CONHECIMENTO POR CONTATO E
CONHECIMENTO POR DESCRIÇÃO
Objetivo do capítulo anterior: analisar dois tipos de conhecimento
1) Conhecimento de coisas;
2) Conhecimento de verdades;
Objetivo do capítulo atual: analisar o conhecimento das coisas.
Há dois tipos de conhecimento das coisas: 1) Conhecimento por contato
CARACTERISTICAS
• Conhecimento das coisas por contato é mais
simples que qualquer conhecimento de verdades
• Conhecimento das coisas por descrição sempre
requer algum conhecimento de verdades como sua origem e base.
ACQUAINTANCE (CONTATO)
Contato: temos contato com qualquer coisa das quais estamos diretamente conscientes, sem a intermediação de qualquer processo de inferência ou de qualquer conhecimento de verdades.
Ex.: se estou diante da minha mesa, tenho contato com os dados-sensíveis da minha mesa que aparecem (sua cor, forma, dureza, etc).
Ponto: todas essas coisas que tenho contato são coisas das quais tenho consciência imediata quando estou vendo ou tocando minha mesa.
Enunciados sobre propriedades
secundarias
• Exs.: a mesa é marrom; a mesa é dura ou a
mesa é quadrada
• Enunciados sobre propriedades secundarias:
permitem que tenhamos conhecimento de verdades sobre as propriedades secundarias, mas não me permitem ter mais conhecimento sobre tais propriedades em si que quando estou diante dessas propriedades.
DADOS SENSIVEIS
Conhecimento por contato com
dados sensíveis: conhecimento
por
contato;
conhecimento
imediato das coisas tal como elas
são.
CONHECIMENTO DOS OBJETOS
FISICOS
NÃO É CONHECIMENTO DIRETO. É
conhecimento obtido por intermédio de
contato com dados sensíveis.
POSSÍVEL: duvidar da existência de um
objeto físico
IMPOSSÍVEL: duvidar da existência de
dados sensíveis.
Conhecimento de objetos físicos: por descrição
Ex.: a mesa é o “objeto físico que causa tais e tais dados sensíveis”.
Sentença: descreve a mesa por intermédio dos dados sensíveis
Condição para conhecer algo da mesa: devemos conhecer verdades conectadas com coisas sobre as quais temos contato.
Ex.: devemos saber que “tais e tais dados sensíveis são causados por um objeto físico.”
Ponto: não há etsdo mental em que estamos diretamente conscientes da mesa; todo nosso conhecimento da mesa é conhecimento de verdades.
Conhecimento por descrição de objetos
Conhecemos uma descrição e
sabemos que há um objeto ao qual
a descrição se aplica, embora o
objeto em si não seja conhecido
diratamente por nós.
CONTATO COMO FUNDAMENTO
TODO NOSSO CONHECIMENTO
SEJA SEJA DAS COISAS SEJA DE
VERDADES TEM COMO BASE O
CONHECIMENTO POR CONTATO.
IMPORTANTE: ANALISAR COM
COISAS COM AS QUAIS TEMOS
CONTATO.
1) DADOS SENSÍVEIS: temos contato.
PONTO: não podemos ter conhecimento por contato apenas com dados sensíveis, pois, do contrário, nosso conhecimento seria muito escasso.
Exs. de conseqüências negativas:
1) Não teríamos conhecimento sobre nada do passado
2) Não teríamos conhecimento de verdades sobre nossos dados sensíveis, pois esse tipo de conhecimento requer contato com idéias abstratas.
Conseqüência: devemos considerar contato com outras coisas que não apenas dados sensíveis.
MEMÓRIA
Lembramos o que vimos ou ouvimos:
estamos mediatamente conscientes do
que lembramos , embora o fato pareça
passado e não presente.
CONHECIMENTO POR MEMÓRIA:
fonte de todo nosso conhecimento
INTROSPECÇÃO
PONTO: temos consciência das coisas, mas
também temos consciência de estarmos
consciente das coisas.
Ex.: quando vejo o sol, frequentemente estou
consciente da minha visão do sol.
“Minha visão do sol”: é um objeto com o
qual tenho contato.
Consciência de eventos mentais = tipo
de conhecimento por contato =
auto-consciência
Auto-consciência: é a origem de todos
nosso conhecimento de coisas
Auto-consciência e contato com outras
mentes
RESTRIÇÃO: só temos conhecimento por
contato com nossos próprios conteúdos
mentais. NÃO TEMOS CONTATO COM
CONTEÚDOS MENTAIS DE OUTRAS
MENTES.
COMO CONHECEMOS OS CONTEÚDOS
MENTAIS DE OUTRAS MENTES?
RESPOSTA
CONHECEMOS POR MEIO DA PERCEPÇÃO DE SEUS CORPOS, ISTO É, POR MEIO DOS DADOS SENSIVEIS ASSOCIADOS A SEUS CORPOS
AUTO-CONSCIÊNCIA: distingue o homem dos outros animais
ANIMAIS: tem contato com dados sensíveis, mas não tem autoconsciência, isto é, eles nunca se tornam
conscientes do fato de que eles tem sensações e sentimentos, nem do fato de que existem.
