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Proposição e validação de escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL GESTÃO EMPRESARIAL

FELIPE CAVALHEIRO ZALUSKI

PROPOSIÇÃO E VALIDAÇÃO DE ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS COMPONENTES E MECANISMOS ORGANIZACIONAIS DE DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DINÂMICAS EM ORGANIZAÇÕES

IJUÍ 2020

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FELIPE CAVALHEIRO ZALUSKI

PROPOSIÇÃO E VALIDAÇÃO DE ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS COMPONENTES E MECANISMOS ORGANIZACIONAIS DE DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DINÂMICAS EM ORGANIZAÇÕES

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, na linha de pesquisa Gestão Empresarial, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen Coorientadora: Prof. Dr. Gloria Charão Ferreira

IJUÍ 2020

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Catalogação na Publicação

Eunice Passos Flores Schwaste CRB 10/2276

Z22p Zaluski, Felipe Cavalheiro.

Proposição e validação de escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações / Felipe Cavalheiro Zaluski. – Ijuí, 2020.

102 f. ; il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento Regional.

“Orientador: Jorge Oneide Sausen”. “Coorientadora: Glória Charão Ferreira”.

1. Capacidades dinâmicas. 2. Escala. 3. Elementos componentes.

4. Mecanismos organizacionais. I. Sausen, Jorge Oneide. II. Ferreira, Glória Charão. III. Título.

CDU: 65.014

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

“PROPOSIÇÃO E VALIDAÇÃO DE ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS COMPONENTES E MECANISMOS ORGANIZACIONAIS DE

DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DINÂMICAS EM ORGANIZAÇÕES”

elaborada por

FELIPE CAVALHEIRO ZALUSKI

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento Regional

Banca Examinadora:

Dr. Jorge Oneide Sausen - (PPGDR/UNIJUÍ): _____________________________________________

Dr. Daniel Knebel Baggio – (PPGDR/UNIJUÍ): ____________________________________________

Dr. ª Glória Charão Ferreira – (PPGDR/UNIJUÍ): ________________________________________

Dr. ª Cassiana Maris Lima Cruz – (PPGA/UPF): _________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Muitos foram os auxílios e apoio para concretização deste estudo. Primeiramente agradeço a Deus e aos meus guias espirituais pelo amparo em todas as vezes que precisei ter fé. Agradeço a minha mãe Teresinha pelas inúmeras conversas e apoio nas minhas decisões para conquistar todos os objetivos que alcancei até aqui, estando ao meu lado em todos os momentos da minha vida.

Ao meu amigo do peito, Patrique Rosa Hedlund por toda ajuda e diálogo desde muito antes do ingresso no mestrado e, principalmente, durante a realização desta dissertação. Às minhas colegas de mestrado Diziane Inês de Lima, Fabiana Zanardi e Josiele Maria Fão por proporcionarem muitas risadas, debates, parcerias e muitos artigos. Com vocês nesta caminhada percebi o valor do apoio fraterno de uma amizade verdadeira.

Ao meu orientador de graduação e agora de mestrado, Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen por todo apoio teórico e prático para realização desta dissertação, pelo exemplo de professor e profissional. Agradeço toda oportunidade que me possibilitou durante o mestrado. Obrigado por acreditar em mim e me incentivar sempre!

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional por todo conhecimento compartilhado e pelos bons momentos de diálogo nas salas de pesquisa. Agradeço em especial ao Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio pelas contribuições na banca de qualificação desta dissertação. Ainda, não menos especial, a Prof. Drª Gloria Charão Ferreira por compreender minhas limitações e possibilitar o aprendizado quanto a parte estatística desta dissertação e despertar inúmeras curiosidades acadêmicas sobre futuros temas de pesquisa. És uma incrível pessoa e profissional, marcou minha trajetória neste último ano de mestrado, agradeço-te muito por tudo. Nunca esquecerei da frase que me dissestes quando em muitas dúvidas me encontrei: “Levante-te... vai ao espelho e veja a imensidão que és”!

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela bolsa concedida, operacionalizando a realização deste estudo. Às organizações, pelo tempo e participação no levantamento dos dados. Aos demais amigos e colegas de mestrado e grupo de pesquisa que de alguma forma me auxiliaram e apoiaram.

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RESUMO

A teoria das capacidades dinâmicas consolida-se como um conceito chave para compreender o desempenho de organizações inseridas em ambientes dinâmicos e como as mesmas buscam renovar suas competências e reconfigurar seus recursos, objetivando obter vantagem competitiva sustentável. Percebe-se que o entendimento do constructo de capacidades dinâmicas ainda é tema de debate científico no meio acadêmico, pois os estudos sobre a temática focam nos resultados que elas produzem e não em como são desenvolvidas nas organizações. Desta forma, a identificação dos mecanismos por meio dos quais as capacidades dinâmicas se desenvolvem pode gerar novas descobertas sobre a sua implementação, visto que há necessidade de elaboração de constructos multidimensionais para avaliação das capacidades dinâmicas. Deste modo, percebe-se poucos estudos que objetivaram propor e validar constructos, escalas ou instrumentos de mensuração do desenvolvimento das capacidades dinâmicas em organizações. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi propor e validar uma escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações. Para isto, primeiramente identificou-se os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas que balizaram estudos empíricos a partir dos microfundamentos das capacidades dinâmicas. O desenvolvimento destas capacidades dinâmicas teve como âncora os elementos componentes e mecanismos organizacionais propostos por Meirelles e Camargo (2014). Os indicadores de desenvolvimento das capacidades dinâmicas foram elucidados com base nos estudos de Rosa (2016), Silva (2016), Cappellari (2017), Lazarotto (2017), Welter (2018) e Schmitz (2018). Os estudos selecionados utilizaram o constructo teórico baseado em Wang e Ahmed (2007), considerando todos ou algum dos três elementos componentes das capacidades dinâmicas (capacidade absortiva, adaptativa e inovativa), bem como as suas respectivas dimensões. A capacidade absortiva foi analisada pelo modelo de Zahra e George (2002). Já para a capacidade adaptativa foi utilizada a abordagem de Akgün, Kestin e Byrne (2012), Staber e Sydow (2002) e Gibson e Birkinshaw (2004). A capacidade de inovação foi estudada pelo modelo de Wang e Ahmed (2004). Ainda, considerando o desenvolvimento destas capacidades com base nos elementos componentes e mecanismos organizacionais propostos por Meirelles e Camargo (2014). Após, elaborou-se a escala de mensuração com base nos indicadores dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas que foram evidenciadas em mais de um dos estudos empíricos selecionados. O conteúdo da escala foi validado por especialistas e realizado pré-teste com organizações da amostra. A metodologia do estudo baseou-se na abordagem quantitativa, de natureza exploratória e descritiva. Quanto aos procedimentos técnicos, classifica-se como uma pesquisa bibliográfica e e-Survey. A amostra adotada é de 137 organizações pertencentes ao COREDE Noroeste Colonial. A validação estatística foi realizada com base na modelagem de equações estruturais - MEE com o uso do software SmartPLS 2.0. Os resultados demonstram que a escala proposta apresentou validação do modelo de mensuração e do modelo estrutural a partir dos critérios estatísticos adotados para a MEE. Os resultados do estudo elucidam que a articulação dos indicadores dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas propostas resultam em um modelo teórico em que vários aspectos relacionados à existência de capacidades dinâmicas podem ou não estar presentes. Neste sentido, a escala final proposta para mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas apresentou três dimensões e vinte e um indicadores. Deste modo, a escala proposta é útil para a identificação dos elementos componentes e mecanismos organizacionais que desenvolvem as capacidades dinâmicas nas organizações. Em suma, este estudo avança na compreensão do desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações, destacando a importância da criação de uma escala válida e confiável. Assim, o estudo proporciona a criação de um recurso acadêmico para a utilização da escala em futuras pesquisas e amplia a possibilidade do desenvolvimento do assunto sobre a temática das capacidades dinâmicas no âmbito nacional.

