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Conteúdos culturais na aula de língua estrnageira : agentes de motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem

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Academic year: 2021

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Vânia Raquel Moreira Leite

Conteúdos culturais na aula de língua estrangeira:

agentes de motivação dos alunos com facilidade de

aprendizagem

Relatório apresentado para obtenção do Grau de Mestre em Ensino do Inglês e do Alemão no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário

Professor Orientador: Prof. Doutor Nuno Ribeiro

Professores Co-orientadores: Dr. Nicolas Hurst e Dra. Simone Tomé

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Departamento de Estudos Anglo-americanos e

Departamento de Estudos Germanísticos

da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Conteúdos culturais na aula de língua estrangeira:

agentes de motivação dos alunos com facilidade de

aprendizagem

Vânia Raquel Moreira Leite

Licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas Variante: Inglês e Alemão

Relatório apresentado para obtenção do Grau de Mestre em Ensino do Inglês e do Alemão no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário

Professor Orientador: Prof. Doutor Nuno Ribeiro

Professores Co-orientadores: Dr. Nicolas Hurst e Dra. Simone Tomé

Orientadoras de Estágio: Dra. Mª Eduarda Carvalho Homem e Dra. Mª Fátima Pais

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RESUMO

Na sociedade global em que vivemos hoje, a aprendizagem das Línguas estrangeiras e a abordagem da Cultura mundial tornam-se processos de grande importância. Cabe ao professor mediar o contacto dos alunos com essa Cultura de forma a torná-los seres com uma maior visão sobre o Mundo. É também função do professor desenvolver estratégias que ajudem a motivar os alunos para essa aprendizagem, daí decorre a importância do estudo de formas que possam impulsionar a motivação nas turmas da actualidade, que muitas vezes apresentam um quadro de alunos definido por nível elevado de conhecimento da Língua e de experiência social e cultural.

Este Projecto desenvolvido com uma turma de Inglês e uma turma de Alemão procura então relacionar a motivação e a cultura, de forma a observar se os alunos com maior facilidade conseguem ficar mais motivados para a aprendizagem quando expostos a referências culturais que envolvam o processo de aperfeiçoamento da Língua.

Todas as turmas são únicas e reagem de formas diferentes; este relatório pretende expor os resultados observados nestas duas turmas e traduzir a importância das referências culturais nas aulas de Língua estrangeira, ainda que não seja possível afirmar que as referências culturais por si só desencadeiem o aumento da motivação de todos os alunos.

Palavras-chave: Cultura, Motivação, Referências / Conteúdos Culturais, Alunos com facilidade de aprendizagem

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ABSTRACT

The learning of foreign languages and the reference to the world Culture become processes of importance for the global society we live in today. It is up to the teacher to mediate the contact between learners and this Culture in order to bring them up as human beings with a greater perspective of the World. It is also the teacher’s role to develop strategies which motivate learners to this learning process; therefore, it is very important to study ways that may increase the motivation of today classes, which often present a group of learners defined by high level of language knowledge and social and cultural experience.

This Project was developed with an English class and with a German class and tries to relate motivation with culture in order to observe if the good language learners can be more motivated to learn when exposed to cultural references which enclose the process of language learning.

All classes are unique and react in different ways; this Report intends to expose the results observed in these two classes and to translate the importance of cultural references in foreign language classes, although it is not possible to claim that cultural references trigger an increase of all learners’ motivation.

Keywords: Culture, Motivation, Cultural references/ input, Good language learners

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iii

AGRADECIMENTOS

Começo por agradecer às minhas orientadoras de Estágio, a Dra. Maria Eduarda Carvalho Homem e a Dra. Maria de Fátima Pais, que me ensinaram o que é ser professora, que sempre me ajudaram e apoiaram, que procuraram comigo a solução para as minhas dificuldades e que me incentivaram a melhorar a cada aula. Não tenho melhor forma de agradecer-lhes todo o tempo que investiram em mim do que dedicar-lhes aqui estas palavras. São pessoas altamente competentes e dedicadas que se apresentam como um modelo para mim.

Tenho de agradecer às minhas colegas e amigas, Tânia Bernardo e Raquel Valente, que me acompanharam nesta jornada e me apoiaram sempre que precisei. Elas, que me demonstraram uma amizade incondicional, estiveram presentes em todos os momentos, bons e maus, durante este ano, demonstrando que tenho duas amigas para a vida.

Agradeço também ao meu Orientador do Relatório, o Professor Doutor Nuno Ribeiro, que sempre se disponibilizou a ajudar-me, assim como aos professores da FLUP, o Dr. Nicolas Hurst e a Dr.ª Simone Tomé, que me ajudaram a começar a redacção deste relatório e me facilitaram as bases teóricas para este ano de Estágio.

Concluo os agradecimentos com a referência à minha família, que muito pacientemente me acompanhou neste percurso, ainda que eu muitas vezes os negligenciasse por estar mergulhada em trabalho – obrigada Pai e Mãe, Avós e Pedro, vocês deram-me todo o vosso apoio, proporcionaram-me a concretização deste sonho e mimaram-me quando eu pensava não conseguir. Obrigada Gonçalo por me animares e me fazeres abstrair das minhas preocupações.

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SUMÁRIO

 

Sumário ... 1 

Introdução ... 3 

Capitulo 1: Contextualização do projecto de Investigação-Acção ... 4 

1.1 A Escola Secundária António Sérgio ... 4 

1.2 O Núcleo de Estágio ... 4 

1.2.1 As turmas escolhidas para o projecto ... 5 

Capitulo 2 – Planeamento do Projecto de Investigação-Acção ... 6 

2.1 Processo de escolha do tema e das turmas ... 6 

2.1.1 Observações prévias – Da formulação das hipóteses à escolha das turmas ... 6 

2.2 Propósitos do projecto de Investigação-Acção ... 7 

2.2.1 Definição da questão da Investigação-Acção ... 7 

2.2.1 O que pretendo observar? ... 7 

2.2.2 A importância do “input” cultural na sala de aula de Língua estrangeira ... 8 

Capitulo 3 – O Primeiro Ciclo do Projecto ... 11 

3.1 O planeamento ... 11 

3.2 A análise das aulas do Primeiro Ciclo de Investigação-Acção ... 12 

3.2.1 As aulas das turmas de Inglês ... 12 

3.2.1.1 Aula “Personalities” – 19 de Janeiro ... 12 

3.2.1.2 Aula “Peter Pan” – 26 de Janeiro ... 13 

3.2.2 As aulas das turmas de Alemão ... 14 

3.2.2.1 Aula “Orientierung in der Stadt” – 4 de Fevereiro ... 14 

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3.2.2.3 Aula “Junge Leute” – 18 de Março ... 16 

3.3 Reflexão sobre as conclusões registadas ... 17 

Capitulo 4 – O Segundo Ciclo do Projecto ... 20 

4.1 O planeamento ... 20 

4.2 A análise das aulas do Segundo Ciclo de Investigação-Acção ... 21 

4.2.1 As aulas das turmas de Inglês ... 21 

4.2.1.1 Aula “House I” -23 de Março ... 21 

4.2.1.2 Aula “House II” – 13 de Abril ... 23 

4.2.1.3 Aula “Hobbies” – 11 de Maio ... 25 

4.2.2 As aulas das turmas de Alemão ... 26 

4.2.2.1 Aula “Ferien” – 20 de Abril ... 26 

4.2.2.2 Aula “Umwelt” – 29 de Abril ... 28 

4.2.2.3 Aula “Wechselpräpositionen” – 20 de Maio ... 29 

4.3 Reflexão sobre as conclusões registadas ... 30 

Capitulo 5 – Conclusão ... 32 

Bibliografia ... 35 

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INTRODUÇÃO

Desenvolver estudos sobre as nossas turmas torna-se um processo importante para dar resposta às problemáticas existentes no contexto educativo dos dias de hoje. Este meu estudo tem como objectivo propor uma estratégia que à partida poderá aumentar a motivação dos alunos com maior facilidade de aprendizagem. Depois de várias observações e reflexões cheguei à conclusão de que fazer referências culturais regularmente durante a aula me poderia ajudar a atingir o objectivo a que me propus e, nesse âmbito, decidi cruzar a motivação dos alunos com maior facilidade de aprendizagem com os conteúdos culturais na aula de língua estrangeira.

Durante este ano de Estágio foi-me então possibilitada a aplicação do meu Projecto de Investigação-Acção, sobre o qual redijo agora este relatório.

