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A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DO NUTRICIONISTA NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

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BÁSICA DE SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

THE IMPORTANCE OF NUTRITIONIST'S INCLUSION IN BASIC UNIT

HEALTH: PERCEPTION OF HEALTH PROFESSIONALS

Helder Cardoso Tavares, Patrícia Alencar Pereira, Jeanderson Soares Parente, José

Lucas Souza Ramos, Amanda de Andrade Marques, Maryldes Lucena Bezerra de

Oliveira, Italla Maria Pinheiro Bezerra

Revista e-ciência

Volume 4

Número 1

Artigo 11

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A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DO NUTRICIONISTA NA UNIDADE BÁSICA DE

SAÚDE: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

THE IMPORTANCE OF NUTRITIONIST'S INCLUSION IN BASIC UNIT HEALTH:

PERCEPTION OF HEALTH PROFESSIONALS

Helder Cardoso Tavares1, Patrícia Alencar Pereira¹, Jeanderson Soares Parente2, José Lucas Souza Ramos¹,

Amanda de Andrade Marques3, Maryldes Lucena Bezerra de Oliveira4, Italla Maria Pinheiro Bezerra5

DOI: http://dx.doi.org/10.19095/rec.v4i1.154

RESUMO

O nutricionista é um profissional importante na realização de ações de promoção, tratamento e reabilitação da saúde. No entan to, sua contribuição na Atenção Básica é limitada. O presente estudo objetivou compreender a atuação dos nutricionistas nas equipes de saúde sob a perspectiva dos profissionais da Atenção Primária. Estudo descritivo de abordagem qua litativ a re alizado com técnicos em enfermagem, enfermeiros e agentes comunitários de saúde. O instrumento utilizado foi um roteiro semiestruturado e para a análise dos dados, utilizou-se a técnica segundo o agrupamento de estratégias para a análise do conteúdo de acordo com Bardin, a partir da qual foram formados os discursos-sínteses. O referente estudo tem como base as instruções da Resoluçã o nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde. Foram entrevistados 15 (quinze) profissionais, todos pe rte nce nte s a o município de Juazeiro do Norte-CE. Com relação ao gênero, houve predominância do sexo feminino, correspondendo a 93,3% (n = 14) dos participantes entrevistados. Os resultados mostraram que os profissionais que atuam na UBS acham-se preparados para orienta r quanto à nutrição, embora não se sintam capacitados para isso, mas também relataram sobre o qua nto é importa nte te r um nutricionista inserido na UBS para orientar os usuários especificamente sobre alimentação e atribuíram a ausência do nutricionista na UBS a problemas de gestão política. Como foi visto os profissionais da saúde se sentem um ta nto ca pa ze s pa ra a borda r a nutrição, mas não com a mesma habilidade que o nutricionista tem, pois seus conhecimentos são limita dos, consta ta ndo uma falta de informação quanto ao papel do nutricionista.

Palavras-chave: Atenção básica. Nutricionista. Saúde pública. Promoção da saúde. ABSTRACT

The dietitian is an important professional in carrying out promotion, treatment and rehabilitation. However, his contribution in Primary is limited. This study aimed to understand the role of nutritionists in the health teams from the perspective of professionals Primary. Descriptive qualitative study carried out with the nursing technicians, nurses and community health workers. The instrument used was a semi-structured and the data analysis, we used the technique a ccording to the grouping strategies for content analysis according to Bardin, from which the speech-synthesis were formed. The referent study is based on the instructions of Resolution No. 466/12 of the National Health Council. We interviewed 15 (fifteen) professionals, all be lo nging to the municipality of Juazeiro do Norte-CE. Regarding gender, there was a predominance of females, corresponding to 93.3% (n = 14) of those surveyed participants. The results showed that the professionals working in the UBS find themselves prepared t o advise on nutrition, though not feel able to do so, but also reported on how important it is to have an inserted nutritionist at UB S to guide users specifically about food and They attributed the absence of the nutritionist at UBS political management proble ms. As seen health professionals feel somewhat able to address nutrition, but not with the same skill that the nutritionist has, because knowledge is limited, noting a lack of information about the role of the nutritionist.

Keywords: Primary care. Nutritionist. Public health. Health promotion.

