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Plantas usadas no emagrecimento

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Academic year: 2021

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Universidade de Lisboa

Faculdade de Farmácia

Plantas usadas no emagrecimento

Documento Provisório

Joana Maria Palma Rendas

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

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Universidade de Lisboa

Faculdade de Farmácia

Plantas usadas no emagrecimento

Documento Provisório

Joana Maria Palma Rendas

Monografia de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Farmácia

Orientador:

Profª Doutora Rita Maria O. Trindade S. Serrano

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Resumo

A obesidade é, na atualidade, a doença nutricional mais disseminada em todo o mundo. Esta doença é normalmente componente do síndrome metabólico, caracterizado por condições como dislipidemia, hipertensão, hiperglicemia, entre outros. Atualmente em Portugal, o único medicamento aprovado pelo Infarmed para emagrecer é o Orlistato, no entanto, a sua popularidade permanece baixa por ter demonstrado efeitos adversos comuns, que muitas vezes se sobrepõem aos efeitos benéficos. Por outro lado, é um medicamento dispendioso e que não está ao alcance de grande parte da população.

Assim, as investigações para tentar descobrir alternativas seguras, eficazes e mais acessíveis têm vindo a aumentar, neste sentido, os suplementos à base de plantas têm ganho popularidade por serem mais naturais e portanto, serem potencialmente mais seguros.

Neste artigo são identificadas e estudadas vinte espécies diferentes presentes nos mais diferentes suplementos encontrados no mercado português, desde as mais tradicionais e mais conhecidas como o chá verde, o ananás e o café, às que estão agora a surgir, vindas principalmente de países tropicais, como a alcachofra, graviola e guaraná. As características, metabolismo, eficácia, efeitos adversos e contra-indicações de cada uma das plantas, são analisadas ao longo do trabalho.

Facilmente se observa que a oferta é bastante diversificada em termos de formas farmacêuticas, efeitos benéficos e custos tendo em comum o facto de poucos ou nenhuns efeitos adversos terem sido registados.

Assim, conclui-se que os suplementos alimentares à base de plantas são uma excelente alternativa à medicina tradicional, com ótimos resultados para quem pretende perder peso, seja qual for a razão.

Neste sentido, o conhecimento do farmacêutico sobre as espécies com potencial utilização na perda de peso, toma uma especial importância por ser a quem muitas vezes a população recorre, à procura de soluções e conselhos para o tratamento da obesidade.

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vi

Abstract

Nowadays, obesity is the most widespread nutricional disease in the world. This disease is normally a component of the metabolic syndrome which is caracterized by conditions as dyslipidemia, hypertension, hyperglycemia and others. In Portugal, the only weight loss medicine approved by the portuguese National Institute of pharmacy and medicine is orlistato.

However, it has a low popularity dued to common adverse effects, which often overlap the beneficial effects. By the other hand, it’s an expensive medicine and it isn’t within the reach of the majority of the population. Therefore, there has been an increased number of alternative investigations that search for a more safe, effective and acessible solution.That turned into a rise of the herbal supplements popularity dued to them being safer and due to their natural origin. In this article, an identification and study of twenty diferent species which are present in many supplements found in the portuguese market was carried out.

Those species range from the most tradicional e known ones, such as green tea, pineapple and coffee, to the recente and uprising ones such as artichoke, graviola and guarana. Their characteristics, metabolism, effectiveness, adverse effects and counterindications are analyzed throughout this paper.

It’s easily observable that the offer of this products is quite diversified in terms of dosage forms, beneficial effects and costs. Adding to that, few or none adverse effects were registered. Therefore, it’s concluded that herbal dietary supplements are an excellent alternative to tradicional medicine, with great results for anyone who needs to lose weight, no matter the reason.

With that in mind, the pharmacist knowledge about species with potencial use in weight loss is of special importance for he or she is the one who is often sought by the population in the search for solutions and advice concerning the treatment of obesity.

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vii

Agradecimentos

O espaço limitado desta secção de agradecimentos, seguramente, não me permite agradecer, como devia, a todas as pessoas que, ao longo do meu Mestrado em Ciências Farmacêuticas me ajudaram, directa ou indirectamente, a cumprir os meus objectivos e a realizar mais esta etapa da minha formação académica e, de certa forma, pessoal. Assim, espero que as poucas palavras que aqui deixo sirvam para transmitir o meu profundo agradecimento.

À professora Doutora Rita Maria O. Trindade S. Serrano, pela sua orientação, total apoio, disponibilidade, pelo saber que transmitiu, pelas críticas, pela preocupação, pela colaboração no solucionar de dúvidas e problemas que foram surgindo ao longo da realização deste trabalho mas sobretudo pelas palavras de incentivo e compreensão. A toda a equipa da Farmácia do Vale, por me receber excecionalmente bem, por todo o apoio ao longo de seis longos meses, pelo carinho, pela amizade, pela compreensão e principalmente por todos os ensinamentos.

Às minhas afilhadas, por me terem escolhido para vos guiar e no entanto tantas vezes me guiarem a mim, à Margarida Carvalho por todo o apoio, preocupação, material e conselhos, à Filipa Machado por me lembrar todos os dias que ainda há pessoas com um enorme coração e à Daniela Pavlicenco pela amizade, pela energia e por me puxar sempre para cima.

Às minhas meninas, a melhor coisa que a faculdade me deu, Joana Brito, Susana Ricardo, Inês Caxaria, Rita Santos, Sara Lemos, Beatriz Marques e Cristiana Pontes (a melhor companheira de estágio que alguém poderia ter), por me mostrarem sempre que há uma luz ao fundo do túnel, por estarem presentes nos melhores e nos piores momentos, por acreditarem e fazerem-me acreditar em mim, por me mostrarem que não faz mal cair quando nos podemos levantar e voltar a tentar. Acreditem que sem vocês, hoje não estaria aqui.

