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Análise socioeconômica e cultural relacionada à confecção do chapéu de palha no município de Juripiranga-PB

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Academic year: 2021

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(1)1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO: LICENCIATURA EM GEOGRAFIA. EVYLLAINE MATIAS VELOSO FERREIRA. ANÁLISE SOCIOECONÔMICA E CULTURAL RELACIONADAÀ CONFECÇÃO DO CHAPÉU DE PALHA NO MUNICÍPIO DE JURIPIRANGA-PB. CAMPINA GRANDE – PB 2013.

(2) 2. EVYLLAINE MATIAS VELOSO FERREIRA. ANÁLISE SOCIOECONÔMICAE CULTURAL RELACIONADA À CONFECÇÃO DO CHAPÉU DE PALHA NO MUNICÍPIO DE JURIPIRANGA-PB. Artigo apresentado ao Curso de Geografia da Universidade Estadual da ParaíbaUEPB, em cumprimento ao requisito necessário para obtenção do grau de Licenciada em Geografia.. Orientador: Prof.: Ms. Agnaldo Barbosa dos Santos. CAMPINA GRANDE 2013.

(3) 3. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB. F383a. Ferreira, Evyllaine Matias Veloso. Análise socioeconômica e cultural relacionada à confecção do chapéu de palha no município de Juripiranga-PB. [manuscrito] / Evyllaine Matias Veloso Ferreira. – 2013. 28 f.: il. color. Digitado. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Educação - CEDUC, 2013. “Orientação: Prof. Me. Agnaldo Barbosa dos Santos, Departamento de Geografia”. 1. Artesanato. 2. Força produtiva. 3. Subsistência. I. Título. 21. ed. CDD 745.5.

(4) 4.

(5) 5. RESUMO FERREIRA, Evyllaine Matias Veloso.ANÁLISESOCIOECONÔMICA E CULTURAL RELACIONADAÀ CONFECÇÃO DO CHAPÉU DE PALHA NO MUNICÍPIO DE JURIPIRANGA-PB. Artigo (Graduação-Licenciatura Plena em Geografia) CEDUC/UEPB, Campina Grande, 2013. A prática deconfecções do chapéu de palha no município de Juripiranga, na Paraíba,contribui para o esclarecimento das forças produtivas, terem resistido a ação do tempo no espaço, estagnando um trabalho artesanal que há décadas persistem neste lugar. Diante dessa temática, foi proposto realizar um estudo sobre as condições socioeconômicas das artesãs para o municípiode Juripiranga,como subsídio para a interpretação da cultura, da economia e dos processos sociais. Situando como objeto de estudo, o trabalho artesanal, e a produção do chapéu de palha,no município, através das etapas produtivas e sua destinação.Os objetivos a serem analisados são: Explicar o diagnóstico econômico, cultural e social da confecção do chapéu de palha, por mulheres de diferentes gerações; entender porque esta localidade foi denominada de“paraíso dos homens e inferno das mulheres”; justificar o fato do trabalho artesanal perdurar por décadas no município, mantendo ainda suas origens, referente às etapas de produção, tornando-se alvo de grande relevância sociocultural. A pesquisa detém o caráter investigativo, com a coleta de materiais, através de contatos com as artesãs, aplicação de questionários e registros fotográficos. A coleta de dados subsidiou a análise explicativade todoprocesso de produção do chapéu de palha, ajudando a esclarecer e identificar as indagações referentes às questões do estudo. O município de Juripiranga é considerado carente e com poucas oportunidades de emprego, por isso, o trabalho informal há décadas é referência para muitas famílias, que dependem diretamente desta economia para sobreviver. Analisar o valor sócio-culturale econômico das artesãs que confeccionam em suas casas o chapéu de palha, atravésdos métodos de estudo, o materialismo histórico dialético, evidenciando as marcas deixadas até os dias atuais destas atividades e a fenomenologia, que relaciona o fenômeno geográfico/social. Através deste estudo foi possível verificar a importância de um micro espaço que detém grande relevância cultural e econômica através de um trabalho artesanal, para algumas famílias durante décadas.. Palavras-chave: Artesanato; força produtiva; subsistência..

(6) 6. ABSTRACT FERREIRA, Evyllaine Matias Veloso. SOCIOECONOMIC ANALYSIS AND CULTURAL CONNECTION WITH THE MAKING OF STRAW HAT IN THE CITY OF JURIPIRANGA-PB. Article (Undergraduate-Full Degree in Geography) CEDUC / UEPB, Campina Grande, 2013. The practice of clothing straw hat in the municipality of Juripiranga, Paraiba, contributes to the understanding of the productive forces, have withstood the passage of time in space, stagnating a craft work that persist for decades in this place. Faced with this issue, we proposed a study on the socioeconomic conditions of the artisans in the city of Juripiranga, as support for the interpretation of culture, economy and social processes. Placing an object of study, the craftsmanship, and the production of straw hat in the municipality, through the production stages and its destination. The objectives to be analyzed are: Explain the diagnosis economic, cultural and social construction of the straw hat for women of different generations; understand why this location was called "paradise of men and women hell"; justify the fact that the work Handmade endure for decades in the city, while still maintaining their origins, referring to the stages of production, becoming the subject of considerable sociocultural relevance. The research holds the investigative character, with the collection of materials, through contacts with the artisans, questionnaires and photographic records. Data collection subsidized the explanatory analysis of the entire production process of straw hat, helping to identify and clarify the questions regarding the survey questions. The municipality of Juripiranga is considered poor and with few job opportunities, therefore, informal work is a benchmark for decades for many families who depend directly on this economy to survive. Analyze the socio-cultural value and economic development of artisans who make their homes in the straw hat, through the methods of study, historical and dialectical materialism, showing the marks left until today these activities and phenomenology, which relates the geographical phenomenon / social. Through this study it was possible to verify the importance of a micro space that holds great cultural and economic significance through a craft work, for some families for decades.. Keywords: Handicraft; productive force; livelihood.. 1INTRODUÇÃO O lugar é um conceito chave para o estudo geográfico, pois é através deste que se organizam e reorganizam os grupos sociais, remetendo-se a familiaridade e a identidade de cada indivíduo, acentuando a cultura, a economia e as relações de trabalho, que conforme o passar do tempo transformam-se para atender tanto as necessidades coletivas como as do regime capitalista. Com o capital, as técnicas estão em constante transformação, assegurando o modo de vida global da atualidade. Apesar desta nova forma de vida, ainda existem subespaços como o município de Juripiranga,.

