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Exposição ocupacional a agentes biológicos em centros de triagem de resíduos

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Academic year: 2021

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ESCOLA

SUPERIOR

DE

TECNOLOGIA

DA

SAÚDE

DE

COIMBRA

Instituto Politécnico de Coimbra

E

XPOSIÇÃO

O

CUPACIONAL A

A

GENTES

B

IOLÓGICOS EM

C

ENTROS DE

T

RIAGEM DE

R

ESÍDUOS

Vânia Liliane Oliveira Fernandes dos Santos

(2)
(3)

ESCOLA

SUPERIOR

DE

TECNOLOGIA

DA

SAÚDE

DE

COIMBRA

Instituto Politécnico de Coimbra

E

XPOSIÇÃO

O

CUPACIONAL A

A

GENTES

B

IOLÓGICOS EM

C

ENTROS DE

T

RIAGEM DE

R

ESÍDUOS

Vânia Liliane Oliveira Fernandes dos Santos

Orientadora: Professora Doutora Marta Vasconcelos

Co-orientadora: Professora Doutora Joana Cardoso

Coordenador do Mestrado: Mestre Hélder Simões

Mestrado em Segurança e Saúde do Trabalho

(4)

iv

A persistência é o menor caminho do êxito. (Charles Chaplin)

“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito”. (Marthin Luther King)

(5)

v

Quando me propus para realizar o presente estudo encarei-o como “o” desafio a superar, obrigatoriamente. Conseguir conciliá-lo com a minha vida pessoal e profissional, alienado à distância, não foi nada fácil. Não teria conseguido concretizá-lo sem o apoio incondicional da Professora Doutora Marta Jorge de Vasconcelos Pinto e do Professor Doutor João Paulo de Figueiredo, cujo empenho e ajuda foram visíveis desde o princípio. Á Professora Doutora Marta Jorge de Vasconcelos Pinto que me orientou para a realização do presente trabalho, desde a pesquisa bibliográfica até ao trabalho científico resultante do mesmo, concedendo acompanhamento e disponibilidade ao longo deste percurso. Ao Professor Doutor João Paulo de Figueiredo pelo imprescindível apoio e orientação no tratamento estatístico. E à Professora Doutora Joana Santos Guerreiro coordenadora do projeto de investigação “Avaliação do risco biológico em unidades de recolha seletiva e aterro sanitário”. Agradeço igualmente aos restantes Professores do Mestrado, pelos conhecimentos transmitidos.

Durante todo este caminho, o apoio familiar foi imprescindível. Não consigo exprimir por palavras o carinho e a dedicação prestado pelo meu namorado, pelos meus pais e pela minha irmã. Ao meu Dinis, pelo apoio incondicional em todas as etapas, quer através da revisão de todo o trabalho, quer pelo afeto e amor ao longo deste percurso.

Por fim, gostaria de dedicar o presente trabalho aos meus pais, que sempre me incentivaram a ultrapassar todos os obstáculos, ao longo da minha vida.

(6)
(7)

vii Epígrafe ... iv Agradecimentos ... v Índice ... vii Índice de Gráficos... ix Índice de Tabelas ... xi Resumo... xvii Abstract ... xix

Lista de Abreviaturas ... xxi

1. Introdução ...23

1.1. Exposição ocupacional a agentes biológicos ... 25

1.2. Formas de exposição a agentes biológicos ... 31

1.2.1. Exposição por inalação ... 31

1.2.2. Exposição por contacto ... 32

1.3. Avaliação e gestão do risco biológico ... 32

1.3.1. Avaliação referente à exposição ambiental ... 34

1.3.2. A avaliação referente à exposição por contacto ... 39

1.4. Avaliação do risco biológico na indústria de triagem dos resíduos ... 41

2. Objetivos ...49

2.1. Objetivo geral ... 49

2.2. Objetivos específicos ... 49

3. Material e métodos ...51

3.1. Caracterização da amostra ... 51

3.2. Metodologias e recolha de dados ... 54

3.3. Tratamento Estatístico dos dados ... 55

4. Resultados ...57

4.1. Avaliação Ambiental ... 57

4.1.1. Contagem de bactérias e fungos viáveis tendo em conta os três pontos analisados ... 57

4.1.2. Avaliação do risco biológico (bactérias e fungos), na Zona Crítica ... 62

4.1.3. Contagem de bactérias e fungos viáveis nas diferentes empresas ... 65

(8)

viii

4.1.3.3. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa C .. 71

4.1.3.4. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa D .. 72

4.1.3.5. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa E .. 75

4.1.3.6. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa A ... 77

4.1.3.7. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa B ... 79

4.1.3.8. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa C ... 81

4.1.3.9. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa D ... 83

4.1.3.10. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa E ... 85

4.1.4. Sinopse da Avaliação Ambiental ... 87

4.2. Avaliação de Superfícies e Manipuladores ... 88

4.2.1. Contaminação microbiológica e fúngica obtida em amostras de indicadores de higiene e em amostras de ar ambiente na ZC tendo em conta os pontos de colheita ... 88

4.2.2. Contagem de bactérias e fungos viáveis nas diferentes empresas ... 95

4.2.2.1. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa A .. 97

4.2.2.2. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa B .. 98

4.2.2.3. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa C . 100 4.2.2.4. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa D . 102 4.2.2.5. Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa E . 104 4.2.2.6. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa A .... 106

4.2.2.7. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa B .... 108

4.2.2.8. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa C .... 110

4.2.2.9. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa D .... 113

4.2.2.10. Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa E .... 115

4.2.3. Sinopse da Avaliação de Superfícies e Manipuladores ... 117

5. Discussão ... 119

6. Conclusão ... 131

7. Referências Bibliográficas ... 133

(9)

ix

Gráfico 1 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de bactérias (ufc/m3),

em amostras de ar ambiente, na ZC, ZNC e PC ...59

Gráfico 2 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de fungos (ufc/m3), em

amostras de ar ambiente, na ZC ZNC e PC ...61

Gráfico 3 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de bactérias (ar ambiente- ufc/m3) na ZC ...62

Gráfico 4 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de fungos (ufc/m3), em

amostras de ar ambiente, na ZC ...63

Gráfico 5 - Diagramas de extremos e quartis das contagens da espécie Aspergillus niger (ufc/m3), em amostras de ar ambiente, na ZC ...64

Gráfico 6 – Diagramas de extremos e quartis das contagens do género Cladosporium spp. (ufc/m3), em amostras de ar ambiente, na ZC ...64

Gráfico 7 – Diagramas de extremos e quartis das contagens do género Penicillium spp. (ufc/m3), em amostras de ar ambiente, na ZC ...64

Gráfico 8 – Diagramas de extremos e quartis das contagens do género Rhodotorula spp. (ufc/m3), em amostras de ar ambiente, na ZC ...64

Gráfico 9 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de bactérias (ar - ufc/m3; manipulador e superfície – ufc/dm2) em amostras de indicadores de higiene e ar

ambiente ...91

Gráfico 10 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de fungos (ar - ufc/m3;

(10)
(11)

xi

Tabela 1 – Principais bioaerossóis que poderão estar presentes no ar [adaptado de (Goyer et al., 2001) ...27

Tabela 2 – Principais microbiotas que poderão estar presentes no ar [adaptado de (Goyer et al., 2001) ...29

