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da Escola de Comunicaçã
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da UFRJ
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CORPO DOCENTE DA ESCOLA DE
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COMO
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Prof.Dr.GuilhermeSias Barbosa
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Profa.Dra.Miriam Therezinha Fonsecade Carvalho
Universidade Federal doRiodeJaneiro
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Profa.Doutoranda Anna Maria FaustoMonteiro deCangalho
Pontif ícia Universidade Católica doRiode Janeiro
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-“Soloésmãe gentil**:a questãodapinturade“
Paisagem: Carátere
Natureza doBrasil".RiodeJaneiro,UFRJ, CLA,EBA,1993.
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ix,235f.,32 il.
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' Dissertação:Mestre em História da Arte(HistóriaeCríticada Arte).
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1.Arte no Brasil2. Visões daNatureza p
3.PinturadePaisagem 4.Imagem e Memorialismo
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I.UniversidadeFederaldoRio deJaneiro
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“Do quea terramais garridaTeus risonhos lindos campostêmmais flores
Nossos bosquestêm maisvida
Nossa vida noteuseio mais amores.”
Osório Duque Estrada
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“Maso historiador da arte tem de considerar
tanto as qualidades individuais como as
nacionais. Só a interação destas com uma
época é capaz de traçar um quadro completo
da arte de um
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íodo dado, tal como oconcebemos
.
” Nikolaus Pevsner On
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“Oconhecimentodasimagens,de suaorigem,
suas leis, é uma das chaves de nosso tempo.
Para compreendermos a nós mesmos e para
necessário
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nos expressarmosconheçamosa fundo o mecanismodossignos
aosquaisrecorremos."
Pierre Francastel e que
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\Dedico esta Dissertação aos servidores
públicos que espartanamente trabalham no
ensino, na pesquisa e na preservação da
memória do patrimónioartístico nacional,em
especial, aos companheiros de equipe da
Divisãode Programas Educativo-Culturaisdo
Museu Nacional de Belas Artes e, ainda, a todos osmeusalunos,aosquaisesta pesquisa
se destina, para que reúna aqueles que
conservarãovivoocompromissodeconstruir
aHistóriada ArtenoBrasil.
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\AGRADECIMENTOS
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Aos Mestres de Sabedoria, que com justiça e amor constroem o conhecimento do Universo;
Aos pintores e a todos aqueles que, ao longo dos séculos, produzem ou preservam a
documentaçãovisualquesetomaobjeto de estudoepesquisaparaos historiadores daArte;
Aosmeus pais,AmandioeMaria do Céu,porsuaajudaeamparoemtodososmomentos;
Ao Professor Dr. Guilherme Sias Barbosa, por sua orientação sensível e incentivo em todas as horasea quemofereço asdescobertas aquiapresentadas;
AoProf
.
DonatoMello Júnior,portudo que representana historiografiadaArteno Brasil;Àsprofessoras SoniaGomesPereira,Maria Heloísa FenelonCosta eLiana Silveira Noya, quecompuseramacomissãono exame de seleção quando domeuingressoaoCurso;
Aosprofessores AluízioRamos Trinta e AgenorRodrigues Valle, porseusexemplosque
dignificamavidaacadêmica;
ÀsprofessorasAna Belluzzo,LianaRosemberg,Margareth da Silva Pereirae Anna Maria
Fausto MonteirodeCarvalho,por todo o seu apoio eencorajamento profissional,pois sempre acreditaramno meu trabalho,oeternoreconhecimento;
À Professora Dra. Miriam Therezinha, que gentilmenteaceitou oconvite para compora Banca Examinadora;
À Ana MariaeMárcia Loureiro,pelapaciênciaeamizadeaolongodestesanos;
AoJosé Rodrigues Neto,pelalocalizaçãodostextos bíblicos;
AoAdilsone Tobias,pelatolerânciaecompreensão nashorasdifíceis;
Àtoda equipe de Monitores do Museu, peladedicaçãoemsuasfunçõese, emespecial, a Sergio AlcântaraeVicente doCarmo,pelo empenhono exercíciodesuas tarefas;
Ao Antônio Rainha,pelarevisão ea Carlos Velho,pela versãoem inglês;
Ao Raul Lima e ao Antônio Caetano (“Tuninho” ), pelas imagens que compõem a
referência visualdestaDissertação;
Ao colegade curso,Carlos Terra,peloauxílio na normatizaçãodestetrabalho;
ÀSuelideLima Teixeiraque,com sua especialatenção,semprenosrecebe comternura; e
AoSergioLaksque, com paciência interpretativaevirtuosismo profissional,diagramou e editorouestetrabalho.
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RESUMO
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\O homem vêeadaptaa natureza a seus própriosinteresses,elea humaniza ou adestrói,
tomando-a algo para si ou para o seu controle ou ainda a quer para uma interpretação
aprazíveloupitoresca
.
Anoção denatureza, ou aque delaformamos, éumaidéia cultural.A ideiadenatureza ou
qualqueroutrosentidoquea ela seatribui,dependendo do períodoedo meio de expressão,
tem no binómio arte-natureza um jogo de espelhos múltiplos com perguntas como: a arte
espelhaa natureza, ou a naturezaéoespelhoda arte?
A arte no Brasil testemunha o surgimento da pintura de paisagens, com a produção
imagética dos pintores viajantes que aqui buscavam ou o exótico na paisagem ou oprincípio
documentalista e, assim, forneceram gradualmente vasto material para a produção de álbuns
iconográficos que foram publicados nos centros culturais europeus e nacionais
.
Na culturabrasileira o binómioarte-natureza assume um perfil fugidioe misterioso
.
A interpretaçãodanatureza,no Brasil, nunca representou uma idéia abstrata, ao contrário,foisempre evocada ora
como domínio da ordemoracomorestauraçãodocaos.
As primeiras representações pictográficas das terras brasileiras encontram no pintor
seiscentista Frans Post sua materialização.NelasPost revela uma fascinaçãosobrea paisagem
do desconhecido
.
As terras do Novo Mundo exerceram sobre Frans Post uma enigmática revelaçãodo homem diante do mundo natural.Já nos setecentos será LeandroJoaquim que terá na pintura de paisagem o objetivo de
narrar cenograficamente a própria história de sua cidade, aspirando produzir uma
documentação das localidades numa visualidade que revelaria um “olhar de visitante” à
cidade,materializando emsuas telasa descobertada naturezacomo fenômenoestético.
