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Usinas hidreletricas: alterações na geografia local

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL-UNIJUÍ DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE GEOGRAFIA

ROGERIO RESZKA

USINAS HIDRELETRICAS:

ALTERAÇÕES NA GEOGRAFIA LOCAL.

IJUI, RS JANEIRO, 2013

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ROGERIO RESZKA

USINAS HIDRELETRICAS:

ALTERAÇÕES NA GEOGRAFIA LOCAL.

Monografia apresentada ao curso de Graduação em Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para obtenção do Titulo de Licenciado em Geografia.

Orientador: Mario Amarildo Atuatti.

IJUI, RS JANEIRO, 2013

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“Educai as crianças. Para que não seja necessário punir os adultos.” Pitágoras

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AGRADECIMENTO

A Deus, grande criador!

À minha esposa Ângela e as minhas filhas Eduarda e Camila, por existirem e por terem sido parceiras e incentivadoras em todos os momentos.

In memoriam, meu avô Andre Reszka que me ensinou o gosto pelos mapas e pela geografia.

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RESUMO

As usinas hidrelétricas além de produzirem energia elétrica, elemento de grande importância para o desenvolvimento de práticas de produção e bem estar da população, acabam por alterar a geografia local criando alterações positivas e negativas nos lugares onde são instaladas.

O meio ambiente e a população local tem sua vida ou suas condições alteradas quando da execução de projetos de usinas hidrelétricas, transformando e rompendo relações de convívio e vizinhança que foram sendo desenvolvido no decorrer do período histórico e assim definindo a paisagem local.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Vista noturna da Terra a partir de imagem de satélite, NASA.

Figura 02: Vale do Rio Pelotas.

Figura 03: Encontro dos Rios Vacas Gordas e Pelotas.

Figura 04: Localização da Usinas Hidrelétricas no Brasil.

Figura 05: Localização dos pequenos aproveitamentos hidrelétricos (Micro e P.C.Hs) existentes no Brasil.

Figura 06: Usina Hidrelétrica Campos Novos, Rio Canoas, SC.

Figura 07: Barragem Usina Hidrelétrica Barra Grande, Rio Pelotas.

Figura 08: Vista aérea da Barragem de Foz do Chapecó, Rio Uruguai, Estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Foto 09: Vista aérea da PCH Ferradura, Erval Seco, RS.

Foto 10: A floresta ainda intacta.

Foto 11: A floresta submersa.

Figura 12: Local atingido pelo empreendimento, PCH Sitio Grande, Bahia

Figura 13: Rio Uruguai, região próximo a cidade de Caxambu do Sul - SC. na data de 01/02/2006.

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Figura 14: Parte do reservatório da Usina Foz do Chapecó, Rio Uruguai, região próximo a cidade de Caxambu do Sul – SC, divisa com Estado do Rio Grande do Sul na data de 10/10/2010.

Figura 15: Usina Hidrelétrica de Machadinho, Rio Pelotas, Piratuba - SC, na data de 28/09/2005.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...10

1. A IMPORTANCIA DA ENERGIA ELETRICA PARA A SOCIEDADE...12

1.1 Os Rios e sua Importância Socioeconômica...13

1.2 Energia Elétrica no Brasil: algumas considerações...16

2. A CONSTRUÇÃO DE USINAS HIDRELETRICAS E A ALTERAÇÃO NA GEOGRAFIA LOCAL...21

2.1 Alterações no Meio Físico Natural...24

2.2 Alterações Socioeconômicas...37

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...43

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INTRODUÇÃO

Com sua importância ecológica os rios se fazem berços da fauna e flora e também na formação de vilas e cidades, tendo sobre elas grande importância, desenhando assim formações na paisagem que identificam o uso ou a forma como o meio local foi habitado e explorado no decorrer da historia.

Desde o inicio da era humana o homem sentiu a necessidade da vida em sociedade formando locais de refugio com a construção de aldeias, vilas e cidades. Com o desenvolvimento da ciência e dos meios de produção o homem passa a fazer uso de maquinas e equipamentos, que, para o seu funcionamento necessitam de combustível ou energia. A descoberta da energia elétrica e o desenvolvimento de máquinas e equipamentos para sua produção desenvolvem-se com o uso de fontes naturais (energia hídrica, energia eólica e energia solar), biomassa, o uso de combustíveis fosseis (carvão e petróleo) e o uso de urânio (energia atômica) para produção de energia elétrica.

Para a produção de energia elétrica, uma das opções é a construção de usinas hidrelétricas que passa a ser usada para a produção de energia elétrica, energia esta renovável e de baixo custo de produção que tem como matéria prima a força mecânica da água dos rios sejam eles de grande volume hídrico e ou de grande diferença de nível em seu leito.

As usinas hidrelétricas sejam elas de grande porte (Grande Central Hidrelétrica. G.C.H.) ou Pequenas Centrais Hidrelétricas (P.C.Hs), alteram a geografia local, condições e características por muitos anos ali determinados pelas ações ou fenômenos da natureza ou pelas ações do homem sobre o meio (ação antrópica), causando impactos ou mudanças na paisagem.

Devido às transformações necessárias. Na grande maioria dos casos há ocupações humanas que precisam ser retiradas do local, interferindo diretamente na vida daqueles que são deslocados para outro lugar. Seu espaço, suas relações, sua identidade deixa de existir e deverá ser reconstituída num outro local, destinado por outrem, onde tudo é diferente e exige um recomeço.

O espaço antes ocupado por matas, pessoas, casas, plantações, vilas em fim, será ocupado com uma nova paisagem. Fauna e flora, assim como aspectos da topografia, darão lugar a barragem e a usina, e demais elementos de sua instalação. Com a produção de energia elétrica, bem de suma importância para o uso no desenvolvimento de praticas social, industriais e de desenvolvimento se faz cada vez mais necessária, mas para a execução desses

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projetos é necessário o estudo detalhado e responsável, garantindo não só os objetivos dos empreendedores, mas a mais justa possível realocação da comunidade retirada e proteção da fauna e das espécies aquáticas, assim como a preocupação com os impactos ambientais.

O trabalho aqui apresentado tem por objetivo mostrar que os locais onde são construídas usinas hidrelétricas, sofrem grande alteração geografia, realidade que a grande maioria da população consumidora de energia elétrica não conhece ou ao menos deixa de saber, principalmente os impactos ambientais e sociais que ocorrem nesses lugares.

O uso de informações técnicas de projetos de licenciamento ambiental, pesquisa junto a artigos sobre o assunto principalmente sobre danos ambientais, imagens de satélite e fotos demonstrando a transformação causada na região atingida foram ferramentas usadas para elaboração desse trabalho, que está organizado em dois capítulos. O primeiro observando aspectos gerais sobre energia elétrica, importância dos rios e a produção de energia elétrica no Brasil. O segundo capitulo trata da construção de usinas hidrelétricas e as alterações na geografia local causando impactos físicos naturais e socioeconômicos.

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1 A IMPORTÂNCIA DA ENERGIA ELÉTRICA PARA A SOCIEDADE

A utilização da água como fonte de energia é muito antiga e remonta aos tempos dos moinhos movidos pelas rodas - d’água. Atualmente a água é também utilizada para a produção de energia elétrica, obtida em usinas hidrelétricas.

Usina hidrelétrica pode ser definida como um grande conjunto de obras e equipamentos utilizados para gerar energia por meio do aproveitamento da força das águas de um rio. As usinas hidrelétricas produzem energia com origem nos reservatórios mantidos por represas, que garantem um fluxo continuo de água, capaz de mover turbinas por meio das quais é gerada a eletricidade. A quantidade de energia produzida por uma usina hidrelétrica esta relacionada ao volume ou vazão de água e a diferença de nível existente em seu leito mais a diferença de nível construída de forma artificial quando do represamento do leito do rio. 1

Necessitamos diariamente de energia elétrica para o uso em equipamentos alimentados por esta, a energia elétrica é usada tanto em equipamentos domésticos (computadores, refrigeradores, televisores, batedeiras, etc.), quanto em equipamentos hospitalares, de escritórios e indústrias, bem como na iluminação residencial e de vias publicas.

