendência de por fim em qualquer tipo de escola que não seja desinteressada (não imediatamente interessada) e formativa e para conseguir essa problemática de modo racional, só existe uma linha a se perseguir, que seria uma escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa que equilibre o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente (tecnicamente, industrialmente) e o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual. Deve-se levar em consideração a tendência em desenvolvimento, segundo a qual cada atividade prática tende a criar para si uma escola especializada própria, do mesmo modo como cada atividade intelectual tende a criar círculos próprios de cultura, que assumem a função de instruções nas quais seja possível manter-se a par dos progressos que ocorrem no ramo cientifico próprio. (GRMSCI, 1982, p. 119). Embora muitos pensadores tenham-se dedicado ao conceito de educação, John Dewey (1979, p. 171), uma das maiores competências sobre o assunto, afirma de forma breve porém bastante significativa: “a educação é um processo social, e desenvolvimento. Não é a preparação para a vida é a própria.

(29) 27. vida.” Este conceito, expressão de uma grande autoridade em educação vai coincidir com a conceituação das pessoas comuns a quem se fez referência anteriormente. Seja como for, é difícil encontrar um método particular e simples para definir a educação. Mas é possível compreender o seu significado se atentarmos para o que dizem sobre ela os legisladores, pedagogos e professores. Além desses, com bases teóricas, os filósofos, pensadores sociólogos, antropólogos e cientistas sociais muito têm a acrescentar sobre o assunto. Dos espaços relevantes para se realizar o processo de educação dos cidadãos, em princípio, a escola teria a responsabilidade de ser mais um dos elementos auxiliares para o desenvolvimento de uma gente mais orgulhosa das suas origens, dos seus costumes, das suas artes que vão muito além dos perfis simplistas, rotulados e caricaturados. Veja-se o que diz Rocha: A relação entre a educação e a cultura é, portanto, mais do que apenas próxima. Ela é absolutamente íntima, interativa, inclusiva. Muitas vezes, tal como acontece em outras áreas de práticas sociais vizinhas – como a saúde, a comunicação, a ação ambiental, etc. – Costumamos separar a parte do todo. E, assim, pensamos, por exemplo, que a educação, a pedagogia, o ensinar-e-aprender possuem uma relativa ou mesmo uma ampla autonomia. Essa será a razão pela qual em todo o mundo tardamos tanto a compreender o que a educação é – como tudo o mais que é humano e é criação de seres humanos – uma dimensão, uma esfera interativa e interligada com outras, um elo ou uma trama (no bom sentido da palavra) na teia de símbolos e saberes, de sentidos e significados, como também de códigos, de instituições que configuram uma cultura, uma pluralidade interconectada (não raro, entre acordos e conflitos) de culturas e entre culturas, situadas em uma ou entre culturas, situadas em uma ou entre várias sociedades (ROCHA, 2009, p. 12).. É quase impossível separar os conceitos educação/cultura. São significados que se interligam e muitas vezes se confundem. Freire, (1987, p. 80) na sua labuta com a educação e pela educação, sempre teve a preocupação com a cultura. Quando assessorou projetos na África ao tratar do problema da cultura e.

(30) 28. identidade cultural, quando os colonizadores afirmavam que somente eles tinham cultura e que antes de sua chegada, a África não tinha cultura, nem história, Freire rebate: Todos os povos têm cultura, porque trabalham, porque transformam o mundo e, ao transformá-lo se transformam. A dança do povo é cultura. A música do povo é cultura, como cultura é também a forma como o povo cultiva a terra. Cultura é também a maneira que o povo tem de andar, de sorrir de falar, de cantar, enquanto trabalha. O calulu é cultura, como cultura é o gosto das comidas. Cultura são instrumentos que o Povo entende e expressa o seu mundo e como o Povo se compreende nas suas relações com o seu mando. Cultura é o ritmo do tambor. Cultura é o gingar dos corpos do Povo ao ritmo dos tambores (FREIRE, 1989 p, 71).. 4.1. Mestres e Pensadores da Educação. Seria uma incoerência, que numa pesquisa que verse sobre a temática “educação”, omita-se uma abordagem sobre os filósofos e pensadores, que incansavelmente, dedicaram-se a tão nobre causa promovendo uma revolução de ideias, abrindo discussões valiosas, incitando movimentos significativos e que numa dedicação vocacional criaram e modernizaram conceitos, desenvolveram métodos, hoje, mundialmente conhecidos, respeitados e aceitos. Destaque-se, então, Paulo Freire (1999), que quando escreveu um de seus primeiros livros, “Educação como prática da liberdade”, no qual faz uma análise sobre suas experiências pedagógicas e reitera sua concepção de educação conscientizadora. Em “Extensão ou comunicação?” (1979), faz considerações sobre a questão da comunicação no meio rural e discute o conceito de invasão cultural. Num outro trabalho, “Ação cultural para a liberdade” (1981), Paulo Freire sugere um processo pedagógico em que a compreensão do ato de ler seja a partir do seu contexto social. Estes três primeiros livros foram responsáveis por dar forma ao que se considera o “Método Paulo Freire”. Na sua labuta como escritor, Paulo Freire.

