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Proposta de mini coleção de vestuário com foco na sustentabilidade através da reutilização de materiais

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Academic year: 2021

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GABRIELA PANAZZOLO CASALINI

PROPOSTA DE MINI-COLEÇÃO DE VESTUÁRIO

COM FOCO NA SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DA REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS

Ijuí 2018

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GABRIELA PANAZZOLO CASALINI

PROPOSTA DE MINI COLEÇÃO DE VESTUÁRIO

COM FOCO NA SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DA REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Design da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção ao título de Bacharel em Design.

Orientadora: Prof. Me. Diane Johann

Ijuí 2018

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RESUMO

Moda e sustentabilidade são duas palavras que caminham juntas para transformar a indústria de acordo com as diversas mudanças que se vê atualmente. Atitudes conscientes e termos como “slow”, estão cada vez mais em evidência, fazendo as pessoas serem menos impulsivas, revendo e reavaliando as consequências de seus atos. O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma coleção de vestuário a partir de materiais reutilizáveis e, que seja reflexo da atual discussão sobre moda e sustentabilidade. A coleção terá como tema a moda dos festivais de música onde pode-se perceber que as roupas dizem muito sobre a personalidade de cada indivíduo e como gostam de ser vistos pelos outros, sem a preocupação com as convenções do dia a dia. O projeto será realizado partindo da metodologia projetual de Bruno Munari (2008), conjuntamente, será utilizado métodos de pesquisa para o desenvolvimento da coleção dos autores Sorger e Udale (2009). Produções de moda sustentável têm se destacado justamente pelo design funcional e arrojado, portanto, acredita-se que a coleção de vestuário atenderá as novas demandas do consumidor contemporâneo, que buscam produtos que respeitem o meio ambiente sendo produzidos de forma racional, ao mesmo tempo que transmitam personalidade e estilo.

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ABSTRACT

Sustainability issues are put together to change according to the different changes that currently exist. Conscious attitudes and terms like "slow", with the passage of time more in evidence, making people less impulsive, reviewing and re-evaluating the consequences of their acts. The present work aims to prepare the collection of clothes so that the materials are reused, which are a reflection of the current fashion and sustainability. The collection has as its theme the music festivals that can differentiate itself as to other ways of listening to the characters, without a problem with the conventions of the day to day. The project will be carried out starting from the design version of Bruno Munari (2008), will be used as a research method for the development of author Sorger and Udale (2009). Productions of sustainable fashion have been patented as the new demands of the functional consumer, so it is believed that a collection of opportunities served as the new demands of the contemporary consumer who seek products that relate to the environment being produced in a rational, while transmitting personality and style.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O ciclo de vida do sistema-produto... 30

Figura 2 – Festival de Woodstock, 1969... 35

Figura 3 – Looks Lollapalooza... 36

Figura 4 – Looks Coachella... 37

Figura 5 – Painel semântico upcycling...41

Figura 6 – Painel semântico patchwork...42

Figura 7 – Painel semântico estilo boho...42

Figura 8 – Painel semântico estilo gypsy...43

Figura 9 – Painel semântico street style...44

Figura 10 – Paleta de cores da mini-coleção...44

Figura 11 – Painel de inspiração digital...46

Figura 12 – Esboços da mini-coleção ...46

Figura 13 – Croqui look 1...47

Figura 14 – Croqui look 2...47

Figura 15 – Croqui look 3...48

Figura 16 – Materiais da mini-coleção...49

Figura 17 – Tecnologias da mini-coleção...50

Figura 18 – Exemplo de ficha técnica...51

Figura 19 – Modelagem saia patchwork...52

Figura 20 – Modelo calça pantalona com fendas frontais...53

Figura 21 – Modelo cropped metalizado...54

Figura 22 – Modelo short de cotton básico...54

Figura 23 – Saia midi boho...55

Figura 24 – Modelo saia patchwork...56

Figura 25 – Modelo cropped de cotton básico...56

Figura 26 – Modelo cropped jeans...57

Figura 27 – Modelo cropped gypsy...58

Figura 28 – Composição de looks A...58

Figura 29 – Composição de looks B...58

Figura 30 – Composição de looks C...59

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Figura 32 – Editorial look 2...61

Figura 33 – Editorial look 3...61

Figura 34 – Editorial mini-coleção completa 1...62

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Análise comparativa entre Fast fashion e Slow fashion...18

Quadro 2 – Etapas de desenvolvimento de produto...24

Quadro 3 – Exemplos de redesign de moda...26

Quadro 4 – Nichos do mercado da moda sustentável...27

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 REFERNCIAL TEÓRICO ... 10

2.1 Moda ... 10

2.2 A relação da moda com a sustentabilidade ... 11

2.3 Fast Fashion ... 14

2.4 Slow Fashion ... 18

2.5 Ecodesign ... 21

2.5.1 Ecofashion ... 24

2.6 Ciclo de vida dos produtos ... 28

2.7 Princípio dos 5 R’s ... 31

2.8 A moda dos festivais ... 34

3 RESULTADOS ... 40

3.1 Problema ... 40

3.2 Coleta e análise de dados ... 40

3.3 Criatividade ... 45

3.4 Materiais e tecnologias ... 48

3.5 Fichas técnicas ... 51

3.6 Modelo ... 51

3.7 Apresentação e lançamento da mini-coleção ... 59

4 CONCLUSÃO ... 63

REFERÊNCIAS ... 64

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1 INTRODUÇÃO

A indústria têxtil possui um alto valor sócio econômico que de acordo com Abit (2016) é o segundo maior setor empregador da indústria de transformação, com aproximadamente 1,6 milhões de empregados diretos, além de que, o Brasil é o quinto maior produtor mundial de têxteis. Em contra partida, a indústria têxtil é um dos setores que mais poluem o meio ambiente. Segundo Gravelet (1997 apud DIAS, 2013) é uma das industrias que mais se envolve com problemas ambientais relacionados aos efluentes e resíduos sólidos perigosos, devido a grandes quantidades geradas destes resíduos que não recebem o tratamento adequado e são simplesmente descartados na natureza.

Outro dano causado pela indústria da moda é a tendência da “moda rápida” que de acordo com o Instituto Uniethos (2013) é caracterizada por apresentar produtos a preços baixos, o que torna os mesmos de má qualidade e ocasiona consequentemente, um descarte mais acelerado, diminuindo o ciclo de vida desses produtos. Na medida em que os problemas ambientais vêm se agravando, as empresas devem passar a se preocupar mais, buscando soluções para amenizar esses impactos seguindo as premissas do desenvolvimento sustentável.

É necessário encontrar formas de amenizar esta situação, primeiramente pensando no ciclo de vida das roupas, que consiste no ato de projetar produtos, serviços e sistemas com baixo impacto ambiental e alta qualidade social. Para Manzini e Vezzoli (2002, p. 91) “no ciclo de vida considera-se o produto desde a extração dos recursos necessários para a produção dos materiais que o compõem (nascimento) até o último tratamento (morte) desses mesmos materiais após o uso do produto”. Ainda segundo os autores, as fases que compõem o ciclo de vida de um produto são: pré-produção, produção, distribuição, uso e descarte, ou seja, todas as atividades necessárias para produzir, distribuir, utilizar e descartar um produto são consideradas uma só unidade.

Além do ciclo de vida, pode-se basear também no princípio dos 5 R’s - Reduzir, Reutilizar, Repensar, Recusar e Reciclar, conceitos citados na Agenda 21 (1997) como atitudes básicas na prática da economia de recursos, reutilização de materiais aproveitáveis e reciclagem de materiais.

Diante deste cenário, o tema deste projeto engloba assuntos que enfatizam a preocupação com os impactos ambientais causados pela indústria têxtil, ao mesmo

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tempo que promove práticas menos poluentes de métodos e processos na fabricação de roupas. Sendo assim, essa proposta tem como premissa básica o desenvolvimento sustentável através de ações que menos causem impacto ambiental, de modo que, passe a solucionar e amenizar de alguma maneira os problemas ambientais causados pelo no setor da moda, passando assim, a conscientizar este segmento e também os consumidores da importância da preservação ambiental, para que estes, assumam uma atitude mais crítica em relação às opções de produção e consumo.

