• Nenhum resultado encontrado

Suasdesafiosepotencialidades

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Suasdesafiosepotencialidades"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

O TRABALHO PROFISSIONAL DO(A) ASSISTENTE SOCIAL NA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS: DESAFIOS E POTENCIALIDADES1

No contexto social brasileiro presenciamos a participação atuante da categoria profissional desde a regulamentação da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, durante as conferências em particular, ressaltamos a IV Conferência Nacional de Assistência Social, na qual houve como principal deliberação a construção e implementação do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, a inserção qualificada nos fóruns e conselhos de Assistência Social e a discussão, a reflexão e a análise crítica do redesenho da Política de Assistência Social, na perspectiva do SUAS, considerando as particularidades locais.

Portanto a partir de 2004, vivenciamos um reordenamento nacional para a efetivação do SUAS. Neste ambiente de mudanças necessárias para a construção de uma política pública, destacamos no presente estudo, que os recursos humanos constituem parte prioritária para os padrões de qualidade e eficácia dos serviços prestados. O SUAS requisita aos trabalhadores da área novas competências e habilidades. Ressaltando que historicamente na área da Assistência Social nunca houve a preocupação em compor um quadro permanente de servidores, técnicos qualificados, em número compatível com a complexidade das diversas demandas e com formação permanente.

Em particular, vamos tecer algumas considerações sobre o trabalho profissional do Assistente Social na implementação do SUAS. Considerando a priori que o Serviço Social é uma profissão que tem como particularidade intervir na realidade social permeada por situações que expressam as manifestações da Questão Social, como diz Iamamoto:

A questão social diz respeito ao conjunto das expressões da desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado.(...) expressa portanto disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em

1

Rosemery Medeiros Pereira, Especialista em Serviço Social, Conselheira do Conselho Estadual de Assistência Social do RN – CEAS/RN, Participante do Núcleo do Fazer Profissional de Assistência Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Coordenadora do Setor de Monitoramento e Avaliação da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistencial Social – SEMTAS, no município do Natal/RN.

rosemerymedeiros@yahoo.com.br, Secretaria Municipal do Trabalho e Assistencial Social – SEMTAS, no município do Natal/RN.

(2)

causa as relações entre amplos segmentos da sociedade civil e o poder estatal. (2001, p.17)

Por isso, o cotidiano profissional do Assistente Social é tensionado pela multiplicidade de necessidades provenientes dessas desigualdades sociais, geradas pelo capitalismo, num movimento no qual o próprio cria as desigualdades, sendo ao mesmo tempo, obrigado a responder as demandas conflitantes das classes subalternas. Mota nos afirma que:

assim o faz, através de um conjunto de mediações de ordem econômica, política, ideológica e dependendo das condições objetiva existente quais sejam: a força organizativa das classes subalternas, o ambiente político-democrático, a ampliação do Estado, etc.” (2003, p.10)

Refletir sobre o exercício profissional, requer o conhecimento da realidade social, de forma crítica, é perceber com lucidez os conflitos gerados na relação capital e trabalho, os interesses antagônicos, a luta de classes. È ousar intervir nesse ambiente social. No presente recorte, temos a intervenção na área da Assistência Social, que por sua vez traz vários mitos à reflexão, como assistencialismo, clientelismo, coronealismo, primeiro damismo etc. e o desafio de dar respostas qualificadas no reconhecimento da Assistência Social como política pública, dever do Estado na perspectiva de direitos.

Percebendo a configuração do SUAS, em âmbito nacional a política vem priorizando as particularidades dos territórios, estruturou-se nos seguintes eixos: a matricialidade sociofamiliar, com a centralidade na família; a descentralização político-administrativo e territorialização; as novas bases para a relação entre o Estado e a Sociedade Civil; o financiamento; o controle social; o desafio da participação popular/cidadão usuário; a política de recursos humanos; a informação, o monitoramento e a avaliação, os quais devem ser contemplados na oferta dos serviços, programas, projetos e benefícios de acordo com o nível de complexidade.

Destacamos os serviços ofertados por nível de proteção social: em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de média e alta complexidade.

Os Serviços de Proteção Social Básica, priorizam a família como referência, com ações preventivas que sejam realizadas prioritariamente nos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS. Temos os seguintes serviços socioassistenciais: o Programa de Atenção Integral a Família – PAIF, o Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da pobreza; os Centros de Convivência

(3)

para Idosos; Serviços para crianças de 0 a 6 anos (fortalecimento dos vínculos familiares, direito de brincar, defesa dos direitos da criança), este serviço está sendo transferido gradativamente para a área da Política de Educação; Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens, na faixa etária de 06 a 24 anos, os Programas de incentivo ao protagonismo juvenil e de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, atualmente Pró-jovem Adolescente; os Centros de informação e de educação para o trabalho, voltados para jovens e adultos.

Na Proteção Social Especial temos a prioridade na reestruturação dos serviços de abrigamento dos indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, idosos, pessoas com deficiências e às pessoas em situação de rua). Os serviços são especializados.