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ABSTRACT

The dynamic capabilities theory is a key concept for understanding the performance of organizations in dynamic environments and how they seek to renew their competencies and reconfigure their resources, aiming to obtain sustainable competitive advantage. Understanding the dynamic capabilities construct is still the subject of scientific debate in the academic environment, since studies on the theme focus on the results they produce and not on how they are developed in organizations. Thus, the identification of the mechanisms through which dynamic capacities develop can generate new discoveries about their implementation, since it is necessary to elaborate multidimensional constructs to evaluate dynamic capacities. Thus, there are few studies that aimed to propose and validate constructs, scales or instruments to measure the development of dynamic capabilities in organizations. In this context, the objective of this study was to propose and validate a measurement scale of the component elements and organizational mechanisms of dynamic capabilities development in organizations. For this, we first identified the component elements and organizational mechanisms of dynamic capacity development that guided empirical studies from the microfundations of dynamic capacities. The development of these dynamic capabilities was anchored by the component elements and organizational mechanisms proposed by Meirelles and Camargo (2014). Dynamic capacity development indicators were elucidated based on studies by Rosa (2016), Silva (2016), Cappellari (2017), Lazarotto (2017), Welter (2018) and Schmitz (2018). The selected studies used the theoretical construct based on Wang and Ahmed (2007), considering all or any of the three component elements of dynamic capacities (absorptive, adaptive and innovative capacity), as well as their respective dimensions. The absorptive capacity was analyzed by the model of Zahra and George (2002). For adaptive capacity, the approach of Akgün, Kestin and Byrne (2012), Staber and Sydow (2002) and Gibson and Birkinshaw (2004) was used. The capacity for innovation was studied by the model of Wang and Ahmed (2004). Also, considering the development of these capacities based on the component elements and organizational mechanisms proposed by Meirelles and Camargo (2014). Afterwards, the measurement scale was elaborated based on the indicators of the component elements and organizational mechanisms of dynamic capabilities development that were evidenced in more than one of the selected empirical studies. The scale content was validated by experts and pre-tested with sample organizations. The study methodology was based on a quantitative, exploratory and descriptive approach. As for the technical procedures, it is classified as a bibliographic research and e-Survey. The sample adopted is from 137 organizations belonging to COREDE Northwest Colonial. Statistical validation was performed based on structural equation modeling - MEE using SmartPLS 2.0 software. The results demonstrate that the proposed scale presented validation of the measurement model and the structural model from the statistical criteria adopted for the SEM. The results of the study elucidate that the articulation of the indicators of the component elements and organizational mechanisms of development of the proposed dynamic capacities results in a theoretical model in which several aspects related to the existence of dynamic capacities may or may not be present. In this sense, the proposed final scale for measuring the component elements and organizational mechanisms of dynamic capacity development had three dimensions and twenty-one indicators. Thus, the proposed scale is useful for identifying the component elements and organizational mechanisms that develop dynamic capabilities in organizations. In short, this study advances in understanding the development of dynamic capabilities in organizations, highlighting the importance of creating a valid and reliable scale. Thus, the study provides the creation of an academic resource for the use of scale in future research and expands the possibility of developing the subject on the topic of dynamic capabilities at the national level.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo de pesquisa de capacidades dinâmicas proposto por Wang e Ahmed (2007) ... 25 Figura 2 – Modelo integrado de capacidades dinâmicas: comportamentos, habilidades, rotinas, processos e mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento ... 34 Figura 3 – Modelo teórico de análise ... 47 Figura 4 – Coeficientes de determinação de (R2) ... 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Síntese do estudo de Rosa (2016) ... 39

Quadro 2 – Síntese do estudo de Silva (2016)... 41

Quadro 3 – Síntese do estudo de Cappellari (2017) ... 42

Quadro 4 – Síntese do estudo de Lazarotto (2017) ... 43

Quadro 5 – Síntese do estudo de Welter (2018) ... 44

Quadro 6 – Síntese do estudo de Schmitz (2018) ... 46

Quadro 7 – Elementos componentes e mecanismos organizacionais encontrados no estudo de Rosa (2016) ... 51

Quadro 8 – Elementos componentes e mecanismos organizacionais encontrados no estudo de Silva (2016) ... 52

Quadro 9 – Elementos componentes e mecanismos organizacionais encontrados no estudo de Cappellari (2017) ... 53

Quadro 10 – Elementos componentes e mecanismos organizacionais encontrados no estudo de Lazarotto (2017) ... 54

Quadro 11 – Elementos componentes e mecanismos organizacionais encontrados no estudo de Welter (2018) ... 56

Quadro 12 – Elementos componentes e mecanismos organizacionais encontrados no estudo de Schmitz (2018) ... 57

Quadro 13 – Evidências semelhantes de comportamentos e habilidades de mudança e inovação ... 59

Quadro 14 – Evidências semelhantes de processos e rotinas de busca e inovação ... 60

Quadro 15 – Evidências semelhantes de mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento ... 62

Quadro 16 – Indicadores síntese dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas ... 63

Quadro 17 – Características dos sujeitos especialistas participantes da avaliação de conteúdo ... 64

Quadro 18 – Alteração das questões conforme avaliação dos especialistas... 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação do porte SEBRAE ... 49

Tabela 2 – Escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações ... 67

Tabela 3 – Sumário dos ajustes do SEM no SmartPLS ... 72

Tabela 4 – Perfil das organizações ... 73

Tabela 5 – Perfil dos respondentes ... 74

Tabela 6 – Coeficientes de carga fatorial dos indicadores das VLs de 1ª ordem ... 75

Tabela 7 – Variância Média Extraída e Confiabilidade Composta ... 77

Tabela 8 – Variância Média Extraída e Confiabilidade Composta após exclusão de indicadores ... 78

Tabela 9 – Cross Loadings VLs 1ª ordem ... 78

Tabela 10 – Matriz de Correlação e Validade Discriminante (Critério de Fornell-Larcker) ... 79

Tabela 11 – Matriz de Correlação e Validade Discriminante (Critério de Fornell-Larcker) após exclusão de indicadores ... 79

Tabela 12 – Significância das relações estruturais ... 81

Tabela 13 – Relevância preditiva e tamanho do efeito ... 81

Tabela 14 – Proposição final da escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações ... 82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACI - Associação Comercial e Industrial

AVE - Average Variance Extracted BT - Bootstrapping

CD - Capacidade dinâmica

COREDE - Conselho Regional de Desenvolvimento CR - Composite Reliability

EPP - Empresas de Pequeno Porte

FIERGS - Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul

GPCOM – Grupo de Pesquisa Competitividade e Gestão Estratégica para o Desenvolvimento IES – Instituição de Ensino Superior

IMED – Faculdade Meridional

PACAP – Capacidade potencial de absorção PLS - Partial Least Squares

PPGDR – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional RACAP – Capacidade de absorção realizada

RBV – Resource-Based View

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SPC – Structure-Conduct-Performance

TIC – Tecnologia de informação e comunicação

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UPF – Universidade de Passo Fundo

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO...12 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO...14 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA...14 1.2 PROBLEMA ... 16 1.3 OBJETIVOS ... 19 1.3.1 Objetivo geral ... 19 1.3.2 Objetivos específicos ... 19 1.4 JUSTIFICATIVA ... 20 2 REFERÊNCIAL TEÓRICO...22 2.1 CAPACIDADES DINÂMICAS... ...22

