')))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))')))))—)L'
““Universidade Federal de Uberlândia, para
*********«obtenção do grau de Bacharel em
Ciências Biológicas.
Uberlândia
—MGL')
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÁNDIA CENTRODE CIENCIAS BIOMÉDICAS
CURSODE CIENCIAS BIOLÓGICAS
Triagem
de
hemoglobinopaliag em
recém-nascidos
do
Hospital
de Clínicas: da Univergidade
Federal
de
Uberlândia.
Cristiane Valéria
de Oliveira
Camargo
Prof
ª
Mg.Sílma
Maria Alves de
Melo(Orientadora)
Monografia
apresentada
à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas.Uberlândia
— MGL')
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA CENTRO DE CIÉNCIAS BIOMÉDICAS
CURSODE CIENCIAS BIOLÓGICAS
Triagem
de
hemoglobinopaiiag em recém-nascidos:
do
Hogpiial de
Clínicas
da
Universidade Federal
de
Uberlândia.
Crigliane Valéria
de Oliveira
Camargo
Aprovada pela
banca
examinadora em
_I
[1998 Nota:Prof.ª Ms. Silma Maria Alves de Melo (Orientadora)
Bióloga Ãngela Ferreira Silva Rocha (Conselheira)
Prof.
ª
Dr.ª
Cecília Lomônaco de Paula(Conselheira) Uberlândia, 25 de Junho de 1998
))) )))))))))
)
))))))
)
)
)))))
Aos
meus pais
Valtere
Marlene,pela
confiançadepositada
em mim, pelo exemplo de luta, pelosacrifício, pelo amor, carinho, incentivoe pela
minha existência. Amo muito vocês... Obrigada
por
tudo!)
)
)
)
” O
homem
se
torna
às
vezes
o
que ele próprio acredita que
é.Se eu
insisto em
repetirpara
mim
mesmo que não sou capaz
de
realizar
alguma coisa,
é possível
que
realmente
me torne
incapaz de
fazê—la.Ao contrário,
se
tenho a convicção
de
que
posso
fazê-la,
certamente
adquirirei a
capacidade de
realiza-Ia
mesmo
que
não tenha
no começo”.
vi
agradecimentos
A Deus,. pelo Dom da vida
e
pela possibilidadede
completar mais umaetapa
da minha existência.Ao Fernando,
meu
queridoirmão, pelo carinho, amizade,compreensão e
companheirismo em
todos os
momentos. Você ilumina minha vida.Ao Silvio, meu namorado,
por ter
compartilhado comigoos
momentos felizese
tambémos
difíceisdesta
caminhada,sempre
me incentivando... Obrigada pelacompreensão,
carinho, pelo amor, apoio... Vocêsempre será
muito especial. Aosmeus
avós,pelas orações e
incentivos durante toda minha vida.A Universidade
Federal de
Uberlândia,pela
oportunidade de adquiriras
ferramentas
comas
quais abrirei novos horizontes, rumo àsatisfação dos meus
ideais profissionais
e
humanos.A Silma, que
não
se
limitouaser
somente
orientadora,mas através
deseus
próprios conhecimentos
pode
transmitir-metantas
lições...até
mesmo da própria vida. Obrigada pela amizade, incentivo,dedicação e
confiançadepositada
em mim.)))))))
)
)
)
)
viiAo Dr. Silvio, diretor
geral
do Hemocentro Regionalde
Uberlândia, quedemonstrandoacreditar
no desenvolvimentoconstante
da Ciência tem apoiadoe
incentivadoa
realização de diversaspesquisas.
Á Ãngela, minha co-orientadora, que em pouco tempo mostrou-se uma amiga
especial,
daquelas
que chegam, entrame
ficam nocoração
dagente pela
vidaà
fora... Obrigada pela atenção, força, carinho, incentivo
e
otimismo.Á Cecília, minhaco—orientadora,pelo carinho, simpatia, disponibilidade
e
atenção
durante todoo curso.As minhas “irmãs”Miriam, Beatriz
e
Andréia,por todos os
momentos quejuntas passamos, pelos
sorrisose
lágrimas divididos,pelas
experiências compartilhadas,pelas
lições aprendidas... Vocês moram nomeu
coração!Aos funcionários
e
amigos do Hemocentro Regionalde
Uberlândia,pela
amizadee
apoio durante a realizaçãodeste
trabalho. Foi muito bom conhece-los,Aos funcionários do Berçário do Hospital
de
Clínicas da UniversidadeFederal
de Uberlândia, pelo carinho,dedicação e
auxílio na coletados
dados.Á Bióloga Maria Aparecida de Souza, do laboratório
de
Imunologia, pelo apoio))))
)
)
)
viii
A
41ª
Turma de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia,que compartilharam comigo diversos momentos
e
tomaramestes anos
inesquecíveis. Sentirei
saudades...
ValeuMiriam, Marta, Paula, Fofa (Adriana), Katiere, Lisandra, Cristiana, Juliana, Évilin, Renatoe
Ronaldo.Resumo
O
presente
trabalho foi realizadocom recém—nascidos na Maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e teve como
principal objetivo a identificação dos recém-nascidos portadores de hemoglobinopatias.
