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Esquemas cognitivos e funcionamento sexual feminino

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Academic year: 2021

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ESQUEMAS COGNITIVOS E FUNCIONAMENTO SEXUAL

FEMININO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

DORISA DE FÁTIMA ALVES MARAVILHA RODRIGUES GONÇALVES Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Orientador: Professor Doutor Pedro Jorge da Silva Coelho Nobre Universidade de Aveiro

Co-Orientador: Professor Doutor Francisco Manuel dos Santos Cardoso Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Agradecimentos

Este trabalho marca o culminar de uma etapa importante da minha vida, das mais importantes de âmbito profissional. Etapa essa, que da mesma forma que concluo esta dissertação, não seria possível de ultrapassar sem o contributo de várias pessoas. Assim, mesmo correndo o risco de não mencionar alguém que o mereça, aproveito a ocasião para deixar a minha estima, admiração, reconhecimento, amizade e sobretudo agradecimento a todas essas pessoas.

Ao Professor Doutor Pedro Nobre, por aceitar orientar esta dissertação, fazendo-o sempre com uma disponibilidade, compreensão e acima de tudo com um profissionalismo enormes.

A vocês, Mara, Manuela, Marta e Vera, por proporcionarem um ambiente de inter-ajuda fundamental durante todo o processo de realização deste trabalho.

A muitos outros Professores, que durante os cinco anos, do 1º e 2º Ciclos, se preocuparam em instruir e formar profissionais de Psicologia, com um profissionalismo, competência e dedicação destacáveis.

A todos vocês, companheiros de viagem, que como eu sabem o que é ser estudante de Psicologia na UTAD, pelo apoio que cada um deu, garantindo que cada um será lembrado para o resto da vida. Uma palavra especial para aquelas que mais que um grupo de amigas, foram uma segunda família, a minha família em Vila Real, nomeadamente a Ana Isabel, a

Ana Rita, a Brízida, a Raquel e a Stephanie.

A toda a minha Família, que sempre se mostrou interessada no meu desenvolvimento pessoal e académico, dando muitas vezes um apoio fundamental.

Aos meus pais, Fátima e Jorge, por criarem todas as condições necessárias para um desenvolvimento saudável e para uma formação profissional com sucesso, sem as quais não me encontraria hoje a escrever estas palavras. As suas competências inigualáveis, enquanto Pais e Pessoas formaram o que sou hoje, razão pela qual demonstro aqui o meu Orgulho em ser filha destes dois seres humanos fenomenais. Para eles um Muito Obrigada muito especial.

Ao meu irmão Tiago, por sempre ter desempenhado o seu papel de irmão mais velho de forma perfeita, defendendo-me e apoiando-me vezes sem conta. Por, simultaneamente, se preocupar com a minha autonomia e independência, contribuindo também para a organização

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da pessoa que sou. Pelo facto de, como bom profissional de Educação Física e Desporto que é, tentar, persistentemente, desenvolver em mim um estilo de vida mais saudável.

Ao Carlos, por em boa hora surgir na minha vida, alterando o seu rumo. Pela sua calma, persistência, compreensão e paciência, imensamente necessários para a nossa relação continuar. Pela sua tolerância, principalmente no decorrer deste último ano, durante os longos períodos de afastamento. E por todos os momentos e sentimentos partilhados.

A Deus, por estar sempre presente e por tudo…

Foi o concretizar de um sonho. Por isso, a todos Estes e Aqueles que involuntariamente não referi, um MUITO OBRIGADA.

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Índice

Agradecimentos ... 2

Resumo ... 5

Abstract ... 6

Parte I – Funcionamento Sexual Feminino: O Papel dos Esquemas Cognitivos Resumo ... 8

Funcionamento Sexual Feminino ... 9

Classificação das Disfunções Sexuais Femininas ... 9

Prevalência das Disfunções Sexuais Femininas ... 13

O Papel dos Esquemas Cognitivos ... 13

Esquemas Precoces Maladaptativos ... 15

Auto-Esquemas Sexuais ... 18

Esquemas Cognitivos em Contexto Sexual ... 21

Referências ... 25

Parte II - Esquemas Cognitivos e Funcionamento Sexual Feminino: Resultados de um Estudo Empírico Resumo ... 34

Esquemas Cognitivos e Funcionamento Sexual Feminino: Resultados de umEstudo Empírico ... 35

Esquemas Precoces Maladaptativos ... 35

Auto-Esquemas Sexuais ... 37

Esquemas Cognitivos em Contexto Sexual ... 38

Método ... 41

Participantes ... 41

Procedimentos ... 42

Instrumentos ... 43

Resultados ... 45

Esquemas Precoces Maladaptativos e Funcionamento Sexual Feminino ... 45

Auto-Esquemas Sexuais e Funcionamento Sexual Feminino ... 48

Esquemas Cognitivos em Contexto Sexual e Funcionamento Sexual Feminino ... 51

Esquemas Precoces Maladaptativos, Auto-Esquemas Sexuais, Esquemas Cognitivos em Contexto Sexual e Funcionamento Sexual Feminino ... 54

Discussão ... 56

Referências ... 61

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Resumo

O presente estudo aborda o papel das estruturas cognitivas centrais no funcionamento sexual feminino. Neste sentido, apresenta-se dividido em dois artigos científicos. O primeiro consiste num artigo teórico, visto que apresenta uma revisão da literatura científica realizada no âmbito do funcionamento sexual feminino e, posteriormente, de forma mais específica, o estado da arte acerca da implicação dos esquemas cognitivos na sexualidade feminina. Por sua vez, o segundo artigo, realizado com base no enquadramento teórico anterior, consiste num trabalho empírico, que estuda o papel dos esquemas cognitivos (esquemas precoces maladaptativos, auto-esquemas sexuais e esquemas cognitivos activados em contexto sexual) no funcionamento sexual feminino, utilizando uma amostra de 245 mulheres, cujos resultados são apresentados e discutidos. Tais resultados sustentam, sobretudo, o papel preponderante destas variáveis cognitivas no funcionamento sexual das mulheres, o que por sua vez apresenta importantes implicações teóricas e práticas, razão pela qual é necessária a realização de futuras investigações que apoiem o papel destas variáveis como possíveis factores de vulnerabilidade das dificuldades sexuais femininas.

Palavras-chave: Esquemas Precoces Maladaptativos, Auto-Esquemas Sexuais, Esquemas Cognitivos Activados em Contexto Sexual, Funcionamento Sexual Feminino.