(7) 7. na Paraíba,que depende economicamente das atividades de confecções do chapéu de palhaainda resistentes no tempo e no espaço, que levam esta a um recorte do tempo, referente ao período auge da confecção, década de 1960, e uma análise da permanência, até os dias atuais. Cada lugar, mesmo que seja considerado de pouca importância econômica ou cultural para determinado estado ou país, é formado por inúmeras atividades desempenhadas pela sociedade, que caracterizam determinada região, como o chapéu confeccionado no territóriode Juripiranga, que é comercializado nas proximidades da região. Desta forma este estudo tem por finalidade diagnosticar aprodução em pequena escala da confecção do chapéu de palha, por mulheres do município, a diferentes gerações. Como objetivo deesclarecer através das etapas de produção, a confecção do chapéu de palha, suaimportânciacomofonte econômica para omunicípio; investigar e analisar elementos históricos e culturais. Resistentea ação do tempo e do progresso das técnicas, o estudo justifica-se pela importância do trabalho artesanal de épocas passadas, ainda para algumas famílias, ser à base da economia familiar na atualidade. Por isto, apoiado pela pesquisa de campo, utilizou-sea aplicação de questionários,registros fotográficose revisão na literatura da temática e do objeto de estudo, quecaracterizam os procedimentos metodológicos. A delimitação da área de estudo foi o município de Juripiranga, no Estado da Paraíba, onde este é relativamente carente, onde o trabalho informal garante a sustentabilidade de parte da população, como o chapéu de palha, que a pesar da forma sutil, o trabalho possibilita economicamente o sustento de muitas líderes de família. Foi através desta prática cultural, que o município ficou conhecido popularmente como a cidade do Paraíso dos homens e inferno das mulheres, por se tratar de um trabalho altamente manual, e culturalmente realizado pelas mulheres. Essas mulheres trabalham de forma intensiva e exaustiva na confecção desta fonte material, para que as vendas possam ocorrer no dia-a-dia. O estudo faz uma análise referente aprodução econômica, cultural e social desse tipo de trabalho artesanal, como fonte econômica e desenvolvimento de relações sociais, protagonizado por mulheres do município de Juripiranga, mostrando a importância da permanência dos lugares, enfatizando a cultura como uma manifestação de identidade.Portanto esta pesquisa está dividida em quatropartes, sendo que a primeira refere-sea conceituação teórica de lugar e espaço, comopalcos da constante transformação dos arranjos sociais; a segunda enfoca a caracterização do município.

(8) 8. estudado; a terceira elucida a produção do chapéu de palha e a quarta partefoi sobre a influência do chapéu de palha em Juripiranga,relacionando os resultados obtidos e sua devida discussão. O estudo da confecção do chapéu de palha no município de Juripiranga constitui para a ciência geográfica, principalmente a Geografia econômica e cultural, uma contribuição para o esclarecimento das forças produtivas, resistirem a ação do tempo e do progresso das técnicas, garantindo a sobrevivência dos indivíduos. Com isto, percebe-se que os lugares são distintos e tem funções diversas que permitem a cada sociedade organizar, transformar e reorganizar seu espaço vivido, em prol de suas necessidades, efetuando marcas no espaço ao longo do tempo. Através do trabalho a sociedade desempenha o fluxo econômico e garante a satisfação de desempenharem função digna na vida em sociedade.. 2CONCEITUANDO AS CATEGORIAS DE LUGAR E ESPAÇO. O estudo da categoria lugar reflete a dinâmica diante da organização social, compreendido como um espaço que transmite um sentimento de apropriação cotidianamente, em um dado momento. É no lugar que se constrói uma identidade, que vivencia as diversas relações entre a sociedade e os elementos que o compõem, gerando, uma familiaridade em cada micro lugar vivido. É através do estudo do lugar que, pode-se entender a dinâmica que ocorre no espaço, entre os países, regiões e territórios. Pois ele exprime o cotidiano frequente nas organizações sociais, e com isto, em uma dimensão menor, entender o que acontece em uma dimensão maior de organização. Por isso, há lugares que o poder social é muito expressivo e gera uma cristalização que interfere diretamente naquele determinado subespaço (RAFFESTIN, 1980). Cada lugar é único, concentrando características que em nenhum outro lugar, poderão ser idênticas. Pois os momentos, o tempo, a situação política e econômica, a etnia, entre outros fatores, podem ser parecidas, mas, os lugares são distintos. Uma questão que Milton Santos defende, as especificidades dos lugares, atribuindovalores a cada elemento que constitui o espaço, nessas pluralidades socialmente determinadas, Santos (1985, p.10) argumenta que:.

