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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DA COMUNIDADE PALMEIRINHA

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DOI: dx.doi.org/10.19095/rec.v5i1.274

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE

ESCOLARES BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA

FAMÍLIA DA COMUNIDADE PALMEIRINHA

EVALUATION OF THE NUTRITIONAL STATUS OF

SCHOLARS BENEFICIARIES OF THE PALMEIRINHA

COMMUNITY BOLSA FAMÍLIA PROGRAM

ORIGINAL

Cicera Sinara Lima de Figueiredo1

Allana Gonçalves da Cruz2

Ana Mykaele Dantas Patrício² Andressa de Souza Carvalho² Francisca Gecilvânia Alves de Sousa² Sheila Andrade de Souza²

Danilo Ferreira de Sousa3

Willma José Santana4

Elida Mara Braga Rocha5

RESUMO

O Programa Bolsa Família (PBF) foi criado pelo Governo Federal com a finalidade de combater a fome e promover uma renda as famílias que vivem em situação de miséria. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o estado nutricional de escolares beneficiários do Programa Bolsa Família da comunidade da Palmeirinha, em Juazeiro do Norte, Ceará. A pesquisa foi do tipo transversal, realizada em 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário de frequência alimentar para avaliação de o consumo alimentar e aferição de peso e altura com cálculo do Índice de Massa Corpórea para avaliação do estado nutricional. Foram avaliadas 34 escolares, sendo 58,8% do sexo feminino (58,8%), responsável com média de 4,5 anos de estudo e família com renda média de 734,2 reais por mês. Os resultados indicam que os escolares beneficiários do PBF apresentaram médias maiores no consumo de alimentos como salgadinho, iogurte, suco de caixa, batata frita e salgado frito. Já em relação aos alimentos saudáveis foram encontradas médias superiores para arroz e feijão entre beneficiários do que os não beneficiários (p<0,05). Quanto ao estado nutricional, mesmo que prevalência de eutrofia tenha sido alta, não foi possível constatar diferença significativa entre os escolares (p >0,05). Conclui-se que o estado nutricional das crianças e dos adolescentes beneficiárias do PBF encontra-se adequado, contudo foram observados dados preocupantes em relação ao consumo de alimentos industrializados o que poderá acarretar futuras doenças crônicas como obesidade e a diabetes mellitus nesse grupo populacional vulnerável.

Palavras chaves: Programa Bolsa Família. Estado Nutricional. Escolares.

ABSTRACT

The Bolsa Família Program (PBF) was created by the Federal Government with the purpose of combating hunger and promoting an income for families living in extreme poverty. The objective of this research was to evaluate the nutritional condition of schoolchildren beneficiaries of the Bolsa Família Program of the Palmeirinha community, in Juazeiro do Norte, Ceará. The research was of a cross-sectional type, carried out in 2017. Data collection was maded through a food frequency questionnaire to evaluate food consumption and weight and height measurement with calculation of the Body Mass Index for nutritional status evaluation. Thirty-four schoolchildren were evaluated, 58.8% female (58.8%), responsible with an average of 4.5 years of study and a family with an average income of $ 734.20 reais a month. The results indicate that the beneficiary students of the PBF presented higher averages in the consumption of foods like saltiness, yogurt, box juice, fried potato chips and salted. Regarding healthy foods, higher averages were found for rice and beans among beneficiaries than non-recipients (p <0.05). It was concluded that the nutritional condition of children and adolescents benefiting from BFG is adequate, however, there were worrisome data regarding the consumption of processed foods, which could lead to future chronic diseases such as obesity and diabetes mellitus in this vulnerable population group.

Key words: Bolsa Família Program. Nutritional condition. Schoolchildren.

1 Graduada em Nutrição- Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do Norte, CE, Brasil. Contato para correspondência:

sinarafigueiredo.nutri@gmail.com

2 Graduada em Nutrição- Faculdade de Juazeiro do Norte, Juazeiro do Norte, CE, Brasil. 3 Graduado em Enfermagem – Faculdade de Juazeiro do Norte, CE, Brasil.