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Abstract

This study focuses on the role of central cognitive structures on female sexual functioning. Therefore, is divided into two papers. The first is a theoretical article, that presents scientific literature review conducted within of sexual function in women and, subsequently, more specifically, the state of the art of implication of cognitive schemas in female sexuality. In turn, the second article, based on the previous theoretical framework, is an empirical work that studies the role of cognitive schemas (early maladaptive schemas, sexual self-schemas and cognitive schemas activated in sexual context) on sexual function in women, using a sample of 245 women, whose results are presented and discussed. Those results support the leading role of these cognitive variables in female sexual functioning, which in turn has important theoretical and practical implications, why it’s necessary to carry out further investigations to support the role of these variables as possible vulnerability factors of female sexual difficulties.

Key-words: Early Maladaptive Schemas, Sexual Self-Schemas, Cognitive Activates in Sexual Context, Female Sexual Functioning.

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Cabeçalho: ESQUEMAS COGNITIVOS E FUNCIONAMENTO SEXUAL FEMININO

Parte I

Funcionamento Sexual Feminino: O Papel dos Esquemas Cognitivos Dorisa Gonçalves

Departamento de Educação e Psicologia Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Resumo

O presente estudo consiste num artigo teórico que visa fornecer uma revisão da literatura acerca do funcionamento sexual feminino. Inicialmente aborda temas como a evolução da classificação e dos modelos de conceptualização das disfunções sexuais femininas. Posteriormente são apresentados estudos realizados no âmbito do papel dos esquemas cognitivos no funcionamento sexual feminino. Este artigo teórico permitiu constatar que apesar de os esquemas precoces maladaptativos, bem como, a activação de esquemas cognitivos em contexto sexual se encontrarem implicados no funcionamento sexual feminino, o papel dos esquemas cognitivos activados em contexto sexual no funcionamento sexual feminino encontra-se melhor sustentado. Quanto aos auto-esquemas sexuais, a revisão da literatura permite afirmar que têm um importante papel nos comportamentos sexuais e na vinculação afectiva dos sujeitos, embora a sua implicação no disfuncionamento sexual não se encontre apoiada empiricamente. Por outro lado, verifica-se que as dificuldades sexuais femininas apresentam uma prevalência considerável, razão pela qual se torna urgente mais investigação nesta área para que seja possível uma melhor compreensão da resposta sexual feminina e a realização de intervenções mais adequadas.

Palavras-Chave: Esquemas Precoces Maladaptativos, Auto-Esquemas Sexuais, Esquemas Cognitivos em Contexto Sexual, Funcionamento Sexual Feminino.

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Funcionamento Sexual Feminino

O interesse pelo comportamento sexual da mulher tem aumentado nas últimas décadas, o que se justifica pela liberalização da sexualidade feminina e o que contribui para uma mudança na vida sexual das mulheres (Tiefer, 2002). No entanto, continuam a existir algumas controvérsias, nomeadamente no que diz respeito ao ciclo de resposta sexual feminino e, consequentemente, à classificação das disfunções sexuais femininas.

Classificação das Disfunções Sexuais Femininas

Os actuais sistemas de classificação das disfunções sexuais, o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV-TR) (APA, 2000) e a Classificação Internacional de Doenças (ICD-10) (OMS, 1982), baseiam-se nos trabalhos desenvolvidos por Masters e Johnson (1966), e por Kaplan (1979). O ciclo de resposta sexual de Masters e Johnson (1966) apoia-se principalmente nas modificações fisiológicas observadas em ambos os sexos durante a actividade sexual, em termos dos batimentos cardíacos, respiração, tensão muscular e alterações genitais e comportamentais, e é composto por quatro fases: excitação, plateau, orgasmo e resolução. Posteriormente, Kaplan (1979) introduziu uma fase no ciclo de resposta sexual, o desejo, que corresponde a uma fase que motiva o sujeito a iniciar ou responder a estimulação sexual. A autora considera ser esta a fase inicial do ciclo, seguida das fases de excitação e orgasmo.

Neste sentido, o modelo do ciclo de resposta sexual subjacente aos sistemas de classificação é composto por quatro fases, que integram os dois modelos anteriores. O Desejo representa a fase inicial, correspondendo às fantasias e ao desejo de actividade sexual. A segunda fase é a Excitação que diz respeito a uma sensação subjectiva de prazer sexual acompanhada por modificações fisiológicas correspondentes. Na mulher esta fase caracteriza-se pela congestão da região pélvica, lubrificação e expansão vaginal e na intumescência dos órgãos vaginais externos. O Orgasmo, que corresponde à terceira fase, refere-se ao pico de prazer, à libertação da tensão sexual e à contracção rítmica dos músculos do perínio e dos órgãos reprodutores, caracterizando-se também, na mulher, pelas contracções da parede do terço externo da vagina e do esfíncter anal. A última fase intitula-se de Resolução e caracteriza-se pela sensação generalizada de relaxamento muscular e bem-estar. No entanto, as mulheres, contrariamente aos homens, são capazes de responder novamente à estimulação sexual, de forma quase imediata (APA, 2000).

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Assim, as disfunções sexuais presentes nos sistemas de classificação encontram-se categorizadas de acordo com cada uma das fases apresentadas. Contudo, alguns autores criticam estes sistemas de classificação, no sentido de que não contemplam determinadas especificidades. Ou seja, não atendem a algumas diferenças no comportamento sexual entre homens e mulheres, entre diferentes classes sociais, etnias, orientações sexuais, etc. (Basson, 2000; Tiefer, 2001; 2002). De acordo com Tiefer (2001; 2002) estes factores são desvalorizados, devido à indústria farmacêutica e à sua publicidade, associando-se assim os problemas sexuais a problemas físicos e descurando-se os factores sócio-culturais, políticos, psicológicos, sociais e relacionais.

No que concerne às diferenças no comportamento sexual entre homens e mulheres, alguns autores defendem que existem várias razões para se considerar a existência de um ciclo de resposta sexual diferente entre os dois sexos (Basson, 2000; Tiefer, 2001; 2002). Estas razões são as seguintes: as mulheres têm uma necessidade biológica mais baixa para libertar a tensão sexual (Basson, 2000); são determinados benefícios que advêm do envolvimento com o parceiro, não necessariamente de cariz sexual, que motivam a mulher para a actividade sexual (Basson, 2000); a excitação sexual na mulher é subjectiva podendo ou não ser acompanhada de alterações fisiológicas (Basson, 2000; Tiefer, 2001; 2002) e o orgasmo na mulher pode ou não ocorrer e pode apresentar diversas formas (Basson, 2000).