Tabela 3 – Classificação dos Agentes Biológicos [adaptado de (Parlamento Europeu, 2000)] ...33

Tabela 4 – Microrganismos aéreos nas várias etapas de tratamento de resíduos [adaptado de (European Agency for Safety and Health at Work., 2007)] ...44

Tabela 5 – Contagem de bactérias viáveis tendo em conta os três pontos analisados (ufc/m3) ...58

Tabela 6 – Contagem de fungos viáveis tendo em conta os três pontos analisados (ufc/m3) ...60

Tabela 7 – Contagens totais de bactérias e fungos viáveis, por ponto de colheita (ufc/m3) ..61

Tabela 8 – Contagem de bactérias viáveis nas diferentes empresas (ufc/m3) ...65

Tabela 9 – Contagem de fungos viáveis nas diferentes empresas (ufc/m3) ...66

Tabela 10 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa A (ufc/m3) ...67

Tabela 11 – Avaliação do risco biológico (bactérias), na Zona Crítica, na Empresa A (ufc/m3) ...68

Tabela 12 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada bactéria identificada com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa A ...68

Tabela 13 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa B (ufc/m3) ...69

Tabela 14 – Avaliação do risco biológico (bactérias), na Zona Crítica, na Empresa B (ufc/m3) ...70

Tabela 15 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada bactéria identificada com

(12)

xii

(ufc/m3) ...71

Tabela 17 – Avaliação do risco biológico (bactérias), na Zona Crítica, na Empresa C (ufc/m3) ...71

Tabela 18 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada bactéria identificada com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa C ...72

Tabela 19 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa D (ufc/m3) ...72

Tabela 20 – Avaliação do risco biológico (bactérias), na Zona Crítica, na Empresa D (ufc/m3) ...73

Tabela 21 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada bactéria identificada com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa D ...74

Tabela 22 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa E (ufc/m3) ...75

Tabela 23 – Avaliação do risco biológico (bactérias), na Zona Crítica, na Empresa E (ufc/m3) ...75

Tabela 24 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada bactéria identificada com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa E ...76

Tabela 25 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa A (ufc/m3) ...77

Tabela 26 – Avaliação do risco biológico (fungos), na Zona Crítica, na Empresa A (ufc/m3) .77

Tabela 27 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada fungo identificado com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa A ...78

Tabela 28 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita,

na Empresa A ...78

Tabela 29 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa B (ufc/m3) ...79

(13)

xiii

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa B ...80

Tabela 32 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita,

na Empresa B ...80

Tabela 33 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa C (ufc/m3) ...81

Tabela 34 – Avaliação do risco biológico (fungos), na Zona Crítica, na Empresa C (ufc/m3) .81

Tabela 35 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada fungo identificado com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa C ...82

Tabela 36 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita,

na Empresa C ...82

Tabela 37 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa D (ufc/m3) ...83

Tabela 38 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa D (ufc/m3) ...83

Tabela 39 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada fungo identificado com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa D ...84

Tabela 40 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita,

na Empresa D ...84

Tabela 41 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa E (ufc/m3) ...85

Tabela 42 – Avaliação do risco biológico (fungos), na Zona Crítica, na Empresa E (ufc/m3) .85

Tabela 43 – Média das contagens totais (ufc/m3) de cada fungo identificado com

classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa E ...86

Tabela 44 – Contagem de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita, na

Empresa E ...86

Tabela 45 – Contagem de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita, em

(14)

xiv

ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ...89

Tabela 47 – Contagem de fungos viáveis tendo em conta os pontos analisados (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ...92

Tabela 48 – Contagens totais de bactérias e fungos viáveis (ar - ufc/m3; manipulador e

superfície – ufc/dm2), obtidas em amostras de indicadores de higiene e em amostras de

ar ambiente, na ZC ...94

Tabela 49 – Contagem de bactérias viáveis nas diferentes empresas (ar - ufc/m3;

manipulador e superfícies - ufc/dm2) ...95

Tabela 50 – Contagem de fungos viáveis nas diferentes empresas (ar - ufc/m3;

manipulador e superfícies - ufc/dm2) ...96

Tabela 51 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa A (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ...97

Tabela 52 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada bactéria identificada com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa A ...97

Tabela 53 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa B (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ...99

Tabela 54 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada bactéria identificada com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa B ...99

Tabela 55 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa C (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 101

Tabela 56 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada bactéria identificada com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa C ... 101

Tabela 57 – Avaliação do risco biológico (bactérias), por ponto de colheita, na Empresa D (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 103

Tabela 58 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada bactéria identificada com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa D ... 104

(15)

xv

(ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 105

Tabela 60 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2)

de cada bactéria identificada com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa E ... 105

Tabela 61 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa A (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 107

Tabela 62 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis, por ponto de colheita, na Empresa A (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 107

Tabela 63 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa B (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 109

Tabela 64 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada fungo identificado com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa B109

Tabela 65 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis, por ponto de colheita, na Empresa B (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 110

Tabela 66 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa C (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 111

Tabela 67 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada fungo identificado com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa C111

Tabela 68 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis, por ponto de colheita, na Empresa C (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 112

Tabela 69 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa D (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 114

Tabela 70 – Média das contagens totais (ar - ufc/m3; manipulador e superfície - ufc/dm2)

de cada fungo identificado com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa D ... 114

Tabela 71 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis, por ponto de colheita, na Empresa D (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 115

Tabela 72 – Avaliação do risco biológico (fungos), por ponto de colheita, na Empresa E (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 116

(16)

xvi

de cada fungo identificado com classificação grupo 2, por ponto de colheita, na Empresa E116

Tabela 74 – Contagem total de bactérias e fungos viáveis, por ponto de colheita, na Empresa E (ar - ufc/m3; manipulador e superfícies - ufc/dm2) ... 117

Tabela 75 – Contagem de bactérias e fungos viáveis (ufc/m3), por ponto de colheita, em

(17)

xvii

Os agentes microbiológicos são ubiquitários no ambiente de trabalho e podem constituir um risco para a saúde dos trabalhadores. A principal fonte de exposição a agentes biológicos são pequenas partículas transportadas pelo ar, os bioaerossóis, que são compostos por microrganismos, toxinas ou fragmentos de microrganismos. Os bioaerossóis são considerados veículos importantes de microrganismos nos locais de trabalho sendo reconhecida a interação com outros agentes ocupacionais. A relação dose/efeito resultante a exposição a agentes biológicos não se encontra claramente estabelecida para a vasta maioria de agentes, realidade que determina a prevalência de lacunas no domínio do estabelecimento de valores-limite de exposição. O desenvolvimento de estudos de caracterização da exposição ocupacional a agentes biológicos pode contribuir para o estabelecimento de medidas de prevenção, objetivando a garantia de condições de segurança e saúde no trabalho adequadas, num setor reconhecidamente crítico no que respeita à exposição a condições adversas.