Portanto, o objetivo do projeto em questão, é desenvolver uma coleção de vestuário feita a partir de materiais reutilizáveis, ou seja, materiais que iriam para o lixo acabam tendo um novo destino. Essa coleção seria inspirada nos mais variados estilos de quem frequenta festivais de música que acontecem no mundo inteiro, onde as pessoas se sentem livres para vestirem e serem o que quiserem. Estes festivais englobam vários estilos musicais como o pop, indie, rock, hip hop e principalmente a música eletrônica, abrindo um leque para os mais variados estilos de se vestir.

Para alcançar este objetivo, primeiramente buscou-se aprofundar os conhecimentos sobre o conceito de moda e a relação da mesma com a sociedade, e a partir disso, estudar o conceito de sustentabilidade e a sua relação com o setor da moda. Após isso, pesquisou-se sobre fastfashion, slowfashion, ecodesign, ecofashion, ciclo de vida dos produtos, princípios dos 5 R’s e sobre a moda dos festivais.

Desse modo, realizou-se pesquisas exploratórias para o entendimento do conteúdo proposto e por esse motivo, buscou-se a compreensão do mesmo através de pesquisas bibliográficas em livros, artigos, dissertações, revistas e sites que abrangem a temática da moda sustentável, bem como a moda dos festivais. Para desenvolver a coleção será utilizada como metodologia projetual os passos descritos por Munari (2008) para produção de produto, ainda que, será utilizado métodos de pesquisa para o desenvolvimento da coleção de Sorger e Udale (2009).

O projeto apresenta ainda a moda aliada a sustentabilidade como dois agentes transformadores da cultura da sociedade atual, a pesquisa comprova que é possível, através da moda ter estilo e expressar identidade ao mesmo tempo tendo ética ambiental.

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2 REFERNCIAL TEÓRICO

2.1 Moda

A moda está presente na sociedade há décadas, e com isso construiu uma história e gerou uma infinidade de conceitos e opiniões ao redor do mundo. Segundo o Dicionário Aurélio (2016) moda significa modo, costume, vontade, maneira de se vestir, moda é e o uso passageiro que regula, de acordo com o gosto do momento, a forma de viver e sentir, de se vestir, etc.

Já o dicionário de inglês Oxford define moda como “hábito ou estilo popular atual, especialmente o de vestir”. Em linhas gerais, “moda significa estilo atual, e o modo como ela é definida é subjetivo e depende de uma série de fatores” (SORGER e UDALE, 2009, p. 12).

Lipovetsky (1989, p.39) acredita que a moda foi o “primeiro grande dispositivo a produzir social e regularmente a personalidade aparente e que estetizou e individualizou a vaidade humana e, ainda, conseguiu fazer da aparência um instrumento fundamental da nossa existência”. De acordo com Mesquita (2007, apud QUEIROZ et al., 2010, p. 173):

A moda e o vestuário fazem parte de um universo que constitui cada indivíduo. Ou seja, o vestuário funciona como uma variável do que se refere como “moda subjetiva”, de modo que possui papel de extrema importância no processo de construção do sujeito – individual, pessoal e particular – mas que, ao mesmo tempo, é de caráter relevante para a relação com o outro.

Lipovetsky (1989) entende que o conceito de moda não é somente aquilo que está ligado às roupas, ou até em âmbitos como o design, mas sim, aquilo que move uma sociedade inteira, fazendo parte incessantemente da vida das pessoas, influenciando-as em seus comportamentos e atitudes. A moda é movida pela inovação, mas principalmente pelo consumo.

Pode-se caracterizar empiricamente a ‘sociedade de consumo’ por diferentes traços: elevação do nível de vida, abundância das mercadorias e dos serviços, culto dos objetos e dos lazeres, moral hedonista e materialista, etc. Mas, estruturalmente, é a generalização do processo de moda que a define propriamente. A sociedade centrada na expansão das necessidades é, antes de tudo, aquela que reordena a produção e o consumo de massa sob a lei da obsolescência, da sedução e da diversificação, aquela que faz passar o econômico para a órbita da forma moda (LIPOVETSKY, 1989, p. 159).

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A partir destas definições do conceito de moda, pode-se perceber que a mesma é movida pelos desejos dos consumidores e é basicamente definida pela expressão através dos costumes e maneiras que uma sociedade possui, o que define a formação de uma cultura.

A moda é intrínseca à vida de toda a sociedade. Mesmo aqueles que dizem não se importar com o que vestem acabam, de alguma forma, sujeitos às variações dos modismos. Afinal de contas, moda não é apenas vestir, é um conjunto de informações que orientam costumes e comportamentos e variam no tempo e na sociedade. Aí estão incluídos, além de roupas e adornos, a música, a literatura, a arquitetura, os hábitos, enfim, tudo o que pode mudar com o tempo e que, a cada época, é ditado por determinada tendência (STEFANI, 2005, p. 11).

O Dicionário Aurélio (2016) define a palavra tendência como “ação ou força pela qual um corpo tende a mover-se para alguma parte”. Segundo Bôas (2013) o termo tendência deriva do latim tendentia, cujos significados são “tender para”, “inclinar-se para” ou ser “atraído para”. Bôas (2013) ainda afirma que as tendências “são indícios que uma cultura projeta inconscientemente e podem ser captados e interpretados como futuros comportamentos e preferências, os quais serão canalizados pela indústria da moda em bens e serviços”.

Em resumo, pode-se perceber que a moda é ditada pelas tendências que estão diretamente ligadas aos desejos dos consumidores. As tendências direcionadas para produtos de moda estão presentes nas páginas de revistas, na internet, nas vitrines dos shoppings, nas passarelas dos mais variados desfiles e também, no próprio dia a dia das pessoas. O conceito de tendência de moda está ligado a análise do que a os consumidores querem para as próximas estações.

2.2 A relação da moda com a sustentabilidade

Atualmente o mundo gira em torno da moda e por conta disso, o consumo vem sendo cada vez mais acelerado. De acordo com Barros (2009, p. 1):

O mercado ligado à moda é caracterizado por mudanças cada vez mais rápidas e frequentes; os ciclos de vida dos seus produtos diminuem; há uma intensa concorrência resultante da globalização que resultam na busca de melhorias contínuas e formas de inovação do produto de moda.

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Contudo, assim como tudo o que é lançado na moda constantemente, é também produzido, vendido e descartado na mesma proporção, ocasionando um impacto ambiental gigantesco. Com isso, necessita-se urgentemente de formas que possam amenizar esse impacto ambiental e contribuir para medidas focadas na sustentabilidade, sem que haja tanto acúmulo de resíduos.

Pode-se definir o desenvolvimento sustentável como sendo: “o desenvolvimento que atende as necessidades sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas necessidades” (WORLD COMMISSION ou ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT 1987, apud PLATCHECK 2012, p. 7), portanto, acredita-se que as atividades humanas não têm o direito de interferir no funcionamento da natureza no planeta, assim como não deve arruinaras fontes de recursos naturais, principalmente fontes não renováveis. (PLATCHECK, 2012).

O real significado de desenvolvimento sustentável baseia-se na ideia de que tudo o que o ser humano aproveita do planeta, continue disponível para as próximas gerações, pois estas também possuem o direito de usufruir deste mesmo bem (PLATCHECK, 2012).

A partir de 1960 houve um aumento significativo em relação a crise ambiental, que por sua vez, já era evidente na década de 60. Esse aumento surgiu por consequência de uma série de catástrofes e desequilíbrios ambientais, fazendo com que despertasse uma preocupação cada vez maior por parte dos Estados, levando a uma reflexão e planejamento de novos meios para a resolução deste problema de ordem mundial (PASSOS, 2009).

No ano de 1972, em Estocolmo na Suécia, foi realizada a primeira “Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano e Desenvolvimento”, onde foi discutido sobre a poluição causada pelas grandes indústrias, que de acordo com Platcheck (2012, p. 7) “os modelos de desenvolvimento industrial ameaçam exceder os limites de sustentabilidade em termos da utilização de recursos naturais e geração de resíduos, comprometendo o equilíbrio do clima, da vegetação e de produção de alimentos”.