É destinada as famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, devido a abandono, maus tratos físicos, e, ou psíquicos, abuso sexual, uso de drogas, cumprimento de medidas sócio-educativas, situação de rua, trabalho infantil, entre outras; (PNAS, 2004, p. 31)

Em destaque, temos Proteção Social Especial de Média Complexidade, cujo os vínculos familiares e comunitários não foram rompidos, os serviços: Serviço de orientação e apoio sociofamiliar; Plantão Social; Abordagem de Rua; Cuidado no Domicílio; Serviços de habilitação e reabilitação na comunidade das pessoas com deficiência; Medidas sócio-educativas em meio aberto (Prestação de Serviços à Comunidade – PSC e Liberdade Assistida – LA);

Por último, apresentamos no atendimento à Proteção Social Especial de Alta Complexidade, os serviços que garantem a proteção integral, com moradia, alimentação, higienização, trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, Tais como: o Atendimento Integral Institucional, ou seja os abrigos para adolescentes e idosos; Casa Lar; Casa de Passagem; Albergue; Família substituta; Família acolhedora; Medidas sócio- educativas restritivas e privativas de liberdade (Semiliberdade, Internação Provisória e Sentenciada) e Trabalho protegido.

Os municípios de acordo com a sua habilitação prestarão os serviços socioassistenciais, com financiamento de repasse automático do Fundo Nacional de Assistência Social aos fundos municipais de Assistência Sócial e o exercício do controle social, realizado através dos Conselhos Municipais de Assistência Social. No que se refere ao financiamento para a execução da política, os gestores devem

(4)

contemplar no orçamento público do município a alocação de recursos próprios, observando as deliberações da última conferência e as necessidades locais.

Por conseguinte, conhecer essa configuração é essencial para a estruturação do trabalho do Assistente Social que atua nessa política. Assim, é requisito:reformular, revisitar e repensar o seu agir profissional, com estratégias e mediações adequadas para afirmar o compromisso com a população usuária, na prestação dos serviços socioassistenciais, interferindo na reprodução sociopolítica ou ideo-política dos indivíduos sociais .De acordo com o Código de Ética profissional, destacamos:

Art. 6º - “Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando e respeitando à diversidade, participação de grupos socialmente discriminados à discussão das diferenças”

Art. 10º - “Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional”.

No que se refere à construção da Gestão do Trabalho, uma conquista foi alcançada, com a aprovação da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos – NOB-RH/SUAS que norteia a política de gestão do trabalho do SUAS. Apresentando diretrizes que pressupõem em linhas gerais: conhecer os profissionais que atuam nessa área, promover estímulos e valorização profissional, identificar os pactos entre gestores, servidores e trabalhadores da rede socioassistencial e incentivar a qualificação técnico-política.

A NOB-RH/SUAS apresenta em seu conteúdo: os princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS, as responsabilidades e atribuições dos gestores nas diferentes esferas, os princípios éticos para os trabalhadores da Assistência Social; as equipes de referência; as diretrizes para a política nacional de capacitação; as diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salários e as diretrizes para entidades e organizações de Assistência Social.Em sua essência é uma elaboração que busca o compromisso de gestores, servidores e trabalhadores da rede socioassistencial na melhoria da qualidade dos serviços socioassistenciais prestados à população usuária.

(5)

DESAFIOS E POTENCIALIDADES NO COTIDIANO PROFISSIONAL

O trabalho profissional do Assistente Social, requisita algumas competências gerais que são fundamentais à compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa sua intervenção. Segundo os Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogos (as) na Política de Assistência Social, temos:

Apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade

Análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capitalismo no País e as particularidades regionais;

Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS, 1996). (2007, p.26)

No que diz respeito às competências específicas na área da Política de Assistência Social, abrangem as dimensões interventivas, complementares e indissóciáveis abaixo relacionadas:

1. uma dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens e equipamentos públicos.

2. uma dimensão de intervenção coletiva junto a movimentos sociais, na perspectiva da socialização da informação, mobilização e organização popular, que tem como fundamento o reconhecimento e fortalecimento da classe trabalhadora como sujeito coletivo na luta pela ampliação dos direitos e responsabilização estatal;

3. uma dimensão de intervenção profissional voltada para inserção nos espaços democráticos de controle social e construção de estratégias para fomentar a participação, reivindicação e defesa dos direitos pelos(a) usuários(as) e trabalhadores(as) nos Conselhos, Conferências e Fóruns da Assistência Social e de outras políticas públicas;

4. uma dimensão de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens e serviços a indivíduos, famílias, grupos e coletividade, na perspectiva de fortalecimento da gestão democrática e participativa capaz de produzir, intersetorial e interdisciplinarmente, propostas que viabilizem e potencializem a gestão em favor dos(as) cidadãos(ãs);

(6)

5. uma dimensão que se materializa na realização sistemática de estudos e pesquisas que revelem as reais condições de vida e demandas da classe trabalhadora, e possam alimentar o processo de formulação, implementação e monitoramento da política de Assistência Social;

6. uma dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações e saberes no campo dos direitos, da legislação social e das políticas públicas, dirigida aos(as) diversos(as) atores(atriz) e sujeitos da política: os(as) gestores(as) públicos(as), dirigentes de entidades prestadoras de serviços, trabalhadores(as), conselheiros(as) e usuários(as). (CFP/CFESS, 2007, p.27/28)