Na figura 1, imagem de satélite, na escala mundial, podemos visualizar em certa medida o uso da energia artificial na Terra.

Figura 01: Vista noturna da Terra a partir de imagem de satélite, NASA.

Fonte: NASA, acesso em: 07/11/2012

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A imagem mostra o uso da energia elétrica no Planeta Terra, identificando os locais de maior concentração populacional e desenvolvimento, lugares com maior intensidade de luz ou de consumo de energia. Quanto mais incorporarmos nas nossas relações de trabalho, comunicação e transporte, mais se faz necessário produzir energia elétrica.

A Eletrobrás expõe que:

[....] a eletricidade se tornou a principal fonte de luz, calor e força utilizada no mundo moderno. Atividades simples como assistir televisão ou navegar na internet são possíveis porque a energia elétrica chega ate a sua casa. Fábricas, supermercados, shoppings e uma infinidade de outros lugares precisam dela para funcionar. Grande parte dos avanços tecnológicos que alcançamos se deve à energia elétrica.

A importância da energia elétrica e a necessidade desta para o desenvolvimento de praticas de produção e bem estar da população exigem cada vez mais da produção de energia elétrica, com o desenvolvimento de novas fontes de energia principalmente as renováveis e sustentáveis e ou a elaboração de projetos e construção de usinas com fontes já conhecidas e usadas como no caso as usinas hidrelétricas as quais usam da força das águas dos rios para a produção de energia elétrica. 2

A energia elétrica é elemento fundamental e estratégico para o desenvolvimento de práticas de produção e de bem estar pessoal e social e para tanto sua produção se faz necessária com o uso das mais variadas fontes como exemplo as usinas hidrelétricas.

1.1 Os Rios e Sua Importância Socioeconômica

Os rios, desde sua nascente, passam a ganhar forma (volume d’água, largura e profundidade), recebendo águas pluviais e de rios afluentes ou este passando a formar outro rio quando desaguando num rio principal. Em sua extensão o rio apresenta trechos de águas de remasco (águas lênticas) e trechos de corredeira com cascatas e cachoeiras (águas lóticas), em locais de relevo acidentado. Neste sentido:

Rio é um curso de água que corre naturalmente de uma área mais alta para uma mais baixa do relevo, geralmente deságua em outro rio, lago ou no mar. Esses cursos de água se formam a partir da chuva, que é absorvida pelo solo até atingir áreas impermeáveis no subsolo onde se acumula, constituindo o que chamamos de lençol freático.

2 Importância da energia elétrica - Eletrobrás. Disponível em

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Quando o lençol freático aflora na superfície dá origem á nascente de um rio. Apesar dessa definição, há rios que se formam de outras maneiras, como por exemplo, a partir do degelo em picos montanhosos, além de alguns originarem de lagos.3

Os rios passam a ter um complexo sistema de vida aquático, (peixes, algas e seres microscópicos) e também são corredores de vida terrestre tendo no seu entorno formações vegetais características como podemos ver na figura 2, demonstrando sua influência na preservação das florestas ciliares ou resquícios de florestas ainda preservadas características de cada região ou bioma, posto isso, cabe frisar que:

As múltiplas funções ecológicas e serviços ambientais prestados gratuitamente por cursos d’água são inúmeros e valiosos. Um rio não é um simples canal de água, é um rico ecossistema moldado ao longo de milhões de anos, com ritmos próprios de composição e decomposição. Verdadeiros corredores de biodiversidade fornecem água, ar puro, alimentos, terras férteis, equilíbrio climático, fármacos animais e vegetais e recreação, turismo ecológico, entre outros tantos serviços. Os sistemas hídricos propiciam também estocagem e limpeza de água, recarga do lençol freático, regulagem dos ciclos biogeoquímicos, estocagem de carbono e benefícios tais como pesca, agricultura de subsistência, via de transporte e auxilio na pecuária extensiva.4

Figura 2: Vale do Rio Pelotas

SÀ, Marcos Corrêa, 2005 acesso:11/11/2012

3 Curiosidades – curiosidades geograficas – Brasil Escola. Disponível em <www.brasilescola.com › Geografia › Curiosidades.> Acesso: 11/11/12 4

VECCHIA, Rodnei. Impactos provocados por usinas Hidrelétricas-“observador-piraju. Disponível em <www.observadorpiraju.com.br/coluna_rodnei.asp? id=2763>

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Historicamente os rios têm sua importância biológica como fonte de irrigação e drenagem natural formando corredores de água (perenes ou temporários), reguladores de temperatura, berço de animais e plantas e sua importância social, servido de fonte de água, alimentos, caminhos, e referência para a formação de vilas e cidades em suas encostas, identificando assim o avanço da ocupação humana. Segundo Branco, 1997:

Desde a mais remota Antiguidade, o homem constrói suas cidades á margem dos rios. Algumas das civilizações mais antigas de que se tem conhecimento, como a Assíria e a Babilônia, existiram numa região chamada Mesopotâmia, que significa “entre rios”, porque estava entre rios Tigres e Eufrates.

O antigo Egito tinha sua capital e suas principais cidades á margem do Nilo; Roma capital do grande Império Romano no passado, hoje da Itália, localiza-se ás margens do Rio Tibre; Paris, ás margens do Sena; Londres, ás margens do Tâmisa....

A água sempre foi muito importante, quer para abastecimento da cidade, quer para irrigação de plantações, quer ainda como fonte de alimentos ou local para despejo final de detritos.5

Segundo Freitas, 2011:

Não há nenhuma dúvida de que os rios são de extrema importância para a humanidade, uma vez que fornecem a água que bebemos, além de ser usado para cozinhar os alimentos, para realizarmos a higiene pessoal e residência, na indústria (fabricação de sucos, refrigerantes, alimentos entre outros), irrigar as lavouras e hortaliças. Considerando que a pesca pode ser realizada em rios e suas águas servem como via de transporte e de força hidráulica na produção de energia elétrica.6

A Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, Estocolmo, 1972, define o meio ambiente como “o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas”, e a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) estabelecida pela Lei 6.938 de 1.981, conceitua o Meio Ambiente como sendo: “o conjunto de condições, leis, influencia e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Posto isto, podemos observar que as alterações geográficas decorrentes da ação do homem quando da execução de usinas hidrelétricas acaba por alterar as condições do meio ambiente local em um curto espaço de tempo causando impactos nos habitantes locais sejam eles animais, plantas e seres humanos.

5 BRANCO, Samuel Murgel, O Meio Ambiente Em Debate. São Paulo: Moderna1997, pag. 22 6

FREITAS, Eduardo de, Rios, Brasil Escola, <www.brasilescola.com/geografia/rios.htm>. Acesso: 07/11/2012

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Figura 3: Encontro dos Rios Vacas Gordas e Pelotas.

SÁ, Marcos Corrêa, 2005.11/12/2012

A figura 3 apresenta a região no entorno do encontro dos rios Vacas Gordas e Pelotas, local rico em diversidades e que acabou por ser inundado pela usina Barra Grande.