2.2 ELEMENTOS COMPONENTES DAS CAPACIDADES DINÂMICAS...25

2.2.1 Capacidade Absortiva...26

2.2.2 Capacidade Adaptativa...28

2.2.3 Capacidade Inovativa...30

2.3 ELEMENTOS COMPONENTES E MECANISMOS ORGANIZACIONAIS DE DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DINÂMICAS...32

2.3.1 Comportamentos e Habilidades de Mudança e Inovação...34

2.3.2 Processos e Rotinas de Busca ou Inovação...35

2.3.3 Mecanismos de Aprendizagem e Governança do Conhecimento...37

2.4 ESTUDOS EMPÍRICOS SELECIONADOS...38

2.5 MODELO TEÓRICO DE ANÁLISE...46

3 METODOLOGIA...47

3.1 CLASSIFICAÇÃO E DELINEAMENTO DA PESQUISA...47

3.2 UNIDADES DE ANÁLISE E SUJEITOS DE PESQUISA...48

3.3 ESCALA DE MENSURAÇÃO...49

3.3.1 Identificação dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas nos estudos selecionados...50

3.3.2 Elaboração da escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais do desenvolvimento das capacidades dinâmicas...57

3.3.3 Validação de conteúdo com especialistas...63

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3.3.5 Proposição escala de mensuração...66

3.4 COLETA DE DADOS...69

3.5 ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS DADOS...69

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...72

4.1 PERFIL DA AMOSTRA...72

4.1.1 Perfil das organizações...72

4.1.2 Perfil dos respondentes...73

4.2 MODELO ESTIMADO...74 4.2.1 Modelo de mensuração...74 4.2.2 Modelo estrutural...79 4.3 DISCUSSÃO...81 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...85 REFERÊNCIAS...89

APÊNDICE A – Escala preliminar de mensuração...98

APÊNDICE B – Documento para avaliação dos especialistas...100

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INTRODUÇÃO

A complexidade do ambiente econômico atual e o constante avanço tecnológico afetam diretamente a competitividade entre as organizações. Este atual cenário impõe que as organizações utilizem formas distintas de posicionamento e postura estratégica diferenciada, objetivando o alcance e a sustentação de vantagem competitiva.

Neste contexto, as organizações procuram adotar posturas estratégicas apropriadas ao cenário e ao mercado no qual estão inseridas. Então, a competitividade e a estratégia fomentam a busca por novas oportunidades e na efetiva utilização dos recursos organizacionais. Logo, o sucesso competitivo organizacional é o resultado das ações estratégicas utilizadas para a vantagem competitiva.

A vantagem competitiva tem sido estudada sob a ótica de diferentes abordagens teóricas desde os anos 70. Ela pode ser definida como o resultado da capacidade da empresa de realizar eficientemente o conjunto de atividades necessárias, para obter um custo mais baixo que o dos concorrentes ou de organizar essas atividades de uma forma única, capaz de gerar um valor diferenciado para os compradores (VASCONCELOS; CYRINO, 2000). Buscando sintetizar as estratégias que podem ser adotadas pelas organizações, Vasconcelos e Cyrino (2000) definem os seguintes modelos teóricos: a) Modelo da organização industrial; b) Modelo da teoria dos recursos; c) Modelo da teoria dos processos de mercado; d) Modelo das capacidades dinâmicas. Ainda, existe na literatura um quinto modelo, o das estratégias coletivas, acrescentado por Sausen (2012), como um novo modelo de vantagem competitiva, em complemento à estrutura sugerida por Vasconcelos e Cyrino (2000).

Esta dissertação tem como teoria norteadora o modelo das capacidades dinâmicas, que se destaca como uma das abordagens mais atuais para ajustar as mudanças ambientais à estratégia da empresa. Esse modelo surge para explicar a origem da vantagem competitiva em ambientes dinâmicos, uma vez que os outros modelos não esclarecem como algumas empresas alcançam vantagens competitivas em ambientes turbulentos (TEECE; PISANO, 1994; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; HELFAT, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000).

O modelo das capacidades dinâmicas tem avançado nos últimos anos, ao passo que continua sendo uma abordagem que requer uma investigação profunda e minuciosa, em função da sua alta complexidade e imprecisão (GUERRA; TONDOLO; CAMARGO, 2016). Neste contexto, Meirelles e Camargo (2014) propõem uma definição do constructo capacidades dinâmicas fazendo uso de três elementos componentes: (a) comportamentos e habilidades; (b) rotinas e processos; (c) mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento.

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Deste modo a articulação destes elementos e mecanismos de suporte das capacidades dinâmicas resulta num modelo teórico em que vários aspectos relacionados à existência de capacidades dinâmicas, como inovação, geração de novas ideias e dinamismo do ambiente podem ou não estar presentes. Haja vista que, o fenômeno das capacidades dinâmicas em organizações ainda requer explicações, a proposta desta pesquisa é propor e validar uma escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações.

Esta dissertação encontra-se organizado em cinco capítulos e demais itens subsequentes. No primeiro capítulo, encontra-se a contextualização do estudo, sendo composto pela apresentação do tema, problema de pesquisa, objetivo geral e específicos e pela justificativa, que pautaram a realização da pesquisa.

O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica que foi utilizada para a realização desta pesquisa. Primeiramente é apresentado uma revisão do conceito de capacidades dinâmicas. Na sequência, é abordado os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas. Após, apresenta-se a síntese dos estudos empíricos utilizados como referência para a definição dos indicadores dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas da escala de mensuração. E, por fim, apresenta-se a síntese do modelo teórico de análise que foi adotado neste estudo.

No terceiro capítulo, os procedimentos metodológicos são detalhados com a finalidade de dar validade e confiabilidade a este estudo, mostrando os caminhos trilhados para a realização dessa pesquisa, desde a classificação e delineamento, apresentação das unidades de análise e sujeitos de pesquisa, bem como a elaboração do escala de mensuração e como foram feitas a coleta, análise e interpretação e validação dos dados.

O capítulo quatro os resultados são discutidos e analisados. Primeiramente, apresenta-se uma breve caracterização das organizações e dos sujeitos de pesquisa. Em apresenta-seguida, apresenta-se a validação do modelo de mensuração e estrutural. Por fim, no capítulo cinco, traz as considerações finais, onde encontram-se as reflexões e constatações finais sobre a pesquisa, mostrando que os objetivos foram devidamente alcançados. Neste capítulo, também são apresentadas as limitações do estudo e sugestões para futuras linhas de pesquisa. As referências de dos estudos e obras utilizadas para a concretização desta dissertação e os apêndices encontram-se nos itens finais.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO

Apresentam-se neste capítulo, a apresentação do tema, o problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa do estudo.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

A globalização e os crescentes avanços tecnológicos influenciam as organizações a buscar constantemente estratégias para sobreviver e prosperar em ambientes altamente dinâmicos e caracterizados por rápidas mudanças, tornando a administração uma função complexa e desafiadora. Diante disso, é necessário que as organizações ponderem sobre os diferentes modelos de estratégia, buscando novas oportunidades de crescimento, considerando, também, o dinamismo e a incerteza do ambiente. Portanto, em um contexto como este, torna-se relevante o estudo das capacidades dinâmicas, haja visto que esta teoria busca explicar como as organizações conseguem alcançar e sustentar vantagens competitivas ao longo do tempo (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997).

A vantagem competitiva pode ser entendida como a capacidade de as organizações implantarem processos e recursos ainda não utilizados pelos concorrentes, gerando, assim, oportunidades e níveis de desempenho acima da média apresentada no mercado (VASCONCELOS; CYRINO, 2000). Recursos, estes, que podem ser de natureza tangível, intangível, humanos ou de todas as outras atividades executadas na organização (ADENIRAN, 2016).