Porém, nos oitocentos, com a implantação do ensino oficial da Academia Imperial de
Belas Artes,tinha a pintura de paisagem uma atividade subordinada aostemas principaisdos
quadrosenelesatuavacomo mero complemento.Entretanto, foi comos pintores viajantes que
as observações da natureza se tomaram foco para a apreciação do mundo natural, que até
então não havia sido explorado e descoberto em todo o seu potencial estético nos séculos
anteriores da Arte noBrasil.
Assim, estaDissertação visa interpretar
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analisara produçãovisual dos artistas que,diante dadescobertaestética daspaisagensqueas“terrasnovas” lhe ofereciam,postularam um novoideárioimagético
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.Man sees and adapts nature to his own interests
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He humanizesor destroysit turning it into something forhimself or under his control, or desires todrawa pleasant or picturesque interpretation fromit.
The notion of nature, or that which we from of it is a cultural idea. Depending on the period in time and on the medium by whose means it is expressed, the idea of nature or any other sense attributed to it has, in the art
/
nature context, a set of multiple mirrors with questions suchas whether art reflectsnature,or natureisthe mirrorof art.
Art in Brazil witnesses theemergence of landscape painting in the production of images
by traveler painters who came here searching either for the exotic in such landscapes, or
movedby thedesiretodocument what theysaw,thus gradually providingvast material for the
production of iconographyalbumsthat were publishedboth in European and Brazilian cultural
centers.In Brazilian culture,theart
/
naturecontext takeson afleeting and mysterious profile.
The interpretation of paintings depicting nature has never represented an abstract idea in
Brazil
.
On the contrary, it has always been evoked either as the domain of order, or as therehabilitationofchaos
.
The first pictorial representations of Brazilian landscapes were those of the 17th century
painter,Frans Post.In them,Post reveals a fascinationforthe landscapes of the unknown.The
lands of the New World exercised on him an enigmatic revelation of man faced with the
natural world.
In the 18th century,it wasLeandro Joaquim who first had the objective of narrating the
history of his own home town scenographically
.
His aim was to document the various localitiesasthey would appeartotheeyes ofa vision.Hematerializedthe discovery of nature asan esthetic phenomenon in his pictures.
However, in the 19th century, with the implementation of the official teaching by the
Imperial Academy of Fine Arts, landscape painting was required to be subordinated to the
principal themes of paintings and become a mere complement to them. Nevertheless, it was through the traveler painters that the observations of nature became the centerof interest for the appreciation of the natural world, whose whole esthetic potential had not been explored and discovered in the previous centuriesof Art inBrazil
.
Thus, this dissertation aims to interpret
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analyse the visual production of the artists who,faced with theesthetic discovery of the landscapes of the “New World”, postulateda newset
of image-based concepts
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«À MANEIRADEUMA NOTA PRELIMINAR 1m
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INTRODUÇÃO 7rs
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A ARTE EANATUREZAII.1 DOBELONATURALAO BELO ARTÍSTICO 19
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II.2 AARTEIMITAANATUREZA
35 II.3 APAISAGEMNA ARTE
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.V* 40II.4 APINTURADEPAISAGEM:“OREAL E OSEUDUPLO**
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50III
.
FRANS POST EASPAISAGENSTROPICAIS-
111.1 SAUDADESDOBRASIL 50111.2 UMOLHAR TOPOGRÁFICOSOBRE A PAISAGEM BRASILEIRA
111.3 UMNÁUFRAGO COMOESPECTADOR
111.4 OTEATRODONOVOMUNDOOUASCENSÃOEQUEDADEUMPARAÍSO TERRESTRE
57
65 74
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A PINTURADE PAISAGEM NOS ELÍPTICOS DE LEANDROJOAQUIMIV.l A PINTURA ELÍPTICA: CONTEXTO,FORMA E SIGNIFICAÇÃO
IV.2 CH1NES1CES EVEDUT1SMO NA PINTURADOSELÍPTICOS
IV.3 LEANDROJOAQUIMEACONSTRUÇÃO DO OLHAR
93
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93O
104O 112
V.“SOLO ÉSMÃEGENTIL”:A PINTURA DE PAISAGEM NOBRASIL OITOCENTISTA
V.l “PAISAGEM: CARÁTERE NATUREZA DOBRASIL**
139
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139
147
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\ V.2 EMILBAUCH:UMOLHAR SOBRE O NOVO MUNDOV.3OOLHAR MODERNO SOBRE A CIDADE: O PANORAMA DE VÍTORMEIRELES
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.
4 ORETRATO:A PAISAGEMEO SER NA FICÇÃODASIMAGENSV.5 UMALIÇÃODE ANATOMIA: A NATUREZA MORTA NA PINTURA DA ACADEMIA
V.6 “SEGUINDO VIAGEM**:MEMORIALISMO,SUJEITO E A PAISAGEM
154
r\ 164
172
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177VI
.
“VISÕESDOBRASIL” OUUMANATUREZAREVISITADA...
CONCLUINDOMASNÃOTERMINANDO ...
184VII
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGR ÁFICAS 188201 ANEXOS
ANEXOI:ENSAIO SOBRE A LITERATURA ARTÍSTICA NA BIBLIOGRAFIA BRASILEIRA
ANEXOII:IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE PERSONAGENS OU PONTOS GEOGR ÁFICOS NAS
TELAS MORTE DOPADREFILIPEBOUREL,BATALHA DOS GUARARAPES, BATALHA DOAVAí E PLANTA DA CIDADE MAURÍC1A
202
206
ANEXO III:RELAÇÃODASOBRASESTUDADAS:ACERVO DOMUSEUNACIONAL DE BELAS ARTES 210
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À MANEIRA
DE
UMA NOTA PRELIMINAR
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Por que fazer uma apresentação?1 Pode parecer à primeira leitura algo atípico,
transgressor das normas científicas que permeiam os trabalhos acadêmicos para titulação
.
Entretantoofaçopor motivosque nodecorrerdotextotomo-osexplícitos.
Peçoacompreensão detodos que a lerem,pois para chegaratéeste momento,opercurso foi árduo,em cujocaminho as dificuldadessurgidasseapresentavamquaseintransponíveise
tomavamameaçadora apossibilidade deconclusãodocursodeMestrado.