O presente estudo foi desenvolvido na sequência da investigação de Vasconcelos Pinto et al. (Pinto, 2013; Vasconcelos Pinto et al., 2015). O objetivo geral deste estudo centra-se no reconhecimento da exposição ocupacional a agentes biológicos nos centros de triagem. Para tal foram analisadas recolhas ambientais de ar, superfícies e manipuladores (mãos dos operadores) realizadas em 5 empresas, mediante a identificação de bactérias e fungos viáveis. As colheitas ambientais foram realizadas em três zonas distintas: Zona Crítica (ZC - triagem de resíduos), Zona Não Crítica (ZNC - serviços administrativos) e Ponto de Controlo (PC - exterior). As colheitas de superfícies foram efetuadas em locais estratégicos tendo em consideração o percurso efetuado em cada unidade industrial (torneira e maçaneta das instalações sanitárias; maçaneta de cacifos; maçaneta dos serviços administrativos e interior de máscaras de proteção respiratória). A amostragem foi do tipo não probabilística e por conveniência. Os dados foram analisados com recurso ao software estatístico IBM SPSS versão 24. A interpretação dos testes estatísticos foi realizada com base no nível de significância de p=0,05, com intervalo de confiança de 95%. Devido à natureza dos dados, aplicou-se o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis e o teste Wilcoxon-Mann-Whitney. De seguida fizeram-se comparações múltiplas aplicando um Teste Bonferroni corrigido (DUNN).

Os resultados obtidos revelaram a existência de exposição variável a agentes biológicos nos centros de triagem em estudo. Nas cinco empresas analisadas, as espécies de bactérias e fungos viáveis identificadas com maior expressão, em termos de contagem em amostras de ar na Zona Crítica (ZC) foram igualmente identificadas na Zona Não Crítica (ZNC) e no Ponto de Controlo (PC). Em termos de contaminação ambiental, o setor da Triagem de vidro revelou ser o mais crítico.

(18)

xviii

Bacillus, sendo as espécies mais frequentes Staphylococcus coagulase negativa e Bacillus cereus. Em relação à contaminação fúngica ambiental, os géneros mais frequentemente isolados foram Aspergillus, Cladosporium e Penicillium.

No que concerne à avaliação da contaminação microbiológica das superfícies ou fomites, constatou-se que a torneira das instalações sanitárias/balneários apresentou maior prevalência de espécies bacterianas destacando-se o género Staphylococcus, tendência igualmente verificada nas mãos dos operadores, predominantemente colonizadas por bactérias. A contaminação fúngica de superfícies revelou a predominância do género Penicillium. Os microrganismos identificados são na sua maioria não classificados (NC) de acordo com a Portaria n.º 405/98, de 11 de julho e a Portaria n.º 1036/98, de 15 de dezembro, tendo sido isoladas algumas estirpes pertencentes ao grupo 2.

Não se verificou correlação entre os resultados quantitativos da contaminação bacteriana e fúngica do ar e a das superfícies e manipuladores das 5 empresas monitorizadas.

A inexistência de valores limite legalmente estabelecidos, torna impraticável a avaliação da gravidade resultante da exposição ocupacional a agentes biológicos. O estudo da exposição ocupacional a bioaerossóis encontra-se ainda em desenvolvimento, pretendendo-se com este estudo contribuir para o conhecimento da exposição a bactérias e fungos viáveis na indústria de resíduos, bem como o reconhecimento de outras formas ou vias de exposição ocupacional para além da inalatória.

Concluiu-se, portanto, que é necessária intervenção em Saúde Ocupacional no âmbito da vigilância ambiental e da vigilância da saúde, com o intuito de diminuir a exposição ocupacional a estes agentes. Para a prossecução desse objetivo, sugere-se a implementação de medidas preventivas, nomeadamente a adoção de processos que minimizem a emissão de poeiras no ambiente de trabalho; o controlo da contaminação das superfícies mediante procedimentos de lavagem e desinfeção eficazes, de modo a minimizar a proliferação da contaminação das superfícies; a vigilância criteriosa de parâmetros de saúde relacionados com a exposição a agentes biológicos, inserida num protocolo de vigilância da saúde; e, ainda, a sensibilização para a aplicação de medidas de higiene pessoal.

Palavras-chave

(19)

xix

Microbiological agents are ubiquitous in the workplace and may compose a risk to workers’ heatlh. The main source of exposure to biological agents are small particles carried by air, the bioaerosols, which are composed of microorganisms, toxins or fragments of microorganisms. Bioaerosols are considered important vehicles of microorganisms in the workplace, and interaction with other occupational agents is also recognized. The dose/effect ratio resulting from exposure to biological agents is not clearly established for the vast majority of agents, a reality which determines the prevalence of gaps in the field of exposure limit values. The development of studies on the characterization of occupational exposure to biological agents can contribute to the establishment of preventive measures aiming at ensuring adequate occupational safety and health conditions in a sector recognized as being critical for exposure to adverse conditions.

The present study was developed following the investigation of Vasconcelos Pinto et al. (Pinto, 2013; Vasconcelos Pinto et al., 2015). The main objective of this study consists of determining the occupational exposure to biological agents in waste sorting plants. For such purpose, environmental collections of air, surfaces and manipulators (hands of operators) performed in 5 companies were analysed, through the identification of viable fungi and bacteria. Environmental samples were collected in three distinct areas: Critical Area (CA - waste sorting), Noncritical Area (NCA - administrative services) and Control Point (PC - outdoor). Surface samples were collected in strategic locations, taking into account the route taken in each industrial unit (water tap’s and doorknob in the bathroom, lockers’ knobs, administrative services knobs and the inside of protective breathing masks). Sampling was non-probabilistic and for convenience. The data were analyzed using the IBM SPSS statistical software version 24. The interpretation of statistical tests was performed based on the significance level of p=0.05, with a 95% confidence interval. Due to the nature of the data, the non-parametric Kruskal-Wallis test and Wilcoxon-Mann-Whitney test was applied followed by a Non-Parametric Multiple Comparison Test - Bonferroni correlation (DUNN).

The results showed the existence of variable exposure to biological agents in the waste sorting plants under study. In the five companies analyzed, the species of viable bacteria and fungi identified with greater expression, in terms of counting in air samples in the Critical Area (CA), were also identified in the Noncritical Area (NCA) and in the Control Point (PC). In terms of environmental contamination, the glass sorting area proved to be the most critical.

Bacterial biodiversity in indoor air is dominated by the genus Staphylococcus and Bacillus, with the most frequent species being coagulase negative Staphylococcus and Bacillus cereus. As concerns fungal environmental contamination, the most frequently isolated genus were Aspergillus, Cladosporium and Penicillium.

(20)

xx

verified that the water tap in the bathroom/bathing facilities presented a higher prevalence of bacterial species, standing out the genus Staphylococcus, a tendency also verified in the hands of the operators, predominantly colonized by bacteria. Fungal contamination of surfaces revealed the predominance of the genus Penicillium. The identified microorganisms are mostly unclassified (NC) according to Portaria no. 405/98, of July 11 and Portaria no. 1036/98, of December 15 (established by Portuguese Republic), which isolate some strains belonging to the group 2. There was no correlation between the quantitative results of bacterial and fungal contamination of the air and the surfaces and manipulators of the 5 monitored companies.

The absence of legally established limit values makes it impractical to assess the severity resulting from occupational exposure to biological agents. The study of occupational exposure to bioaerosols is still under development, but this study is intended to contribute for the knowledge of exposure to viable fungi and bacteria in the waste industry, as well as the recognition of other forms or routes of occupational exposure beyond of inhalation.