DISTINÇÃO
AUTO
CONSCIÊNCIA
NÃO
É
CONSCIÊNCIA DO EU
AUTO CONSCIÊNCIA: é consciência de
pensamentos e sentimentos particulares.
Questão difícil: se temos consciência do
ESBOÇO DA RESPOSTA DE
RUSSELL
Existem razões para pensarmos que
temos contato com o “Eu”.
Condição para dar as razões: analisar o
que está envolvido no nosso contato
com pensamentos particulares
Contato com “minha visão do sol”
Inclui o contato com duas coisas diferentes: 1) O dado sensível que representa o sol
2) Aquilo que vê o dado sensível
Contato (1): é uma relação entre a pessoa e o objeto Contato(2): a pessoa com que se tem contato é o
próprio sujeito que estabelece o contato
CONCLUSÃO: quando tenho contato com minha
visão do sol, o fato como um todo com o qual tenho contato é “eu-contato-com-dado sensível”
CONHECIMENTO DA VERDADE
Conhecemos também a verdade “eu tenho contato com este dado sensível”
Questão difícil: como conhecemos esta verdade ou entender o que ela significa sem termos contato com o “Eu”
CONDIÇÃO: devemos ter contato com nosso eu em oposição a nossas experiências particulares, pois o eu vê o sol e tem contato com dados sensíveis.
CONCLUSÃO
É PROVAVEL QUE TENHAMOS
CONTATO COM O EU.
RESUMO SOBRE CONTATO COM
COISAS EXISTENTES
1) Na sensação: temos contato com dados dos sentidos externos
2) Na introspecção: temos contato com os dados dos sentidos internos
3) Na memória: temos contato com os dados
sensíveis dos sentidos externos ou dos internos. 4) É provável que temos contato com o Eu.
CONTATO COM UNIVERSAIS
Temos contato com universais: idéias
gerais como brancura, diversidade
etc.
Consciência de universais: conceber
CONCEITO: é um universal do qual
NÃO TEMOS CONTATO
1) OBJETOS FÍSICOS
2) OUTRAS MENTES
(1) e (2): são conhecidos por
descrição.
CONHECIMENTO POR DESCRIÇÃO
DESCRIÇÃO: frases com a forma “um tal e tal” ou “o tal e tal”
DESCRIÇÃO AMBIGUA”: frases com a forma “um tal e tal”
Ex.: um homem
DESCRIÇÃO DEFINIDA: frases com a forma “o tal e tal” Ex.: o homem com a mascara de ferro
DESCRIÇÕES AMBIGUAS
APRESENTAM
VÁRIOS
PROBLEMAS,
MAS
RUSSEL
NÃOS OS DISCUTE, PQ NÃO
DIZEM RESPEITO AO ASSUNTO
QUE ELE QUER DISCUTIR.
ASSUNTO A SER DISCUTIDO
A
NATUREZA
DO
CONHECIMENTO RELATIVO A
OBJETOS NOS CASOS EM QUE
SABEMOS QUE EXISTE UM
OBJETO QUE RESPONDE A UMA
DESCRIÇÃO
DEFINIDA,
EMBORA
NÃO
TENHAMOS
QUANDO CONHECEMOS UM
OBJETO POR DESCRIÇÃO?
Quando sabemos que ele é “o tal-e-tal”, isto é, quando sabemos que existe um objeto e não mais que um que possui certa propriedade. CONSEQÜÊNCIA: não temos conhecimento
desse objeto por contato.
Ex.: sabemos que o homem com a mascara de ferro existiu e conhecemos muitas proposições sobre ele, mas não sabemos quem ele foi.
O QUE QUEREMOS DIZER
QUANDO AFIRMAMOS “O
TAL-E-TAL EXISTE”?
Queremos dizer que existe exatamente um
objeto que é o tal-e-tal.
'a é o tal-e-tal': significa que a tem a
propriedade tal-e-tal e nada mais tem.
Ex.: 'Sr. A é o candidato unionista para esta
eleição' significa 'Sr A é o candidato
Unionista para esta eleição e ninguém mais'
'O candidato unionista para esta eleição existe'
significa 'apenas um é um candidato
unionista para esta eleição e ninguém mais é'
CONCLUSÃO
QUANDO ESTAMOS FAMILIARIZADOS COM UM OBJETO QUE É O TAL-E-TAL, SABEMOS QUE O TAL-E-TAL EXISTE, MAS PODEMOS SABER QUE O TAL-E-TAL EXISTE QUANDO NÃO ESTAMOS FAMILIARIZADOS COM QUALQUER OBJETO QUE SABEMOS SER O TAL-E-TAL, E MESMO QUANDO NÃO ESTAMOS FAMILIARIZADOS COM QUALQUER OBJETO, É O TAL-E-TAL.