Os estudos de vantagem competitiva iniciaram a partir da década de 70, sob a ótica de diferentes correntes do pensamento econômico e com uma disparidade de perspectivas teóricas. Algumas teorias anteriores destacam a obtenção de vantagens competitivas, como a abordagem da Organização Industrial (SPC), a abordagem da Visão Baseada em Recursos (RBV) e a abordagem dos Processos de Mercado, contudo, tais abordagens não consideram o dinamismo do ambiente e a forma como as organizações operam nestes ambientes de forma mais enfática (EISENHARDT; MARTIN, 2000). Assim, a teoria das capacidades dinâmicas é uma abordagem alternativa para explicar como as organizações conseguem alcançar e manter vantagens competitivas em ambientes dinâmicos (TEECE, PISANO; SHUEN, 1997).

A teoria das capacidades dinâmicas surge como uma nova abordagem da administração estratégica que, ao combinar o dinamismo do ambiente e os fatores internos da organização, é capaz de gerar vantagem competitiva sustentável (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; ZAHRA;

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GEORGE, 2002; TEECE, 2007; WANG; AHMED, 2007). Buscando explicar como as organizações agem para reconfigurar de forma proativa sua base de recursos, a perspectiva teórica das capacidades dinâmicas defende a habilidade da organização integrar, construir e reconfigurar as competências externas e internas para adaptar-se rapidamente ao ambiente altamente mutável (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; SAUSEN, 2012).

As capacidades dinâmicas utilizam os pressupostos teóricos da RBV para explicar e compreender como as organizações buscam reformular seus recursos organizacionais para adaptar-se as mudanças ocorridas no ambiente (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997). Diversos autores (TEECE; PISANO, 1994; TEECE; PISANO; SCHUEN, 1997; HELFAT, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000; MARCUS; ANDERSON, 2006; TEECE, 2007; AMBROSINI; BOWMAN, 2009; FERREIRA et al., 2014) defendem que esta teoria surge para preencher a lacuna teórica deixada pela RBV, no sentido de tornar a vantagem competitiva sustentável em ambientes altamente dinâmicos e explicar como algumas organizações respondem rapidamente às mudanças do ambiente externo.

Os primeiros estudos sobre as capacidades dinâmicas foram iniciados por Winter (1964), contudo, este tema passou a ter maior relevância a partir da década de 90, com os estudos de Teece e Pisano (1994), Teece, Pisano e Shuen (1997) e, em seguida, Eisenhardt e Martin (2000), visto o aumento das pesquisas no âmbito estratégico em virtude da redução das fronteiras entre os mercados e o consequente aumento da concorrência entre as organizações (MARTINS; TAVARES, 2014). Desde a sua primeira abordagem, esta temática vem ganhando destaque em pesquisas no campo da Administração, atraindo atenção como um paradigma emergente (SHER; LEE, 2004; BARRETO, 2010) em pesquisas internacionais (EASTERBY-SMITH; PIETRO, 2008; AMBROSINI; BOWMAN, 2009; BARRETO, 2010) e nacionais em função de requerer investigação profunda e sistemática da sua complexidade (GUERRA; TONDOLO; CAMARGO, 2016).

A literatura sobre as capacidades dinâmicas e a sua importância na criação de valor para a organização ainda é cercada de inconsistências, contudo, sua relevância prática e teórica destaca a importância do desenvolvimento e alocação dos recursos organizacionais para sustentar vantagem competitiva em ambientes turbulentos (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; ZAHRA; SAPIENZA; DAVIDSSON, 2006). Deste modo, as organizações obtêm vantagem competitiva sustentável por meio do desenvolvimento de estratégias que utilizam suas forças internas, respondendo às oportunidades do ambiente, neutralizando as ameaças externas e evitando as fraquezas internas (BARNEY, 1991).

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A teoria das capacidades dinâmicas destaca que as estratégias de uma organização se dão pelos recursos e competências desta (SAUSEN, 2012), visto que quanto mais rápido a concorrência agir de forma inovadora e dinâmica, mais determinante se torna o ambiente e a necessidade de ação e reação da organização para se manter sustentável e competitiva no mercado. Assim, a capacidade dinâmica da organização está diretamente interligada à busca de vantagens competitivas em um ambiente também competitivo (MARTINS; TAVARES, 2014). Wang e Ahmed (2007) abordam a capacidade dinâmica como um comportamento constante e orientado a integrar, reconfigurar, renovar e recriar seus recursos e capacidades em resposta às mudanças do ambiente, para alcançar e sustentar a vantagem competitiva. Deste modo, é necessário promover o processo de adaptação às mudanças e reestruturação das rotinas e recursos organizacionais para atender e responder à essas mudanças recorrentes do ambiente turbulento.

Em seus estudos, Wang e Ahmed (2007), identificaram que as capacidades dinâmicas são compostas por três elementos componentes: capacidade adaptativa, capacidade absortiva e capacidade inovativa. Assim, a capacidade adaptativa busca explicar como as organizações usam suas vantagens e recursos internos combinados com as vantagens que existem no mercado. A capacidade absortiva destaca a capacidade da organização em adquirir, assimilar e aproveitar o conhecimento externo e, por sua vez, a capacidade inovativa compreende a habilidade da organização em desenvolver novos produtos e mercados por meio do alinhamento e orientação estratégica de comportamentos e processos de inovação.

Segundo Wang e Ahmed (2007) os estudos teóricos empíricos sobre as capacidades dinâmicas têm sido conduzidos em uma base fragmentada e os resultados das pesquisas permanecem desconectados no sentido de integrar fatores e recursos. Do mesmo modo, Meirelles e Camargo (2014) justificam que, apesar dos esforços já dispendidos sobre a temática, o conceito de capacidades dinâmicas ainda é objeto de controvérsias, pois várias são as definições apresentadas, algumas semelhantes, outras não, e, em especial, destaca-se as disparidades de propostas de entendimento sobre os mecanismos e fatores condicionantes do desenvolvimento de capacidades dinâmicas, necessitando, assim, de pesquisas que compreendam seu processo de desenvolvimento.

1.2 PROBLEMA

O dinamismo do ambiente é considerado um antecedente de desenvolvimento de capacidades dinâmicas nas organizações (WANG; AHMED, 2007). Deste modo, um ambiente

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complexo e com alto grau de dinamismo é propício para o desenvolvimento de capacidades dinâmicas (BARRALESMOLINA; BENITEZ-AMADO; PEREZ‐AROSTEGUI, 2010). Neste mesmo entendimento Teece, Pisano e Shuen (1997) argumentam que este desenvolvimento só acontece em ambiente de rápida mudança, contudo, Zollo e Winter (2002) defendem que podem ocorrer, também, em organizações inseridas em ambiente pouco mutável e complexo.

Assim, as capacidades dinâmicas consolidam-se como um conceito chave para compreender o desempenho de organizações inseridas em ambientes dinâmicos e como as mesmas buscam renovar suas competências e reconfigurar seus recursos, objetivando obter vantagem competitiva sustentável (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000).

Neste contexto, Meirelles e Camargo (2014) propõem um modelo de identificação das capacidades dinâmicas baseados nos seus microfundamentos e operacionalização, os quais são: comportamentos e habilidades de mudança e inovação, processos e rotinas que suportam essas capacidades e os mecanismos de aprendizagem e governança do conhecimento. Deste modo, o conjunto destes elementos e mecanismos promove o desenvolvimento de capacidades dinâmicas.

Percebe-se que o entendimento do constructo de capacidades dinâmicas ainda é tema de debate científico no meio acadêmico. Os autores Zollo e Winter (2002) destacam que, sabe-se o que é, mas que não se sabe como as organizações desenvolvem capacidades dinâmicas. Na mesma lógica, Andreeva e Chaika (2006) observam que os estudos sobre essa temática focam nos resultados que elas produzem e não em como são desenvolvidas dentro das organizações. Guerra et al. (2016) constatam que a identificação dos mecanismos por meio dos quais as capacidades dinâmicas se desenvolvem pode gerar novas descobertas sobre a sua implementação.

