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Mecanismos bioquímicos da influência da dieta na cárie dentária

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Academic year: 2021

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II

DISSERTAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO

ARTIGO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

“MECANISMOS BIOQUÍMICOS DA INFLUÊNCIA

DA DIETA NA CÁRIE DENTÁRIA”

Autor

Fábio André Carvalho Monteiro

Aluno do 5.º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária

Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

fabioacmonteiro@gmail.com

969989151

Orientador

Professor Doutor João Miguel Silva e Costa Rodrigues Professor Auxiliar Convidado

Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

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III

Agradecimentos

Ao Professor Doutor João Miguel Silva e Costa Rodrigues, meu orientador, pela

sua disponibilidade, apoio e tutela, sem os quais não teria sido possível a realização desta monografia.

Aos meus pais e irmãos, eternos companheiros e amigos, agradeço por

acreditarem em mim e estarem sempre ao meu lado, prontos para me ajudar com o que precisar.

Aos meus colegas da FMDUP, em especial à Cristina e à Carolina, pelo seu apoio

incondicional e por terem sido a minha família longe de casa.

Ao Daniel, por me encorajar e motivar, mesmo quando estava mais desanimado. A todos os professores e funcionários que contribuíram para a minha formação ao

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IV

Índice

Abstract 1 Resumo 2 Introdução 3 Material e Métodos 7 Desenvolvimento 8

Fisiopatologia da Cárie Dentária 8

Colonização bacteriana e Biofilme 8

O Papel da Saliva 10

Desmineralização do Esmalte 11

Solubilidade da hidroxiapatite em meio ácido 14

Carbohidratos 15

Açúcares 15

Carbohidratos Complexos - Amido 19

Proteínas 21

Fosfoproteínas 21

Caseína e CPP-ACP 21

Lípidos 24

Ácidos Gordos Omega-6, -7 e -9 24

Mecanismos de ação 25

Elementos da Dieta com Efeito Protetor 26

Conclusão 29

Referências 30

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Abstract

Introduction | Dental caries is an infectious oral disease with a significant prevalence,

which has several implications on an individual’s health as it not only causes pain and discomfort chewing but it also has psychosocial repercussions. This pathology results from the demineralization of the dental tissues due to the activity of cariogenic bacteria capable of producing organic acids, but it is also affected by the host susceptibility and diet.

Objectives | The objective of this paper is to better understand the relationship between

the several elements present in modern-day diets and dental caries by studying the biochemical mechanisms associated.

Materials and Methods | A research was made on the databases PUBMED, B-ON and

ScienceDirect with the purpose of selecting recent and fully avaliable papers published on this subject, written in English or Portuguese.

Discussion | Carbohydrates are the most important factor in the development of dental

caries. Sucrose is used in the production of insoluble polysaccharides, which are a part of the matrix of the dental plaque, by Streptococci of the mutans group and it is divided in fructose and glucose by the enzyme glycosyltransferase. These carbohydrates are later fermented by the cariogenic bacteria for the production of lactic acid. Milk and dairy products have an important protective effect, specially the protein casein and its derivatives.

Conclusion | Diet plays a major role in this pathology, as it contributes to pH changes in

the oral cavity, promotes the survival and proliferation of certain microorganisms and allows the production of organic acids by these same microorganisms.

Keywords | The following keywords were used: cariogenic diet”, “dental caries”,

“cariogenic bacteria”, “carbohydrates and dental caries”, “proteins and dental caries” and “fat and dental caries”.

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Resumo

Introdução | A cárie dentária é uma doença infecciosa oral com uma prevalência

muito significativa que tem várias implicações para o indivíduo, não só em termos de dor e dificuldade em mastigar, mas também a nível psicossocial. Resulta da desmineralização dos tecidos dentários devido à ação de ácidos orgânicos produzidos por bactérias ditas cariogénicas, sendo que para tal também contribuem a suscetibilidade do hospedeiro e a dieta.

Objetivos | Compreender melhor a relação entre os diversos elementos presentes

na alimentação das sociedades atuais e as cáries dentárias, estudando para isso os mecanismos bioquímicos que contribuem para esta interação.

Material e Métodos | Pesquisa bibliográfica feita nas bases de dados PUBMED,

B-On e ScienceDirect, tendo por base artigos científicos recentes, escritos em Inglês ou Português e integralmente disponíveis.

Desenvolvimento | Os carbohidratos são o componente da dieta com maior peso

no desenvolvimento das lesões de cárie. A sacarose permite a síntese de polissacarídeos insolúveis por Streptococci do grupo mutans que vão constituir a matriz da placa bacteriana e pode ainda ser dividida em glucose e frutose pela enzima glucosiltransferase, as quais são posteriormente fermentadas pelas bactérias cariogénicas para a produção de ácido láctico. O leite e os laticínios têm um importante efeito protetor, destando-se a proteína caseína e derivados.

Conclusão | A dieta tem um lugar de destaque nos fatores que contribuem para

esta patologia, uma vez que pode contribuir para modificaçoes de pH na cavidade oral e pode promover a sobrevivência e proliferação de determinados microrganismos, bem como levar à produção de ácidos orgânicos por parte dos mesmos.

Palavras-chave | As palavras-chave utilizadas foram: “cariogenic diet”, “dental

caries”, “cariogenic bacteria”, “carbohydrates and dental caries”, “proteins and dental caries” e “fat and dental caries”.

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Introdução

A cárie dentária é uma patologia oral infeciosa com uma etiologia multifatorial, que se baseia na interação de três fatores essenciais: os tecidos do hospedeiro, os constituintes da dieta e os microrganismos da placa bacteriana (1). Atualmente, também é valorizada a importância de alguns fatores adicionais, muitos deles genéticos, ambientais e socioeconómicos (2). Embora a sua prevalência a nível global seja muito significativa, nas últimas décadas tem-se verificado uma diminuição do número de casos, principalmente em dentes permanentes (1). Ainda assim, continua a afetar a sociedade de forma transversal, independentemente da idade e do género, pelo que pode ser considerada um problema não só de saúde oral, mas também de saúde pública (3).

Figura 1 – Ilustração dos fatores envolvidos no desenvolvimento da cárie dentária: no centro, os fatores diretamente envolvidos; a laranja, fatores do ambiente oral e a azul fatores pessoais. Adaptado de Selwitz

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Apesar de englobar um grande número de indivíduos, verifica-se que esta patologia tem uma distribuição diferente conforme os dentes em questão e o tipo de dentição (4). Nos adultos, o declínio da cárie dentária tem sido maior nas superfícies lisas e interproximais, ocorrendo ainda uma grande afeção das faces oclusais (5). Nos dentes permanentes das crianças, as cáries coronais afetam principalmente os sulcos e fissuras (1). Na dentição decídua, as faces mais afetadas são as faces lisas (6). Atualmente, ainda se verifica que a cárie dentária é a doença crónica mais comum da infância, tendo uma prevalência cinco vezes superior à da asma, e a sua frequência tem vindo a aumentar na terceira idade, à medida que cada vez mais indíviduos conservam os dentes em idades avançadas (5). Para além dos idosos e das crianças, indivíduos com baixo estatuto socioeconómico, minorias étnicas, indivíduos com atrasos de desenvolvimento, imigrantes e indivíduos com HIV constituem alguns dos grupos de risco para o desenvolvimento da patologia (4).