NOMES PRÓPRIOS
SÃO DESCRIÇÕES: o pensamento na mente de alguém que usa um nome próprio só pode ser expresso explicitamente se substituímos o nome próprio por uma descrição.
PONTO 1: a descrição que expressa o pensamento varia de pessoa para pessoa ou para a mesma pessoa em diferentes momentos de tempo.
PONTO 2: o objeto ao qual o nome se aplica é constante.
EXEMPLOS
1) Suponhamos um enunciado sobre Bismarck. 2) Se existe contato com nós mesmos
3) Então Bismarck poderia usar usar seu nome diretamente para designar a pessoa particular com a qual ele tem contato.
4) Se ele fez um juízo sobre ele próprio
5) Então ele próprio seria um constituinte do juízo 6) Nesse caso, o nome próprio tem um uso direto,
isto é, ele está para um certo objeto e não para uma descrição do objeto.
1) Se uma pessoa que conheceu Bismarck faz um juízo sobre ele
2) Então esta pessoa teve contato com certos dados sensíveis que ela conectou com a pessoa de Bismarck O corpo (objeto fisico) e a mente (principalmente) de
Bismarck só são conhecidos como o corpo e a mente conectatos a esses dados sensíveis
Isso significa que eles são conhecidos por descrição.
PONTO: A PESSOA QUE FORMULA O JUÍZO SOBRE BISMARCK SABE QUE HÁ VÁRIAS DESCRIÇÕES E QUE TODAS SE APLICAM AO MESMO OBJETO, EMBORA NÃO TENHA CONTATO COM A ENTIDADE EM QUESTÃO.
Juízo sobre um objeto que não
conhecemos
1) Se não conhecemos Bismarck e formulamos um juízo sobre ele
2) Então provavelmente nossa descrição será uma massa de conhecimento histórico mais ou menos vaga
3) Suponhamos que pensamos ele como 'o primeiro Chanceler do Império Germânico'.
4) Nesse caso, exceto “Germânico”, todas as palavras são abstratas.
A palavra “Germanico” terá diferentes significados para diferentes pessoas
1) Se queremos uma descrição que sabemos que se aplica
2) Seremos compelidos em algum ponto a fornecer uma referencia a um particular com o qual temos contato.
3) Essa referência está envolvida em qualquer menção ao passado, presente e futuro
4) Portanto, uma descrição que sabemos ser aplicável a um particular deve requerer alguma referência a um particular com o qual temos contato
Caso nosso conhecimento sobre uma coisa descrita não seja um conhecimento que se segue logicamente da descrição.
EXEMPLO
'O HOMEM MAIS VELHO': é uma
descrição que envolve apenas universais,
que devem se aplicar a algum homem,
mas não podemos fazer juízos sobre este
homem que requeiram conhecimento
sobre ele além do que a descrição
fornece.
RESTRIÇÃO
Se dizemos 'O primeiro chanceler do Império germânico foi um astuto diplomata'
Então só podemos ser assegurados da verdade do nosso juízo em virtude de algo com que temos contato, por exemplo, um depoimento lido ou ouvido.
PONTO: nosso pensamento é constituído de um ou mais particulares e no resto de conceitos.
TODOS OS NOMES DE LUGARES
•
Quando usados envolvem
descrições que iniciam de
um ou mais particulares com
que temos contato.
EXCEÇÃO: LÓGICA
Na lógica nos ocupamos com o
que quer que possa ou deva
existir ou ser e nenhuma
referência a particulares é
requerida.
APARÊNCIA
Quando fazemos um juízo sobre Bismarck
gostaríamos de fazer o juízo que apenas
Bismarck poderia fazer, isto é, o juízo do
qual o próprio Bismarck é um constituinte.
PONTO: não podemos pq não conhecemos
o atual Bismarck.
O QUE NÓS SABEMOS?
Sabemos que existe um objeto B, chamado
Bismarck, e que B foi um astuto
diplomata.
CONCLUSÃO: podemos descrever a
proposição que gostaríamos de afirmar.
'B foi um astuto diplomata', onde B é o
1) Se descrevemos Bismarck como 'O
primeiro chanceler do Império
Germânico”
2) Então a proposição que gostaríamos
de afirmar pode ser descrita como 'a
proposição asserida, diz respeito ao
atual objeto que foi o primeiro
chanceler do Império germânico e
este objeto foi um astuto diplomata'
CONDIÇÃO PARA COMUNICÇÃO
SABEMOS QUE EXISTE UMA PROPOSIÇÃO VERDADEIRA QUE DIZ RESPEITO AO ATUAL BISMARCK E QUE AINDA QUE POSSAMOS VARIAR A DESCRIÇÃO, A PROPOSIÇÃO DESCRITA É A MESMA.
PROPOSIÇÃO DESCRITA: é o que interessa , mas não temos contato com ela e não conhecemos ela, embora conheçamos a sua verdade.