Poucos estudos objetivaram desenvolver e propor escalas para analisar o desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações. O estudo de Silveira-Martins e Zonatto (2015) desenvolveu e validou uma escala para a mensuração das capacidades turísticas das empresas que atuam neste segmento. Os autores concluíram que a compreensão das capacidades turísticas desenvolvidas por empresas hoteleiras pode contribuir para o entendimento de fatores que favorecem a capacidade adaptativa destas empresas considerando as características do ambiente dinâmico do setor. Da mesma forma, podem fornecer evidências que permitam o entendimento de como essas empresas alcançam e sustentam vantagens competitivas (SILVEIRA-MARTINS; ZONATTO, 2015).

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Já, o estudo de D´avila e Martins (2017) desenvolveu e validou uma escala para mensuração da Capacidade Dinâmica Produtiva. O estudo concluiu que o desenvolvimento deste conjunto de capacidades pode influenciar na formulação de estratégias competitivas da indústria, visto que trabalham com competências produtivas essenciais para a empresa, além de contribuir para a sustentação de uma posição confortável para a indústria, em detrimento da ação de seus concorrentes e das demandas ambientais (D’AVILA; MARTINS, 2017).

Neste contexto, o estudo de Silveira e Silveira-Martins (2017) propôs e validou uma escala para mensuração da capacidade dinâmica do agronegócio. O estudo concluiu que a proposição de uma escala para o construto capacidades dinâmicas do agronegócio podem ser legitimadas como um avanço desta pesquisa, especialmente por apresentar uma escala adaptada para a mensuração da percepção do gestor em um segmento desassistido por este tipo de instrumento (SILVEIRA; SILVEIRA-MARTINS, 2017).

Neste seguimento, o estudo de Tondolo et. al (2017) propôs um instrumento de mensuração das capacidades dinâmicas para o contexto das organizações do Terceiro Setor. Como resultado, os autores apresentam um instrumento de aplicação quantitativa composto por trinta e duas questões distribuídas em quatro dimensões (capacidade adaptativa, capacidade absortiva, capacidade inovativa e capacidade mobilizadora) (TONDOLO et. al, 2017).

A tese de Scherer (2017) apresenta um framework para mensuração do grau de desenvolvimento das capacidades dinâmicas da empresa. Através de técnicas de text mining uma bag of words específica para as capacidades dinâmicas é proposto um conjunto de rotinas para avaliar a operacionalização e desenvolvimento das capacidades dinâmicas (SCHERER, 2017).

Ainda, a dissertação de Vieira (2017) propõe a investigar a correlação de construtos como capacidades dinâmicas e desempenho organizacional com a gestão do conhecimento e inovação em um ambiente onde essa interdependência se revela decisiva: a área de tecnologia, mais particularmente o mercado de rastreamento. Por meio de uma análise quantitativa, o estudo construiu um modelo viável para mensurar e aprimorar a atuação das capacidades dinâmicas como fatores relevantes no desempenho organizacional no mercado de rastreamento (VIEIRA, 2017).

Por fim, a tese de Nodari (2017) propõe que a capacidade absortiva, que possui foco na evolução do conhecimento da empresa, complementa as capacidades de detecção, apreensão e reconfiguração, como as dimensões das capacidades dinâmicas em uma organização. Os resultados mostram que quanto às dimensões das capacidades dinâmicas, além da validação da modelagem de uma variável de segunda ordem para as capacidades dinâmicas, foram estudadas

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as relações entre suas dimensões: a capacidade absortiva precede as capacidades de detecção, apreensão e reconfiguração, enquanto a detecção potencializa a apreensão de oportunidades e a reconfiguração organizacional (NODARI, 2017).

Tendo em vista que o desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações ainda carece de explicações mais claras, este estudo propõe-se a analisar, a partir de estudos anteriores (ROSA, 2016; SILVA, 2016; CAPPELLARI, 2017; LAZAROTTO, 2017; WELTER, 2018; SCHMITZ, 2018) que identificaram os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas de modo a propor e validar uma escala a partir destes elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento como forma de identificar a existência ou não de capacidades dinâmicas em organizações. A partir do exposto, esta dissertação busca responder o seguinte problema de pesquisa: Quais são os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas que permitem a mensuração da existência ou não de capacidades dinâmicas em organização?

1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral

Propor e validar uma escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em organizações.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Identificar os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas que balizaram estudos empíricos a partir dos microfundamentos das capacidades dinâmicas.

b) Elaborar uma escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas, com base nos estudos empíricos identificados.

c) Validar estatisticamente a escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas, a partir de seus microfundamentos.

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1.4 JUSTIFICATIVA

O estudo acerca das estratégias organizacionais torna-se relevante em virtude do atual contexto do mercado, marcado por forte concorrência, contínuas mudanças e instabilidades. Entre as temáticas que envolvem este estudo, optou-se por uma que vem ganhando considerável importância nos últimos anos, o estudo sobre as capacidades dinâmicas nas organizações, que busca compreender a forma como as organizações desenvolvem, sustentam e como utilizam seus recursos, visando a obtenção de vantagem competitiva.

Permeado de sobreposições conceituais, semelhanças de entendimento e lacunas (GUERRA; TONDOLO; CAMARGO, 2016) a literatura sobre capacidades dinâmicas apresenta fortes controvérsias sobre os antecedentes e elementos componentes de desenvolvimento (MEIRELLES; CAMARGO, 2014). Corroborando o exposto, Guerra, Tondolo e Camargo (2016) argumentam que uma das lacunas existentes na literatura de capacidades dinâmicas diz respeito ao seu processo de desenvolvimento, função da origem e efeito dos recursos que as geram. Portanto, se faz necessário estudos que possam desvendar o modo como as organizações desenvolvem capacidades dinâmicas.

Sendo assim, considera-se a contribuição deste estudo para o campo de conhecimento da área de estratégia, uma vez que os objetivos buscam propor e validar uma escala de mensuração do desenvolvimento das capacidades dinâmicas, ainda pouco explorado na literatura. Como já mencionado, a literatura é pródiga no que se refere ao conceito de capacidades dinâmicas, mas não sobre o modo como estas capacidades são desenvolvidas nas organizações.

Deste modo, Barreto (2010) e Eriksson (2014) apontam a necessidade de constructos multidimensionais para avaliação das capacidades dinâmicas. Deste modo, percebe-se poucos estudos que objetivaram propor e validar constructos, escalas ou instrumentos de mensuração e/ou avaliação do desenvolvimento das capacidades dinâmicas em organizações.

No Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional - PPGDR e no grupo de pesquisa Competitividade e Gestão Estratégica para o Desenvolvimento – GPCOM da UNIJUÍ, vem sendo desenvolvidos estudos qualitativos sobre essa temática. O primeiro estudo, desenvolvido por Cappellari (2017), buscou compreender os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas em três organizações do setor metal mecânico, utilizando a compreensão das dimensões propostas por Wang e Ahmed (2007). O estudo de Cappellari (2017) auxiliou na evolução da compreensão da utilização do constructo, relacionando cada um dos elementos e mecanismos de

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desenvolvimento de capacidades dinâmicas a cada uma das capacidades (absortiva, adaptativa e inovativa). Destaca-se ainda o estudo de Welter (2018), onde foram identificados e compreendidos os indicadores de inovação e os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento da capacidade inovativa em empresas egressas de incubadoras de base tecnológica.