It was concluded, therefore, that an intervention in Occupational Health in the ambit of environmental surveillance and health surveillance is necessary, in order to reduce the occupational exposure to these agents. Aiming the archievement of this objective, it is suggested to implement preventive measures, namely the adoption of processes that minimize the emission of dust in the work environment; control of contamination of surfaces by efficient washing and disinfection procedures in order to minimize the proliferation of surface contamination; the careful monitoring of health parameters related to exposure to biological agents, as part of a health surveillance protocol; and awareness about the application of personal hygiene measures.

Key words

(21)

xxi

L

ISTA DE

A

BREVIATURAS β Beta CE Comunidade Europeia cm Centímetrop cm2 Centímetro quadrado

COV’s Compostos Orgânicos Voláteis

dm2 Decímetro quadrado

DRE Diário da República Eletrónico

ECAL Embalagens de cartão para alimentos líquidos EPS Poliestireno Expandido (esferovite)

EU União Europeia

Gram (+) Gram-positivo(a) Gram (-) Gram-negativo(a)

HEPA High Efficiency Particulate Air (Alta eficiência na separação de partículas de ar) HSE Health and Safety Executive (Executivo de Saúde e Segurança)

IBM SPSS Statistical Package for the Social Sciences

IS Instalações Sanitárias

ISQ Instituto da Soldadura e Qualidade

m3 Metro cúbico

n N.º Amostras

NC Não Classificados

ODTS Organic Dust Toxic Syndrome (Síndrome tóxico orgânico)

OMS Organização Mundial da Saúde (WHO = World Health Organization) OSHA Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho

PC Ponto de Controlo

PE Polietileno

PEAD Polietileno de alta densidade PET Polietileno tereftalato

(22)

xxii PVC Policloreto de vinilo

SA Serviços Administrativos

UFC Unidades Formadoras de Colónias

µm Micrómetro

VHB Vírus da Hepatite B

VHS Vírus Herpes Simplex

VIH Vírus da Imunodeficiência Humana

ZC Zona Crítica

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1

.

INTRODUÇÃO

Existem diversos fatores ambientais que atuam sobre o indivíduo no seu ambiente de trabalho, entre os quais se podem identificar os agentes biológicos (Conceição Freitas, 2011). Da sua presença nos locais de trabalho podem advir situações de risco para os trabalhadores (Guedes, 2006).

Os agentes biológicos são definidos pela Diretiva 2000/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de setembro de 2000 relativa à proteção dos trabalhadores contra riscos ligados à exposição a agentes biológicos durante o trabalho, como microrganismos - bactérias, vírus e fungos, incluindo os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos suscetíveis de provocar infeções, alergias ou toxicidade no corpo humano (Parlamento Europeu, 2000).

Os agentes biológicos estão omnipresentes em todo o meio que nos rodeia e coabitam em todos os seres vivos e por isso representam um perigo potencial, tanto para a saúde dos trabalhadores como em termos de saúde pública (Guedes, 2006). A exposição a estes microrganismos pode ocorrer numa multiplicidade de situações e atividades, implicando agentes e situações de risco muito distintos. A grande diferença existente entre os agentes biológicos e as demais substâncias perigosas é a respetiva capacidade de reprodução. Como são raramente visíveis, os riscos que comportam nem sempre são considerados (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2003). Em condições favoráveis, uma colónia pode desenvolver-se consideravelmente num curto período de tempo. O mecanismo básico de infeção é a cadeia de transmissão do reservatório - fonte de exposição – até ao hospedeiro (o trabalhador). Assim, a prevenção passará pelo bloqueio de um ou de vários meios na cadeia de transmissão (EU-OSHA, 2010). Os agentes biológicos podem ser classificados quanto à sua transmissibilidade. Esta pode ser direta, de pessoa para pessoa, ou indireta, através de objetos, animais ou outros vetores (Franco et al., 2004).

As principais vias de entrada no organismo envolvidas no processo de contaminação biológica são a via cutânea ou percutânea (com ou sem lesões) através das membranas mucosas, a via respiratória (aerossóis), a via conjuntival e ainda a via digestiva, dependendo

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da natureza da atividade a que o trabalhador seja exposto (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2003).

De acordo com a Agencia Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho as bactérias e suas endotoxinas são responsáveis por um leque de patologias que podem ir desde doenças infeciosas, alergias, infeções do trato respiratório, efeitos tóxicos agudos, até efeitos letais como por exemplo septicemia, falência de órgãos, e, em alguns casos, morte. Os fungos e os seus esporos podem causar alergias, infeções respiratórias e asma. Diversas doenças podem ser transmitidas através do ar, sendo o aparelho respiratório, a pele e as mucosas as principais vias de acesso ao corpo humano. Assim a análise da qualidade microbiológica do ar é importante para compreender, prevenir e eliminar problemas provocados por microrganismos sobre a saúde humana (Lavoie, Dunkerley, Kosatsky, & Dufresne, 2006).

No âmbito da exposição ocupacional a agentes biológicos, o Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de abril, transpõe a Diretiva 90/679/CE do Conselho (alterada pela Diretiva 2000/54/CE do Palarmento Europeu e do Conselho) estabelece as prescrições mínimas de proteção, segurança e saúde no ambiente de trabalho, relativamente à exposição a agentes biológicos (Ministério para a Qualificação e o Emprego, 1997).

As consequências para a saúde decorrentes da exposição a agentes biológicos dependem da substância envolvida, do nível de exposição e da suscetibilidade individual do trabalhador exposto (European Agency for Safety and Health at Work., 2007). Os sintomas de saúde observados em trabalhadores envolvidos na gestão de resíduos vão desde infeções causadas por parasitas, vírus ou bactérias, alergias provocadas pela exposição a poeiras orgânicas, encaradas como um problema relacionado com a exposição a bioaerossóis, que são os principais responsáveis pela mobilidade dos microrganismos por via aérea. Por último, o envenenamento ou efeitos tóxicos, bem como, cancro ou danos no feto também podem ser consequência de alguns riscos biológicos (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2003).

Diversos estudos que abordam a temática da contaminação ambiental por bactérias e fungos incidem na qualidade do ar em ambientes interiores, procurando relacionar a sua exposição com o aparecimento de diferentes patologias nos trabalhadores. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece 150 unidades formadoras de colónias (ufc) por metro cubico (m3)

como o limiar a partir do qual se desenvolvem efeitos adversos na saúde, especialmente se forem encontradas espécies patogénicas, considerando inaceitável a proliferação de determinadas espécies em ambiente interior (Goyer et al., 2001).

A dificuldade em estabelecer um método que permita conhecer a exposição profissional a bactérias e fungos é uma das maiores barreiras para conhecer o impacte da exposição ocupacional. A interpretação dos resultados sobre a avaliação da exposição profissional é

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complexa, pois não existem limites estipulados e os conhecimentos científicos sobre a toxicologia precisam de ser aprofundados (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2003).