1 Graduandos da Faculdade de Juazeiro do Norte - FJN

2 Graduado em Enfermagem, Faculdade de Juazeiro do Norte - FJN 3 Mestre em Nutrição - UFPB

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INTRODUÇÃO

Em 1990, implementou-se o Sistema Único de Saúde (SUS) com o propósito de mudar a desigualdade social na saúde da população brasileira, objetivando modificar o modelo medicalocêntrico com o intuito de recompor a atividade da atenção à saúde para outro modelo de incorporação interdisciplinar (CERVATO-MANCUSO et al., 2012).

As condutas de alimentação e nutrição no ambiente da Atenção Básica almejam o crescimento da qualidade dos métodos que interfiram as doenças e agravos não transmissíveis, no crescimento e desenvolvimento na infância, na gestação e no período de amamentação, comprovando que a promoção de práticas alimentares saudáveis comp õ e um item essencial em todas as fases da vid a . De s s a forma, socializando o conhecimento sobre os alimentos e tornando ações que articulam a segurança alimentar e nutricional que é vital à população (BRASIL, 2008).

Contudo, mesmo sendo a formação do nutricionista voltada para atuação no SUS, seria coeso que os mesmos estivessem totalmente alocados nele, o que, de fato, não acontece. A participação do nutricionista é mais regular nos hospitais, porém na Rede Básica de Saúde o profissional de nutrição ainda é ausente (BRASIL, 2004; PÁDUA; BOOG, 2006).

A frequente transição epidemiológica, nutricional e demográfica e as maldades sociais podem levar a uma posição de insegurança alimentar e nutricional que são decisivas no estado de saúde da população brasileira que requerem ressalto na argumentação da importância do nutricionista no âmbito da ABS (GOMES; MARTINS, 2013).

A insegurança alimentar pode levar ao sobrepeso, obesidade, desnutrição e doenças crônicas, dessa forma é vital um modelo de atenção à saúde no eixo do Sistema Único de Saúde (SUS), que relacione essas características para intervir de fo rma

adequada orientando as pessoas a evitar a ing e stão inapropriada de alimentos, com elevado consumo d e produtos menos saudáveis ou a carência de alimentos causa a insegurança alimentar, que no Brasil está ligada ao acesso privativo, que é o dire ito de cada indivíduo (MATTOS; NEVES, 2009).

Sendo assim, problematizar a inclusão do nutricionista na atenção primaria à saúde vai além de uma questão de valorização profissional, e sim de preservar o direito das pessoas que são us uária s d o SUS a uma atenção integral, tal como um método para promover e prevenir as complicações da saúde a partir de uma política governamental produzida de forma legal com uma extensa participação da sociedade (NEIS et al., 2012).

Os serviços de saúde do Brasil podem continuar não apenas disponíveis, mas ca p a z d e te r as demandas e oferta-las de modo total e co mp le to as ações para promover à saúde e dar uma melhor qualidade de vida as pessoas que as utilizam. De s s a forma, trata-se sobre a questão e observação da precisão em refletir o formato do retrato recente d a s equipes de Saúde da Família, articulando a colocação de profissionais capacitados e em quantidade acertada para o gerenciamento e a efetivação das práticas de nutrição e alimentação, causando adaptações nos serviços oferecidos, proporcionando a cobertura da ampliação e o melhoramento das práticas de nutrição e alimentação desenvolvid a s na ABS (PIMENTEL et al., 2014).

Diante do exposto questiona-se: Como os profissionais da saúde percebem a importância de inserir o nutricionista na UBS? Como está sendo a interação dos nutricionistas nestas equipes?

Frente ao exposto, entendendo da importância de ter o nutricionista na composição da equipe interdisciplinar nas unidades básicas d e s a úd e p a ra um integral cuidado com a saúde dos indivíduos, tem-se como hipótese deste estudo: Os nutricionistas são profissionais importantes para promoção da

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saúde da população sob a percepção da equipe de saúde.

A realização desta pesquisa é resultado de relatos sobre a dificuldade da equipe interdiscip lina r em realizar avaliação nutricional e prescrição dietética em indivíduos, e sobre a necessidade da comunidade com relação à nutrição vista no cotidiano, revelando, assim, a importância do profissional nutricionista na composição desta equipe. Portanto, a pesquisa sobre a inclusão do nutricionista na UBS tem sua relevância, pois pode dar visibilidade à importância do papel dos nutricionistas e sua contribuição como educador, favorecendo na reorientação de práticas de saúde voltadas para aspectos nutricionais e, por vez, no repensar da organização dos serviços inserindo os profissionais nutricionistas como essencial nestas equipes. O objetivo dessa pesquisa foi compreender a atuação dos nutricionistas nas equipes de saúde s o b a perspectiva dos profissionais da Atenção Primária.