As dissertações de Silva (2016) e Rosa (2016), realizadas no Programa de Pós-Graduação em Administração, da Faculdade Meridional – IMED, abordaram a mesma temática no segmento do vestuário, ambos os estudos identificaram quais os elementos componentes e mecanismos organizacionais que promoveram o desenvolvimento de capacidade dinâmica em duas organizações deste segmento. Neste mesmo caminho de investigação, aparece, também, o estudo mais recente de Schmitz (2018), também realizada na IMED, que trabalhou os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades adaptativas de um conjunto de Instituições de Ensino Superior da região do Planalto Médio do Estado do Rio Grande do Sul. Ainda, destaca-se o estudo de Lazarotto (2017), no Programa de Pós-Graduação em Administração, da Universidade de Passo Fundo – UPF, que analisou um conjunto de elementos componentes e mecanismos organizacionais responsáveis pelo desenvolvimento das capacidades absortivas e inovativas de uma organização hospitalar.

Percebe-se, então, que existe uma linha de investigação acadêmica que está explorando, de forma segmentada (diversas organizações e setores), o modo como são desenvolvidas as capacidades dinâmicas nas organizações (capacidade adaptativa, absortiva e inovativa). A ideia, em continuidade a essa linha de perspectiva/investigação, é construir uma escala de mensuração dos elementos componentes e mecanismos organizacionais que têm sustentado o desenvolvimento das capacidades dinâmicas neste conjunto de organizações pesquisadas, de modo a testá-lo e validá-lo enquanto escala de mensuração, que podem ser referência para estudos que objetivem identificar capacidades dinâmicas em organizações, independentemente de um setor específico. Visto que, no processo de proposição e validação do constructo será considerado apenas as variáveis comuns nas organizações, excluindo-se as variáveis consideradas específicas de um determinado setor ou mercado.

Do ponto de vista prático, pretende-se fornecer uma escala de mensuração que possa indicar às organizações um caminho para atestar/identificar a existência ou não de capacidades dinâmicas no meio organizacional.

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2 REFERÊNCIAL TEORICO

Este capítulo compõe a fundamentação teórica que foi utilizada para a realização desta pesquisa. Primeiramente é apresentado uma revisão do conceito de capacidades dinâmicas e seus elementos componentes. Na sequência, é abordado os elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento das capacidades dinâmicas. Após, apresenta-se a sínteapresenta-se dos estudos empíricos utilizados como referência para a definição dos indicadores dos elementos componentes e mecanismos organizacionais de desenvolvimento de capacidades dinâmicas da escala de mensuração. E, por fim, apresenta-se a síntese do modelo teórico de análise que foi adotado neste estudo.

2.1 CAPACIDADES DINÂMICAS

A teoria das capacidades dinâmicas apresenta-se como um tema relativamente recente no meio acadêmico, constituindo-se como um campo de estudos de grande interesse para pesquisadores na área de administração (MEIRELLES; CAMARGO, 2014). Seu conceito é relevante porque trata da capacidade adaptativa da organização frente ao dinamismo do ambiente, surgindo por meio da necessidade de se analisar a forma pela qual as organizações alcançam e sustentam vantagens competitivas em um ambiente dinâmico (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; VASCONCELOS; CYRINO, 2000; TEECE, 2009).

A teoria das capacidades dinâmicas pode ser estimada como uma extensão da RBV de Penrose (1959), a qual analisa a organização a partir de um conjunto de recursos, a qual foi amplamente disseminada por Barney (1991). A abordagem da RBV tem como objetivo explicar como as organizações criam e mantêm uma vantagem competitiva a partir da utilização dos recursos organizacionais como forma de diferenciação (PENROSE, 1995). Deste modo, diferente da abordagem da RBV que é mais estática e aborda a vantagem competitiva por meio dos recursos internos da organização, a teoria das capacidades dinâmicas compreende a vantagem competitiva em ambientes dinâmicos, em constante mudança, não abrangidos pela RBV (TEECE; PISANO; SCHUEN, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000; AMBROSINI; BOWMAN, 2009).

A proposta original da abordagem das capacidades dinâmicas foi de Winter (1964), desde então vários autores vêm buscando desenvolver o conceito desta temática, sobretudo, do ponto de vista dos seus microfundamentos e operacionalização (ZOLLO; WINTER, 2002; WANG; AHMED, 2007; TEECE, 2009). Na década de 90, Teece, Pisando e Shuen (1990)

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iniciaram a busca teórica de apresentar um conceito sobre esta temática. No estudo supracitado, os autores destacam que não apenas o conjunto de recursos que mantem a vantagem competitiva, como apregoa a RBV, mas, também, os mecanismos pelos quais as organizações aprendem a acumular novas habilidades e capacidades.

Teece e Pisano (1994) conceituam a formação do termo “capacidade dinâmica”, onde o termo “dinâmico” remete à capacidade de renovar as competências para alinhar-se com o ambiente competitivo de rápidas mudanças, alto grau de inovação, novas tecnologias e de alta concorrência do mercado, cuja natureza é difícil determinar. Já, o termo “capacidades” enfatiza o papel fundamental da administração estratégica em buscar adaptar, integrar e reconfigurar as competências, recursos funcionais e habilidades organizacionais internas e externas frente às mudanças do ambiente considerado.

Além das várias definições encontradas na literatura para o termo capacidades dinâmicas, diversas também são as designações quanto aos seus constructos (ou elementos componentes destas capacidades em uma organização). Segundo estudo publicado por Meirelles e Camargo (2014), parte dos autores enfatizam as capacidades dinâmicas como sendo um conjunto de processos e rotinas organizacionais, caso de Teece, Pisano e Shuen (1997), Eisenhardt e Martin (2000) e Zollo e Winter (2002), enquanto outra parte as entende ressaltando habilidades, comportamentos e capacidades organizacionais, como Collis (1994), Andreeva e Chaika (2006), Helfat et al. (2007) e Wang e Ahmed (2007).

Com relação ao primeiro grupo, pode-se citar os entendimentos de Teece, Pisano e Shuen (1997), para o qual as capacidades dinâmicas são operacionalizadas na forma de fatores compostos por processos, posições e trajetórias; Eisenhardt e Martin (2000), que mencionam como componentes das capacidades dinâmicas os processos ou rotinas organizacionais e as estratégias pelas quais a organização alcança novas configurações de recursos; ou ainda Zollo e Winter (2002), que atribuem os processos de acumulação de experiências, processos de articulação e codificação do conhecimento e, ainda, o ciclo recursivo de aprendizagem como tais componentes.

Dentre os autores que enfatizam as capacidades dinâmicas como conjunto de capacidades, habilidades e comportamentos está Collis (1994). O autor menciona as capacidades operacionais, as habilidades em desenvolver novas estratégias rapidamente (ou melhor do que a concorrência) e a capacidade de aprender a aprender como elementos componentes das capacidades dinâmicas. Destaca, portanto, à velocidade de operação perante a concorrência. Da mesma forma, Helfat et al. (2007) sugerem a habilidade para alterar a base de recursos, a capacidade de atuar de forma recorrente para modificar esta base e a capacidade

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de buscar e selecionar aquelas modificações relevantes como elementos componentes das capacidades dinâmicas, ressaltando o poder de deliberação da empresa.

Conforme afirmam Guerra, Tondolo e Camargo (2016) - baseado nos estudos de Ambrosini e Bowman (2009), Danneels (2010), Helfat et al., (2007), Zahra e Sapienza e Davidsson (2006) - as capacidades dinâmicas podem ser fonte de competitividade na medida em que os processos de mudança da base de recursos e de capacidades organizacionais sejam intencionais, ou seja, dirigidos pela gestão das organizações face às exigências competitivas do mercado. Esta abordagem também podem ser fonte de vantagem competitiva na medida em que os concorrentes ficam impossibilitados de copiar ou duplicar um valor criado, contribuindo tanto para o alcance quanto para a manutenção da competitividade ao longo do tempo (GUERRA; TONDOLO; CAMARGO, 2016).