A dieta tem uma influência direta na manutenção de uma adequada saúde oral, sendo que os alimentos ingeridos podem atuar de várias formas na patogénese da cárie (7). Podem, por si só, conduzir a alterações de pH na cavidade oral, podem promover a sobrevivência e proliferação de determinados microrganismos e podem levar à produção de ácidos metabólicos por parte dos microrganismos presentes na cavidade oral (8).

Tem-se observado uma relação concreta entre o consumo de açúcares refinados e a incidência de cáries, sendo que no ser humano a sacarose é particularmente nefasta, não só por ser consumida em grandes quantidades mas também devido ao modo como é metabolizada pelas bactérias orais (9). Os açúcares são usados pelas bactérias para a produção de energia, o que devido às condições anaeróbicas que se costumam observar na placa bacteriana resulta na formação de ácidos orgânicos (10). Por outro lado, estes carbohidratos também servem de substrato para a síntese de polissacarídeos intra e extracelulares do tipo dextrano e levano, os quais desempenham um papel estrutural importante para o biofilme, que mais não é do que uma comunidade de microrganismos aderida a uma superfície (9). A dieta humana também contém uma grande proporção de elementos com amido, no entanto estes carbohidratos têm um potencial cariogénico relativamente baixo (11). Ainda assim, alguns produtos da ação da

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amilase sobre o amido, como nomeadamente a maltose, isomaltose e pequenas quantidades de glucose, podem atuar como substratos para os microrganismos da placa bacteriana (11).

Embora a saliva colhida diretamente dos ductos não possua qualquer atividade proteolítica, as bactérias orais produzem um largo espectro de proteases e peptidases, as quais se encontram não só na saliva mas também na placa bacteriana, onde são responsáveis pela libertação de péptidos e aminoácidos a partir de proteínas plaquetárias (12). Sob condições fisiológicas, estas enzimas têm uma atividade lenta e dificilmente terão alguma ação sobre as proteínas ingeridas na dieta, a não ser que ocorra a retenção de fibras de carne e/ou peixe a nível interproximal, por exemplo (13). Para além de servirem diretamente enquanto substratos para o metabolismo bacteriano, as proteínas presentes na dieta poderão contribuir para proteção contra a cárie dentária (14). Estas proteínas têm tendência a depositarem-se sobre a superfície dos dentes, contribuindo assim para reduzir a solubilidade do esmalte (14). A caseína em particular, uma fosfoproteína presente no leite, tem uma elevada afinidade para o cálcio, formando um complexo cálcio-proteína na superfície do esmalte (15).

A presença de lípidos na dieta aparenta contribuir para a redução da incidência da cárie dentária (16). Embora ainda não se perceba exatamente a razão para que este fenómeno ocorra, tem sido proposto que os lípidos têm propriedades antimicrobianas e que ocorre a formação de uma camada hidrofóbica molecular sobre a superfície dos dentes (17).

As vitaminas na dieta contribuem para suprir as necessidades da flora oral (12). No entanto, muitas das bactérias são capazes de sintetizar vitaminas, desde que haja disponibilidade suficiente de azoto e energia (12). As bactérias que não são capazes de o fazer, vivem em simbiose com as anteriores (12). Embora a maioria das vitaminas não tenha grande efeito na relação dente-saliva-bactérias, a vitamina B6 merece ser mencionada, uma vez que desempenha um papel de proteção parcial contra a cárie dentária (18).

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Existem outros elementos na dieta que devem também ser mencionados (19). A administração sistémica de flúor favorece a formação de fluorapatite, a qual apresenta uma menor solubilidade em meio ácido do que a hidroxiapatite, e desempenha um papel importante na maturação do esmalte (13). Mesmo após a maturação completa dos dentes, a presenção de flúor no meio oral é benéfica porque os iões de flúor são captados pela superfície do esmalte e o flúor tem um efeito adverso sobre o metabolismo energético bacteriano (7). O leite, uma mistura coloidal de lípidos, proteínas lactose, minerais e muitos outros componentes, bem como os produtos de si derivados, apresentam diversas propriedades protetoras contra a patologia em questão (20).

Portanto, sendo a dieta um dos principais elementos relacionados com o aparecimento e desenvolvimento das lesões de cárie, o objetivo desta revisão bibliográfica é compreender melhor a relação entre os diversos elementos presentes na alimentação das sociedades atuais e a cárie dentária, estudando para isso os mecanismos bioquímicos que contribuem para esta interação.

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Material e Métodos

A pesquisa bibliográfica foi feitas nas bases de dados PUBMED, ScienceDirect e B-ON, tendo por base artigos científicos recentes, mas ressalvando a informação base presente em artigos científicos mais antigos relacionados com o tema.

As palavras-chave adotadas para a realização da pesquisa foram: “cariogenic diet”, “dental caries”, “cariogenic bacteria”, “carbohydrates and dental caries”, “proteins and dental caries” e “fat and dental caries”.

Os critérios de inclusão para a leitura dos artigos foram a disponibilidade dos mesmos de forma integral, a referência no título ou no resumo das palavras-chave e a língua em que foram escritos, nomeadamente em Inglês ou Português.

Foram interpretados artigos de revisão, estudos clínicos e estudos de casos-controle. Os estudos efetuados em populações específicas ou com amostras pequenas foram também incluídos, tendo sido feita especulação sobre os seus resultados.

Numa primeira fase, optou-se por investigar melhor a cárie dentária e os processos pelos quais esta ocorre, tendo sido usadas as palavras-chave “dental caries” e “cariogenic bacteria”. Posteriormente, pesquisaram-se as associações previamente referidas de modo a compreender melhor a relação entre a patologia e alguns dos componentes da dieta.

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Desenvolvimento

Fisiopatologia da Cárie Dentária

A cárie dentária é uma infeção endógena que provoca lesões dentárias (1). Inicialmente, ocorre devido à ação de bactérias capazes de produzir a enzima glicosiltransferase, através da qual sintetizam polissacarídeos bioadesivos e insolúveis, sobretudo glucanos, que vão constituir a matriz extracelular da placa bacteriana (21). Esta vai então mediar a acumulação de Streptococci do grupo mutans, permitindo que estas bactérias adiram firmemente à superfície do dente e, consequentemente, produzam ácidos orgânicos, principalmente ácido láctico, que induzem a desmineralização do esmalte (22). Todo este processo facilita a invasão por parte de agentes oportunistas, que ganham acesso aos tecidos mais duros do esmalte e contribuem para a formação da cárie dentária (1). Os agentes etiológicos mais relevantes no desenvolvimento desta patologia são o Streptococcus mutans e o Streptococcus

sobrinus, ainda que também não se possa desprezar a ação dos Lactobacillus e dos Actinomyces (2). Todos estes microrganismos são Gram-positivos (2).