(9) 9 [...] cada lugar atribui a cada elemento constituinte do espaço, um valor particular. Em um mesmo lugar, cada elemento está sempre variando de valor, porque, de uma forma ou de outra, cada elemento do espaço homens, firmas, instituições, meio – entra em relação com os demais, e essas relações são em grande parte ditadas pelas condições do lugar.. Mediante esta relação de particularidade e poder, existem lugares esquecidos, que não ganham destaque na região ou entorno dela. Nestes micros espaçosparecem que o progresso ainda não atingiu, é como se estivessem estagnados no tempo. Neste contexto, todos os meios de evoluções técnicas são tardias, dificultando a inserção da sua velocidade técnica. Consequentemente subordinados, a outros lugares que detém esse poder, dificultando a liberdade de progresso. Portanto, em cada lugar, por menor e mais distante que seja se exprime as relações de trabalho e produção, através do capital que rege o sistema. Nestes lugares concentram-se as várias etapas de produção, como por exemplo, a extração da matériaprima, a transformação desta primeira natureza em segunda, a confecção, distribuição do produto em diversos lugares, através dos meios de transportes e a etapa final que é o consumo. Cada espaço participa de pelo menos uma etapa da produção, por isso, todo lugar é importante e necessário para a circulação do capital, visto que os lugares hoje são. dependentes. de. outros,. configurando. um. conjunto. de. técnicas. e. produçãodiferentemente dos lugares de diferentes épocas,que eram autossuficientes, produziam tudo emum determinado espaço. Santos (1985, p.12) enfatiza que: [...] cada lugar é marcado por uma combinação técnica diferente e por uma combinação diferente dos componentes do capital, o que atribui a cada qual uma estrutura técnica própria, específica, do trabalho. Como resultado, cada lugar é uma combinação de diferentes modos de produção particularmente ou modos de produção concretos. [...] Isso resulta do fato de que cada lugar é uma combinação de técnicas qualitativamente diferentes, individualmente dotadas de um tempo específico – daí as diferenças entre lugares.. Cada lugar detém uma paisagem diferente, são heterogêneos e sãodiferenciados pelo uso da técnica, ao qual cada sociedade organizará de diferentes formas de acordo com as suas necessidades. A contribuição dessas práticas utilizadas e constantemente aperfeiçoadas pela sociedade, responsável pelo surgimento das cidades e perpetuação dos indivíduos. Segundo Santos (1988) entende-se como cidade, um lugar revolucionário, onde o trabalho e a transmissão de conhecimentos se manifestam e multiplicamcotidianamente..

(10) 10. O conceito de Espaço vem sendo discutido por muitos anos na Geografia, através de várias pesquisas, debates e embasamento teórico de outras ciências. Por ser um conceito complexo e inacabado, não se pode construir um conceito acabado, estático e inflexível, pois o espaço não é estático, fechado e fixo, ele é movimento e transformação, mediante da organização social, em um determinado tempo, que constrói e “dá vida” a seu Espaço Geográfico. Conforme as diversas implicações que a categoria Espaço proporciona, alguns autores discordam ou convergem sobre a ideia de espaço. Por ser tão abrangente seu conceito, em outras ciências o espaço tem diversas multiplicidades e aplicações, como para a Arquitetura e Engenharia, o espaço pode ser uma casa, um escritório, um terreno, um prédio, algo que determine um limite territorial. Entretanto para a Geografia, o espaço é a categoria mais importante, pois é através destaque, pode-se analisar o objeto de estudo: a sociedade e sua relação com o meio, as transformações e permanências da estruturação física da organização sócioespacial, a cultura em um dado momento historiográfico, as relações sociais e econômicas, tudo isto, para a compreensão do espaço praticado. Conforme vários estudos e diversas concepções sobre o espaço chega-se a uma conclusão que o espaço concebido pela Ciência Geográfica é o espaço geográfico, o qual é produto das relações sociais, ou seja, o que é construído e transformado sob o “poder” de trabalho da sociedade em cada porção do espaço e do tempo. Assim, Santos (1988, p.26)define:“O espaço deve ser considerado como um conjunto indissociável de que participam de um lado, certo arranjo de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que os preenche e os anima, ou seja, a sociedade em movimento”. No exposto, o autor menciona o dinamismo e o constante movimento da sociedade, através do conjunto de elementos naturais e sociais, que concretizam o espaço vivido. Esses elementos que formam o espaço, não podem ser entendidos sem a ação da sociedade, que modela, transforma e forma seu próprio arranjo espacial. Massey (2008) contrapõe-se a Santos, ao analisar que o espaço é entendido como um discurso mais filosófico, que direciona nossas ações, nossos entendimentos sobre a política e a globalização, e interfere como organizamos as cidades e relacionamos o sentido de lugar, isto de forma subjetiva. A autora preocupa-se mais com a identidade das relações de espaço e sociedade, com a noção de espaço de cada.

(11) 11. indivíduo, e enfatiza a construção de um lugar,que é múltiplo e transformável, ainda Massey (2008, p.15) argumenta que: [...] o espaço é uma dimensão implícita que molda, nossas cosmologias estruturantes. Ele modula nossos entendimentos do mundo, nossas atitudes frente aos outros, nossa política. Afeta o modo como entendemos a globalização, como abordamos as cidades e desenvolvemos e praticamos um sentido de lugar.. De acordo com Santos, o espaço não é só constituído de elementos naturais, mais da natureza das atividades que nele se localizam criadas pela sociedade, formadora das “coisas”, que detém a ação modeladora e transformadora do conjunto de todos esses elementos eforma do espaço geográfico, Santos (1985, p.01) enfoca que:“[...]o espaço não pode ser apenas formado pelas coisas, os objetos geográficos, naturais e artificiais, cujo conjunto nos dá a Natureza. O espaço é tudo isso, mais a sociedade: cada fração da natureza abriga uma fração da sociedade atual”. Dessa forma cada sociedade constrói seu próprio espaço, ou seja, o espaço é social, através do trabalho humano, que deixam suas marcas a longos períodos de tempo, e servem como prova e registro de cada civilização. Por isso ele define que cada sociedade tem seu próprio espaço, em localidades distintas, mas, que organizadas formam o espaço geográfico. Nessa perspectiva,Corrêa (1987, p. 52): Estas obras do homem são as suas marcas apresentando um determinado padrão de localização que é próprio a cada sociedade. Organizadas espacialmente, constituem o espaço do homem, a organização espacial da sociedade ou, simplesmente, o espaço geográfico.. Conforme a sociedade se especializa, o espaço sofre mudanças, na estruturação física, nas relações sociais, econômicas, culturais e só é possível está análise através do tempo, que esclarece a organização espacial de cada sociedade e define as particularidades de cada lugar. Este espaço é um conjunto organizacional da ação social em diferentes épocas e lugares.. 3 CARETERIZAÇÃO GEOGRÁFICA E HISTÓRICA DO MUNICÍPIO DE JURIPIRANGA-PB O objeto de estudo dessa pesquisa o chapéu de palha, localiza-se no município de Juripiranga, situado no Estado da Paraíba(Figura 01). Distante 64 km da capital,João Pessoa. Onde faz limites com os municípios de Itabaiana (12 km), Pilar (18 km), São Miguel de Taipu (21 km)e Pedras de Fogo (15 km)..

