• Nenhum resultado encontrado

Memória sobre a escravatura e projeto de colonização de europeus e de pretos da África no Império do Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Memória sobre a escravatura e projeto de colonização de europeus e de pretos da África no Império do Brasil"

Copied!
31
0
0

Texto

(1)

Í/&** P?

f%

21

*

z^

^

v ^ . A

> * * » .

' ri? (£/<" •

-t

S/ ' *

••--

^

n ^

Í.

t f ( C . * S~ H^í ^ • * « » . < . •> <* /

(2)
(3)

Ie ne fay rien

sans

Gayeté

(Montaigne, Des livres)

Ex Libris

José M i n d l i n

(4)

y C^H f^^ &&* -'Mi* 3/* *****'ÍVÚ

(5)
(6)
(7)

MEMÓRIA »•

SOBRE A ESCRAVATURA

* E

I R O J E C T O DE COLON1SAÇAO *'

DOS EUROPEOS ,

* PRETOS DA ÁFRICA

NO

IMEEMQDO:

TOR

7. £. P.

da

BRA5

5.

UIO DE JANEIRO,

"JÍA .IMPERIAL TYFOGB.APHIA D E PLANCHER , ÍMPB.ESSOR.-T.Í-•VREIE.O D E SUA MAGESTADE IMPERIAL',

( V M •> Í * < V - V * / » ' * ^ Í

(8)

1826-O bem geral da vasta imbélle prole He nossa ley primeira.

(9)

DEDICATOfUA.

S E N H O R !

Dous fortes motivos m e determinarão^

á offerecer a YOSSA M A G E S T A D E I M

-P E R I A L este meu pequeno trabalbo

so-bre a escravatura no Brazil

r

posto que

certo de sua insufílcieneia. P r i m e i r a m e n

-te a grandeza do assumpto , . actualmen-te-

actualmente-<ÍQ<

maior interesse para o Brazilj e

em-segundo lugar o nexo que elle tem com

as Preciosas e Immortaes Qualidades que

adornão a Augusta Pessoa de

YOSSA M A G E S T A D E I M P E R I A L : Como J o YOSSA

-ven Heioe E u n d a d o r de hum Império que

assimilou d e massas beterògeneas

1

cujos

elementos como que sujeitos á variada

for-ça da electricidade tendião á pólos

oppos-tosj de b u m Império livre em b u m paiz

de escravos ! Como Legislador sem par

n a historia moderna Doando b u m a

Gons-tituição 'Liberal e S u a , fazendo-a observar

nas trevas mesmo do despotismo e da

anarcbia ! Como Segurando e E i r m a n d o

a Independência^ Brazileira com o c u s

-toso saciiíieio da Abdicação do Tlirono

(10)

JPay ~àç seus sn^djíP^^ ,d'£q;ue]Ies m e s m a s

que O desconhecerão ! Como Heroe que

verifica a exjpeciação -dos grandes politicos,

e amigos da h u m a n i d a d e , que attentárão

para o ííovo M u n d o como o regenei-ador

do Yelho.

T â o b e m me move a t a m a n h o

atrevi-mento o (*) amor que cordeal e

respei-tosamente consagro á Y O S S A

jMAGEST A . D E I M P E R I A L , que Se Dignará P e r

-doar m i n h a confiança e erros.

D E

Y M . I .

Humilissimo e obedientíssimo

subdito e fiel creado.

José Eloy Pessoa da Silva.

(*) Que o nome illustre á luim certo amor obriga

É faz a quem o tem amado e raro. *

Lus. Cajit. 2. JEst. 68;f

Que a fama d'altos feitas traz comsigo -AfíeigãOj que se n'alaia oçculta. imprime.

(11)

(MA * * * * * * * * * "KWW» W * » / V * M / \ W \ * V * W » % M < i W M A V V W W W \ » M V H U A W M « M « t « V »

P R E F A C I O .

Vou apresentar resumidamente as idéas de

vá-rios escriptores sobre a escravidão em geral, sua

historia , e da escravatura com as leys , tratados e

argumentos a este respeito : mostrar o bem e o

mal produzidos pela introducção de escravos no

Brazil ; que he do maior interesse d'e«te

Impé-rio findar o trafico, mas gradualmente, e jamais

repentina e imprudentemente : apresentar

fi-nalmente alguns artigos como formando hum

Projecto para a abolição de tão criminoso

com-mercio, e para a colonização dos Europeos , e

dos Africanos , que até hoje nos tem fornecido

escravos. Esta he a ordem da matéria que trato,

e achei desnecessário dividi-la em capítulos. Só

tenho em vista ser útil ao meu payz : desprezo

toda ostentação literária, devida tão somente á

bons escriptores , e não á débeis pennas, que

ainda mal comecão seus ensaios.