Colonização bacteriana e Biofilme

A boca é um ambiente único no corpo humano ao possuir superfícies não descamativas, os dentes, que permitem colonização microbiana (23). A adesão bacteriana ocorre tendo por base uma camada de conteúdo orgânico, a película adquirida, a qual é o primeiro passo da bioadesão em superfícies sólidas expostas aos fluídos orais (24). Esta película, que reveste a superfície dos dentes, resulta da adsorção seletiva de proteínas, glicoproteínas, lípidos e outras macromoléculas dos fluídos orais (24). O processo de formação inicial é determinado por interações iónicas entre a superfície do esmalte e algumas proteínas salivares, como a estaterina, a histatina e proteínas ricas em prolina, bem como por forças termodinâmicas, como nomeadamente as forças de van der Waals, e ainda interações hidrofóbicas (23). Subsequentemente, a

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composição desta camada torna-se mais complexa devido à adsorção de estruturas heterotípicas e agregados proteicos (23).

A película de revestimento serve então como um lubrificante protetor e uma barreira de difusão para o dente, sendo que a sua camada mais basal, bastante densa em eletrões, é especialmente resistente contra ataques ácidos e é semipermeável, permitindo a troca de iões de cálcio e fosfato na superfície do dente (25). Contudo, alguns componentes da película de revestimento também servem como recetores e promovem a formação do biofilme (25). Os microrganismos são transportados passivamente para a superfície do dente pelo fluxo salivar onde ocorre uma atração, inicialmente reversível e não específica, provocada por forças fisicoquímicas (23). No que toca à aderência bacteriana, tem sido demonstrada a importância das interações hidrofóbicas e a hidrofobicidade celular (24). Alguns autores verificaram que a extração de lípidos da película de revestimento levava a um aumento do número de Streptococcus mutans e em superfícies hidrofóbicas, como é o caso dos materais restauradores, ocorria uma redução da formação do biofilme (26, 27). A adesão bacteriana torna-se irreversível se as adesinas bacterianas, como por exemplo o ácido lipoteicóico ou lectinas, interagirem com recetores da película, sendo alguns destes lipídicos (24). A adesão contínua de microrganismos leva à formação de um biofilme sólido e organizado, que confere às bactérias propriedades diferentes do que quando se encontravam suspensas nos fluídos orais (23).

A cárie dentária ocorre em locais onde se verificam desequilíbrios no biofilme devido ao aumento do número de patogéneos em relação à flora considerada normal (8). Este aumento é, geralmente, uma consequência de pressões seletivas, das quais se consideram o aporte nutricional e o pH (28). Períodos regulares de pH baixo na placa bacteriana selecionam bactérias como os Lactobacillus e o Streptococcus mutans, uma vez que estes são mais competitivos neste ambiente quando em comparação com os microrganismos comensais (8). Deste modo, alguns autores defendem que é o baixo pH gerado pela dieta e não a quantidade de açúcares presente, por exemplo, que levam ao desequilíbrio da ecologia da placa bacteriana (8).

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Dentro das bactérias com potencial cariogénico, o Streptococcus mutans é o que apresenta maior risco, desempenhando um papel importante no início e na progressão das cáries do esmalte (2). O Streptococcus mutans apresenta três características únicas indutoras de cárie: a capacidade de aderir firmemente à superfície dos dentes na presença de sacarose através da formação de glucanos insolúveis, a produção de ácidos a partir dos carbohidratos presentes na dieta e ainda a sua capacidade de crescer e metabolizar em ambientes com baixo pH, graças ao seu mecanismo de extrusão de protões a partir de ATPases presentes na membrana celular (29).

O Papel da Saliva

A saliva é um dos principais fatores intrínsecos de proteção contra a cárie dentária (13). Tem a capacidade de depositar minerais nas superfícies porosas do esmalte desmineralizadas por ácidos, graças ao facto de se encontrar saturada de cálcio e fosfato a pH 7, ocorrendo assim o processo de remineralização (1). No entanto, este processo ocorre lentamente e tem de competir com os fatores que causam desmineralização (13). Se o processo de remineralização for eficaz, ocorre reparação do esmalte (13). Caso contrário, e se verifique um pH abaixo do valor crítico, considerado por vários autores como 5.5, ocorre a desmineralização do dente até se formar uma lesão de cárie cavitada, sendo a taxa de desmineralização afetada pela concentração de iões de hidrogénio na superfície do dente e o período de tempo e frequência com que o pH da placa é reduzido abaixo do valor crítico (1).

Por outro lado, a saliva juntamente com a mastigação contribui para a remoção dos açúcares e das partículas dos alimentos da cavidade oral, reduzindo assim a quantidade de tempo em que os açúcares estão disponíveis para produção de ácidos orgânicos (13). Quanto maior for o fluxo salivar, mais fácil é a eliminação destas substâncias (13).

A estes mecanismos soma-se ainda a capacidade tampão da saliva, a qual consiste na neutralização dos produtos ácidos graças à reação que ocorre entre os iões de bicarbonato presentes na saliva e os iões de hidrogénio libertados pelas moléculas acídicas (30). Esta reação é catalizada pela enzima anidrase carbónica e resulta na

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libertação de água e dióxido de carbono, sendo este último expelido pela cavidade oral (30). À medida que mais iões de hidrogénio reagem com iões de bicarbonato, o pH aumenta (30).

Desmineralização do Esmalte

Voltando ao conceito de pH crítico, este corresponde ao valor de pH em que uma solução se encontra saturada em relação a um determinado mineral, como por exemplo o esmalte dentário (31). Se o pH de uma solução estiver acima do valor crítico, a solução encontra-se sobressaturada em relação ao mineral e uma maior quantidade de mineral

Figura 2 – Diagrama do processo da cárie dentária enquanto um fluxo de desmineralização e remineralização. Adaptado de Selwitz et al., 2007.

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terá tendência a precipitar (31). Por outro lado, caso o pH da solução esteja abaixo do valor crítico, a solução encontra-se diluída e o mineral tem tendência a dissolver-se até a solução ficar saturada (31). Este conceito só é aplicável a soluções que estão em contacto direto com um determinado mineral, como o esmalte (13). A saliva e o fluído da placa, por exemplo, estão normalmente sobressaturadas em relação ao esmalte, pois o pH é mais alto do que o valor crítico, daí os dentes não se dissolverem nestes fluídos (30).