(12) 12. Figura 01: Mapa da localização do município de Juripiranga-PB.. Escala: 1: 2. 800.000 Fonte:Adaptado por FERREIRA, Evyllaine M. V. 2013. Juripiranga está situada na Mesorregião da Mata Paraibana e na Microrregião de Sapé. Estima-se que o município ocupa uma área de 122 Km². Estrategicamente situa-se na divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco, possibilitando a circulação de pessoas e gerando uma pequena circulação no comércio da cidade. Relativamente pequeno, tendo o chapéu de palha como principal fonte de produção artesanal, onde as mulheres que o confeccionam moram na periferia, restringindo a pequena quantidade de mulheres que residem na áreacentral da cidade.. 3.1 Processo Históricodo Município Segundo alguns dados, o atual município de Juripiranga teve início por volta de 1777, quando Braz Gomes Tavares e outros membros de sua família localizaram-se no lugar conhecido como “Serrinha de Baixo”, distante um quilômetro da atual sede municipal. Pouco tempo depois, instalaram-se as famílias de Francisco Félix e a Família Chagas. Através destas famílias, foi construído um "Cruzeiro" para realização das festas religiosas. Alguns anos se passaram até que a família G. Pereira, procedente do Sertão do estado, localiza-se no lugar onde hoje se encontra edificada a cidade, ao qual deram o.

(13) 13. nome de “Serrinha de Cima”. Os G. Pereira também participaram do desenvolvimento econômico da região, quando trouxeram o beneficiamento do comércio para a cidade. Juripiranga foi mencionada na divisão administrativa do Brasil em 1911, pertencente a Pilar, o mesmo acontecendo nas divisões posteriores, até o início de 1943. A Lei Nº 520 de 31 de janeiro de 1943, é estabelecida para nomear o lugarejo, com o topônimo de Juripiranga, que em tupi guarani significa “pássaro que canta”, já que na região era comum um número elevado de pássaros cantarolarem ao nascer e por do sol.Sua emancipação política teve no então Prefeito de Pilar, Caio Correia de Araújo, o seu grande artífice. Ela foi alcançada através da Lei Nº 2.673, em 22 dezembro de 1961, ocorrendo sua instalação oficial a 4 de janeiro de 1962, desmembrada de Pilar e integrada por um único distrito, o da sede. 3.2 Aspectos Demográficos, Socioeconômicos e Culturaisdo Município O município de Juripiranga tem aproximadamente, segundo dados do (IBGE 2010), 10.240 habitantes, sendo a maioria dos habitantes localizados na zona urbana. O município é constituído de uma economia voltada para a agricultura, aposentadorias, servidores públicos e privados, comércio e em pequena escala o artesanato de palha, que destaca a produção de chapéus e vassouras. O campo de estudo em meados da década de 1950 foi conhecido regionalmente pela produção em grande escala do chapéu de palha. Mas gradativamente este título foi sendo esquecido e consequentemente redução da produção. Atualmente, a confecção de palha não é reconhecida localmente, desvalorizando assim, a cultura da cidade. É em outros lugares como Caruaru no Estado de Pernambuco e em Campina Grande no Estado da Paraíba, que o chapéu ganha seu valor comercial. E é fora do país que os trabalhos das artesãs da Cooperativa de Juripiranga, ganham reconhecimento e valorização. Atualmente, Juripiranga é conhecida e valorizada regionalmente por sua tradicional Festa de São Sebastião, santo co-padroeiro da cidade. Esta festa ocorre no mês de fevereiro, em três dias de comemoração religiosa com novenas e procissão, e a festa profana com grandes atrações musicais gratuitas para o público. Nesta festa a economia da cidade dinamiza através da venda de artigos para vestimenta, entre outros.

(14) 14. artigos, inclusive a venda do chapéu de palha, que garante bons lucros para os juripiranguenses e de outras regiões.. 4A PRODUÇÃO DO CHAPÉU DE PALHA EM JURIPIRANGA-PB 4.1 Aprodução do chapéu de palha no município. O sistema capitalista reproduz uma má distribuição de renda, gerando a exclusão social, o desemprego, a miséria e o emprego informal, tudo isto por uma concentração de renda desigual. Este sistema favorece aosque,concentramapenas o capital e poder, onde o Estado também é responsável por disseminar este modelo, através de sua política monopolista. Conforme o progresso das técnicas, as empresas de produção induz o consumo de seus artigos, levando ao consumo exagerado e concentrado da classe alta. Assim, o fenômeno de globalização gera ainda mais o fenômeno da exclusão, pois, os empregos são limitados a quem dispõe de técnicas e o consumo ocorre aquem dispõe de capital,Santos (1979, p.148)afirma que: Quanto mais a renda se concentra, mais o consumo dos grupos de alta renda se diversifica e mais inadequada é a evolução do perfil de demanda, tornando evidente uma subutilização dos fatores de produção. Os pobres são duplamente desfavorecidos, pois não podem ter acesso aos bens que os empresários consideram rentável produzir, quando, ao mesmo tempo, declina a produção dos bens de consumo corrente.. O progresso das técnicas requer das empresasa qualificação de pessoas, o que leva a escassez desta, nos países em desenvolvimento, gerando a importação de mão de obra qualificada de outrasregiões da Terra. Com isto, aumenta-se a taxa de desempregados e também aumenta o trabalho informal, que dispensa qualquer técnica, possibilitando a qualquer cidadão o trabalho.Diante dessa realidade sócio histórica,pode-sedestacar que o trabalho informal caracteriza o artesanato, e leva a definições comuns de outros trabalhos informais como as domésticas e os de transportes. Ainda Santos (1979, p.158)argumenta que: O circuito inferior é o resultado de uma situação dinâmica e engloba atividades de serviços como a doméstica e os transportes, assim como atividades de transformação como o artesanato e as formas pré-modernas de fabricação, caracterizadas por traços comuns que vão além de suas definições específicas e que têm uma filiação comum..