(12)
(13)

MEMÓRIA

SOBRE A ESCRAVATURA.

» O beai geral da vasta imbélie prole' H e nossa ley primeira, -o

Hilinto Elisio.

JLJ Efinindo geralmente : escravo he o h o m e m ,

que perdeo o direito de propriedade de sua pessoa j vindo este direito a pertencer á b u m outro h o m e m , ou sociedade; que por isso se diaem S e n h o r , e podem dispor d'aquelle como d e - q u a l q u e r outro b e m , ou cousa sua.

Este odioso estado foi certamente desconhe-* cido nos primeiros t e m p o s ; todos os homens erão igüaes: mas essa precária igualdade natural devia ser de m u i curta d u r a ç ã o . O direito do mais forte escravisava o mais fraco antes de formadas as so-. ciedades políticas, e , ainda depois de seu

es-tabelecimento, leys imperfeitas e ferozes sujei-' tavão o offensor á particular justiça e vingança do offendido. Melhores vistas de direito consi-derando o crime como h u m attentado contra

a sociedade tornarão o criminoso escravo do

Go-verno , que dispunha delle por a maneira mais útil ao bem publico.

(14)

sem-( 8 >

pre escravos do vencedor : primeiramente d e seu aprizionador , em quanto o guerreiro se apre-^ sentava em campo á sua custa, e depois que os exércitos se tornarão mercenários, os Governos,

por isso que fazião toda a1 despeza dá

campa-n h a se apropriarão os despojos do icampa-nimigo , e sendo os prisioneiros parte do despojo forão pu-blicamente vendidos, c o m a escravos do Estado. T a l foi sempre a pratica constante entre os G r e -gos , e o» Romanos.

A invasão da Europa pelos povos do Norte p r o duzio o feudalismo. As sociedades politicas c o n

-sistirão então em Senhores-, villões, e

escra-vos. As aristocracias , a grande extensão de ter-renos em propriedade de h u m só s e n h o r , os m u n i c í p i o s , contractos entre os senhores e vil*lõesí,.e principalmente a'natural'tendência do h o

-m e -m para a-liberdade fizérão a Europa o payz1,

o clima favorito da liberdade civih Assim» fin-d o u a escravifin-dão, que fin-durara séculos ; e què' teve lugar até entre esses povos, cujo governo' se nos propõe hoje em dia como o modelo dós' bons governos; e cuja democracia tanto esean-desse o espirito dá geração presente;

E m Athenas a proporção era de h u m cida--dão para vinte s e r v o s ; e em Roma ( a

Senhora-do universo! ) era enorme a disproporção sendOT

extraordinário o n u m e r o de escravos, q u e ja--zião n o mayor excesso de fadiga , miséria , e oprobrio. A escravidão estava em ra são extraordinariamente g r a n d e , inversa das luzes , r i q u e -zas, e poder das Nações. E m maneira q u e se pode dizer: que nos actuaes Governos despotieos o povo he cem vezes mais feliz , que nas antigas democracias as mais bem governadas.

(15)

;l $ s , o augroento da cultura n e s t e Novo M u n d o , ,

a falta de braços para tamanhas emprezas co-mo as que suscitava a c o b i ç a , avareza, e tgois-m o d ó s aventureiros, tgois-mais que afelicidade dasNar. ções a que pertenciâo; originarão a escravidão i|os indígenas Americanos: que forão inteirai mente livres gozando da liberdade civil e política por ley de 1^55, t e n d o ^ á antes sido p r o -mulgadas em seu favor as leys de 1 6 8 0 , 1 7 1 3 , e

1741-A barbaridade e carnagem dos Europeos nó continente e nas Ilhas da A m e r i c a , não só des-truio a maior parte de seus oriundos habitan-tes , como que interpoz h u m a barreira de ferro toara a -reconciliação d'estes com os seus tyran-S o s . Os b o s q u e , ; as espessas matas Americanas

servirão de ultimo azilo aos mizeros Í n d i o s , e

â sua ameaçada liberdade; desprezarão as

ven-tageus de h u m melhor estado social; despreza-rão huma melhor liberdade civil para gozar de h u m a quasi inteira liberdade natural. Os p o u -cos que jazião na escravidão, já não bastavão para o augmento das grandes plantações de c a n a , asssucar , algodão etc. : esses mesmos erão inha-beis por a natural inércia e fraqueza de seu .temperamento; ou mais naturalmente por a falta de habito de trabalho em que forão creados.