Segundo Meadows et al (1972) e Pedrini (2010) apud Camargo (2016) ainda no ano de 1972, foi elaborada a “Declaração de Estocolmo” que teve como base a ideia de que se deve educar os cidadãos para as questões ambientais e estimulá-los a refletir sobre possíveis soluções para os problemas ambientais.

De acordo com uma publicação do site Ecycle (2013), mais tarde, em 1992, na Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92 ou Rio-92), que

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aconteceu no Rio de Janeiro, foi firmado o conceito de desenvolvimento sustentável que passou a ser entendido como o desenvolvimento a longo prazo, de maneira que não sejam esgotados os recursos naturais utilizados pela humanidade.

Para Araújo (2006) nesse encontro foi elaborado um documento chamado Protocolo de Kioto, onde se firma um compromisso em que países com maior nível de industrialização, consequentemente “maiores utilizadores de recursos naturais geradores de resíduos poluentes devem ser tributados e responsabilizados de maneira maior no que diz respeito às responsabilidades da não preservação do planeta para gerações futuras” (ARAÚJO, 2006, p. 5).

A Eco-92 ou Rio-92 foi um dos eventos mais importantes, pois gerou muita discussão sobre o assunto “sustentabilidade” e teve a participação de representantes governamentais de todo o mundo. Seus principais resultados foram dois grandes documentos: A Carta da Terra (rebatizada de Declaração do Rio) e a Agenda 21 (ARAÚJO, 2006).

A Agenda 21 dedica-se aos problemas da atualidade e almeja preparar o mundo para os desafios do século XXI. Ela reflete o consenso global e compromisso político em seu mais alto nível, objetivando o desenvolvimento e o compromisso ambiental. A Declaração do Rio visa estabelecer acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e proteja a integridade do sistema global de ecologia e desenvolvimento. A partir desse momento, começa a existir de maneira globalizada uma preocupação no que diz respeito à Gestão Ambiental e o Desenvolvimento Sustentável tanto por parte das entidades governamentais das organizações públicas e privadas como dos consumidores deste mercado global (FILHO 2004 apud ARAÚJO, 2006, p. 5).

Essas ações prioritárias foram reforçadas em 2002, na Cúpula da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo, que de acordo com o site Ecycle (2013), sugeriu a maior integração entre as dimensões econômica, social e ambiental por meio de programas e políticas voltadas para as questões sociais e, em especial, nos sistemas de proteção social.

O conceito de Desenvolvimento Sustentável ganhou destaque nas discussões políticas e organizações após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – RIO 1992. Nas últimas décadas a discussão sobre o termo “sustentabilidade” veio causando diferentes correntes de pensamentos.

A palavra desenvolvimento pode ser considerada redundante se comparada com o conceito de desenvolvimento sustentável, pois ela permite estabelecer

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uma ligação direta com as transformações e, sobretudo, aliada ao crescimento econômico. O termo desenvolvimento sustentável, por sua vez, propõe um desenvolvimento sem muitas transformações materiais. As transformações necessárias se referem antes a aspectos que, a princípio, são acessíveis ao homem. Como exemplo, citam-se aspectos culturais e comportamentais ou a revisão de valores, padrões e formas de vida, exigindo, ao invés da busca de acúmulos materiais, o alcance da consciência da interdependência entre Homem e Natureza. (ROSA, 2007, p. 48).

Sustentabilidade é o resultado de um complexo padrão de organização que retrata cinco características básicas, que de acordo com Capra (2006, apud ROSA, 2007, p. 47) são: “interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade. Se estas características forem aplicadas às sociedades humanas, essas também poderão alcançar a sustentabilidade”.

Autores como Vezzoli e Manzini (2002) já refletiram sobre esse assunto e segundo eles, uma nova maneira de conceber produtos e serviços é através do design sustentável que consiste no ato de produzir produtos, serviços e sistemas com um baixo impacto ambiental e uma alta qualidade social, além de serem viáveis economicamente.

Portanto o setor de vestuário e confecções apresenta, neste sentido, muitos desafios à sustentabilidade, pois segundo Martins et al. (2011) apresentam um conjunto de impactos ao meio ambiente que vão desde o grande consumo de matéria-prima e energia ao longo da pré-produção, produção, distribuição e consumo dos produtos, até a geração de resíduos e emissões no fim de vida dos mesmos.

2.3 Fast Fashion

Literalmente, o termo em inglês “fast fashion” traduzido para o português significa moda rápida e de acordo com Hoffman (2011, p. 4) “é um conceito que nasceu na Europa, na década de 90 e procura incrementar o consumo pela redução do risco da demanda, através da fabricação de produtos o mais próximo possível do momento da venda”. O conceito de fast fashion vem recebendo muitas críticas, principalmente de grandes designers, porém, tem crescido muito e começa a se sedimentar no mercado brasileiro (HOFFMANN, 2011).

Na Revolução Industrial, o domínio da tecnologia através do desenvolvimento humano era o que permitia a produção de bens materiais em larga escala o que

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automaticamente ocasionava no acumulo de capital (CALDAS, 2004, apud ANICET et al., 2011).

Desde esta época, o que se buscava, e que muitos ainda buscam na área do design de produtos é a agilidade de produção com o intuito de aumentá-la para ter maiores lucros. Para isso, muitas empresas optam pelo desenvolvimento de produtos de baixa qualidade, praticamente descartáveis, para alcançarem seus objetivos. Mas estas atitudes não levam em consideração o meio ambiente, pois na medida em que esse tipo de produção aumenta os descartes desses produtos também crescem, o que acarreta em danos graves ao meio ambiente. O sistema da moda é por tradição uma área efêmera, pois segue tendências o que resulta na imposição de um ritmo de obsolescência programada muito rápido, ocasionando no descarte de produtos de forma precoce, estando os mesmos muitas vezes em ótimo estado de conservação (ANICET et al., 2011, p. 1).

Cunha (2015) apresenta uma breve cronologia de como o fast fashion surgiu. Antes da década de 90, as roupas de alta qualidade eram consideradas um luxo porque só eram disponíveis através de costureiras. A partir da década de 90 a máquina de costura se tornou comum e a primeira fábrica de moda pronta tornou-se disponível nas lojas de departamento (CUNHA, 2015).

Por volta de 1929 o homem possuía em torno de seis peças de roupa para trabalhar, enquanto as mulheres tinham nove. A década de 30 foi marcada pela Grande Depressão, e por isso a moda deixa de ser menos ousada, e com isso as pessoas preferiam reparar as roupas do que comprar novas, devido ao alto índice de desemprego que surgiu durante a crise (CUNHA, 2015).

Em 1940, a moda novamente é influenciada pela guerra. De acordo com Palomino (2013, p. 56) “a guerra vem como catalisador das mudanças na moda”. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) mudou diversos fatores na moda e na sociedade, uma das mudanças foi quando as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho, e de repente, surgiram com um novo poder de compra (CUNHA, 2015).

O fast fashion não foi o responsável pelo pensamento de tornar a moda mais acessível a um número maior de pessoas (BRUNINI e GARNIER, 2017). “A produção em larga escala começou na França, após a II Guerra Mundial (fim de 1949), com o prêt-à-porter, derivado do conceito norte-americano ‘ready to wear’, isto é, pronto para vestir” (BRUNINI e GARNIER, 2017, p. 5).

O que diferencia a moda pronta da moda rápida é que a primeira relaciona-se à autonomia estilística: enquanto o prontista tradicional trabalha com um número de

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modelos limitados, pertinente às grandes tendências do momento, a empresa de fast-fashion, ao contrário, procura desenvolver uma coleção na qual predominem os produtos quem fazem maior sucesso (CIETTA, 2010).

De acordo com Cietta (2010) na moda pronta as empresas lançam coleções duas vezes ao ano, a partir das apostas de tendências de seus estilistas, já na moda rápida, é o consumidor quem dita as regras, as empresas de fast-fashion buscam, constantemente, dados e informações em suas lojas, através dos próprios clientes, e os interpreta como componentes que formam as tendências.