A inclusãodesta parte no trabalho não compromete o todo da monografia,sua leitura é
facultativa e não contém argumentaçãoteórica. Contudo, lê
-
la é conhecer-me, viajar por meutempo pretéritopreparadoreembriãodestemomento.Obrigado porvocêcompartilharcomigo
do agora e incluir-se nos meus segredos mais íntimos, nas minhas dúvidas, inquietações e
dificuldades.Aquivamos
Comeceiminhasatividades profissionais fazendo o último anodocursodegraduação,em
1981,noMuseu Histórico doEstadodoRiode Janeiro
—
MHERJ,em Niterói,popularmenteconhecido por Palácio do Ingá
,
e por sermos uma pequena equipe (sete profissionais,incluindoa direção)dividía
-
mosastarefasdeforma indistinta. Este tipo de atuação, aoinvés de conferir restrições, ofereceu a possibilidade do exercício freqüente da descoberta dasry X
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/sEsta iniciativa dcve-se ao fato de nossa participação em umencontro, em dezembrode 1992, no Museu Lasar
Segall/SP, cujatemáticaeraa própria trajetóriadainstituição.Tudofoianalisado desde a criaçãodoMuseu Lasar Segall, incluindo,nasanálises,opercurso da"vida” institucionalefuncional.Umaespécie de Memorial.
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G grandezas e limitações de minha formação acadêmica e o confronto com o trabalho
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coqueacabara de iniciar.
Aomesmo tempo,pudemeaperceber das potencialidades queoexercício profissional em uma instituiçãomuseológica podia oferecer. Embora o MHERJ tivesse sido criado para sero guardião da história do antigo Estado do Rio de Janeiro (antes da fusão com o Estado da Guanabara em 1975)
,
osobjetos quenele estão guardadosformam umacervo eminentementeartístico constituídodepinturas,esculturas, mobiliárioeartedecorativa,entreoutros.
O período aproximado de dez meses de minha permanência no MHERJ e o contato freqiiente comopúblico visitante permitiu que meu interesseseacentuassecada vezmais na
análise e leitura do objeto artístico, culminando com a montagem de uma exposição
retrospectiva da obra de LucíliodeAlbuquerque no2°semestrede1981.
Esta exposição teve intensa repercussão, pois foi a primeira grande exposição que o MHERJ organizava ao público niteroiense
.
E entre seus visitantes esteve presente orecém-nomeado diretor2 do Museu Nacional de Belas Artes que reconheceu e elogiou o
empenho de todaaequipe na recuperação e divulgaçãoda obra doartista. Ao perguntarsobre
a curadoria ficou surpresoao saber que parte dela foi desenvolvida por umalunodo cursode
Educação Artística da UERJ.Procurou-mee,parabenizando
-
me,
fêz umconvitepara integraraequipe de trabalhoqueoraelereorganizavano MNBA.
Destinoou maldição? O tempo ainda o dirá
.
Entretanto, no primeiromomento oimpactodo convite foi suplantado por umaalegria incontida.Refeitoda honraria,pois assimsenti
-
me estupidamente “honrado”, preparei a documentaçãonecessáriae fui devotar corpo ealma ao novo trabalho, participando do projeto Museus IV da Fundação MUDES (Movimento Universitáriode DesenvolvimentoSocial,comsedenoRiodeJaneiro).
O trabalho iniciou em março de 1982 na área de educação em museus3, na qual
permaneçoatéa presente data e cujos objetivos primamem redefinir o espaçode um museu
de artes não como mero expositor ou apresentador de objetos reconhecidos e
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^"G2. Ocargo foi exercido entreoutubrode1981 e17de dezembro de 1990.
3. Esta áreafoi legitimada em todos os museus brasileiros nofinal dos anos 70.
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institucionalizadosda Cultura, masatravésdeles, fazer comque ovedor da obra perceba que
eletambéméumpotencialcriativoprodutordeumsaberefazerartístico, seassimodesejar
.
Pautei, portanto, no decorrer destes longos onze anos4 uma atitude espartana de compromissoscom asociedade brasileira,guardiãe mantenedora de umacervoinigualável e para quem deve ser exposto para o conhecimento de todos irrestritamente.
Os projetos que desenvolvíamos para esteintuito foram sempre bem recebidos pelos professores, alunos e ascamadas mais populares dos nossos usuários
.
Em contrapartida tínhamos um grupo mais ortodoxoquerefletia bem odiscurso oficial, no qual a Educação nãoé prioridade.Mas aindaestamosnaluta enquanto resistirem as forças.
Verifiquei também que, com o passar do tempo, nossas propostas e conceituação se
esgotavam paulatinamente, visto não possuirmos, e nem tão pouco ser uma prática
institucional,uma vivência acadêmica que oferecesse a realimentação permanente de idéias,
teorias e a aplicação efetiva da interdisciplinaridade sempre necessários às instituições
dinâmicas, comoé o caso dosmuseus.
Resolvi, portanto, retomar aos bancos universitários e fazer uma complementação pedagógica concluindo o cursode Pedagogia5. Entretanto se fazia necessário o estudo mais aprofundadodo meu objetode trabalho,a obra de arte, sua história e as teorias da produção
artística
.
Fui então buscar estes conhecimentos no curso de Especialização em Arte e Arquitetura no Brasil da PUC-RJ6, devido a sua notoriedade nos círculos acadêmicos daépoca
.
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VSucessototal! O cursoextremamente bem articulado possuía um corpo docente dedicado
e incentivador
.
Ao concluí-
lo fui encorajado por minha orientadora a prosseguir os estudoscandidatando-meao Programa de Mestradoem História da Arte na EBA
-
UFRJ.
E aquiestou7.
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4. Iniciei em 1982 pela Fundação MUDES; em janeiro de 1983 até fevereiro de 1985, contratado por serviços prestados e de marçode1985 efetivadono quadro permanentedo MNBA.
5. Fiza habilitaçãoem Supervisão Escolar(1987),posteriormente concluí a habilitaçãoem Administração Escolar
(1989), ambas na UERJ.
6. Este curso é dividido em quatro semestres letivos, com um elenco de doze disciplinas. Está vinculado ao
Departamento de História.
7. Para freqiientar o curso foi necessário que eu trabalhasse em regime de plantão, aos finais de semana para
compensar asoito horas semanais(em 40 h.de trabalho)em que meausentava para assistir as aulas. Esclareço, aqui,que esta monografiaem toda asua totalidade refere-se aoestudo doacervo do MNBAe foi toda preparada
duranteos meusperíodos de ferias.
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\Ambos os cursos propiciaram uma nova atitude de trabalho com referenciais teóricos
desconhecidos na quase totalidade pelos demais técnicos do MNBA8
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,promovendo a implementação dos projetos já desenvolvidos, assim como o desdobramento
em açõesmaiseficazes.