O esmalte dentário é constituído principalmente por hidroxiapatite,

Ca10(PO4)6(OH)2, mas também contém várias impurezas como carbonato e flúor (31). Uma vez que as proporções variam de pessoa para pessoa, e até de dente para dente, e podem influenciar a solubilidade do esmalte, esta varia ligeiramente de forma interindividual (31). Ainda assim, os fatores que influenciam a solubilidade do principal componente do esmalte também influenciam a solubilidade do esmalte em si (31). Quando a hidroxiapatite está em contacto com água, ocorre a seguinte reação:

Precipitação Dissolução

Ca10(PO4)6(OH)2 10Ca2+ + 6PO43- + 2OH-

Sólido Solução

Uma pequena quantidade de hidroxiapatite dissove-se, libertando iões de cálcio, fosfato e hidróxido (31). Este processo continua até a água estar saturada em relação à hidroxiapatite, altura em que a precipitação e dissolução ocorrem de forma equlibrada (32).

A solubilidade de uma substância como a hidroxiapatite, a qual se consegue separar em diferentes iões, é caracterizada pelo seu produto de solubilidade, Ks, o produto das concentrações (mol/dm3) dos iões constituintes, a uma determinada temperatura e numa solução saturada (32). Sendo assim, para uma solução saturada com hidroxiapatite, o seu valor de Ks é [Ca]10.[PO

4]6.[OH]2, onde os valores entre os parênteses representam as concentrações efetivas dos iões constituintes (32). Estas concentrações são inversamente proporcionais às concentrações dos outros iões, tal

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como sódio e potássio, que estão presentes (13). Tendo em conta que a hidroxiapatite é um mineral muito insolúvel e que a concentração dos três iões constituintes é expressa em unidades de moles por dm3, o valor medido de Ks para a hidroxiapatite é muito baixo, na ordem dos 10-117 (31). Embora o Ks seja constante, as concentrações dos três iões constituintes numa solução saturada podem variar, desde que o seu produto se mantenha igual ao Ks (12). Assim, numa solução mais ácida, em que as concentrações de hidróxido são reduzidas, as concentrações de cálcio e fosfato teriam de aumentar para ser possível manter a saturação (32).

Para qualquer solução, tal como a saliva, fluído da placa bacteriana, suco gástrico ou refrigerantes, o produto iónico, Kw, é determinado com um cálculo semelhante, também baseado nas concentrações de cálcio, fosfato e hidróxido (31). Se o valor de Kw for igual ao de Ks, a solução encontra-se saturada em relação à hidroxiapatite (31). Se, por outro lado, for superior ou inferior, encontra-se sobressaturada ou diluída respetivamente (31). Quando um dente é colocado em água destilada a pH 7, uma pequena quantidade do mesmo dissolve-se lentamente, cerca de 30 mg num litro de água (31). O Kw para a hidroxiapatite em água destilada é zero, pois embora a água contenha iões hidróxido, não contém iões de cálcio ou fosfato (32). Uma vez que o Kw é inferior ao Ks, a água não está saturada e o dente irá dissolver-se até Kw = Ks (32). Da mesma forma, um dente irá dissolver-se parcialmente em qualquer solução em que os iões de cálcio e fosfato não estejam presentes (13). A saliva e o fluído da placa bacteriana contêm iões de cálcio, fosfato e hidróxido, sendo o Kw superior ao Ks a maior parte do tempo (13). Deste modo, um dente só se irá dissolver nestes fluídos caso o pH esteja reduzido a valores inferiores ao pH crítico (31). Em pessoas com baixas concentrações de cálcio e fosfato, o pH crítico poderá ser mais elevado, na ordem dos 6.5, enquanto que em indíviduos com maior concentração já se associa o valor mais comumente mencionado de 5.5 (24, 31). A porção fluída da placa bacteriana contém concentrações muito superiores de cálcio e fosfato do que a saliva, pelo que o pH crítico pode baixar até cerca de 5.1 (24).

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Solubilidade da hidroxiapatite em meio ácido

A solubilidade da hidroxiapatite aumenta cerca de dez vezes por cada unidade diminuída de pH. A pH 7, a solubilidade da hidroxiapatite em água é de 30 mg/L, tal como já tinha sido referido, enquanto que a pH 4 é de cerca de 30 g/L (32). O aumento da solubilidade do esmalte em meio ácido é explicada por dois fenómenos (31).

Num meio acido, ocorre a ionização parcial ou completa de um determinado ácido, com libertação de iões de hidrogénio (31). Tendo como exemplo o ácido clorídrico, observa-se a seguinte reação:

HCl + H2O H3O+ + Cl

O H3O+ livre poderá reagir com o hidróxido e o fosfato da hidroxiapatite, de modo a originar água e ácido fosfórico, respetivamente, como se observam nas seguintes reações: H3O+ + OH- 2H2O H3O+ + PO43- HPO42- + H2O H3O+ + HPO42- H2PO4- + H2O H3O+ + H2PO4- H3PO4 + H2O

Pelo princípio de Le Chatelier, quando imposta uma alteração num determinado sistema em equilíbrio, este reagirá de forma a contrariar esse efeito, ou seja, perante a diminuição da concentração de hidróxido e de fosfato, o sistema irá evoluir de forma a repor as suas concentrações iniciais (13). Desta forma, a reação de dissolução da hidroxiapatite tende a evoluir no sentido direto e, como tal, promove o aumento da solubilidade deste mineral (13).

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O fosfato inorgânico existente em qualquer fluído orgânico, tal como a saliva e o fluído da placa bacteriana, está presente sob quatro formas diferentes: H3PO4, H2PO4-, HPO43- e PO43-, já previamente demonstradas,cujas proporções dependem inteiramente do pH (32). Quando mais baixo o pH, menor é a concentração de PO43-, que é a única forma que contribui para o Kw da hidroxiapatite (32). Desde modo, em qualquer solução ácida, ainda que a concentração de cálcio possa não estar afetada, observam-se valores inferiores de [OH-] e [PO

43-] e, consequentemente, também o Kw, que se encontra inferior ao Ks (31).

Carbohidratos

Açúcares

A taxa de produção de ácidos na placa bacteriana depende do tipo e número de bactérias, bem como se ocorre ou não uma exposição frequente a açúcares, sendo que o pH regressa ao seu valor normal dependendo na quantidade e duração da exposição, o fluxo salivar e a capacidade tampão da saliva (33). Tecnicamente, o termo açúcar

Variação do pH salivar

Variação do pH na placa bacteriana

Lo g c on c e ntra ç ã o (m ol /L ) pH do suco gástrico pH de refrigerantes

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aplica-se a duas classificações de carbohidratos e, juntamente com o amido, representam os carbohidratos fermentáveis, ou seja, aqueles cuja digestão se inicia logo na cavidade oral por via da amilase salivar (10). Os açúcares englobam então os monossacarídeos (açúcares simples), que incluem a glicose, frutose e galatose, e os dissacarídeos, que resultam da ligação de dois monosscarídeos através de uma ligação glicosídica e incluem a sacarose, lactose e maltose (9). Os açúcares entram na dieta sob duas formas: alguns ocorrem naturalmente e podem ser encontrados em diversos produtos, tal como na fruta, vegetais, grãos e laticínios, enquanto outros são adicionados aos alimentos durante o seu processamento para alterar o sabor, o paladar ou a textura (9).