(31) 29. alcançou o ponto mais alto com sua obra prima a “Pedagogia do oprimido” (1970), que é vista como a mais radical proposta pedagógica pensada a partir da realidade do terceiro mundo onde se destaca a ideia que todo processo educativo é um processo político. Nesta pequena descrição da bibliografia de Paulo Freire, que mesmo distante de suas origens, desterrado de sua Pátria, exilado, Freire nunca deixou de dar importância e registrar sua contribuição para a educação do povo do seu país. Paulo Freire é destaque na concepção de educação no Brasil, porém outros grandes estudiosos também se destacaram. Freire atém-se mais ao lado libertador da educação, entretanto, alguns pensadores buscam definições, outros classificações e outros mais procuram destacar os métodos. O importante é que essa diversidade de posicionamentos ideológicos sobre a educação acaba se incorporando abrindo espaço nas discussões e por fim passa a fazer parte das grandes preocupações políticas, como saúde, transporte ou segurança. Grossi (2000, p. 211) fala três nomes que se sobressaem por suas qualidades inquestionáveis, de grande mérito para educação: Piaget, Emílio Ferrero e Paulo Freire. Aprender repousa sobre um tripé essencial construído pelo sujeito que aprende, por aquilo que ele aprende (o objeto do conhecimento) e pelo outro. Estas ideias já são frutos da contribuição de Piaget, Emílio Ferrero e Paulo Freire, entre tantos outros pensadores que refletiram ou vêm refletindo sobre o que é aprender e, como contrapartida sobre o que é ensinar. Todos os três são pensadores da educação, cada um em canto próprio e diferente, nem todos eles educadores. (GROSSI, 2000, p. 211-212).. Myles Horton, norte-americano e Paulo Freire, brasileiro e nordestino comungavam as ideias e posturas libertárias, que acreditavam que a verdadeira libertação se realiza pela participação popular [...].

(32) 30. 5 O MUNICÍPIO DE BELÉM 5.1. Caracterização do município de Belém. Belém é um município brasileiro, localizado no estado da Paraíba, possui 100,143 Km2, 54 comunidades rurais e um distrito (distrito de Rua Nova) e o distrito sede. Tem uma população de 17.083 hab. (IBGE/2010), uma densidade de 170.59 hab/m2 com uma altitude de 150m, um clima tropical AS, e fuso horário UTC-3. Faz parte da microrregião Guarabira (IBGE/2008), situa-se no Agreste paraibano (IBGE/2008) pertence à região metropolitana de Guarabira; limita-se ao Norte com Caiçara e Campo de Santana; ao Sul com Pirpirituba, ao Leste com Serra da Raiz e Sertãozinho, e a Oeste com Bananeiras. Belém localiza-se a 123 quilômetros da capital João Pessoa. Está o município situado na zona Fisiográfica do Piemonte da Borborema com um relevo suave ou ondulado, cortado por vales, estreitos, com vertentes dissecadas e rochas cristalinas Registram-se como principais serras: Suspiro, Jenipapo, Lagoa de Serra, Angelin, Camucá e Baiano. O município tem clima tropical, quente e úmido (AS’) com chuvas concentradas de outono a inverno, influenciado por localizar-se numa área de transição entre o clima úmido do litoral e o semiárido do sertão. De acordo com o levantamento cartográfico realizado pela SUDEMA, a temperatura média do município fica em torno de 26 a 27 graus célsius, com pluviosidade média anual de 1000 a 1200 milímetros, e uma insolação média de 2600 a 2700 horas a mais. 5.2. Manifestações culturais O município de Belém tem como base de cultura as expressões populares. São diversos folguedos: danças e apresentações populares, como boi-.