Entretanto, a maldição se faz cumprir com a malfadada “reforma” administrativa
implantada pelo governo federal queseinstalara em 1990.O mesmodiretor que meincluiu9
em sua equipe pede o meu afastamento de maneira juridicamente imotivada em julho do
O atualizados
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mesmoano.Desespero! Uma década de serviços prestados à sociedade brasileira, com dedicação e
eficiência
,
sevia ruir sem nenhuma explicaçãopor parteda direçãodoMuseu.Novamente preparei toda a documentação, destavez nãomais parainiciar novo trabalho
mas sim para resgatar o direito às atividades, prematuramente amputadas de forma cruel e
planejada,eportantorecorrià justiçaumaavaliaçãodos meusdireitos trabalhistas10.
Justiça! Quatro meses depois o vínculo empregatício foi restabelecido e o retomo ao MNBA foi garantido através de mandado judicial aplicado, inclusive, com “força policial”
conformetermosda juízada39aJGJ
/
TRT-RJ11.
Após toda esta peregrinação e sucessivas vitórias, ocorreu a mudança na direção do
museu
.
Todo oquadro funcional é reorganizado e apresentamos à nova administração nossascredenciais
.
Apósanálise da documentação, osservidoressão remanejadose empossados emnovas funções. Foi assim que em outubro de 1991 fui empossado na função de responsável
técnico da área de educaçãodoMNBA.
A partir de então, resgatei meu potencial espartano e reestruturei uma equipe e redefini
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\ O8. Emumuniverso de 130 servidores,apenasdoispossuemcurso de aperfeiçoamento,três, cursodeespecialização c três,cursodemestrado.Nestaestatística incluo minha titulação.
9. Nem todos que iniciaramsuas atividadesnoMNBApermaneceram nodecorrer dos anos.Seus contratos nã oeram renovados.Houve,portanto, umaseleçãoduranteestesanos.
10.Durante estes meses tivemoso pagamento suspenso,dificultandonossocotidiano.Até omomento nãorecebemos estes quatromeses,aguardandoa sentença finaldomérito.Neste ponto, vale destacarqueo29 semestrede1990foi bastante tumultuado por todos os motivos expostos e pelas freqiientes audiências no TRT, e assim não pude cumprir com as exigências burocráticas do curso de Mestrado, tendo encaminhado via SEDEX os trabalhos
acadêmicosdasdisciplinasElementos de Pesquisa em HistóriadaArtenoBrasil e Pintura do Brasil noSéculo XIX
que, embora dentro do prazo fixado, osmesmosnão passaram pela inspeção da Coordenação do Curso e, portanto, seusconceitosforam decrescidos deumapontuação em seu valor(de A para B).
11.Toda a documentação encontra-se no processo n9 1408/90do TRJ/RJ e tem servido de orientaçãoa processos
congéneres.
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nossa política de ação educativa-cultural12 para o Museu.
Nesta nova luta estabeleci como fundamentação teórica a aplicação do modelo conhecido no universo acadêmico como Metodologia Triangular do Ensino da Arte13 que se baseia; na história da arte, no fazerartístico(ou produção)ena leitura da obradearte (fusãoentrecrítica eestética)
.
ApartirdestaMetodologia argumentamos todos os nossosprojetos, estudos einvestigaçãoem História da
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Arte.
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Portanto, esta monografia, para obtenção do grau de Mestre, materializa exatamente aprimeira etapa da Metodologia Triangular por nós desenvolvida no museu. Embora numa atitudesolitária,muitasvezes incompreendida, quesetransforma cotidianamenteem posturas “guerreiras” naproteçãodo patrimónioartístico-culturale na investigaçãodo objetoartístico.
Destaco, também, a ausência total de uma política cultural preservacionista do património,
acarretando seusucateamento, que é fato verificadoemtodaaimprensanacional.
Enfim, é pelo expostoquefaçodomeu cotidiano umaprática espartana na investigação
artística,numalutacontraaamnésiadamemóriaartística nacional queapolítica públicatenta
implantar, negando o saber ao poder do povo, e aproveito para reproduzir o diálogo entre o
editor Garamondeo narrador Cassaubon:“[...] Mas é que a investigação precisa,como hei de
dizer,de umcertoespírito espartano
.
Docontrário,não seacreditarianela.
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\12. Encaminheimemon241/92/SEPEC-MNBAaopresidente doIBPC,apresentandoestasnovaspropostas.
13.Movimento iniciadonadécada de80nos EstadosUnidospeloprofessorJohn Swift doGettyCenterforEducation
in theArts,intitulado DBAE— Discipline Basedon ArtEducation.NoBrasilaDBAE foi adaptada porAnaMae
Barbosa(ECA-USP),sobadenominaçãodeMetodologia TriangulardoEnsinodeArte.
14.Eco,Umberto.OPêndulo de Foucault.SãoPaulo,Difel, 1989,p.224.
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>Luiz Fernando VERÍSSIMO
charge Domingo, n.867, ano 17 Jomal do Brasil, 13/12/1992
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/‘'v“Estamosrodeados porcoisasquenãoforam feitaspornós equetêm umavida e
estruturadiferenteda nossa:árvores,flores, selva,rio, colinasenuvens.Desdehá séculos que nos inspiram curiosidade e respeito, e têm sido objetos de nosso prazer. Têmo
-
las recriado na nossa imaginação refletindo assim os nossos estadosde espírito.E temos pensado nelas como elementos de uma idéiaa que chamamos Natureza. A pintura de paisagem marca asfases da nossa concepçãodaNatureza. r\
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Oquenestacitação pretendeo autor aodizer com“refletindo nossosestados de espírito”
ou entãocom “marca asfases da nossa concepçãoda Natureza”? Que interpretaçãodoolhar pretende KenethClark,aofazerestes comentários?
É fato que este texto2delineia uma nova atitude deste historiador da arteem relaçãoàs
obras que apresentam a pintura de paisagens. Estas análises não foram agrupadas
3 nem
estudadascomocategoriaemsi,nematravésdeexposições4ou de publicações,quandomuito,
as encontramosde forma diluída em algunstítulos ou emmostrasexpositivas5deformageral.
O tratamento da paisagem em pintura, embora dividido em categorias de naturalista e
clássico,pitoresco e sublime, derivasempreda observaçãodanatureza.
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r\^\ 1. Clark,Keneth.Paisagem naArte .Lisboa,Editora Ulisséia,s.d.,p. 19.
2. Otextointegral data de 1949efoiaprimeiratentativasistematizada do estudodapintura de paisagens.
3. A Professora Dra. AnaMariadeMoraesBelluzzodaFAU-USPdesenvolveumapesquisa analítica intitulada Os
pintores viajantes e a visão da Natureza.Estaabordagemse iniciaa partirdoséculo XVI indoatéas primeiras
décadasdoséculo XX.