Com esse detalhamento percebemos um amplo espaço de possibilidades para o exercício profissional, constituindo-se em desafios e potencialidades, destacamos:

• Realizar pesquisas para identificação das demandas e reconhecimento das situações de vida da população que subsidiem a formulação dos planos de Assistência Social;

• Formular e defender a constituição de orçamento público necessário à implementação do plano de Assistência Social;

• Favorecer a participação dos(as) usuários(as) e movimentos sociais no processo de elaboração e avaliação do orçamento público;

• Planejar, organizar e administrar o acompanhamento dos recursos orçamentários nos benefícios e serviços sócioassistenciais nos Centro de Referência em As sistência Social- CRAS e Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS;

• Acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a mediar seu acesso pelos(as) usuários(as)

• Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre acesso e implementação da política de Assistência Social;

• Realizar estudos sócio-econômicos para identificação de demandas e necessidades sociais;

• Prestar assessoria e supervisão às entidades não governamentais que constituem a rede sócio-assistencial;

• Participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacional de Assistência Social na condição de conselheiro(a);

• Prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de fortalecimento do controle democrático e ampliação da participação de usuários(as) e trabalhadores(as); • Elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimento do protagonismo

(7)

Assim sendo, redimensionar o trabalho profissional com a ação qualificada necessita do uso de Instrumentais técnico-operativos adequados às situações sociais, com cuidado para não reproduzir a integração social nem tampouco a psicologização dos atendimentos, buscar a Intersetorialidade com outras políticas, em especial com serviços de saúde, educação, sistema de justiça, sistema de defesa de Direitos Humanos, entre outros, no entendimento que existem demandas para além da esfera da Política de Assistência Social. Elaborar ainda no cotidiano profissional um processo contínuo de planejamento com avaliação das ações desenvolvidas.

Considerar ainda, as particularidades da Política de Assistência Social e as mediações necessárias para reafirmar a perspectiva dos direitos sociais e não perder de vista a direção ético-política, construída a partir da década de 80 pela categoria profissional (docentes, discentes, profissionais e pesquisadores) através de suas entidades representativas (ABEPPS, CFESS-CRESS, ENESSO).

Acreditamos que essas mudanças proferidas são essenciais para a nova fotografia da Política de Assistência Social no país, acreditamos que o Assistente Social, trabalhador assalariado desse espaço sócio ocupacional tem “capacidade de intervir qualificadamente nos mecanismos de enfrentamento e superação das desigualdades sociais no pais, È preciso ousar intelectualmente e politicamente com os meios que dispomos.” (Mota, 2003, p.14)

(8)

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Lei de Regulamentação da Profissão. Lei n º 8.662. Brasília, 07 de junho de 1993

__________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Política

Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Brasília, 2004.

__________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome Norma

Operacional Básica do SUAS - NOB/SUAS, Brasília, 2005

_________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome.

NOB/RH/SUAS, Brasília, 2007

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL.. Código de Ética Profissional dos

Assistentes Sociais. Resolução CFESS nº 273/93 de 13 de março de 1993

______________________ e CONSELHO FEDERALDE PSICOLOGIA. Parâmetro

para atuação de assistentes sociais e psicólogos (as) na Política de Assistência Social. Brasília, 2007

IAMAMOTO, Marilda V. A Questão Social no Capitalismo In: Temporalis 03 -Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social . Ano 2.nº 3. Brasília: ABEPSS, Grafline, 2001.

MOTA, Ana Elizabete. As dimensões da prática profissional. In. Revista Presença Ética – Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Ética – P\ós-graduação em Serviço Social da UFPE, Recife, 2003

Referências

Documentos relacionados

 Os estudantes que não comparecerem aos Seminários da disciplina deverão, no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis, procurar a secretaria do Departamento de

Existe no Brasil grande variedade de oleaginosas que se adaptam à produção do biodiesel, entretanto o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) a início escolheu

Após adquirir os valores da sensibilidade relativa dos parâmetros, considerando pressão constante como condição de contorno inferior e um perfil homogêneo (Figura

Ainda que nessa época não tenha, pessoalmente, conhecido Husserl , as suas obras, em especial, Filosofia da Aritmética: investigações lógicas e psicológicas (1891),

 Não  posso  deixar  de  ressaltar  a  ajuda  prestada  e  material   compartilhado  por  vários  co-­‐voluntários  de  Caxias  do  Sul,  que  junto

IV - A expedição que trouxe a implantação das capitanias foi a mesma que trouxe Martim Afonso de Sousa ao Brasil, em 1530. Das afirmações acima, aponte somente aquelas que

a) Nas operações de Cash Advance a crédito, incide uma taxa de 3,95% sobre o montante pedido (máximo 1.000€ de 4 em 4 dias nos levantamentos em ATM’s), acrescida de 2,90€

O presente trabalho tem por objetivos estimar as áreas de reflorestamentos necessárias para a efetiva mitigação das emissões de gás carbônico CO 2 do setor de transporte rodoviário