Num primeiro momento deste texto terei a oportunidade de apresentar o contexto no qual este estudo foi inserido, revelando características tanto da escola como dos alunos.

Para o Segundo Capítulo fica reservado o planeamento do meu Projecto, planeamento esse que envolveu ainda um período ocupado com observações de aulas de forma a certificar-me de que tinha escolhido as amostras correctas e delineado objectivos atingíveis. Foi neste momento também que me debrucei sobre o tema da cultura e clarifiquei quais conteúdos culturais me propunha a trazer para a sala de aula e de que modo eu poderia observar o aumento da motivação dos alunos.

O Terceiro Capitulo abordará as decisões que tomei para o Primeiro Ciclo deste Projecto, de modo a ilustrar as formas como decidi operar e se o pressuposto poderia então ser comprovado. Não sendo possível obter uma resposta clara para a validade do pressuposto inicial, ficou justificado o inicio de um Segundo Ciclo, já com reformulações assumidas e novas formas de acção, descrito no Quarto Capitulo deste relatório.

Depois de concluída a execução do Projecto, houve também espaço para reflexões, sobre a validade do mesmo, que serão exploradas no Capitulo final deste Relatório.

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CAPITULO 1: CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJECTO DE

INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO

1.1 A Escola Secundária António Sérgio

Começo por dedicar esta primeira parte do meu Relatório à descrição do contexto no qual a minha Iniciação à Prática Profissional se inseriu.

No inicio do meu segundo ano do Mestrado em Ensino do Inglês e do Alemão elegi a Escola Secundária António Sérgio para desenvolver o meu ano de Estágio, escola esta que passo a apresentar.

A Escola Secundária António Sérgio é a mais antiga escola do concelho de Vila Nova de Gaia e está localizada na Avenida Nuno Álvares, ao lado do Jardim Soares dos Reis. A Escola, com cerca de 1309 alunos, apresenta uma vasta oferta formativa, assim como a possibilidade de escolha entre o ensino diurno e nocturno.

Tendo em conta que o meu Projecto visa o aumento da motivação dos alunos, é também importante relevar o facto de a Escola ter sido recentemente remodelada e oferecer agora, não só instalações modernas, amplas e agradáveis, mas também equipamentos de ponta, como os computadores, projectores e quadros interactivos, que possibilitam explorar diferentes factores que podem influenciar a motivação dos alunos. Estas novas instalações e equipamentos revelaram-se ferramentas extremamente úteis na medida em que me permitiram usar os conteúdos que eu já havia planeado de uma forma visivelmente mais apelativa.

Deste modo, fiz cumprir também um importante princípio da própria Escola que se compromete a “investir na inovação pedagógica, científica e tecnológica” de modo a que toda a aprendizagem seja concretizada com qualidade e preordenada à autonomia dos alunos que, usando as novas tecnologias, poderão agora estar ainda mais envolvidos nos processos de aprendizagem (ver Anexos: Projecto Educativo 2009:12).

1.2 O Núcleo de Estágio

O Núcleo de Estágio era constituído por três Professoras-estagiárias e orientado pela Dra. Mª Eduarda Carvalho Homem, na disciplina de Inglês, e pela Dra. Mª de Fátima Pais, na disciplina de Alemão.

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5 As turmas, duas de sétimo ano e uma de décimo primeiro ano a Inglês e uma de décimo ano a Alemão, foram partilhadas pelas três Professorsa-estagiárias. A escolha das turmas que viriam a intervir no Projecto de cada Professora-estagiária ficou a cargo de cada uma.

1.2.1 As turmas escolhidas para o projecto

Quanto à minha escolha pessoal, optei por seleccionar a turma 7ºB de Inglês e a turma 10ºC de Alemão.

A turma de Inglês é constituída por 21 alunos, com um nível de conhecimento da Língua acima da média e com um grupo de alunos com grandes facilidades de aprendizagem. Além das capacidades linguísticas, os alunos desta turma mostram uma grande curiosidade nas coisas novas que aprendem. Contudo, isto leva a que os alunos sejam mais dificilmente motiváveis, os alunos chegam a desmotivar-se até, se nada de novo e complexo lhes é apresentado.

A turma de Alemão tem uma configuração pouco usual, tem apenas três alunos, e por isso constituiu uma oportunidade suplementar na aferição de validade do meu Projecto. É necessário clarificar também que esta turma tem Alemão como disciplina de opção e, por isso, se apresentam alunos com curiosidade e motivação para a aprendizagem da nova Língua.

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CAPITULO 2 – PLANEAMENTO DO PROJECTO DE

INVESTIGAÇÃO-ACÇÃO

2.1 Processo de escolha do tema e das turmas

2.1.1 Observações prévias – Da formulação das hipóteses à escolha das turmas

Antes ainda de começar a leccionar, houve uma fase de observação das aulas das minhas orientadoras que me serviu para analisar as características de cada turma, os diferentes ritmos de aprendizagem e as diferentes capacidades e atitudes. Ainda no Primeiro Período tive a oportunidade de leccionar as minhas primeiras aulas e de observar as aulas das minhas colegas. Foi neste primeiro período também que comecei a delinear as áreas sobre as quais gostaria de desenvolver o meu Projecto de Investigação-Acção.

Depois de ter contacto com as turmas considerei vários temas de recorte vasto e múltiplo, ainda sem ter escolhido qualquer turma, que se relacionavam com a motivação, a literatura e a autonomia.

A motivação, porque desde as primeiras aulas que leccionei me deparei com situações em que conseguia motivar os alunos e outras em que isso não sucedia, o que neste ultimo caso me frustrava e me aliciava a procurar respostas para solucionar esse problema; a literatura, porque numa das primeiras aulas que leccionei foi tratado o texto adaptado de “A Christmas Carol” de Charles Dickens, o que proporcionou vários momentos de aumento da motivação dos alunos durante a aula; e a autonomia, porque muitos dos alunos aprendiam de forma autodidacta através da televisão ou computador, e a própria orientadora insistia que cada um deveria responsabilizar-se pela sua aprendizagem elaborando um portfolio em constante actualização.

Depois de várias análises e discussões com os orientadores, acabei por decidir trabalhar com algo um pouco diferente do habitual, visto não optar por desenvolver as capacidades dos alunos com mais dificuldades de aprendizagem. A ideia seria impulsionar ainda mais os bons alunos para que estes não se desmotivassem face à trivialidade dos conteúdos programáticos, de modo a que a sua aprendizagem não estagnasse e fosse direccionada para um maior e mais vasto leque de conteúdos. Assim, era pretendido chegar como que a um equilíbrio entre o tema da motivação e o tema da literatura, transportando ambos para um tema que conseguisse conferir essa tal

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7 complexidade à aprendizagem. Ao testar estas conclusões, estaria já a ter em conta a turma do 10º J de Alemão porque os seus alunos já estavam à partida motivados e interessados, e já que é um nível de iniciação, iriam eles necessitar de mais alguma complexidade anexada aos conteúdos programáticos; e a turma do 7º B a Inglês, que desde logo se apresentou repleta de alunos com capacidades acima da média para o nível, com uma grande vontade de aprender, entre eles se podendo identificar quem já se revelava autodidacta ao pesquisar na internet ou até através do contacto com jogos de computador.

As razões da escolha destas duas turmas, e não das restantes, prenderam-se com o nível de língua, já que ambas se encontram em iniciação, e com o facto de ambas serem à partida homogéneas e terem também alunos muito interessados e motivados.

2.2 Propósitos do projecto de Investigação-Acção

2.2.1 Definição da questão da Investigação-Acção

Ao pretender tratar dos temas motivação e literatura, surgiu então um conceito ainda mais amplo: os conteúdos culturais.

O pressuposto seria aferir da possibilidade de aumentar a motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem através da apresentação de novos conteúdos culturais e se a complexidade das actividades usadas para a introdução dos conteúdos culturais ajudariam a manter o interesse dos alunos com maior facilidade de aprendizagem.

Sem comprovar ou refutar a validade deste projecto cheguei à definição do tema do meu Projecto de Investigação-Acção intitulado “Conteúdos culturais na aula de língua estrangeira: agentes de motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem”.