4. A pesquisa Os pintores viajantes eavisão da Natureza estádivididaem móduloscujapropostaé também fazer umaexposiçãoligandoapesquisa acadêmica àsimagens estudadas,para umamelhorcompreensãodopúblico.
5. NareorganizaçãodaGaleria deArte noBrasil
—
Século XVIIaoXIXno MNBA—
setevea preocupaçãoem
reorganizarestasobras em umaúnicalateral da galeria,paramelhoraná lisedo público.
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Ainterpretaçãoimagética6da natureza temseuaparecimento7edesenvolvimento desde a Idade Média, porém é nossetecentos8que assistimos aonascimento de temasespecíficos do paisagismo em pintura. Não só as artes plásticas viram essa natureza. Esta experiência se verifica,também,em umaextensaliteratura9queseproduziua partir dosséculos XVII,XVIII
eao longo do século XIXequese debruçasobreasrelaçõesentre arte ea visãodanatureza
10.
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“Estes escritos delineiam uma nova sensibilidade em relação à paisagem e ao entorno da existência humana que é indissociável da própria questão do
conhecimentoeinstauram um novo significadoeuma nova função paraa arte e
para a arquitetura. Entretanto, essas reflexões em tomo de temas comuns
desdobram
-
se de maneira diferenciadaecristalizaram noções, atitudese formas que,emboramuitasvezes atémesmoantagónicas,estiveram sempre associadasà mesma palavra—
‘natureza’.”11O
Écertoque essas incursõespossuem implícitas a obsessão pela origem. Esta observação entendida comoo“começohistórico“12aoinvés dagéneseou a atemporalidade, pois se
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“a origem está sempre antes da queda, antes do corpo, antes do mundo e do tempo, de lado dos deuses,e para narrá-la se conta sempre uma teogonia, o
começohistórico seriabaixo,irónico.”13
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Assim,ospintores depaisagemseencontramdiantede“vistas“ bem definidas,delugares
famosos pela beleza ou pela história, compostos de elementos naturais e humanos a serem
imortalizados
.
O pintor paisagista fará sua peregrinaçãoentre o campo—
“mais anónimo eO
6. Nossos referenciais são paraapintura noOcidente.Somente nos meados doséculo XIXé quepintores conheceram
a artedo Oriente no movimentodo“japonesismo”.
7. Veresta abordagemna Introduçãodo livro de KenethClark,A PaisagemnaArte.
8. A Itália teve uma escola de pintura dedicada ao “vedutismo” (veduttas),na qual Canaletto e Francesco Guardi
foramseupontomáximona pintura.
9. Além da literatura oficial cabedestacaros diáriosdeviagem e ascartasdas descobertasdas“terrasnovas”.Como exemplo,acarta de Pero Vaz de Caminhasobreadescoberta do Brasil.
10. Veros verbetes Natureza e Mundo,ambos deGianni Micheli na Enciclopédia vol.18.Einaudi.
11. Ver Margareth Pereira, emArquitetura Brasileira e oMito, Revista Gávea,n.8,Rio de Janeiro,1990,p.3.
12.Flora Siissekind também analisaestepostulado em seu livroOBrasil não é longe daqui:onarrador;a viagem
.
São Paulo,Companhia das Letras,1990,cap.1.13. Foucault,M.Nietzsche,aGenealogia e a História,em Psicofisicado poder,p.18.
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universalem termos geográficos naturalistas”14
—
eacidade,maisestruturadaeidentificadacomnovosreferenciaisemconseqiiência da intervençãohumana
.
Ao mesmo tempo observamos uma obra de ficção para estas paisagens, nas quais são
incluídas freqiientemente ruínas numa atmosfera enigmática na reconstrução de um passado
ou presente momentâneo. Um outro aspecto é o da reprodução fiel das localidades15 como “precisas identidades geográficas,visitadas ouaseremvisitadas”16
.
Nesta relação arte
-
natureza temos o princípio aristotélico da arte como imitação danatureza17
.
Seupostuladoenuncia queN
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princípio orientador narelaçãoédado pelo momentoobjetivo que,porém, sendo também uma substancializaçãodos critérios que inspiramaarte,trazem si
o momentosubjetivo como elemento constitutivo. Aacentuaçãoda objetividade da natureza é,noentanto, significativaem si mesmaeplena de consequências” .
Portanto, os pressupostos da corrente aristotélica fornecem os primeiros indícios de
resposta às indagações de Keneth Clark, abolindo, assim, a idéia abstrata de natureza na
Renascençaeassumindo uma pluralidade de significados
.
Nacultura brasileirao binómioarte-naturezaassume um perfilfugidioemisterioso na sua
diversidade19, ou exemplar. A interpretação da natureza, no Brasil, nunca representou uma idéiaabstrata, ao contrário, foi evocada ora como odomínio daordem,ora como o domíniodo O
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caos20.
nEsta pintura da paisagem brasileira teve sua implantação21 e expansão por pintores
viajantes22
.
Alguns deles buscavam o exótico na paisagem ou o princípio documentalista eO 14.Letts, Rosa Maria
.
Acenos históricos sobre a representação da paisagem noturna italiana. In: Itália ao Luar.(catálogo de exposiçãonoMNBA),p.15.
15.NoRomantismo era comum a introduçãonaspinturas de ru ínasinexistentes as localidades pintadas.
16.Letts, RosaMaria.op.cit
.
tp.15.
17.TextoAPoéticadeAristoteles.18.Gianni,Michele,op
.
cit.tp.47.19.VerMargarethPereira,op
.
cit.
yp.5.20.Ospanoramas deVítorMeirelessobreoRio deJaneiroexpressam bemestanoção.
21.Nocaso deste trabalhoiniciaremoscom asobrasdeFrans Post.
22. Apresentei o rastreamento das obras destes artistas cm um trabalho para a disciplina Elementos e Pesquisa e
Análise da História daArteno Brasil
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forneceram vastomaterial para álbuns iconográficos quese publicaram23 e que foram muito
divulgados em grandescentrosda Europa
.
Não sóestesálbuns24 tiveram grande repercussãomasvale destacar tambémque os pintoresviajantes doséculo XIXseinstalarammuitasvezes
emateliêsde renomadosartistaslocaisouentãofundavam suaspróprias oficinas25.
Observa
-
se, ainda, que os pintores viajantes que por aqui andavam expunham seustrabalhos nas ExposiçõesGerais de Belas-Artes
.
É necessárioentãoentrelaçara vida culturalbrasileira com a transformação estilística da época na Europa, pois os artistas imigrantes26 contribuíram para estruturar a criação artística no Brasil27
.