(15) 15. Os artesãos de modo geral e, as artesãs de Juripiranga que fazem parte deste circuito, desempenham uma atividade de pouco reconhecimento, não merecedor de crédito, nem de descrédito, em micro lugares. Entretanto, nas grandes cidades este trabalho é bem reconhecido pelos turistas, que valorizam o trabalho artesanal. Conforme o aumento do consumo e da produção, o trabalho artesanal em todos os lugares está com sua produção reduzida, principalmente em microespaços que essa economia não influência diretamente o processo econômico do lugar. No âmbito informal, as pessoas que confeccionam seu trabalho em casa, são isentas de impostos, ganham tempo para desempenhar outras funções domésticas, podem se relacionar com a vizinhança, para incentivar o trabalho e não desanimar. Pois,não utilizam grandes espaços para desenvolver suas atividades, os clientes podem procurar na própria localidadea qualquer hora o produto desejado e desenvolvem um sentimento de realização, pois estão trabalhando para conseguir capital, assim como ilustra a (Foto 01),de uma senhora artesã, que faz o trançado em sua residência, enquanto se distrai assistindo seu programa televisivo preferido.. Foto 01: Artesã confeccionando o chapeu de palha, na sua residência, em Juripiranga-PB, 2012.. Fonte: FERREIRA,Evyllaine M. V.da Pesquisa de campo, 16/05/2012.. O circuito inferior de produção garante a sustentabilidade de muitas famílias, que dependem desta renda. É uma forma de trabalho que dispensa a formalidade e que os próprios membros da família ou amigos podem auxiliar no trabalho, gerando uma melhor comodidade e dispensando o uso de técnicas rigorosas. Apenas requer disponibilidade de tempo e aprimoramento do trabalho..

(16) 16. 4.2 O trabalho Artesanal: uma perpetuação familiar As peculiaridades das práticas culturais que opera de forma transformadora abrangendose o meio socioeconômico viabiliza o entendimento de hábitos de vidas de vários grupos sociais, distribuídos no tempo e espaço. A partir das experiências, contatos descobertas e evoluções que a sociedade gradativamente vem construindo através dos registros ou marcas, através do trabalho, deixadas no espaço em tempos distintos. Analisar os grupos sociais é entender e compreender os procedimentos do papel cultural de cada indivíduo e de cada lugar, visto que, é indispensávela compreensão do todo. Reconhecer através daprática cultural:a forma de organização socioeconômica do espaço, os hábitos, os costumes, a política. No cotidiano, é dever do geógrafo cultural, interessado na questão sociocultural, conforme esclarece Corrêa e Rosendahl (2011, p.31): O geógrafo cultural não está preocupado em explicar o funcionamento interno da cultura nem em descrever completamente padrões de comportamento humano, mesmo quando afetam a superfície da Terra, mas em avaliar o potencial técnico de comunidades humanas para usar e modificar seus habitats. Para realizar tal avaliação, a geografia cultural estuda a distribuição, no tempo e no espaço, de culturas e elementos das culturas.. A atividade artesanal em Juripiranga em épocas passadas atingiu seu período áureo, quando a base da economia era o trabalho feito de palha, onde confeccionavam chapéus, vassouras, esteiras e trançados, vendidos a “braça”, nas feiras locais ou aos intermediários, que escoava os produtos as cidades vizinhas como, Itabaiana, Itambé, Timbaúba, Goiana, Guarabira e até João Pessoa, onde eram aproveitados para confecção de bolsas e esteiras, num desenvolvimento de artesanato mais tecnológico. Nesta. época. a. maioria. das. famílias. juripiranguenses. mais. carentes. desempenhavam a função de confecção do chapéu, que sempre foi um trabalho exaustivo e intenso, pois trabalham o dia inteiro, apenas com intervalos para o desempenho das atividades do lar. Durante décadas, o artesanato foi visto como um trabalho de exclusão social, a lucratividade familiar, em específico para as mulheres, o ganho é quase insignificante para o sustento da casa.Valente (1967, p.52) focaliza que: A confecção de chapéus de palha é artesanato de tipo rudimentar. De técnica inteiramente manual, começa com a retirada do pelo, pela batida das palmas ou “olhos” do estipe, até que a palha fique completamente limpa,.