1.2 Energia Elétrica no Brasil: algumas considerações.

Na Grécia Antiga, Tales de Mileto (640-550 a.C.) descobre as cargas elétricas. Em 1672 Otto von Guericke, cria uma maquina geradora de cargas elétricas. As usinas hidrelétricas surgiram em torno do final do século XIX, quando no ano de 1878, a casa do inventor britânico Lord Armstrong, tornou-se a primeira casa com energia elétrica, a energia foi produzida por uma usina hidrelétrica com a construção de uma represa num pequeno riacho de seu estado, transformando a força das águas em energia elétrica (a força das águas já era utilizada em rodas d”água desde o século I a.C como produtora de força mecânica). Em 1897 entrou em funcionamento a hidrelétrica de “Niágara Falls” (EUA) sendo o primeiro sistema de conversão de hidroenergia em energia elétrica.

No Brasil a produção de energia elétrica com o uso de hidrelétricas teve seu passo inicial com a construção da primeira usina hidrelétrica no ano de 1883, no município de Diamantina (MG), aproveitando as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do Rio

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Jequitinhonha. A primeira hidrelétrica do Brasil para serviços de utilidade publica foi a hidrelétrica Marmelos, no Rio Paraibúna, a qual produzia energia para a cidade de Juiz de Fora (MG).7

Com o desenvolvimento da indústria nacional a partir das dificuldades de importação de produtos industrializados da Europa no período da 1ª Guerra Mundial houve na necessidade de investimentos e produção de energia elétrica no país uma vez que era necessário abastecer as indústrias. Com incentivos do governo brasileiro, empresas estrangeiras de produção de energia elétrica se instalaram no Brasil, sendo a Empresa Band and Share, (EUA) a mais importante, a qual organizou dez empresas de energia elétrica, localizadas em nove capitais brasileiras e na cidade de Pelotas (RS). Em1930, o Brasil já possuía 891 usinas, sendo 541 hidrelétricas, 337 térmicas e 13 mistas.

A 2ª Guerra Mundial dificulta o comercio de mercadorias entre o Brasil e a Europa exigindo maior produção de produtos industrializados no Brasil, com isso foi necessário ampliar a produção de energia elétrica no país. O governo brasileiro no intuito de descentralizar a produção de energia elétrica a qual estava toda sobre domínio de empresas estrangeiras cria a Companhia Hidrelétrica de São Francisco (CHESF) que imediatamente começou a construir a usina de Paulo Afonso. Em 1952 foram organizadas as centrais elétricas de Minas Gerais (CEMIG) com cinco empresas regionais e suas subsidiarias. Em 1957, foi criado a Centrais Elétricas de Furnas, que comandou a construção das usinas de Porto Colômbia, Marimbondo, Estreito, Volta Grande e Água Vermelha. Em 1966, foram reunidas as Centrais Elétricas do Rio Pardo CHERP as usinas elétricas de Paranapanema (USEIPA) e as Centrais Elétricas de Urubupumbá (CELUSA), para formar as Centrais Elétricas de São Paulo (CESPE).

Em 1953 foi criada a Companhia Paranaense de Energia Elétrica ( Copel) e a Espírito Santo, Centrais Elétricas (Escelsa); em 1955 a Centrais Elétricas de Goiás (Celg), a Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelha) em 1960 e a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) em 1962.

Na década de 70, tivemos a apresentação de projetos de hidrelétricas de grande porte como a Hidrelétrica de Tucurui e a Itaipu que por muitos anos foi a maior hidrelétrica do mundo (atualmente superada pela Hidrelétrica Três Gargantas, China)

A partir do governo Collor, surgiu o Plano Nacional de Desestatização (PND) desprivatizando o setor energético no país dando condições para iniciativa privada fazer

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investimentos no setor de produção de energia elétrica, surge ai um grande numero de projetos de usinas hidrelétricas principalmente pequenas centrais hidrelétricas as quais se caracterizam por uma produção menor de energia, mas com impactos ambientais reduzidos e tendo a produção de energia mais próxima do ponto de consumo.8

Nos dias atuais obras de usinas hidrelétricas estão em pela execução nos mais variados locais ou rios do território brasileiro elevando a capacidade de produção no país.

Figura 4: Localização das Usinas Hidrelétricas no Brasil.

Fonte: ANEEL Agencia Nacional de Energia Elétrica. Acesso: 12/11/12

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Figura 5: Localização dos pequenos aproveitamentos hidrelétricos (Micro e PCHs) existentes no Brasil.

Fonte: ANEEL Agencia Nacional de Energia Elétrica. Acesso: 12/11/12

A participação da energia hidráulica na matriz energética do Brasil é da ordem de 42% gerando cerca de 90% de toda a eletricidade produzida no país.

O potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em cerca de 260 GW (Gigawatt), dos quais 40,5% estão localizados na Bacia Hidrológica do Amazonas. Entre as demais bacias, destacam-se a do Paraná, com 23% desse potencial, a do Tocantins (10,6%) e a do Rio São Francisco (10%). As bacias do Uruguai e do Atlântico Leste representam cerca de 5% do referido potencial. Contudo, apenas 63% desse potencial foi inventariado.

No Brasil, a geração hidrelétrica tem garantido, nos últimos anos, a produção de cerca de 95% da eletricidade consumida no país. A capacidade instalada atualmente é da ordem de 61 GW (Gigawatt), o que representa cerca de 37% do potencial inventariado e 23% do potencial estimado. Quase 2/3 da capacidade instalada estão localizados na Bacia do Rio

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Paraná. Outras bacias importantes são a do São Francisco e a do Tocantins, com17% e 9%, respectivamente, da capacidade instalada no país. As bacias com menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste, Rio Uruguai e Amazonas, que somam apenas 2% da capacidade instalada no Brasil. 9

Assim como em outros países em desenvolvimento, o consumo de energia elétrica tem crescido substancialmente no Brasil. Nas três últimas décadas, aumentou 7,5% ao ano. Ao passo que a produção brasileira cresceu 2% ao ano e a economia (PIB), assim como o consumo da eletricidade no consumo final de energia passou de 16% em 1970, para 39,5% em 1999(MME, 2000 a).

O setor industrial é o maior consumidor de energia elétrica no país seguido do setor residencial.

Com a crescente demanda de energia elétrica no Brasil, de acordo com o Plano Decenal de Energia 2011-2020, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética, está prevista a geração de 6.156 MW em média por ano para atender ao crescimento da demanda por energia, dos quais, aproximadamente 3.200 MW são oriundos de geração hidroelétrica. Significa dizer que será necessária a construção de uma nova Itaipu, aproximadamente a cada quatro anos. E para tanto é necessário saber ou avaliar toda a alteração que a de vir a acontecer na geografia local onde serão instalados esses projetos de usinas hidrelétricas no país.10

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Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Atlas de Energia Elétrica do Brasil, 2002 10 ibidem

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2 A CONSTRUÇÃO DE USINAS HIDRELETRICAS E A ALTERAÇÃO NA GEOGRAFIA LOCAL

Os projetos de execução de usinas hidrelétricas consistem em reservatório que é formado pelo represamento das águas do rio por meio da construção de uma barragem, construção da casa de força e subestação de elevação.

Os projetos de barragens conhecidos como fio d’água usados em P.C.H (Pequena Central Hidrelétrica) são executados desviando parte da vazão de água do rio para um local mais distante do barramento, local este de menor altitude onde é construída a casa de força.O desvio de água é feito com a abertura de canal a céu aberto e ou túnel subterrâneo.

Os projetos de usinas hidrelétricas iniciam com os estudos técnicos de levantamento de campo para avaliação da viabilidade do projeto, na seqüência é feito a execução dos projetos civis e o licenciamento ambiental. Com a obra licenciada inicia-se a execução da mesma com a instalação do canteiro de obras - alojamentos, refeitório, escritórios, sala de reuniões, almoxarifado, carpintaria, ferraria, mecânica, rampa de lavagem de maquinas e equipamentos, usina e laboratório de concreto, usina de britagem e outros.