A pintura e a escultura apresentavam-se, nos oitocentos, mais diversificadas graças a sua laicização progressiva datemática e em especial com a expansão da retratística, para qual negligenciar a colaboração
dospintores viajantes é reduzí-laouesteriotipá
-
lapelaaplicaçãode conceitosestéreis.Oacervoda produçãodestasimagens representa fato imprescindíveldeanálise nasartes
visuais nacionais,poisestasobrasfiguraramcomfreqiiência nasExposições Gerais,ganhando
corpo próprio e fortalecendo a pintura de paisagem a tal ponto que, na Exposição Geral de 1859,foi apresentada umasérie de quadros cujo conjuntointitulou-se “Paisagem
—
caráter enatureza do Brasil”
.
Verifica-se que estas obras deram, inclusive, um impulso a quepaisagistas renomados
—
ao verema beleza e fascíniode nossa vegetaçãorepresentadas emtelas, viessem ao Brasil e projetassem famosos jardins28 no urbanismo brasileiro como, por
exemplo, Glaziouao reformaro PasseioPúblico doRiodeJaneiro,a Quintada Boa Vistaeo
projeto do ParqueSão Clemente, em Nova Friburgo,que conserva quasea totalidade de seu
traçado original
.
Sóa visãoconjunta29 do número de obras desses artistas permite o estudoadequadodadimensãodos europeus itinerantes vindosaoImpério do Brasil ea compreensão do significado doacervoartísticoiconográficoproduzido porestespintores30
.
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r\ 23. Analisar-se-á,nestetrabalho,oálbum iconográfico de Emil Bauch guardadonacoleçãodoMNBA,
24. Osdiáriosdeviagem fornecem também valioso material literário e iconográfico. O próprio D.Pedro II emsua
viagem aoNordeste produziu um deles e está guardadonoMuseu Imperial. Vale lembrar, também,osálbuns
iconográficos dasexpediçõescientíficas.
25. O artista Briggsteveno Rio de Janeirosuaprópria oficina.
26. Inventariaram-se 243artistasno séculoXIX.
27.Oprimeiroteóricobrasileiroaabordarestecapítulo naArteBrasileirafoio professorMárioBarata.
28.Este capítulonahistória dourbanismobrasileiromereceser revisto,recebendoum estudosistematizado.
29. Localizou-seemcoleçõespúblicasnoRio de Janeiroumtotalde550 obras,não seincluindoaspeçasisoladasdos
álbunsdeviagem.
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i lPorém
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édese observarqueestesmestres que aqui chegarameram artistascategorizadosambiente de origemetransmitiamseusconhecimentosaosartistas locais,moldados no universo simbólico dosestilos dominantes na Europa e por vezes totalmente distanciadosda realidade brasileira. Acoplado a esta prática havia o modelo oficial imposto pela Academia que fora estabelecido por uma relação de poder através de um sistema de arte ligado ao
mecenato do Estado
.
Estes episódiosdaartenoBrasil, desde há muitotempo, vêm sendo salientados para uma necessidade sistematizada de estudo
.
Em 1949 o historiador norte-americano Robert Smith assinalava: no seu-
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\ “[...]épreciso que seja feito umapeloespecial com relaçãoaodesprezadoséculoXIX [...] O
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íodo do Brasil Imperial com sua Academia constitui um dos• • 1 1 capítulos mais brilhantesdaArteda América Latina.”
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Mas recentemente na apresentação do catalogo Arte Moderna no Salão Nacional, o
professorMário Barata diz: “A história doacademismo no Brasil ainda nãofoi escrita.Ada
.
Com base nesta declaração verifica-se que, natrajetória dasartesvisuais no Brasil,operíodoquefundamentaa “natureza” do ver na cultura
brasileira éesquecido em detrimento de movimentosmaisatuais por, talvez,serem estes,de
maior facilidade deanálise, pela proximidade ereconstrução doespaço
/
tempo.
Entretanto, osmovimentos queconstruíram a modernidade brasileira têmsua origem nas
inquietações dos artistas que, preocupados entre tradição e ruptura, ousaram questionar e intervirnoensinodaAcademia deBelasArtes e,desta forma,contribuíramcomaorigemdas
transformaçõesnasartesplásticas do Brasil
.
Observa-se,porém,que parafazerolevantamento da história do academismono Brasilé
necessário percorrer asgaleriasdo Museu Nacional de Belas Artes, poisesteéoguardiãoda
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32modernidade vem sendo levantada [
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t f S30.Espera-se que a professora Dra. Ana Belluzzoconsigaconcluira pesquisa Os pintores viajantes
e a visão da Natureza.
31.Smith,Robert.Manual de bibliográficos de estudos brasileiros.Riode Janeiro,Gráfica EditoraSouza,p.24.
32. Mário BaratainCatálogoArteModerna no SalãoNacional.RiodeJaneiro,FUNARTE(apresentação).
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maiorcoleção pública dearteno Brasil do séculoXIX
.
Todavia,analisarsomente a produçãoartística deste período é empobrecerahistoriografiada arte brasileira,poisrecorrerà produção
destas imagens sem verificar a formação da Academia, de seus professores e os conceitos
teóricos-formais e métodos aos alunos, assim como a proteção e financiamento do ensino artístico pela Família Imperial, éser imprecisona exploração das imagensedesgastá-laspelo uso abusivo de teorias estético
-
formais que analisam as artes visuais no Brasil oitocentista comosmesmosconceitosdaprodução artísticaeuropéia daquele período33.
Desta forma,é necessário quenãosóseorganizem museograficamenteasexposiçõesmas
que se explore os acervos transdisciplinarmente, pesquisando
-
os e formulando teorias quedecodifiquem as imagens produzidas deum período no espaço-tempo em umacultura
.
E quetécnicos e curadores responsáveis por estes acervos devolvam à sociedade uma análise
sistematizada dos mecanismosda produção imagéticaedesuaspossíveis significações.
Assim sendo, quando se apresentou o ante-projeto para esta dissertação, dividiu-se em
quatro tópicos, ou linhas de açãoparaapesquisa, que foram separados,destacando-se:
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1) a formação do artista brasileiro e as concepções estéticas orientadoras da visualidade
brasileira noséculo XIX,principalmenteos textosteóricos das aulas inauguraise osdiscursos feitos pelos diretores para a Congregação da Academia. Levar
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á em consideração asreformas e orientação do ensinofeitas no l2 Reinado, 2-Reinado e na República até asduas
primeirasdécadasdesteséculo;
2) Avaliaçãodoscritérios de julgamentodosSalões,poissãoestesosprecursores da críticade
arte no Brasil e de como os pintores viajantes residentes aqui contribuíram com uma nova
proposta formal
.