Neste sentido, Basson (2000) apresenta um novo modelo para a resposta sexual feminina que se baseia na existência da componente responsiva do desejo sexual na mulher e nos factores motivacionais que o accionam. Isto porque, existem mulheres que funcionam sexualmente bem e não apresentam desejo sexual espontâneo. Consiste numa melhor representação da resposta sexual feminina, principalmente das mulheres que se encontram em relações de longo-prazo. Assim, a autora defende que o desejo sexual na mulher pode não ser espontâneo, nem corresponder à primeira fase da resposta sexual feminina. Considera, então, que a mulher pode encontrar-se numa fase de neutralidade quando se dá o início da relação com o parceiro. À medida que se apercebe dos benefícios consequentes deste envolvimento, começa a procurar estímulos que accionem o desejo. Passa assim de uma fase de neutralidade para uma fase de desejo responsivo. Com a excitação, o orgasmo poderá ocorrer ou não, sendo que não existe uma dependência do bem-estar físico em relação à sua ocorrência. Os benefícios consequentes, que se prendem com o aumento de compromisso, de proximidade, de amor, de afecto e de aceitação e tolerância, bem como o bem-estar experienciado pelo parceiro funcionam como reforçadores, aumentando a probabilidade da activação deste ciclo

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em situações futuras (Basson, 2000; 2001a). Um estudo conduzido por Basson (2001b) apoiou a utilização deste modelo para a explicação do baixo desejo sexual nas mulheres. A autora demonstrou que a par de vários factores responsáveis pelas queixas de baixo desejo sexual como os factores relacionados com a estimulação sexual e os factores psicológicos e biológicos que interferem no processamento dos estímulos, em 50% de um total 47 mulheres que participaram no estudo, a insuficiência de intimidade emocional foi um factor determinante para o baixo desejo sexual apresentado por estas participantes. Basson (2005) reforça estes resultados, realizando uma compilação de vários estudos no âmbito da resposta sexual feminina, através da qual evidencia que esta é consequência da combinação de vários factores e que deve ser observada e analisada considerando que as diferentes fases do ciclo de resposta sexual se encontram sobrepostas. O seu modelo realça então, não apenas os aspectos biológicos, mas principalmente os aspectos subjectivos e contextuais da resposta sexual feminina, que têm bastante impacto na receptividade à actividade sexual e na excitação e desejo consequentes.

Tendo em consideração este modelo previne-se a atribuição de diagnósticos de disfunção sexual quando apenas se trata de uma forma diferente daquilo que se observa no ciclo tradicional de resposta sexual humana, que é o pilar para os critérios de diagnóstico do DSM-IV-TR (APA, 2000) e não incorpora aspectos como a confiança, a intimidade, o respeito, afecto e a comunicação como componentes do desejo sexual da mulher (Basson, 2000; 2001a).

De acordo com Basson et al. (2001) torna-se necessária a elaboração de um sistema de diagnóstico e classificação para as disfunções sexuais femininas que incorpore os aspectos subjectivos e contextuais acima descritos. Estes autores apresentam-nos, então, uma nova classificação para as disfunções sexuais femininas, discordando com o facto de os anteriores sistemas de classificação, ICD-10 e DSM-IV-TR, obedecerem à estrutura do ciclo de resposta sexual tradicional e de separarem as disfunções sexuais femininas de acordo com a sua etiologia, psicogénica ou orgânica, dificultando assim a investigação e a comunicação entre os profissionais desta área (ginecologistas, urologistas, psiquiatras, psicólogos, etc.).

Esta nova classificação é resultado de uma Conferência realizada em 1998 para o Desenvolvimento de Consenso Internacional para as Disfunções Sexuais Femininas. Quanto ao Desejo Sexual Hipoactivo o DSM-IV-TR apenas faz referência à ausência persistente ou recorrente de desejo de actividade sexual e de fantasias sexuais e Basson et al. (2001) propõem acrescentar a ausência de receptividade à actividade sexual. No que concerne à

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Perturbação de Excitação Sexual os autores propõem acrescentar a ausência de excitação subjectiva, sendo que o DSM-IV-TR considera que se trata de uma incapacidade persistente ou recorrente para atingir ou manter uma adequada resposta de lubrificação da excitação sexual até completar a actividade sexual, ou seja, apenas faz referência à ausência de excitação fisiológica. Relativamente às Perturbações da Dor foi acrescentada uma nova categoria de diagnóstico, a Perturbação de Dor Genital não Coital, visto que no DSM-IV-TR só existia a dor persistente ou recorrente genital associada à penetração vaginal (Dispareunia) e os espasmos involuntários da musculatura do terço exterior da vagina interferindo na penetração vaginal (Vaginismo). Quanto à Perturbação do Orgasmo não foram propostas alterações sendo ela uma persistente ou recorrente dificuldade, atraso ou ausência de orgasmo, após estimulação sexual e excitação suficiente. O critério de mal-estar pessoal permaneceu em todas as categorias de diagnóstico, ao passo que, o critério de dificuldades interpessoais consequentes da disfunção sexual foi excluído. A última alteração proposta prende-se com a etiologia das disfunções sexuais, sendo que os factores etiológicos passam a ser psicogénicos, mistos, orgânicos ou desconhecidos (Basson et al., 2001).

No entanto, alguns autores consideram que esta nova classificação não apresenta grandes diferenças comparativamente ao DSM-IV-TR, no sentido de que a as categorias de diagnóstico continuam a estar divididas de acordo com as fases do ciclo de resposta sexual tradicional (Leiblum, 2001; Sugrue & Whipple, 2001; Tiefer, 2001). Apesar disso, Leiblum (2001) considera, no entanto, que esta nova classificação é vantajosa pois retrata uma tentativa de descrever as disfunções sexuais femininas utilizando termos ou palavras mais precisas, facilitando a investigação na área.

Para além desta proposta, Tiefer (2001; 2002) apresenta também uma nova classificação para os problemas sexuais femininos, que contempla quatro categorias: problemas sexuais devido a factores sócio-culturais, políticos ou económicos; problemas sexuais relacionados com o parceiro e com a relação; problemas sexuais devido a factores psicológicos e problemas sexuais devido a factores médicos. Esta nova proposta surge como uma resposta feminista à influência da indústria farmacêutica que encara a sexualidade feminina apenas como uma função genital e física. A construção do sistema de classificação apresentado pela autora baseia-se nas ideias do construcionismo social e oferece grande importância ao contexto cultural e relacional, encarando a sexualidade como uma realidade biopsicossocial.