À família que eu escolhi e que sei que nunca me vai abandonar, à Ana Pereira por ter a capacidade de me fazer rir mesmo quando a vontade é pouca, ao Pedro Rodrigues por dar os abraços mais reconfortantes do mundo, aos dois por me fazerem acreditar no amor, à Inês Cabano por me mostrar que a única pessoa que pode decidir do que somos capazes somos nós mesmos, ao João Jorge pelos silêncios que valem mais que mil palavras e pelas

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viii intervenções que valem mais que um milhão, à Sara Santos pelos muitos anos de companheirismo, verdadeira amizade e cumplicidade, ao Miguel Santos por provar que a idade é só um número e me mostrar que tenho todo o tempo do mundo, ao Miguel Ramos por ter um coração do tamanho do mundo, à Ana Colaço por me dar forças para lutar e me provar que aconteça o que acontecer tudo vai melhorar, ao Pedro Baptista por todas as brincadeiras, ao Diogo Francisco por me mostrar que para os bons há sempre lugar e que se continuarmos a caminhar, eventualmente vamos chegar ao nosso destino, à Margarida Jacinto por me incentivar a manter sempre uma mente aberta e finalmente ao Pedro Brito, aquele que tem sido o meu maior companheiro nesta viagem atribulada, aquele que me faz sonhar e ao mesmo tempo me mantém os pés na terra, aquele que todos os dias me surpreende e faz com que me surpreenda a mim mesma, aquele que me ensinou a não recear mudanças, aquele que não importa quantas voltas a vida dê, vai ser sempre o meu companheiro! A vocês, que são um paragrafo enorme da minha história, os meus mais sinceros agradecimentos, sem vocês, eu sei que isto seria impossível.

Por último, um gigante obrigada ao meu mais que tudo, à minha família, à minha mãe por ser uma das pessoas mais fortes que conheço, ao meu pai por estar sempre pronto para me ajudar e me incentivar a querer mais e melhor, aos dois, por serem um pilar na minha vida. Ao meu irmão, ao meu maior orgulho, à melhor pessoa deste mundo, por todas as qualidades que seria impossível descrever em tão pouco espaço, pelo apoio incondicional, pelo amor. Aos meus avós, ao meu avô Raul que sempre me abriu o caminho, sempre me incentivou a lutar, a ir em frente, a ser a melhor, à minha avó Elisa, que nestes últimos meses me mostrou que devemos agradecer pelo que temos, hoje e agora porque o amanhã é incerto, a ti querida avó que sempre foste a mais parecida comigo e que neste momento atravessas uma fase tão difícil, esta é por ti que sempre estiveste comigo, que nunca hesitaste em defender-me, chegou a minha vez de lutar por ti e tu ensinaste-me a não desistir!

Com a consciência que nada disto seria possível sozinha, agradeço a todos aqueles que de alguma forma se cruzaram no meu caminho e se tornaram determinantes para a conclusão deste ciclo. A eles, dedico todo este trabalho.

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ix

Índice

Resumo ... v

Abstract ...vi

Introdução ... 1

Legislação de fitoterapia e suplementos alimentares ... 1

Objetivos ... 4 Materiais e métodos ... 5 Resultados e Discussão ... 5 Amorphophallus Konjac ... 6 Ananas comosus ... 8 Annona muricata ... 9 Baccharis trimera ... 10 Camellia sinensis ... 12 Cinnamon verum ... 14 Citrus aurantium ... 15

Coffea canefora (Coffea robusta) ... 16

Cynara scolymus ... 18 Garcinia cambogia ... 19 Hibiscus sabdariffa ... 20 Ilex paraguariensis ... 22 Orthosiphon stamineus ... 23 Panax ginseng ... 24 Paullinia cupana ... 25 Persea americana ... 27 Rosmarinus officinalis ... 28 Salvia hispânica ... 29 Taraxacum officinale ... 31 Zingiber officinale ... 32 Conclusão ... 34 Bibliografia ... 35

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x

Índice de Figuras

Figura 1 - Amorphopallus konjac (7) ... 6

Figura 2 - Ananas comosus (7) ... 8

Figura 3 - Annona muricata (7) ... 9

Figura 4 - Baccharis trímera (7) ... 10

Figura 5 - Camellia sinensis (7) ... 12

Figura 6 - Cinnamon verum (7) ... 14

Figura 7 - Citrus aurantium (7) ... 15

Figura 8 - Coffea canephora (7) ... 16

Figura 9 - Cynara scolymus (7) ... 18

Figura 10 - Garcinia cambogia (7) ... 19

Figura 11 - Hibiscus sabdariffa ... 20

Figura 12 - Ilex paraguariensis (7) ... 22

Figura 13 - Orthosiphon stamineus (7) ... 23

Figura 14 - Panax ginseng (7) ... 24

Figura 15 - Paullinia cupana (7) ... 25

Figura 16 - Persea americana (7) ... 27

Figura 17 - Rosmarinus officinalis(7) ... 28

Figura 18 - Salvia hispânica (7) ... 29

Figura 19 - Taraxacum officinale (7) ... 31

(10)

1

Introdução

A obesidade é uma doença metabólica caracterizada por um desequilíbrio energético causado, principalmente, pelo aporte de alimentos hipercalóricos e agravado pelo sedentarismo. Este desequilíbrio leva a um aumento do número e tamanho dos adipócitos pela acumulação de gordura.(1) O excesso de peso está diretamente relacionado com outras co-morbilidades que se manifestam como fatores de risco cardíacos importantes como a hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes e ainda osteoartrites e alguns tipos de cancro.(2)

De acordo com dados relativos a 2014, da organização mundial de Saúde, mais de 1,9 biliões de adultos em todo o mundo têm excesso de peso e 600 milhões são considerados clinicamente obesos. Em Portugal a prevalência de pessoas com excesso de peso (IMC ≥ 25,0Kg/m2) era em 2014 de 62,2% para adultos do sexo masculino e 49,6%

para adultos do sexo feminino, uma das maiores a nível mundial.(3)

A prevenção e o tratamento da obesidade devem incluir um estilo de vida saudável abrangendo exercício físico regular e uma dieta equilibrada. Esta abordagem pode, em alguns casos, ser acompanhada de terapia farmacológica ou procedimentos cirúrgicos.(4)

Quando os tratamentos tradicionais não são capazes de demonstrar resultados sem provocar eventuais efeitos secundários, muitas pessoas procuram terapias não convencionais como tratamentos à base de plantas que podem contribuir para aumentar a saciedade, aumentar o metabolismo e acelerar a perda de peso.(2)

Atualmente, os produtos naturais representam uma opção cada vez mais popular como adjuvante no tratamento da obesidade por serem considerados eficientes, seguros e em muitos casos, menos dispendiosos que os fármacos usados convencionalmente.(5)