MÉTODOS

A pesquisa é de abordagem qualitativa, que possibilita uma análise crítica e interpretativa a partir das percepções dos profissionais e us uário s d o SUS sobre a importância da inserção do nutricionista na Unidade Básica de Saúde. Os sujeitos que participaram dessa pesquisa são quinze profissio nais sendo três enfermeiros, três técnicos em enfermagem e nove agentes comunitários d e s aúde que fazem parte de quatro Unidades Básicas de Saúde da cidade de Juazeiro do Norte/CE, no período de maio de 2016. Com relação aos aspectos éticos e em conformidade com a Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Juazeiro do Norte e autorizada pela Secretaria de Saúde do Município de Juazeiro do Norte (SESAU). Para garantir o anonimato e a confidencialidade, o nome dos sujeitos da pesquisa foi alterado para o

alfabeto de A a T, e foi iniciado após a assinatura d o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) pelos sujeitos da pesquisa. A coleta de dados foi efetuada através de entrevistas semiestruturada, constituídas por seis perguntas abertas para os profissionais. Estas foram gravadas e transcrita s d e forma íntegra. A análise foi efetuada a partir da metodologia qualitativa, com a aplicação de informações estudadas segundo o a g rupa mento d e estratégias para a análise do conteúdo de Bardin (2009), que permitiu encontrar categorias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram organizados em duas partes: o perfil socioeconômico dos suje itos d a pesquisa. A segunda parte dos resultados foi composta por uma entrevista semi-estruturada, onde foram transcritas os depoimentos dos sujeitos da pesquisa.

Foram entrevistados 15 (quinze) profissionais , três enfermeiros, três técnicos de enfermagem e nove agentes comunitário de saúde, todos pertencentes ao município de Juazeiro do No rte-C E. Com relação ao gênero, houve predominância do sexo feminino, correspondendo a 93,3% (n = 14) dos participantes entrevistados, informações que também foram encontradas em alguns estudos que tiveram uma tendência à feminilização entre os profis sionais da saúde (GIL, 2005; OTENIO, 2008; PIMENTEL et al., 2014). Em relação à idade, 60% (n = 9) dos profissionais entrevistados encontram-se na faixa-etária entre 26-39 anos, e 40% (n = 6) estão entre as faixas de idade de 40-53 anos. Quanto a o te mp o de serviço, dentre os profissionais que resp ondera m 53,3% (n = 8), está entre 05 a 09 anos, e 46,6% (n = 7) tem de 10-24 anos, valor este que mostra o número de profissionais que já estão trabalhando há mais de 20 anos, o que permite visualizar uma entrada considerável de profissionais no serviço de saúde, promovendo a renovação de profiss ionais . A

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renda dos entrevistados foi de um salário mínimo a três ou mais salários mínimos.

1. Categorização das falas dos sujeitos

1.1. Categoria 1 – Orientação alimentar: o papel do s

profissionais.

Em várias UBS e UBSF o nutricionista ainda

não tem espaço garantido, desse modo os profissionais de saúde normalmente realizam a função de coadjuvar, tomando como papel que não lhe compete (SANTOS, 2005). Já o nutricionista por ser o único profissional capacitado através de formação acadêmica e que por meio de conhecimentos específicos da área da nutrição ele vai conceder segundo diagnósticos e reflexão de princípios socioculturais de cada cliente, oferecer as devidas prescrições nutricionais adaptando-as para as condições de cada família, se tornando um profissional fundamental para o modelo de atenção a saúde no Brasil (ASSIS et al., 2002).

No entanto, conforme depoimentos abaixo existem profissionais que atuam na UBS que falam ser capacitados para desempenhar orientação de competência do nutricionista, como ilustram os depoimentos abaixo.

“Sim, não tão quanto o profissional nutricionista, mas sim com certeza”. (Enfermeiro A)

“Sim, porque de acordo com os conhecimentos que eu tenho, com os cursos que eu fiz, e se é só de alimentação, porque pelo pouco que eu aprendi eu posso passar, apesar de não ter feito nutrição”. (Tec. em enfermagem A)

“[...] na atenção básica dentro dos programas não tem como a gente fazer uma consulta

sem abordar a alimentação porque, por exemplo, quando eu vou atender um diabético ou um hipertenso não adianta só ir pra ele e ah tome medicamento e tchau não num tem isso a gente fala de todas as vertentes da hipertensão e da diabetes e que a alimentação é uma das principais, então a orientação básica inicial a gente tem que dá né, e tem que tá buscando cada vez mais se atualizando, porque eu vejo que faz parte de todos os profissionais orientação nutricional”. (Enfermeiro C)