Entre 1950 e 1960 surgem os materiais sintéticos como o PVC e poliéster, que por sua vez, mudaram para sempre a maneira como as mulheres se vestiam. Nesta época muitas empresas de moda surgiram no mercado fazendo com que a indústria têxtil crescesse cada vez mais (CUNHA, 2015).

Nas décadas de 70 e 80, os preços de produção aumentaram e muitas empresas moveram suas fabricas para a Ásia, onde a produção seria maior e os custos menores. O vestuário ficou mais barato, mas a publicidade tornou-se mais cara. O ciclo sazonal da moda Primavera / Verão e Outono / Inverno também foi inserido durante este período (CUNHA, 2015).

A partir dos anos 90 começa a colonização global da moda, onde as marcas estrangeiras entraram nos mercados locais com milhões para gastar em publicidade e marketing, prejudicando as pequenas boutiques e marcas locais. As roupas passaram a ser produzidas semanalmente, deixando de seguir os ciclos sazonais da moda tradicional (CUNHA, 2015).

O mercado tornou-se muito competitivo, e a partir do ano 2000 os varejistas do vestuário laçam novos produtos cada vez com mais rapidez, competindo entre si, entretanto, essa velocidade toda comprometia a qualidade desses produtos (CUNHA, 2015).

Conforme Cunha (2015) as promoções nas lojas influenciavam os consumidores a comprar mais e pensar menos, devido ao pensamento transmitido de que se o indivíduo não comprasse determinado produto naquela hora, logo, outra pessoa iria comprar, pois estava em promoção e o estoque era limitado.

Nos dias de hoje, sabe-se que a mulher conquistou uma posição de grande valor na sociedade moderna onde se encontra ocupada por conta da rotina, o que as leva, infelizmente, para longe de qualquer habilidade para valorizar a qualidade de algo artesanal.

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O consumismo toma conta e a roupas tornam-se descartáveis, Cunha (2015) ainda expõe que o fast fashion trouxe consigo grandes danos e impactos ambientais para o planeta. Um dos danos ocasionados pela moda rápida se deu por conta dos agricultores usarem toneladas de pesticidas e adubos químicos que tanto drenam e também contaminam as fontes de água circundantes. Isso ocorreu por consequência de que os prazos de fabricação da moda foram encurtados o que levou a encurtar o tempo disponível para os produtores de algodão fazerem crescer o algodão.

Martins e Santos (2008) definem fast fashion, como aquele caracterizado pela agilidade de produção a preços muito baixos e novidades constantes, como exemplo disso estão a Zara e a H&M que vem influenciando os magazines brasileiros, tais como as lojas Renner, C&A, Riachuelo e Marisa. Fast fashion significa estar sempre com as prateleiras abastecidas de novidades para os consumidores, pretendendo desenvolver coleções compactas e modelos novos o tempo todo, onde o planejamento de produto não é para meses, mas para semanas ou dias.

Nesta era do capitalismo em que se vive hoje, onde o importante para as empresas que fazem parte do fast fashion é o lucro, o consumidor busca estar a par das tendências, mas não buscam saber sobre se estes produtos têm ou não qualidade ou ainda se possuem maior ou menor durabilidade (PESSOA, 2012).

Um exemplo da pouca qualidade é que numa rápida pesquisa a grandes magazines, como a Riachuelo e a C&A, que compõem o universo do fast fashion, encontram-se peças que seguem as últimas tendências apresentadas nos recentes desfiles das grandes grifes ou ainda, como parece ser uma boa estratégia de marketing, parcerias com renomados designers de moda que dão seu toque pessoal e seu nome atrelado às etiquetas nas peças vendidas nas araras, porém, frequentemente utilizando tecidos baratos, com composição basicamente em poliéster, seja em tecidos planos ou malhas (PEREIRA e NOGUEIRA 2013, p. 2).

Muitos dizem que o fast fashion democratizou a moda e deu condições para que bilhões de pessoas pudessem adquirir uma infinidade de produtos por baixos preços como nunca houve na história humana. Por outro lado, os abusos da indústria do fast fashion que vão desde a destruição do meio ambiente ao trabalho escravo, o mundo começou a perceber o real custo da moda barata para a sociedade e para o planeta Terra (CUNHA, 2015).

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2.4 Slow Fashion

Percebe-se que atualmente, o fast fashion é um sistema que já dominou e influenciou grande parte do mundo, contudo, sempre existem outras formas de se pensar e agir para encontrar soluções para os problemas gerados por este sistema. O movimento slow fashion surgiu, em parte, em oposição ao fast fashion, ou seja, em oposição à produção em massa e ao aumento de resíduos gerados por este modelo. Uma análise comparativa entre os dois modelos está representada na tabela 01.

Quadro 1: Análise comparativa entre Fast fashion e Slow fashion

Fast Fashion Slow Fashion

Fatores Favoráveis

I. Liberdade de ação

Reduzida devido à solidificação do sistema de fast fashion, que pede

por ações já pré-determinadas

É o pilar do sistema de slow fashion, que clama

por uma diversidade de moda no produto final

II. Incentivo à ideias novas Espera-se novas soluções: aperfeiçoamento do timing de chegada do produto final ao consumidor e rapidez na cadeia criativa Espera-se novas soluções: durabilidade do produto, aprimoramento do impacto social e conhecimento do ciclo do produto III. Disponibilidade de recursos materiais O processo criativo prioriza o tipo de produto

que pode ser comprado e não o que é necessário

O planejamento sustentável do uso da

matéria prima é essencial durante o

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Fatores Desfavoráveis I. Excessos de serviço e escassez de tempo Profissionais da área demonstram a pressão sofrida devido a impossibilidade de serem inovadores em um ritmo extremamente acelerado O sistema possui autonomia do calendário

de moda do fast fashion e as coleções são desenvolvidas para durarem a longo prazo

II. Bloqueio a ideias novas Por se tratar do comportamento dos profissionais no ambiente de trabalho, há a chance de acontecer Por se tratar do comportamento dos profissionais no ambiente de trabalho, há a chance de acontecer

III. Resistência a ideias novas

O fast fashion faz parte de um movimento onde a

roupa está mais em contato com a Moda do que a sociedade, o que trouxe uma acomodação

em relação à inovação

O slow fashion abre a oportunidade de trazer o

pensamento sobre as novas possibilidades da

Moda

Fonte: Adaptado de: Pereira e Busarello (2016)

Slow Fashion vem de moda lenta e o termo “lento”, segundo Fletcher (2011, apud PEREIRA e NOGUEIRA, 2013) surgiu no setor alimentício em 1986, na Itália.

Após décadas de dominação do fast food, simbolizado pela empresa McDonald’s, com cardápio homogêneo em todo o mundo, exceto na Índia, onde a carne bovina não é consumida, o movimento slow food surgiu para retomar o prazer de comer algo tradicionalmente local, com produtos da região e apreciá-los verdadeiramente, sem a pressa do cotidiano (PEREIRA e NOGUEIRA 2013, p. 3).

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No slow fashion não há lançamentos de coleções a todo instante como no fast fashion, pois as peças são desenvolvidas de modo que tenham uma durabilidade maior, com modelagens aprimoradamente acertadas, produzidas com tecidos nobres, naturais ou eco inteligentes, são, portanto de qualidade e alta durabilidade (PEREIRA e NOGUEIRA 2013).

Esse sistema tem se desenvolvido de forma significativa no exterior, devido à crise econômica e ambiental, pois os gastos financeiros e perdas ambientais passaram a ter grande importância, tanto para as empresas que produzem como também para os consumidores (PEREIRA e NOGUEIRA 2013).

O slow design pode aflorar em qualquer objeto no espaço, ou na imagem que incentiva uma redução no fluxo de metabolismo humano, econômico, industrial e urbano através da concepção de espaço para pensar, reagir, sonhar. É um projeto com foco nas pessoas, colocando em segundo plano a preocupação com a comercialização. Tem foco no local, para depois no global, e se preocupa com benefícios sócio-culturais e ambientais. Visa a democratização do design com mudanças comportamentais e transformações sócio-culturais na criação de novos modelos econômicos, de negócios e oportunidades (ANICET e MEA 2014, p. 2).