2.2.1 O que pretendo observar?

A motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem será observada de forma simples tendo em conta a linguagem corporal e a vontade de participar dos alunos. Não será feito qualquer inquérito ao alunos para aferir da sua motivação porque a motivação a observar corresponde às reacções espontâneas, como a inquietude perante o insucesso, a vontade de participar, a postura animada durante as aulas, …

Neste projecto terei em conta a totalidade dos alunos de ambas as turmas porque, ainda que nem todos partilhem as mesmas capacidades e facilidade de aprendizagem, as

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8 turmas como um todo são de facto acima da média, realidade mais claramente observável na turma de Inglês. Na turma de Alemão, ainda que as duas alunas se apresentem como alunas com um ritmo de aprendizagem mais acelerado, o aluno é também um educando motivado e desejoso por aprender.

Contudo, após contacto com os alunos previamente à execução do Projecto, consegui facilmente concluir que o trabalho de medir a motivação dos alunos será mais facilitado na turma do 7º ano do que na do 10º devido à diferença entre as idades e comportamentos. Logo no início do projecto tive a expectativa de ver mais reacções por parte dos alunos do 7º ano, por serem mais espontâneos e menos retraídos, do que na turma do 10º ano, que estão numa idade menos expansiva.

2.2.2 A importância do “input” cultural na sala de aula de Língua estrangeira

Devemos primeiramente reconhecer a importância da aprendizagem de línguas estrangeiras na sociedade global que habitamos nos dias de hoje. Ao aprendermos uma nova língua estamos, de modo consciente ou não, a tomar parte da cultura a ela inerente, e a partir daí tornamo-nos capazes de interagir socialmente com os falantes dessa língua, regendo-nos por um código comum de atitudes. Essa competência linguística e cultural acaba então por promover “a tomada de consciência linguística e comunicativa, ou seja, activa as estratégias metacognitivas que permitem aos actores sociais tornarem-se mais conscientes e dominarem as suas formas ‘espontâneas’ de lidar com as tarefas, em

particular, a sua dimensão linguística” (Quadro Europeu Comum de Referência para as

Línguas, 2001:189).

Assim como consta no Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas

(p.191), a aprendizagem de uma língua estrangeira não tem como finalidade apenas dotar o aprendente de um conhecimento da gramática da língua mas, acima de tudo, expor o aluno a certas características culturais de um país estrangeiro, transformando o aluno num ser com “maior abertura ao novo, consciência do outro e curiosidade em relação ao desconhecido”.

Cultura não é apenas conteúdo, é então uma série de processos dinâmicos que incluem os mesmos processos que estão implícitos na aprendizagem de uma língua estrangeira (Cortazzi & Jin, 1999:196). Ou seja, assim como a correcção na fonologia é melhor adquirida durante conversações reais e a sintaxe e a morfologia são melhor

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9 aprendidas não pela análise mas sim pela imitação e exercitação/prática, também a aquisição de cultura segue os mesmos processos e está implicitamente indissociável à aprendizagem de uma língua (Brooks, 1986:123).

“O conhecimento da sociedade e da cultura da(s) comunidade(s) onde a língua é

falada é um dos aspectos do conhecimento do mundo” (Quadro europeu comum de

referencia para as línguas, 2001:149); por isso, ao aprender uma nova cultura os alunos adquirem conhecimentos adequados, competências linguísticas e atitudes próprias da cultura-alvo importantes para a sua relação com esta nova cultura.

Cabe ao professor ser um embaixador ao serviço da cultura (Cortazzi & Jin 1999:210); esta visão sobre a função do professor leva-nos a perceber a importância de todos os professores reflectirem sobre o seu modo de ensinar e a conferirem preponderância ao contributo que fazem para melhorar a cultura dos seus alunos. Embora os autores se restrinjam à cultura da língua estrangeira que cada professor ensina, eu penso que os professores devem ir mais longe e tentar pôr os seus alunos em contacto com expressões culturais de incidência planetária sempre que puderem. Depois de iniciar a minha experiência como professora-estagiária constatei que para muitos alunos o input cultural ao qual são expostos na minha aula pode muito bem ser o maior contacto que têm com cultura na vida deles. Cabe a nós, professores sermos, então, os tais embaixadores de que Cortazzi e Jin falam, e envolver os nossos alunos em aulas altamente ricas em saber do mundo, considerando sempre que estas poderão configurar a única exposição a uma cultura de referência universal que eles terão no seu percurso escolar.

Deste modo fica justificada a importância de trazer a Cultura da Língua Estrangeira para dentro das nossas salas de aula, mas qual cultura pretendo trazer para ser alvo de estudo durante a execução do meu Projecto de Investigação-Acção?

Neste segundo momento parece-me então imperativo definir qual a Cultura, ou conteúdos culturais, que deverei permitir-me abordar nas minhas aulas de estudo.

T. S. Eliot que, numa perspectiva demasiado conservadora, começou por reclamar a cultura como algo indissociável da religião, conseguiu despertar a minha atenção quando defendeu que “cultura deve ser descrita simplesmente como aquilo que faz com que a vida valha a pena ser vivida” (Eliot 1958:27). Se tiver de concordar com esta afirmação, terei então de considerar tudo como cultura quando de facto o que eu pretendo é definir que acepção do termo é aqui relevante, o que envolverá incontornavelmente conteúdos de natureza cultural.

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10 Raymond Williams consegue ir de encontro à definição que pretendo delinear para o meu projecto. O autor faz, sem dissociar as duas vertentes, uma distinção entre “cultura como modo de vida e cultura como arte e aprendizagem” (Williams 1958: 93), e é esta distinção que eu também tenho de clarificar no meu projecto. Considerando que tudo o que se irá aprender numa aula de língua estrangeira será incontornavelmente conteúdo cultural, onde reside então a diferença observável durante as minhas aulas? Para dar resposta a esta questão devo então esclarecer já que a cultura que será passível de observação durante as minhas aulas, será a cultura ligada à arte e aprendizagem como são disso exemplo a pintura, a música, a literatura e as personalidades mundiais. A cultura além de ser sistema de ideias, representações e práticas, é também o registo das criações humanas, e trazer esses registos em forma de arte deverá, em princípio, oferecer um estímulo cativante aos alunos mais avançados.

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CAPITULO 3 – O PRIMEIRO CICLO DO PROJECTO

3.1 O planeamento

Depois da escolha da questão de Investigação-Acção e das turmas envolvidas houve um período dedicado ao planeamento do Primeiro Ciclo. Inicialmente foram reservadas três aulas para a disciplina de Inglês e três aulas para a disciplina de Alemão. Contudo, como é visível de seguida, o número de aulas para o Primeiro Ciclo da disciplina de Inglês foi reduzido para duas aulas, devido a questões que irão ser exploradas no terceiro ponto deste capítulo.

Este Primeiro Ciclo do meu Projecto de Investigação-Acção foi desenvolvido entre o fim do mês de Janeiro e o meio do mês de Março e foi planeado de modo a servir o propósito de testar a hipótese que eu havia colocado e o modo como eu planeei executar o plano.

Aquando desta primeira fase de planeamento ainda com poucas certezas ou conhecimento sobre o que poderia resultar nas turmas que escolhi, decidi que iria fazer um registo escrito e informal de cada aula deste Primeiro Ciclo, registo este que só seria feito depois de cada aula e depois da discussão da aula com as minhas colegas e orientadoras. A pretensão desta modalidade de recolha de dados seria absorver o máximo de feedback das reacções dos alunos destas aulas, combinando as observações simples e informais feitas por mim e as das minhas colegas e orientadoras, de modo a conseguir ter uma visão global, real e concreta sobre o impacto destas aulas na postura dos alunos observados. Com a escolha de apenas este método de recolha de dados pretendi afastar-me da utilização de inquéritos e outros instrumentos de recolha de dados que fossem permeáveis à ambiguidade nos resultados obtidos, já que assim como Milne adianta, os alunos podem tender a responder superficialmente, em especial se o questionário levar muito tempo para responder, além disso os alunos podem sentir-se também intimidados com as perguntas, por pensarem que ao darem a sua opinião pessoal poderão no futuro ser penalizados (Milne 1998: 52).

O que eu pretendia observar, como já mencionei, seriam as reacções dos alunos durante a aula e não averiguar o que os alunos pensaram da aula, porque isto poderia motivá-los a responder de forma menos conclusiva às questões que lhes eram apresentadas, de modo a agradar mais ou menos à professora.

Foi então com estes pressupostos que parti para a elaboração de cada aula que planeei para este Ciclo.