A fitoterapia, como medicina complementar, é uma possibilidade no contexto social do mundo atual, caracterizado pelas suas particularidades biológicas, sociais, culturais e económicas. Estando a fitoterapia presente há milénios no tratamento da obesidade, torna-se de extrema importância o conhecimento doo profissional para orientação e aconselhamento deste tratamento.(6)

Legislação de fitoterapia e suplementos alimentares

Relativamente à definição e utilização da fitoterapia, ao abrigo do disposto no artigo 4.º da Lei n.º 71/2013, de 2 de setembro:

(11)

2 Manda o Governo, pelos Secretários de Estado Adjunto do Ministro da Saúde e do Ensino Superior, o seguinte:

Artigo 2º Fitoterapia

“2 — A fitoterapia é uma terapêutica:

b) Que utiliza como ingredientes terapêuticos plantas frescas ou secas, medicinais e alimentares, substâncias provenientes de plantas, nomeadamente óleos essenciais e florais, e os seus extratos e preparados que contêm partes de plantas ou combinações entre elas, para diferentes formas de utilização, incluindo a interna e a externa, e usa suplementos alimentares e dietéticos. As plantas ou as suas preparações podem ser produzidas para consumo imediato ou como base para suplementos alimentares e produtos vegetais, sujeitos à legislação aplicável a este tipo de suplementos e produtos.”

Assim, importa saber ainda qual a definição e legislação em vigor para os suplementos alimentares.

Segundo a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), entidade que regula os suplementos alimentares, "Consideram-se como Suplementos Alimentares os géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, estremes ou combinada, comercializadas sob a forma pré-embalada e doseada."

Assim, os suplementos alimentares não devem apresentar propriedades de tratamento, prevenção ou cura de doenças e dos seus sintomas e é proibida a menção de alguma destas propriedades na sua cartonagem e/ou rótulo.

É ainda obrigatório que a apresentação do produto esteja inequivocamente identificada como suplemento alimentar.

Quanto ao rótulo, segundo o disposto pelo artigo 6º do Decreto-Lei n.º 118/2015 de 23 de junho:

“(…) a rotulagem dos suplementos alimentares deve ainda conter as seguintes indicações:

a) A designação das categorias de nutrientes ou substâncias que caracterizam o produto ou uma referência específica à sua natureza;

b) A toma diária recomendada do produto;

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3 d) A indicação de que os suplementos alimentares não devem ser utilizados como substitutos de um regime alimentar variado;

e) Uma advertência de que os produtos devem ser guardados fora do alcance das crianças.”

Para a colocação de suplementos alimentares no mercado, é necessária a notificação à DGAV, no entanto não é necessária a apresentação de ensaios de segurança, estes têm de ser assegurados pelos operadores económicos que os colocam no mercado, tendo em conta as regras de Segurança Alimentar aprovadas na União Europeia.

Ainda que a garantia da segurança de um género alimentício seja da responsabilidade do operador económico, no caso dos suplementos alimentares, a abordagem genérica da segurança dos géneros alimentícios nem sempre se revela suficiente.

A toma de suplementos alimentares está, então, sujeita às mais diversas interações e reações adversas. O risco de ocorrência de um destes acontecimentos tem vindo a aumentar com o aumento do consumo e diversidade de suplementos existentes no mercado.

Compete à DGAV assegurar que as reações adversas são registadas e tratadas da melhor forma, para esse efeito, a DGAV disponibiliza no seu portal online, um formulário de notificação espontânea de reações adversas.

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4

Objetivos

O excesso de peso é uma condição que atinge um número cada vez maior de pessoas, principalmente nos países desenvolvidos. A alimentação inadequada, juntamente com o sedentarismo, justificados maioritariamente pela falta de tempo, são as causas mais comuns do aumento de peso. A obesidade é, hoje em dia, considerada a pandemia mundial do século XXI, podendo afetar pessoas de todas as idades, da criança ao idoso. De facto, em Portugal, mais de metade dos adultos e mais de um terço das crianças são considerados obesos.

Estes números tornam-se ainda mais preocupantes ao entender que a obesidade é uma doença que geralmente acarreta muitas outras condições patológicas que podem ser graves, quer sejam dislipidemias, diabetes mellitus, problemas cardíacos ou tantos outros. Apesar dos números em crescimento para a obesidade, a preocupação, não só em parecer, mas em ser, realmente, cada vez mais saudável tem também tido um aumento notório na população, o que leva mais e mais pessoas a procurar soluções para o excesso de peso.

A solução cirúrgica é invasiva e pode ser bastante dispendiosa o que leva a que não seja uma boa opção para todos os indivíduos. A terapia farmacológica, para além de ser também monetariamente dispendiosa, pode não ser adequada a alguns doentes polimedicados ou a crianças.

Esta conjugação de fatores, bem como a preocupação com o crescente número de químicos que se encontram no nosso dia-a-dia, tem levado as pessoas a procurarem soluções mais naturais, mas igualmente eficazes.

Assim, este trabalho de pesquisa tem como objetivo resumir as características e efeitos de algumas das plantas com maior potencial no tratamento do excesso de peso.

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Materiais e métodos

As bases de dados PubMed, Google Scholar, e Web of Science foram consultadas desde Março de 2017 até Setembro de 2017, para recolha de informação relevante para a execução deste estudo de revisão bibliográfica. Na pesquisa foram utilizados os termos perda de peso, obesidade, plantas medicinais e fitoterapia em português ou em inglês, individualmente ou combinados.

Foram considerados os artigos originais com abstract e/ou texto completo disponíveis, bem como artigos de revisão posteriores a 2000, publicados em Português, Inglês, Francês ou Espanhol.

Resultados e Discussão

Foram estudadas 20 espécies diferentes de plantas e seus constituintes, tradicionalmente conhecidas e utilizadas, nos mais diferentes locais do mundo, com o objetivo de perda de peso. As espécies encontram-se apresentadas pelo seu nome científico e segue-se uma detalhada explicação das suas características, possíveis utilizações e efeitos, eficácia e segurança na obesidade e co-morbilidades associadas.

As informações que se seguem têm em conta as formas farmacêuticas disponíveis em que as espécies se encontram, passando por infusões, extratos, cápsulas e comprimidos.