(17) 17 continuando com a costura das tranças, feita com fios de agave, na conformação da copa e das abas dos chapéus.. De acordo com esta descrição das etapas para a confecção do chapéu, continua na atualidade. As artesãs usam da mesma técnicavisto que o número de mulheres desempenhando esta função reduziu, devido ao processo exagerado de globalização de técnicas e novos produtos. As mulheres que utilizam esta prática doartesanatoem sua maioria éporque não tem outra opção de subsistência, ou porque gostam de fazer, para se distraírem um pouco da rotina que levam (Foto 02). Foto 02: Separação da palha para fazer o trançado do chapéu.. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de campo, 16/05/2012.. As artesãs compravam a palha através de atravessadores, que compravam em estoques e repassavam para elas, e a venda ocorria da mesma forma, obtendo um lucro baixo. Nos dias atuais, este processo continua o mesmo, como ilustra a foto acima de uma artesã separando a palha de Carnaúba, em pequenas porções, para em seguida fazer a próxima etapa, o trançado. É notório que este artesanato é bastante trabalhosoearealidade é muito trabalho para pouco rendimento. Não recebem nenhum incentivo do governo para intensificar a produção, e nem para dinamizar a produção com novos artigos. Desde épocas passadas que a situação está estagnada, ainda Valente (1967, p. 57) enfatiza que: O artesanato de palha, ocupação quase inteiramente feminina, entregue ao abandono, sem assistência e incentivos de espécie alguma. Nada que fizesse melhorar a técnica do artesanato. Nada que lhe desse melhores condições de produtividade e de rentabilidade. Nem mesmo uma tentativa no sentido de modificar-lhe o tipo de produção, com novas matérias primas e diversificação capazes de permitir maior produção e preços altos.. Esta tradição familiar da prática de confecções de chapéus de palha, sempre foi alvo de desprezo dos próprios moradores da cidade, o que inviabiliza o progresso da.

(18) 18. produção. Essa herança cultural durante anos está sendo esquecida e as poucas produções inviabilizam o sustento das famílias. O artesanato é fonte de renda para algumas pessoas e, em outros lugares do país,nesse processo,constroem valores, garantem e legitima a questão cultural e o socioeconômico. O chapéu de palha é um artigo que tem várias utilidades, como artigo de festas juninas, artesanato e serve principalmente como um instrumento de trabalho, para proteção contra a incidência dos raios solares, que é intensa nesta região. Este é utilizado por cortadores da cana-de-açúcar, zeladores de rua e agricultores, que trabalham de forma direta e exposta ao sol. A palha de Carnaúba não é só utilizada na confecção de chapéus, mas, utilizada na confecção de vassouras, bolsas, bonecas, sandálias, quadros, árvores de natal, (Foto 03) entre outros, que são confeccionados pelas artesãs da Cooperativa, e são vendidos para a região e em menor escala para outros países. Esses artigos são mais elaborados, pois, são confeccionados com o auxílio de máquinas, próprias para este trabalho. Foto 03: Cooperativa de Juripiranga e os artigos de palha que são confeccionados.. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de campo, 02/05/2012.. As imagens acima ilustram a Cooperativa de Juripiranga, onde são confeccionados os variados artigos de palha. A Cooperativa atualmente só funciona quando tem grandes pedidos, do contrário, fica desativada. As artesãs que trabalham na Cooperativa são as que têm cursos que abrangem não só a confecção do chapéu, mas, outros artigos de maior venda comercial, que são os elucidados na figura acima.A fonte.

(19) 19. de matéria prima, a palha de carnaúba, para o município de Juripiranga, é de suma importância para algumas famílias, que dependem unicamente desta fonte econômica.. 5 A CULTURA E A PRODUÇÃO DO CHAPÉU DE PALHA EM JURIPIRANGA Por ser um município pequeno, sua base econômica é o trabalho informal e entre eles a confecção do chapéu de palha, que através da aplicação dos questionários, com dez questões e uma varável de 30 mulheres, verificou-se que a base deste trabalho é formada por mulheres de diversas gerações, entre 25 a 89 anos, resultando numa perpetuação de cultura e trabalho familiar. Exclusivamente todas as mulheres analisadas tem em sua profissão a confecção do chapéu de palha, que ao longo dos anos é repassada para as demais mulheres da família. Em específico 80% das mulheres em estudo, desempenham a função de artesã e de dona do lar, apenas 10%, trabalham com o chapéu e estudam durante o período noturno e 10% são exclusivamente artesãs (Gráfico 01). Esse reflexo monstra que as mulheres de maior idade são em sua maioria a chefe do lar e por isso, precisam trabalhar em virtude da subsistência. Enquanto as de menor idade conseguem ter outra oportunidade através do estudo, para assim, segundo elas, não dependerem exclusivamente da renda do chapéu.. Gráfico 01: Trabalho desempenhado pelas mulheres questionadas – 2012. 80% Donas do lar e Artesãs 10% Estudantes e Artesãs 10% Exclusivamente Artesã. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. O nível de escolaridade reflete em 50% das mulheres serem analfabetas, 30% semianalfabetas, que sabem escrever, mas não compreende a leitura e 20% estudam, mas, só pretendem terminar a educação básica. Essa amostragem (Quadro 01) cogita o.

(20) 20. baixo índice de escolaridade do munícipio. Também refere-se a baixa perspectiva de formação escolar, onde a grande maioria dos alunos não almejam o nível superior de ensino, levando a pouca opção de trabalho no município, e gerando um aumento perceptível do trabalho informal. Quadro 01: Perfil de escolaridade das artesãs – 2012.. Índice de Escolarização Analfabetas Semianalfabetas Estudantes. Número 15. Percentagem (%) 50% 30% 20% Total: 100%. 9 6 Total: 30. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. Conforme o que foi supramencionado, a baixa escolaridade que estas mulheres tem, levam a 90% delas a fazerem a confecção do chapéu de palha apenas por necessidade financeira, já que segundo elas, não tem outra oportunidade profissional. Apenas 10% afirmou fazer o chapéu de palha pelo prazer que proporciona, pois, como relatam, o trabalho apesar de ser cansativo, é uma ocupação e distração para elas, onde trabalhando podem conversar, além de optarem pelo horário de trabalho (Quadro 02). Quadro 02: O que leva as artesãs confeccionarem o chapéu de palha – 2012. Motivo do trabalho. Número. Percentagem (%). Necessidade financeira/sustentabilidade. 27. 90%. Por prazer no que faz. 3. 10%. Total: 30. Total: 100%. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. Para as mulheres que foram aplicados os questionários, o chapéu de palha tem três significados, (Quadro 03) descritos respectivamente como: 60% acreditam que o chapéu é fonte geradora de renda/sustentabilidade; 30% atribuem como símbolo das festividades juninas e apenas 10% afirma que o chapéude palha é um trabalho artesanal, que será vendido e utilizado em diferentes atividades da sociedade. Nota-se que nenhuma das mulheres pesquisadas acreditam que o chapéu de palha seja um artigo cultural, que expresse a manifestação de um trabalho ao longo de décadas. Isto implica dizer que, o município não valoriza de forma direta o trabalho desempenhado por estas mulheres..