T a m b é m os Europeos transportados á zonp. Corrida não erão mais aptos para o roleamento

das novas terras: doenças e u d e m i c a s , ou p r e -j u i z o s , ou talvez a facilidade de se substituir „por escravos ; fizerão, que ou tivessem de a b a n -d o n a r os paizes u z u r p a -d o s , ou se aproveitas-s e m doaproveitas-s braçoaproveitas-s, que lheaproveitas-s offerecia a coaproveitas-sta oc,-*cideuial da Á f r i c a , onde desde tempo

(16)

vassallos, os maridos as m u l b é r e s , os visinhos aos visinhos, sendo por sua vez os vendedo-res vendidos por novos vendedovendedo-res mais fortes ou mais sagazes. 0 que Tito , Trajano , e Marco Aurélio praticarão , crerão os Portuguezes e Hespanhoes poderem faze-lo, sem que offen-dessem os direitos da h u m a n i d a d e . Forão estes os dons primeirot povos , que iutroduzirão ó producto~d'esse horrível trafico n o Novo M u n d o .

Este bárbaro trafico da espécie h u m a n a ; e em geral t u d o quanto tende a destruir no h o -m e -m os seus direitos naturaes , he n ã o só hor-rorosso por contrariar os sagrados principies gra-vados n elle pela M ã o do E t e r n o , como que ante-social e ante-politico , por isso que cedo o u tarde todos os diques oppostos á sua liber-dade serão destruídos por a força irrezistiveí d'esses direitos postergados. H e inegável, e está na natureza do h o m e m , que devemos a prati-ca da benifieència á todo individuo que a re-clama , qualquer que seja seu costume , p á i z , l e y s , e religião. Certamente são estes principio» geraes , mais que interesses i n d i ú d u a e s os que t e m dirigido sabias pennas em favor da h u m a n i -dade o p p r i m i d a ; os que tem condusido nobres vi-climas ao cadafalso, victinias lauto mais dignas de" nossas lamentações por que illudidas, e fasciuadas p o r esse fogacho eiecirico da l i b e r d a d e , desatina-damente quizerão realizar em pratica theorias, quê só amadurecem com os séculos, em longos p e -ríodos ; e cujo fruetos só nos podem ser outor-gados pelo poder de h u m Governo bem cons-" tituido: certamente movidos por t ão luminosos princípios temos visto qüasi todas as Nações , « M o n a r c h a s , á quem até parecia do maior inte-resse conservar o Trafico, accordarena e m aca-.

(17)

t I I )

har com essa horrível pratica de escravisar òs^ •negros d'África: lendo já antes sido

promulga-das leys em favor d'essa misera porção de nossa espécie , protegendo-a contra o capricho de intui-}

manos senhores r que deslruião no h o m e m por

s.er escravo toda a moralidade de suas acções , seus s e n t i m e n t o s , e pensar : esta parte da D i -vindade que a Omnipotencia lhe soprou na al-ma !

A iniciativa contra o trafico devese ao A b -bade R a y n a l , escríptor da h u m a n i d a d e . Elle foi o primeiro, qne fez ehegar ao Palácio dos M o -nerchas os gemidos do infortúnio, e as maldições-da África. » Reis maldições-da Terra ( diz este Philosopho ) só vós podeis fazer esta r e v o l u ç ã o . . . pensai em vossos deveres; recuzai o sello da vossa a u -thoridade á esse infame e criminoso Trafico d e homens transvertidos assim em vil rebanho. » Com effeito h e aos Monarchas que i n c u m b e m . tamanhas emprezas; e tanto mais por que lodo o' labéo de taes barbaridades recahe sobre elles.

í Quem será o b á r b a r o , o Governo ou o povo

que lhe está sujeito ? Por o menos diremos que tão i n h u m a n o he o Poder que o p p r i m e , como o Poder indolenle que deixa opprimir

Parece em fim que se vão sacrificando i n t e -resses precários e críminosos à inte-resses reaes $i à» verdadeiros sentimentos e principios de e q u i - ' d a d e sobre que repouza a civilização ; à esses-sentimentos de h o m e n s de b e m , que ainda quandocavalharescos, e h u m pouco r o m a n e s c o s , r a s garão as trevas e m que se envolvera a E u r o -£a por sua iuvazão e domínio pelos povos d o

forte.