Figura 06: Usina Hidrelétrica Campos Novos, Rio Canoas. - SC.

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Na figura 06, pode ser observado os detalhes da área de influencia direta onde podemos identificar o local do canteiro de obras, escavações junto ao local da obra (barramento, túnel de desvio, casa de força), vias de circulação, áreas de bota-fora e de empréstimos.

Detalhes na execução do projeto de usinas hidrelétricas:

Construção da barragem ou represa: Formada pelas ombreiras, vertedouro, adufa, descarga de fundo e tomada d’água. A barragem tem a função de represar a água do rio formando assim o reservatório de adução ou uma queda artificial para condução da água ate o rotor da turbina onde este ao girar o eixo do gerador produz energia elétrica.

Figura 07: Barragem Usina Hidrelétrica Barra Grande, Rio Pelotas,

Fonte: Correio Lageano, acesso em 11/11/2012

Compartimento estanque, Dique de desvio ou Ensecadeira: Para executar a construção da barragem é necessário o desvio da água do rio com a construção de compartimento estanque ou diques de desvio também conhecido por ensecadeira o qual desvia a água do rio de seu curso normal para parte deste ou para outro ponto do rio quando feito com a abertura de canal de desvio ou túnel de desvio.

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Figura 08: Vista aérea da Barragem de Foz do Chapecó, Rio Uruguai, Estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

PILENGHY, Paulo, acesso: 07/11/2012

A figura 08 mostra detalhes da área de influencia da obra, o entorno alterado pela execução de escavações e construção de ensecadeiras de desvio e vias de circulação mostrando a alteração da paisagem no local onde foi executa a obra da Usina Foz do Chapecó.

Figura 09: Vista aérea da PCH Ferradura, Erval Seco, RS.

RISCHBIETER, ENGENHARIA E SERVIÇOS, 2004, acesso em 18/11/2012 Canal de adução Casa de força e Subestação Conduto forçado Reservatório Câmara de carga

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A figura 09 apresenta os detalhes da execução da P.C.H. Ferradura, mostrando o reservatório formado com o represamento d’água pela barragem, mais abaixo na foto esta a câmara de carga, conduto forçado, casa de força e o canal de fuga com o retorno da água para o leito natural do Rio Guarita.

Canal de adução: Vala ou Canal escavado a céu aberto com a função de desviar parte da água do rio represado com a construção da barragem até o local onde será construída a câmara de carga.

Túnel de adução: Túnel subterrâneo escavado com a mesma função do canal de desvio; esse tipo de desvio é executado quando a topografia do local apresenta características afins.

Câmara de carga: Construída com a função de receber a água desviada pelo canal de desvio ou túnel, a partir desse local a água passa a ser canalizada, inicio do conduto forçado. Ver figura 09.

Conduto Forçado: Trecho do desvio d’água onde a água é desviada por tubos metálicos ou material resistente, intervalo entre a câmara de carga e a casa de força, trecho com maior declividade e pressão. Na figura 09, podemos observar os recortes ou alterações na seqüência da formação da mata ali existente, identificando a área atingida com a construção desse empreendimento.

Casa de Força: Pode ser construída junto ao corpo da barragem (projeto de grandes usinas hidrelétricas e ou de queda artificial - casa a jusante) ou num local próximo ao leito do rio com altitude menor que o local onde esta construída a barragem, definindo assim a queda natural no trecho. Na casa de força é instalada a turbina e o gerador de energia, equipamentos usados para a produção de energia elétrica. Ver figura 09.

Canal de Fuga: Trecho de canal entre a casa de força e o leito natural do rio identificando o retorno da água para o leito do rio. Ver figura 09.

2.1 Alterações no Meio Físico Natural

Para execução da obra é feito a supressão da vegetação existente na área onde se formará o reservatório e na área onde serão executadas as infraestruturas da obra, como nas áreas escavadas para execução da barragem, casa de força e outros elementos necessários, conforme o projeto de execução e suas características. Essas ações alteram o meio local em especial e em suas particularidades.

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Figura 10: A floresta ainda intacta.

Fonte: Becker Adriano, 2005, acesso: 05/11/12.

Figura 11: A floresta submersa.

Fonte: REPENNING, Marcio, 2006, acesso: 05/11/2012.

As figuras 10 e 11 testemunham o crime ambiental causado com a formação do reservatório da UHE (Usina Hidrelétrica) Barra Grande construída no Rio Pelotas, divisa do estado de Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, onde além de não ter sido suprimido toda a vegetação existente na área atingida pelo reservatório, à vegetação que ali existia era formada por araucárias e espécies endêmica características da região.

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A construção de reservatórios em cursos d’água para a geração de energia elétrica é um feito da engenharia, são estruturas imensas e seus reservatórios represam volumes incomensuráveis de água. Cada projeto tem suas especificidades, mas como toda obra de grande porte, provoca inúmeros impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais que transformam as regiões onde se instalam. Determinados impactos são irreversíveis, outros a capacidade de resiliência da natureza em conjunto com ações antrópicas positivas se encarregam de corrigir e ou restaurar.11

No mesmo sentido o estudo levantado pela revista Geonorte, informa que: “A implantação e a operação de centrais hidroelétricas causam modificação ambiental no local de sua localização, como a modificação do regime do rio (de lótico para lêntico), supressão da vegetação na área do futuro reservatório, movimentação de terra para construção das barragens, dentre outros.” 12Como demonstrado na figura 10 a qual apresenta a área alterada com as praticas de supressão vegetal, escavações e construção do canteiro de obras junto ao empreendimento PCH Sitio Grande, Bahia.

Figura 12: Local atingido pelo empreendimento, PCH Sitio Grande, Bahia

Fonte: Revista Geonorte, 2012, acesso em 11/11/2012

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. Idem. VECCHIA, Rodnei.

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A região que sofre influências diretas ou indiretas com a construção de usinas hidrelétricas ou centrais hidrelétricas pode ser divida em:

Área de Abrangência Regional (AAR): É a área de objeto da caracterização regional dos estudos ambientais, englobando as variáveis susceptíveis de sofrer indiretamente os efeitos das ações referentes às fases de implantação e operação do empreendimento. A área de abrangência regional é definida de ponto de vista socioeconômico, pois é tida como a área que pode vir a atingir a sociedade como um todo e não apenas o local de implantação do empreendimento. 13

Podemos ainda citar os município da região e suas funções de infra-estrutura (estradas e vias de acesso, redes de energia elétrica e abastecimento de água), relações sociais (o deslocamento de pessoas, amigos e familiares para outras regiões) e econômicas (o desenvolvimento do comercio regional, a valorização das propriedades da região e a ampliação da arrecadação de impostos e royalties). Segundo estudo, essas alterações podem ocorrer em:

[...]-Área de Influencia Indireta (AII): Consiste no Conjunto das áreas, normalmente limítrofes a área de influencia direta (AID), potencialmente aptas a sofrer impactos indiretos da implantação e operação do empreendimento, abrangendo os ecossistemas que podem ser impactados por alterações na área de influencia direta.14

As alterações na bacia hidrográfica alterando o fluxo de águas a montante e jusante do empreendimento e os impactos na fauna.

[...]-Área de Influencia Direta (AID): É a área onde as relações sociais, econômicas, culturais e os aspectos físico-biológicos podem sofrer os impactos diretamente com a construção do empreendimento. São áreas onde as ações modificadoras decorrentes da implantação da obra são evidentes, como supressão vegetal, desmobilização de estruturas existentes, trabalhos de terraplanagem, construção do barramento, entre outras, implicando em modificações diretas sobre o ambiente. Área do reservatório, a área de preservação permanente e as áreas de engenharia, como canteiro de obras, empréstimo, bota-fora, etc.15

Ressalta-se também, todas as ações ou praticas no local do empreendimento, nessa área as alterações são mais visíveis e de maior intensidade.