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6

Amorphophallus konjac

Figura 1 - Amorphopallus konjac (7)

As plantas do género Amorphophallus têm um longo historial de utilização na Ásia, tanto na alimentação como na medicina tradicional chinesa.(8) A espécie Amorphophallus konjac é uma das mais amplamente empregues. São plantas perenes, com um rizoma e folha em forma cónica. (6,7) Os produtos à base de konjac (nome comum) são considerados, pela organização mundial de saúde como um dos “10 mais saudáveis”.(9)

As suas propriedades benéficas devem-se essencialmente ao glucomanano (KGM), uma fibra solúvel, extraída do tubérculo da planta(10), que é componente de vários alimentos como gelatina, noodles e ainda vários aditivos alimentares.(11)

Enquanto na Ásia, o glucomanano tem sido usado na medicina tradicional chinesa com inúmeros propósitos, recentemente, tem-lhe sido atribuído um papel promissor, no que toca à melhoria da saúde, mesmo na medicina moderna. (8) Redução dos níveis de glucose no sangue, alívio da obstipação, regulação do metabolismo lipídico, atividade anti-inflamatória, atividade pré-biótica, atividade anti-oxidante, são apenas alguns dos efeitos positivos e comprovados desta fibra no nosso organismo.(9)

O KGM é uma das fibras mais viscosas que se conhecem, tendo a capacidade de absorver até cinquenta vezes o seu peso em água.(4) Como a amílase presente na saliva e suco pancreático humanos, não tem a capacidade de catalisar as ligações presentes na

(16)

7 fibra, esta passa relativamente intacta para o cólon onde é fermentada pela microbiota.(12)

Pelas suas características, o glucomanano de konjac foi comprovado pela EFSA (European Food Safety Authority) como tendo efeitos benéficos na redução do peso corporal quando combinado com uma dieta de baixo aporte energético.(13) Os mecanismos exatos pelos quais o glucomanano exerce esta função ainda não são bem conhecidos, no entanto, sabe-se que aumenta o tempo de esvaziamento gástrico, por formar um gel volumoso que ocupa muito espaço no estômago, oferecendo uma sensação de saciedade prolongada(10), no entanto, o aumento da saciedade pelo esforço exigido na mastigação, a redução da reabsorção de gordura e proteínas (típica das fibras solúveis) e a melhoria do transito intestinal são outras explicações possíveis para o efeito esperado do KGM.(4)

A dose recomendada para um objetivo de perda de peso é de 1g de KGM, 3 vezes por dia, cerca de meia hora antes das principais refeições.(8)

Em termos de segurança, vários testes demonstraram que a utilização de konjac como suplemento alimentar é bem tolerada, não havendo relatos de efeitos tóxicos ou psicotrópicos.(14) Recomenda-se apenas que não seja tomado concomitantemente com outros medicamentos ou suplementos com efeitos hipoglicemiantes. Qualquer outra terapêutica oral deve ser tomada uma hora antes ou quatro horas depois do suplemento que contenha KGM, para não dificultar a sua absorção.(8)

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8

Ananas comosus

Figura 2 - Ananas comosus (7)

Da família Bromeliaceae, o ananás é um dos frutos tropicais com maior popularidade. Cresce naturalmente no Hawai, Filipinas, Caraíbas, Malásia, Tailândia, México, Austrália e África do Sul.(15) Em Portugal, a maior plantação de ananás encontra-se na ilha de S. Miguel nos Açores. A principal forma de consumo, em Portugal, é a do fruto em si,(16) embora também exista na forma de extrato e ainda como componente de vários suplementos.

O ananás tem uma composição bioquímica muito rica o que lhe confere inúmeras propriedades benéficas. Contém ácido sinápico, daucosterol e ergosterol, que têm atividades terapêuticas como imunomodeladores, anti-hiperglicémicos e anti-fúngicos, e minerais como o sódio, potássio, cálcio, magnésio e crómio, conhecidos pela sua atividade protetora contra a diabetes.(17) Para além disto, o ananás é ainda uma boa fonte de Vitamina C e B e há vários relatos de tratamentos, bem sucedidos, em casos de diarreia, obstipação, vómitos, febre, infeções urinárias. Há ainda estudos, com bons resultados, sobre a sua utilização em alguns tumores.(18)

Na obesidade, os alcaloides, flavonoides, fitoesteróis, saponinas e triterpenóides, presentes no extrato aquoso, atuam através da sua atividade hipolipidémica(18) e hipoglicemiante(17)

Este fruto, tem vindo a ganhar popularidade, sobretudo entre o sexo feminino, por ter propriedades que lhe permitem uma redução da lipodistrofia ginoide ou, como é conhecida, celulite. A celulite, nada mais é do que uma inflamação edematosa causada

(18)

9 pelo aumento localizado dos adipócitos. Não sendo uma condição exclusiva das mulheres, está geralmente associada ao sobrepeso. A ação do ananás sobre a lipodistrofia ginoide, recaí sobre a bromelaína, um composto anti-inflamatório presente em grandes quantidades neste fruto.(19)

Embora a espécie A. comosus tenha sido já bastante estudada e os seus benefícios em algumas condições metabólicas seja consensual(16,18), raros são as observações em relação ao seu papel como adjuvante no tratamento da obesidade. Sendo que esta espécie é facilmente encontrada e consumida como alimento, não existem estudos nem relatos de possíveis efeitos negativos associados à sua ingestão. Seria interessante, averiguar qual o mecanismo e dose ideal para um objetivo de perda de peso.

Annona muricata

Figura 3 - Annona muricata (7)

Popularmente conhecida como Graviola, esta espécie desenvolve-se naturalmente em regiões tropicais e subtropicais como na América do Sul, Índia, Malásia e Nigéria.(21)

O sumo obtido do fruto e a infusão com as folhas desta planta, têm sido usados desde a antiguidade para tratar a febre, doenças respiratórias, malária, problemas gastrointestinais, de coração, fígado e rins e ainda como sedativo.(22)

As folhas desta planta são bastante ricas em compostos bioativos, possuem alcaloides (reticulina, coreximina, coclaurina, aterosperminina), óleos essenciais (β-cariofileno, δ-cadineno, epi-α-cadinol e α-cadinol), flavonoides (quercetina e kaempferol)

(19)

10 e ainda acetogenina, mais recentemente estudada pelas suas propriedades citotóxicas contra células tumorais.(5)