Q u a n d o todas as Nações t e m actuado poucos maisou menospassivameute para a abolição doTra-^

(18)

• ( « . )

,fico, coarctando eimpedindo a importação de ésr ravos; a Nação lngleza tem obrado activa e direç-tamente procurando sanar o mal em sua origem, introduzindo a civilização nos paizes d'Aíiica» Para este fim se creou a colônia de Serra-Leoa., indicada pelo Doutor S m e a l h m a n ; começada em 1788 por a filantropia de Grau villeSharp, a u -thorizado pelo Governo em 1791 com o previ-legio, e exclusivo por 3 i annos para a Compa-nhia que elle creára; posta cm vigor pela sabe-d o r i a , h u m a n i sabe-d a sabe-d e , e honra sabe-de M . Clarkson , e por a sociedade dos Amigos devida ao zelo de Paulo Cuffèe em 1810. He para notar: que em i 8 o 8 o Governo rcassumio este estabelecimento, que talvez por o privilegio de Companhia ja não existisse.

A Instituição Africana treada cm 1807 , e a Instituição Africana Asiática em 1812 honro-* samente tem trabalhado para o complemento d'esla grande obra. He verdade que nas mesmas co-lônias Inglesas a importação de escravos t e m - s e augmeniado quasi em o d o b r o , por maneira que em 1806 (segundo M . Montveran) sendo de seis-een tos m i l , em 1816 chegava à h u m m i l h ã o ; mas este excesso devido ao contrabando he talvez o primeiro passo depois de qualquer prohibi-: çao prohibi-: o espirito h u m a n o irrita-se pelo facto mesmo

da prohibição , e pelo maior interesse que pro-duz o gênero em c o n t r a b a n d o : as leis coercivas são illudidas no principio, porem o que ellas por si não podem immediatamente obter, he

conseguido por o máo rezultadoNde

especula-ções. Os Capitalistas em cousequeneia de custosa experieecia darão novas direcções á seus capi-t ã e s , e apparecerà o capi-triunfo da h u m a n i d a d e . T a m b é m a oscilação dos Governos pela luta

(19)

soffri-( i 3 )

<h na pressente • epocha tem estorvado medidas

mais acertadas.

Seja devida esta justiça a o s M o n a r c h a s , p r h > cipalmente dos nossos dias: que elles tem sem-pre contribuido mais para a felicidade das Nações, • do que o mesmo povo. Geralmente o povo sem-pre foi, e será ridiculamente tão orgulhoso n* grandeza como vil em sua desgraça. Assim em quanto os Monarchas tem decidido acabar com a escravatura; pugna o povo por a existência d'este flagello. Vejamos as leis e tratados á este res-peito.

O Senhor D . João V I , de gloriosa m e m ó

-ria (e á>O u e m , tanto deve o Brazil!) por seu

tratado com a Inglaterra de 19 de Fevereiro de 1810 n'esta Corte lançou as primeiras bazes da abolição do Trafico coartando-o para que gra-dualmente findasse, reduzindo a negociação aos lugares d'África em domínio Portuguez. Pela acta do Congresso de Vienna de 9 de J u n h o de i 8 i 5 o mesmo Senhor adoptou ( a r t . 118) a abolição <lo Trafico , já declarado em 8 de; Fevereiro d o mesmo a n n o ; e decretou em 6 de Maio de 1818 a confiscaçâo das embarcações destinadas ao Trafi-c o , Trafi-com liberdade dos esTrafi-cravos aTrafi-chados á b o r d o , e multa dos infractores em favor d'aquelles. Pelo segundo tratado de Pariz em 20 de Novembro de i 8 i 5 se estipulou a abolição do Trafico entre a França e Inglaterra, tendo-se ja antes estas duas potências obrigado, por lium artigo separado, n o ultimo tratado de 3o de Maio de 1814 á se empenhar n o (citado) Congresso de Vienna para que todos os Governos Christãos universal e d e -finitivamente houvessem de abolir o trafico dos negros. Todavia a França por o dito tratado con-vindo na abolição espaçava-a á cinco a n n o s , prazo

(20)

( i O

qué julgava necessário para preparar-se á finda-l» sem maior inconveniente de suas colônias.

Os successos de 20 de Março de 1815 r e c o n -duzindo Napoleão á F r a n ç a ; h u m de seus pri-j meiros cuidados foi a plena abolição do Trafico decretada em 29 do mesmo Março por h u m acto de sua a u t h o r i d a d e , próprio da energia d e seu caracter. Finalmente em 24 de J u n h o de 1818 S. M . Chislianissima ordenou h u m c r u -seiro de embarcações de guerra em seus domi» nios d'África á fim de impedir a importação d e escravos nas colônias Francezas, devendo em caso de coulravenção ser confiscadas as embarcações nacionaes e estrangeiras com lodo o seu carrega-m e n t o . H e para notar se que a Corte de M a d r i d recusou acceder à convenção de 3o de Maio d e 1814 entre os Gabinetes de S. Jaimes e da» Tulherias.