Dentro dos açúcares, a sacarose tem sido a mais estudada (10). Esta aumenta a produção de polímeros insolúveis da matriz da placa bacteriana por bactérias específicas, incluindo o Streptococcus mutans e o Streptococcus sobrinus (8). O crescimento destes microrganismos depende bastante da disponibilidade de monossacarídeos fermentáveis, fornecidos diretamente pela sacarose e glucose e indiretamente pela degradação mediada por enzimas do hospedeiro (amilase) de carbohidratos complexos ou pela ação combinada de outras bactérias orais que degradam a matriz da placa bacteriana ou ainda mucinas salivares (8). Uma exposição excessiva a monossacarídeos constitui uma pressão seletiva por via do pH para o crescimento e retenção de Streptococcus mutans e o Streptococcus sobrinus em relação a outras bactérias produtoras de ácidos (10). O fornecimento indireto destes nutrientes não tem um impacto tão imediato, ainda que a libertação mais lenta de monossacarídeos possa contribuir para aumentar o tempo de produção de ácidos (9).

Embora o Streptococcus mutans e o Streptococcus sobrinus consigam iniciar o processo de cárie rapidamente e sem intermediários, existe alguma discussão sobre se existe ou não um efeito glucano específico mediado pela sacarose no Streptococcus

mutans, sendo que presença de glicosiltransferases específicas para a sacarose no Streptococcus mutans levou à presunção que existe uma relação única entre esta

bactéria e a sacarose (34). O estabelecimento do Streptococcus mutans na superfície do dente leva a acumulação de ácidos no local durante o crescimento bacteriano e

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fermentação de açúcares da dieta (34). A sacarose é dividida em glucose e frutose pela enzima streptococci invertase, frutosiltransferase ou glicosiltransferase (34). Estes monossacarídeos são facilmente fermentados pela maioria das bactérias da placa bacteriana por via da sequência glicolítica para produzir principalmente ácido láctico, mas também álcool e os ácidos acético e metanóico, levando a uma diminuição do pH na superfície do dente (29).

A frutose é o principal açúcar encontrado na fruta, embora também estejam presentes a glucose e a sacarose (12). As frutas e os vegetais são geralmente considerados benefeciais para a saúde, mas o seu impacto na saúde oral ainda é bastante debatido (12). O conteúdo em açúcar destes alimentos varia muito entre os diferentes tipos de fruta, sendo que na fruta fresca geralmente ronda os 10 a 15%, enquanto que nos frutos secos a concentração é muito maior e pode chegar aos 75% (35). Embora se tenha observado que a fruta pode ser acidogénica, este facto depende do seu conteúdo em açúcar e da textura (35). Fruta esmagada tem um potencial cariogénico superior, já que a sua digestão inicial na cavidade oral é mais fácil, e os frutos secos, devido ao seu elevado conteúdo em açúcar, levam a uma diminuição significativa do pH da placa bacteriana em comparação com a fruta fresca (35). As maçãs, por serem altamente ricas em fibras, apresentam um efeito de “autolimpeza”, o que diminui o seu potencial cariogénico (35). Embora não tenham sido feitos muitos estudos sobre o assunto, verificou-se que os vegetais têm um efeito cariogénico apreciável (12).

Tal como a frutose, a lactose também é considerada menos cariogénica em comparação com outros açúcares e constitui o principal açúcar do leite e produtos lácteos (36). O leite é uma das principais fontes de açúcares da dieta das crianças e, em alguns casos, até mesmo da vida do indivíduo (37). A concentração da lactose varia entre 3 a 8% no leite bovino e humano, sendo que no último pode apresentar concentrações um pouco superiores (37). O leite possui vários elementos com um efeito protetor contra as lesões de cáries, dos quais se destacam o cálcio, fosfato, a proteína caseína e alguns componentes proteícos e lípidos (12). O queijo também tem um efeito protetor importante, na medida em que apresenta os mesmos constituintes do leite mas

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com pouca ou nenhuma lactose (12). O potencial cariogénico da lactose depende da sua fonte, ou seja, se proveio do leite ou de uma fonte externa, e da frequência da ingestão (12).

A consistência dos açúcares, bem como a frequência de ingestão, afetam o seu potencial cariogénico, uma vez que condicionam a exposição da placa bacteriana a estes carbohidratos (28). Embora muitos autores apontem para os alimentos mais aderentes como sendo mais cariogénicos, sabe-se que os açúcares em forma líquida também são marcadamente prejudiciais, como se observa no caso das cáries de biberão (9). Quanto maior for a frequência de ingestão, maior é a frequência com que ocorre a queda de pH na placa bacteriana, pelo que muitos autores consideram este fator como sendo mais relevante do que o consumo total de açúcares (9).

Os adoçantes são açúcares adicionados como ingredientes para satisfazer o paladar e, em alguns casos, fornecer energia (38). Estes últimos podem ser divididos em adoçantes nutritivos, que são calóricos e incluem açúcares e polióis como por exemplo o sorbitol e o xilitol, e não nutritivos, os quais não fornecem energia, adoçam mesmo em pequena quantidade e incluem o aspartame, sacarina e sulfame, entre outros (10). Os adoçantes não nutritivos não são metabolizados em ácidos pela via glicolítica dos microganismos orais, logo não contribuem para a formação de lesões de cárie (10). Contudo, há que ter em conta que estes adoçantes não são usados de forma exclusiva em muitos casos, podendo-se encontrar simultaneamente a presença de carbohidratos fermentáveis, principalmente em refrigerantes (9). Os polióis são carbohidratos não fermentáveis, tendo sido demonstrado em diversos estudos que a sua inclusão nos alimentos reduz o potencial cariogénico dos mesmos (38). Este fenómeno deve-se a algumas das suas particularidades:

 A fermentação do sorbitol pela placa bacteriana é lenta e, deste modo, a redução do pH na placa é mínima (39). No caso do xilitol, o Streptococcus

mutans é incapaz de o metabolizar e, muito provavelmente, nenhuma

espécie bacteriana presente na placa bacteriana tem essa capacidade (38).

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19

 O metabolismo do sorbitol pelas células bacterianas requer a presença da enzima sorbitol desidrogenase, a qual não é uma enzima constitutiva (10). Deste modo, a indução desta enzima requer a presença de sorbitol de forma a poder ocorrer a síntese da mesma, processo este que é inibido pela glicose (10).

 Nenhum dos polióis é um substrato específico da glicosiltransferase, pelo que a síntese dos polissacarídeos extracelulares, essenciais no processo de adesão do Streptococcus mutans, não ocorre (38). Só a sacarose pode ser utilizada pela glicosil e frutosiltransferases para a síntese de glucanos ou frutanos, daí a sacarose ser particularmente eficaz ao promover a implantação e colonização do Streptococcus mutans (38).