Apesar de não haver estudos concentrados no efeito da graviola na perda de peso, alguns dos seus componentes têm atividade demonstrada cientificamente neste sentido. O kaempfrol afeta a diferenciação dos adipócitos, diminuindo a sua acumulação(23) e a quercetina exerce a sua atividade na diminuição do peso, através de proteínas quinases.(24)

Além disto, está demonstrado que tem um efeito positivo na diminuição da glucose no sangue bem como na melhoria da hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia que, sendo condições que quase sempre afetam os indivíduos obesos, revelam a importância da sua utilização nestes casos.(25)

Quanto à segurança da sua utilização, um estudo utilizando ratos, demonstrou que até uma dosagem de 2g/Kg, não foram observados quaisquer efeitos adversos(21), no entanto, um outro estudo, mais amplo, verificou que alguns componentes da A. muricata, como as acetogeninas, podem ter um potencial efeito neurotóxico, quando consumidas em excesso.(22)

No que toca a interações medicamentosas, não são conhecidas para a planta no seu todo, no entanto, devido à sua composição, não deve ser ingerida em conjunto com everolimus e topotecano (afinitor e hycamtin – quimioterápicos).(26)

Baccharis trimera

(20)

11 Conhecida como carqueja, esta espécie é amplamente utilizada na medicina tradicional na forma de infusão. O Brasil é o país em que a carqueja tem maior utilização com o objetivo de perda de peso, muito embora em Portugal o seu nome também já seja bastante conhecido para este propósito. (5)

Os compostos bioativos obtidos do seu extrato são maioritariamente saponinas e flavonoides como a quercetina, luteolina e eupafolina.(5)

Tradicionalmente, esta planta é empregue no tratamento da diabetes, processos inflamatórios e doenças gastrointestinais. Alguns dos seus efeitos biológicos incluem o relaxamento dos tecidos vasculares, o bloqueio dos canais de cálcio dependentes de voltagem e efeitos hepatoprotetores, hipoglicémicos e antioxidantes.(27)

Os seus efeitos hipoglicémicos já foram bastante estudados e têm resultados comprovados e pensa-se que estejam diretamente relacionados com a sua utilidade no emagrecimento.(28)

Os seus efeitos na perda de peso foram demonstrados através de estudos em que ratos obesos foram tratados com extrato metanólico de B. trímera e apresentaram significativa perda de peso e ainda diminuição dos níveis de colesterol. Estes resultados devem-se essencialmente à sua atividade anti-oxidante que atenua a adipogénese e inibe a lípase pancreática e a α e β-glucosidases.(29)

No Brasil, foi realizado um estudo randomizado com 50 mulheres às quais foi dado ou extrato de carqueja ou placebo, os resultados foram bastante positivos para a carqueja evidenciando uma grande perde de peso e massa gorda relativamente às que receberam o placebo. A maior parte das mulheres relatou uma maior motilidade intestinal e menos vontade de comer, o que se pode dever ao efeito relaxante da planta.(30)

Os flavonoides presentes na carqueja, atuam como desacopladores da cadeia respiratória, induzindo a queima de gordura e aumentado o gasto calórico, potenciando o emagrecimento. (5)

Não foram até hoje registados efeitos adversos decorrentes da ingestão do chá ou extrato de Baccharis trimera, quer em estudos com animais quer com humanos. Também não são conhecidas quaisquer contra-indicações ou interações desta espécie com outras substâncias e medicamentos. (5)

São necessários mais estudos quanto à sua toxicologia para determinar a sua segurança e dose recomendada.(27)

(21)

12

Camellia sinensis

Figura 5 - Camellia sinensis (7)

Vulgarmente conhecida como a planta do chá, a Camellia sinensis, espécie da família Theaceae,(31) dá origem à segunda bebida mais consumida em todo o mundo, logo a seguir à água.(32) Os três principais tipos de chá mais ingeridos atualmente, chá verde, chá preto e oolong, derivam todos desta planta, sendo que se distinguem por serem processados de maneiras diferentes e possuírem diferentes composições. (33)

O chá verde não tem origem num processo de fermentação(32) e é caracterizado pela presença de grandes quantidades de catequinas, um tipo de polifenol(33). O chá preto produzido por um processo de fermentação(32), tem na sua composição teaflavinas e tearubiginas originárias da oxidação das catequinas.(33) Já o chá oolong, tem um processo de fermentação intermédia(32), conseguindo, por um lado, reter as catequinas na sua composição e por outro, dar origem à formação de novos polifenóis como as teasinesinas.(33)

Nos últimos anos, o chá proveniente de C. sinensis tem sido estudado intensivamente devido aos potencias efeitos benéficos para a saúde. As vantagens do consumo destes chás podem passar pela redução do peso corporal, alívio do síndrome metabólico, prevenção de doenças cardiovasculares, prevenção do cancro e ainda protecção contra doenças neurodegenerativas.(34)

No que toca à perda de peso, o chá verde é o que tem mais fama, sendo consumido regularmente pela maioria dos consumidores de chá.(35) É também o mais amplamente

(22)

13 estudado, tendo efeitos comprovados, principalmente em estudos em que foram usados modelos animais.(33)

A eficácia desta planta, no combate à obesidade, quando tomado na forma de chá verde, deve-se essencialmente aos polifenóis(36), nomeadamente às catequinas que são reconhecidas como fortes anti-oxidantes, eliminando radicais livres e prevenindo a formação de espécies reactivas de oxigénio (ROS) através da quelação de iões metálicos.(34)

Têm sido reportados diferentes mecanismos para a perda de peso provocada por esta planta,(5) incluindo inibição da lípase pancreática, regulação da adipogénese, termogénese, metabolismo lipídico e diminuição do apetite(14). No entanto, apesar destes mecanismos terem sido muitas vezes observados in vitro, o seu papel in vivo ainda não foi demonstrado.(33)

Em 2013, um ensaio para o “The journal of diabetes & metabolic disorders”, procurou mostrar, através de uma revisão de estudos, quais são, na prática, os efeitos da utilização de suplementos contendo C. sinensis no emagrecimento. Conclui-se que a ingestão desta planta tem resultados na diminuição do peso corporal, da percentagem de gordura e da circunferência abdominal, não tendo sido registada qualquer alteração em relação à quantidade de comida ingerida, não demonstrando efeito na inibição do apetite.(37)