(21) 21. Quadro 03: Representação do chapéu de palha para as artesãs – 2012. Representações do chapéu. Número. Fonte de renda/sustentabilidade Símbolo das Festividades Juninas Artesanato. 18 9 3 Total: 30. Percentagem (%) 60% 30% 10% Total: 100%. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. Esta tradição familiar há décadas ainda consegue resistir a ação do tempo, que leva a transformação do espaço, gerando uma permanência cultural de trabalho no município. As artesãs que confeccionam o chapéu, em sua maioria 70%, trabalham a mais de vinte anos nesta profissão e aprenderam com suas mães ou avós. Pois, tinham que aprender para ajudar suas famílias e assim, continuam a fazer o chapéu e repassar aos mais jovens das famílias. Os 20% das artesãs trabalham a mais de dez anos e os 10% trabalham há menos tempo. Observa-se (Quadro 04) que a base do trabalho artesanal de Juripiranga é antiga e apenas em pequena quantidade é mais recente.. Quadro 04: Período de trabalho das artesãs que confeccionam o chapeu de palha– 2012. Anos de trabalho Mais de vinte anos Mais de dez anos Menos de dez anos. Número 21 6 3 Total: 30. Percentagem (%) 70% 20% 10% Total: 100%. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. Para a confecção do chapéu existem quatro etapas distintas: separar a palha, para limpar e dividi-la em pequenas porções; fazer o trançado, costurar e por fim moldar o chapéu. Desta forma, para a confecção ocorrer em processo mais rápido, as artesãs precisam de ajuda e essa ajuda vem do próprio lar, (Gráfico 03). Das artesãs que participaram do questionário, 60% delas recebem auxílio de 2 pessoas, em sua maioria a mãe e a filha; 20% com3 pessoas como ajudantes, que inclui o marido; 10%uma pessoa, que pode ser a filha ou a neta e 10% não recebem auxílio, trabalham por conta própria. As artesãs que recebem auxílio para a confecção do chapéu, conseguem lucrar um pouco mais, pois, fazem uma produção em maior escala para comercializar, aos atravessadores..

(22) 22 Gráfico 03:Quantas pessoas trabalham na confecção do chapéu em cada residência - 2012 60% auxílio de 2 pessoas 20% auxílio de 3 pessoas 10% auxílio de 1 pessoa 10% não recebem auxílio. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. Mediante tanto esforço e dedicação, as artesãs não conseguem bons lucros com o seu trabalho, onde todas as mulheres pesquisadas, o equivalente a 100%, ganham menos que um salário mínimo. Segundo elas, o lucro varia de acordo com a época da confecção e da agilidade da produção, em épocas próximas as festividades juninas a demanda é maior, a produção aumenta e o lucro também. Este lucro não passa de R$ 100,00 por mês de trabalho. E quando o período é de pouca demanda, em épocas atípicas, a lucratividade é bem baixa, chegando a metade, ou seja, R$ 50,00 por mês. Estes valores são para o sustento das famílias que dependem deste trabalho, para sobreviver. A ajuda governamental doBolsa Família é a outra renda que auxilia estas famílias a sobreviverem num munícipio de poucas ofertas de emprego e de pouco reconhecimento da cultura. As artesãs que confeccionam o chapéu nas calçadascomercializam o mesmo por um valor de R$ 2,00 a unidade, enquanto que as artesãs que trabalham na Cooperativa vendem por R$ 3,00 a unidade, e ainda detamanho reduzido, quando comparado as das artesãs informais. Isto gera uma grande desvantagem, pois, a produção “caseira” requer um tempo maior para sua produção, visto que, todas as etapas de confecção são manuais e ainda uma maior delicadeza e perfeição. Na Cooperativa, a produção de chapéusé efetivada por umgrupo de cooperadas, onde em sua maioria, tal produção é exercida por diversas máquinas, que gera uma maior versatilidade, rapidez e maior número de chapéus produzidos. Por isso, na pequena produção informal, as artesãs necessitam de um mês para confeccionar em média vinte e cinco chapéus, isto porque as etapas são bastante trabalhosas, requer de muita aptidão e tempo. Em épocas de maior produtividade conseguem com muito esforço confeccionar em média 50chapéus..