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12 3.2 A análise das aulas do Primeiro Ciclo de Investigação-Acção

3.2.1 As aulas das turmas de Inglês

3.2.1.1 Aula “Personalities” – 19 de Janeiro

A Primeira Aula deste Ciclo foi preparada com o objectivo de ter o máximo de

input cultural possível, tirando partido do facto de ser uma aula dedicada a

personalidades e biografias.

A aula foi iniciada com o jogo “Empty chair”, que serviria para motivar os alunos e ajudá-los na formulação de perguntas sobre as características, actividades e qualidades de uma personalidade. A personalidade escolhida como objecto da identificação a fazer pelos alunos foi Barack Obama, sobre o qual também incidiu a parte de compreensão de leitura e exposição gramatical.

Na parte final da aula, o input cultural foi alargado a personalidades internacionais, sendo elas da actualidade ou não. O objectivo dos últimos exercícios foi dar a oportunidade aos alunos de treinar a estrutural gramatical em revisão, mas de um modo mais apelativo, com personalidades que eles deveriam conhecer e saber porque é que são neste momento pessoas merecedoras da nossa atenção.

No final da ficha de trabalho houve também a preocupação de promover mais uma vez a referência cultural, assinando a ficha com uma pintura de Van Gogh, autor também mencionado nos últimos exercícios.

Análise da aula

Embora a aula tenha sido desenhada de modo a impulsionar a motivação dos alunos, não houve alterações significativas às reacções destes. Os alunos com facilidades de aprendizagem chegaram até a desmotivar e a “desligar-se” da aula como se o que era abordado não tivesse qualquer importância para eles.

Durante a aula a professora foi colando retratos no quadro e a ficha estava impressa a cores e com muitas imagens apelativas, tudo estava pensado com vista à motivação dos alunos, já que materiais apelativos levariam ao impulsionamento do interesse e motivação dos alunos como é defendido por Harmer,

“As imagens fazem sobressair o texto, dando aos alunos uma visão do mundo exterior. […] Imagens a cores são interessantes e irão agradar pelo menos à maior parte da turma. Elas têm o poder (pelo menos para os que são

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13 mais visuais) de fazer com que os alunos fiquem empenhados na aula (engage students).”

(Harmer, 2001:135)

Depois de uma reflexão sobre o facto de esta aula ter sido feita em grupo, todas fomos da mesma opinião: algo na postura da professora não permitia a ligação com os alunos e por isso os conteúdos apresentados não foram suficientes para chegar aos alunos.

3.2.1.2 Aula “Peter Pan” – 26 de Janeiro

Esta segunda aula foi planeada com o intuito de a inserir na Semana do Patrono da escola, subordinada ao tema “A week in wonderland”. Assim, tentei despertar os alunos para a leitura de textos sobre o fantástico, e desse modo, motivar os alunos com maior facilidade na aprendizagem.

A aula foi inteiramente dedicada à personagem Peter Pan e ao mundo da fantasia. Antes mesmo de ser revelado o tema da aula, foi pedido aos alunos que ouvissem uma música do compositor James Howard e que escrevessem em pequenos pedaços de papéis coloridos o que a música lhes sugeria, usando o vocabulário introduzido no início da aula. Cada aluno colou depois o seu papel na parede criando um mosaico colorido cheio de palavras que abriam a porta a um mundo imaginário, “beyond imagination”, como um dos alunos em estudo escreveu. O objectivo deste exercício era não só trazer os alunos para o contacto com a cultura através da música clássica mas também fazer com que ficassem motivados por terem um momento para se expressarem e se transportarem para um outro mundo.

Durante a aula os alunos leram excertos de uma versão adaptada da história e visualizaram também um pequeno excerto do filme. No final, cada aluno completou um pequeno texto com a descrição da sua Wonderland.

Análise da aula

Analisando posteriormente as reacções dos alunos, foi claramente visível um certo desinteresse pela aula. Embora a aula estivesse preparada com o propósito de aumentar a motivação dos alunos com mais facilidades de aprendizagem, a aula acabou por até os desmotivar em certos momentos. O único momento em que se notou o

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14 despertar dos alunos para a aula e o aumento da motivação destes foi quando visualizaram o excerto do filme, no qual Wendy e os irmãos aprendiam a voar.

Contudo, há alguns factores a ter em conta e que podem justificar um resultado tão contrário em relação às expectativas que, tanto eu como a orientadora, tínhamos para a aula. A aula foi leccionada ao primeiro tempo da manhã com os alunos ainda pouco despertos e a uma temperatura demasiado elevada, o que levava a um esmorecimento da atenção dos alunos. Também a postura da professora não era ainda muito envolvente, ritmada, ou motivante.

A aula, embora repleta de conteúdos culturais, não conseguiu atingir o objectivo proposto de impulsionar a motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem.

3.2.2 As aulas das turmas de Alemão

3.2.2.1 Aula “Orientierung in der Stadt” – 4 de Fevereiro

A primeira aula do Projecto com a turma de Alemão foi dedicada à exploração da cidade de Berlim, tirando proveito do facto de ter de leccionar uma unidade que envolvia aprender a dar informações sobre caminhos e orientação numa cidade. A escolha da cidade de Berlim mostrou-se uma boa escolha porque, além de ser a capital da Alemanha, é também uma cidade com muito para explorar.

Logo no momento introdutório da aula, sem dar conhecimento sobre o tema da mesma, a professora colou variadas fotos da cidade no quadro para que os alunos as identificassem e descobrissem logo o nome da cidade. De facto, o que se passou foi que os alunos demonstraram não ter qualquer conhecimento sobre os principais monumentos da cidade porque foram incapazes de identificá-la. Os monumentos acabaram por ser descritos pela professora, que acabou por ter de fazer uma apresentação mais elaborada de modo a elucidar os alunos acerca dos locais reproduzidos nas fotos. Além dos conteúdos culturais introduzidos com os monumentos e locais, foram também leccionados conteúdos culturais que se prendiam com a forma de interagir com a nova cultura à qual os alunos estão a ser expostos, visto que a aula deve incluir não só literatura, arte ou dados históricos/geográficos acerca da cultura-alvo, mas também incluir comportamentos e atitudes inerentes a essa cultura, de modo a que os alunos possam desenvolver a sensibilidade necessária para adquirirem um conhecimento social que lhes possibilite o contacto futuro com essa cultura de uma forma adequada e integrada (Cortazzi & Jin, 1999:), como são exemplo as formulações de perguntas para encontrar um caminho ou a aprender a interpretar as instruções dadas

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15 por alguém para chegar ao destino desejado. A aula terminou também com um exercício sobre indicações de caminhos, apresentando ruas conhecidas da cidade de Berlim.

Análise da aula

A primeira parte da aula acabou por revelar os conhecimentos deficientes que os alunos têm sobre a capital do país que representa a nova língua que os alunos estão a aprender. Demonstrou também que embora os aprendentes não tivessem demonstrado qualquer pretensão de saber mais sobre a capital da Alemanha antes da aula, durante este momento inicial mostraram-se até um pouco interessados em saber mais.

Contudo, a aula decorreu num ritmo lento que não só derivou das características especiais da turma como do facto de serem apenas três alunos e de haver diferentes ritmos de trabalho.

Ao longo da aula a motivação não sofreu nenhuma variação que justifique registo, apenas na parte final da aula houve uma alteração significativa, mas contrária ao objectivo, no qual os alunos se desmotivaram devido à complexidade do último exercício.

3.2.2.2 Aula “Mode” – 18 de Fevereiro

Tendo em conta que o Projecto tem por base a motivação dos alunos, tentei proporcionar um início bastante motivador para a aula mostrando a montra de uma loja de roupa alemã, e posteriormente criei um estendal no quadro com uma corda e molas, para que os alunos se levantassem e fizessem corresponder cada peça de roupa ao nome em alemão com ajuda das molas, criando um efeito visual mais cativante.

As restantes actividades contaram com um pequeno excerto de um artigo online que mencionava a forma de vestir dos jovens alemães, imagens de pessoas famosas internacionais e alemãs, para que os alunos pudessem comentar e descrever a forma como estas pessoas se vestiam.

Análise da aula

Embora a aula estivesse pensada de modo a abordar o tema da moda e isso pudesse motivar mais as duas alunas do que o aluno, o que aconteceu na realidade foi uma ausência de momentos de clara motivação. Mais uma vez a motivação foi linear, os

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16 alunos não se demonstravam empolgados em nenhuma das fases, mas também não se mostravam desmotivados.