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Prevalência das Disfunções Sexuais Femininas

A preocupação com a construção de um sistema de classificação para as disfunções sexuais femininas mais amplamente aceite por todos os profissionais justifica-se dada a sua alta prevalência (Basson et al., 2001).

No âmbito da epidemiologia das disfunções sexuais femininas, os resultados dos estudos realizados fora de Portugal não são congruentes, dado que alguns autores têm demonstrado que são os problemas relacionados com o orgasmo que apresentam maior prevalência (Dunn, Croft & Hackett, 1998; Hawton, Gath & Day, 1994; Shokrollahi, Mirmohamadi, Mehrabi & Babaei, 1999), que outros autores verificaram que a maior prevalência cabe à perturbação do desejo sexual hipoactivo (Kadri, Alami & Tahiri, 2002; Khalilian, Masoudzadeh & Bandpei, 2007; Laumann, Paik & Rosen, 1999) e que Read, King e Watson (1997) verificaram que é o vaginismo que apresenta uma maior prevalência. Contudo, pode também considerar-se que os resultados de grande parte destes estudos são consistentes, no sentido de terem demonstrado que são a perturbação do desejo sexual hipoactivo e do orgasmo as categorias de diagnóstico que apresentam maior prevalência.

Em Portugal, os estudos epidemiológicos realizados com amostras da população geral mostraram, também, que são o desejo sexual hipoactivo, seguido da perturbação do orgasmo, que apresenta prevalências mais elevadas (Nobre, 2003; Vendeira, Pereira, Santo e Macedo, 2005). Nos estudos realizados com amostras recolhidas em clínicas de sexologia portuguesas verificou-se que os problemas mais prevalentes estão relacionados com o desejo, apesar da perturbação do orgasmo também apresentar percentagens elevadas (Gomes, Fonseca & Gomes, 1997; Nobre, Pinto-Gouveia & Gomes, 2006). No entanto, estes dois últimos estudos são incongruentes quanto à prevalência do vaginismo, visto que enquanto Gomes et al. (1997) verificaram que esta é uma das perturbações menos prevalentes, Nobre et al. (2006) verificaram que a sua prevalência segue-se ao desejo sexual hipoactivo, constituindo-se assim a segunda disfunção sexual feminina mais prevalente nas clínicas utilizadas no estudo.

O Papel dos Esquemas Cognitivos

A par dos estudos epidemiológicos têm sido realizadas algumas investigações no âmbito dos principais predictores das disfunções sexuais femininas. Neste sentido, algumas variáveis têm sido consideradas possíveis factores potenciadores dos problemas sexuais femininos, como: a idade, o estado civil, a fase de climatério, o nível de escolaridade, a raça ou etnia, saúde física, o consumo de medicação como anti-hipertensores e anti-depressivos, a

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satisfação com o parceiro, etc. (Bridges, Lease & Ellison, 2004; Cain, Johannes, Avis, Mohr, Schocken, Skurnickr & Ory, 2003; Deeks, & McCabe, 2001; DeLamater & Friedrich, 2002; DeLamater & Sill, 2005; Gallicchio et al., 2007; Graham, Sanders, Milhausen & McBride, 2004; Laumann, et al., 1999; Morokoff & Gillilland, 1993; Nusbaun, Singh & Pyles, 2004).

Para além destes estudos, outros trabalhos têm sido realizados no âmbito da etiologia e da conceptualização das disfunções sexuais, envolvendo variáveis psicológicas. No que toca a este assunto Sbrocco e Barlow (1996) defendem que é fundamental para a compreensão do funcionamento sexual, o conhecimento da realidade idiossincrática do indivíduo, bem como, a sua realidade social, razão pela qual se justifica a utilização da teoria cognitiva para a conceptualização das disfunções sexuais. Assim, é importante conhecer o estilo e conteúdo cognitivo do indivíduo, que o pode tornar cognitivamente vulnerável ao desenvolvimento de disfunções sexuais. Neste sentido, vários autores têm direccionado a sua atenção para o estudo de factores cognitivo-emocionais nas disfunções sexuais (Abrahamson, Barlow, Beck, Sakheim & Kelly, 1985; Adams, Haynes Brayer, 1985; Barlow, 1986; Beck, Barlow, Saheim, Abrahamson, 1987; Dove & Wiederman, 2000; Elliot & O’Donohue, 1997; Geer & Fuhr, 1976; Hawton, 2003; Nobre, 2009; 2010; Nobre & Pinto-Gouveia, 2000; 2006a; 2006b; 2007; 2008a; 2008b; Nobre et al., 2004; Sbrocco & Barlow, 1996; Weisberg, Brown, Wincze & Barlow, 2001).

Contudo, apesar dos esquemas cognitivos constituírem um conceito fundamental na teoria cognitiva e de esta se mostrar cada vez mais presente na conceptualização e no tratamento de muitas perturbações emocionais (Beck, Emery & Greenberg, 2005; Beck, Freman & Davis, 2004; Beck, Wright, Newman & Liese, 1993; Leahy, 2004), verifica-se uma escassez de estudos que se centrem na implicação dos esquemas cognitivos como possíveis factores etiológicos e de manutenção das disfunções sexuais. De facto, os esquemas cognitivos têm um importante papel na manutenção das psicopatologias mais crónicas, sendo que a aplicação de estratégias de modificação de esquemas parece ser um caminho para o sucesso terapêutico destes quadros clínicos (Padesky, 1994).

Foi Aaron Beck quem introduziu o conceito de esquemas cognitivos na terapia cognitiva, referindo-se a eles como padrões cognitivos estáveis que governam o processamento da informação e o comportamento (Padesky, 1994), e como unidades fundamentais da personalidade das quais dependem os processos cognitivos, afectivos e motivacionais (Beck et al., 2004). São estas estruturas cognitivas que dão significado aos acontecimentos, sendo elas formadas através das várias experiências de vida e armazenadas

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na memória a longo-prazo. Nas perturbações psicopatológicas os esquemas encontram-se hiperactivados, enviezando o processamento da informação e comprometendo a interpretação da realidade (Gonçalves, 1993).