Desgraçadamente todas estas leis e tratados em favor do que ha de mais sagrado n o h o m e m , não tem vingado apezar do zelo das sociedades inglezas, e vigilância das esquadrasdestinadas á re-primir os infractores. Desgraçadamente ainda ha quem esgote a arte sofistica para justificar o c o m mercio do sangue h u m a n o , e mostrar que a i n -fracção das leis da h n m a n i d a d e constitue h u m direito politico , procurando assim espiritos ser-vis tornar duvidosas as máximas de justiça, sem as quaes não ha verdadeira civilização.

Os bens produsidos pela escravatura n o Brazil sSo n e n h u u s , relativamente aos que poderião

rezultar da inli oducção e colonização de h o m e n s livres, que tendo interesse próprio no t r a b a l h o , ' á que se dedicassem posto que mercenariamente , terião muito mais aproveitado á industria agrí-cola e fabril.

(21)

< - i 5 )

, -Atino médio de i 8 i 5 á 1821 por h u m a es-timativa approximada o Brazil exportava de seus productos para Portugal — Assucar 45IJoco cai-xas de mil e duzentas á mil e quinhentas li-b r a s — Café 1 :i2oTJooo lili-bras — Algodão 70XJ000 sacas de cento e vinte a cento e oitenta libras cada h u m a — P e l e s de boi secas e salgadas 240U000

peças — D i t a s corridas 4 U0 0 0 peças — Páo Brasil

-20U000 quintaes —Arroz 100TJ000 sacas de cento e cincoenta libras—Cacáo 100U000 sacas de cento e vinte libras — Salsaparrilha 120U000 libras — Canela bruta 60XT000 libras — Óleo de copahiba 200 pipas — Curcuma óoUooo libras — Baunilha 0TJ000 libras — Tabaco 20 Uooo rolos de qua-.trocenlas libras — Annil 180II000 libras — Oiro

i2:oooUooo à i5oootFooo de cruzados — Dia-mantes 2:oooUovO á 3:oooUooo de cruzados — Varias outras madeiras de tintas, construcçào, e marcinaria ete etc Taes os productos devidos .inteiramente á braços escravos em a vastíssima extensão de 100U000 milhas quadradas ! O Brazil aclúalmente apenas terá 2:6ooUooo habitantes livres. A população escrava no Brazil esta para

a livre pouco mais ou menos na razão de três

á hum.

Esta população escrava longe de dever ser c o n -siderada como h u m b e m ; h e certamente grande m a l . Estranha aos interesses públicos , sempre, ••em'guerra domestica com a população livre, e

não poucas vezes aprezentando no moral o quadro fizico dos volcões em irrupção contra as massas q u e reprimem sua natural tendência ; gente que q u a n d o he preeizo deffender h o n r a , fazenda, e, v i d a , he o inimigo mais temivel existindo do-miciliada com as familias livres; jamais se poderá 60*tar como bem r e a l , e nem ainda como sim"

(22)

( IO* )

plesmenle fazendo parte da população; mais sim como m a q u i n a s , fábricas, ou forças movenles. A força do v e n t o , da agoa , do vapor, e gados , quanto mais apreciáveis são que a d'esta porção mizera da espécie h u m a n a assim degradada e> metamorfozeada!

Não pequeno mal he a immoralidade no Brazil em conseqüência da escravidão; não só por o mào exemplo qiie os escravos offerecem dia-riamente por seus vicios , produclo de seu estado d e c o a c ç ã o , violência, e mizeria; como por a facilidade que encontra a mocidade Brazileira em satisfazer suas paixões dezordenadas, orgu-lho , e caprichos. A escravatura he a cauza da pobreza do Brazil, de sua fraqueza, e immorali-d a immorali-d e . Não ha h u m só bem que rezulte immorali-d'esse enxovalho, que fazemos á nossa espécie; ou antes d'esse alternado contra a natureza. Os proprietá-rios dispendem mais com os escravos do que se pagassem o jornal ordinário á trabalhadores livres. He h u m prejuízo , a persuazão de que os bra-ços Europeos carecem do necessário vigor para a agricultura do Brazil. O clima d'esta aben-çoada porção da Terra he em geral mais benig-no que o da E u r o p a ; e a natureza de seu solo incomparavelmente muito mais fecunda n ã o exi-ge tamanhas lidas do cuhivador. Os primeiros habitantes do Brazil vindos de Portugal nem forão lavradores , nem capitalistas : criminosos immorigeros , habituados áo ócio mal podião lançar no Novo M u n d o a semente producliva da industria agrícola ; homens com poucos fundos mal podião emprenender grandes trabalhos. T a m -bém não convinha á política Portugueza povoar o Brazil com gente livre , quando o seu fim era <dominar e lucrar. Assim continuar a

(23)

escrava-< * 7 )

«ufa n'éste Império he o maior absurdo, he a

maior conlradicção que se pode imaginar com

as circunstancias actuaes, por qualquer lado que

se ellas considerem. He pois de Justiça e

Filan-tropia digna do Heroe Imperante , e do maior

interesse para o Brazil concluir este bárbaro , e

íánesto Trafico.