 A fermentação láctica do sorbitol varia da fermentação da glicose, na medida em que em vez de fornecer grandes quantidades de lactato como produto final principal e pequenas quantidades de formato e acetato sob condições anaeróbicas, produz grandes quantidades de formato e etanol e pequenas quantidades de lactato (10). Este facto afeta a capacidade das bactérias em desmineralizar o esmalte (10).

Carbohidratos Complexos - Amido

Embora os açúcares sejam o fator diatético mais importante na etiologia das cáries dentárias, a dieta de hoje em dia inclui uma quantidade crescente de carbohidratos fermentáveis, incluindo alimentos processados contendo amido e alimentos com carbohidratos sintéticos como a oligofrutose, sucralose e polímeros de glucose (9).

Os amidos são polímeros de glucose que variam em comprimento e ramificações, formando uma rede extensa de estruturas ramificadas em cadeia (11). As moléculas de amido localizam-se dentro dos grânulos de amido, que variam em tamanho dentro de cada planta e ainda mais entre diferentes plantas, podendo assumir diversas formas (11). Diferentes amidos também apresentam um diferente conteúdo de amilose e amilopectina

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(39). Durante a preparação alimentar, os grânulos de amido são danificados pelo calor e forças mecânicas e passam por uma série de modificações com rutura e eventual desintegração dos grânulos, ocorrendo a libertação das moléculas de amido num processo designado por gelatinização (39).

De maneira geral, só os amidos gelatinizados são suscetíveis a quebra enzimática, ou seja, são biodisponíveis (11). Na cavidade oral, os amidos são hidrolisados por amilases salivares e bacterianas em maltose, maltriose e dextrinas de baixo peso molecular (11). A hidrólise do amido na superfície dos dentes inicia-se rapidamente e as partículas retidas dos alimentos podem conter níveis altos de maltose e maltopriose, os quais são bons substratos para a produção ácida por parte das bactérias (11). Embora a fermentação da maltose requeira um certo nível de adaptação bacteriana, nos humanos tem-se observado que as bactérias da placa conseguem fermentar a maltose sem grande dificuldade (9).

O modo de preparação, a frequência de ingestão e a retenção também influenciam o potencial efeito cariogénico do amido (10). Por exemplo, o tempo de remoção de açúcares salivares derivados do pão é maior do que o de açúcares derivados das batatas ou arroz (39). Suspensões de farinha de trigo são significativamente acidogénicas quando fervidas, mas ainda mais quando cozinhadas por extrusão, ou seja, aquecidas a 180ºC com pouca água e grande agitação mecânica (11). Verifica-se ainda que quanto maior for o grau de processamento da farinha de trigo, mais acidogénica esta se torna (11). Por outro lado, a farinha de trigo ou centeio fervida é mais acidogénica do que o pão correspondente, o que se correlaciona com o menor grau de gelatinização do pão (9). Embora não tenham sido feitos muitos estudos sobre o assunto, sabe-se que quando maior for a frequência de ingestão destes alimentos, maior será a sua disponibilidade (10). Por outro lado, tem-se comprovado que alimentos contendo amido são mais viscosos e aderentes, aumento não só a sua retenção na cavidade oral mas também a dos carbohidratos mais simples e, consequentemente, o risco de desenvolver cárie dentária (11).

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Proteínas

Fosfoproteínas

A ligação iónica do cálcio às moléculas das proteínas não ocorre exclusivamente em relação às macromoléculas dos dentes e do tecido ósseo (12). Na realidade, verifica-se uma ligação extensa entre o cálcio e as proteínas caverifica-seína, preverifica-sente no leite, e fosvitina, existente nas claras dos ovos, para além das proteínas da matriz do tecido ósseo, dentina e esmalte (12). Estas proteínas têm bastante em comum, principalmente no que toca a possuirem regiões de alta polaridade criadas por grupos de aminoácidos e a presença de uma percentagem significativa de aminoácidos fosforilados (12).

A presença de fosfato orgânico já foi comprovada na dentina e no esmalte, bem como na fosvitina, a qual apresenta uma quantidade superior (14). Tal como nas outras fosfoproteínas, a maior parte do fosfato orgânico parece existir sob a forma de fosfato de serina. Dickson et al. (40), isolaram um fosfopeptídeo da dentina, o qual era rico em fosfato de serina e similar em termos da composição em aminoácidos às fosfoproteínas já mencionadas.

A ligação de minerais a estas fosfoproteínas parece ser consideravelmente maior do que a presença de aminoácidos acídicos ou fosforilados levaria a crer (14). Ocorre uma ligação cooperativa de catiões, especialmente cálcio, que se mantêm ligados fortemente às proteínas (14). Ainda assim, a remoção de grupos fosfato reduz fortemente a afinidade para o cálcio, levando à perda do mineral e a um processo de desmineralização (12). A enzima responsável pela remoção de grupos fosfato das fosfoproteínas é a fosfoproteína fosfatase (12). Enzimas com esta especificidade foram isoladas de amostras de dentina cariada, de placa bacteriana e saliva, e têm revelado contribuir para o aumento da solubilidade do esmalte (16). Dentro das fosfoproteínas, a caseína tem sido a mais estudada (15).

Caseína e CPP-ACP

A caseína é uma das principais proteínas presentes no leite, correspondendo a cerca de 80% do seu conteúdo proteico, e apresenta quatro variantes de relevo: αs1-,

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αs2-, β- e κ-caseína (36). No leite, é encontrada sob a forma de micelas que estabilizam os iões de cálcio e fosfato (36). A adsorção desta proteína no esmalte protege o esmalte contra o desgaste ácido e inibe a desmineralização e promove a remineralização através da integração de cálcio e fosfato (15). O fosfopeptídeo de caseína – fosfato de cálcio amorfo (CPP-ACP) é um derivado da caseína não tóxico e anticariogénico que pode ser obtido através de digestão enzimática ou ultrafiltração (12). Este derivado liga-se à superfíce do dente e à placa supragengival através de ligações hidrofóbicas e pontes de hidrogénio com as células bacterianas ou a película aderida, onde promove a estabilização de iões de cálcio e fosfato como iões biodisponíveis, produzindo assim um gradiente de concentração favorável que promove a remineralização e deprime a desmineralização (12). Este composto já foi introduzido em pastilhas elásticas e alguns produtos dentários (41).