3.2.2.3 Aula “Junge Leute” – 18 de Março

Por um lado, uma turma de iniciação é muitas vezes “bombardeada” com input cultural por ser isso mesmo, uma turma de iniciação; mas muitas vezes é necessário leccionar outros conteúdos que pouco podem ter em relação a conteúdos culturais efectivos. Esta terceira aula foi dedicada ao tema dos jovens e da amizade e por isso apenas teve um momento claro de input cultural com a visualização/audição do videoclip da musica “Wir beide” da cantora Juli.

Análise da aula

Quando se planeia uma aula é imperativo ter em conta os interesses dos alunos e, por isso, resolvi atender aos pedidos dos alunos que mencionaram ter interesse em conhecer mais músicas em língua alemã. Assim, resolvi trazer para a aula uma música que também preenchia os requisitos necessários em relação ao tema da aula e que eu antevia como uma correspondência direccionada aos interesses musicais dos alunos. A música reunia vários pontos de interesse que eu pensava corresponderem aos gostos dos alunos e de um público geral: melodia muito agradável, letras muito expressivas e repletas de valores de sentido.

E foi claramente no momento da audição da música que os alunos se mostraram mais motivados e curiosos. Analisando agora a aula como um todo, não houve nenhum momento da aula em que se tenha observado aumento ou diminuição da motivação, excepto o momento musical, em que foi evidente um aumento do interesse dos alunos, que adoptaram uma postura mais motivada e interessada para poderem saber o significado da música.

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17 3.3 Reflexão sobre as conclusões registadas

Como comecei por alertar em jeito de introdução na fase de planeamento deste Primeiro Ciclo, o Projecto não foi ao encontro das expectativas que tinha para este primeiro momento.

No fim deste Primeiro Ciclo não consegui comprovar nem refutar a influência dos conteúdos culturais no aumento da motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem. Depois de várias reflexões feitas ao longo deste Ciclo, foi-me possível concluir que alguns factores foram contribuindo para que eu não conseguisse atingir os meus objectivos.

No caso do Inglês, eu, como Professora-estagiária, ainda não tinha muita experiência nem visão sobre o que eu poderia fazer para conseguir chegar aos alunos em fase pré-adolescente. Tenho também de enfatizar que ainda estava no inicio do Estágio e não tinha ainda sensibilidade para reconhecer os interesses dos alunos e o que lhes poderia despertar o interesse para as minhas aulas.

Posso então concluir que embora os materiais estivessem bastante coloridos e apelativos e as aulas fossem planeadas com vista a ter conteúdos culturais motivadores, não consegui que os alunos se “prendessem” à aula e participassem de forma entusiástica, deixando espaço para que os alunos com facilidade de aprendizagem chegassem a “desligar-se” da aula por estarem pouco motivados e sem vontade de intervir.

No momento em que me apercebi que não estava a seguir o melhor caminho relativamente à forma como tratava os materiais que levava para a aula, decidi interromper o Ciclo nesta turma e procurar soluções para este problema juntamente com as minhas colegas e orientadora. Todas concordámos que as aulas leccionadas teriam todos os ingredientes para conseguir motivar os alunos mas que a minha postura enquanto professora não permitia conferir um ritmo dinâmico à aula de forma a que os alunos se vissem envolvidos nos trabalhos desenvolvidos, cabia-me a mim então alterar a minha postura e procurar planear aulas que à partida tivessem um desenrolar mais rápido de modo a aperfeiçoar o meu desempenho.

Neste momento o balanço que tem obrigatoriamente de ser feito é que independentemente do pouco à vontade da professora, os conteúdos culturais por si só não conseguiram aumentar a motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem. Por estes motivos considerei imperativo interromper o Ciclo na turma de Inglês e

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18 começar um novo a partir daqui já com algumas reformulações que serão abordadas num momento posterior.

A primeira aula do Projecto com a turma de Alemão foi leccionada já depois de reflectir sobre os resultados do impacto do Projecto nas reacções dos alunos da turma de Inglês e que refutavam o pressuposto inicial de que os conteúdos culturais ajudariam de algum modo a aumentar a motivação dos já motivados alunos com facilidades de aprendizagem.

Na primeira aula os alunos apresentavam conhecimentos quase nulos acerca da cidade de Berlim e tiveram dificuldades no último exercício, o que os desmotivou e na terceira aula a referência a figuras conhecidas alemãs e internacionais não conseguiram abrir espaço para grandes alterações na postura dos alunos, que se mantiveram com níveis de motivação baixos e regulares durante as aulas. O único momento que representou uma excepção e um dado favorável ao meu estudo verificou-se na segunda aula, aquando da visualização do videoclipe da banda alemã Juli. Para fundamentar a ocorrência deste facto devo mencionar que os alunos já tinham anteriormente pedido que lhes fosse apresentada música alemã da actualidade e eu tentei levar para a aula algo que correspondesse aos seus interesses, ocasião que acabou por revelar mais uma vez a importância de atender aos interesses e gostos dos alunos.

Embora este Ciclo tenha ficado marcado por momentos de frustração por não conseguir comprovar o pressuposto do meu Estudo, penso que foi importante não só para o próprio Projecto, mas também para o meu desenvolvimento como professora, ter encontrado obstáculos que me fizessem questionar a minha vocação profissional, porque assim tive oportunidade de reflectir sobre o meu percurso e de comprometer-me a procurar e a tentar entender de que formas eu conseguiria melhorar o meu desempenho.

O Segundo Ciclo será então dedicado a reformular alguns aspectos que poderão ter influenciado negativamente os meus resultados.

Fazer o registo escrito depois de reflectir junto das minhas colegas e orientadoras mostrou-se um método de recolha de dados muito útil, não só para fazer um relato escrito posterior à aula com algum distanciamento, mas também para me ajudar a reflectir sobre a minha prestação. Contudo deverei também tentar complementar o método de recolha de dados escolhido para este Primeiro Ciclo com um outro método, já que fazer um registo mental durante a aula sobre o que se está a passar implica um trabalho redobrado da minha parte e não permite que haja um

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19 distanciamento entre as minhas reflexões e o que se está realmente a passar na aula. Este método falha também porque não são assinalados momentos específicos da aula em que houve alteração na motivação, nem permite que estes momentos sejam traduzidos em valores analisáveis numa base comparativa.

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20

CAPITULO 4 – O SEGUNDO CICLO DO PROJECTO

4.1 O planeamento

O Segundo Ciclo do meu Projecto foi planeado com um grande peso emotivo para mim, já que era a última oportunidade que eu teria para fazer com que os dados obtidos no meu estudo conseguissem por fim retratar a validade do meu Projecto.

Um primeiro instante foi dedicado a encontrar um novo instrumento de recolha de dados que em conjunto com o método anterior conseguisse traduzir mais fidedignamente os valores obtidos. Optei então por elaborar grelhas de observação que seriam preenchidas, durante as minhas aulas, pelas minhas colegas, enquanto eu continuaria a fazer uma observação simples que me possibilitasse redigir uma análise após as reflexões de cada aula. Cada grelha de observação deveria ser adaptada aos momentos específicos de cada aula, seria entregue às minhas colegas e eu, num momento posterior, compararia para encontrar diferenças entre os dados recolhidos por ambas e, se necessário, proceder de modo a encontrar um valor intermédio entre ambas, para mais tarde fazer a análise dos dados recolhidos. Nas grelhas preenchidas durante a observação da turma de Inglês foram isolados dez alunos que se apresentavam mais motivados e com mais facilidade de aprendizagem, identificados de A a J nos gráficos, de modo a ser mais fácil a observação da turma.

Num segundo momento foi analisado o que não havia resultado até agora e o que tinha de mudar. Cheguei eu à conclusão de que além do método de recolha de dados, também teria de alterar a minha postura, a maneira como abordava os conteúdos que levava para a sala de aula, a minha relação com os alunos, que deveria passar de distante para mais próxima, o ritmo das minhas aulas que deveria ser mais dinâmico, e as técnicas que eu usava, que deveriam ser mais direccionadas para o que realmente empolgava os alunos. Para a concretização destas reformulações pude contar com as conclusões que já tinha aferido no Primeiro Ciclo, com as capacidades, enquanto professora, que desenvolvi ao longo de cada aula que ia dando e com o conhecimento dos alunos que fui aprofundando aula após aula.