A construção de hidrelétricas e conseqüentemente sua barragem e a formação do reservatório causam diversos impactos ou alterações ambientais e sociais alterando a

13 PCH Ado Popinhaki, Rio Canoas, Relatório de Impacto Ambiental RIMA, 2010, pág.13, Elaboração:RTK. <http://WWW.ftma.sc.gov.br/índex.php?option=com_content&tank=vien&id=97&Itemid=141>

14

Idem. PCH Ado Popinhaki. 15 Idem

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geografia local. As populações são atingidas direta e concretamente através do alagamento de suas propriedades, casas, áreas produtivas, vilarejos e cidades. Existem também os impactos indiretos como perdas de laços comunitários, separação de comunidades e famílias, destruição de igrejas e inundações de locais sagrados para comunidades indígenas e tradicionais, como também a perda de habitat natural de muitas das populações de animais e de plantas ali existentes. 16

Figura 13: Rio Uruguai, região próximo a cidade de Caxambu do Sul - SC, na data de 01/02/2006.

Fonte: Imagem Google earth, acesso: 08/11/12.

Figura 14: Rio Uruguai, região próximo a cidade de Caxambu do Sul - SC. divisa com o Estado do Rio Grande do Sul, na data de 10/10/2010.

Fonte: Imagem Google earth, acesso: 08/11/2012.

16

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29

As figuras, 11 e 12 identificam a alteração da paisagem local com a formação do lago da Usina Foz do Chapecó. O leito do Rio Uruguai e seus afluentes foram alargados ou ampliados na região do lago com o represamento do rio, áreas de mata ciliar foram suprimidas, propriedades rurais tiveram suas áreas de cultivo e convívio social reduzidas, estradas e caminhos obstruídos pela água do reservatório alterando o deslocamento e comunicação da população local.

As figuras, 13 e 14 mostram as alterações da dinâmica da fauna e flora no local do empreendimento causada com a construção de usinas hidrelétricas, na figura 13, a ampliação do leito do Rio Pelotas-SC com a formação do reservatório da Usina Hidrelétrica de Machadinho. Na figura 14 podem ser observados os locais de escavação e construção do barramento da Usina Hidrelétrica Barra Grande identificando a enorme alteração da geografia local junto ao empreendimento.

Figura 15: Usina Hidrelétrica de Machadinho, Rio Pelotas, Piratuba - SC. na data de 28/09/2005

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Figura 16: Usina Hidrelétrica Barra Grande no período da construção. Data de 28/09/2005.

Foto: PROCHNOW Mirian, 2005, Acesso: 05/11/2012

A remoção permanente da vegetação no local na área de alague bem como nos locais das edificações e estradas de circulação definem uma nova condição ao local suprimindo áreas de reservas naturais de matas ainda não explorados pelo homem, formada por exemplares de espécies endêmicas características da região e em alguns casos se encontrando em risco de extinção. Pratica necessária de execução uma vez que se faz necessário a total remoção da vegetação existente na área da obra e principalmente na área a ser alagada pelo reservatório, pois o afogamento da vegetação pode causar putrefação da mesma, formando lodo orgânico, coloração acentuada, desprendimento de gases mal cheirosos, proliferação de microorganismos indesejáveis e a abundancia de vegetação aquática. 17

Com a supressão vegetal e o enchimento do lago grande área terrestre principalmente de mata é reduzida acarretando no comprometimento das populações de animais silvestres principalmente por constituírem locais de nidificação, sítios de alimentação e reprodução. Esses locais possuem características especiais ou determinantes para o habitat da fauna local, o que acaba por determinar sua existência na região, sendo dessa forma a execução do

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empreendimento ação determinante para a sobrevivência ou não de determinadas espécies da fauna no local.

A circulação de pessoas, máquinas e equipamentos, acabam por afugentar a fauna no local atingido pela obra, causando a migração de animais, a diminuição de natalidade e aumento da mortalidade entre os animais, gerando desequilíbrio fisiológico típico de situações de tensões. 18

Entraves as migrações reprodutivas e alimentares são causadas onde comunidades de animais e peixes acabam por ficar isolados ou com suas áreas de convívio limitado, devido à construção de barreiras como a barragem, canal de desvio d’água, cercas e escavações. A construção da barragem acaba por impedir ou dificultar o movimento dos cardumes de peixes rio acima no período da piracema; animais terrestres ou aves acabam por ter sua oferta de alimentos comprometida com a alteração no fluxo e profundidade do leito do rio (com o fim dos locais de menor profundidade ou corredeiras), cercas de isolamento de áreas da obra e de A. P. P (Áreas de Preservação Permanente) acabam por limitar os locais usados como ninhos de reprodução e áreas de coleta ou captura de alimentos.19

Segundo estudos: “Os impactos causados pela obstrução do canal de um rio são diretos sobre a maioria dos peixes migradores dos rios brasileiros.” 20

Quando da instalação do canteiro de obras e o número de pessoas ampliado junto ao local, ocorre à produção e acumulo de dejetos e lixo, os quais acabam por servir de atrativo e local de proliferação de fauna sinantrópicas, como citado no Relatório de Impacto Ambiental da PCH Cavernoso II:

Na fase de instalação do empreendimento, o aumento da população local, e das suas atividades inerentes as obras podem acarretar no aumento da produção e o acumulo de resíduos orgânicos. Isto pode atrair espécies sinantrópicas, como roedores exóticos (o rato domestico – Rattus rattus, a ratazana – Rattus novergicus e o camundongo – Musmusculus), alguns ratossilvestres, gambá – Didelphis spp, Urubus – Coragyps atratus, baratas, mosquitos, moscas e formigas. Alem de ocorrer à competição com animais silvestres, muitos destes animais podem ajudar na disseminação de doenças. Roedores exóticos, como ratazanas, podem disseminar leptospirose, e há riscos de ratos silvestres disseminarem hantavirose.21

18 Ibidem, pg. 32. 19 Ibidem, pg. 29. 20 Ibidem, pg. 29. 21 Ibidem, pg. 34.

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O aumento do numero de pessoas trabalhando na região, na fase de implantação do empreendimento, somado ao afugentamento e distúrbio da fauna aumenta as chances de acidentes com animais peçonhentos, especialmente serpentes. Na fuga da fauna, estes animais podem se refugiar a beira de fragmentos florestais e inclusive nos dormitórios de funcionários e em propriedades de moradores regionais ampliando o risco de contato e ataque desses animais. A alteração do habitat da fauna existente no local acaba por alterar a atenção e o convívio regular da comunidade que ali vive pelo perigo de acidentes que podem vir a acontecer. 22

Com a construção da barragem e formação do reservatório a dinâmica da água é alterada tornando locais de águas lóticas (rios de corredeiras ou com cachoeiras) em rio de águas lénticas ou de baixa ou nenhuma velocidade alterando assim as condições e o habitat local como citado no Relatório de Impacto Ambiental da PCH Cavernoso II:

A formação de um reservatório determina importantes modificações das condições hidrológicas com influencia direta e indireta sobre as populações de animais de hábitos aquáticos. A eliminação de ambientes torrenticolas e a conseqüente ampliação de áreas lénticas deve provocar modificações na abundancia e distribuição da fauna aquática e terrestre.23

O uso de maquinas e equipamentos durante a obra e durante a operação da usina acarreta o uso de óleos e graxas sendo que estes podem vazar ou serem mal acondicionados e vir a ficar expostos ao meio causando contaminação do solo e dos corpos hídricos.

Com a instalação e funcionamento do canteiro de obras e posterior operação da usina, ha formação de aglomeração populacional formada pelos operários e com isso à produção de esgoto e resíduos domésticos que com o acumulo e disposição em locais inadequados contribui para a poluição hídrica do reservatório e do lençol freático.