Neste contexto, Wang e Ahmed (2007) em seu modelo de capacidades dinâmicas tratam deste elementos e mecanismos e afirmam que a capacidade dinâmica é o comportamento constantemente orientado a integrar, reconfigurar, renovar e recriar recursos e capacidades e melhorar e reconstruir as capacidades fundamentais da organização, como resposta às mudanças do ambiente para atingir e sustentar a vantagem competitiva.

O modelo proposto pelos autores busca analisar como se dá o desenvolvimento das capacidades dinâmicas representado na Figura 1. O modelo dos autores está baseado em duas premissas básicas: (a) as capacidades são construídas durante longo período de tempo; (b) o crescimento da organização ocorre de modo tradicional, por meio do acúmulo e do desenvolvimento de recursos internos e capacidades (WANG; AHMED, 2007).

Figura 1 - Modelo de pesquisa de capacidades dinâmicas proposto por Wang e Ahmed (2007)

(27)

O modelo de Wang e Ahmed (2007), conforme destacado na Figura 1, é baseado em três proposições:

a) As capacidades são construídas durante longo período de tempo;

b) O crescimento da organização ocorre de modo tradicional, por meio do acúmulo e do desenvolvimento de recursos internos e capacidades.

A partir dessas premissas, os autores desenvolvem três proposições:

a) Quanto mais dinâmico é o ambiente do mercado, mais forte é o direcionamento das empresas em exibir capacidades dinâmicas devido às mudanças externas;

b) Quanto mais capacidades dinâmicas uma empresa demonstra, maior a probabilidade de construir capacidades particulares ao longo do tempo, sendo que o desenvolvimento de capacidades particulares é ditado pela estratégia da empresa;

c) As capacidades dinâmicas são condutoras de desempenho de longo prazo da empresa, mas trata-se de uma relação indireta, mediada pelo desenvolvimento de capacidades, que, por sua vez, é mediada pela estratégia da empresa. As capacidades dinâmicas estão mais propensas a criar um desempenho melhor quando capacidades particulares são desenvolvidas em linha com a escolha estratégica da empresa.

A fim de compreender de maneira mais aprofundada os processos componentes das capacidades dinâmicas de uma empresa, a seguir são explicados os conceitos e os fundamentos das capacidades adaptativas, absortivas e inovativas com base no modelo de Wang e Ahmed

(2007).

2.2 ELEMENTOS COMPONENTES DAS CAPACIDADES DINÂMICAS

Wang e Ahmed (2007) identificaram que as capacidades dinâmicas são constituídas por três elementos componentes:

a) Capacidade absortiva: habilidade da empresa em adquirir conhecimento externo, assimilá-lo com o conhecimento interno, criando, deste modo, mecanismos para explorar este novo conhecimento.

b) Capacidade adaptativa: habilidade da empresa em identificar e capitalizar as oportunidades emergentes do mercado. Explica também a habilidade da empresa em se adaptar no tempo certo, por meio de flexibilidade dos recursos e alinhamento de seus recursos e capacidades com as mudanças do ambiente.

(28)

c) Capacidade de inovação: habilidade da empresa em desenvolver novos produtos e mercado, mediante a orientação estratégica para comportamentos e processos de inovação.

Apesar do destaque feito pelos autores, quanto aos fatores componentes de capacidades dinâmicas, em seu modelo de análise são propostos também processos adjacentes, que envolve a integração, reconfiguração, renovação e recriação dos processos específicos da empresa. Para melhor compreensão, cada um dos elementos componentes das capacidades dinâmicas proposto por Wang e Ahmed (2007) é apresentado a seguir.

2.2.1 Capacidade Absortiva

As rápidas mudanças do ambiente, em termos de tecnologia e regras de competitividade por exemplo, agravam o problema que as organizações enfrentam para alcançar a autossuficiência na produção de conhecimento. Considerando um ambiente competitivo, os processos de absorção de conhecimento externo tornam-se elemento essencial para promover a inovação nas organizações e para o processo adaptativo (CAMISÓN; FORÉS, 2010).

A capacidade absortiva constitui-se de a capacidade da organização adicionar novos conhecimentos aos já existentes. Neste contexto, Cohen e Levinthal (1990) desenvolveram essa teoria e destacam que a capacidade absortiva é a capacidade que permite a organização reconhecer o valor de uma informação externa, assimilá-la e aplica-la para fins comerciais. Em mesmo sentido, Wang e Ahmed (2007) a definem como a capacidade de adquirir o conhecimento externo ou novos conhecimentos, de assimilá-los com o saber interno (conhecimento já existente), e de criar formas de explorar este novo conhecimento.

Em seu estudo, Lane e Lubatkin (1998) evidenciam que a capacidade absortiva é dependente da capacidade de a empresa reconhecer e valorizar novos conhecimentos originados do meio externo, assimilá-lo e utilizá-lo. Zahra e George (2002) afirmam que a definição de capacidade de absorção denota flexibilidade para ser utilizado em diversos estudos e em uma diversidade de campos de pesquisa, como por exemplo, a organização industrial, a aprendizagem organizacional, a gestão estratégica e a gestão da inovação, etc.

O conhecimento prévio, segundo Zahra e George (2002) facilita a velocidade dos membros de uma organização em interpretar e avaliar o valor de uma nova informação externa obtida. Já o argumento de Lane, Koka e Pathak (2006) é de que o conhecimento prévio é necessário, mas não suficiente para que uma organização tenha a capacidade absortiva.

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Torodova e Durisin (2007) explanam que, uma vez que a organização decide adquirir conhecimento externo, independente se este conhecimento tem relação com o conhecimento já existente internamente é necessário que este conhecimento seja entendido, compreendido, analisado e codificado, pois advêm de outras culturas, sistemas e práticas organizacionais. Assim, a capacidade absortiva total da organização dependerá da articulação prévia desenvolvida nas rotinas e nos processos (FUCHS; ROSSETTO; CARVALHO, 2016).

O presente estudo, utiliza o conceito de capacidade absortiva proposto por Zahra e George (2002), o qual considera as capacidades de aquisição, assimilação, transformação e aplicação. Em sentido mais aprofundado, Zahra e George (2002) propõem neste modelo a divisão destes âmbitos em duas dimensões: capacidade absortiva potencial (capacidade de aquisição e de assimilação) e a capacidade absortiva realizada (capacidade de transformação e de aplicação).

De acordo com Zahra e George (2002), existem quatro capacidades ou processos que combinados representam as dimensões da capacidade de absorção de uma empresa. Eles propõem um modelo com quatro capacidades e dividido em duas dimensões, os quais, apesar de desempenharem papéis distintos, são complementares entre si: a capacidade potencial de absorção (PACAP), que compreende as capacidades de aquisição e assimilação; a capacidade absortiva realizada (RACAP), que consiste na capacidade de transformação e aplicação do conhecimento.

Zahra e George (2002) justificam a distinção entre PACAP e RACAP, porque, ao dividir o conceito de absorção em duas dimensões de capacidades, o estudo de seus múltiplos antecedentes e resultados, bem como a análise das relações entre ambos os componentes, tornam-se mais fáceis. A distinção teórica entre PACAP e RACAP sugere que o conhecimento externo adquirido passa por vários processos interativos antes que a empresa possa aplicá-los com êxito para a criação de valor. As empresas que pretendem fomentar o processo de capacidade de absorção devem, portanto, promover estes dois componentes (ZAHRA; GEORGE, 2002).