Esquemas Precoces Maladaptativos

Estas estruturas cognitivas têm tomado várias designações de acordo com diferentes autores. Uma das mais recentes é a designação de esquemas precoces maladaptativos, que surge de uma expansão da terapia cognitiva originando a terapia focada nos esquemas desenvolvida por Young (1999). Esta designação diz respeito a padrões estáveis e duradouros de memórias, emoções, cognições e sensações corporais, que são desenvolvidas desde muito cedo durante a infância e a adolescência. Tais padrões ou temas são referentes ao próprio e à sua relação com os outros, assumindo um papel disfuncional e causando comportamentos desadaptativos (Young, Klosko & Wheishaar, 2003). A terapia focada nos esquemas é uma expansão da terapia cognitiva, dado que ultrapassa uma abordagem de curto-prazo através da combinação de técnicas interpessoais, experimentais e cognitivo-comportamentais (McGinn & Young, 1996). Parece ser uma alternativa promissora para o tratamento de problemas psicológicos que apresentam um padrão mais duradouro ou crónico e mais profundo (McGinn & Young, 1996; Young, et al., 2003).

Com base na teoria de Young existem 18 esquemas precoces maladapataivos que se encontram distribuídos por cinco domínios: (1) Distanciamento e Rejeição, que inclui os esquemas de Abandono/Instabilidade, Desconfiança/Abuso, Privação Emocional, Defeito/Vergonha e Isolamento Social/Alienação; (2) Autonomia e Desempenhos Deteriorados, constituído pelos esquemas de Dependência/Incompetência, Vulnerabilidade ao Mal ou à Doença, Emaranhamento/Eu Subdesenvolvido e Fracasso; (3) Limites Deteriorados, que engloba os esquemas de Limites Indefinidos/Grandiosidade e Disciplina e Auto-Controlo Insuficientes; (4) Influência dos Outros, que reúne os esquemas de Subjugação, Auto-Sacrifício, Procura de Aprovação/Procura de Reconhecimento; e (5) Sobrevigilância e Inibição, que abarca os esquemas de Negativismo/Pessimismo, Inibição Emocional, Padrões Rígidos/Hipercriticismo e Punição (Young, et al., 2003).

O domínio Distanciamento e Rejeição associa-se à ideia de que as necessidades de estabilidade, segurança, apoio, empatia, alimentação, amor, respeito, aceitação e partilha de sentimentos não estão satisfeitas. Estas pessoas são incapazes de estabelecer relações seguras de vinculação com os outros. Os sujeitos com esquemas pertencentes a este domínio

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cresceram em famílias tipicamente instáveis, abusivas, frias, com comportamentos de rejeição ou isoladas e à parte do mundo exterior (Young, et al., 2003).

Quanto ao domínio de Autonomia e Desempenho Deteriorados, este é característico de sujeitos que cresceram em famílias emaranhadas, sobre-protectora, pouco promotora da confiança da criança e do sucesso do seu desempenho fora do seio familiar. Estes sujeitos apresentam expectativas acerca de si próprios e do mundo que comprometem a percepção das suas capacidades de sobrevivência e de funcionamento de forma independente e de agirem com sucesso (Young, et al., 2003).

Os sujeitos com esquemas constituintes do domínio de Limites Deteriorados apresentam os limites internos comprometidos, quer em termos de responsabilidade para com os outros, quer em termos de estabelecimento de objectivos a longo-prazo. Ou seja, apresentam uma dificuldade em respeitar os direitos dos outros e de cooperar com eles, em fazer compromissos ou estabelecer objectivos pessoais realistas. As famílias de origem são tipicamente permissivas, com falhas na transmissão de orientação e com sentido de superioridade, em detrimento de uma confrontação e disciplina adequadas e do estabelecimento de limites em relação à responsabilidade e formação de objectivos (Young, et al., 2003).

O domínio Influência dos Outros diz respeito a uma focalização excessiva nos desejos, sentimentos e respostas dos outros, observando-se uma necessidade de obter amor e aprovação, de manter ligações e de evitar retaliações. As famílias de origem são caracterizadas pela aceitação condicional, sendo que a criança se vê obrigada a oprimir determinados necessidades e sentimentos de forma a obter amor, atenção e aprovação (Young, et al., 2003).

Por fim, o domínio Sobrevigilância e Inibição caracteriza-se por uma supressão excessiva dos sentimentos espontâneos, impulsos e escolhas, por um enfoque excessivo em cumprir regras rígidas e internalizadas e expectativas sobre o desempenho e comportamentos éticos, prejudicando a felicidade, a auto-expressão, o relaxamento, as relações íntimas ou a saúde. Estes sujeitos cresceram em famílias que sobrevalorizam o desempenho, direitos, perfeccionismo, regras e evitam a demonstração de emoções, o prazer, a alegria e a descontração (Young, et al., 2003).

Embora a origem dos esquemas precoces maladaptativos não esteja necessariamente na ocorrência de um trauma, eles têm um poder destrutivo e são causados por experiências

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desagradáveis que se vão repetindo ao longo da infância e da adolescência. Assim, os esquemas precoces maladaptativos actuam da seguinte forma: uma pessoa que durante a sua infância foi sujeita a situações de abandono, abuso, negligência ou rejeição, perante determinadas situações que essa mesma pessoa considera, de forma inconsciente, similares às experiências desagradáveis da sua infância irá activar os esquemas precoces maladaptativos de Abandono/Instabilidade, Desconfiança/Abuso, Privação Emocional ou Defeito/Vergonha.

Vários estudos têm explorado a existência deste tipo de estruturas cognitivas em quadros psicopatológicos, como por exemplo, nas perturbações de ansiedade (Atalay, Atalay, Karahan e Çaliskan, 2008; Beck et al., 2005; Pinto-Gouveia, Castilho, Galhardo & Cunha, 2006; Schmidt, Joiner, Young & Telch, 1995; Welburn, Coristine, Dagg, Pontefract & Jordan, 2002), na sintomatologia depressiva (Harris & Curtin, 2002; Schmidt, et al., 1995; Welburn et al., 2002; Young, Weinberger & Beck, 2001), nas perturbações da personalidade (Kellong & Young, 2006; Nordahl, Holthe & Haugum, 2005; Nordahl & Nysæter, 2005), nas perturbações do comportamento alimentar (Cooper, Rose & Turner, 2006; George, Thornton, Touyz, Waller & Beumont, 2004; Meyer & Gillings, 2004; Meyer, Leung, Feary & Mann, 2001; Unoka, Tölgyes & Czobor, 2007) e nos comportamentos sexuais agressivos (Richardson, 2005).