Os agentes biológicos estão presentes em diversas atividades com um elevado número de trabalhadores expondo-os a vários riscos que podem resultar da sua utilização intencional e deliberada ou involuntária. Esta exposição pode ser deliberada, como o exemplo das atividades desenvolvidas num laboratório de microbiologia, ou pode ocorrer em atividades em que a ocorrência do agente biológico é inerente ao processo produtivo, considerada como consequência não intencional da atividade, como é o exemplo das atividades agrícolas e da triagem de resíduos onde ocorre manipulação involuntária do agente biológico (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2003; Guedes, 2008), verificando-se o contacto direto dos trabalhadores com detritos e consequentemente com os agentes biológicos que podem estar presentes.

A indústria de triagem de resíduos é uma atividade de valor acrescentado com forte capacidade de crescimento, verificando-se um aumento acentuado do número de trabalhadores neste setor. Assim, a evolução das tecnologias de gestão de resíduos traduziu-se no aumento dos riscos a que estão expostos os trabalhadores que detraduziu-senvolvem atividades de recolha, triagem, tratamento e eliminação dos mesmos. Os trabalhadores envolvidos nas atividades de triagem encontram-se identificados como sendo dos de maior risco de exposição a agentes biológicos, uma vez que os detritos são um meio ideal para a proliferação de microrganismos. Contudo, o conhecimento da exposição ao risco biológico ainda é relativamente escasso.

Assim, torna-se pertinente o desenvolvimento de mais pesquisa e o desenvolvimento de estudos para estabelecer melhores ferramentas de avaliação da exposição e validar métodos recentemente desenvolvidos.

1.1. Exposição ocupacional a agentes biológicos

O ambiente de trabalho está continuamente a alterar-se devido à introdução de novas tecnologias, substâncias e processos, mudanças na estrutura e mercado de trabalho, novas formas de emprego e organização do próprio trabalho. A introdução de novas características no local de trabalho induzem novos riscos e novos desafios tanto para os empregadores como para os trabalhadores, que por sua vez exigem abordagens políticas, administrativas, técnicas e legislativas para garantir elevados níveis de segurança e saúde no trabalho (European Agency for Safety and Health at Work., 2007).

A contaminação biológica, em ambientes interiores, é originada por um conjunto diverso de agentes biológicos que estão presentes no ar ambiente. Inclui a presença de agentes

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infeciosos, como os vírus, as bactérias e os fungos; toxinas que são produzidas por alguns fungos e bactérias, com efeitos relevantes na saúde; alergénios que são os esporos de fungos e bactérias; pólenes; ácaros e excrementos (Guedes, 2008). Neste contexto, a maior parte das infeções bacterianas e fúngicas que ocorrem no ser humano são adquiridas essencialmente através do ambiente a que este está exposto.

A exposição profissional a bioaerossóis está, ainda, em desenvolvimento. Os bioerossóis são definidos como partículas transportadas pelo ar, incluindo os esporos e as hifas de fungos, bactérias, endotoxinas, β(1→3)-glucanos, micotoxinas, alergénios de alto peso molecular e partículas (ou matéria particulada) que, em geral, são constituídas por agentes biológicos (Oppliger, 2014).

De seguida, apresentar-se-á um breve resumo das características essenciais dos agentes biológicos – bactérias e fungos, que foram os identificados neste estudo.

As bactérias são abundantes no ambiente e nos seres humanos. Existem mais de 150 mil espécies conhecidas de bactérias. O grupo das bactérias representa um vasto leque de microrganismos (organismos microscópicos) composto por organismos unicelulares procariotas, que se reproduzem por divisão celular simples (sem núcleo individualizado e sem organelos intra-celulares). Podem assumir a forma de esferas (cocos) ou de bastonetes (bacilos). A maioria das bactérias contêm informação genética necessária e capacidade energética para garantir o seu crescimento e reprodução, sendo capazes de utilizar várias fontes de nutrientes inorgânicos e orgânicos. A maioria das espécies encontradas na qualidade do ar são saprófitas, o que significa que obtêm a sua energia a partir de fontes orgânicas (Abelho, 2010; Goyer et al., 2001).

As bactérias são classificadas com base em características celulares, morfológicas ou bioquímicas. Vários estudos têm sido desenvolvidos abordando a sobrevivência de aerossóis bacterianos. Neste âmbito, as bactérias apresentam diferentes tipos de revestimentos, com base na reação à mancha de Gram: Gram-positivas (+) revestidas por uma camada externa de peptidoglicano e as Gram-negativas (-) revestidas por uma camada externa de macromoléculas (lipopolissacarídeos), que assumem um papel relevante do ponto de vista da higiene industrial. As bactérias requerem muita humidade para se multiplicar. Aquando de uma infeção, a célula bacteriana desintegra-se e produz endotoxinas, responsáveis por um grande número de infeções. Algumas gram-positivas também produzem toxinas. As bactérias gram-positivas possuem uma parede mais resistente e algumas produzem esporos, os quais lhes conferem uma maior resistência às variações ambientais. Este grupo contém bactérias termofílicas, bactérias cujo crescimento é promovido a altas temperaturas e que são de particular interesse na qualidade do ar. Estas são diferentes das gram-negativas por serem excretadas e por interferirem especificamente com a função da célula hospedeira, sendo designadas por exotoxinas. As bactérias gram-negativas têm uma parede celular frágil que não tolera bem a desidratação e sofrem quando expostas ao ar por prolongados

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períodos ou durante a amostragem. No interior, as espécies são mais numerosas e as concentrações estão acima das do exterior. Estudos do ar interior demonstraram que as bactérias Gram-positivas (+), nomeadamente as espécies de Micrococcus e Staphylococcus, são as que predominam em ambientes interiores, apesar das Gram-negativas (-) estarem igualmente presentes (Abelho, 2010; Gorny & Dutkiewicz, 2002; Goyer et al., 2001).

A maioria das bactérias naturalmente presentes não causam efeitos adversos à saúde. Algumas bactérias são mesmo essenciais para o corpo humano e para o meio ambiente. Os riscos para a saúde aparecem quando as concentrações de algumas espécies aumentam (Goyer et al., 2001). Sob condições favoráveis, as bactérias presentes na atmosfera são capazes de crescer e propagar numa variedade de superfícies, causando poluição interior. Muitas bactérias têm desenvolvido mecanismos de defesa que lhes permite sobreviver no estado aerolizado. Alguns géneros bacterianos, como Bacillus e Clostridium, formam endosporos, constituindo formas dormentes da célula. Os esporos bacterianos podem permanecer viáveis durante anos e são resistentes a stresses ambientais como o calor, o frio e a radiação ultra violeta. As formas vegetativas também desenvolvem mecanismos de defesa em que algumas espécies reduzem a sua taxa metabólica e o seu tamanho sob condições de limitação de nutrientes (Tang, 2009). Os principais géneros de bactérias potencialmente presentes no ar do local de trabalho, de acordo com a literatura estudada, estão listados na Tabela 1.

Tabela 1 – Principais bioaerossóis que poderão estar presentes no ar [adaptado de (Goyer et al., 2001)

Bactérias Gram-negativo Acinetobacter Citrobacter Enterobacter Escherichia Flavobacterium Klebsiella Legionella (eau) Moraxella Pseudomonas Xanthomonas Bactérias Gram-positivo Arthrobacter Bacillus Kocuria Micrococcus Staphylococcus Streptococcus

Bastonetes Gram-negativo e Actinomicetos irregulares Corynebacterium Mycobacterium Saccharopolyspora Norcardiopsis Streptomyces Thermoactinomycetos

Os fungos, por sua vez, são microrganismos eucarióticos que são ubíquos no meio ambiente e são saprófitas primários, o que significa que usam material orgânico morto como fonte de nutrientes para o seu crescimento e reprodução. Vários vivem no solo e participam ativamente na decomposição de material orgânico e são geralmente aeróbicos. Os seres humanos podem ser comumente expostos a mais de 200 espécies, várias das quais proliferam num ambiente húmido (Goyer et al., 2001; Oppliger & Duquenne, 2016).