Neste ponto é fundamental os Prémios de Viagem e o intercâmbio comoutros centroseuropeus;
3) oreconhecimento das artes plásticas brasileiras nocenário mundial com a participaçãodo Brasil nas ExposiçõesUniversais, apartirde 1862,obtendopremiaçõesinternacionais
.
4)uma análise do movimento que ficouconhecidocomo a“RevoltadosModernos” (1888) até
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33.Devem-se analisarasteoriasestéticas trazidas por Debret e os quadros da MissáoArtística Francesa,assimcomoas contribuições dos Prémios de Viagem inovados em 1845.
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13.O
detonar no Salão dos Independentes (1889) que foi o l2 marco da modernidade nas artes
visuaisnoBrasil,como tambémosinfluenciadores dareformadeensinodaAcademia
.
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Portanto, estudaras Exposições Gerais e,posteriormente, os Salõesera a linha pontual do anteprojeto que tinha comotítuloOBrasil queinsiste em pintar
,
aforismo de ManuelBandeiraque dizia: ” 0Brasilinsiste em pintar.A prova disso éoSalãode nossa Escola de BelasArtes.
[..
.
]Assim,oSalãorepresentauma atividadeconsiderável.
”34Entretanto era umprojeto audacioso para uma empreitada solitária.Contudo rendeu seus
frutos, pois no l2 semestre de 1991 através do convite da professora Dra. Ana Maria de
Moraes Belluzzo (FAU
-
USP) se iniciou, em conjunto com outros pesquisadores daquela universidade, orastreamento de artistasviajantese suasobras relativas à pintura de paisagememcoleçõespúblicas ouprivadasno Rio de Janeiro35.
Nesta nova proposta, e a partir do levantamento das obras, modificou
-
se a primitivaproposição e decidiu-se por uma análise específica das obras de pintura de paisagem na
coleção do Museu Nacionalde BelasArtes,intitulando-seesta novafase“Soloésmãegentil”:
aquestãoda“Paisagem: caráterenaturezadoBrasil”
.
Esta reviravolta não se deu de forma oportunista como fruto de um pensamento ambientalistaculminado coma Rio-
9236
.
Lembra-seaqui queestaredescobertado “paraíso”já há muitosevinhaensaiando, inclusivecomasnovas tecnologiasda imagem,na quala TV
produziu séries jornalísticas e novelas37 que abordaram, de forma inusitada, a temática da paisagemnaturaleculturalno território brasileiro.
Como objetivo neste trabalho, analisar-se-ão as questões que permearam a visão da
natureza na pintura de paisagem,na coleçãodoacervodo Museu Nacionalde Belas Artes ese
fará caminho, transitando pelas descobertas dospintores viajantesou não, e se interpretará a
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r\ O34. Artigo publicado no jornal A Província,São Paulo,13/9/1928.
35.Nesta dissertaçãoutilizar-se-ásomente o conjuntodeobras da coleção doMNBA.
36.Reuniãoocorrida emjunho de 1992 no RiodeJaneiro,envolvendo paísesligados àONU,e que discutiu os destinos ambientalistas de preservação ecológicadoplaneta.
37. Destaca-seemespecial aTV Manchetecom o v ídeo Amazôniae as novelas Pantanale Ana Raio e ZéTrovão
.
Ressalta-se que os críticos de TV analisavamestas obrascomo setivessem uma linguagem“Zen”emsuasimagens.
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* 14“visão exótica” do mundotropical, (des)velandoas estratégias do imaginário contidasnestas o
obras.
Confrontar as observações da natureza por estes artistas, tomando-as um foco para a
apreciação da diversidade do mundo natural que até então não havia sido explorado e descoberto esteticamente em séculos anteriores, excetuando
-
se, no caso brasileiro, LeandroJoaquim(século XVDI)no Rio de Janeiro.
Porém,enquantoexploradores,estes pintoresextraíam elementos característicos da flora, faunaougentioe como geógrafosescolhiamrecantosde plenitudenatural ainda não atingidos
pela mão humana nas terras do Novo Mundo que tinham sua própria luz, suas cores, seus própriosrebanhoseflores.
Portanto, é interpretar
/
analisar a produção artística destes pintores que começava a assumir uma postura narrativa na qual a nova realidade, que surgia com a descoberta das“terrasnovas”,serviacomobasepara umainventiva criaçãoestéticaaserapreciada.
Assim, este estudo sobre a pintura de paisagem e a visão da natureza desenvolveu-se a
partirdaformulação de três hipóteses: O O O
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que a pintura de paisagem denota uma dualidade no jogo "Afirmação-
Homem" contra%38
"Presença-Natureza’ ;
—
postular sobre as questões da visão da natureza e seus desdobramentos no binómio na-tureza-artifício
,
no qualaintervençãohumanaredefine o mundonatural ao seu redor;e—
de como natureza-artifício toma-se um princípio paradoxal, no qual a intervenção daarquitetura redefine os espaços, antes puramente naturais, entre afirmação
-
homem epresença-natureza através da elaboraçãoda pintura dos panoramas que testemunhavam as
naturezas artificializadas em eterna mutação, determinadas por um mundo sempre em
movimento nas questões da modernidade
.
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\38.VerMargarelhdaSilva Pereira,op. cit.,p.3.
39. Idem,ibidem
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NMetodologicamente,o trabalhose estruturou apoiado no levantamento das obras40 cujas imagensse referem as questõesdaarte
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natureza,estudando artistas que de uma forma ou de outra lidaram coma especificidade da pintura de paisagens,quer sejam paisagens naturais—
cenas do campo ou da cidade
—
, quer sejam paisagens culturais—
urbanismo ou o gentioo» O
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local.
O Para tanto buscou-se, basicamente, apoio teórico em autores que privilegiam, na abordagem da História da Arte, as questõesda visualidade. Portanto o primeiro pressuposto teórico é retirado de Panofsky,no qual conceitua a obra de arte como um “objetofeitopelo
homemquepedeparaserexperimentado esteticamente”.Comparandoformaeconteúdo,esse
teórico desenvolve o conceito de que a idéia pode ser equilibrada e mesmo eclipsada pelo
interesse da forma. O segundo postulado é de Keneth Clark ao analisar que a pintura de
paisagem“marca as fases da nossa concepçãoda Natureza”
.