Encontram-se consideráveis probabilidades para o desenvolvimento de vestuários ecologicamente corretos, mas para isso, deve-se considerar características técnicas, psicológicas e situacionais, além de que, informações sobre utilização e descarte de roupas podem servir de propósito para melhorar o design (LAITALA, KLEPP, 2011, apud CALÍOPE, 2015).

Para os autores, “melhorar a qualidade deve ser combinado com a diminuição da quantidade de roupas para que as melhorias técnicas resultem na redução do consumo e do impacto ambiental” (CALÍOPE, 2015, p. 7). Neste sentido Jung e Jin (2014, apud CALÍOPE, 2015, p. 7) complementam que:

O slow fashion é um conceito mais amplo do que a sustentabilidade ambiental e abrange: cuidar de produtores e das comunidades locais para a vida sustentável (equidade e localismo); oferecer valor percebido sustentável do produto (autenticidade); buscar diversidade para o mundo da moda sustentável (exclusividade); e maximizar a vida útil do produto e a eficiência para um meio ambiente sustentável (funcionalidade).

Segundo Anicet e Mea (2014) a frase “slow fashion” não deve ser vista com uma forma ineficiente de negócio, pelo contrário, deve ser vista como uma maneira de aperfeiçoar a produtividade, que deve ser determinada não somente pelas tabelas

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de lucros, mas também pelos benefícios sociais e ecológicos que constroem essas novas concepções de produção de moda. A demanda de produtos com maior durabilidade percorre tanto termos estéticos, quanto de qualidade de produção.

Seria importante que as empresas do Brasil começassem a aderir esse sistema slow fashion, pois o país ainda é carente de ações que priorizem a sustentabilidade e não somente o lucro. Em contra partida os consumidores também devem fazer a sua parte dando preferência a produtos com matérias primas sustentáveis, mesmo que seja um pouco mais caros mas é preciso dar o primeiro passo, será a partir da atitude dos consumidores que serão mantidas vivas as empresas que fazem a diferença no mercado.

2.5 Ecodesign

A relação do design com a natureza não é um assunto novo. Desde a década de 1960 percebeu-se que poderia existir a possibilidade da extinção da matéria-prima, e o descarte constante dos produtos poderia prejudicar o meio ambiente gradativamente. Nos anos 70, por exemplo um designer americano chamado Victor Papanek já se preocupava com o impacto ambiental e suas consequências, o que naquela época era visto como algo desnecessário, atualmente é um assunto importante e que precisa ser discutido (NAIME et al., 2012).

Portanto, somente no ano de 1990 que o termo ecodesign se firmou, ao utilizar uma estratégia para a fabricação de produtos industriais com pouco impacto no meio ambiente e voltados também para o uso consciente dos recursos naturais, além é claro, de não interferir na qualidade e funcionalidade do produto (NAIME et al., 2012). “O termo ecodesign expressa diretamente o fato de que ecologia e economia devem estar unidas e inseparáveis para o bom design em procedimentos de ecodesign” (PLATCKECK, 2012, p. 8).

Resumindo, ecodesign leva a produtos, sistemas, infraestruturas e serviços, que requerem o mínimo de recursos, energia e espaço físico para prover os benefícios desejados do melhor modo possível, e, ao mesmo tempo, minimizar a emissão de poluição e a geração de resíduos em todo o ciclo de vida do produto. (PLATCKECK, 2012, p. 8).

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Para Barbero e Cozzo (2009, p. 11) “O ecodesign, enquanto projetação de objetos na sua complexidade funcional, não só tem a possibilidade de desenhar a sua forma como também de renovar os processos de produção, com vista a uma maior sustentabilidade ambiental”. Barbero e Cozzo (2009, p. 12) ainda colocam que:

Aquilo que caracteriza o ecodesign é efetivamente, uma capacidade imaginativa perspicaz na busca de sistemas, tecnologias e estratégias de produção alternativas. Em comparação com a produção industrial convencional, o ecodesign, tal como o design de um modo geral, avalia antecipadamente o resultado desejado em todos os seus aspectos e para a duração total do produto, ou seja, o uso que dele se fará, a necessidade que determinou a sua ideação, o mercado a que se destinará, os custos e as possibilidades de execução.

Nesta mesma linha de pensamento, Platcheck (2012, p. 8) complementa que:

Ecodesign significa desenvolvimento de produtos com consciência ambiental. Esse termo descreve uma maneira sistemática que visa a inclusão de aspectos ambientais desde a concepção do produto até o design final das possibilidades de soluções. Significa que o meio ambiente é adicionado como um critério no desenvolvimento do produto em paralelo com os critérios tradicionais de funcionalidade, usabilidade, segurança, confiabilidade, ergonomia, viabilidade técnica, e não menos importante, estética.

A definição de Eco design declarada por Fiksel (1996) afirma que o projeto para o meio ambiente refere-se a importância sistemática do desempenho do planejamento, buscando sempre respeitar os objetivos ambientais, de saúde e segurança, no decorrer de todo o ciclo de vida de um produto ou processo, tornando-os eco eficiente, ocasionando à produtividade e lucratividade.

Aos poucos o ecodesign veio se inserindo no meio industrial, onde o objetivo é desenvolver produtos e serviços a partir de materiais e/ou processos de origem ecológica, limpa e com o intuito de reduzir os impactos causados pelo consumo em massa. Manzini e Vezzoli (2002, p. 17) afirmam que:

Sem dúvida, a palavra ecodesign é dotada de uma boa capacidade autoexplicativa, pois o seu significado mais geral sobressai de maneira imediata dos dois termos que a compõe: ecodesign é um modelo “projetual” ou de projeto (design), orientado por critérios ecológicos. O termo apresenta-se, portanto, como a expressão que sintetiza um vasto conjunto de atividades projetuais que tendem a enfrentar os temas postos pela questão ambiental partindo do ponto inicial, isto é, do redesenho dos próprios produtos.

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Além de definir o conceito de ecodesign Manzini e Vezzoli (2002) também sugerem, algumas etapas de interferência do ecodesign que julgam necessárias como: o redesign ambiental do existente; o projeto de novos produtos ou serviços que substituam os atuais; o projeto de novos produtos-serviços intrinsecamente sustentáveis; a proposta de novos cenários que correspondam ao estilo de vida sustentável.

Portando, pode-se dizer que o ecodesign não refere-se somente a produtos novos, que serão projetados e desenvolvidos, mas também ao redesign de produtos já existentes e que são importantes para as pessoas, buscando a melhoria de algo presente que de alguma maneira, cause um impacto menor.

Sabe-se que atualmente a moda é uma das indústrias que mais cresce e que mais atinge a população em massa em termos de consumo, o que automaticamente, provoca altos índices de poluição em toda sua cadeia produtiva. É por estas e outras questões que os designers precisam projetar produtos da moda considerando os impactos ambientais em todo o processo produtivo. Barbero e Cozzo (2009, p. 222) complementam que:

Os setores mais sujeitos a mudanças rápidas e continuas são o do vestuário e dos acessórios. Para estar sempre na moda e mostrar que se acompanha os tempos, muitas vezes tende-se a deixar no armário roupas ainda em bom estado e funcionais, pelo simples fato de os gostos e tendências terem mudado. No entanto, o consumidor pode fazer uma escolha sustentável sem que por isso se sinta fora de moda.

Naime et al. (2012) acreditam que o designer é responsável por determinada atividade que envolve o projeto do produto, entretanto, o mesmo não é responsável apenas pela concepção do produto em si, mas sim, por todas as etapas necessárias, desde sua produção, até o descarte. Desse modo, Papanek (1995) divide o processo de desenvolvimento de produto em 6 etapas, das quais todas são potencialmente causadoras de impactos ambientais e merecem uma atenção especial no caso de um projeto de ecodesign. Segue abaixo as etapas conforme o quadro 2:

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Quadro 2: Etapas de desenvolvimento de produto 1 Escolha de Materiais; 2 Processos de fabricação; 3 Embalar o produto; 4 O produto acabado; 5 Transportar o produto;

6 Geração de resíduos sólidos.

Fonte: Adaptado de: Papanek (1995)

“É papel do designer estipular todos os detalhes pertinentes a cada uma dessas etapas, de maneira que, soluções ecologicamente corretas possam ser adotadas permitindo uma maior eficácia no resultado final” (NAIME et al., 2012, p. 7).