Atualmente existem várias dezenas de milhares de espécies conhecidas de fungos e leveduras. Nem sempre temos presente que o pão, a cerveja, bem como, o vinho são

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obtidos através da fermentação dos açúcares por meio de leveduras; que a penicilina é um produto do metabolismo de fungos do género Penicillium e que muitas proteínas e vitaminas, presentes no nosso quotidiano, são produtos do metabolismo de bactérias e/ou fungos. Sendo células eucariotas, possuem núcleo individualizado e organelos intra-celulares e são um grupo de organismos que inclui as leveduras, os bolores, os cogumelos, etc. Os fungos são organismos pluricelulares que se reproduzem através da formação de esporos que se disseminam com facilidade pelo ar, capazes de germinar em condições ambientais favoráveis (Abelho, 2010). A maioria deles produz grandes quantidades de esporos e materiais fúngicos que podem ser facilmente liberados para o ar, tanto através de mecanismos intrínsecos/naturais como através de eventos externos como atividades humanas (Oppliger & Duquenne, 2016).

A revisão literária centrada em estudos científicos publicados entre 2000 e 2014, efetuada por (Oppliger & Duquenne, 2016) analisou as espécies de fungos mais frequentemente encontradas em ambiente ocupacional e as tarefas com maior exposição, através da revisão das concentrações de fungos encontradas em ambientes de trabalho altamente contaminados e os principais determinantes. Esta revisão demonstrou que os trabalhadores em muitos setores ocupacionais estão expostos a níveis moderados, elevados ou mesmo muito elevados de partículas de fungos no ar.

Os principais géneros de fungos e leveduras potencialmente presentes no ar do local de trabalho, de acordo com a literatura estudada, estão listados na Tabela 2.

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Tabela 2 – Fungos e Micotoxinas que poderão estar presentes no ar [adaptado de (Goyer et al., 2001)

Fungos e Micotoxinas Género

(Número de espécies) Micotoxinas

Acremonium sp.

(70) ---

Alternaria sp.

(40-50) A.alternata: alternariol, ácido tenuazoico

Aspergillus sp.

(200)

A. flavus, A. parasiticus: aflatoxinas, citrinina A. clavatus: citocalasinas

A. fumigatus: fumitremorgina, gliotoxina A. niger: ácido oxálico

A. ochraceus: ocratoxina A. versicolor: esterigmatocistina Aureobasidium sp. (15) --- Botrytis sp. --- Chaetomium sp. (80) Caetomina C. globosum: caetoglobosinas Cladosporium sp.

(50) Ácido epicladosporico, cladosporina

Epicoccum sp.

(2) Flavipina, epicorazinas, indole-3-acetonitrilo

Fusarium sp.

(50-70) Fumonisinas, tricotecenos: T-2, vomitoxina, zearalenona

Geotrichum sp. --- Memnodiella sp. Griseofulvina Mucor sp. (50) --- Paecilomyces sp. (31) Paecilotoxinas P. variatti: patulina Penicillium sp. (200)

P. expansum: citrinina, patulina P. griseo-fulvum: griseofulvinas P. viridiatum: griseofulvinas, ocratoxinas P. polonicum: verrucosidina

Phoma, sp. P. soghina: ácido tenuazoico

Stachybotrys sp.

(15) S. chartarum: tricotecenos: satratoxina

Trichoderma sp.

(20) T. viridi: tricotecenos: satratoxina

Ulocladium sp. (9) --- Leveduras Candida Cryptococcus Rhodotorula Trichosporon Torulopsis

No setor de gestão de resíduos, os fungos ambientais colonizam e crescem na matéria orgânica sem qualquer controlo humano. Estes desempenham um papel importante na decomposição da mesma e estão fortemente envolvidos no tratamento de resíduos (Oppliger & Duquenne, 2016).

As partículas de fungos no ar (fungos aéreos), encontradas em ambientes ocupacionais, consistem em esporos, fragmentos de micélio e detritos que estão presentes como partículas únicas ou agregados complexos. Uma vez em suspensão no ar, as partículas podem ser inaladas por trabalhadores expostos e causar sintomas diversos, incluindo alergias, irritações e infeções. A irritação dos olhos, do nariz e da garganta, bem como a tosse, são

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frequentemente relatadas como efeitos a curto prazo da exposição a fungos aéreos, enquanto uma maior exposição está associada ao aumento do risco de doenças crónicas (Oppliger & Duquenne, 2016). A exposição a bioaerossóis em centros de reciclagem de resíduos está associada a uma série de efeitos adversos para a saúde respiratória, incluindo inflamação das vias aéreas superiores, asma alérgica e rinite alérgica. No entanto, os dados sobre exposição e saúde são escassos, dificultando a determinação do papel dos fungos nestes sintomas identificados. Os efeitos sentidos dependem das espécies presentes, dos produtos metabólicos produzidos, da concentração e da duração da exposição, bem como, da suscetibilidade individual (Goyer et al., 2001).

A correlação entre a exposição a fungos e as doenças profissionais é muitas vezes difícil de provar devido à (co)exposição a outros componentes dos bioaerossóis. Para evitar esses efeitos adversos para a saúde, a caracterização da exposição fúngica no ar ocupacional é essencial. Na maioria dos estudos, a presença e quantificação de fungos aéreos é avaliada pela cultura de partículas fúngicas viáveis e cultiváveis (designadas por Unidades Formadoras de Colónias - UFC) em agar nutriente ou através da contagem do número total de esporos. Também é possível avaliar a contaminação fúngica pela medição de β-d-glucanos, que são componentes das paredes celulares dos fungos. Os níveis de exposição dependem de vários fatores, que são importantes identificar (Oppliger & Duquenne, 2016).

A emissão de aerossóis de natureza fúngica durante operações de reciclagem de resíduos foi relatada em vários estudos. A concentração média ambiental de fungos aéreos nos centros de reciclagem Coreanos, por exemplo, foi medida em 1,8×104 ufc/m3 (Oppliger & Duquenne,

2016). Outro estudo realizado em duas centrais municipais de tratamento de resíduos sólidos na Finlândia revelou concentrações ambientais de 470 a 2,9×105 ufc/m3 para fungos

aéreos cultiváveis (Oppliger & Duquenne, 2016). Outros níveis ambientais foram relatados num outro estudo realizado na Finlândia e níveis mais baixos foram medidos durante a reciclagem de garrafas de vidro no Canadá. A exposição dos trabalhadores que manipulam resíduos também foi relatada. Assim, a exposição individual aos fungos cultiváveis no ar entre a recolha de resíduos em Quebec foi encontrada entre 4,8×103 e 1,0×105 ufc/m3

(Oppliger & Duquenne, 2016). Foram encontrados níveis mais baixos de exposição a fungos (<1,8×104 ufc/m3) entre os manipuladores de resíduos na Alemanha (Oppliger & Duquenne,

2016). Ainda na Alemanha, as exposições individuais a fungos transmitidos no ar foram medidas até 6,2×106 ufc/m3 durante a reciclagem de têxteis, até 1,8×106 ufc/m3 durante a

triagem e reciclagem de papel e cartão, e até 3,2×106 ufc/m3 durante a triagem e

reciclagem de resíduos plásticos.