Assim sendo e a partir do cruzamento destes dois postulados dividiu-se em quatro
momentos apintura de paisagem daArteno Brasil,através,com quase totalexclusividade, das
coleçõesdo Museu Nacional deBelasArtes41:
—
I9 momento: A pintura do século XVII e as questões da visão do paraíso e a possívelreedificação doparaísoterrestrecomo forma de implantaçãodeumnovo sistema de poder;
—
2-
momento: O século XVIII e a pintura de paisagem como propaganda de Estado. Anatureza artificializada com a intervençãoestatal na suposta ideologia do bem-estarsocial
e asconseqiiênciasaohomem público;
—
39 momento: O ensino sistematizado de arte no Brasil—
século XIX e a pintura depaisagem in locu
.
As vistas panorâmicas e a redefinição do olhar do espectador com a criação dospanoramas circulareseonovo olharsobrea paisagem local,assimcomo sobrea pintura da naturezamorta;
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40.Optou-se em agrupar as imagens,que servem de análise ao nosso estudo, na abertura de cada capítulo,com o objetivodefacilitar a leituradas mesmas,assimcomo, de propiciar amelhorcompreensãodotexto
.
41. Ressaltamos que é parte integrante desta dissertação um vídeo que procurasintetizar imagedcamente as idéias pontuais deste trabalho.Este desdobramento,embora nãoentrenaanálise acadêmicacomorequisito para avaliação final,teve comoobjetivo reunir e destacar oconjuntototal de obras pesquisadas,que seencontram expostas ou
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49momento:Anaturezacompreendida comorepresentaçãoda"natureza humana” legadaàhistóriahumana,pela quala artenãocessade elaborarequestionar.Neste jogo desedução
estabelecido entre o modelo humano e a concepção do artista se estabelece um fluxo renovado de sensações e metamorfoses que podem, quem sabe, ocultar intenções
distanciadas do modelo original
.
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Portanto, a partir destas abordagens, tentou-se demonstrarqueo sistema de arte apresenta
os mesmos questionamentos e contradições que caracterizam um determinado momento
sócio-político-econômico42
.
E, também, verificam-se traços específicos que permitemconstatar verdadeiros subsistemas de produção visual, facilmente observáveis na pintura de
paisagem naarteno Brasileem especial,noscolecionadores.
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42. A Escola de Comunicação da UFRJ ofereceu, no l2 semestre de 1991 na Disciplina Teoria dos meios de comunicação/,ocurso“Visões do Brasil”,com o prof.JoelRufinodosSantos.O objetivo do curso era analisar,emtextos luso-brasileiros,asdiversas visões do Brasil impl ícitasou explícitas em textosliteráriosclássicos.
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A
ARTE E
A NATUREZA
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\A noçãode natureza, ou a que dela formamos, é uma idéia cultural ligada à verdade do
homem e sua interpretação do mundo,que tanto pormeio daarte,da filosofia eda ciênciase
expressa,nãocessandodeelaborar,refletirequestionar
.
A idéiadenaturezaouqualquer outrosentido que a ela se atribui, dependendo doperíodoe do meio próprio deexpressão, tem no
binómioarte-natureza um jogode espelhos múltiplos com perguntas como: a arte espelha a
natureza,oua naturezaéoespelho daarteou seriamumeoutrooreflexo do espírito?
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II
.
1 DO BELO NATURAL AO BELO ARTÍSTICO“OFilósofo
—
Estamos curiosos.Sendo tãorústicaem tuasmontanhas, em teusdesertos, em teus mares, gostaria de saber como te revelas, no entanto, tão
engenhosa em teus animais,em teusvegetais.
ANatureza
—
Minha pobre criança,quer queeutediga a verdade?É que me foidado um nome que não me convinha: chamam-me natureza, mas sou
inteiramente arte.
O Filósofo
—
Essas palavras perturbam todas as minhas ideias. Como? Anatureza nãoseriasenão a arte?
A Natureza
—
Sim,semdúvida. Nãosabes que existe uma arte infinita nessesmares,nessas montanhasqueachastãorústicos? Nãosabesquetodasessaságuas
gravitam para ocentro da terra, nãoseelevandosenão por leis imutáveis,que
essas montanhas que cinzem a terra são os imensos reservatórios das neves eternas queproduzemsemdescansoessasfontes,esseslagos,esses rios,sem os
quais meu gênero animale meu gênero vegetal pereceriam?E quantoaoquese
chamameusreinos animal, vegetal,mineral,não vês mais quetrês;aprendaque
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D O Ors
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euostenho aos milhares.Porémse tu consideras somente a forma deuminseto,
deuma espiga detrigo,do ouroedo cobre, tudo te parecerá maravilhas da arte»1
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NestediálogoescritoporVoltaireem1764,entreoFilósofoea Naturezapersonificada,se
reconhece na natureza uma manifestação artística que difere, somente, da arte humana pela
maior perfeição e pelo seu aspecto infalível
.
O diálogo acima materializa um pequenofragmento da extensa proposta literária ou filosófica iniciada noséculo XVII comquestões que envolviam as relaçõeshomem-arte-natureza
.
A natureza é um modo de ser do pensamento, à sua determinação exterior nas relações
homem-natureza
.
Neste contextoculturalasdiferençasde avaliaçãoreferem-seessencialmenteàsmodalidades de formulaçãoda finalidade da natureza
.
Assim,nósapreendemosa naturezaapenasatravésda idéia que dela formamos:uma idéia cultural,ligada à verdade do homem e
do mundoqueahistória humana,pormeio da arte,filosofiaeda ciêncianão cessade elaborar
equestionar
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Portanto, On
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“ A arteaparececomoepifenômeno da natureza que pode,segundo os casos easensibilidade do comentador, tomar o aspecto de excesso, de conclusão ou
traição, porémapesarde tudo,deve aorigem desuaexistência a uma imitaçãoda natureza
.
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r,2 p.
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'iEntão,a naturezaéoque existeparaalémda atividade humanaque possuia facilidade de
agir nanatureza epensarsobre ela
.
Na história da filosofia pode-se propor interpretações da idéia de natureza
—
qualquerqueseja a referência que a ela se atribui dependendoda época, um meio própriodeexpressão
—
que analisam,emdiferentesépocas,a presença “todo-poderosa” 3da ideologia naturalista nas
correntes do pensamento filosófico, que em alguns momentos assegura ao homem uma
tranqiiilizadoranoçãoda presença materna
.
UmanoçãodeNatureza mater,“Filhos da Pátriac
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„4C
n
p-1
.
ApudClémentRosset,AAnti-Natureza,Rio deJaneiro,Espaçoe Tempo,1989,p.57.2. Rosset,Clément.AAnti-Natureza,Rio de Janeiro,Espaço e Tempo,1989,p.13
.
3. Idem,ibidem,p.10.
4. A literatura brasileira do séculoXIX,assim comoos hinos nacionaisalimentavam subliminarmenteestaidéia.