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INTRODUÇÃO

O Governo Federal Brasileiro criou, em 2001, o Programa Bolsa Alimentação com o objetivo de combater a fome e a desnutrição no país. Posteriormente, em 2004, o referido programa se unificou a outros benefícios sociais sendo nomeado de Programa Bolsa Família (PBF) momento em que sua base conceitual foi ampliada, uma vez que associa a transferência direta de renda para famílias em alta vulnerabilidade socioeconômica e a necessidade de cumprimento das condicionalidades pelas famílias beneficiárias, possibilitando acompanhar a situação de saúde e educação dos indivíduos em maior risco. Dentre essas se podem citar a matrícula e assiduidade das crianças e adolescentes na escola, o acompanhamento do estado nutricional de todos os membros da família e comparecimento das atividades em saúde e nutricional realizadas pela Estratégia Saúde da Família (BRASIL, 2004).

As condicionalidades são impostas para poder assegurar que os mesmos tenham acesso à assistência social, saúde e educação para fornecer uma melhor qualidade de vida e também inclusão social. O acompanhamento da saúde dos beneficiários do PBF tem como órgão responsável a Atenção Básica, nível primário de saúde, do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2009). Já o monitoramento da educação é realizado pela frequência escolar de crianças e adolescentes, que pretende promover e assegurar a melhoria da aprendizagem e do desenvolvimento escolar (BRASIL, 2007) para que os jovens tenham no futuro melhores condições no mercado de trabalho e, portanto, proporcionem melhores condições socioeconômicas para suas famílias. Além disso, é sabido que, a escola é um ambiente promotor de saúde e que, favorece o descobrimento de bons hábitos alimentares por meio de ações educacionais, permitindo as crianças desenvolverem novas escolhas alimentares (RAMOS; SANTOS; REIS, 2013).

Nos últimos anos foi verificado através dos inquéritos nacionais que o perfil alimentar brasileiro

tem sofrido modificações, considerando que os alimentos passaram por grandes alterações pela indústria alimentícia, estando cada vez mais abundantes de conservantes para possibilitar maior tempo de prateleira e realçadores de sabor como açúcares, gordura e sal que acarretam no aumento da densidade calórica e diminuição do valor nutricional (MONTEIRO; MONDINI; COSTA, 2000).

Refletindo essa tendência crianças e adolescentes optam por escolher alimentos prontos e industrializados, devido à influência da mídia, dos colegas de escola e dos pais na hora de alimentar-se, deixando de lado os alimentos saudáveis, ocasionando um aumento da prevalência de sobrepeso em indivíduos muito jovens, visto que a alimentação dos escolares influencia diretamente o seu estado nutricional (COSTA; RIBEIRO; RIBEIRO, 2001).

Pode-se supor que a presença de sobrepeso em crianças e adolescentes beneficiárias ou não do PBF seria possível devido à influência da mídia tem sobre elas e sobre os pais na hora da compra de alimentos industrializados ricos em carboidratos simples e gorduras saturadas e trans. A investigação dessa temática deve-se a necessidade de monitoramento nutricional das crianças e adolescentes com finalidade de prevenir e evitar futuras doenças crônicas não transmissíveis que são provocados por uma má alimentação. Além disso, é de suma importância dados provenientes de famílias beneficiárias do PBF para conhecimento do perfil epidemiológico de um grupo populacional tão sensível.

Assim, este trabalho tem como objetivo verificar o estado nutricional de crianças e adolescentes pertencentes à famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família de uma comunidade localizada na zona rural da cidade de Juazeiro do Norte- Ceará.

METÓDOS

A pesquisa é do tipo transversal caracterizada por ser um estudo descritivo e quantitativo. O estudo foi realizado em uma escola da rede pública da

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comunidade da Palmeirinha, em Juazeiro do Norte-CE, o município fica a 491 km da capital cearense, Fortaleza. A coleta de dados foi realizada no ano letivo de 2017, entre fevereiro e junho.

Os sujeitos da pesquisa foram crianças pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, devidamente matriculadas do 6° ao 9° ano da escola selecionada, que foram convidadas a participar da pesquisa. O escolar que concordou em participar da pesquisa recebeu o Termo de Assentimento e levou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para ser entregues e assinados pelos responsáveis, possibilitando assim a coleta de dados.

Foram utilizados como instrumento da coleta de dados um questionário semiestruturado enviado aos pais ou responsáveis pela criança na agenda escolar, abordando questões como escolaridade materna, renda familiar, recebimento de benefício social e valor desse benefício.

As informações sobre os hábitos e preferências alimentares foram coletadas em entrevista individual, em um local reservado, com os escolares pela pesquisadora nos intervalos de recreio das crianças, através de um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) adaptado a partir do formulário de marcadores de consumo alimentar para indivíduos com 5 anos de idade ou mais utilizado pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional- SISVAN, para avaliação das práticas alimentares (BRASIL, 2008).