(33) 31. de-reis, pastoril, ciranda, carnaval (hoje bastante decaído), festas religiosas - Natal e festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição. O boi-de-reis era conhecido como o boi de Luís Camilo por ter sido ele o fundador deste folguedo em 1950. O boi de Luís Camilo foi destaque em diversas cidades da Paraíba e do Rio Grande do Norte. O Sr. José Vieira da Silva, conhecido com Seu Donato, começou a trabalhar no boi-de-reis de Luís Camilo aos 16 anos. Tornou-se seu sócio e o substituiu posteriormente. Seu Donato é vivo e reside à rua Joaquim Mendes, n° 50, Belém-PB. O boi-de-reis costumava fazer parte dos eventos de encerramento das escolas da zona urbana e rural do município. No artesanato destaca-se Henrique José Gonçalves (Henrique Santeiro), assim cognominado por esculpir imagens sacras. Seus trabalhos mereceram publicação na 3ª edição do Atlas Escolar da Paraíba da Editora Grafset. O Sr. Henrique Santeiro residia no sítio Angelim, deste município. O pastoril era um folguedo muito presente nas festas de final de ano. Acontecia não só na cidade como na zona rural. Era costume, as escolas municipais dos sítios, também, encerrarem o ano com uma festa de pastoril. As principais representantes desse folguedo são Joana Ferreira Teixeira (dona Nita da catequese) Elisa Alves (Elisa de Quinca) e Cecília Januário. O hino de Belém tem letra e música do Sr. José Costa Silva, conhecido como Zé de Artur, músico, compositor e sanfoneiro, um artista completo. Até onde se sabe nunca estudou música. Na escola cursou até a 4ª série do ensino primário do seu tempo. O hino de Belém foi interpretado musicalmente pela belenense Marta Amarante, estudante da E.E.E.F.M. Eng. Márcia Guedes Alcoforado de Carvalho de.

(34) 32. Belém e por Valter Batista, radialista da Rádio Talismã desta cidade. Valter Batista cursou o Ensino Fundamental II, também, no colégio Márcia Guedes. Em uma das gincanas do colégio Márcia Guedes foi descoberto o talento artístico do jovem belenense Ribamar Rodrigues de Almeida. Ribamar foi encaminhado para Recife onde fez parte do Grupo de Dança de Rua da UFPE. Daí seguiu para o Rio de Janeiro, destacando-se num importante grupo de dança daquele estado. Hoje incorpora um relevante corpo de balé da Alemanha que o projetou internacionalmente. Destaque-se em Belém o Sr. Manoel Batista, poeta, repentista e embolador de coco, que tinha como parceiro o Sr. Romano Elias, romancista de cordel. Todos os filhos de Manoel Batista, e vários netos seguiram a profissão do pai e avô. Só os netos sabem ler. Apesar de morar na cidade o Sr. Manoel Batista e os filhos tem raízes na zona rural e todos são analfabetos. Atualmente o maior evento cultural de Belém é a festa de São Pedro. Em 1997 o Sr. José Cristian Dantas de Assis, também filho de Belém, advogado e professor de educação física do Márcia Guedes, ocupava, na prefeitura, o cargo de Secretário de Cultura, Esporte e Turismo do município. Criou vários projetos para a Secretaria, dentre eles o projeto que propunha a criação da festa do São Pedro. Tarcísio Marcelo Barbosa, então, prefeito em exercício, deferiu o pedido. Nasce o São Pedro de Belém. Os prefeitos subsequentes tomaram como ponto de honra realizar o evento que vem há 17 anos enaltecendo a cidade, prestigiado por artistas de vulto da música popular brasileira, como Zé Ramalho, Fagner, Leonardo, Cláudia Leite (Babado Novo) Mastruz com Leite, dentre outros. Da terra, consagrados pela festa de São Pedro, destaque-se: Marrom e Filhos da Paraíba; Chiquinho de Belém (ex. músico da banda Magníficos) sanfoneiro.