1

A civilisação que se vai introduzindo na Costa

d'África , o empenho de quasi todas as Nações

éift findar este commercio horrível, a mesma

Guiné despovoada pela exportação prodigiosa de

seus habitantes; tornarão inipralicavel o emprego

de escravos Africanos nas plantações do Brazil:

e seria esperança quimerica persuadir-se que os

creoulos escravos suprissem a falta dos novos

d'Aírica; pois que calculo certo prova, que o

numero de escravos mortos sempre he maior em

mais do dobro , que o dos nascidos. Também

he quimerico appcllur para huma maior

repro-ducção, quando os escravos fossem tratados com

humanidade. O estado de escravidão só se pode

manter pela violência; e em geral todos os

ani-maes em estado de coacção ou* não se

reprodu-zem, ou pouco. Posto que se favorecessem os

cazamentos dos pretos, e se prestassem efficazes

cuidados á manutenção dos pais , e creaçao dos

filhos, todavia na Jamaica em 1810 o excesso

dos mortos sobre os nascidos foi cm rasão de

oito para cem, isto he 12,5.

Se porem he bárbaro e deshumâno o Trafico}

íe he do mais serio interesse para a felicidade

do Brazil, que finde n'elle quanto antes a

im-E

ortação de escravos; he lambem se não bar«

a r o , pelo menos do maior desinteresse não só

para o Império , como para as Nações do

Euro?-pa acabífr immediatamente com este commercio.

(24)

( i 8 )

ífe do* primeiros interesses dos Governos fa-vorecer a agricultura , esta fonte e perenne ma* nancial das riquezas e felicidade das Nações.; O commercio he h u m a conseqüência d ' a q u e i l a ; mas as Nações que se entregão demasiadamente a este j,em existência precária, e d e p e n d e n t e do estado, e capricho das outras.- Os primeiros re-cursos dos homens em seu estado n a t u r a l , e ainda depois de suas associaçães consistirão na pesca e na caça; vierão depois os povos pastores; e depois os agricultores : o commercio foi pro-ducto do luxo da agricultura , e da grandeza das Nações. Percorrido o circulo de todos estes estados ou condições; por falta , ou por excesso as sociedades tornão á seu mais natural estado : o da. agricultura.

-j Como pois poderia o Brazil em seu estado agrícola desprezar actualmente os braços da Áfri-ca ? Os lavradores faltando-lhes as necessárias forças para os ajudar em seus trabalhos , aband o n a n aband o suas plantações e fabricas serão r e aband u -zidos á extrema miséria ; e o Brazil sofírcria cri;e assaz perigosa para sua existência política. A fe-licidade reúne os h o m e n s ; a desgraça desu-r n e - o s , e os constitue em estado de desordem.*? O Brazil em estado de mizeria , carecendo o Go?-' Terno dos recursos necessários para ligar tão vasta extensão de t e r r e n o , se separará em governichos democráticos. Está pois ligada a existência pór litica d'este Império á continuação do Trafico, q u e deve ser gradualmente abolido.

H e do maior interesse da Europa empenhar^ se para a conservação do aclual systema de SO-i verno do Brazil, e sua rápida prosperidade. Dos novos estados da America o Brazil h e talvez o único , que não tendendo á h u m a absoluta separ „

(25)

f ig)

raÉçãfO de / systema , man terá o espirito dé apro

-è ximaçã© e u n i ã o entre os "dons hemisférios, e

conduzirá convenientemente os interesses de com-mercio entre h ü m e outro m u n d o servindo dé mediador entre seus Estados. A prosperidade d"este Império não poderá existir sem que as outras Nações se aproveitem. O Brazil he h u -ma herança deixada pelo velho despotismo para felicidade das Nações c o m m e r c i a n t e s , que se aproveitarão mais ou menos segundo sua habi-lidade , e seu interesse pela prosperidade d o sys-tema Constitucional plantado n'elle.

Não sào poucos os elementos* que devem e n -trar no calculo do tempo preciso para a inteira extincção do Trafico , sem que o Brazil sofframingoa sensível em seus interesses : obtidos, p o -rem os necessários dados estatísticos se rezolverá este p r o b l e m a , cuja solução ainda assim p e n -derá de toda a prudência e circunspecção.