Contudo, apesar de ser evidente o papel dos esquemas precoces maladaptativos em grande parte das perturbações emocionais, poucos autores se interessaram por explorá-los nas disfunções sexuais. Realçam-se apenas os recentes estudos de Oliveira (2008) direccionado para as disfunções sexuais femininas e de Gomes (2008) para as disfunções sexuais masculinas.

No seu estudo, Oliveira (2008) verificou que existem três esquemas precoces maladaptativos que se encontram mais fortemente associados, no sentido negativo, ao funcionamento sexual feminino: Inibição Emocional, Privação Emocional e Auto-Sacrifício. Verificou, ainda, que as mulheres com baixo funcionamento sexual e com disfunção sexual apresentaram pontuações significativamente mais altas do que as mulheres pertencentes ao grupo de controlo, no Inventário de Esquemas de Young, mostrando maior tendência para a activação de esquemas de Defeito, Fracasso, Subjugação e Vulnerabilidade. Por sua vez, no estudo de Gomes (2008), verificou-se que são os esquemas de Privação Emocional, Defeito, Fracasso e Subjugação que mais se encontram associados, de forma negativa, com o funcionamento sexual masculino, sendo que o esquema de Subjugação funciona como o melhor preditor do funcionamento sexual masculino e os esquemas precoces maladaptativos,

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na sua totalidade, explicam 13.4% da sua variabilidade. Verificou-se, ainda, que os esquemas precoces maladaptativos que melhor diferenciam os três grupos que constituíram a amostra são os esquemas de Defeito/Vergonha, Fracasso, Dependência/Incompetência, Vulnerabilidade, Subjugação e Inibição Emocional, apesar de todas as magnitudes de efeito se apresentarem baixas.

Auto-Esquemas Sexuais

Destacando agora uma outra designação destas estruturas cognitivas centrais, é possível encontrar na literatura autores que introduziram o conceito de auto-esquemas sexuais e que têm realizado estudos a seu respeito (Andersen & Cyranowski, 1994; Andersen, Cyranowski & Espindle, 1999; Cyranowski, Aarestad & Andersen, 1999; Cyranowski & Andersen, 1998; Cyranowski & Andersen, 2000). Os auto-esquemas sexuais são representações cognitivas acerca de aspectos sexuais do eu, interferindo no processamento cognitivo da informação com eles relacionada. Formam-se de acordo com as experiências passadas do sujeito e manifestam-se nas suas experiências actuais, influenciando o seu comportamento sexual (Andersen & Cyranowski, 1994). No entanto, estas estruturas cognitivas podem evoluir de acordo com as diferentes situações que a pessoa vai experienciando, em termos do seu comportamento e afecto sexual (Cyranowski, Aarestad & Andersen, 1999). Além disso, apesar de Andersen e Cyranowski (1994) defenderem que podem ser vários os antecedentes para a manifestação dos auto-esquemas sexuais, consideram, em particular, duas perspectivas: os processos de aprendizagem ao longo do desenvolvimento e os eventos psicobiológicos.

De acordo com Widerman e Hurst (1997) os auto-esquemas sexuais encontram-se associados com a ideia subjectiva de atractividade corporal e com o evitamento social causado por preocupações com a aparência. Neste sentido, os autores postulam que o facto de a pessoa se considerar fisicamente atractiva promove uma maior confiança nas interacções heterossexuais e um maior conforto em relação a assuntos de cariz sexual. Defendem ainda, que o facto de as pessoas se considerarem pouco atraentes e de não estarem satisfeitas com a sua aparência pode funcionar como um efeito inibidor na visão delas próprias como seres sexuais.

No sentido de avaliar este constructo foram construídos dois questionários. Uma versão feminina denominada Questionário de Auto-Esquemas Sexuais Feminino constituído pelos factores Apaixonada-Romântica, Aberta-Directa e Embaraçada-Conservadora

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(Andersen & Cyranowski, 1994) e uma versão masculina denominada Questionário de Auto-Esquemas Sexuais Masculino constituída pelos factores de Apaixonado-Amoroso, Poderoso-Agressivo e Aberto-Liberal (Andersen, Cyranowski & Espindle, 1999). O primeiro permite a diferenciação entre mulheres com diferentes representações esquemáticas. Ou seja, de acordo com o modelo bivariado dos auto-esquemas sexuais, existem duas componentes, uma positiva (constituído pelos factores Apaixonada-Romântica e Aberta-Directa) e outra negativa (constituído pelo factor Embaraçada-Conservadora), que dizem respeito à forma como cada mulher encara e interpreta as situações de cariz sexual. O factor Apaixonada-Romântica diz respeito à excitação sexual sentida durante as relações sexuais, aos sentimentos de amor em relação ao último relacionamento romântico e à frequência com que a mulher relata ter estado apaixonada. O factor Aberta-Directa caracteriza-se pelo comportamento sexual (actividades sexuais ao longo da vida, número de parceiros sexuais, relações ocasionais) e pelas atitudes em relação ao sexo sem compromisso. No entanto, este factor, igualmente ao anterior, também é caracterizado pela frequência com que a mulher relata ter estado apaixonada. Por sua vez, o factor Embaraçada-Conservadora encontra-se também associado com as medidas do comportamento sexual, de excitação sexual e de envolvimentos românticos. No entanto, aqui esta associação é negativa, ao passo que, nos factores anteriores a associação é positiva (Andersen & Cyranowski, 1994).

Neste sentido, de acordo com as pontuações obtidas em cada dimensão as mulheres podem ter diferentes classificações: a-esquemática, esquemática positiva, esquemática negativa ou co-esquemática (Andersen & Cyranowski, 1994).

Assim, contrariamente às mulheres com auto-esquemas sexuais negativos, as mulheres com auto-esquemas sexuais positivos vêem-se a si próprias como seres emocionalmente românticos e comportamentalmente abertos a relações e experiências românticas e sexuais. Consideram-se, ainda, possuidoras de atitudes sexuais liberais sem inibições sociais. Desta forma, têm maior tendência para se envolverem em experiências sexuais com níveis de excitação mais elevados e de terem um maior número de parceiros sexuais ao longo da sua vida sexual (Andersen & Cyranowski, 1994).