“Acredito que sim, boa parte nós tivemos treinamento e enfatizava justamente é... Essa parte de alimentação, mas mais para o idoso, voltada para a pessoa adulta, crianças nós tivemos crianças de zero até menores de dois, mas o restante não”. (ACS E)

Dessa forma, percebe-se que alguns profissionais se sentem capazes de realizar orientações nutricionais visando de forma bem superficial e limitada que se caracterizam apenas e m recomendações gerais, sem de fato contemplar ações de um nutricionista.

O nutricionista detém conhecimentos adequados para melhorar o desenho epidemiológico e nutricional da população. A ausência do nutricionis ta dá oportunidade para que outros profissionais se apropriem de modo superficial de seus conhecimentos acerca da alimentação e nutrição, embora saibam que não apresentam formação especifica (MATTOS; NEVES, 2009).

De acordo com um estudo efetuado por Campos e Boog (2006), com relação às enfermeiras foi certificado a complexidade em trabalhar com os dilemas sociais da alimentação. As profissionais concederam isso à formação deficiente e especificamente técnica do ensino da nutriçã o o q ue impossibilitava o tratamento de temas sociais.

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Para Silva e colaboradores (2002), que procuraram percepções de 481 profissionais da saúde a respeito de alimentação saudável, concluíra m q ue os sujeitos dessa pesquisa abordados, relatara m s e r um tema muito difundido pela mídia e que se percebiam insuficientes com relação aos conhecimentos em nutrição.

A educação em saúde é uma das competências atribuídas aos profissionais que compõem o PSF. Cabe aos profissionais debaterem sobre o tema saúde em suas consultas a partir de orientações adequadas, compondo dessa forma grupos educativos sobre patologias específicas, pertencendo ao nutricionista à concessão de informações para uma boa alimentação prevenindo doenças. (ALVES; NUNES, 2006 apud MATTOS, 2009).

É claro que os outros profissionais da saúde não possuem formação específica para intervir na área de alimentação e nutrição nas comunid ad es s e não o nutricionista e que a sua participação só viria a colaborar para promover a saúde da população. Uma vez que o nutricionista está absolutamente capacitado para intervir na ESF e sua inexistência confronta-se com o princípio da integralidade do SUS (GEUS, 2011).

Dessa forma, ressaltam-se outras funções para compartilhar com os profissionais da equipe, sendo capaz o nutricionista em assumir as atribuições de profissional-referência para desenvolver os trabalhos, se responsabilizando em orientar a forma mais adequada, determinando protocolos de atend ime nto nutricional, de referência e contra referência, sob condição de preservar as suas competências (JUNQUEIRA; COTTA, 2014).

1.2 Categoria 2 – Importância do nutricionista na

UBS.

Sobre a importância da existência do nutricionista da ESF, é ressaltada quando o estado nutricional da população brasileira se encontra em

total desequilíbrio, uns morrem por desnutrição e outros por excesso de peso. Com a falta de conhecimentos técnicos a respeito da alimentação torna-se bem complicado, praticamente impossível o regresso desse estado, pois é preciso uma ação eficiente de nutricionistas para poder promover a saúde através da alimentação (GEUS, 2011).

Porém, apesar de ser essencial a pre s e nça d e um profissional nutricionista na UBS, pois é o local em que se caracteriza pela grande existência da população carente e que necessita de atenção na alimentação que por sua vez estar diretamente ligada a problemas fisiopatológicos, a presença desse profissional ainda é escassa. Pode-se observar a partir dos depoimentos dos profissionais da UBS q ue é necessário a sua inserção do nutricionista para garantir a qualidade de vida das pessoas.