(35) 33. de valor, Marronzinho e Edna Monteiro (vocalistas da banda Explosão Nordestina); Nildo dos Teclados, Eziélio Show, dentre outros. Em tempo, registre-se que Marron e Marronzinho são filho e neto de Manoel Batista, respectivamente. O São Pedro não só divulgou o nome da cidade, não só divulgou artistas da terra, como é um evento, hoje, reconhecido como uma das principais festas juninas da Paraíba. 5.3. Aspectos da história do município Para ASSIS (2007) a história de Belém pode ser resumida da seguinte forma: Até agosto de 1957 Belém restringe-se a uma pequena vila pertencente ao município de Caiçara, conhecida, por todos, como Belém de Caiçara. A imponente arrancada do seu comércio, a privilegiada localização geográfica e o espírito hospitaleiro do seu povo, desde logo, deferiram-na como uma terra destinada ao progresso; progresso esse vislumbrado através da sua natural receptividade ao novo, ao belo, ao desconhecido. O clima ameno favorecia a agricultura, entretanto foi o comércio o carro chefe da sua prosperidade, confirmada hoje pela proliferação e pelo sucesso dos estabelecimentos comerciais e até pelo advento da indústria. Belém tendo uma vida comercial efetiva e uma economia próspera ocupa entre as cidades circunvizinhas uma posição de destaque, privilégio que lhe garante a demanda de novos moradores, novos investidores. Assim, Belém projeta-se no tempo e no espaço, conduzida por um povo firme, gente de fé, engajada no bem comum e promotora da paz. Em 1957 o povo já amadurecido luta pela emancipação do município, assinada pelo, então, governador da Paraíba Dr. Flávio Ribeiro Coutinho, em 06 de setembro de 1957. (ASSIS, 2007, p. 1).. 5.4. A questão educacional O município de Belém tem três escolas estaduais: a Escola de Ensino Fundamental e Médio Engenheira Márcia Guedes Alcoforado de Carvalho, a Escola de Ensino Fundamental Felinto Elízio, ambas situadas na cidade, e a Escola.

(36) 34. Estadual de Ensino Fundamental Rosa dos Santos que funciona na vila de Rua Nova. Segundo dados da Secretaria de Educação, a rede municipal de ensino dispõe de dezenove unidades escolares. São oito escolas na zona urbana, incluindo o distrito de Rua Nova e onze na zona rural. Escolas Municipais - Zona Urbana a) E. M. E. I. E. F. Francisca Leite Braga Ensino Fundamental 1 Rua Abdias Machado b) E. M. E. F. Anita de Melo Barbosa Rua Trav. Cloves Bezerra Ensino Fundamental 2 c) E. M. E. I. E. F. Afonso Astrogildo de Paula Ensino Fundamental 1 Rua Virgílio Cruz d) E. M. E. I. E. F. Elvira Silveira da Costa Ensino Fundamental 1 Rua Francisco Carneiro e) E. M. E. I. E. F. Cláudio Cantalice Viana Ensino Fundamental 1 Distrito Rua Nova f) E. M. E. F. Alice de Melo Viana Ensino Fundamental 2 Distrito de Rua Nova g) Creche Pré Escola Formozina Maria da Conceição.

(37) 35. Educação Infantil – Pré 1 e 2 Distrito Rua Nova h) Creche Pré Escolar Lucila Ramalho Educação Infantil – Pré 1 e 2 Rua Brasiliano da Costa Escolas Municipais - Zona Rural a) E. M. E. I. E. F. Alexandre da Costa Lira Educação do Campo (multisseriado) Sítio Boa Ventura b) E. M. E. I. E. F. de Caiçarinha Educação do Campo (multisseriado) Sítio Retiro c) E. M. E. I. E. F. do Curimataú Educação do Campo (multisseriado) Sítio Lagoa do Curimataú d) E. M. E. I. E. F. São José N° V Educação do Campo (multisseriado) Sítio Forquilha e) E. M. E. I. E. F. de Mufumbo Educação do Campo (multisseriado) Sítio Mufumbo f) E. M. E. I. E. F. Durval Soares Educação do Campo (multisseriado) Sítio Saboeiro g) E. M. E. I. E. F. de Serraria.

(38) 36. Educação do Campo (multisseriado) Sítio de Serraria h) E. M. E. I. E. F. Nossa Senhora da Luz Ensino Fundamental Educação do Campo (multisseriado) Sítio Angelim i) E. M. E. I. E. F. Luís Alexandrino da Silva Educação do Campo (multisseriado) Sítio Gameleira j) E. M. E. I. E. F. Vicente Maurício de pontes Educação do Campo (multisseriado) Sítio Nica k) E. M. E. I. E. F. de Sítio Suspiro Educação do Campo (multisseriado) Sítio Suspiro A rede municipal oferece dois centros de informática: o Centro municipal de Informática e o Laboratório de Informática Edvaldo Saraiva. O nome homenageia um filho de Belém que pertence ao quadro de funcionários da empresa NorteAmericana Microsoft. Existe no município o ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o programa educacional Brasil Alfabetizado do Governo Federal. Existe ainda na zona urbana a rede privada de Ensino com cinco escolas todas de ensino infantil e fundamental - Educandário Aquarela - Educandário Arco-íris.