Em nenhum dos estudos anteriormente citados, foram descritos efeitos adversos para a C. sinenis,(37) contudo, existem muitos casos reportados de hepatotoxicidade aguda.(38) Nomeadamente, muitos consumidores de chá verde que ingeriam duas ou mais chávenas por dia, demonstraram sintomas de diferente gravidade, os quais foram considerados imputáveis ao consumo de C. sinensis.(39) Não foi ainda estabelecida nenhuma dose óptima devido à diversidade de variáveis envolvidas nos estudos feitos, como o estilo de vida dos participantes ou os fatores de risco metabólico.(5)

(23)

14

Cinnamon verum

Figura 6 - Cinnamon verum (7)

A Canela é uma das especiarias mais utilizadas em todo o mundo.(40) O produto é constituído pela casca seca de diversas espécies do género Cinnamomum pertencente à família Lauraceae. (41)

Vários estudos têm mostrado os benefícios, para a saúde, do consumo de canela. Atividade anti-inflamatória, atividade antimicrobiana, controlo da glucose no sangue, redução da probabilidade de ocorrência de doença cardiovascular, melhoria da função cognitiva e redução do risco de ocorrência de cancro no cólon, são apenas algumas das suas propriedades que cada vez são mais reconhecidas pela população em geral.(42)

Mais recentemente, num estudo em que doentes com síndrome metabólico, consumiram extrato aquoso de canela, observou-se uma descida dos níveis de glucose no sangue, diminuição da pressão sistólica, diminuição da percentagem de massa gorda e aumento da percentagem de massa muscular, revelando uma potencial utilização no tratamento da obesidade e das suas co-morbilidades.(43)

A canela contém mais de cem tipos de calconas, um tipo de polifenol, que podem ser extraídas e isoladas. De entre os polifenóis presentes nesta espécie, o polifenol tipo A é aquele ao qual são atribuídos os principais benefícios como suplemento alimentar. Particularmente, o polímero metilhidroxicalcona (MCHP) é o mais estudado e utilizado neste tipo de intervenções. (40)

(24)

15 O mecanismo através do qual a espécie C. verum leva à melhoria do síndrome metabólico e consequente perda de peso permanece incógnito, embora se pense que estará relacionado com a “down regulation” da síntese de citoquinas pró-inflamatórias.(43)

Na verdade, um estudo que utilizou um modelo animal, para demonstrar a ação anti-hiperglicémica e anti-hiperlipidémica da canela, concluiu que as diferenças quanto ao peso corporal e à quantidade de comida ingerida no grupo tratado com extrato de canela e no grupo controlo, eram insignificantes, no entanto, quando se avaliou a quantidade de gordura visceral (responsável pelo risco cardiovascular), as diferenças foram bastante significativas, com o grupo tratado com o extrato a ter valores bastante positivos.(44)

Nos estudos existentes, nunca foi relatado nenhum efeito adverso recorrente do uso da canela, ainda assim, seria benéfico realizar estudos direcionados para a segurança da toma de extrato de canela como suplemento utilizado para a perda de peso, em humanos.(42,43)

Citrus aurantium

Figura 7 - Citrus aurantium (7)

Vulgarmente conhecida como laranja amarga, esta planta é utilizada há muitos anos pela medicina tradicional chinesa no tratamento de afeções como obstipação, indigestão, diarreia e disenteria e na América do Sul, como tratamento da insónia, ansiedade e epilepsia.(45) A sua utilização como suplemento alimentar para controlo do

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16 peso corporal, produção de energia e controlo do apetite, só tem vindo a ser explorada desde há 20 anos.(46)

O principal alcaloide contido no fruto maduro é a sinefrina, estruturalmente semelhante à epinefrina e a norepinefrina. A sinefrina tem efeitos biológicos diferentes dependendo da posição do grupo hidroxilo.(47) No extrato de laranja amarga apenas é possível identificar a p-sinefrina.(48)

Este isómero, exerce a sua função na perda de peso por ser um agonista dos receptores adrenérgicos, aumentando a termogénese e a lipólise.(47)

Os estudos existentes que procuraram demonstrar que a utilização do extrato de laranja amarga como suplemento auxiliar na perda de peso, não obtiveram os resultados esperados, não se tendo verificado alterações significativas no índice de massa corporal,(49) no entanto a sua utilização conjunta com outras substâncias como a Rhodiola rosea mostrou-se bastante mais eficaz, verificando-se uma diminuição da gordura visceral em apenas 10 dias.(47)

Os suplementos à base de C. aurantium, têm sido controversos por se pensar que por conterem uma substância estruturalmente semelhante à epinefrina, poderiam causar os mesmos efeitos a nível cardiovascular, podendo levar ao desenvolvimento de doenças,(47)no entanto, os estudos existentes são inconclusivos por utilizarem uma mistura de plantas e não apenas a laranja amarga, sendo impossível atribuir-lhe exclusivamente os efeitos negativos que ocorreram.(45)

Coffea canephora (Coffea robusta)

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17 Quando falamos da utilização do café como auxiliar no emagrecimento, não falamos do café geralmente utilizado para fazer a bebida, mas sim do café verde. O café verde não é mais do que o próprio café antes do processo de torrefação, isto porque durante este processo, muitos componentes são degradados, perdendo assim as suas propriedades.(50) O grão do café é rico em polifenóis, conhecidos por prevenirem uma grande quantidade de doenças associadas ao stress oxidativo, além de melhorarem consideravelmente os fatores de risco associados ao síndrome metabólico, como a Diabetes mellitus tipo II, aterosclerose, resistência à insulina e a obesidade.(51)

A cafeína é o mais conhecido componente do café e, embora os seus efeitos negativos no sistema nervoso central, sistema cardiovascular e sistema endócrino, sejam já bem conhecidos da população geral e tenham, a dada altura, levado à diminuição do consumo de café, estudos mais recentes vêm reforçar os seus efeitos benéficos no organismo, nomeadamente na prevenção de algumas doenças degenerativas bastante comuns na sociedade actual.(52)

Outro componente, encontrado em grande quantidade nos grãos de café, principalmente antes da torrefação, é o ácido clorogénico. É a este ácido que se atribuem os principais efeitos benéficos a nível da perda de peso.(53) O mecanismo pelo qual leva ao emagrecimento ainda não é bem conhecido(54). A teoria mais amplamente estudada é a de que este polifenol inibe a glucose-6-fosfatase hepática, enzima limitante na neoglicogénese(52).