“Enorme. Grande, eu acho que já deveria ter esse profissional há muito tempo, porque por mais que você faça palestras, explique pro paciente e tudo, nada como um profissional da área capacitado pra dá... Tirar as dúvidas mais minuciosas, então é importantíssimo, não sei por que ainda não incluiu, mas que é importante é. Não só pra unidade de saúde, mas pra outras unidades que precisam”. (Enfermeiro A)

“Toda, toda importância do mundo e assim eu sou uma das que falando de uma coisa bem pessoal, eu sou uma das que mais luta quando é pra formar o plano municipal de saúde, desde o início da formação do NASF a minha luta como profissional de saúde era que incluísse o nutricionista no NASF [...] a gente sabe que a alimentação ela poder ser também o seu remédio como pode ser também o seu veneno né, então assim se a gente tivesse um profissional nutricionista disponível capacitado né ali pra tá é indo

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além das orientações nutricionais que a gente dá porque a gente dá o básico [...]”. (Enfermeiro C)

“Na minha opinião é importante porque fica mais fácil o acesso a população”. (Tec. em enfermagem C)

“Ah tamanha, é necessário mesmo, porque nem todo mundo tem condições financeiras pra ir até o nutricionista, e tem a questão das dificuldades pra marcar exames, pra conseguir uma vaga pro profissional e ter um na unidade é o básico é o ideal seria se toda unidade tivesse um nutricionista”. (ACS F)

De acordo com os discursos dos sujeitos pode-se notar que eles percebem a importância de te r um profissional nutricionista inserido nas UBS, p a ra q ue possa ajudar a auxiliar a comunidade no to ca nte d a alimentação, uma vez que os mesmos podem ajud a r na orientação de práticas alimentar saudáveis que previnam e tratam de condições crônicas não transmissíveis, pois são capacitados para essa função e também devido ao poder aquisitivo das pessoas que muitas vezes não podem arcar com uma consulta particular com o nutricionista dificultando dessa forma o contato com a população carente.

Para mostrar a importância que o nutricionis ta tem em compor os recursos humanos na ABS alg uns estudos têm sido feitos (PÁDUA, 2006). É indiscutível que a importância de incluir outros profissionais de saúde, inclusive o nutricionista, na APS e no NASF possa assistir a demanda. No entanto, sendo uma iniciativa nova, a expectativa é que com o crescimento na implantação das atividades sobre alimentação e nutrição seja assim fortalecida a partir da estabilização da atenção primaria no Brasil (JAIME, 2011).

O nutricionista é um profissional habilitado para validar o modelo de atendimento a saúde no

Brasil. A sua participação e composição na saúde básica são determinadas em sua formação acadêmica o torna apto a executar diagnósticos nutricionais d a s pessoas, passando a ser o único profissional a adquirir um conhecimento especifico permitindo recomendar as apropriadas orientações dietéticas, segundo o diagnóstico e da percepção dos valores socioculturais, adaptando a vida das famílias (MATTOS; NEVES, 2009).

Segundo Cervato-Mancuso (2012), um e s tud o realizado no município de São Paulo, a inclusão do nutricionista colabora na atenção a saúde da comunidade a partir de atividades que promovem e assistem a eles, e que em certo ponto, está sendo feita. Isso é referente aos serviços municipais, o q ue se torna uma vantagem, na medida em que se mostra uma postura proativa diante as atuais exigências de um modelo de atenção completo.

Nas políticas públicas de caráter interdisciplinar precisa ser anexada à questão da alimentação e nutrição, concedendo a comunicação entre as diversas áreas quebrando a separação econômica versus social (YASBEK, 2004). Em um estudo feito por Santos (2005), foi observa do q ue o profissional de nutrição ainda é notado como um profissional direcionado a atender a classe elitiz ada , evidenciando nitidamente a divergência entre as classes sociais no Brasil. Dessa forma a sua inclus ã o na UBS é fundamental para apoio da comunidade carente que não pode realizar consultas particulares.

Pimentel et al. (2014), relataram que a atenção básica a saúde, a partir da estratégia de saúde da família, é um local apropriado para a realização de ações alimentares e nutricionais com grandes repercussões nas famílias assistidas. Um exemplo disso é a contenção da desnutrição primária e da insuficiência de micronutrientes tendo como exemplo a anemia e hipovitaminose A.

1.3 Categoria 3 – Motivos da não inserção do

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Acrescentar o nutricionista na estratégia de saúde da família é uma forma de garantir as pessoas serviços essenciais para propiciar uma alimentação saudável, podendo assim obter a prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde. Portanto, a ESF é visivelmente um ambiente de atuação para o nutricionista (CARVALHO, 2005).

Entretanto, a partir das falas dos sujeitos, a participação do nutricionista na UBS é falha, o que foge ao princípio da integralidade que rege o SUS prejudicando a saúde da população. Alguns dos profissionais relatam serem apenas problemas políticos.