(39) 37. - Educandário Futuro da Criança - Educandário Pedro Cardoso 6 ANÁLISE DOS DADOS Feita uma revisão literária sobre educação, cultura e sistema educacional, o presente estudo chega à sua etapa analítica. Aqui será apresentada a análise qualitativa dos dados coletados por meio de entrevistas. Uma das condições necessárias para a realização da aprendizagem é que o ambiente escolar onde se realize o processo ensino/aprendizagem seja adequado para tal. 6.1 O sistema de ensino rural do município de Belém: o que diz a Secretaria de Educação. [...] Sempre foi muito difícil ensinar na zona rural. Há um tempo atrás, a escola, que se resumia apenas numa sala de aula, era instalada na sala de visitas de uma residência do sítio. A dona da casa onde funcionava a escola geralmente tinha filhos pequenos; muitas vezes bebês. Como a escola ficava dentro de casa, as crianças invadiam a sala de aula, mexiam no material escolar dos alunos; outras vezes os bebês choravam. Essa situação perturbava o trabalho da professora e interferia na aprendizagem dos estudantes. Além disso tudo, havia, como ainda hoje há, um grande agravante: a modalidade do ensino multisseriado, também chamado de Ensino do Campo. Resultado: Existia a escola, o professor, os alunos, mas a aprendizagem propriamente dita, era muito fraca (professora da zona rural do município de Belém).. Segundo comentário de F.A o ensino municipal rural (terminologia da época) já foi muito precário. O professor transformava a sala de visitas de suas residências em salas de aula. O ensino era multisseriado e a professora muitas vezes só tinha o 3º ano primário. Sabe-se que uma das intenções da escola era alfabetizar o adulto para votar. Não existia nenhuma orientação pedagógica. [...] Na zona rural, principalmente pelo fato de a escola situar-se em um ambiente isolado, tudo é muito complicado. Por exemplo, se falta água, se falta energia, se o telhado goteja; coisas assim muito urgentes fica dificílimo para resolver. No sítio não tem eletricista,.

(40) 38. pedreiro, etc. É necessário recorrer à cidade. Hoje, as coisas já estão um pouco mais fáceis porque todas as escolas da zona rural tem prédio próprio. Isso facilita. Mas o maior inconveniente, o que realmente prejudica a aprendizagem, é a questão do ensino multisseriado. É difícil para o professor, difícil para os gestores, enfim, difícil para a consecução de uma boa aprendizagem. O conteúdo fica abaixo do desejado. Em consequência vem a repetência, a evasão escolar e o desestímulo tanto dos professores como dos alunos e até das famílias (gestor escolar do município de Belém).. Como se pode observar no depoimento de M.A, gestora escolar aposentada, a escola municipal da zona rural, completamente desassistida pelo órgão público, enfrentava problemas de ordem estrutural, problemas de transporte, problemas quanto à qualidade do ensino que na época já era multisseriado. Havia a questão da desistência, da reprovação e a realidade de o aluno trabalhar na roça e, ainda, o fato grave de o aluno ser adulto e analfabeto e não ter tempo para os estudar. Sem coordenação motora para escrever, a professora teria que pegar na mão desses alunos para aprenderem a assinar o nome e escrever outras palavras. Era a pedagogia do tempo. Reforça-se, então, a ideia de alfabetizar com interesse eleitoreiro. [...] O ensino da zona rural deixa muito a desejar. A escola existe, os alunos existem, o professor, também. A escola da zona rural já passou por muitas inconveniências, como por exemplo, a questão das salas de aula instaladas nas residências das famílias dos sítios. Vê-se, também, que com a construção de prédio próprios, muitas dificuldades foram superadas, mas existe a reclamação de os alunos não corresponderem ao aprendizado, ao conteúdo programático. Os professores, mesmo qualificados, pouco conseguem fazer devido à modalidade do ensino multisseriado – estudo do campo (coordenadora pedagógica do município de Belém).. Segundo comentário da coordenadora pedagógica do município o grande problema do tempo e que ainda hoje persiste é o ensino multisseriado. Uma vergonha para educação e os avanços dos tempos atuais. [...] A rede municipal de Educação de Belém tem 1600 alunos distribuídos por 21 escolas e assistidos por uma equipe de 239 professores. Na zona urbana são 4 escolas e 1 creche pré-escola. No distrito de Rua Nova (considerado zona urbana) são 2 escolas e uma creche pré-escola. Na zona rural eram 13 escolas, fecharam 2 por falta de estudantes na comunidade. Hoje são 11 escolas distribuídas pelos sítios e nenhuma creche. Todas as escolas e creches do município têm prédio próprio, carteiras suficientes, professor, gestor, merenda escolar. O município oferece transporte próprio para conduzir os alunos de suas residências para as escolas. É o caso, por exemplo, dos sítios de Forquilha, Gameleira e Nica. O pagamento dos professores é efetuado pontualmente. Todas as.