(23) 23. Trabalhar com esta confecção não é fácil, pois a lucratividade é muito baixa e depende de muita dedicação, por isso, 40% das artesãs em estudo, não gostam de desempenhar este trabalho (Gráfico 04). Afirmaram ser um trabalho cansativo, que economicamente ganham pouco e que é vergonhoso. Essas mulheres não estão felizes e não se sentem realizadas com o que fazem, pois nenhum incentivo e valorização recebem do município ou pelo Estado da Paraíba, gerando revolta e descontentamento as artesãs. Sendo que 60% gostam do que fazem e se sentem felizes por ter um trabalho a realizar. Explicaram que apesar de todas as dificuldades enfrentadas diariamente, se sentem úteis na sociedade e conseguem o sustento digno de suas famílias. Gráfico 04: Índice de realização no trabalho - 2012. 60% Gostam do que fazem 40% Não gostam do que fazem. Fonte: FERREIRA, Evyllaine M. V. da Pesquisa de Campo, 16/05/2012.. É bastante claro que a necessidade de renda levam estas mulheres a persistirem neste trabalho cultural, pois a realidade em que estão inseridas não permite outra escolha. Apesar de todas as dificuldades o chapéu de palha é a base da subsistência dessas famílias e um momento de descontração e lazer que as artesãs ao confeccionarem, em suas residências, conseguem partilhar com suas vizinhas. É neste lugar, ainda conhecido de “paraíso dos homens e inferno das mulheres” pelos moradores das cidades vizinhas, que a vida pacata e simples rege o cotidiano desta cidade..

(24) 24. 6CONCLUSÃO. A categoria Espaço para a Geografia está diretamente relacionada a espaço vivido, espaço geográfico, que detém a ação social. Essa ação é responsável por toda transformação, organização e reorganização que ocorrem no espaço e subespaços, alterando estruturalmente e intensamente as formas ou maneiras de viver em cada sociedade. Tudo ocorre por interesses, que podem ser sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos, entre outros, que a cada instante são moldados, para melhor atender as necessidades humanas. Cada lugar mantém características próprias, que são planejadas e executadas em prol da sociedade local. É o caso do município de Juripiranga-PB, que o trabalho informal, feito a mão, o chapéu de palha é confeccionado para atender uma população carente que trabalha nos canaviais, na agricultura familiar e como zelador de ruas. Fica claro que o chapéu de palha não é apenas um artigo festivo utilizado nas Festas Juninas, é principalmente um instrumento de trabalho, utilizado como um acessório de proteção contra a incidência solar. O chapéu também favorece a quem produz, apesar de pequeno lucro, é uma fonte de renda e sustento de muitas famílias juripiranguenses. O trabalho artesanal da palha de carnaúba é característico de Juripiranga, visto que não só confeccionam o Chapéu, mas também vassouras, e artigos como bolsas, sandálias, bonecas, quadros, entre outros, que são vendidos as demais cidades circunvizinhas e até em pequena escala, a outros países. Esta confecção diversificada é produzida na Cooperativa de Juripiranga, feita por mulheres da própria cidade, que dinamizam e caracterizam o município com um trabalho artesanal e cultural. É a cultura fonte de toda identidade do lugar e nela está marcada a história de cada sociedade. É desta forma que essa pesquisa esclarece a importância de cada lugar, mesmo que este não detenha das melhores e mais atuais técnicas que rege a economia, o importante é conter marcas/registros que até os dias atuais possam ser identificados, analisados e presencia-los através de uma perpetuação cultural. Ratificando que cada lugar é único e prevalece a história e as transformações especificas de cada sociedade. Juripiranga é um município que atende a poucas atividades de trabalho, por isso, a.

(25) 25. necessidade dessas famílias de permanecer a décadas trabalhando na confecção do chapéu de palha. Através da análise do espaço/lugar, trabalho e cultura constata que os elementos que compõem o espaço são dinâmicos e estão em constante transformação, sendo moldados pela sociedade. Salienta-se que apesar do dinamismo existem elementos que podem não sofrer a ação do tempo, como o chapéu de palha, perdura com as mesmas etapas e formas de confeccionar. Comprova que no lugar os elementos podem ao longo do tempo, permanecerem com uma mesma forma, função, estrutura e processo, relacionados a interação entre sociedade/meio.. 7 REFERÊNCIAS CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Editora Ática, 1987. CORRÊA, Roberto Lobato. ROSENDAHL, Zeny. Introdução a geografia cultural. 5ªed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. IBGE 2010. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm> Acesso em 10/ 06/ 2012.. MASSEY, Doreen B. Pelo Espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand, 2008. RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do poder.São Paulo: Editora Ática S. A. 1993. SANTOS, Milton. Espaço e Método. São Paulo: Livraria Nobel, 1985. . Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo: Editora Hucitec, 1988.. ________. O Espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos.Rio de Janeiro: F. Alves, 1979.. VALENTE, Waldemar. Serrinha: Aspectos antropossociais de uma comunidade nordestina. Recife: IJNPS – MEC. 1967.

(26) 26. APÊNDICE.

(27) 27. MODELO DE QUESTIONÁRIO Aplicado as mulheres artesãs do chapéu de palha. Variável: 30 mulheres Fonte:Evyllaine Matias Veloso Ferreira. 01. Idade: 02. Profissão: 03. O que leva você a trabalhar na confecção do chapéu de palha? ( ) Necessidade financeira ( ) Prazer no que faz ( )Outros 04. Para você o chapéu de palha representa o que: ( )Cultura ( )Símbolo de festas juninas ( )Artesanato manual ( )Outros. (. 05. Há quanto tempo trabalha nesta confecção? ( ) Um ano ( ) Dois anos ( ) Três anos ( dez anos ( ) Mais de dez anos ( ) Outros. ) Cinco anos. )Fonte de sustentabilidade. (. ) Menos de. 06. Quantas pessoas em sua casa trabalham na confecção do chapéu de palha? ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( ) Mais de 4 pessoas 07. Qual é o lucro por mês que você ganha, com o seu trabalho? ( ) Um salário mínimo ( ) Menos que um salário ( ) Outros 08. Qual o valor do chapéu por unidade? ( ) R$ 4,00 ( ) R$ 3,00 ( ) R$ 2,00. ( ) Outro valor. 09. Quanto tempo necessita para confeccionar o chapéu? ( ) Mais de um mês ( ) Um mês ( ) Duas semanas ( ) Outros 10. Gosta de realizar este trabalho? ( ) Sim ( ) Não. (. )Uma semana.

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Referências

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