As águas que compõem o esgoto doméstico compreendem as águas utilizadas para higiene pessoal, cocção e lavagem de alimentos e utensílios, alem da água usada em vasos sanitários.

Um exemplo típico de esgoto doméstico é a deteriorização da qualidade das águas da represa Billings, situada na região sul da grande São Paulo, represa construída para a geração de energia e captação de água bruta. Com o represamento da água do rio reverteu se o Rio Pinheiro, jogando as águas do Rio Tiete na represa Billings. Isso permitiu aumentar a vazão regulável da represa, entretanto os Rios Pinheiro e o Tiete recebem o esgoto de toda grande

22 Ibidem, pg. 33. 23 Ibidem, pg. 28.

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São Paulo. Essa poluição praticamente acabou com toda atividade de recreação da represa. (Scaramucciin et AL.,1995) principalmente com a concentração de sedimentos, lixo e esgoto junto ao barramento provocado pela retenção destes no local.

A concentração de agroquímicos por deposição no reservatório onde com a formação do reservatório sobre áreas usadas no cultivo de lavouras e ou de pastagem bem como nas áreas circunvizinhas a obra (bacia hidrográfica) é feito o uso de fertilizantes e agrotóxicos, estes são transportados pela água da chuva ate o leito do rio, com o represamento d’água ocorre à concentração destes no reservatório, com sua maior concentração junto ou próximo ao barramento.

A eutrofilação de ambientes lacustres, frutos muitas vezes da entrada de poluentes orgânicos e inorgânicos, pode alterar a qualidade da água e ocasionar, também, a eliminação de componentes da ictiofauna. A nocividade destes componentes varia em função da sua decomposição química, quantidade, condições em que serão empregados e da biocenose sobre o qual irão agir. Sabendo que:

Em ecologia, chama-se eutrofização ou eutroficação ao fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema O excesso de nitratos lixiviados também promove a ocupação por plantas superiores onde estas geralmente não ocorriam e dessa forma também sufocando ambientes anteriormente equilibrados.24

Diante disso:

Durante o enchimento e operação do reservatório, podem ocorrer alterações na qualidade da água devido à submersão de solos e de vegetação pré-existente. Essas alterações incluem o aumento dos teores orgânicos e nutrientes na água e pressões no balanço de oxigênio dissolvido, podendo acelerar o processo de eutrofização ou estabelecer condições anaeróbias no lago. O afogamento da vegetação pode causar putrefação da mesma, formando lodo orgânico, coloração acentuada, desprendimento de gases mal cheirosos, proliferação de microorganismos indesejáveis e a abundancia de vegetação aquática.25

As variações dos parâmetros físicos e químicos da água relativas às contaminações provocadas por combustíveis, defensivos agrícolas, fertilizantes e efluentes domésticos e ou

24Eutrofização – Wikipédia, a enciclopédia livre <Em:pt.wikipedia.org/wiki/Eutrofização >. Acesso em 10/11/12

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industriais e vegetação em processo de decomposição podem ser responsáveis pela mortandade de peixes e de quase toda a comunidade aquática. Vainer (2004) destaca que os:

“problemas mais recorrentes nas áreas de barragens são: a contaminação da água pela inundação de florestas tropicais que não foram desmatadas e resultam em um material decomposto que ocasiona sérios problemas, como perda de oxigeno da água que provoca a morte de peixes e também ocasiona a liberação de gases tóxicos que poluem o ar no seu entorno.” 26

Como podemos observar a alteração do fluxo da água coma a construção de uma barreira no leito do rio (barragem), esta acaba por reter no lago sedimentos, lixo e esgoto havendo maior concentração na região mais próxima ao barramento.

As escavações para a execução do canteiro de obras e a construção das infra-estruturas da usina acabam por deixar grandes áreas de terras desprotegidas favorecendo os processos de erosão e assoreamento do reservatório:

A construção de uma barragem faz com que a velocidade do rio, ao adentrar o reservatório, seja reduzida, provocando a queda acentuada da turbulência e da capacidade de transporte de sedimentos. Os sedimentos em suspensão e de arrasto são depositados no fundo, provocando o assoreamento e conseqüente diminuição do volume útil do reservatório.27

A supressão da vegetação, as escavações, e as áreas desprovidas por mata ciliar no entorno do lago deixam o solo vulnerável as ações pluviométricas as quais levam grande quantidade de sedimento para dentro do lago, local este, onde as águas em menor velocidade reduzem a capacidade de transporte dos sedimentos em suspensão e de arrasto depositando o mesmo no fundo do lago provocando o seu assoreamento e conseqüentemente diminuindo o volume útil deste. 28

As escavações para implantação do canteiro de obra e das infra-estruturas da usina hidrelétrica expõem grandes áreas de terra a intempéries favorecendo o processo de lixiviação e transporte de sedimentos ao leito do rio ou lago consolidado aumento na turbidez e transporte de sedimentos na água. 29

Posto isto, tem-se o entendimento que:

Ao longo da operação do reservatório, os processos naturais e antrópicos existentes na bacia hidrografia resultarão em aporte de sedimentos ao reservatório. O material

26 Ibidem 27 Ibidem, pg.20. 28 Ibidem, pg. 20. 29 Ibidem, pg.17

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sólido transportado ao corpo d’água fica retido, total ou parcialmente, no reservatório. Com o passar do tempo, o volume útil do reservatório vai diminuindo, na medida em que sedimentos carregados pelos rios vão ocupando o lugar da água.30

Temos assim a redução do volume de água no reservatório e com o passar dos anos a necessidade da dragagem ou limpeza com a remoção do material retido pela barragem.

As variações do nível das águas do lago acabam por instabilizar suas encostas isso por sua vez causa a queda de barreiras bem como o assoreamento do lago.

Após a formação do reservatório, o contato das águas com as encostas, principalmente as desprovidas de vegetação, poderá desencadear fenômenos localizados de deslizamento. 31

Durante o período de implantação do projeto da usina hidrelétrica, maquinas, equipamentos e operações emitem ruídos e vibrações. A emissão de som, em função da intensidade, duração e freqüência, geram incomodo para a população local, bem como, para a fauna local, indivíduos os quais não acostumados com estes.

As máquinas e equipamentos usados para escavação e na construção da usina hidrelétrica acabam por alterar o convívio tranqüilo da população local bem como provocam o deslocamento da fauna existente na região da obra.32

A construção de usinas hidrelétricas, considerada como fonte de energia limpa também causam alterações de elementos e fatores atmosféricos principalmente quando não procedido os trabalhos de supressão vegetal e limpeza da área a ser inundada, pois a putrefação de material orgânico no leito do reservatório causa à produção de gases nocivos a camada de ozônio (principalmente o metano) e a ampliação do aquecimento global.

Conforme trabalho apresentado pela International Rivers;

[...]o fluxo dos rios esta cada vez mais imprevisível. As mudanças climáticas começaram a alterar os padrões de precipitação de forma significativa e imprevisível. Por um lado, secas mais freqüentes tornarão muitos projetos hidrelétricos inviáveis economicamente, e por outro, chuvas mais intensas aumentarão o assoreamento das barragens reduzindo o assoreamento das barragens (reduzindo sua vida útil) e o risco de falha operacional e inundações catastróficas. Os reservatórios das barragens emitem gases de efeito estufa. Nos trópicos, os reservatórios são uma fonte mundialmente significativa de um dos gases mais

30

Ibidem, pg.18 31 Ibidem, pg.25 32 Ibidem, pg. 22

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potentes, o metano. O metano tem 25 vezes o potencial de aquecimento global do dióxido de carbono.33

Já em situação local, como citado no estudo de impacto ambiental da PCH Cavernoso II, ocorre que:

Na microrregião é possível observar a maior ocorrência de nevoeiros, resultante da elevação da taxa de evaporação e da advecção de ar quente e úmido sobre a superfície do reservatório. A elevação dos teores de umidade na região ocorre devido ao aumento da evaporação, e depende da ação do vento.