As medidas antropométricas foram obtidas de acordo com as recomendações técnicas da Organização Mundial de Saúde, seguida pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), a aferição foi realizada durante a aula de educação física, sendo realizado em ambiente reservado para evitar constrangimento dos escolares. O peso foi mensurado em uma balança digital da marca Camry®, eb 9014, com precisão de 100g e a altura por meio de um estadiômetro apoiado na parede, de leitura lateral, com extensão de 0 a 2 metros e graduação em milímetros, marca Avanutri®.

O diagnóstico do estado nutricional foi realizado através do Índice de Massa Corpórea (IMC) - calculado pela fórmula peso (kg)/altura (m)2. Após o cálculo cada escolar teve o percentil de IMC para idade estipulada pelas curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2006), possibilitando classificar o estado nutricional através dos parâmetros descritos no Manual do SISVAN, onde foi considerado magreza/desnutrição Percentil <3, normalidade/eutrofia Percentil entre 3 e 85, excesso de peso (sobrepeso/obesidade) percentil > 85 (BRASIL, 2011).

As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0 for Windows. Primeiramente, foi realizada a análise descritiva das informações que caracterizaram a população estudada e à análise exploratória para a correção das inconsistências. Depois as variáveis contínuas foram testadas para normalidade através de histogramas e do teste de Kolmogorov-Smirnov, sendo posteriormente analisado por teste t. Os dados foram descritos na forma de medida de proporção (frequência e prevalência) e medidas de tendência (médias e medianas). A análise das variáveis categóricas foi realizada pelo teste chi-quadrado, sendo o nível de significância a ser considerada com valor de p inferior a 0,05.

A realização da pesquisa foi de acordo com a Resolução nº 466/2012 e 510/2016 que dispõem sobre os aspectos éticos e legais sobre pesquisas que envolvem seres humanos. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Faculdade de Juazeiro do Norte – FJN, pelo parecer de número: 1.931.240.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram avaliadas 34 crianças e adolescentes com média de 12,4 anos de idade, a maioria do sexo feminino (58,8%), pertencentes à família de baixa escolaridade onde os responsáveis têm em média 4,5

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anos de estudo, os mesmos possuem baixa renda e recebem em média 734,2 reais por mês. Quanto ao perfil familiar indica que na residência moram em média 4,7 pessoas, sendo que em média 2,1 são menores de 18 anos, de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1- Caracterização socioeconômica de crianças e adolescentes de uma escola pública do município de Juazeiro do Norte, CE, 2017.

Variável Média Desvio padrão Idade do adolescente 12,44 1,418 Escolaridade do responsável 4,50 4,412 Renda familiar 734,21 295,069 Número de moradores 4,76 1,519 Número de menores de 18 anos 2,15 0,989

Nota: Dados da pesquisa.

Nas condições de moradia, a maioria tem luz elétrica (97,1%) e a distribuição de água é feita pela rede pública (73,5%), sendo que metade realiza o tratamento da água, o sistema de coleta de lixo é feito pelo serviço público municipal (88,2%), o esgoto das residências é dispensado em fossa séptica (67,6%) e a quase totalidade das famílias recebem assistência da Estratégia de Saúde da Família (94,1%), como apresentado na Tabela 2.

Quanto ao estado nutricional das crianças e dos adolescentes pode-se perceber, na Figura 1, que a prevalência maior foi de eutrofia (73,5%). Mesmo que no grupo de escolares beneficiários do PBF houvesse maior predominância de excesso de peso (30,8%) do que os não beneficiários (12,5%) essa diferença não foi significativa (p> 0,05).

Assemelham-se a esses dados os achados de Oliveira et al. (2011), em seu estudo realizado em uma cidade de Minas Gerais, os quais demonstram não haver diferenças significativas entre o estado nutricional de escolares beneficiários e não beneficiários do PBF. Todavia, o apanhado de Monestrel (2011), na cidade de Itajaí/SC, com crianças menores de cinco anos, denota uma maior prevalência

indicativa de inadequação do estado nutricional para os beneficiários do PBF. Tal divergência pode ser justificada pelo fato de a autora ter avaliado a população por meio de parâmetros diferentes dos que foram utilizados no presente estudo, haja vista que a mesma considerou altura/idade nas crianças.