Uma vez que estes dois compostos são encontrados no café, surgiram novos estudos, procurando saber se a interação entre os dois componentes seria a principal responsável pelos efeitos observados.(53) Assim, um modelo que utilizou extrato de café verde descafeinado, obteve efeitos igualmente positivos na diminuição do peso em ratos, provando assim que os efeitos estimulantes da cafeína têm um papel secundário no tratamento da obesidade.(55)

Apesar da falta de evidências em estudos humanos, vários modelos animais comprovaram que o extrato de café verde pode, efectivamente, ajudar na perda de peso (51)e na diminuição de acumulação de gordura visceral.(52)

A dose diária recomendada ainda não é conhecida e há falta de estudos toxicológicos em relação a este extrato, pelo que não são conhecidos efeitos secundários que possam ser atribuídos ao ácido clorogénico.(55)

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18

Cynara scolymus

Figura 9 - Cynara scolymus (7)

Conhecida como alcachofra, a Cynara scolymus é uma espécie perene originária do Norte de África.(56) As suas folhas já eram usadas pelos egípcios, gregos e romanos,(57) que faziam uso das suas propriedades como colerética, hepatoprotetora, diurética, antioxidante, anti-inflamatória e como inibidora da síntese do colesterol.(56)

Rica em ácido clorogénico, um forte inibidor da glucose-6-fosfatase, que regula a homeostasia da glucose no sangue, e em ácido dicafeoilquínico, que modula a atividade da alfa-glucosidase e consequentemente o catabolismo dos hidratos de carbono, a alcachofra é um hipoglicemiante de grande potencial.(58)

Por ter uma ação de redução nos lípidos plasmáticos, esta espécie tem vindo a ser utilizada como auxiliar na perda de peso.(59) Embora não existam muitos estudos conclusivos quanto ao seu real efeito na perda de peso, os seus efeitos nas co-morbilidades que advêm da obesidade, são bem conhecidos e cientificamente comprovados. Ainda assim, a alcachofra está presente em muitos suplementos como diurético.(60)

Nos estudos em que é utilizado unicamente extrato de folhas de alcachofra, os resultados não são positivos no que toca à perda de peso, sendo esta insignificante(59), no entanto, a sua combinação com Phaseolus vugaris, demonstrou-se promissora no combate à obesidade.(58)(61)

Atualmente a dose recomendada é de 250 mg/Kg, com esta dose não são conhecidas contra indicações nem efeitos adversos,(59) no entanto, são necessários mais estudos, com diferentes dosagens para averiguar a toxicidade das suas substâncias bem como os mecanismos pelos quais atuam.(57)

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19

Garcinia cambogia

Figura 10 - Garcinia cambogia (7)

A Garcinia cambogia é uma espécie da família Clusiaceae, que é vulgarmente utilizada, principalmente nos países da Ásia, como aditivo alimentar com o objetivo de adicionar sabor.(62)

No entanto, muitos têm sido os potenciais efeitos benéficos estudados para esta família de plantas. Para além dos conhecidos efeitos anti-obesidade, também têm efeitos anti-ulcerogénicos, anti-oxidantes, hipoglicemiantes, antimicrobianos, anti-fúngicos, anti-inflamatórios e anti-cancerígenos.(62)

Atualmente, nos países desenvolvidos, tem ganho uma grande popularidade devido às suas propriedades adjuvantes no que toca à perda de peso.(5,23)

O efeito de emagrecimento desta espécie está essencialmente relacionado com o ácido hidroxicítrico, um derivado do ácido cítrico, que está presente em várias plantas da família Clusiaceae e que inibe competitivamente a enzima ATP-citrato liase(64). Esta ação reduz os níveis de acetil-coenzima A, limitando assim a biodisponibilidade do 2-carbono, necessários para a biossíntese de lípidos e colesterol.(65)

Em termos de resultados, a utilização de extrato de ácido hidroxicítrico mostrou-se eficaz na redução da gordura abdominal nos indivíduos em que a obesidade mostrou-se manifestava pela acumulação de gordura visceral.(65)

Por outro lado, estes resultados só foram evidentes em estudos de curta duração, tornando os estudos existentes pouco significantes.(64)

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20 Estudos que utilizaram uma combinação do ácido hidroxicítrico com outras substâncias como o coco, café verde e chá verde (CCGG), obtiveram melhores resultados, tanto na perda de massa gorda como na melhoria de condições adjacentes à obesidade como a resistência à insulina, a dislipidemia e inflamação.(66)

Apesar dos efeitos positivos, estudos recentes demonstram que a utilização prolongada de suplementos contendo ácido hidroxicítrico de G. cambogia provoca, em ratos, efeitos adversos, nomeadamente a nível hepático, aumentando a acumulação de colagénio e os níveis de ALT e AST, exacerbando os efeitos de uma possível hepatite. Falta ainda demonstrar estes mesmos efeitos em humanos.(67)

Hibiscus sabdariffa

Figura 11 - Hibiscus sabdariffa

A Hibiscus sabdariffa, da família das Malvaceae, é um arbusto anual e semi-lenhoso que cresce até aos 2,4m de altura. Contém cálices vermelhos com 5 sépalas. É uma espécie tropical, nativa da Índia e Malásia, embora cresça selvagem nos dois hemisférios.(68)

Esta espécie é a segunda mais estudada no que toca ao emagrecimento a seguir à Camellia sinensis e normalmente é consumida sob a forma de infusão,(36) apelidado de chá de hibisco em Portugal. Conhecida pelas suas propriedades no tratamento e prevenção de hipertensão, inflamação e doenças do fígado,(69) esta planta demonstrou ainda bons resultados quando utilizada como diurética, diaforética, uricosúrica, agente antibacteriano, agente antifúngico, laxante, sedativa, antitússica, no tratamento da

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21 dislipidemia, no tratamento de pedras nos rins, como fluidificante do sangue e ainda na diminuição dos sintomas da veisalgia.(68)

O principal mecanismo ligado à sua ação no emagrecimento é o de “down-regulation” dos genes envolvidos no metabolismo lipídico, embora também regule as lípases pancreáticas.(36)

Os fitoquímicos presentes em H. sabdariffa, responsáveis pelos mecanismos citados, são os compostos fenólicos e os flavonoides, presentes, respetivamente, nas quantidades de 58.8 e 13.57mg/g, na flor seca.(70) Esta espécie, possui ainda, uma elevada concentração de antocianinas, bastante conhecidas pelo seu papel no controlo do peso corporal.(71)