A diferença de propriedades entre o solo e água poderá resultar na alteração do perfil vertical do vento, devido à mudança da rugosidade, e no balanço vertical de radiação solar, criando mecanismo de brisa.34

Tense dessa forma, a alteração das condições climáticas com a formação mais constante de nevoeiros nos horários do inicio da manha e final de tardes, períodos de maior alteração de temperatura no período diário.

Tremores de terra são causados com a formação dos reservatórios, onde a carga de peso criada com a retenção de grande quantidade de água acaba por causar atividades sísmicas principalmente quando da existência de falhas geológicas locais como citado por Vieira e Vainer:

As barragens podem provocar ou intensificar tremores de terras e movimentação do solo nas vizinhanças dos reservatórios. No inicio da década de 1930 se acreditava que as atividades sísmicas poderiam ocorrer somente durante o enchimento dos lagos, mas hoje se sabe que esses tremores podem ocorrer com o lago já cheio e estabilizado.

Ainda estão sendo feitos debates científicos a este respeito, mas é certo que a pressão e o peso da água estocada no reservatório, em alguns casos, são suficientes para explicar um tremor. 35

Temos assim em alguns casos onde comunidades passam a perceber após a formação do reservatório, rachaduras nas paredes de suas casas ou tremores de terras antes nunca percebidos na região, alterando a vida rotineira das comunidades locais.

O aumento considerado de pessoas principalmente os operários da obra, acaba por causar um aumento na caça e pesca predatória no local do empreendimento. Quando da

33

Internacional Rivers people. Water. Life, Clima Errado para Grandes Barragens, A destruição dos Rios vai Agravar a Crise Climática pag. 2 Maio 2012

<www.internationalrivers.org/.../wrong_climate_portug...-Estados Unidos>. Acesso:15/12/2012

34 Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA da PCH CAVERNOSO II) Volume II, 2009, COPEL pag.26.

35 .VIEIRA, Flavia, VAINER Carlos, O que fazer quando uma hidrelétrica “bate à sua porta”? pag. 07, em <www.maternatura.org.br/hidreletricas/.../Leiamais>

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formação do lago este passa a atrair caçadores e pescadores na intenção de alvejar animais e peixes, principalmente em locais onde antes a circulação de pessoas era de difícil acesso e desta forma era um local de refugio de um número maior de exemplares de animais e peixes o que torna o local atrativo para caçadores e pescadores agirem de forma criminosa. 36

2.2 Alterações Socioeconômica

As alterações referentes a este meio estão relacionadas aos aspectos sociais, econômicos e culturais e que tem sua influencia direta no convívio humano no local a

A instalação de usinas hidrelétricas acaba por provocar o deslocamento de famílias das áreas atingidas com a construção das benfeitorias do empreendimento, canteiro de obras, áreas do reservatório e áreas de preservação permanente, alterando completamente a vida social e rotineira do local, pois quando do deslocamento destas famílias muitas destas tomam destinos diferentes, separando o vinculo de amizade e parentesco, o local onde essas famílias muitas vezes construíram ou criaram lembranças, sonhos e projetos e que acabam por ser de uma hora para outra, abandonados por motivo da formação do lago de uma usina hidrelétrica.

As famílias que acabam por ficar residindo em áreas do entorno do empreendimento tem suas vidas alteradas, pois familiares e amigos foram para outro local morar, grupos sociais acabam por serem reduzidas a um numero muito pequeno de indivíduos.37Neste sentido é o entendimento feito pelo estudo do manual do atingido, o qual informa que:

As famílias e comunidades deslocadas sofrem enormes perdas. O impacto mais evidente é a perda de terras, casas, igrejas, clubes, escolas, comércios, etc. Costuma-se chamar este conjunto de impactos de perda dos meios materiais de vida.

Mas há também uma serie de outros impactos menos evidentes que são chamados de perdas imateriais, pois não são coisas concretas que são derrubadas, assim como as paredes de uma construção. É a destruição dos laços e redes sociais. É isso que acontece com as pessoas que, ao serem obrigadas a sair de sua localidade, perdem vizinhos, o contato com amigos de infância, com parentes. Esta perda pode provocar muita tristeza, solidão, depressão. Pode provocar também algumas perdas materiais como, por exemplo, a possibilidade de fazer um mutirão para construir um galpão. As pessoas que são deslocadas por barragens têm que começar a vida de novo. Elas têm que construir novas casas, galpões e comércios. Tem que se matricular em novas escolas em novos clubes, entrar para uma nova paróquia ou templo, fazer

36

Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA da PCH CAVERNOSO II). COPEL. Volume II, 2009, pag.30

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novos amigos e vizinhos. Em resumo, elas têm que fazer de novo tudo o que foi construído ao longo de sua vida, e mesmo da vida de seus antepassados.38

Assim segue:

O Conceito de Atingidos: O I Encontro Nacional de Trabalhadores Atingidos por Barragens (abril de 1989) definiu como atingidos todos aqueles que sofrem modificações nas suas condições de vida como conseqüência da implantação das barragens, independente do local em que vivem ou trabalham. É assim que o movimento pensa: todo mundo que tenha sua vida afetada de alguma forma pela construção da barragem é um atingido. Ainda hoje a ampliação de conceito do atingido é objeto da luta política e social.39

Segundo tal entendimento:

A maioria dos levantamentos realizados pelos governos e/ou empresas consideram como atingidos pelos projetos, apenas aquelas pessoas que são deslocadas por causa do enchimento do reservatório e que possuem o titulo de propriedade. Assim pessoas, famílias e comunidades são deixadas de lado como os citados a seguir: A população a montante (acima) e a Jusante (abaixo) da barragem.

Os posseiros, parceiros, meeiros, arrendatários, agregados e trabalhadores assalariados da área inundada.

As pessoas deslocadas por causa de outras partes do projeto (como por exemplo, as linhas de transmissão, a casa de maquinas, etc.).

As famílias que perdem suas terras ou parte delas, mas que permanecem com suas casas.

As pessoas que utilizam as terras comuns para pastagem do gado, colheita de frutos, vegetais e madeiras.

As pessoas que tem seu acesso a escolas, hospitais e comercio obstruído em função da destruição e alagamento de estradas.40

As pessoas cujas atividades econômicas dependiam da população deslocada. Como por exemplo, professoras de escolas inundadas, caminhoneiros que transportavam a população, etc.41

A construção de usinas hidrelétricas acarreta alteração da vida social e particular de cada indivíduo envolvido uma vez que o projeto do empreendimento passa a fazer parte da vida da população local sem esta estar em concordância com as suas exigências, onde podemos citar a venda de suas propriedades e o abandono do local onde foi escrito uma história de vida, convívio e planos futuros. Posto isto, cabe frisar que:

Os atingidos ao terem suas terras emersas pela água e saem do campo e acabam em muitos casos se dirigindo para as cidades na esperança de reconstruir uma vida melhor com a indenização recebida pela empresa construtora. A busca de emprego das famílias atingidas por barragem gera um forte fluxo migratório para as cidades, os atingidos por serem trabalhadores do campo (agricultores) na maioria das vezes

38 Ibidem, pg. 02 e 03 39 Ibidem, pg. 02 40 Ibidem, pg. 02 41 Ibidem, pg. 02

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não têm qualificação profissional e acabam ficando fora do mercado de trabalho e com isso passam a ocupar áreas periféricas das cidades e são forçadas a realizar os subempregos.42

Já no setor da saúde segue-se tal entendimento:

O primeiro tipo de problema provocado por barragens começa com a chegada de um grande numero de trabalhadores da construção civil para trabalhar na obra. São trabalhadores que circulam por toda parte e muitas vezes carregam consigo doenças contagiosas como tuberculose, sífilis, AIDS, entre outras. Mas os trabalhadores da obra também são vitimas das condições de trabalho perigosas e insalubres na maioria dos casos. Os acidentes e mortes são numerosos.43

Alem dos possíveis acidentes de trabalho junto à obra bem como acidentes de transito, muitas vezes ampliado pelo aumento na circulação de veículos e maquinas, temos também os problemas causados com a ampliação da prostituição na região com o risco de gravidez indesejada e contágios com a transmissão de doenças venéreas como Sífilis e AIDS.