Três meios se apresentão conjuntamente não só para suprir a falta de braços cauzada pela gfadnal extincção do Trafico, como que para p o -voar e engrandecer convenientemente o Brazil. i . ° A civiiisação dos índios ; x.° a colonisação j / dos Europeos. 3.» A colonisação dos pretos da Costa Occidental da África. Para o 2.° e 3.° a p -presénto o seguinte projecto.

^ •

Projecto para a colonisação dos Europeos ,. e pretos d?África no Império do Brasil. 1 ,* Que o governo estabeleça huma dupla Com—

missão de Colonisação dos Europeos e Africa-nos , composta pelo meAfrica-nos de 27 membros : i 3 para a colonisação européa ; i 3 para a africana ; e d e hum Presidente : os quaes se r e u

(26)

não quanto antes , c arranjada a maneira e o r -d e m -de seus trabalhos ; tratem imme-diatamente de apresentar ao Governo h u m plano ou p r o -jecto sobre os artigos seguintes "

Sobre a colonisação dos Europeos,

i . Corresponderse directamenle ou por i n -termédio do Governo com o Comittê de Emi"ra-cão aclualmeute estabelecido em Inglaterra á fim de transportar á outros paizes o excesso de sua população , que só em Manchester consta

che-gar á 4a :° o o indivíduos.

2 . Determinar o n u m e r o e qualidades dos co-lonos , que primeiramente devem ser conduzi-dos ; e bem assim eomo , e a despeza.

3 . Procurar haver do Governo I n g h z todo o adjutorio para este fim, vista a necessidade eui que clle se acha de emigrar taes i n d i v í d u o s , e a profissão de seus principios philautropicos. 4- Que o fundo para essa despeza seja por ora abonado pelo Thesouro N a c i o n a l , em quanto, n ã o tiver o preciso a caixa da Com missão.

5 . Que se ageucee com o Governo Inglez l e -var a despeza, que se fizer com os colonos , em conta da divida eonírahida pelo Tratado de 20 de Agosto de 1826.

6*. Que se determine quantos indivíduos ou famílias colonas devem competir a cada planta-ç ã o , lavoira., ou fabrica.

7 . Que o proprietário, cultivador, ou fabri-cante pague jornal aos colonos proporcionalmente

: á. seu t r a b a l h o .

8. Qne em e á d a C o m marca haja h u m a Co.m-itoissão incumbida de regular à'ella q u a n t o

(27)

-( • « )

tenda o e dem suas contas aos Conselhos P r o

-vincíaes, e estes á Com missão da Corte. A7 esta

Çommissão se devem enviar iodos os p l a n o s , memórias , e indicações offerecidas por qualquer cidadão para lão louvável fim.

9. Que devendo haver em cada província h u -ma caixa de desconto ( q u e ja-mais deve ser filial do Banco desta Corte) preste com o p r ê -mio usual aos proprietários agricultores, com prefereucia á qualquer o u t r o , os dinheiros pre-cizos para o fornecimento da subsistência e jor-nal dos colonos, devendo a quantia e o r d e m de toda esta economia ser arranjada pelos Con-selhos Provinciaes, tendo ouvido as Comissões de Commarca.

10. Que os proprietários paguem h u m t a n t o do valor de seus productos em occasião de ven-da para satisfazer as despezas feitas para l h e s fornecer colonos; e que estes paguem diariamente de seu jornal huma pequena parle para a caixa da Çommissão.

1 1 . Que findem os privilégios de engenhos ou fabricas d'assucar, origem da maior parte da ruína dos proprietários , e que grande mal po-derão cauzar á este Projecto.

12. Que em falta das caixas de desconto (ar-tigo 9 . ) os cofres das Câmaras, vil Ias , c i d a d e s , e da Fazenda Publica das províncias prestem com lucro razoável aos proprietários o n u m e -rário precizo para a manutenção e jornal dos : colonos.

1 3 . Que aos proprietários , que chegarem á ter cm trabalho «vil cem colonos por Ires annos o governo gratifique G >m h u m a Commenda , e d e

(28)

1 2 * )

14. Que üs famílias colonas que apresenta-rem h u m capital sufficiente para que aprovei-tem seus trabalhos em h u m a dada extensão dé t e r r a s , lhes sejão estas doadas com as condições; « privilégios determinados pelo Regulamento dé?