Os manipuladores de resíduos que trabalhavam numa central de triagem de papel na Dinamarca encontravam-se expostos a fungos no ar em níveis entre 1,5×104 e 4,5×105

ufc/m3. Os níveis de exposição entre 2,4×104 e 1,1×105 ufc/m3 foram registados durante a

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incluiram operações de descarga, trituração, triagem e manutenção. Os principais fungos aéreos isolados em estudos recentes identificaram Penicillium sp., Aspergillus niger, Aspergillus fumigatus, Cladosporium sp. e Chrysonilia sitophilia, sendo que poucos estudos sugeriram uma variação sazonal na exposição.

Os resultados dos diferentes estudos são difíceis de comparar. Na verdade, existe uma grande variedade de métodos distintos que são usados para colher e analisar fungos em aerossolizados, levando a que os resultados sejam também eles diferentes, em função da metodologia. A recolha de fungos aéreos é baseada na impactação ou filtração. Assim, o desenvolvimento de padrões internacionais seria um passo muito importante por forma a permitir a comparação confiável entre diferentes exposições ocupacionais (Goyer et al., 2001). A primeira etapa deverá passar pelo conhecimento das diferentes formas de exposição aos agentes biológicos.

1.2. Formas de exposição a agentes biológicos

A exposição e subsequente infeção de um indivíduo por um agente biológico pode ocorrer por diversas vias, nomeadamente por via oral (ingestão), por via ocular, por via parentérica por via respiratória (através da inalação) e por via dérmica (contacto).

1.2.1. Exposição por inalação

Várias atividades profissionais, onde se verifica forte presença de agentes biológicos, emergiram nos últimos anos, nomeadamente a indústria da gestão de resíduos e a produção de enzimas microbiológicas, bastante utilizadas na indústria alimentar. Outras têm também sido mencionadas enfatizando o elevado risco de infeções ocupacionais, designadamente agricultores, veterinários, técnicos de saúde e investigadores que estudam agentes infeciosos (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho, 2003).

A via respiratória, através da inalação, constitui a principal via de entrada dos microbiotas, por onde entram os microrganismos e os seus produtos na forma de bioaerossóis.

A maioria dos bioaerossóis é de tamanho respirável, ou seja, na ordem de 0,003μm no caso dos vírus, de 0,5 a 20μm para as bactérias, de 10 a 100μm para o pólen de plantas e de 2 a 200μm para os fungos (Goyer et al., 2001).

O interesse internacional nos bioaerossóis, como agentes influenciadores da qualidade do ar nos locais de trabalho e a saúde dos trabalhadores, rapidamente incitou o conhecimento sobre a sua identificação, quantificação, presença nos diferentes locais de trabalho e os efeitos que podem produzir nas pessoas expostas, tendo sido beneficiado o conhecimento científico sobre a avaliação da exposição a partículas inaláveis.

Segundo (Goyer et al., 2001) existem várias explicações para o facto de ainda não existirem valores limite de exposição para os bioaerossóis, nomeadamente:

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 A relação dose/efeito ainda não está devidamente estudada, tornando-se difícil o estabelecimento dessa relação, pois a suscetibilidade individual condiciona muito os resultados em relação aos efeitos na saúde. Além disso, a informação que existe é baseada em relações entre os efeitos na saúde e avaliações ambientais de casos específicos;

 Na maior parte dos casos, os efeitos relatados envolvem espécies específicas, enquanto em qualquer ambiente a diversidade das espécies é elevada. Os efeitos sinérgicos da múltipla exposição a bioaerossóis, por exemplo, a presença de espécies fúngicas e as micotoxinas produzidas por essas espécies, ainda não foram estudados;

 É difícil realizar estudos epidemiológicos rigorosos com o objetivo de estimar critérios de avaliação e de efeitos na saúde em grupos com número suficiente de trabalhadores;  A composição e concentração das espécies são afetadas por vários fatores, incluindo

alterações nas condições ambientais e no ciclo de vida das diferentes espécies provocando variações acentuadas;

 A informação existente sobre a exposição é baseada em amostragens com pouca duração, pois não é possível avaliar a exposição acumulada ao longo do tempo;

 Nenhum método consegue monitorizar todos os bioaerossóis presentes e muitas vezes verificam-se diferenças significativas nos métodos utilizados.

Desta forma, falta muita informação no estabelecimento de valores limite de exposição. Caso esses valores limite forem estabelecidos para um grupo de agentes biológicos ou para um agente específico, não só terão que definir um valor de concentração, mas também especificar a estratégia de avaliação e os métodos de amostragem e análise.

1.2.2. Exposição por contacto

O Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Securité du Travail (2001) reforça a relevância da existência de outras fontes de exposição ocupacional a agentes biológicos além da exposição respiratória, referindo a ingestão e o contacto como formas possíveis de exposição (Goyer et al., 2001). O microbiota constituído por bactérias, fungos ou mesmo vírus podem ser, em contexto ocupacional, veiculados através de superfícies de contacto ou mesmo através de contacto direto (pele).

1.3. Avaliação e gestão do risco biológico

A Comissão Europeia solicitou um relatório à Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Local de Trabalho que visava a identificação das necessidades em Saúde Ocupacional. O referido relatório considerou, como uma das prioridades de investigação, a avaliação e controlo da exposição a agentes biológicos nos locais de trabalho (European Agency for Safety and Health at Work., 2007).

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O risco em contexto laboral pode ser interpretado como a combinação da probabilidade de ocorrência de um acontecimento perigoso ou exposição a um determinado perigo/fator de risco, com a severidade da lesão ou doença que pode ser causada pelo acontecimento ou exposição (Uva, 2006).

No caso dos agentes biológicos, e de modo a facilitar a gestão do risco decorrente da sua exposição, estes são classificados, de acordo com a Portaria n.º 405/98, de 11 de julho, posteriormente alterada pela Portaria n.º 1036/98, de 15 de dezembro, conforme a sua perigosidade ou risco de infeção, como se pode observar na Tabela 3, que posteriormente condiciona o aconselhamento e implementação das medidas de proteção a aplicar (Grupo 1 a 4). A sua classificação é baseada nos efeitos que produzem e as medidas disponíveis para o combater: tratamento e profilaxia.

Tabela 3 – Classificação dos Agentes Biológicos [adaptado de (Parlamento Europeu, 2000)]

Grupo Definição

1 Agente biológico com baixa probabilidade de causar doenças no Homem. 2

Agente que pode causar doenças no Homem e constituir um perigo para os trabalhadores. É escassa a probabilidade da sua propagação na coletividade; regra geral, existem meios de profilaxia ou tratamento eficazes.

3

Agente que pode causar doenças graves no Homem e constituir um grave risco para os trabalhadores. É suscetível de se propagar na coletividade, muito embora se disponha geralmente de meios de profilaxia ou de tratamento eficazes.