As
amostras
desangue
foramcoletadas
do cordãoumbilical, em tubos contendo anticoagulante EDTA. A metodologia utilizada foi
diferenciada em seletiva e específica. As técnicas seletivas consistiram em eletroforese qualitativa em
acetato
de celulose pH 8,6
e
resistência globular osmótica emNaCl 0,36%. Como
testes
específicos foram utilizados: a) eletroforese em ágar-fosfatopH 6,2%; b) análise da morfologia eritrocitária; c)
dosagens
de HbS e Hb Bartªspor eletroforese quantitativa em
acetato
de celulose pH 8,6; d) dosagem de hemoglobina Fetale
e)pesquisa
deagregados
de hemoglobina de Bartªs. Nesteestudo
foramanalisadas
601amostras
desangue,
detectando—se ?casos
de hemoglobinas anormais (1,16%),
sendo
0,16% de HbFASe
1,00% de Hb Bartis. Nos recém-nascidoscaucasóides
foi observadauma frequência de 0,5% de hemoglobinopatias, enquanto que nos negróides
esta
frequência foi de 2,38%. Os resultados
deste
estudo evidenciam
a
importância da implantação dos programas dedetecção e
prevenção da hemoglobinopatias, bem comooaconselhamento
genéticoaos
portadores, afim de prevenir a forma grave da doença.
SUMÁRIO 1 — INTRODUÇÃO ... 1 2 —OBJETIVO ... 15 3
-
MATERIAL E MÉTODOS ... 16 3.1 _ Área de Estudo ... 16 3.2 —Material ... 16 3.3 —Metodologia ... 17 3.3.1 — Conscientização ... 17 3.3.2 —identificaçãodas
Amostras... 18 3.3.3—Análises Laboratoriais ... 18 A—Testes
Seletivos... 18 B —Testes
Específicos... 19 3.3.4 —Aconselhamento Genético ... 21 3.3.5 —Análise Estatistica ... 22 4 —RESULTADOS ... 23 5 —DISCUSSÃO ... 27 6 —CONCLUSÓES ... 33 7 — REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 35 8 _APÉNDICE ... 40)
)
)
)
)
l
-
Introdução
O
sangue é
composto pelo plasmae
por três tipos de células: os glóbulos brancos ou leucócitos,as plaquetas e
os glóbulos vermelhosou hemácias. O plasma
transporta água, sais, hormônios
e
drogaspara
os tecidose
retira deles detritosatravés
dos pulmões (na respiração) e dos rins (na excreção). Os leucócitos protegem o organismo contra
as
infecções;as plaquetas possuem
importante papel no
processo
de coagulaçãosanguínea
eas hemácias
realizam principalmente,o transporte de
gases
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1990).A hemoglobina
é
uma proteínaencontrada
no interiordas
hemácias,e
e' formada por quatrocadeias
polipeptídicas (as globinas)com um total de 574 aminoácidos. Duas
dessas cadeias
têm 141 aminoácidos(aa.)
cada e são
conhecidas porcadeias
do tipo alfae
zeta. As outrasduas
possuem 146ae.
esão denominadas
por
cadeias
do tipo beta, delta, gama-glicina, gama-alaninae
épsilon. Cadacadeia
polipeptídicaestá
ligada ao grupamento heme queé
um complexo formado por um átomo de ferro, situado no interior de uma estrutura
2 ferroso
e
dá a cor vermelha característica da hemoglobina.É
este
complexo quese
liga ao oxigênio
e
dá a moléculasua capacidade
de transporte degases
(LEHNANN &HUNSTMAN, 1974).
síntese bastante
elevado, uma vez que participam da composição dequase todas as
' '
,
e
ospseudogenes
alfa—1
e
zeta, que não sintetizam giobina devido a mutações sofridas. As
cadeias
do tipo betasão
sintetizadas em umcomplexo gênico localizado no braço curto do cromossomo 11 que
é
formado pelosseguintes
genes: beta, delta, gama—alanina,gama-glicina e épsilon;
este
últimose expressa somente
noperiodo embrionário. Os
genes
gama—alaninaegama—glicinasão
característicos doperiodofetal
e
osgenes
betae
deltasão atuantes
a partir de umafase
do periodofetal, atuando com toda plenitude no periodo pós—nascimento.
Esse processo
desíntese e
continuo
e se
efetua dentro de um equilíbrio de produção que permitea
combinação
pareada
entre globinas alfae
beta, alfa e delta, alfa e gama. Asíntese
dos diferentes tipos de hemoglobinas embrionárias, fetais
e
adultas obedecema
um rigidocontrole genético (Figura 1) (NAOUM,1997).
CROMOSSOMO11 15 14 12 11 ! GENESDA:
GENESDA' CROMOSSOMO16
',.
Insulina ':
,,,/'
C—Ha—ras—1 """""""globdnas lipo alfa
,
13x g)obin;13do"pcbeta 117 p
/,
xx hormônio daparatireóide : x 5 q X | | | 'GENES DO TIPO BETA
GENES DO TIPOALFA
G A Z qu1 wai (: e 7 Y W 6 B
ºu,
&WH?
5'_W3.
PAFiEAªJENTO DAS GLOBINAS TIPOS DE HEMOGLOBINAS
Y (1
D
7, a2|:
--—-————-——--—--—— HbFm<c-1%)õzaz
Eu:]
--- Wma-3,5%)5
Bºa?
(1 ———————HbA(96-98%)
FIGURA 1 — Representação esquemática dos genes localizados nos
cromossomos 11
e 16 e os três tipos de hemoglobinas sintetizadas após o sexto mês de vida (NAOUM, 1997).