(41) 39. escolas da zona urbana funcionam em 2 turnos e algumas em até 3. Todas tem gestores com nível de escolaridade superior. Todas as escolas municipais têm Conselho Escolar, Projeto Político Pedagógico e Regimento Interno. Nas escolas dos sítios quem faz o serviço de secretaria é o gestor. Se não fosse a modalidade de ensino multisseriado -estudo do campo, existente em todas as escolas da zona rural, a educação no município de Belém não deixava tanto a desejar. É muito constrangedor ver uma professora ensinar numa turma com alunos de várias séries na mesma sala de aula e no mesmo horário, a varias turmas de anos de ensinos diferentes. Reconhecemos que esse tipo de ensino não pode render nada (Secretário de Educação do município de Belém).. O secretário de educação do município dá informações mais detalhadas sobre o ensino municipal de Belém. Não se refere a épocas passadas mas detalha minuciosamente os avanços que vem alcançando o ensino municipal no momento atual. Todavia, declara ser constrangedor existir ainda hoje a modalidade de ensino multisseriado e como os demais entrevistados reconhece que esse tipo de ensino, não pode oferecer uma aprendizagem eficiente. [...] Não se pode afirmar que o ensino municipal de Belém seja algo modelar. O que se pode dizer de real é que todas as escolas e creches do município tem prédio próprio, que os funcionários da educação recebem seus vencimentos em dia. Quanto ao corpo docente as notícias não podiam ser melhores, porque no que diz respeito ao nível de qualificação escolar dos professores a situação é muito boa. O ensino municipal de Belém trabalha com 58 professores de Pós-graduação, 90 professores com Licenciatura Plena, 40 com Ensino Médio, 37 com o Curso Normal e apenas 4 professores que ainda não completaram o ensino médio, ainda. É um resultado muito positivo e animador, porque vem correspondendo às exigências ditadas pelo MEC. (Secretária Adjunta da Secretaria de Educação Municipal de Belém).. A secretária adjunta da educação informa detalhadamente a questão da qualificação dos professores do município alegando que quanto a esse ponto os resultados são muito positivos. Realmente a demanda de professores no sentido de fazer Licenciatura e Pós-Graduação é um fato real. Parece um acordar para as exigências da modernidade. Sabe-se da importância desse fato, mas é necessário compreender, também, que a qualidade do ensino necessita de outras providências e que qualificar o professor requer uma melhor remuneração. É preciso considerar também o tipo de contratação desses professores e procurar preencher a vacância da sala de aula através de concurso público. [...] O ensino municipal de Belém nada tem de extraordinário. Apenas procuramos cumprir com seriedade a rotina dos ditames do MEC e.

Referências

Documentos relacionados

Vale à pena destacar ainda, que de acordo com o pedagogo Paulo Freire, (1974 apud MOITA LOPES, 1996, p.134) sobre o ensino de leitura em língua estrangeira “[...] pode

O modelo conceitual procura mostrar quais são os elementos de informação tratados pelo sistema, para que mais adiante se possa mostrar ainda como essa informação é transformada pelo

Áreas com indícios de degradação ambiental solo exposto no Assentamento Fazenda Cajueiro A e no Assentamento Nossa Senhora do Carmo B, localizados, respectivamente, no Município de

A curva em azul é referente ao ajuste fornecido pelo modelo de von Bertalany, a curva em vermelho refere-se ao ajuste fornecido pelos valores calculados Lt, dados pela equação

Os estudos sobre diferenciais de salários são explicados por alguns fatores que revelam a existência da relação entre as características pessoais produtivas educação,

Outras possíveis causas de paralisia flácida, ataxia e desordens neuromusculares, (como a ação de hemoparasitas, toxoplasmose, neosporose e botulismo) foram descartadas,

O objetivo geral foi desdobrado em quatro objetivos específicos que são: (i) caracterizar a liderança criativa e seu papel como elemento facilitador do processo

Cabe especular que a maior influência que os danos no estrato médio tiveram sobre os rendimentos seria conseqüência de que os danos próximos à espiga produzem interferência