Por sua vez, as mulheres que apresentam auto-esquemas sexuais negativos, consideram-se emocionalmente frias e pouco românticas e comportamentalmente inibidas perante as actividades sexuais. Tendem a desenvolver atitudes conservadoras e negativas acerca de assuntos de conteúdo sexual e perante diversos contextos sociais e sexuais descrevem-se como pouco confiantes e envergonhadas. Apresentam, também, maiores níveis

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de ansiedade relativamente a assuntos de cariz sexual, o que também contribui para a baixa frequência de actividades sexuais e para o evitamento destas (Andersen & Cyranowski, 1994; Cyranowski & Andersen, 1998). Andersen e Cyranowski (1994) demonstraram ainda que dentro do grupo de mulheres com pontuações elevadas no domínio negativo dos auto-esquemas sexuais, aquelas que não apresentam um relacionamento romântico com o parceiro têm tendência para se auto-avaliarem ainda menos sexuais, comparativamente às mulheres que apresentam relacionamentos românticos no momento do estudo. No entanto, esta diferença não se observa no grupo de mulheres com pontuações elevadas no domínio positivo dos auto-esquemas sexuais.

Relativamente às mulheres consideradas a-esquemáticas, ou seja, que apresentam pontuações baixas quer na componente positiva quer na componente negativa, Cyranowski e Andersen (1998) demonstraram que elas manifestam baixos níveis de desejo e excitação sexual, de ansiedade e de vinculação afectiva e apresentam menos evitamento sexual comparativamente às mulheres esquemáticas negativas.

No que concerne às mulheres que apresentam níveis elevados nas duas componentes, positiva e negativa, Cyranowski e Andersen (1998) verificaram que, na presença de sugestões sexuais ou românticas, elas desenvolvem conflitos entre respostas positivas e negativas. Os mesmos autores salientaram ainda que quanto às suas respostas de desejo e excitação apresentam valores elevados similarmente às mulheres esquemáticas positivas. No entanto, comparativamente a este grupo, apresentam maiores níveis de ansiedade e evitamento sexual.

Cyranowski e Andersen (2000) defendem que são estas diferenças entre os quatro tipos de representações esquemáticas nas mulheres, que predizem os comportamentos e auto-julgamentos relacionados com assuntos futuros de cariz sexual. Além disso, de acordo com Andersen e Cyranowski (1994), a utilização do modelo bivariado dos auto-esquemas sexuais permite a avaliação das duas dimensões, positiva e negativa, independentemente, o que por sua vez acarreta vantagens conceptuais e metodológicas.

Outros estudos evidenciaram, também, que os auto-esquemas sexuais se encontram implicados no comportamento e no ajustamento sexual (Andersen, Woods & Copeland, 1997; Reissing, Binik, Khalifé, Cohen & Amsel, 2003; Reissing, Laliberté & Davis, 2005). Um dos objectivos do estudo levado a cabo por Andersen et al. (1997) foi avaliar o comportamento sexual e a resposta sexual em termos de desejo, excitação, orgasmo e resolução em mulheres sobreviventes ao cancro ginecológico. Neste sentido, os autores verificaram que os

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auto-esquemas sexuais são bons preditores quer da frequência de comportamentos sexuais, quer da resposta sexual. No entanto, quanto à frequência de comportamentos sexuais outros factores mostraram ter um maior poder preditivo, como a frequência prévia de relações sexuais, a duração entre a doença e o tratamento e os sintomas de menopausa. Quanto à resposta sexual os auto-esquemas sexuais mostraram ter maior poder preditivo, com maior significância estatística, comparativamente aos outros factores. Estes autores verificaram também que as pontuações nos auto-esquemas sexuais não apresentaram diferenças significativas entre mulheres saudáveis e mulheres sobreviventes ao cancro ginecológico. Por sua vez, os resultados do estudo de Reissing et al. (2005) além de demonstrarem que os auto-esquemas sexuais a par de outras variáveis como a auto-eficácia sexual e a aversão sexual se encontram relacionados com o ajustamento sexual em mulheres jovens, evidenciam ainda que a relação entre os auto-esquemas sexuais e o ajustamento sexual é mediada pela auto-eficácia sexual, no sentido de que uma baixa auto-eficácia sexual medeia a relação entre os auto-esquemas sexuais e um ajustamento sexual negativo.

Reissing et al. (2003) com o objectivo de estudar alguns factores etiológicos do Vaginismo verificaram que as mulheres com este diagnóstico apresentaram valores significativamente mais baixos na dimensão positiva dos auto-esquemas sexuais comparativamente ao grupo de mulheres sem Perturbações de Dor Sexual e ao grupo de mulheres com Dispareunia. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos no que diz respeito à dimensão negativa dos auto-esquemas sexuais.

Além disso, no que concerne à implicação dos auto-esquemas sexuais no disfuncionamento sexual, Cyranowski et al. (1999) afirmam que o facto das mulheres com auto-esquemas sexuais negativos apresentarem níveis mais baixos de interesse sexual, por si só, não é disfuncional. Apenas em casos mais extremos pode ser considerado uma predisposição para o desenvolvimento de desejo sexual hipoactivo. Estes autores salientam, ainda, que estas mulheres em média não apresentam dificuldades de excitação sexual recorrentes, apenas apresentam uma maior tendência para ocasionalmente experienciarem este tipo de dificuldades.

Esquemas Cognitivos em Contexto Sexual

Nobre e Pinto-Gouveia (2009a) desenvolveram um questionário que permite avaliar a activação de esquemas cognitivos em contexto sexual. A construção deste questionário baseou-se nas 28 crenças nucleares enumeradas por Judith Beck (1995) que se agrupam em

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duas dimensões que, de acordo com Aaron Beck (1996), se encontram implicadas no desenvolvimento e manutenção de diferentes psicopatologias: Helplessness, que se associa à crença de que se é fraco, incompetente e vulnerável e Unlovability, que diz respeito à crença de que se é mal-amado, indesejado e abandonado pelos outros. A análise factorial do questionário indicou no entanto a existência de cinco factores: Indesejabilidade Social, Incompetência, Auto-Depreciação, Diferença/Solidão e Desamparo.

O primeiro diz respeito à crença de que se é indesejado e rejeitado a nível social, sendo maioritariamente representado pelos itens “Sou inferior (os outros não me amam) ”, “Sou rejeitada” e “Sou desnecessária”. O factor Incompetência está associado à crença de que se é falhado, incompetente e incapaz, sendo representado principalmente pelos itens “Sou incompetente” e “Sou incapaz”. O factor Auto-Depreciação refere-se à presença das ideias de que se é inferior aos outros e de que não se tem valor, sendo em grande parte representado pelos itens “Sou má” e “Sou pouco simpática”. Por sua vez, o factor Diferença/Solidão caracteriza-se pela crença de que se é uma pessoa diferente e só, sendo os itens “Sou diferente” e “Sou solitária”, que mais contribuem para a formação deste factor. Por último, o factor Desamparo representa a crença de que se é desamparado e necessitado, sendo representado principalmente pelos factores “Sou desamparada” e “Sou necessitada” (Nobre & Pinto-Gouveia, 2009a).