Esse método desenvolvido por Papanek (1995) ainda é utilizado hoje como a base de qualquer produto eco, nem sempre é possível contemplar todas as etapas com medidas sustentáveis, no entanto, ao implementar uma ação apenas, em uma das etapas do projeto (aquela que seja mais viável) já se pode falar na adoção de uma medida preventiva ou corretiva em relação aos impactos ambientais negativos (NAIME et al., 2012, p. 7).

O ecodesign portanto, é um fator fundamental no desenvolvimento de produtos sustentáveis e é a partir dele que as empresas e consumidores passarão a contribuir para um papel socialmente mais responsável e para o cuidado com o meio ambiente.

2.5.1 Ecofashion

Ecofashion traduzido para o português significa eco moda, além dos termos moda ecológica, moda verde e moda do futuro (SEBRAE, 2017). Parte do mesmo conceito do eco design e prega o “slow design”, já explicado anteriormente.

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O ecofashion refere-se a uma proposta que considera as consequências ambientais em todos os estágios de desenvolvimento de um produto, seria a mesma definição que desenvolvimento sustentável, porém o ecofashion é voltado exclusivamente a produtos ligados a moda – vestuário, acessórios, calçados e semelhantes. É baseado na redução de consumo de recursos e os materiais e processos são pensados para colaborarem para diminuir o impacto ambiental durante todo o ciclo de vida (SCHULTE e LOPES, 2008).

Uma das premissas básicas do ecofashion seria a utilização de fibras orgânicas e métodos de produção que minimizem a contaminação de rios e mares de modo que evite ao máximo produtos químicos poluentes como corantes sintéticos. Além disso, há outros fatores inseridos no ecofashion que também seguem essa mesma linha de “reduzir impacto ambiental” como, por exemplo, colaborar com a redução do lixo transformando objetos no fim de sua vida útil que seriam descartados em novos produtos (SCHULTE e LOPES, 2008).

Em Milão, o IED (Instituto Europeu de Desenho) reutiliza materiais e consegue criar saias de peças de aço, vestidos de fio elétrico ou de papel de embalagem, e calças de metal de bicicleta, por exemplo. Apenas experimentam e dão alternativas a materiais que, de outro modo, iriam para o lixo. Algumas marcas famosas internacionais vendidas na Itália, com Levi Strauss, Gap, Nike ou Marks & Spencer, também uniram-se ao ecofashion e passaram a desenvolver produtos de caráter ecológico, (SCHULTE e LOPES 2008, p. 36).

Um dos maiores eventos de passarela e moda do Brasil SPWF (São Paulo Fashion Week) em uma de suas edições, elegeu o tema “sustentabilidade ambiental” contribuindo para a sensibilização da indústria da moda, bem como o consumidor, com o intuito de que ambos se conscientizem em relação ao tema. A proposta do SPFW é criar mais com menos fazendo um evento e uma moda economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente corretos (SCHULTE e LOPES, 2008).

As iniciativas apresentadas anteriormente precisam ser aceitas e praticadas tanto pelas empresas como também pelos consumidores, passando a considerar o impacto ambiental dos produtos. É uma tentativa de diminuir o prejuízo que causam à natureza, a realidade é que os lucros vêm em primeiro lugar, sem considerar o que está em risco e isso é o que está causando muitos problemas ambientais.

Segundo Audaces (2013) o termo ecofashion vem do ato de projetar peças podendo ser acessórios e/ou vestuários, que objetivem a diminuição dos impactos

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ambientais. Para alcançar este propósito é imprescindível que três elementos fundamentais caminhem juntos, sendo eles: moda, tecnologia e sustentabilidade, de modo que a produção das peças tenham o auxílio fundamental para a confecção com a menor agressão possível ao meio ambiente.

Uma maneira de alcançar essa produção, que por sua vez, possa atingir a natureza de forma quase que insignificante, seria por meio do uso de tingimento natural, algodão orgânico, couro ecológico, plástico biodegradável e outros materiais naturais e reciclados. Esses tipos de materiais podem ser transformados em roupas, sapatos e acessórios, e tocar os consumidores que buscam produtos mais ecológicos (AUDACES, 2013).

Os fatores que contribuem para a concepção de produtos mais sustentáveis, além da substituição de matérias-primas, são as modificações no processo produtivo que buscam um melhor rendimento e economia dos materiais, da mesma maneira que as mudanças possam gerar menos resíduos no processo de fabricação. A implantação deste método de processo evita tanto impacto ambiental e ao mesmo tempo agrega valor à marca fazendo com que a mesma se posicione no mercado de uma maneira mais positiva (AUDACES, 2013).

O ecofashion é considerado como a moda do futuro, em razão de que, cada vez mais os designers têm ousado na utilização e reutilização de materiais que não agridem tanto o meio ambiente, além disso, inovam utilizando materiais que iriam para o lixo transformando-os em novas peças, o nome disso é redesign (SEBRAE, 2017). O conceito de ecofashion surge a partir do redesign, pois permite que algo velho e sem utilidade possa vir a ser “redesenhado” e transformado em algo novo, o que o torna totalmente único. O propósito do redesign é produzir moda de maneira consciente, desse modo, pode-se dizer que ecofashion e redesign caminham juntos (SEBRAE, 2017).

As ações a seguir representadas no quadro 03 definem-se como exemplos de redesign de moda:

Quadro 3: Exemplos de redesign na moda

Aperfeiçoamento de uma peça

ajustes, retirada ou acréscimo de detalhes.

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Criação de um novo modelo com base em peça já existente.

Atualização da peça para as novas tendências, incluindo a readequação da modelagem.

Reutilização da matéria-prima

para aproveitamento em outras peças.

Fonte: Adaptado de Sebrae (2017)

Segundo o Sebrae (2017), a moda sustentável é dividida em nichos, nos quais, são segmentados através dos tipos de clientes, produtos, serviços e conteúdo. Sendo assim, é possível conquistar uma atenção maior em cada ação. Segue abaixo os principais nichos do mercado da moda sustentável, representados no quadro 04.

Quadro 4: Nichos do mercado da moda sustentável

Produção com fibras naturais ou

recicladas:

Fazem a utilização de materiais orgânicos na fabricação de peças.

Bambu, algodão orgânico, lã e cânhamo são exemplos de peças que

fazem a reutilização da água e não utilizam inseticidas.

Produção com materiais descartados:

Materiais como garrafas PET recicladas e retalhos, podem ser utilizados na fabricação de tecidos,

quando normalmente seriam descartados.

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Produção de Ecojoias ou biojóias

Acessórios produzidos a partir de elementos naturais, como sementes,

conchas, ossos, fibras etc. É importante atentar-se se todos os

processos garantem práticas sustentáveis.

Produção de ecobags:

São bolsas ou sacolas produzidas com materiais biodegradáveis, sem adição

de produtos químico ou nocivos. Fazem a utilização de tingimento natural e possuem grande vida útil

devido à resistência.

Fonte: Adaptado de Sebrae (2017)

Barbero e Cozzo (2009), citam em seu livro Ecodesign, uma coleção de roupas totalmente sustentável:

A naturevsfuture é uma coleção que utiliza apenas materiais naturais ou materiais secundários, provenientes de lixos urbanos ou de refugos de fábricas; para além da lã e do algodão clássicos, contam-se ainda o cânhamo, a soja, o bambu, o seacell e o lyocell, obtidos, respectivamente, das algas e da celulose, e o ingeo, derivado do milho. A escolha dos materiais depende exclusivamente das características sensoriais e funcionais que a peça de roupa deverá ter (BARBERO e COZZO, 2009, p. 254).

Portanto a proposta do eco fashion é proporcionar produtos de cunho estiloso, elegante e antenado, ao mesmo tempo que tenha uma responsabilidade com aspectos ambientais. Ser eco fashion é estar bem vestido, se valendo de cor, textura e caimento de forma ética e sustentável.

2.6 Ciclo de vida dos produtos

Manzini e Vezzoli (2002) definem o conceito do ciclo de vida como sendo o acompanhamento do sistema-produto desde o “nascimento” até a sua “morte” (do berço ao túmulo), ou seja, da pré-produção até o descarte do mesmo.