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21 4.2 A análise das aulas do Segundo Ciclo de Investigação-Acção

4.2.1 As aulas das turmas de Inglês

4.2.1.1 Aula “House I” -23 de Março

Depois de analisar os erros que tinha começado por cometer no Primeiro Ciclo do meu Projecto, achei por bem dedicar-me a fazer uma aula complexa e que reunisse todos os ingredientes que eu pensava que tivessem à partida a capacidade de motivar alunos do 7º ano. Toda a aula foi pensada de modo a que pudesse testar uma forte intuição: que o desinteresse dos alunos pelos conteúdos culturais no Primeiro Ciclo se prendia com a minha postura e com a minha abordagem, e não pelos conteúdos culturais em si.

Descrever a aula tal e qual como decorreu parece-me agora uma tarefa muito difícil, visto que a aula ia muito mais além de qualquer material que eu possa anexar a este projecto. Contudo, tentarei descrever não só a aula como o processo de preparação desta para que sejam visíveis as mudanças que tentei introduzir.

Penso que é importante abordar a fase de planeamento desta aula, e faço esta opção, contrária ao que tenho optado até agora, para demonstrar a importância da reflexão que fiz aquando do primeiro esboço. Devo começar por conferir a máxima importância das reflexões que fiz em conjunto com a minha orientadora, que me ajudou a perceber as diversas formas de chegar aos alunos e o que eu tinha de mudar para conseguir ir ao encontro dos alunos mais novos.

Desde o momento que soube que teria de leccionar o tema da casa e as preposições de lugar, decidi usar o quadro de Van Gogh “The bedroom” para introduzir o tema na parte inicial da aula. Mais uma vez, com o apoio da minha orientadora, tentei perceber o que poderia fazer com o quadro de modo a despertar os interesses dos alunos.

Quando o dia da aula chegou, comecei então por mostrar uma apresentação de Powerpoint com a pintura de Van Gogh, mas não me fiquei pelo mostrar, deixei que os alunos interagissem em função do exame do quadro e que se sentissem à vontade para perguntar o que quisessem sobre este. Foram abordadas as partes da casa, a mobília visível no quarto, mas o momento de maior excitação dos alunos foi quando eu pedi que dessem palpites sobre o valor do quadro. Aqui percebi a importância das indicações dadas previamente pela minha orientadora, neste momento consegui ver tudo o que tinha feito de errado e que agora poderia melhorar.

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22 A aula ganhou uma dinâmica totalmente diferente e consegui que os alunos ficassem realmente empolgados para contactar com o que ia além dos conteúdos mais comuns.

Num outro momento da aula apresentei os diversos tipos de casas mas consegui apresentar imagens de casas reais e fazer com que os alunos continuassem a seguir a aula muito motivados; exemplo disso foi o momento em que o vocabulário para

Skyscraper foi apresentado com a imagem de um arranha-céus no Dubai (o mais alto

construído até agora), edifício cuja localização e nome os alunos tiveram de adivinhar, bem como o número de andares.

Num momento seguinte foram introduzidas as preposições de lugar com o suporte de uma apresentação de PowerPoint que alterava a pintura de Van Gogh de modo a provocar estranhamento nos alunos e desse modo manter a motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem. Esta apresentação provocava alguma excitação nos alunos porque iam surgindo automaticamente alguns elementos externos, como é o caso das ratazanas e do próprio fantasma de Van Gogh. Com estes elementos foi construído um contexto para a apresentação, o quadro já era muito antigo e por isso apareceram umas ratazanas e o senhor que aparece e desaparece na apresentação poderá ser o fantasma do pintor a assombrar a sua obra. Criar um contexto e manipular o quadro comprovou mais uma vez a importância de permitir sempre que os alunos interajam a propósito do que lhes é apresentado, só assim eles se sentem envolvidos e consequentemente motivados.

Na parte final da aula foi introduzido mais um elemento cultural, o jogo Cluedo, uma versão adaptada aos conteúdos da aula, que os alunos jogaram em equipas.

Analise dos dados obtidos

Durante a aula houve lugar para os conteúdos programáticos regulares, como a esquematização das partes da casa. Estes momentos foram discutidos posteriormente e levaram-me a concluir que os alunos com facilidades de aprendizagem tiveram um retrocesso motivacional nestes momentos. No gráfico apresentado, é visível um aumento da motivação nos momentos preenchidos com referências culturais, nomeadamente durante a apresentação do Powerpoint com animações inseridas no quadro de Van Gogh; e uma diminuição da motivação nos momentos iniciais da aula dedicados à esquematização de vocabulário.

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23 Esta aula foi importante não só porque me ajudou a obter resultados mais favoráveis para o meu Projecto de Investigação-Acção, mas também porque me ajudou a perceber como é que eu me poderia tornar uma professora melhor. Esta aula demonstrou claramente a importância da interacção dos alunos com os conteúdos que estão a ser leccionados e constituiu um momento revelador dos efeitos positivos da competitividade durante a aula, configurada em algumas fases da aula em que eu oferecia uma recompensa, um doce no presente caso, a quem adivinhasse os factos mais rapidamente, no exemplo concreto o número de andares do arranha-céus no Dubai e ao valor da obra de Van Gogh.

Devo também mencionar que a preparação dos materiais para a aula foi muito pensada tendo em conta que pretendo aumentar a motivação dos alunos, a apresentação de Powerpoint e as fichas de trabalho eram apelativas e muito bem cuidadas e o jogo do final da aula foi todo adaptado e feito de modo a despertar a maior curiosidade nos alunos.

Quando foi feita a reflexão sobre a aula com o núcleo todos estes aspectos foram mencionados e o núcleo achou que realmente houve ligação com a turma e que os conteúdos culturais ajudaram então a motivar, não só os alunos com facilidade de aprendizagem, como a turma completa.

4.2.1.2 Aula “House II” – 13 de Abril

Esta segunda aula do Segundo Ciclo do meu Projecto conseguiu demonstrar diferentes níveis de motivação nos alunos. Começo por descrever os dois momentos concebidos para introduzir os conteúdos culturais: a parte inicial da aula com a leitura de um texto adaptado e a última parte da aula com um trabalho criativo feito em grupo sobre a casa de Bill Gates.

Exercicio 1 Exercicio 2 Prepositions of place ‐ animação Jogo

Aluno J Aluno I Aluno H Aluno G Aluno F Aluno E Aluno D Aluno C Aluno B Aluno A

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24 O texto escolhido para o início da aula não pode ser considerado literatura, contudo eu considero-o dotado de um conteúdo cultural porque, além de ter o vocabulário que os alunos teriam de aprender, oferece pequenos apontamentos de cultura ao abordar um jogo tradicional como o Hide and Seek, tipos de casa tradicionais e vocabulário um pouco complexo e que vai além do vocabulário e das expressões que normalmente são apresentados aos alunos. Além de o texto ser um pouco complexo, os alunos acabaram por entende-lo bem e ficaram motivados quando o leram devido ao seu conteúdo misterioso e bastante apelativo para os alunos destas idades.

A actividade do final da aula, dedicada à casa de Bill Gates, também possibilitou mais um momento cultural na aula, já que os alunos tiveram oportunidade de dizer o que já sabiam sobre esta personalidade e de fazer as perguntas que desejavam. Depois da apresentação da personalidade e das razões pelas quais Bill Gates é uma das grandes personalidades do século, os alunos também tiveram oportunidade de conhecer o exterior da casa de Bill Gates e de imaginar como seria o interior da sala de estar da famosa casa com direito a nome próprio, Xanadu.

Análise dos dados obtidos

Analisando os resultados das grelhas preenchidas durante a aula (traduzidos no gráfico apresentado), é visível um aumento da motivação dos alunos na fase da aula dedicada ao trabalho de grupo sobre a casa de Bill Gates. Embora não seja uma fase com introdução de conteúdos culturais, foi uma fase seguinte a esse momento que teve como base da sua execução esses mesmos conteúdos.

Contudo, devo esclarecer que os conteúdos culturais só por si não iriam conseguir motivar os alunos daí a importância de fazer com que o conteúdo cultural seja manipulado e trabalhado da forma que mais agradar aos alunos.

Texto Exercicio 2 Contexto‐ Bill Gates Trabalho de grupo

Aluno J Aluno I Aluno H Aluno G Aluno F Aluno E Aluno D Aluno C Aluno B Aluno A

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25 4.2.1.3 Aula “Hobbies” – 11 de Maio

A aula sobre as actividades dos tempos livres seria a minha última aula para a aplicação do meu Projecto na turma de Inglês em estudo. Assim sendo optei por voltar a usar uma pintura, visto que esta abordagem para o inicio da aula parece resultar sempre com esta turma. Mostrei então uma pintura um pouco estranha e que alguns alunos tiveram dificuldade em interpretar nos primeiros momentos. A pintura de Dragan Sekaric Shex que ilustra uma bicicleta num registo abstracto acabou por resultar muito bem já que os alunos tiveram tempo de tecer algumas observações sobre o conteúdo do quadro e assim participar oralmente na língua alvo de uma forma totalmente descontraída e produtiva.