O atendimento da rede publica de saúde para a população local é alterada, bem como o atendimento das pessoas envolvidas na execução do empreendimento uma vez que os sistemas de saúde dos municípios atingidos na região não se encontram preparados para atender um número maior de pacientes.

As populações indígenas deslocadas pelo progresso e desenvolvimento capitalista mais uma vez sofrem com a construção de usinas hidrelétricas as quais suprimem a mata local de caça e convívio nativo, bem como, destruindo sua cultura e costumes como segue:

Os grupos indígenas e minorias étnicas se encontram entre as principais vitimas das barragens, O impacto das grandes barragens sobre os povos indígenas se torna especialmente grave porque os séculos de exploração e deslocamento imposto a maioria das tribos indígenas torna os remotos vales e florestas de suas reservas o ultimo refugio contra a destruição cultura.

Nessas comunidades, o trauma do reassentamento é ainda maior por causa de sua forte ligação espiritual com o território. Os laços espirituais e as praticas culturais, que ajudam a definir suas sociedades, são destruídos pelo deslocamento e pela perda de recursos comunais em que sua economia é baseada.

A chegada de centenas de trabalhadores, máquinas pesadas, álcool, prostituição e violência, que sempre acompanham os projetos de barragens, também representam uma ameaça de destruição e desaparecimento das tribos indígenas.44

O aumento na circulação de veículos nas vias de acesso ao empreendimento ocasionará alguns incômodos à população local: Aumento da poluição, de partículas solida no ar e, aumento de ruídos.45

42 ROCHA Gabriela Silveira, SOARES Venozina de Oliveira.Resistência e Participação dos Movimentos Sociais na Construção de Grandes Barragens no Nordeste, pag. 06, <WWW.uesb.br/eventos/ebg/anais/7e.>. Acesso: 07/11/12

43 Ibidem,VIEIRA, Flavia, VAINER Carlos, pg. 04 44 Ibidem, pg. 03

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Nuvens de poeira ou pó são lançadas no ar nos locais próximos ao local da obra ou de estradas alterando totalmente o convívio dos moradores do local atingido.

Novas estradas são abertas, tanto estradas de serviço como estradas destinadas para o desvio da circulação e deslocamento da população local, impedindo dessa forma a circulação da população local junto a área da obra.46

Rodovias e estradas secundarias acabam por receber um numero elevado de veículos e equipamentos, muitas vezes de elevado peso que ao trafegarem por estas acabam por danificar as mesmas, havendo dessa forma a necessidade de obras de recuperação.

A constante circulação de pessoas, veículos e equipamentos bem como o grande número de funcionários trabalhando acabam por aumentar a probabilidade de haver acidentes de transito ou de trabalho. Principalmente provocados pela alteração na rotina local, onde a vida calma e tranqüila acaba por ser alterada.47

Com a instalação de usinas hidrelétricas há uma grande tendência na valorização das terras que se encontram nas proximidades da obra. Áreas usadas somente para fins agropecuários ou cobertas por matas muitas vezes localizadas em terrenos de topografia acidentada passam a ter interesse imobiliário com a instalação de uma usina hidrelétrica no local ampliado o valor de negociações. 48

As execuções de usinas hidrelétricas necessitam de um grande numero de profissionais para sua construção sendo assim a oferta de vagas de emprego é ampliada no período da obra, conforme a COPEL, 2009, pag.39: “...” para a materialização da obra é indispensável à contratação de funcionários dos mais diversos níveis como: serventes e auxiliares, pedreiros, carpinteiros, operadores de escavadeiras, tratores e outros, engenheiros e demais profissionais necessários a realização do empreendimento.49

Um exemplo da geração de emprego é o grande número de trabalhadores direta e indiretamente empregados na Usina Hidrelétrica Belo Monte em Altamira no Pará demonstrado na noticia vinculada na data de 28 de agosto de 2012, no blog da Usina Hidrelétrica Belo Monte: ”

[...] O retorno das atividades nos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte ontem (28/08), além de levar alívio para os cerca de 20 mil trabalhadores

45 Ibidem, pg. 43 46 Ibidem, pg. 44 47 Ibidem, pg.45 48 Ibidem, pg. 37 49 Ibidem, pg. 39

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direta e indiretamente empregados no projeto, também reanimou os comerciantes de Altamira, maior cidade presente na área de influência do empreendimento [...].50

Conforme reportagem da programação da Rede Globo, a construção da usina de Belo Monte é responsável pela chegada de 30 mil trabalhadores. O rápido crescimento também trouxe problemas de cidade grande como: trânsito, violência e filas nos locais de serviço. Em dias de pagamento, por exemplo, trabalhadores esperam até duas horas para usar o caixa eletrônico 51, demonstrado o grande numero de pessoas que foram atraídas pela oferta de emprego ofertados pela construtora do empreendimento Usina Hidrelétrica Belo Monte e também demonstrando que a cidade de Altamira não estava preparada para receber esse elevado numero de pessoas

Com a perda de seus territórios ou áreas produtivas com a formação do lago os municípios envolvidos passam a receber Royalties ou taxas de compensação Estas taxas passam a ser renda segura para os cofres municipais beneficiando assim a população destes municípios. 52

A geração de recursos na forma de impostos diretamente arrecadadas pelo poder público eleva a capacidade financeira da administração municipal, possibilitando maiores investimentos nas infraestruturas sociais e territoriais, razão pela qual o imposto é amplamente positivo. O efeito benéfico esta associado a vários desdobramentos socioeconômicos, podendo haver investimentos da prefeitura local, que ira se traduzir na melhoria dos serviços públicos e em mais empregos. 53

Dessa forma os cofres públicos municipais passam a ter recuso para investimentos nas áreas publicas, como: saúde, educação, infraestrutura e outros.

O aproveitamento do reservatório e as áreas de margem da barragem como área turística intensificam esse tipo de exploração econômica para a região com ganhos econômicos para os empresários e a formação de um atrativo turístico para a população local e para os turistas.

Também temos a diversidade na Matriz Energética Local, pois a oferta energética é um impacto altamente positivo para região, melhorando as condições de infraestrutura da região com a ampliação energética local. Com o lançamento da energia produzida no sistema de transmissão nacional esta por sua vez esta sendo lançada próxima do local onde foi

50

Blog Usina Hidrelétrica Belo Monte <http://www.blogbelomonte.com.br/tag/altamira/> Acesso: 20/11/12.

51

Rede Liberal, Cidade de Altamira, no Pará, é destaque no Profissão Repórter

<

http://redeglobo.globo.com/pa/tvliberal/noticia/2012/11/>cidade-de-altamira-no-para-e-destaque-no-profissao-reporter.html. Acesso: 09/12/12. 52

Ibidem, pg.48

53 Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA da PCH CAVERNOSO II). COPEL. Volume II, 2009, pag.47.

(42)

construída a usina hidrelétrica ampliando a capacidade energética da região e com isso melhorando as qualidades de infraestrutura local.54

Referências

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