O CPP-ACP diminui a desmineralização através de quatro mecanismos (12). Este composto liga-se à hidroxiapatite, revestida ou não por saliva, atuando como uma barreira física que não permite a libertação de cálcio e fosfato, e previne a dissolução por se ligar à face dos cristais de apatite e bloquear os locais ativos de dissolução (15). Numa placa bacteriana cariogénica, o CPP-ACP e os iões de fosfato que neutralizam alterações de pH, graças ao facto de este derivado ser composto por resíduos de aminoácidos com grupos R ionizáveis, como nomeadamente os resíduos fosfoserilo, histidilo e glutamilo (12). Uma vez que a constante de acidez, pKa, para estes resíduos é 6.4, 6.6 e 4.9 respetivamente, a ação neutralizante do CPP-ACP faz-se sentir em variações de pH entre 7 e 5 (12). Verifica-se ainda que a degradação da caseína liberta resíduos de arginilo, asparaginilo e glutamilo, os quais podem ser convertidos em amónio, ocorrendo consumo de protões e diminuição do pH (42). Os iões de fosfato, que se encontram principalmente nas formas de PO43- e HPO42-, ligam-se aos protões, contribuindo assim para a neutralização ácida a valores de pH inferiores a 7 (42). Outro mecanismo de proteção consiste na manutenção do Kw da apatite (12). Ao localizar-se na placa, o CPP-ACP aumenta a biodisponibilidade dos iões de cálcio e fosfato, o que contribui para aumentar o Kw e, consequentemente, a saturação em relação à hidroxiapatite (Kw=Ks), ocorrendo diminuição da desmineralização (12). Por fim, o CPP-ACP também confere proteção contra a desmineralização por alterar a composição da placa bacteriana,

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prevenindo a aderência e colonização de bactérias cariogénicas específicas (42). Este derivado tem a capacidade de “mascarar” recetores específicos, ligar-se competitivamente ao cálcio para prevenir a formação de pontes de cálcio entre as células bacterianas e ligar-se à superfície das bactérias causando repulsão eletrostática (42). Para além disso, a acumulação localizada de iões de cálcio pode ter efeitos bactericidas ou bacteriostáticos (42).

Para além de proteger contra a desmineralização, o CPP-ACP também contribui para o processo de remineralização através de: libertação de iões durante o ataque ácido; formação de pares de iões neutros, CaHPO40 e HF0; difusão de iões para a subsuperfície da lesão; aumento do grau de saturação na lesão e formação de hidroxiapatite (15). Os iões de cálcio e fosfato são libertados dos nanocomplexos de CPP-ACP por diversos processos, como nomeadamente derivados pelo equilíbrio, modificações conformacionais, pH e enzimáticos (42). Os iões livres participam posteriormente na formação de diferentes espécies de fosfato de cálcio, dependendo do pH e disponibilidade de flúor (42). O processo de difusão dos iões para a subsuperfície é electroneutro, pelo que o potencial de difusão para a subsuperfície do esmalte pode ser caracterizado pelo gradiente de atividade do par iónico neutro CaHPO40 para a lesão (12). À medida que o par iónico se difunde, não sendo impedido pelas cargas na placa,

CPP-ACP

Figura 4 – Imagem de microscopia eletrónica da placa bacteriana supragengival mostrando o CPP-ACP como partículas eletrodensas associadas à superfície das bactérias e à matriz intercelular. Adaptado de Reynolds et al., 2003.

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película aderida e esmalte, dissocia-se para formar cálcio e fosfato, aumentando o grau de saturação em relação à apatite e promovendo crescimento dos cristais (42). Na presença de flúor, formam-se as espécies neutras CaH2FPO40 e HF0, as quais contribuem para a formação de fluorapatite (12).

Os restantes 20% do conteúdo proteico do leite correspondem às proteínas do soro, solúveis na sua forma nativa independentemente do pH, ao contrário da caseína que é insolúvel a pH 4.6 (36). Estas proteínas incluem diversas enzimas, inibidores enzimáticos, proteínas que se ligam a iões metálicos, proteínas que se ligam a vitaminas e fatores de crescimento, todas elas com propriedades bioativas que podem contribuir para um efeito cariostático, ainda que não tão relevante (36).

Lípidos

A maioria dos autores defende que uma dieta rica em lípidos tem um potencial cariogénico baixo (16). Os ácidos gordos são ácidos carboxílicos com longas cadeias alifáticas, sendo que geralmente ocorrem na natureza com um número par de átomos de carbono, entre 4 a 28, podendo ser saturados ou não (25). Os ácidos gordos de cadeia longa não saturados têm uma atividade antibacteriana já largamente conhecida, sendo que alguns já são usados como ingredientes importantes para inibir o crescimento de microrganismos indesejados em diversos alimentos (43). Os ácidos gordos de cadeia longa, como nomeadamente os ácidos linoleico e oleico, são bactericidas para importantes microrganismos, como por exemplo Staphylococcus aureus, Helicobacter

pylori e Candida albicans (25). Estes ácidos gordos também inibem o crescimento do Streptococcus mutans em baixas concentrações (25).

Ácidos Gordos Omega-6, -7 e -9

Os ácidos gordos omega-6, -7 e -9 têm vários benefícios para a saúde e são importantes nutrientes da dieta (44). Os ácidos gordos omega-6 são ácidos gordos poli-insaturados essenciais, não sendo produzidos pelo corpo humano (45). Podem ser encontrados em óleos vegetais, na clara dos ovos e na carne, principalmente de orgãos

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(45). Os ácidos gordos omega-7 são monoinsaturados e incluem o ácido palmitoleico, o qual é produzido pela pele e um poderoso antioxidante (46). Os ácidos gordos omega-9 são poli-insaturados, e destes destaca-se o ácido oleico, presente no azeite (46). Num estudo por Huang et al. (17), observou-se que os três principais ácidos gordos do grupo dos omega-6, os ácidos linoleico, gama-linoleico e araquidónico; o ácido palmitoleico e o ácido oleico, bem como os seus ésteres metil e etil, apresentam atividade antimicrobiana contra vários patogéneos orais, como nomeadamente o Streptococcus

mutans, Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Candida albicans, Porphyromonas gingivalis, Fusobacterium nucleatum e Streptococcus Gordonii. Comprovou-se a

existência de especificidade, sendo que os ácidos gordos com cadeias curtas tinham bioatividade negligenciável e os ácidos gordos de cadeia média ou longa tinham uma ação focalizada ou abrangente, sobretudo em microrganismos Gram-positivos (17).

Mecanismos de ação

Kensche et al. (25), sugeriram que bochechos contendo lípidos poderiam atrasar a maturação do biofilme bacteriano e, deste modo, prevenir a formação de lesões de cárie. Estudos in vitro demonstraram que a adesão e o número total de Streptococcus

mutans foram diminuídos repetidamente por produtos baseados em óleos vegetais, dos

quais se destaca o azeite (16, 47). O monoglicerídeo do ácido láurico, presente em grande quantidade no óleo de coco, é bastante eficaz contra organimos Gram-positivos, podendo ter um efeito moderamente cariostático (16). Asokan et al. (48), verificaram que o efeito positivo dos óleos vegetais se deve à hidrólise alcalina dos lípidos, tendo designado este processo como “saponificação”.

Num estudo por Giacaman et al. (49), in vitro, verificou-se que a exposição de um biofilme de Streptococcus mutans a ácidos gordos após contacto com sacarose reduzia o potencial cariogénico da mesma, não só por diminuir a acidez e a desmineralização no esmalte, mas também por alterar o biofilme em si. O facto de o pH baixar, ainda que pouco, teve implicações na microdureza da superfície do esmalte (49).