A aquisição é a primeira etapa do processo de capacidade absortiva potencial proposto por Zahra e George (2002). Neste sentido, a capacidade de aquisição consiste na “[...] capacidade de uma empresa para identificar e adquirir conhecimentos gerados externamente que é fundamental para suas operações” (ZAHRA; GEORGE, 2002, p. 189). Para Murovec e Prodan (2009), esta aquisição pode ocorrer por meio de clientes, parceiros industriais, concorrentes, fornecedores ou até mesmo por meio de universidades, institutos de tecnologia e centros de pesquisa. Externamente, esses esforços para adquirir conhecimento podem

(30)

influenciar na capacidade absortiva, por meio de intensidade do esforço despendido na busca do conhecimento externo e da velocidade para absorver e direcionar esse conhecimento na organização (ZAHRA; GEORGE, 2002).

A assimilação refere-se a rotinas e processos de uma empresa que lhe permitem analisar, processar, interpretar e compreender as informações obtidas a partir de fontes externas. Dessa forma, a assimilação refere-se à capacidade de a organização absorver conhecimentos externos por meio de processos e rotinas da empresa que permitem analisar, processar, interpretar, entender e interiorizar as informações obtidas por meio de fontes externas (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002; LANE; KOKA; PATHAK, 2006; TODOROVA; DURISIN, 2007).

Já a capacidade de transformação “[...] denota a capacidade de uma empresa para desenvolver e aperfeiçoar as rotinas que facilitam a combinação de conhecimento existente e os conhecimentos recém-adquiridos e assimilados” (ZAHRA; GEORGE, 2002, p. 188). No mesmo sentido, para Kogut e Zander (1992) ela consiste na capacidade de uma empresa desenvolver e aperfeiçoar as rotinas internas que facilitam a transferência e a combinação do conhecimento anterior com o novo conhecimento, e esta transformação pode ser conseguida pela ciência da adição ou eliminação, ou da interpretação e combinação do conhecimento existente de uma maneira diferente e inovadora.

A aplicação é a última capacidade da dimensão de absorção realizada, caracterizada como uma capacidade organizacional baseada nas rotinas e nos processos, permitindo às organizações incorporar o conhecimento adquirido, assimilado e transformado em suas operações e rotinas. Dessa forma, busca não só aperfeiçoar, refinar, expandir e alavancar rotinas, processos, competências e conhecimentos existentes, mas também criar novas operações, competências, rotinas, produtos e formas de organização (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002; LANE; KOKA; PATHAK, 2006; TODOROVA; DURISIN, 2007).

2.2.2 Capacidade Adaptativa

A capacidade adaptativa é considerada como um dos componentes das capacidades dinâmicas que busca compreender como as organizações conectam suas vantagens e seus recursos internos com as vantagens existentes no mercado (WANG; AHMED, 2007).

Segundo Burns e Stalker (1961), a capacidade adaptativa aborda a interface entre o ambiente e a organização, compreendendo o ajuste entre o ambiente externo de uma

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organização e sua estrutura organizacional interna. Define-se pela abordagem convencional sobre a adaptação organizacional, onde as organizações buscam sinais do ambiente por meio dos clientes, concorrentes e condições gerais, sendo estas informações filtradas e, na sequência, decisões são tomadas para responder a estas mudanças ambientais (WEICK, 1979).

Para Teece, Pisano e Schuen (1997) e Zhou e Li (2010) faz-se necessária uma visão mais dinâmica de adaptação organizacional, que consiste na capacidade de habituação para lidar com as mudanças das condições ambientais. No mesmo sentido, Stabler e Sydow (2002) observam que as organizações com uma capacidade de adaptação podem aprender mais rápido em condições de mudança que exijam a reconfiguração de velhas rotinas, experimentação de novos projetos, identificação e capitalização de oportunidades de mercado e de tecnologias emergentes para desenvolver e implementar ideais inovadoras. Diante disso, a capacidade de adaptação organizacional é percebida como um processo dinâmico de aprendizagem contínua que permite um aumento da capacidade de inovação.

O argumento de Rindova e Kotha (2001) é de que as capacidades dinâmicas são refletidas por meio da capacidade de adaptação de uma organização, considerando essencialmente a flexibilidade estratégica dos recursos existentes, o alinhamento interno dos recursos, a sua forma de organização e as necessidades permanentes de mudança estratégica. A diferença entre a capacidade de adaptação e a capacidade adaptativa é que a adaptação descreve um estado final ideal de sobrevivência para uma organização, enquanto a capacidade adaptativa enfatiza a busca pelo equilíbrio nas estratégias de prospecção e exploração (STABER; SYDOW, 2002).

A capacidade adaptativa ajuda as organizações a: a) buscar novos mercados e tecnologias; b) processar novas informações de forma contínua; c) ajustar e reconfigurar a estrutura e a gestão organizacional de forma rápida e; d) estudar e explorar novos conhecimentos simultaneamente (STABER; SYDOW, 2002; TEECE; PISANO; SCHUEN., 1997).

De acordo com alguns autores, o desenvolvimento da capacidade de adaptação organizacional é, por vezes, seguido pela evolução de formas organizacionais, como estruturas convencionais que envolvem a formalização, a integração, a centralização e a complexidade (HAGE, 1999). No entanto, para outros autores, além das estruturas formais, existem dimensões estruturais informais, como baixo acoplamento, multiplexidade e redundância (STABLER; SYDOW, 2002), isso para criar e gerenciar a capacidade de adaptação organizacional (WANG; AHMED, 2003; 2007).

(32)

Assim, Akgün, Kestin e Byrne (2012) pesquisaram o efeito do mercado, da tecnologia e do sistema de gestão em relação à capacidade adaptativa e a capacidade de inovação dos produtos, como também o papel das dimensões informais estruturais no constructo da capacidade de adaptação das organizações. Com base na determinação da capacidade adaptativa, os autores utilizaram os seguintes constructos: a) autonomia de decisão e estilo de gestão; b) sistema de informações e de apoio à decisão; c) pluralidade e multifuncionalidade da equipe. Desta forma, os autores identificaram interações recíprocas entre os fatores investigados, permitindo às organizações a adaptação de suas estruturas internas frente às pressões externas.

Desta forma, as empresas devem desenvolver a capacidade adaptativa para reconfigurar seus recursos e coordenar os processos de imediato, a fim de desenvolver produtos mais bem-sucedidos que os dos concorrentes. Diante disso, a capacidade de adaptação organizacional é um processo de interação dinâmica de mercado, tecnologia e design organizacional, relacionado com o sistema de gestão. Além disso, estas construções são interativas e cada um dos fatores contribui para o desenvolvimento dos outros (AKGÜN; KESTIN; BYRNE, 2012).

A capacidade de adaptação ao mercado enfatiza o rápido aprendizado, a fim de introduzir no mercado, em tempo hábil, as exigências dos clientes-alvo; compreender e monitorar o comportamento dos concorrentes; acompanhar os clientes; alocar recursos para atividades de marketing. Ela aborda como a empresa deve se organizar para dar resposta aos clientes, bem como para capacitar e recompensar seus funcionários, a fim de garantir, por esta capacidade de resposta, a satisfação do cliente (AKGUN; KESTIN; BYRNE 2012).

A multiplicidade se refere ao número e à diversidade de relações entre as pessoas de uma organização, indicando o grau de envolvimento que elas possuem nas diferentes redes desta organização. Os autores expõem que a redundância de informação se refere à sobreposição intencional de informações, fornecendo uma base comum para a comunicação e a partilha de conhecimento. Redundância como um recurso é o alicerce de recursos reais ou potenciais, os quais permitem a uma organização se adaptar e se ajustar, com sucesso, às pressões internas e externas para a mudança (STABLER; SYDOW, 2002).

2.2.3 Capacidade Inovativa

A inovação, segundo Wang e Ahmed (2004), é caracterizada pela capacidade de inovação global da organização, através da introdução de novos produtos no mercado ou da abertura de novos mercados, através da combinação entre orientação estratégica,

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