O primeiro tetrãmero hemoglobinico, que predomina
nas
quatrosemanas
iniciaisdo periodo embrionário,
e
composto porpares
de dimeros decadeias zeta e
épsilon, osquais formam a Hb Gower—l. Outras
duas
hemoglobinas embrionárias,presentes até a
12ª
semana, são
constituídas porpares
decadeias zeta e
gama, alfa e épsilon, que constituemas
Hb Portland e Hb Gower—2, respectivamente. Ao términodesse
períodonão ocorre mais
síntese das
hemoglobinas embrionárias, predominandoentão nesta
fase, a Hb Fetal, cuja produção tem início na4ª semana
degestação
com o aumento progressivo doseu
nível quantitativoao
longo do desenvolvimento fetal. A Hb A1, composta por dimeros decadeias
alfae
beta,e
sintetizada a partir da 10ªsemana e se
mantém emconcentrações
próximas a 10%até
o nascimento. A Hb A; porsua
vez,é
formada porcadeias
alfa e delta, começando aser
sintetizada na25ª semana
emconcentrações
reduzidas que permanecem ate' o nascimento,aumentando
lentamenteaté se
estabilizar no 6º mês de vida (Figura 2) (NAOUM, 1990).Os eritrócitos do recém-nascido contém aproximadamente 80% de Hb Fetal, 20% de HbA1
e
menos que 0,5% de HbA2. Poucoantes
do nascimento ocorre umaumento da
síntese
decadeias
beta, a Hb Fetal cai progressivamenteapós
o nascimento,chegando
a um mínimo em torno do 40 mês de idade, porémesta queda
PERÍODO
mamou/xm
5 a B TIPOS DE Hb CONCENTRAQES acª
Ez — Hb Gonr-I ao-40 v.
; &cª
tº
- Hb Portland 5 - ao 'l-1“ (12 52 — Hb Gouw-2 IO - 20v.
Iº
uz:?
— Hb Foto! 5 - 40'I.
E cn-uscn."
PERÍODO FETAL TIPOS DE Hb CONCENTRACÓES «2 xª — Hb Ford90. nov.
«ZGZ-HbA
O-IO'I.
uzíz-Hb
A2o-w.
CR-IS CRllPERÍODO PÓS—NASCIMENTO
(cdma
do6
meses)
TIPOS DE Hb cowceumxxcões 012 82 - Hb A
ses-gav.
«2 52 - Hb A2 2,5 - 3.7 'I.:?
Y2'
Hb Fetal O - I'I.
LEGENDA: CR—Zõ CromoSsomonº
16 (:P-le CQ-l (TR—1.7Cromwsomo
nº
]]
FIGURA 2 — Formação
das
hemoglobinashumanas
nos diferentes períodos.
GeneAtivo
Gene
Inativo
do desenvolvimento (NAOUM, 1990).
6 A Hb Fetal constitui a maior hemoglobina
in utero, enquanto que a HbA1
é
o constituinte predominante na vida extra uterina. Ambasestão presentes
na mesma célula, porém a proporção relativa de
cada
hemoglobina varia com a idade gestacionalorgânico interage com a HbA1 diminuindo
sua
afinidade parao oxigênio, e portanto favorece a liberação do oxigênio. A Hb Fetal não interage com 0 2,3 DPG
em qualquer grau significativo,
consequentemente, as
células contendoHb Fetal têm uma afinidade de oxigênio mais elevada do que
as
que contêm HbA1_ O aumento de afinidade deoxigênio dos eritrócitos fetais
é
vantajoso para a extração do oxigêniono
sangue
materno dentro da placenta. Ao nascimento, com a oxigenação dosangue
feita nos pulmões,a
Hb Fetal não tem mais condições ideais parasua
função,sendo
substituída pela HbA1 (SCHAFFER, 1979).Seis
meses após
o nascimento,as concentrações
e os tipos normais dehemoglobina
passam a ser
os seguintes: HbA1(96 - 98%), HbA2 (2,5 - 3,7%) e Hb Fetal (o - 1%) (SCHILLER,1980).
Os problemas na
síntese
de globinasse
manifestam clinicamenteapós
osdurante o periodo neonatal (OSKl & NAlMAN,
1984). As hemoglobinopatias
são decorrentes
de
alterações
da molécula de hemoglobinacausadas
por defeitos desíntese
de globinas ou da
sua
própria estrutura química, com efeitos anormaise
de intensidades variáveis nos7 fisiológicos, podendo
ser
classificadasem dois grupos:
talassemias
e hemoglobinas variantes (NAOUM, 1997).O termo
talassemia
(dogrego
talasso
= mare
haima:
sangue)
foi originalmenteselecionado para referir-se a uma forma grave de anemia, de manifestações
precoces
na vida,
associada
à esplenomegaliae alterações ósseas,
cujos primeiros registros denestas
populações,as talassemias
nãoestão,
em absoluto, restritasa esta
região, massim, amplamente distribuidas pelo mundo
(OHENE-FREMPONG & SCHWARTZ, 1980).
As
talassemias são decorrentes
de falhasa
nível dogene
regulador, onde em geral,essas
mutações provocam umbloqueio de
síntese
de umadas
globinas, com intensidades variáveis, ouaté
mesmo total. Ocorrem então, desequilíbrios entre aAs hemoglobinopatias relacionadas
com anormalidades de
cadeias
betasão
de modo geral nãoaparentes
clinicamente noperiodo neonatal, uma vez que
este
distúrbio
é
devido a um decréscimo da produção de8
aparecem
inicialmenteapós
os 2 ou 3meses
de idade, quando a maior parte dasíntese
de hemoglobina consiste na produção de
cadeias
beta. Por outro lado,as
anormalidades decadeias
gama podemser
clinicamente manifestas em recém-nascidos, e depois
desaparecerem
à medida que a criançase
torna maiore
aumenta-se
asíntese
de cadeia beta. Os distúrbios na produção dacadeia
alfa,são aparentes
ao
nascer, uma vez queessas
cadeias
constituem a metade da molécula da Hb Fetal. Na
ausência
ou diminuiçãodas cadeias
alfa,
são
formados tetrãmeros decadeias
gamas,
chamados
Hb Bart's. Sendo quatrogenes
(dois decada
genitor) que regulam a produção normal de
cadeias
polipeptídicas alfa, a gravidade dodefeito
desta
cadeiaé
proporcional ao conteúdo de Hb Bart”s dosangue
de cordãoumbilical (SCHAFFER,1979).