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Segundo Kotler (2006), um produto é considerado qualquer artigo que tenha como objetivo satisfazer uma necessidade específica de um consumidor, complementando a ideia de Kotler, Manzini e Vezzoli (2002) ainda afirmam que esse produto deve ser projetado considerando todas as suas fases do ciclo de vida.

Podemos, portanto, contar toda a vida de um produto como um conjunto de atividades e processos, cada um deles absorvendo uma certa quantidade de matéria e energia, operando uma série de transformações e liberando emissões de natureza diversa (MANZINI & VEZZOLI, 2002, p.91).

Abaixo seguem as cinco fases que compõe o ciclo de vida de um produto, conforme o quadro 05 por Manzini e Vezzoli (2002, p. 91-98):

Quadro 5: Fases do ciclo de vida de um produto

Fase 1 Pré-produção

Corresponde à aquisição dos recursos (matéria-prima), ao transporte dos recursos do local da aquisição ao local da produção, e à transformação dos recursos em materiais e em energia.

Fase 2 Produção

Corresponde à transformação dos materiais, à montagem e ao acabamento. Outras atividades atribuíveis a essa fase são a pesquisa, o desenvolvimento, o projeto e os controles produtivos.

Fase 3 Distribuição

Corresponde à embalagem, ao transporte e à armazenagem;

Fase 4 Uso

Corresponde ao uso ou consumo, e ao serviço. Outra atividade atribuível a essa fase é a manutenção.

Fase 5 Descarte

Corresponde ao percurso do produto após seu descarte (incineração, compostagem, reciclagem, refabricação ou reutilização.

Fonte: Adaptado de: Manzini e Vezzoli(2002)

Considerar todo o ciclo de vida de um produto necessita abordar uma visão sistêmica do produto, explorando o conjunto de inputs (entradas) e outputs (saídas) em todas as fases, com o propósito de serem avaliadas suas consequências ambientais, sociais e econômicas.

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Abaixo segue mais um esquema de acordo com Manzini e Vezzoli (2002) com a relação das fases do ciclo de vida de um produto com a biosfera (conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir vida) e a geosfera (conjunto das terras e das águas) resumidas de acordo com os processos que as caracterizam:

Figura 1: O ciclo de vida do sistema-produto

Fonte: Manzini e Vezzoli, (2002, p.92).

De acordo com o pensamento de Platcheck (2012, p. 104) “A análise do ciclo de vida é um processo conduzido para identificar e quantificar o consumo de energia e materiais, bem como os impactos ambientais durante todos os estágios do ciclo de vida do produto”.

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No ponto de vista de Salcedo (2014) o desenvolvimento de produtos na área da moda devem ser focados nas questões ambientais e sociais, sendo responsabilidade dos designers considerarem o ciclo de vida dos processos, até o descarte ou reuso dos produtos. Desse modo, é importante considerar o uso de materiais que não agridam tanto o meio ambiente, a reutilização de materiais para a criação de novas peças, maneiras de tornar o processo da moda menos acelerado, redução das agressões geradas pelos ciclos de vida de produção têxtil, e atenção aos impactos sobre a água e solo.

Nessas circunstâncias, o designer possui o desafio de repensar a maneira de projetar e produzir produtos da moda, mais precisamente o setor de vestuário. Assim, a inovação desses produtos, bem como o desenvolvimento desse setor deverá partir do incentivo à utilização de processos de produção mais sustentáveis e do incentivo à mudança de comportamento relacionada ao uso e consumo por parte do consumidor (SALCEDO, 2014).

2.7 Princípio dos 5 R’s

Devido ao consumo desenfreado que ocasiona a produção de resíduos constantemente surge a necessidade de alterar a forma como esses resíduos são ocasionados, começando pela necessidade de reduzir a sua produção. Desse modo, surge um novo conceito, a política dos 5 R’s: Repensar, Reduzir, Recusar, Reutilizar e Reciclar.

A política dos 5 R’s refere-se a cinco princípios voltados à educação ambiental que auxiliam na transformação de hábitos do cotidiano e incentiva as pessoas a terem mais responsabilidade ambiental, fazendo com que as mesmas repensem os seus valores e o que estão praticando para que seja reduzido o consumo exagerado e o desperdício (CARBONE et al., 2017).

Essa política consiste num conjunto de medidas adotadas na Conferência da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992, através da Agenda 21 que segundo o site do Ministério do Meio Ambiente é um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”.

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Carbone et al. (2017) acredita que todos os resíduos que existem, um dia já foram matéria-prima e por isso o gerenciamento de resíduos é uma questão importante a ser debatida e um desafio para a sociedade. “A produção do que consumimos todos os dias obedece a um modelo que envolve a extração dos recursos naturais, seu processamento, a transformação em produtos, a venda, o uso e o descarte” (CARBONE et al., 2017).

“Cada indivíduo, decidindo como e o que adquirir e utilizar, legitima a existência daquele produto (ou daquele serviço) e está na origem dos efeitos ambientais ligados à sua produção, ao seu emprego e ao seu escoamento final” (MANZINI e VEZZOLI 2002, p. 64).

Para um adequado gerenciamento dos resíduos, além de nos inspirarmos no modelo cíclico da natureza, precisamos refletir sobre nosso consumo e geração de resíduos. A quantidade gerada de resíduos tem relação com o aumento da população e seu poder de consumo – quanto maior o número de habitantes e a capacidade de compra, maior será a geração de resíduos. Quanto mais compramos, mais recursos naturais consumimos e mais resíduos geramos (CARBONE et al., 2017, p. 5).

Segundo a Agenda 21 (1997), o princípio de Reduzir refere-se a ocasionar padrões de consumo que não findem recursos naturais e reservas e que possam atender às necessidades básicas da população, ao mesmo tempo incentivando o consumo sustentável para a sociedade. Servindo de suporte para essas ações, cita-se também, prioridades em reduzir desperdícios de embalagens, incentivo à reciclagem e fazer com que os consumidores possam enxergar a gravidade dos impactos causados pelos resíduos, etc.

A prática de reduzir refere-se a diminuição do índice de consumismo, de maneira que, na hora da compra, os consumidores possam optar por produtos que tenham maior durabilidade, sendo assim, não irão causar tanta geração de resíduos, desperdício de água, energia e recursos naturais (AGENDA 21, 1997).

Na área da moda, reduzir significa produzir coleções mais adequadas ao perfil do consumidor, sendo duráveis e de qualidade, ao mesmo tempo que otimize os processos. Um exemplo de gestão de resíduos na indústria da moda é a redução de retalhos de tecidos através de softwares como por exemplo o Audaces, que possibilita o encaixe na hora do corte do tecido fazendo com que as perdas sejam reduzidas (AUDACES, 2014).

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De acordo com a Agenda 21 (1997) Reutilizar significa utilizar algo da forma mais eficiente e duradoura possível, com o intuito de reduzir ao mínimo seu esgotamento, como por exemplo, reutilizar ao máximo determinado produto antes de jogá-lo no lixo procurando novas alternativas para novos usos dando uma nova função para tal produto.

Os futuros programas de manejo de resíduos devem aproveitar ao máximo as abordagens do controle, baseadas no rendimento dos recursos. Essas atividades devem realizar-se em conjunto com programas de educação do público. É importante que se identifiquem os mercados 3 para os produtos procedentes de materiais reaproveitados, ao elaborar os programas de reutilização e reciclagem (AGENDA 21, 1997, cap. 21).

Dentro da moda o termo reutilizar, também conhecido como Upcycling, pode-se referir a várias coisas visando a diminuição do consumo e contribuindo para a reutilização das roupas. Uma alternativa seria comprar em bazares e brechós, e restaurar roupas que não são mais usadas utilizando técnicas em peças inteiras ou pedaços de roupas. Sendo assim, surgirão muitos pontos positivos em relação ao prolongamento da vida útil de uma peça de roupa, da mesma maneira que possibilita a criação de novas peças a partir das usadas, sendo elas exclusivas e com valor agregado por meio da restauração criteriosa (UNIETHOS, 2013).