O porquê da escolha desta pintura de um artista pouco conhecido prendeu-se com o meu gosto pessoal, com o facto de eu querer demonstrar que há boas obras de artistas desconhecidos que vale a pena trazer para dentro da sala da aula porque também são cultura, e porque eu sabia à partida que muitos dos alunos andam de bicicleta e seria um bom estímulo para que eles falassem dos seus hobbies e também, porque não, uma oportunidade dada aos alunos mais interessados para a aprendizagem de algum vocabulário inerente às bicicletas, como o guiador e as rodas.

A forma que adoptei para introduzir o Present Continuous também se revelou um momento altamente motivador. Comecei por perguntar o que estávamos a fazer naquele momento e de seguida mostrei uma imagem animada do mundo a girar, tendo os alunos pedido que o imobilizasse na cidade de Nova Iorque para se tentar adivinhar o que estariam a fazer as pessoas àquela hora na cidade que nunca dorme, usando-se para isso um mapa com as diferentes time zones do mundo para calcular as horas em várias partes do mundo. Embora o globo tenha sido imobilizado na cidade que nunca dorme, o que se ouviu de seguida foi um senhor a ressonar, o que despertou mais uma vez o interesse dos alunos devido à introdução de um momento cómico dentro de um momento claramente animado por uma referência cultural.

De seguida foram mostradas fotos de pessoas famosas a fazer algo no momento em que foram fotografadas e que os alunos teriam de descrever as suas acções. Desde personalidades olímpicas até às personalidades ligadas à fotografia, os alunos tiveram oportunidade de saber mais sobre estas personalidades do mundo.

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Pintura ‐ Lead in Exercicio 1 Time Zones ‐

Animação Exercicio 2 ‐ Apresentação das  personalidades Desenho da  descrição  (Practice 2) Aluno J Aluno I Aluno H Aluno G Aluno F Aluno E Aluno D

Análise dos dados obtidos

Analisando o gráfico elaborado com os dados recolhidos presentes grelhas de observação preenchidas durante a aula, é notória uma quebra da motivação durante o exercício um, o que dá ainda mais relevância ao aumento da motivação no momento seguinte dedicado a referências culturais.

Um dos momentos que geraram mais excitação e surpresa nos alunos não aparece analisado isoladamente no gráfico, está inserido no momento da apresentação das personalidades, mas deverá ser mencionado embora esta fase não apresente um aumento da motivação nos alunos. Esse momento surpreendeu reacções nos alunos precisamente quando foi apresentada a foto de uma fotógrafa (Annie Leibovitz) que era desconhecida dos alunos mas que era uma pessoa que tinha um percurso muito interessante e tinha, aliás, sido a última pessoa a fotografar John Lennon, horas antes do seu assassinato. Devo dizer que fiquei um pouco decepcionada por alguns alunos não conhecerem o cantor, mas isso também possibilitou que se falasse dos Beatles por alguns momentos e assim tornar a escolha da fotógrafa ainda mais significativa.

4.2.2 As aulas das turmas de Alemão 4.2.2.1 Aula “Ferien” – 20 de Abril

Como já defendi, Cultura também é saber que conduta ter quando expostos a outras culturas, daí eu ter dedicado a minha primeira aula do Segundo Ciclo do Projecto na turma de Alemão ao tema das viagens e ao vocabulário básico que os alunos terão de dominar quando visitarem um país de expressão alemã.

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27

Apresentação inicial (Einstieg) Exercicio 1 Exercicio 2 

Aluno S Aluno M Aluno A A aula foi iniciada com a projecção de um postal de um monumento muito conhecido no sul da Alemanha, o castelo Neuschwanstein, e com a referência de alguns pormenores curiosos acerca da construção daquele monumento de modo a motivar os alunos. De seguida foi mostrada uma foto das professoras estagiárias em visita àquele monumento, assim como os bilhetes de comboio e bilhetes de entrada reais utilizados na visita, de modo a possibilitar aos alunos um primeiro contacto com o vocabulário de viagens e com documentos autênticos, e para que daí resultasse um aumento na motivação dos alunos.

A aula continuou com a introdução de vocabulário relacionado com viagens e associado a imagens que permitiram alguma elaboração a nível de conteúdo cultural mais específico. A título de exemplo, para a palavra “hotel” havia a correspondência de uma foto do carismático Hotel Adlon no centro de Berlim, ou para a palavra “catedral” a imagem da conhecida catedral de Köln.

Análise dos resultados obtidos

Ao analisar o gráfico seguinte é visível que o momento que melhor traduz o aumento da motivação dos alunos é precisamente o momento dedicado ao castelo Neuschwanstein durante a apresentação inicial do tema da aula.

Aponto como motivos deste aumento o facto de ter mencionado alguns rumores curiosos sobre o castelo, a foto das professoras ter apresentado um momento de maior proximidade com os alunos e com a visualização de documentos autênticos conseguir despertar um maior interesse nos alunos em visitar o país. Contudo, os valores registados não mostram claramente um aumento da motivação dos alunos nos momentos em que os conteúdos culturais são apresentados, registando-se níveis mais ou menos lineares ao longo da aula.

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4.2.2.2 Aula “Umwelt” – 29 de Abril

A aula sobre o ambiente foi planeada de modo a constituir uma oportunidade de avaliação da motivação dos alunos. Com esta aula, procurei mostrar algo muito motivador no início de forma a ver a reacção dos alunos e daí poder medir as alterações dos níveis de motivação ao longo da aula.

A aula começou então com a visualização de um episódio dos desenhos animados do Barbapapa sobre a poluição ambiental, ao qual os alunos reagiram muito bem dizendo que acharam as personagens muito “queridas e engraçadas”; contudo mais à frente quando forem analisados os resultados terei oportunidade para reflectir sobre a ocorrência ou não de alterações na postura dos alunos que demonstraram um aumento da sua motivação.

Outro momento dedicado à introdução de conteúdos culturais correspondeu à distribuição de um boletim com instruções de reciclagem, tendo o tema da reciclagem sido abordado como assunto de primeira ordem na Alemanha, introduzindo-se na sala de aula um código de comportamento inerente à cultura-alvo.

Análise dos dados obtidos

Depois de analisar as grelhas de observação preenchidas durante a aula é necessário verificar se os dados recolhidos realmente conseguem traduzir a motivação dos alunos durante a aula.

Neste caso, os dados traduzidos no gráfico revelam um aumento da motivação dos alunos durante a visualização do episódio do “Barbapapa”. No entanto, a motivação durante o resto da aula continuou em níveis aproximados, sendo observável apenas uma pequena descida dos níveis de motivação durante o tratamento do texto.

Gráfico 5 – Aula “Umwelt”

Mais à frente terei oportunidade de reflectir mais conclusivamente sobre o assunto, mas posso desde já concluir que esta turma não consegue exteriorizar emoções e posturas que me levem (a mim e às minhas colegas que preencheram as grelhas de observação) a ver momentos de real excitação por estarem motivados para a aula.

Episodio Barbapapa Texto Intruções sobre a 

separação do lixo

Aluno S Aluno M Aluno A

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29 Apresentação inicial  (Pintura +  preposições) Texto (exercicio 2) Powerpoint  (Transferphase) Jogo Aluno S Aluno M Aluno A Embora houvesse um aumento na atenção dos alunos dedicada à aula no momento inicial com o episódio de desenhos animados e os próprios alunos terem dito que tinham gostado muito, isso acabou por não ficar bem traduzido nos dados retirados porque não houve mudança na atitude/postura dos alunos.

4.2.2.3 Aula “Wechselpräpositionen” – 20 de Maio

A última aula do meu Projecto de Investigação-Acção serviu para fazer um estudo comparativo entre as duas turmas intervenientes. Para isso, optei por planear uma aula idêntica à leccionada na turma de Inglês (a primeira aula do Segundo Ciclo) para que fosse visível a diferença nas reacções dos alunos face a um mesmo conteúdo.

Iniciei a aula com o quadro de Van Gogh mais uma vez e usei a mesma apresentação de Powerpoint para introduzir as preposições de lugar.