16 de Março de 1 8 2 0 , que deve ser extensivo

às províncias todas com modificações , que ò t e m p o , a experiência, e o novo Governo tem tornado necessárias.

i 5 . Bem assim que se remettão e vulgarizem pela Europa propostas aos capitalistas com as con-dições geraes e ventagens que se lhes possa fa-zer , afíiançadas pelo Governo , a fim de se es-t ibelecerem no Brazil, ou m a n d a r e m companhias e agentes para qualquer ramo de industria.

Sobre a colonisação dos Africanos.

1. Que se trate de determinar o m e n o r n u mero possível de escravos que se devão i n t r o -duzir no Brazil no primeiro anno do trabalho da Çommissão.

2 . Que estes escravos só possão ser fornecidos por h u m a Companhia de Capitalistas existentes

n'esta Corte a qual deverá gozar d o exclusivo e a comprará por isso a n n u a l m e n t e ao Governo por intermédio e parecer da Çommissão; valor q n e ficará na caixa da Çommissão.

3 . Que esta mesma Companhia se encarre-gue de haver e transportar os colonos d'África á sua custa para ser indemnizada pela caixa da Çommissão.

4- Que a Çommissão authorizada devidamente pelo Governo proponha e mantenha r e -lações com os Príncipes d'África para a entrega dos infelizes , que elles quizerem -^eatoellir de seu

(29)

( 2 3 )

paiz,^dadivando por isso a Çommissão à

aquela-Príncipes com.oífertas feitas à custa da cai? .

mesma: devendo taes indivíduos ser considej

.-dos pomo colonos, e como taes deslribui.-dos pelos

pifeprietarios. A' respeito d'estes colonos

subsis-tirá igualmente o disposto no art. 10. para a

colonisação dos Europeos.

.- 5. Que a Companhia conserve embarcações

armadas e em cruzeiro para impedir o

contra-. bandocontra-. Os escravos aprezados serão colonos, e

o casco das embarcações e de mais

carregameu-to pertencerá a Companhia pagando huns tancarregameu-tos

por cem para a caixa da Çommissão.

.; 6. Será julgada em contrabando , e boa preza

toda embarcação estrangeira ou nacional que se

prove ter àrseu bordo escravos para os portos

do Brazil.

j . Que a proporção de mulheres a homens

Afiicanos introduzidos como escravos, ou como

colonos seja na razão de 4 pajra 1: em

ma-neira que em cem colonos ou em cem escravos

importados sejão tão somente 2.b homens.

o. Que a caixa da Çommissão seja formada

dos fundos marcados pelo artigo 10. da

colonisa-ção Europea, e pelos 2.4» e 5. acima; e bem

assim por huma subscripção voluntária derramada

pelas províncias; e por o producto de duas

lote-rias annuaes em cada huma deiks.

(30)

7 *•-*

3

>

*t ' V .

(31)

BRASILIANA DIGITAL

ORIENTAÇÕES PARA O USO

Esta é uma cópia digital de um documento (ou parte dele) que pertence a um dos acervos que participam do projeto BRASILIANA USP. Trata‐se de uma referência, a mais fiel possível, a um documento original. Neste sentido, procuramos manter a integridade e a autenticidade da fonte, não realizando alterações no ambiente digital – com exceção de ajustes de cor, contraste e definição.

1. Você apenas deve utilizar esta obra para fins não comerciais. Os livros, textos e imagens que publicamos na Brasiliana Digital são todos de domínio público, no entanto, é proibido o uso comercial das nossas imagens.

2. Atribuição. Quando utilizar este documento em outro contexto, você deve dar crédito ao autor (ou autores), à Brasiliana Digital e ao acervo original, da forma como aparece na ficha catalográfica (metadados) do repositório digital. Pedimos que você não republique este conteúdo na rede mundial de computadores (internet) sem a nossa expressa autorização.

3. Direitos do autor. No Brasil, os direitos do autor são regulados pela Lei n.º 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. Os direitos do autor estão também respaldados na Convenção de Berna, de 1971. Sabemos das dificuldades existentes para a verificação se um obra realmente encontra‐se em domínio público. Neste sentido, se você acreditar que algum documento publicado na Brasiliana Digital esteja violando direitos autorais de tradução, versão, exibição, reprodução ou quaisquer outros, solicitamos que nos informe imediatamente (brasiliana@usp.br).

Referências

Documentos relacionados

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Starting out from my reflection on the words cor, preto, negro and branco (colour, black, negro, white), highlighting their basic meanings and some of their

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

Para Souza (2004, p 65), os micros e pequenos empresários negligenciam as atividades de planejamento e controle dos seus negócios, considerando-as como uma

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

Outra surpresa fica por conta do registro sonoro: se num primeiro momento o som da narração do filme sobre pôquer, que se sobrepõe aos outros ruídos da trilha, sugere o ponto de