De uma forma geral,
as
síndromesalfa
talassêmicas são
classificadas em:portador
silencioso (outalassemia
alfa mínima)sendo
o tipo mais comum
e
apresentando deleção
deapenas
um gene; traço alfa talassêmico(ou talassemia alfa menor) com
deleção
de doisgenes
alfa;doença de
hemoglobina H (ou talassemia alfa intermédia)
causada
peladeleção
de trêsgenes
alfae
hidropisia fetal queé
a formamais grave de todos os tipos de talassemias,
sendo
letal (NAOUM,1997). As hemoglobinas variantessão decorrentes
de falhas no
gene
estrutural onde um aminoácido qualquer da cadeia polipeptídica(alfa ou beta) pode
ser
substituído por outro. As hemoglobinas variantes maisfrequentes são
a S (falciforme)
e a
C. A HbSé
originada por uma substituição do aminoácidonº
6 da cadeia beta, o ácidoglutâmico, pela valina;
e
a HbC, ocorre devidoà
substituição do mesmo aminoácido pela lisina (LEHMANN & HUNSTMAN, 1974).
A anemia falciforme
é
adoença
gene
afetado (heterozigotos), produzindo HbAe
HbS (HbAS),tendo em
cada gestação
a probabilidade de 25% de ter uma criança portadora da forma homozigota (HbSS). Além disso, ogene
da HbS podecombinar—se com outras anormalidades hereditárias
das
hemoglobinas (HbC, HbD,talassemias, etc.) gerando combinações que também podem
ser
sintomáticas.Desse
modo,todas
essas
formas sintomáticas dogene
da HbS, em homozigose ou em combinação,são
conhecidas comodoenças
falciformes(BRASIL,1996).
Uma
das
característicasdessas doenças
é a
sua
variabilidadeclínica: enquanto alguns pacientes têm um quadro de grande gravidade eestão
sujeitos a inúmerascomplicações
e
frequentes hospitalizações, outrosapresentam
uma evolução maisbenigna, em alguns
casos quase
assintomática. Tanto fatores hereditários como adquiridos contribuem paraesta
variabilidadeclínica. Entre os fatores adquiridos mais importantes,destaca-se
o nível sócio-econômico,com
as conseqúentes
variações na qualidade de alimentação, de prevenção de infecçõese
deassistência
médica. No quadro clínico, alem de predominaras
manifestações de anemia crônica, ocorrem episódios de
dores
ósteo—articulares,dores
abdominais, infecções
e
infartes pulmonares, retardo do crescimento e maturação sexual, acidente vascular cerebrale
comprometimento crônico de múltiplos órgãos,
sistemas
ou aparelhos.A destruição do
baço e a principal responsável pela suscetibilidade
aumentada
à infecções graves(septicemias).
Se
não diagnosticada precocemente,estão associadas
à alta mortalidade na infância,sendo
poucos osafetados
que sobrevivem à idade adulta
10 A anemia falciforme originou-se na África
e
foi trazidaàs
Américas pelaimigração forçada dos escravos. O
gene
da HbSapresenta
alta prevalênciaem várias regiões da África e outras
partes
domundo onde a malária por Plasmodium falciparum
é
endêmica, ou onde existam grupos de imigrantes portadoresdo
gene
S. A altaprevalência de HbS
nessas
áreas
podeser
explicada por dois mecanismos:seleção
de heterozigotos emáreas
altamentemaiarígenas e
imigraçãoespontânea
ou forçada dos portadores dogene
alterado (ALLISON,1961 e 1964).No Brasil, distribui-se
heterogeneamente, caracterizando-se
por significativa mistura racial, de modo que o
processo
de colonização teve grandeinfluência na
dispersão
degenes
anormais, e notadamentedas talassemias
e falcemias. Assim, a distribuição
das
hemoglobinas anormais, provenientes de formas variantese
talassêmicas,
estão
intimamente relacionadas comas
etnias, que compõenossa
população,
sendo
mais frequente onde a proporção deantepassados
negros da população
é
maior, como por exemplo na região nordeste. Além da Áfricae Américas,
e
hoje
encontrada
em toda Europae
emgrandes
regiões da Ásia. Nosudeste
do Brasil, a prevalência média de heterozigotos (portadores assintomáticos) é de 2%, valor quesobe
a cerca de 6 — 10% entre negros(NAOUM,1984).