Reutilizar contribui para o consumo sustentável, assim como diminui os desperdícios da indústria da moda uma vez que um produto ao invés de ser descartado é reutilizado através da criatividade, gerando novos produtos totalmente novos, diferentes e com valor simbólico, prolongando o seu ciclo de vida (UNIETHOS, 2013).

Reciclar é transformar um resíduo em matéria-prima para outros produtos e é definido como materiais que não possuem mais qualidade e que não têm mais a possibilidade de serem utilizados. Consiste no processo em que materiais que certamente seriam descartados e iriam para o lixo tomam outro rumo e são levados para servir de matéria-prima para a fabricação de produtos feitos anteriormente com matéria-prima virgem. Segundo Audaces (2014) hoje já existem processos de reciclagem em larga escala para tecidos sintéticos e naturais. O processo de reciclagem necessita de custos de coleta, tecnologias apropriadas para haver um bom retorno do material ao sistema (RUFFINO, 2001).

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O princípio denominado Repensar aponta que é de suma importância que consiga-se refletir sobre como e quanto pratica-se o consumismo, e quais as consequências que todo esse consumo trás para a sociedade e principalmente para o meio ambiente. Com isso, surgem vários movimentos sociais e ambientais com o intuito de desencadear valores éticos e culturais fazendo com que as pessoas reflitam sobre as formas de produção que existem, além do próprio impacto que o consumo através do homem, causa no planeta (CARBONE et al., 2017).

Recusar é dizer não para a compra de um produto quando não concorda-se com suas características e procedência. Há algum tempo os produtos já não são mais feitos para durarem como antigamente, hoje os produtos são fabricados propositalmente para não durarem muito tempo, isso se chama obsolescência programada. Na moda, por exemplo, a todo momento é lançado novos produtos devido às tendências que surgem frequentemente, fazendo com que as pessoas se sintam na obrigação de adquirir novos modelos para “estarem na moda” levando o descarte das roupas antigas (CARBONE et al., 2017).

Portanto, acredita-se que todos devem iniciar um processo de reflexão para que tenham em vista se realmente necessitam de determinado produto e qual o impacto que o mesmo irá causar ao ambiente, “os que consomem menor quantidade de matéria-prima e energia e os que poderão ser reutilizados ou reciclados após o descarte, além de quais foram produzidos por meio de condições de trabalho dignas” (CARBONE et al., 2017, p. 25).

2.8 A moda dos festivais

Fléchet (2011) aponta que os festivais podem ser considerados como festas, ou seja, momentos coletivos que combinam arte, lazer e confraternização entre os indivíduos presentes, envolvendo um grande número de atores sociais.

Segundo Ruas (2013) é através da música que é possível que as pessoas se unam, de modo que, barreiras sejam rompidas, proporcionado uma vivência diferenciada para todos, gerando momentos de encontros e celebração. Em vista disso, “os festivais de músicas são uma forma de utilização da música como “ferramenta” para a mobilização dos seus participantes, para a ruptura do cotidiano e a vivência de uma experiência” (RUAS, 2013, p. 24).

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Segundo a revista Woomagazine (2017) os festivais de música são manifestados pelos mais variados estilos e a importância dada ao visual nesses eventos é uma tendência que voltou com tudo no Brasil nos últimos anos, junto com os grandes festivais como o Lollapalooza e o Rock in Rio.

Contudo, a relevância da moda nesses eventos apenas teve início em 1969, com o Festival de Woodstock, que possui uma grande participação no contexto sócio-cultural e para a música do século XX. De acordo com Ruas (2013, p. 57): “Este festival é visto como um marco, não só pelos fãs que estiveram presentes, mas também pela sociedade como uma manifestação pela paz e pela liberdade”.

Figura 2: Festival de Woodstock, 1969ª

Fonte: Revista Woomagazine (2017)

O Woosdtock além de ser um festival de música, foi também um movimento social e cultural onde houve o encontro de várias tribos, onde as pessoas ganhavam espaço para expressar seu estilo de vida por meio do modo como se vestiam e através do comportamento, foi um movimento de liberdade (RUAS, 2013). A partir deste festival, começou a surgir outros festivais de música ao redor do mundo, muitos desses influenciados por ele.

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Um desses festivais foi o Lollapalooza que, de acordo com Ruas (2013), teve sua primeira edição em 1991 e foi inspirado pelas experiências do festival de Woodstock. A revista Woomagazine (2017) ainda consta que o festival tornou-se uma vitrine de moda, tanto para o público, quanto para os designers que buscam constantemente por inspirações para compor suas criações e também para estudar o que é popular e tendência entre os jovens. Para os que gostam de usar franjas exageradas, muito brilho, croppeds com barriga de fora, headbands, kimonos, coroas de flores e chapéus dos mais variados formatos, esse é um ambiente onde todos podem ousar e ao mesmo tempo e se sentir bem.

Figura 3: Looks Lollapalooza

Fonte: Pinterest

Foi dessa mesma forma que o Festival Coachella que acontece no deserto da Califórnia teve seu público se vestindo com influências das décadas de 60 e 70, evidenciando que a moda é atemporal e que a melhor tendência é aquela que representa o “verdadeiro eu” para o mundo (WOOMAGAZINE, 2017).

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Figura 4: Looks Coachella

Fonte: Pinterest

Portanto, atualmente os estilos do meio da moda influenciados por festivais de música ao redor do mundo se misturam e transmitem atitude por meio de como as pessoas querem ser percebidas através do comportamento, gostos musicais e estilo de vida. O único objetivo é buscar elementos que combinam com a personalidade de cada indivíduo.

Nestes festivais encontram-se estilos musicais do cenário pop, alternativo, rock, hip hop e da música eletrônica, e desse modo, a moda não passa despercebida nesses eventos devido à grande influência que a música têm no estilo de se vestir das pessoas.

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O hip-hop é um estilo musical que de acordo com Souza (2004, p. 69, apud FOCHI 2013):

Está diretamente vinculado à história da música negra norte-americana e a luta por espaço e visibilidade por parte desse segmento. Os guetos de Nova York - habitados majoritariamente por uma população negra e pobre - foram o local onde surgiram as primeiras experiências da cultura. De lá, o hip hop se disseminou para outras áreas, obtendo força principalmente nos centros urbanos que apresentam uma deficiente infra estrutura sócio urbana.

A moda e o hip-hop se misturam desde os anos de 1980. Este estilo musical que surgiu em Nova York nos anos 70 sempre foi bastante visual, o vestuário é marcado por calças largas e baixas, camisetas ou moletons oversized e tênis (WOOMAGAZINE, 2017).

A partir do hip-hop surge a moda streetwear que está associada ao estilo do jovem urbano, como sinônimo de frescor e juventude. O streetwear vai na direção contrária do visual arrumadinho, certinho. As roupas são largas, descombinadas e descomplicadas (SEBRAE, 2015).

Portanto a moda influenciada pelo estilo musical hip-hop não é passageira e chegou para ficar pelas próximas décadas, trazendo o streetwear, o empoderamento e o seu estilo único (WOOMAGAZINE, 2017).

O rock é um estilo musical que ganhou forte visibilidade a partir de 1950, onde vários artistas marcaram a época com seus trajes ousados e inovadores que até hoje são famosos pelo mundo. Nesta época Elvis Presley popularizou o jeans curto com barras dobradas e jaqueta de couro (TERRA TÊXTIL, 2016).

Na década seguinte surgem os Beatles com seus ternos e cabelos arrumados e ao mesmo tempo Bob Dylan com suas famosas jaquetas de camurça, além disso, surge também o rock glam que se caracteriza pelo uso do couro, muito brilho, caras pintadas e acessórios (TERRA TÊXTIL, 2016).

A década de 1990 foi marcada por jeans rasgados, camisas xadrezes e listras. Outras peças que foram popularizadas pela cultura do rock e dominam as ruas e passarelas até hoje são as jaquetas de couro, tachas, coturnos e calças rasgadas (TERRA TÊXTIL, 2016).

O pop é um estilo musical precedente do rock e é um gênero que mistura diversos estilos, não tendo uma característica que o define por si próprio. O pop teve início na década de 1930 mas só alcançou a indústria musical a partir de 1950 e se

Referências

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