O conceito de esquemas cognitivos/crenças nucleares apresentado por Beck (1996) diz respeito a regras incondicionais, que por sua vez representam ideias do sujeito em relação a si próprio, aos outros e ao futuro. Estas regras interferem na interpretação que cada um faz acerca das mais diversas situações. No entanto, esta interferência na atribuição de significado aos eventos do dia-a-dia, pode conduzir-nos quer a interpretações adequadas quer a interpretações desadequadas da realidade. Quando se dá esta segunda ocorrência o sujeito manifesta comportamentos e emoções também desadequados, ou mesmo disfuncionais. Beck (1996) apresenta-nos ainda o conceito de regras condicionais, que criam as condições para que os esquemas cognitivos emirjam. Estas regras condicionais são regras comportamentais do sujeito que se apresentam na condição de “se…. então….”. Por exemplo, se um sujeito postular a regra condicional “Se eu me misturar com os outros, serei rejeitado”, o esquema cognitivo subjacente seria por exemplo “Eu não tenho amigos.” ou “eu sou mal amada.”.

Neste sentido, Nobre (2009; 2010) defende que os sujeitos disfuncionais possuem regras condicionais, ou seja, crenças sexuais disfuncionais, que desempenham um papel determinante na activação de esquemas cognitivos negativos perante situações de insucesso

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sexual. Por sua vez, a activação de esquemas cognitivos negativos conduz ao desenvolvimento de pensamentos automáticos e a respostas emocionais negativas, o que compromete o funcionamento sexual, conduzindo ao evitamento caracterizado na baixa frequência de actividade sexual.

Os estudos que têm sido realizados no âmbito da activação de esquemas cognitivos em contexto sexual mostram que os sujeitos com disfuncionamento sexual, de ambos os sexos, têm maior tendência para activar esquemas cognitivos negativos perante situações de insucesso sexual. É de notar que estes sujeitos interpretam de forma negativa tais situações, mais frequentemente, de acordo com esquema de Incompetência, sendo este o que melhor diferencia sujeitos disfuncionais de sujeitos funcionais (Gomes, 2008; Nobre & Pinto-Gouveia, 2008a; 2009a 2009b; Oliveira, 2008). Isto indica, que na ocorrência de situações de insucesso sexual, os sujeitos sexualmente disfuncionais têm maior tendência a atribuir um significado negativo a si próprios, comparativamente aos sujeitos sem dificuldades sexuais, fazendo frequentemente as seguintes interpretações: “Sou incapaz”, “Sou fraco”, “Sou ineficaz”, “Sou incompetente”. Esta tendência de atribuir significados pessoais negativos às situações e insucesso sexual reporta-nos para os estilos atribucionais internos. De facto existe evidência empírica que demonstra que o estilo atribucional se encontra implicado nas disfunções sexuais, sendo que os sujeitos com atribuições causais internas tendem a ter respostas sexuais mais baixas (Weisberg et al., 2001), que os homens com disfunção eréctil fazem mais atribuições internas e estáveis às situações de insucesso sexual comparativamente a sujeitos sexualmente funcionais (Scepkowski et al., 2004) e que as mulheres com perturbação do orgasmo apresentam significativamente mais atribuições causais internas (Loos, Bridges & Critelli, 1987).

Especificamente na população feminina Nobre e Pinto-Gouveia (2008a) demonstraram que, em comparação a um grupo de controlo, as mulheres diagnosticadas com desejo sexual hipoactivo, bem como, as mulheres diagnosticadas com a perturbação do orgasmo, activam significativamente mais esquemas de Incompetência, Diferença/Solidão e Desamparo. Quanto às mulheres que apresentam vaginismo têm maiores pontuações nos esquemas de Incompetência, Diferença/Solidão, Auto-Depreciação e Indesejabilidade Social.

Ainda relativamente à associação entre a activação de esquemas cognitivos em contexto sexual e o funcionamento sexual feminino Oliveira (2008) verificou que apesar de todas as dimensões de esquemas se encontrarem associadas com o índice geral do funcionamento sexual feminino, foram os esquemas de Incompetência e Indesejabilidade

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Social que apresentaram uma associação mais forte, apesar de que através de regressão linear múltipla o esquema de Incompetência mostrou ser o único preditor significativo. Os seus resultados demonstraram, também, que os esquemas cognitivos, no seu conjunto, explicaram 15,6% da variância do funcionamento sexual feminino. Salienta-se, ainda, que as mulheres pertencentes ao grupo sub-clínico e ao grupo clínico apresentaram maior grau de activação de todas as dimensões de esquemas cognitivos em contexto sexual, com maior magnitude do efeito para a activação do esquema de Incompetência.

Perante a revisão de literatura apresentada é possível afirmar que os problemas sexuais nas mulheres apresentam uma prevalência considerável, razão pela qual se torna urgente um maior interesse de investigação nesta área de forma a que seja possível uma melhor compreensão da resposta sexual feminina para que se realizem intervenções adequadas. Apesar deste interesse ter aumentado nos últimos anos, o funcionamento sexual feminino carece de investigações comparativamente ao comportamento sexual masculino e mesmo quando comparado com outros problemas do foro psicológico. Relativamente ao tema central do presente estudo, é possível constatar que os esquemas precoces maladaptativos, bem como, a activação de esquemas cognitivos em contexto sexual se encontram implicados no funcionamento sexual feminino. No entanto, a associação dos esquemas cognitivos com o funcionamento sexual feminino encontra-se melhor sustentada, comparativamente aos esquemas precoces maladaptativos. Quanto aos auto-esquemas sexuais, embora a sua implicação no disfuncionamento sexual não esteja apoiada empiricamente, verifica-se que têm um importante papel nos comportamentos sexuais e na vinculação afectiva dos sujeitos.

Os estudos acerca da implicação dos factores cognitivos e especificamente de esquemas cognitivos em diversas perturbações emocionais têm demonstrado o papel central destas estruturas na predisposição e manutenção dos problemas, promovendo o desenvolvimento de modelos explicativos e tratamentos empiricamente validados. Nesse sentido, torna-se impreterível a realização de mais estudos que sustentem os resultados das escassas investigações realizadas no âmbito da implicação dos esquemas cognitivos no funcionamento sexual feminino.

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