As hemoglobinopatias,
nas
diferentes populações domundo, tem sido alvo de citações da Organização Mundial de
Saúde
(OMS), recomendando a implantação de serviços de triagem empaíses
ondesua
incidênciaé
alta, independente deseu estado
atual de desenvolvimento. Em 10 de maio de 1996 foi aprovado peloMinistério da
Saúde
e pela Coordenadoria deSangue
e Hemoderivados(COSAH), 0 PROGRAMA DE ANEMIA FALCIFORME (PAF), PORTARIA MS Nº
951, cujo principal objetivo e'
promover e implementar
ações
que possibilitem a redução da morbimortalidade11
melhoria da qualidade de vida
das pessoas
comdoença
falciforme além de disseminar informações relativas à doença. O programa do Ministério daSaúde
tem obtido bonsresultados por meio da padronização de diagnósticos, tratamentos
e
na formação derecursos
humanos de profissionais de diversas regiões do Brasil (BRASIL, 1996).Estimativas, com
base
na prevalência, permitem supor a existência de mais de 4 milhões de portadores dogene
de HbS no Brasil,e
perto de 30.000 coma
forma grave, incluindo anemia falciforme,doença
de HbC,e
interação entre HbS e talassemia beta. Segundo a estimativa da Organização Mundial deSaúde
(OMS), acada
anonascem
no Brasil
cerca
de 2.500 crianças portadoras dedoença
falciforme. Vinte por centodelas
não vão atingir 5anos
de idade por complicações diretamente relacionadas com a hemoglobinopatia. Os programas de “screening” neonatal favorecem o diagnóstico rápido,antes
do início dos sintomas clínicos, permitindo aeducação
dos paise
pediatras, bem como a implementação de práticas de cuidados preventivos, melhorando os níveis de morbidadee
mortalidade (NAOUM, 1997).Os primeiros
estudos
visando rastreamento ea detecção
precoce de hemoglobinas anormais emsangue
de cordão umbilical de recém—nascidos ocorreram na África, no Congo, tendo sido observado na amostra de 1.000casos
apresença
de 19 homozigotos para HbS (RUIZet
al., 1986).Nos Estados Unidos da América, a partir de 1970, foram instituídas leis
estaduais
que tornam obrigatória a triagem, não sóa
recém-nascidos, mas também apré-escoiares,
mulheres grávidas,casais
emexames
pré-nupciais, internos de instituiçõespenais
ou combinaçõesdesses
grupos, no sentido de oferecer medidas profiláticase
informaçõesàs
famílias(PANTALEÃOet
al., 1993).12 implantação
desses
programas é mais ampla. Um dos que maisse destacam
na detecção, tratamentoe
aconselhamento genético de indivíduos portadores da HbSé
aquele
existente naJamaica desde
1952. Vale salientar queesse
serviçoé
oferecido, principalmente, em Hospitais Universitáriose sua
eficiência o torna um dos serviços mais bem documentados do mundo (SERJEANTet
al., 1986).No Brasil, os resultados confirmam que o problema
das
hemoglobinopatias tem importância médica, especialmentese
considerarmos que paracada
3 milhões de crianças quenascem
anualmenteas
estimativassão as
seguintes:.
90.000serão
portadoras detalassemia
alfa.
63.000serão
portadoras de HbAS.
1.500serão
portadoras de HbSS.
640serão
portadoras de HbSC.
330serão
portadoras de talassemia Beta/HbS.
260serão
portadoras de talassemia Beta maiorPor
estas
razões, algumas iniciativas foramtomadas recentemente
para a prevenção e o tratamentoadequado das
hemoglobinopatias. Umadelas é
o programa coordenado pelo Centro de Referência de Hemoglobinas da Universidade Estadual Paulista (UNESP) deSão José
do Rio Preto —SP, que realizatestes para
prevenção defalcemias e
talassemias
emescolares
egestantes.
Da mesma forma, o Hemocentro e o Centro Integrado dePesquisa
Oncohematológicas na infância(ClPOl), da Universidade de Campinas realizam programas preventivose
de aconselhamento genético. Outros Hemocentros, comdestaque aos
do Ceará, Pará, Pernambuco,São
Paulo, Marília, Ribeirão Preto, Manaus, Uberlândia, Belo Horizonte, Botucatu e Rio de Janeiro,13 também desenvolvem programas regionais
e
atividadesassistenciais e
científicas(NAOUM, 1997).
No Hemocentro Regional de Uberlândia, em maio de 1995, foi implantadoo
teste
eletroforese de hemoglobinapara
triagem de hemogloblnopatias nos doadores, visando uma melhor qualidadedas bolsas
desangue
e orientaçõesaos
portadores.Em março
deste
ano foi implantado,em Minas Gerais, o Programa Estadual deTriagem Neonatal para Detecção de Doenças Falciformes, particularmente a Anemia Falciforme. O tratamento profilático
será
realizadoaté
o sexto ano de vida, visando reduzir drasticamente a morbidade e mortalidade porestas doenças. Esse
programa é financiadoe
coordenado pela Secretaria de Estado daSaúde e
executado pelo Núcleo dePesquisa
em Apoio Diagnóstico (NUPAD) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fundação Hemominas, Serviço de Hematologia do Hospitaldas
Clínicas da UFMGe
Instituto deSaúde
da Mulhere
da Criança.Na mesma amostra de
sangue
coletada para o “Teste do Pezinho”, já em pleno funcionamento paradetecção
de hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria,estão
sendo
realizados tambémtestes
laboratoriais paradetectar as
Doenças Falciformes. Atualmente 763 municípios mineiros já enviamamostras
regularmente doTeste
do Pezinho para seremanalisadas
pelo NUPAD, equivalendo a umaabrangência
de aproximadamente 90% da população atual de recém-nascidos. A técnica utilizada —eletroforese de hemoglobina com focalização isoelétrica— é uma
das
maisavançadas
no mundo paraeste
tipo de triagem neonatal e superioras técnicas
de eletroforese em14 Em janeiro
deste
ano, o municípiode Uberlândia instituiu o Programa de Acompanhamento
e
Aconselhamento Genético Preventivoe
Assistência Integralàs
Pessoas
Portadoras do Traçoe
da AnemiaFalciforme, como também criou-se a
Semana
dos Portadores de AnemiaFalciformeatravés das
Leis Nº 7067 e Nº7070. Diantedesses
programas preventivos quevêm
sendo
implantados, acredita—se que os problemas relacionados comas
hemoglobinopatias,em especial com
as
Doenças Falciformes, sejam minimizadose
que a população
receba
orientaçõese
15
2
—Obíelivo
Considerando que
as
hemoglobinopatiassão
frequentes na população brasileirae
dentre elas,as doenças
falciformessão as
mais prevalentese
com altos índices de morbidade e mortalidade nos primeirosanos
de vida dos portadores sintomáticos,o
presente
trabalho teve comoobjetivo:.
Identificaros recém-nascidos portadores de hemoglobinopatias, na Maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
16
2—
Material
e
Métodos
2.1
—Área de Estudo
A triagem de hemoglobinopatias foi realizada
em recém—nascidos na Maternidade do Hospital de Clinicas da Universidade Federal de Uberlândia, onde a estimativa
é
de aproximadamente 300 nascimentos por mês.2.2
-Material
0
número deamostras analisadas
foi de 601 recém—nascidosde ambos os sexos.