Ainda não se compreende muito bem os mecanismos que conferem aos ácidos gordos as suas propriedades antibacterianas, mas têm sido apontadas bastantes teorias

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(49). Por um lado, um vez que estes compostos são semelhantes à membrana bipolar da célula bacteriana por possuírem uma cabeça hidrofílica e uma cauda hidrofóbica, é possível que levem à morte da bactéria por penetrarem na membrana, formarem poros e impedirem o seu funcionamento normal (17). Por outro lado, pode ocorrer inibição da atividade enzimática, interferências com a fosforilação oxidativa por alteração do transporte de eletrões, perda de produtos intracelulares e ainda a formação de produtos de degradação por oxidação e auto-oxidação (49). No caso dos microrganismos orais, tem-se observado que alguns ácidos gordos formam uma micela rodeando a bactéria e impedem a adesão da mesma ao esmalte bem como o transporte de substâncias através da membrana, deixando de ocorrer o metabolismo bacteriano e a produção de ácidos (49). A ação dos ácidos oleico e linoleico sobre o Streptococcus mutans, já previamente mencionada, deve-se ao facto de estes compostos serem capazes de inibir as glicosiltransferases deste microrganismo (25).

Elementos da Dieta com Efeito Protetor

Atualmente, o flúor é um dos principais meios utilizados para combater preventivamente as lesões de cárie (50). Na presença de iões de cálcio e fosfato resultantes da desmineralização do esmalte pelos ácidos orgânicos bacterianos, os iões de flúor promovem a formação de fluorapatite, sendo este o seu principal mecanismo de ação (50). Ainda assim, os iões de flúor também promovem a remineralização do esmalte desde que haja uma quantidade suficiente de iões de cálcio e fosfato presentes na placa bacteriana (7). Para cada ião de flúor, são necessários 10 iões de cálcio e 6 de fosfato para formar uma unidade de fluorapatite [Ca10(PO4)6F2], daí ser tão importante a presença de cálcio e fosfato, o que se pode tornar num fator limitativo da ação do flúor (7). A maior fonte de flúor na dieta provém do consumo de águas fluoretadas, principalmente canalizadas, e de bebidas fabricadas a partir destas, consistindo em cerca de 66 a 80% da ingestão de flúor no adulto (51).

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Os efeitos cariostáticos do leite e do queijo têm sido demonstrados em diversos estudos (36, 37). Os mecanismos pelos quais o leite confere proteção incluem neutralização dos produtos ácidos, estimulação salivar, redução da adesão bacteriana, redução da desmineralização do esmalte e/ou promoção da remineralização através da caseína e iões de cálcio e fosfato (37). O queijo, para além de também exercer estes mecanismos, é rico em péptidos biologicamente ativos e probióticos que se formam naturalmente (12). A identificação e isolamento dos componentes dos lacticínios que conferem proteção contra as lesões de cárie poderá vir a ser útil no futuro para o fabrico de produtos com efeito preventivo (52).

A piridoxina ou vitamina B6 é uma vitamina solúvel em água e aparenta ter a capacidade de alterar a proporção de bactérias presentes no biofilme ao nutrir as bactérias incapazes de a sintetizar (18). Por outro lado, o fosfato de piridoxal, que é um derivado fosforilado, ao ser um cofator de reações de transaminação e descarboxilação promove o metabolismo dos aminoácidos e, consequentemente, reduz a produção de ácidos na placa bacteriana (18). Esta vitamina pode ser encontrada em diversos produtos, como nomeadamente carne, vegetais, bananas, nozes e nos grãos de cereais (12).

Período de desmineralização sem flúor

Período de desmineralização com flúor

Figura 5 – Curva de Stephan demonstrando o efeito dos açúcares sobre o pH da placa bacteriana. A presença de flúor diminui o pH crítico a que ocorre a dissolução de cálcio e fosfato. Adaptado de Cummins, 2013.

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Existem outros alimentos a ter em conta (19). As maçãs contêm tanino, um composto polifenóico presente nas plantas que se liga a proteínas, aminiácidos e alcaloides causando a sua precipitação, o qual tem um efeito inibitório sobre a síntese de glucanos pela glicosiltransferase dos Streptococcus mutans e sobre a aderência das células bacterianas (53).

O café torrado tem atividade antibacteriana contra o Streptococcus mutans graças a possuir compostos α-dicarbonil (54). Alguns componentes do café, dos quais se destacam a trigonelina e os ácidos nicotínico e clorogénico, interferem com a adsorção do Streptococcus mutans na hidroxiapatite por se ligarem a este mineral, impedindo assim a interação entre o dente e a bactéria (55).

Um estudo realizado por Daglia et al. (56), demonstrou que o vinho tinto inibe a adesão e a formação do biofilme pelo Streptococcus mutans nas superfícies ocluais de dentes extraídos. Este fenómeno parece dever-se à presença de proantocianidina, também denominada procianidina, a qual é um composto pertencente ao grupo dos flavonoides que existem nas plantas (56). Geralmente, surge na natureza em misturas de proantocianidinas ligadas umas às outras, formando complexos moleculares de maiores dimensões, os oligomeros procianidólicos (56).

O chá verde é rico em catequina, um composto polifenóico com propriedades antioxidantes que tem a capacidade de inibir o crescimento bacteriano, a viabilidade bacteriana e a atividade das enzimas glicosiltransferase e α-amilase (57). O chá preto também tem um efeito protetor contra a cárie dentária, uma vez que inibe a placa bacteriana, a acidez e microflora cariogénica graças a apresentar na sua constituição polímeros polifenóicos (57).

Ooshima et al. (58), reportaram que alguns extratos da casca do grão de cacau, rica em polifenóis, reduzem a incidência da cárie dentária. Por outro lado, extratos do grão de cacau em si, reduzem significativamente a queda do pH induzida pela glucose presenta na dieta (59). Srikanth et al. (60), demonstraram que bochechos contendo extratos da casca do grão de cacau inibiram a deposição de placa bacteriana e o número de Streptococcus mutans em crianças.

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Conclusão

A dieta é um dos principais fatores envolvidos no desenvolvimento das lesões de cárie, uma vez que não só pode induzir alterações de pH na cavidade oral e contribuir para o aumento da resistência dos dentes, mas também participa na seleção de microrganismos cariogénicos e constitui o substrato necessário para a produção de ácidos orgânicos.

Dentro dos elementos da dieta com potencial cariogénico, destacam-se os carbohidratos, em especial a sacarose, uma vez que esta é directamente matabolizada pela bactéria com maior impacto na cárie dentária, o Streptococcus mutans, para a síntese de polissacarídeos que vão constituir a estrutura do biofilme e, deste modo, permitir a ação de outros microrganismos.

Juntamente com o flúor de origem sistémica, o leite e os laticínios têm um papel importante na defesa contra a cárie dentária. O fosfopeptídeo de caseína – fosfato de cálcio amorfo é um derivado da caseína, importante proteína presente no leite, que através de vários mecanismos reduz a desmineralização do esmalte dentário e contribui para o fenómeno de remineralização.

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