Tabela 2– Caracterização das condições de saneamento básico de crianças e adolescentes de uma escola pública do município de Juazeiro do Norte, CE, 2017.

Variável N % Luz elétrica SIM 33 97,1 NÃO 1 2,9 Água Rede Pública 25 73,5 Poço 4 11,8 Chafariz 1 2,9 Outro 4 11,8 Trata água SIM 17 50,0 NÃO 17 50,0 Lixo Coleta municipal 30 88,2 Incinerado 3 8,8 Outro 1 2,9 Esgoto Rede Pública 10 29,4 Fossa 23 67,6 A céu aberto 1 2,9 ESF SIM 32 94,1 NÃO 2 5,9

ESF: Estratégia Saúde da Família

As poucas pesquisas que já foram realizadas sobre essa temática foram discutidas por Wolf e Barros- Filho (2014), que apontam impactos não esperados do PBF sobre o estado nutricional dos beneficiários, seja quando envolve crianças ou adultos, demonstrando contradições com os objetivos esperados pelo PBF. Em relação ao IMC/idade da amostra observou- se uma preocupante prevalência de 26,5% de excesso de peso nas crianças e nos adolescentes de uma forma geral. Esses dados assemelham-se aos achados de Ramires et al. (2014) e Carmo et al. (2016) onde os

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mesmos encontraram valores semelhantes em seus estudos.

escolares, sendo observados maiores médias de consumo de alimentos não saudáveis para os

Figura 1– Estado nutricional de crianças e adolescentes de uma escola pública do município de Juazeiro do Norte, segundo recebimento do benefício social Programa Bolsa Família, 2017.

O Brasil assim como outros países em desenvolvimento passa por um período de transição nutricional, onde se pode perceber um aumento significativo do consumo de alimentos industrializados, isso se deve também a correria do dia a dia onde as pessoas estão cada vez mais buscando meios para ganhar tempo até na hora de se alimentar. Nos últimos cinquenta anos são observados alterações na qualidade e na quantidade da dieta, e, associadas a mudanças no estilo de vida, com repercussões negativas na saúde populacional desses países (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003). Soma-se a isso o estilo de vida sedentário dos escolares, cada vez mais frequentes, propiciando um aumento de doenças crônicas não transmissíveis e também podendo levar a possibilidade de uma desnutrição proteica calórica ocasionada pela inadequação qualitativa da dieta (ENES; LUCCHINI, 2016).

Os resultados apresentados na Tabela 3 indicam diferenças de consumo alimentar entre os

beneficiários do PBF do que para os que não recebem este benefício, com significância estatística (p < 0,05) para alimentos como salgadinho, iogurte, suco de caixa, batata frita e salgado frito.

Nesse sentido, a transferência de renda parece não garantir todos os aspectos esperados para o consumo adequado, talvez por falta de orientação nutricional essas famílias escolhem de maneira errônea os alimentos a serem consumidos pelas crianças e adolescentes.

Os resultados do presente estudo corroboram com os de Ennes e Lucchini (2016) e Saldiva et al. (2010), que ao analisarem o hábito alimentar de crianças e adolescentes com faixas etárias semelhantes ao deste estudo, encontraram valores com importância estatística relevante para os alimentos não saudáveis.

Com relação ao consumo de alimentos não saudáveis Uchimura (2012), verificou que famílias beneficiárias estão mais propensas a comprar

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alimentos não saudáveis para seus filhos devido a uma insegurança alimentar existente, onde os mesmos alegam não ter o conhecimento necessário sobre o que compõe uma alimentação saudável.

Assemelha-se a esse achado o estudo feito por Drewnowski e Darmon (2005) que verificaram a existência de vulnerabilidade nutricional em crianças que pertencem a famílias de baixa renda, devido a uma maior inserção na dieta de alimentos com excesso de calorias e de baixo teor nutricional.

Tabela 3- Consumo diário médio de alimentos não saudáveis entre crianças e adolescentes de uma escola pública do município de Juazeiro do Norte, de acordo com recebimento do benefício social Programa Bolsa Família, 2017.

os escolares que consumiram maiores médias desses alimentos básicos e tradicionais da cultura brasileira.

Os resultados estão de acordo com os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar - POF, realizada em 2008, que indicam uma relação inversa entre renda e consumo de arroz e feijão a nível nacional (LEVY et al., 2012).

Tabela 4- Consumo diário médio de alimentos saudáveis entre crianças e adolescentes de uma escola pública do município de Juazeiro do Norte, de acordo com

recebimento do benefício social Programa Bolsa Família, 2017.