Estas amostras
desangue
foramcoletadas
do cordãoumbilical, em tubos contendo anticoagulante EDTA,
e encaminhadas
ao Setor de Hemoglobinopatias17 Hemocentro Regional de Uberlândia, onde foram realizados os
testes
parahemoglobinopatias.
As
amostras
desangue
forammantidas,
até
a realização dos testes, sob refrigeração a 4ºC.3.2
-Metodologia
2.2.1
—Conscientização
Foi
enviada uma carta, juntamente com uma cópia do projeto de pesquisa,
a
direção do Berçário do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, solicitando autorização para realização
deste
trabalho (Apêndice 1). Apósconcessão
desta
autorização, foi proferida uma palestra para os médicos,residentes e
funcionários do berçário, sobre hemoglobinopatiase
importância doseu
diagnóstico precoce. Foi enviada, também, uma cópia do projeto para
as
Comissões de Ética doHospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e da Fundação Hemominas.
18
2.2.2
—identificação das
Amostras
A identificaçãoinicial
das amostras
foifeita pelo Hospital, de modo que os tubos
resultado dos
testes
realizados (Apêndice 2). Aidentificação da raça dos recém-nascidos, realizada pelo Hospital de Clínicas, foi feita
baseando-se
na cor de pele da mãe, podendoser
branca, parda e negra, & quai foirealizada
baseando-se
na cor de pele da mãe. Devido ao fato de que o recém-nascidotende
geralmente aser
mais claroque
seu
progenitor,essa
identificação racial podeser
inadequada. Por isso, a classificação em
caucasóides
para os recém—nascidosbrancos, e em negróides para os negros e pardos foi padronizada.
2.9.2
-Análises
Laboratoriais
A
—Testes Seletivos
As
amostras
desangue
foram submetidas atestes
seletivos visandoestabelecer
19 A.1)
Resistência globular osmótica em
NaCl 0,36% (SlLVESTRONl &BIANCO, 1975)
Técnica
usada
paradetectar talassemias,
principalmente a beta heterozigota, queapresenta
positividade em 97% dos portadores,sendo
possíveldetectar
tambémcasos
de anemia ferroprivae
os portadores para a hemoglobina C.A.2)
Eletroforese de Hemoglobina em
acetato
de celulose
pH 8,6(MARENGO-ROWE, 1965)
Este método permite a qualificação
e
quantificação de hemoglobinas normais e anormais. As diferentes mobilidades eletroforéticasdas
hemoglobinas anormaissão
originadas por
alterações
decargas
elétricas,causada
por substituição de aminoácidos de diferentes pontos isoelétricos nascadeias
formadoras de moléculas.Todas
as
fitas deacetato
de celulose utilizadas foramcoradas
com solução corante de Ponceau, para melhor visualizaçãodas
frações hemoglobínicas.B
—Testes
Específicos
B.1)
Eletroforese em agar-fosfato
pH 6,2 (Métodode
VELLA,1968)
Este método
e
específico para diferenciar alguns tipos de hemoglobinas maislentas que a hemoglobinaA1, como por exemplo: HbS da HbD e HbC da HbE,
as
20 migram em
posições semelhantes
emeletroforese alcalina. Permite também a
caracterização
semi—quantitativada hemoglobinafetal.B.2)
Dosagens de
HbS e HbBart's por eletroforese quantitativa
em
acetato
de
celulose
pH 8,6 (Métodode
MARENGO-ROWE, 1965)A variação da
concentração
de HbSestá associada às talassemias
alfae
beta. Os tipos de talassemia alfa: mínima, menor,doença
de HbHe
Hidropsia Fetal,estão
relacionados com os valoresdas concentrações
de Hb Bartªs.8.3) Análise da morfologia eritrocitária
Em
esfregaço
sanguineo, analisa—se otamanho, a forma e a coloração dos eritrócitos. A avaliação da morfologia eritrocitária deve
ser
realizada preferencialmente na porção fina doesfregaço
desangue.
Oesfregaço
pode
estar
corado comcorantes
tradicionais (Giemsa, Wright etc.) ou à fresco sem coloração (esfregaço"italianoªª). A
avaliação morfológica auxilia na identificação
das seguintes
hemoglobinas:
talassemias
beta,talassemias
alfa,doenças
falciformes e hemoglobinas instáveis(NAOUM,1997). As
hemácias
do recém—nascidosão
normalmente macrociticas (8 a 9 um de diâmetro). Ha' uma mudança gradual para microcitose
aos
3 meses,chegando
ao diâmetro normal (7,5 um)aos
8 meses.Pode-se
encontrar eritrócitos nucleados
e
com diversas formas,sendo
que, quanto menorfor o21 o numero de eritrócitos nucleados
encontrados e
mais variações morfológicas
apresentará
(SCHILLER, 1980) .B.4)
Dosagem de
Hb Fetal (Métodode
BETKEet
al., 1959)A Hb fetal
é
alcali—resistente, enquanto queas
Hb A1, A2e
os tipos normaissão
facilmentedesnaturáveis
por soluções alcalinas.Concentrações
acima de 1% para adultos refletem aumento de Hb Fetal. Emsangue
de cordão umbilical a quantidade de Hb Fetalé
aproximadamente 70—90%.B.5)
Pesquisa
de
agregados
de
HbBart's
(Métodode
PAPAYANNOPOULOS &
STAMATAYAMMOPOULOS, 1974)
Os corpos de inclusão de Hb Bartºs
são
formados porcadeias
gama, oriundas dadesnaturação
do tetrãmero. Asamostras
positivas foramcoradas
corn Solução Azul de Cresii Brilhante
e
feitosesfregaços sanguíneos
em laminas para microscopia óptica, onde foram
observados
precipitados sugestivos decadeias
gama (Hb Bartªs) em algumas células.