“Eu acho que é só questão de gastos em relação à folha de pagamento né... Do órgão. Creio eu que seja apenas isso, não sei se é”. (Enfermeiro A)

“Acho que é porque o prefeito acha que não é importante, porque se achasse incluía na equipe multidisciplinar como o psicólogo, fisioterapeuta, mas o prefeito não acha importante”. (Tec. em enfermagem A)

“[...] acho que é mais problema de gestão e de política é o único motivo que eu vejo, acredito também que agora com a faculdade formando vários nutricionistas na região e tudo vocês possam ter uma força maior e cobrar [...]”. (Enfermeiro C)

“Eu acho que não tem por falta de recursos ou talvez falta de interesse porque recurso tem, seria até uma forma de redução de doenças e redução de gastos porque evitaria doenças”. (ACS A)

Diante do exposto, grande parte dos sujeitos apontou como responsabilidade dos gestores públicos

a falta do nutricionista na UBS e como consequência isso traz o aparecimento de várias condições crônicas relacionadas à má alimentação, pois a população não tem instrução científica para praticar uma dieta saudável. A inclusão desse profissional no SUS vai além de realização profissional, mas da atenção pa ra com a comunidade menos favorecida.

Segundo Santos (2005), de acordo com a visão dos profissionais da saúde a falta ou a reduzida participação do nutricionista no PSF está relacionad a ao desejo político dos gestores públicos que por enquanto não se comoveram com a relevância do papel deste profissional. A melhora do retrato epidemiológico das pessoas está associada às a tuais abordagens alimentares, levando a redução dos gastos com saúde pelo estado, sugerindo a vital precisão de aumentar o fornecimento da assis tência na alimentação e nutrição a população.

Para os municípios a inclusão dos nutricionistas na atenção básica se torna um desafio, pois se tra ta do aumento no número de profissionais, mas segundo os princípios do Sistema Único de Saúde a participação do nutricionista está absolutamente justificada dentro do modelo de atendimento multiprofissional da estratégia de saúde da fa mília e na política nacional de segurança alimentar e nutricional (NEIS et al., 2012).

Conforme Pádua e Boog (2006), a questão histórica, estrutural na política de saúde são as responsáveis pela falta do nutricionista na RBS. Dessa forma essa ausência não deve ser jus tifica d a como um erro de competências do profissional exposto na legislação que normatiza a profissão, muito menos a uma deficiência de habilidade técnica em integrar as equipes de saúde das regiões do país. O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), por saber que se alimentar de forma saudável é fundamental para a qualidade de vida d a s p e ss oas, vem há algum tempo defendendo a inclusão do profissional de nutrição nas ESF. Para isso muitos mecanismos estão sendo ampliados, uma ve z q ue o

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nutricionista é capacitado no âmbito da nutrição e alimentação com características para servir a carência da população.

De acordo com Junqueira e Cotta (2014), refletir sobre a inserção do nutricionista na ABS é acreditar em transformações de realidades, que aconteçam regularmente a partir da graduação até a aplicação em Educação Permanente. Ao permitir mais evidência nas atuações de nutrição e alimentação na ABS incentivando a sua correta gestão e efetivação na área dos municípios do país, a Matriz de ações d e alimentação e nutrição na Atenção Básica de Saúde segue os caminhos que o SUS está nesses últimos 20 anos trilhando para municipalizar suas atuações assegurando às pessoas o direito a saúde.

Para Gomes (2013), a cobertura do serviço d e nutrição ainda é pouco na presença da ne ces sid ade epidemiológica atual, sendo assim é indispensável que os gestores municipais compreendam a efetiva relevância do nutricionista na ABS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi visto os profissionais da saúde se sentem um tanto capazes para abordar a nutrição, mas não com a mesma habilidade que o nutricionista tem, pois seus conhecimentos são limitados, pode-se constatar uma falta de informação quanto ao papel do nutricionista. Ao mesmo tempo eles relataram que há a necessidade de inclusão do nutricionista na UBS, uma vez que eles sim são portadores de conhecimentos apropriados para educação nutricional e os mesmos atribuíram à falta de interesse dos gestores para inclusão desse profissional na atenção primaria.

A ausência deste profissional foge ao princíp io da integralidade que rege o SUS, uma vez que, ele está capacitado a realizar condutas no âmbito da alimentação e nutrição inserido nas comunidades e contribuindo para a saúde das pessoas.

Com isso, cabe aos gestores públicos contratar profissionais da nutrição com o objetivo de comp o r a equipe multidisciplinar na Unidade Básica de Saúde para que assim a população seja atendida com qualidade de forma completa garantindo a sua saúd e em vários aspectos.

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Referências

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