4

Agente que causa doenças graves no Homem e que constitui um grave risco para os trabalhadores. Pode apresentar um risco elevado de propagação na coletividade; regra geral, não existem meios de profilaxia ou de tratamento.

Os principais objetivos da avaliação da exposição são a determinação da fonte do fator de risco, do tipo de exposição, da intensidade dessa exposição e do respetivo tempo de exposição, permitindo posteriormente, definir a aceitabilidade ou inaceitabilidade do risco (Uva, 2006).

O Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de abril preconiza indicações relativamente à avaliação de riscos que são da responsabilidade da entidade empregadora mediante a determinação da natureza e do grupo do agente biológico, bem como, do tempo de exposição dos trabalhadores. No contexto das obrigações gerais, os empregadores devem adotar as medidas necessárias para a segurança e saúde dos trabalhadores e que incluem a prevenção dos riscos ocupacionais (Ministério para a Qualificação e o Emprego, 1997). Com o objetivo de promover a segurança e saúde dos mesmos, atualmente a Lei n.º 102/2009, de 2 de setembro, alterada pela Lei n.º 28/2016, de 23 de agosto – Regime Jurídico da Promoção da Segurança e da Saúde no Trabalho, apresenta um conjunto de medidas destinadas aos empregadores, entre elas a responsabilidade de assegurar condições de segurança e saúde no local de trabalho através da identificação de todos os riscos previsíveis em todas as atividades desenvolvidas (Português Parlamento, 2009).

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O controlo dos riscos biológicos integra-se na gestão de riscos laborais e requer a necessidade de um conhecimento específico nesta temática.

O anexo I do Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de abril apresenta a lista indicativa de atividades, entre as quais se encontram atividades intencionais e não intencionais de manipulação dos agentes biológicos. Entre as atividades suscetíveis de apresentar risco de exposição aos agentes biológicos encontram-se as atividades em unidades de recolha, transporte e eliminação de resíduos, onde se enquadram as várias atividades desempenhadas em centros de triagem de resíduos (Ministério para a Qualificação e o Emprego, 1997).

É assim necessária a realização da apreciação do risco, mediante a determinação da natureza e do grupo do agente biológico, bem como, o tempo de exposição do trabalhador a esse agente. Nas atividades que impliquem a exposição a várias categorias de agentes biológicos, a avaliação dos riscos, deve ser realizada com base no perigo resultante da presença de todos esses agentes.

De acordo com a Diretiva 93/67/CEE, de 20 de julho a avaliação dos riscos implica:

 identificação de perigo, que consiste em identificar os agentes biológicos presentes e os efeitos adversos que eles têm uma capacidade inerente de causar;

 avaliação da dose (concentração) - resposta (efeito), que é a estimativa da relação entre o nível de exposição a uma substância e a incidência e gravidade de um efeito;  avaliação da exposição, que é a determinação das concentrações, das rotas de

exposição, do potencial de absorção e da frequência e duração da exposição, a fim de estimar as doses a que os trabalhadores estão ou podem estar expostos;

 e uma caracterização do risco, que é a estimativa da incidência e gravidade dos efeitos adversos suscetíveis de ocorrer nos trabalhadores devido à exposição real ou prevista a uma substância (European Agency for Safety and Health at Work., 2007).

A prevenção dos riscos profissionais, qualquer que seja a respetiva estratégia de intervenção, implica o diagnóstico das situações de risco (risk assessment) suscetíveis de indicar as respetivas estratégias de gestão desses mesmos riscos (risk management) (Uva, 2006).

1.3.1. Avaliação referente à exposição ambiental

A avaliação do risco dos trabalhadores expostos a bioaerossóis permitirá identificar os locais de trabalho onde a exposição é mais crítica, com risco mais elevado, definindo-os como prioritários a nível da implementação de medidas preventivas. A identificação das variáveis ambientais que potenciam a exposição permitirá priorizar a intervenção em matéria de prevenção e o controlo dos fatores de risco. Assim, se os trabalhadores estiverem expostos a vários grupos de agentes biológicos, o risco deve ser avaliado em termos dos perigos que representam todos os agentes biológicos presentes. Esta avaliação de risco deve ser

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efetuada regularmente, bem como aquando da alteração das condições de trabalho que pode afetar a exposição dos trabalhadores a tais agentes (European Agency for Safety and Health at Work., 2007). Além das concentrações no exterior (ponto de referência), as concentrações obtidas em locais de referência ou durante a paragem de um processo ou atividade profissional podem também ser utilizados (Goyer et al., 2001).

É importante referir que na avaliação ambiental de atmosferas contaminadas é necessária uma intervenção multidisciplinar, de modo a identificar, avaliar, monitorizar e controlar situações que carecem intervenção. A comparação de espécies e concentrações de bioaerossóis encontrados em ambientes interiores ou exteriores, ou num local de referência é funfamental.

Existe um conjunto de parâmetros que podem afetar a amostragem exterior, nomeadamente as condições meteorológicas (vento, temperatura, humidade,…), tal como o período do dia e o local de amostragem. Em condições de muito vento, maiores concentrações de partículas estarão suspensas no ar. A amostragem durante ou após um período de chuva também pode alterar os resultados. As concentrações tendem a ser mais baixas e a distribuição das espécies é diferente. A temperatura e a iluminação também são fatores que afetam a distribuição das espécies. A proximidade de locais com elevada concentração de microrganismos (campos agrícolas, aterros sanitários, etc.) deve ser considerada ao escolher o local de amostragem. As seguintes diretrizes garantirão que as amostras ao ar livre sejam válidas:

 A amostragem exterior deve ser realizada, tanto quanto possível, ao mesmo tempo que a amostragem no interior;

 Se houver sistemas de ventilação mecânica, as amostras devem ser recolhidas o mais próximo possível das entradas de ar e, na medida do possível, das saídas de ar saturado;

 Selecionar o cenário maís crítico, em termos de exposição dos trabalhadores;

 Nos locais onde existam operações que libertem bioaerossóis (centros de compostagem, tratamento de resíduos, etc.), é recomendável que as amostras de controlo sejam colhidas 300 metros a montante e não perto de um local onde a concentração de microrganismos seja elevada.

Pode ser apropriado, em algumas circunstâncias, usar um local de referência diferente do ambiente exterior. A amostragem num local onde não há queixas ou numa área ventilada por outro sistema, pode ajudar a diagnosticar o problema no local onde há queixas. As medições numa sala de controlo com ventilação independente ou quando uma atividade é interrompida podem ser usadas para localizar fontes de contaminação. É recomendável a amostragem de ar exterior no inverno, na medida em que uma amostra também seja recolhida num local de referência (Goyer et al., 2001).

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Tabela  4  –  Microrganismos  aéreos  nas  várias  etapas  de  tratamento  de  resíduos  [adaptado  de  (European Agency for Safety and Health at Work., 2007)]
Tabela 5 – Contagem de bactérias viáveis tendo em conta os três pontos analisados (ufc/m 3 )
Gráfico 1 – Diagrama de extremos e quartis das contagens totais de bactérias (ufc/m 3 ), em amostras de ar ambiente,  na ZC, ZNC e PC
Tabela 6 – Contagem de fungos viáveis tendo em conta os três pontos analisados (ufc/m 3 )
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Referências

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