ALIMENTOS SAUDÁVEIS

Beneficiário PBF

P Sim média Não média

Fruta 0,92 1,03 0,66 Suco de fruta 1,02 0,50 0,11 Arroz 1,37 1,10 0,02 Feijão 1,30 0,85 0,01 Pão 0,90 0,75 0,45 Verduras 0,71 0,65 0,24 Legumes 0,62 0,85 0,95 In natura 6,83 5,72 0,37 Teste t Teste t

Já ao investigar o consumo médio diário de

Com relação a esse aspecto, Cutchma et al. (2012) encontraram em estudo com crianças da rede pública de ensino no município de Colombo/PR, maiores médias de consumo de alimentos saudáveis para escolares que recebiam o Bolsa Família, porém comparando aos que não são contemplados pelo PBF não houve significância estatística.

Além disso, Paula et al. (2012) em estudo realizado em escola da rede pública da cidade de Belo Horizonte/MG, também encontraram maior preferência de alimentos saudáveis no grupo estudado.

alimentos saudáveis, as crianças e adolescentes beneficiários do PBF consumiram médias maiores de quase todos os alimentos citados na Tabela 4. Contudo, foram os escolares não beneficiários que tiveram maiores médias para o consumo de frutas e legumes.

A análise estatística demonstrou que apenas para o consumo de arroz e feijão houve diferença estatística (p< 0,05), sendo que os beneficiários foram

Levy et al. (2012) demonstram que o consumo alimentar dos brasileiros tem passado por transformações, onde observou-se que a ingestão de alimentos ricos em gorduras está aumentando de acordo com a renda familiar, já em relação as proteínas percebeu-se que há uma adequação e um elevado consumo de carboidratos simples na dieta.

De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

ALIMENTOS NÃO SAUDÁVEIS

Beneficiário PBF

P Sim média Não média

Salgadinho 0,85 0,25 0,01 Biscoito recheado 0,83 0,55 0,98 Iogurte 0,32 0,01 0,03 Refrigerante 0,60 0,71 0,33 Suco de caixa 0,35 0,01 0,02 Suco em pó 0,76 0,81 0,55 Bala 1,29 0,66 0,26 Batata frita 0,25 0,01 0,05 Hambúrguer 0,08 0,03 0,08 Danoninho 0,26 0,26 0,73 Chocolate 1,06 0,68 0,58 Achocolatado 0,29 0,39 0,09 Pizza 0,05 0,04 0,54 Salgado frito 0,52 0,06 0,02 Bolo 0,35 0,01 0,18 Ultraprocessados 7,84 4,48 0,82

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(IBASE), verificou-se que houve uma remodelação no padrão alimentar das famílias de baixa renda que são beneficiárias do PBF e que vão se distinguir das famílias não beneficiárias quando comparado ao consumo de cereais, particularmente o arroz e o feijão que são alimentos tradicionais na mesa do brasileiro (IBASE 2008).

Contudo, Wolf e Barros-Filho (2014) constataram dados pouco significativos e conclusivos em relação do impacto sobre o perfil nutricional da população de beneficiários do PBF, haja vista que dentre as evidências que faziam parte da sua revisão de literatura sistemática os dados achados de famílias beneficiárias e de não beneficiários do PBF não possuem diferenças significativas em relação ao estado nutricional e consumo alimentar, tanto em pesquisas de desenho transversal como do tipo longitudinal.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o estado nutricional das crianças e dos adolescentes beneficiárias do Programa Bolsa Família encontra-se adequado, contudo foi observado um consumo preocupante de alimentos não saudáveis que podem ser responsáveis pelo aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis como a obesidade, diabetes e hipertensão na vida adulta.

Portanto, é de suma importância a atuação do profissional nutricionista nas escolas e unidades básicas de saúde visando à promoção de hábitos alimentares saudáveis por meio do desenvolvimento de atividades de educação alimentar e nutricional no âmbito escolar, garantindo uma melhoria do consumo alimentar, principalmente com ações voltadas para as famílias mais vulneráveis economicamente.

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Tabela 1- Caracterização socioeconômica de crianças e  adolescentes de uma escola pública do município de  Juazeiro do Norte, CE, 2017
Tabela 4- Consumo diário médio de alimentos saudáveis  entre crianças e adolescentes de uma escola pública do  município de Juazeiro do Norte, de acordo com

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