Estes
precipitadosapresentam-se
dispostoshomogeneamente
no interior dos eritrócitos, comopequenos
pontos azulados.22
hemoglobinopatias, solicitando que
estes
também fizessem ostestes
para que
houvesse
a confirmação do diagnósticoe
assimpudessem receber
orientações (Apêndice3).2.2.5
-—Análise Estatística
As diferenças
nas
frequênciasde ocorrência de portadores de hemoglobinopatias entre
as raças estudadas
foiverificada por
teste
Xª, com correçãode Yates, utilizando os
seguintes
programas: Instant, Graphad instant TM e Graphag
)
)))))
)
23
4
—Resultados
Foram
analisadas amostras
de sangue,do cordão umbilical, de 601
recém-nascidos
provenientes da Maternidade doHospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
Desse
total de amostras,7 (1,16%)
apresentaram suspeitas
de hemoglobinopatias durante a realização dos
testes
seletivos,sendo
6casos
de Hb Bart's (1,00%), a qual no recém-nascido
é
considerada indicador detalassemia
alfae
1caso
de traço falciforme (0,16%),representado
por HbFAS. Observou-se também que, do total de
amostras
desangue
analisadas, 391 (65,06%) eram de recém—nascidos classificados como
caucasóides e
210 como negróides (34,94%). Dentreas amostras
dos
caucasóides,
2 (0,50%)apresentaram suspeitas
de hemoglobinopatias,sendo
1(0,25%) com traço falciforme (HbFAS)
e
1com Hb Bartºs (0,25%), enquanto que entre
as amostras
desangue
dos recém—nascidosnegróides, foram
encontrados
5 (2,38%)casos suspeitos
de Hb Bartªs (Tabela 1e
Figuras 3e
4). Não foram
constatados
diferenças significativas
nas
frequências de ocorrência de portadores de hemoglobinopatias entre
as raças estudadas
(X2 =0.009; p =0.924).24 TABELA 1 — Frequência
e
distribuição dos tipos de hemoglobinopaties
detectados
em recém-nascidos do Hospitalde Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.
POPULAÇÃO '
TOTAL TOTAL TOTAL
TIPOS DE HbPATIAS
, , ANALISADO
HbAA HbPATIAS FAS
Hb
Bart's
CAUCASÓ IDES ' ' N 391 389 2 1 1 % 55,05 99,50 0,50 0,25 0,25 NEGRÓIDES N 210 205 5 0 5 % 34,94 97,52 2,38 0 2,38_
N 501 594 7 1 5 % 100 98,84 1 16 0,16 1 025
A1
Fetal
CIA2
12345
Figura3 -EletroforesedeHb em acetato de celulose pH 8,6:
(1,2,4e 5) Hb FAAe (3) Padrão com “pool”deHbASC.
Figura 4 - Eletroforese de Hb em acetato de
celulose pH 8,6: (1) Padrão com “pool” de Hb ASC; (2) Hb FAS; (3) Hb FAAe(4) Hb Bartºs (tetrâmero de cadeiasgama).
26
A amostra de
sangue
queapresentou suspeita
de traço falciforme, foi confirmadaem eletroforese de diferenciação em ágar-fosfato (pH 6,2), onde foram
observadas as
separações das
frações de Hb Fetal, HbA1e
HbS. Por meiodessa
técnica foi possíveldiferenciar
a
HbS da HbD. As hemoglobinas Fetal, A1e
8 foramdosadas nas seguintes
concentrações: 70,5% de Hb Fetal; 16,2% de HbA1
e
13,3% de HbS. Como controlefoidosada
uma amostra desangue
de cordão umbilical, comfrações
hemoglobínicas normais e queapresentou concentrações
conformepadrões
descritos na literatura: 83,3% de Hb Fetale
16,7% de HbA1.As
amostras sugestivas
de Hb Bartºs foramdosadas
esuas concentrações
variaram de 2,0 a 5,5%.O
teste
de resistência globular osmótica, em solução de NaCla
0,36%, foi utilizado emtodas as amostras analisadas,
nãose
mostrou eficiente para diagnóstico, visto que, somente 3casos suspeitos
de Hb Bart's mostraram resistênciaaumentada
àhemólise
e
porapenas
alguns minutos.A
análise
da morfologia eritrocitária utilizada nasamostras suspeitas
dehemoglobinopatias indicou a
presença
de células em alvo em grau moderado, na maioria doscasos,
principalmente nos sugestivos de Hb Bart's com resistência globular osmótica aumentada.Apenas
uma mãee
umcasal
compareceram ao Hemocentro Regional de Uberlândiapara
realização doteste
de eletroforese de hemoglobina, cujo resultado poderia auxiliar no diagnostico de portadores. Para todos os sujeitostestados
os resultados foram negativos para hemoglobinopatias (HbAA).27
5
-
Discussão
As primeiras publicações
sobre
prevalência de hemoglobinopatias noBrasil
talassemias
(DOMINGOS, 1993).Os primeiros programas de triagem neonatal para
doenças
metabólicasherdadas
tiveram início nadécada
de 1950com
a detecção
da Fenilcetonúria (PKU). Nadécada
de 60esses
programas foramestendidos
a Serviços de Triagem deSaúde
Pública (PANTALEÃO
et
al., 1993).Os programas preventivos a nível neonatal
são
amplamente difundidos empaises
da Europa, principalmente por possibilitarem aprofilaxia de homozigotos precocemente. Favorecem ainda,
a
sobrevida, minimizando os efeitos deletérios da doença, com redução significativa da morbidade e mortalidade28
apresentarem
excelente retornoem nível de aconselhamento genético (ROWLEYet
al., 1991; LOADERet
al., 1991). Adetecção
dos portadores heterozigotos assintomáticosé
de grande importância para a
saúde