Análise dos resultados obtidos

Devo começar por dizer que os alunos demonstraram agrado com a apresentação repleta de animações; contudo esse agrado não é passível de ser traduzido em valores realmente ilustrativos de um aumento drástico na motivação dos alunos que eu talvez um pouco ingenuamente gostaria de ter observado.

Se analisarmos o gráfico anexado, é visível que as alterações são pouco definidas e que por isso não podem constituir elementos de análise relevantes para a comprovação do meu pressuposto. Contudo, os três alunos apresentaram-se mais motivados durante a apresentação inicial e o PowerPoint mostrado na transferphase (cf. Planificação e materiais da aula em anexo).

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30 4.3 Reflexão sobre as conclusões registadas

Findo o Segundo Ciclo do meu Projecto de Investigação-Acção, caber-me-á começar por avaliar a importância das alterações inseridas para a execução deste Ciclo final. As grelhas preenchidas pelas minhas colegas ajudaram-me a isolar momentos específicos durante as aulas nos quais se poderia surpreender claramente alterações na motivação dos alunos, e assim se lograr reflectir com maior exactidão sobre a importância dos conteúdos culturais introduzidos nos diversos momentos das aulas.

Os materiais seleccionados e o tipo de conteúdos escolhidos, a melhoria do meu conhecimento das turmas e da forma como eu deveria interagir com elas (de forma mais espontânea e dinâmica), influenciaram sem qualquer dúvida a ocorrência de resultados positivos.

Consigo, neste momento, comparar as últimas aulas do Projecto com uma das primeiras aulas que dei na turma de Inglês sobre o Peter Pan e ver as enormes transformações que se deram em mim enquanto professora e que possibilitaram um desfecho mais positivo do meu Projecto. Essa aula sobre o Peter Pan tinha materiais apelativos, conteúdos culturais, momentos de expressão livre – várias ferramentas que facilitavam o aumento da motivação dos alunos; porém eu ainda não possuía conhecimentos suficientes sobre a forma como se deve planear uma aula e acabei por decidir iniciar a aula com um exercício de gramática, básico, mas ainda assim sob aquele ímpio rótulo de gramática que consegue extinguir qualquer laivo de interesse que os alunos pudessem ter no início da aula.

Este Segundo Ciclo foi marcado por alterações definitivas para o sucesso do Estudo, desde a projecção de media de uma forma mais pensada, que se revelou uma ferramenta muito útil e deve ser usada na sala de aula já que possibilita, como defende Hughes, visões culturais diferenciadas que promovem variadas actividades na sala de aula, quer seja através de filmes ou apresentações de Powerpoint (Hughes, 1996:); até à minha desenvoltura numa professora mais descontraída, dinâmica, segura e capaz de transmitir entusiasmo aos alunos.

Contudo, depois de analisar o conjunto das conclusões retiradas de cada aula deste Ciclo, constatei que os alunos ainda não apresentaram níveis de motivação tão distintos nas fases em que eram introduzidos os conteúdos culturais, de forma a poder dizer-se que a matéria cultural, única e exclusivamente essa matéria, leva ao aumento da motivação dos alunos.

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31 Ao fazer uma comparação entre as duas turmas, o que me parece incontornável, consigo adiantar que na turma de Inglês consegui observar resultados positivos muito mais claros, ainda que não confiram uma validade universal ao meu Estudo, do que na turma de Alemão. A dificuldade de implementação do meu projecto na turma de Alemão prendeu-se com o facto de a turma ser demasiado pequena, apenas três alunos, o que torna imediatamente sensível qualquer descontinuidade provocada pelo estímulo que se deseja emprestar às aulas com tão poucos destinatários. A harmonização em

corpus tão limitado é necessariamente mais difícil do que a instituída no universo mais

diverso e vasto, onde sempre se oferece o terreno do denominador comum, como é exemplo a turma de Inglês, turma que se revelou muito mais fácil de conquistar.

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CAPITULO 5 – CONCLUSÃO

Agora que começo a escrever os parágrafos finais do meu Relatório de Estágio, acredito que por vezes me desviei de um registo mais cientifico neste percurso de escrita. Mas, na verdade, senti necessidade de transpor o rigor científico quando comecei a escrever sobre a minha própria experiência, sobre este meu ano, sobre esta minha transformação.

Não ambiciono que este projecto seja um marco para estudos sobre pedagogia, tenho plena consciência de que o meu estudo não tem validade universal e, por isso mesmo, posso permitir-me oferecer aqui algumas considerações mais introspectivas.

Este ano de Estágio foi realmente muito exigente, mas muito revelador das minhas capacidades enquanto pessoa e professora e, somente quando comecei a desenvolver este meu projecto, me foi possível deparar com uma maior potencialidade deste estudo: sem saber qual a qualidade da minha prestação como professora, acabei por escolher uma área de estudo que me ajudou a ultrapassar o meu maior entrave, a minha dificuldade de relacionamento com os alunos.

Quando agora olho para trás vejo que a minha escolha deste tema fez todo o sentido, afinal qual o professor que não se preocupa em motivar os alunos? O meu problema inicial foi querer motivar os meus alunos com uma variante específica, os conteúdos culturais, mas sem ter primeiro compreendido de que forma é que eu enquanto professora conseguiria intervir produtivamente na área designada. Este estudo, que foi decididamente em todos os sentidos um Projecto de Investigação-Acção, conseguiu que eu analisasse as minhas lacunas e que eu trabalhasse de forma a corrigi-las prontamente para que fosse possível comprovar o meu pressuposto.

Desta forma, é imperativo demonstrar como o meu desenvolvimento enquanto professora beneficiou a concretização deste Projecto. Ao longo deste ano, fui desenvolvendo várias capacidades, inclusive a de tornar os materiais cada vez mais apelativos e inovadores, a partir de fichas de trabalho cada vez mais elaboradas e objectivas e de apresentações de Powerpoint mais complexas e arrojadas. Também a minha postura mudou consideravelmente: da de uma professora que não conseguia passar para os alunos o entusiasmo que ela sentia por ali estar, para a de uma professora que estudou todas as possibilidades para conseguir transpor o próprio entusiasmo e

(40)

33 esforço dispendido em cada aula para os alunos, que passaram a acompanhar a aula muito mais cativados e interessados.

Só quando consegui estabelecer uma melhor relação de proximidade com os alunos comecei a ver resultados positivos para o meu Projecto. E com este comentário, acabo por ceder material de fundamentação do desenvolvimento de Projectos de Investigação-Acção no contexto actual do Ensino. As turmas mudam, os contextos mudam, a postura do professor tem necessariamente de se adaptar. Cabe ao professor desenvolver estratégias que lhe permitam um funcionamento pleno em cada turma que leccionem.

Posto isto, penso que este Projecto me permitiu ir muito mais além do que o que eu poderia ter ido se não o tivesse desenvolvido e terá tido a mesma relevância para o meu desenvolvimento enquanto professora, quer consiga comprovar ou refutar o meu pressuposto inicial, visto que

“Pela sua natureza, a investigação-acção apresenta uma grande flexibilidade na sua implementação, o que facilita a sua aplicação, pois surge em resposta à necessidade de um processo constante de reflexão, avaliação e inovação no trabalho profissional, surgindo como uma extensão da prática reflexiva habitual de muitos professores.”

(Moreira, 2001:55)

E é deste ponto que eu parto para as minhas conclusões finais sobre a validade do meu Projecto.

O intervalo de tempo no qual este projecto foi desenvolvido foi claramente muito restrito, o que me pressionou a tomar decisões por vezes pouco acertadas e irreflectidas. Durante o desenvolvimento deste estudo deparei-me com várias dificuldades que poderão ter comprometido os resultados observados: comecei por delinear para mim objectivos ilusórios, como é o caso da expectativa inicial de conseguir ver alguma exteriorização emocional dos alunos em idade adolescente quando no final as manifestações foram resumidas a atitudes episódicas e flutuantes; tive claras dificuldades por ambicionar exactamente o aumento da motivação de alunos com um elevado conhecimento da língua que seriam, à partida, pouco permeáveis a estratégias motivacionais.

Sendo importante ou não eu conseguir provar que é realmente possível aumentar a motivação dos alunos com facilidade de aprendizagem através dos diversos conteúdos

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Gráfico 2 – Aula “House II”
Gráfico 3 – Aula “Hobbies”
Gráfico 4 – Aula “Ferien”
Gráfico 5 – Aula “Umwelt”
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Referências

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