pública, pois representam fonte de novos heterozigotose
possíveis homozigotos. Programas de prevençãosão
de grande importância para a conscientização dos heterozigotos, fornecendo
dados
para quepossam
decidir de maneira responsávelsobre seus descendentes,
favorecendoo direcionamento clinico para os
casos
brandos, e acompanhamentoadequado aos
portadores de formas
graves
(DOMINGOS, 1993).O
presente
trabalhodescreve
os resultados da triagem de hemoglobinopatias em recém-nascidos, na Maternidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Optou-se pela população de recém-nascidos, devido ao fato de que
as
hemoglobinopatias têm sidobastante estudadas
no Brasil quanto à distribuiçãoe
incidências em grupos raciais, mas não em nível de triagem em recém—nascidos. A aplicação dos
testes
seletivos para oestudo
dos tipos de hemoglobinas dos 601 recém—nascidos, permitiu a
observação
de 7amostras
desangue
com mobilidades eletroforéticas alteradas. Análises posteriores realizadas com o emprego dostestes
específicos utilizados no Setor de Hemoglobinopatias, do Hemocentro Regional de Uberlândia, confirmaram os 7casos
sugestivos de hemoglobinas anormais.Para
uma avaliação mais precisa
desses
resultados serianecessário
a utilização de métodos maisêYÉEHÉfªêSdêTWB-Xpºrexemplo, eletroforese de hemoglobina com focalização isoelétria Afrequência de 1,16% de hemoglobinopatias,
encontrada
entreas
601amostras
desangue
de cordão umbilical analisadas, distribuídaem 0,16% de HbFAS e 1,00% de Hb Bart's, foi compatível com
as
frequências obtidas em outros29
semelhantes,
realizados em algumascidades
do Brasil, porém,não foram
encontrados
trabalhos comrecém-nascidos
em Minas Gerais.Estudo realizado com 1.006 recém-nascidos, em
João Pessoa
— PB, demonstrou
que 0,20% eram portadores de HbFAS e 0,09% de HbFAC (PANTALEÃO
et
al., 1993). Em um outro
estudo
realizado emSantos
— SP, com 2.281 recém-nascidos,foram verificados 78 (3,41%) portadores de hemoglobinopatias,
sendo
2,63% de HbFAS; 0,39% de Hb Bart's; 0,26% de HbFACe
0,13% DEHbFSS (RUIZ
et
al., 1986). Com relaçãoaos
6casos
de Hb Bartªsencontrados no
presente
trabalho, foi verificado 1caso
(0,25%)entre os recém-nascidos
caucasóides e
5casos
(2,38%) entre os negróides,sendo esta
diferença estatisticamente nãosignificativa. De acordo com
as concentrações encontradas
de Hb Bartls,sugere-se
queesses
recém—nascidospossam ser
portadores de talassemia alfa mínima (deleção deum
gene
alfa) ou detalassemia
alfa menor (deleção de doisgenes
alfa).Alguns
estudos
têm sido realizados no Brasil, com recém—nascidos,objetivando a
detecção
da hemoglobina deBans
emsangue
de cordãoumbilical. Em Porto Alegre —
RS, foi realizado um
estudo
com599 amostras,
sendo detectados
2,5% de portadores de Hb Bartºs entre os recem-nascidoscaucasóides e
5,4% entre os negróides (PEDROLLOet
al., 1990). Em Campinas— SP, um outro
estudo
foi realizadocom 320 recém-nascidos de
mães
negróides, onde foi verificadoque 11,9% eram portadores de Hb Bartºs (SONATI & COSTA, 1990).
Estes
resultadosestão
em concordância com osrelatos de frequência do
gene
da talassemia alfa, entre pacientes brasileiros com anemia,estudada
pela análise do DNA (COSTAet
al., 1989). A
concentração
da Hb Bart's diminuigradativamente
após
o nascimento, ao mesmo tempo em que o nivel de Hb Hse
eleva. Neste período o30
talassemia
alfatorna-se
difícil, ou até impossivel, por técnicas rotineiras (NAOUM & DOMINGOS, 1998).O uso de mapeamento dos
genes
alfa da globina, com enzimas de restrição, temdemonstrado alta frequencia de
talassemia
alfa nospaíses
africanos, como emseus
descendentes
que habitamas
Américas (MILNER, 1983). A prevalência deheterozigose para alfa
talassemia
em negros americanos foi estimada em30%, com 2% de homozigotos. No Brasil,a
talassemia alfa de um ou doisgenes afetados é
aproximadamente de 4 a 5%, com maior frequência entre negros (NAOUM,1997). A frequência de 0,16% de HbFAS,
detectada neste
estudo,divergiu de frequencia de 2,70%
encontrada
em umestudo
com 20.613doadores
desangue e
escolares
da região do Triângulo Mineiro (MELOet
al., 1996).Esse
fato podeser
justificado pelo número deamostras analisadas e
porse
tratar de populações distintas sócio-economicamente, além dos recém-nascidos serem uma população aleatória.A
comparação
dadetecção
de hemoglobinas de adultos comrecém-nascidos
possui diferenças, já que no periodo neonatal
as
frações hemoglobinicas anormaisestão
caracteristicamente em menor quantidade queas
frações normais. Poresse
motivo,após
aseparação das
frações hemoglobinicasnas
fitas deacetato
de celulose,as mesmas
foramcoradas
para melhor visualizaçãodessas
frações. A HbA2 emsangue
de cordão umbilicalapresenta-se
emconcentrações
inferiores a 0,5% eseu
fracionamento nãoé
visível.Com