O tratamento com extrato de H. sabdariffa causa uma diminuição do peso corporal bem como uma melhoria dos danos no fígado, causados pela acumulação de lípidos.(69,71) No geral, o perfil lipídico dos doentes com síndrome metabólico melhorou significativamente depois do tratamento.(72)

Vários estudos demonstraram que a combinação dos componentes da H. sabdariffa tem uma eficácia muito superior, no que toca ao tratamento da obesidade, quando comparada com a utilização individual dos seus componentes, no entanto, considera-se que a sua biodisponibilidade, segurança na utilização e dosagem devem ser mais aprofundadas.(73)

Ainda assim, uma dose de 300mg/Kg/dia do extrato aquoso de H. sabdariffa é considerada segura. Foram observados efeitos hepatotóxicos, em ratos, com doses de 2g/Kg/dia.

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Ilex paraguariensis

Figura 12 - Ilex paraguariensis (7)

A utilização mais comum de Ilex paraguariensis é a das suas folhas secas, a que chamamos de Erva mate. O chá de erva-mate é atualmente consumido por cerca de 1 milhão de pessoas em todo o mundo, principalmente nos países da América do Sul, sendo que nos últimos anos tem vindo a ganhar popularidade na América do Norte e Europa.(74) A erva-mate é extremamente rica em fitoquímicos, foram identificados na sua composição polifenóis (ácido clorogénico), xantinas (cafeína e teobromina), alcaloides puros (ácido cafeico), flavonoides (quercetina, kaempferol, rutina), aminoácidos, minerais (fósforo, ferro e cálcio) e vitaminas (C, B1 e B2).(75)

Por conter todos estas substâncias na sua composição, os efeitos benéficos desta planta, vão muito alem da perda de peso. A I. paraguariensis possui uma grande atividade anti-oxidante, um efeito protector contra danos induzidos no DNA, tem efeito vasodilatador, inibe a glicação e a aterosclerose, tem poder termogénico, melhora a tolerância à glucose e tem efeitos anti-inflamatórios.(76)

A erva-mate é uma forte aliada no combate à obesidade não só porque tem um papel fundamental na adipogénese mas ainda promove a saciedade, diminuindo o aporte calórico. Os mecanismos pelos quais esta planta provoca saciedade passam pela indução do GLP-1 no intestino, pela modulação dos níveis de leptina e ainda pelo efeito directo no centro de estimulação da saciedade. Já na adipogénese, sabe-se que a erva-mate regula os níveis de expressão do gene dos fatores de transcrição pró-adipogénese.(77)

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23 Existiam inúmeros estudos sobre os efeitos de suplementos que contém na sua composição I. paraguariensis, e todos eles se mostraram eficazes na perda de peso,(43,44) no entanto só nos últimos anos se tem procurado estudar os efeitos da erva-mate no emagrecimento, per se. Os resultados mostram que, mesmo sendo utilizada individualmente, esta planta produz efeitos significativos na redução do peso e de gordura visceral,(76,77,79) sem provocar efeitos adversos.(75)

Orthosiphon stamineus

Figura 13 - Orthosiphon stamineus (7)

A espécie Orthosiphon stamineus, pertencente à família Lamiacae, também conhecida como chá de java, tem uma grande e histórica distribuição, principalmente nos países da Ásia, onde as suas folhas são usadas para fazer um chá(80) que se acredita ter a capacidade de melhorar o estado geral de saúde e ainda tratar muitas doenças tais como pedras nos rins, arteriosclerose, gota, febre, diabetes, infecções urinárias, nefrite, hepatite, sífilis, hipertensão e gonorreia.(81)

Esta planta contém na sua composição terpenos (diterpenos e triterpenos), esteróis e polifenóis (flavonoides lipofílicos e ácidos fenólicos). Os seus efeitos terapêuticos, são no entanto atribuídos aos polifenóis presentes nas suas folhas.(82)

Estes polifenóis demonstraram eficácia na diminuição do stress oxidativo e na inibição da peroxidação lipídica.(83)

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24 Já no que toca à perda de peso, o composto responsável é o ácido rosmarínico, que actua inibindo a lípase pancreática e consequentemente diminuindo a absorção intestinal dos lípidos provenientes da dieta, com efeito dose-dependente.(80)

A dose diária recomendada na medicina tradicional é de 60mg de extrato por kilograma,(82) no entanto, foi demonstrado que esta planta não é mutagénica nem clastogénica, não mostrando quaisquer evidências de toxicidade na utilização de 40000mg de extrato por kilograma,(83) demonstrando ser uma alternativa segura ao medicamento Orlistato, que sendo também um inibidor da lípase pancreática apresenta muitos efeitos adversos.(80)

Panax ginseng

Figura 14 - Panax ginseng (7)

Há mais de 2000 anos que o Ginseng, tem vindo a ser usado como uma planta medicinal, na Coreia, China e Japão.(84) A sua ampla utilização deve-se aos comprovados efeitos farmacológicos do Ginseng no sistema imunitário, sistema nervoso central, sistema endócrino e sistema cardiovascular.(85) Além disto, tem ainda sido tradicionalmente utilizado como prevenção e tratamento de doenças relacionadas com o envelhecimento como o síndrome metabólico, a diabetes e a dislipidémia. (86)

O seu papel no emagrecimento tem vindo a ser cada vez mais estudado. Um estudo demonstrou que a P. ginseng pode inibir o crescimento do tecido adiposo, aumentar a

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25 oxidação dos ácidos gordos e aumentar a sensibilidade à insulina e assim prevenir a obesidade.(87)

Sendo que a composição desta planta engloba saponinas, proteínas, polissacarídeos,entre outros, ainda não foi bem definido qual é o constituinte responsável pelos seus efeitos anti-obesogénicos.(85) Sabe-se apenas que as saponinas presentes nas folhas desta espécie, surtiram efeito na prevenção de obesidade em ratos, embora o mecanismo pelo qual isso aconteceu permaneça desconhecido.(87)

Alguns resultados mostraram que o Ginseng pode atuar como a testosterona para inibir a adipogenese, revelando um interesse acrescentado na sua utilização na prevenção e tratamento da obesidade em doentes do sexo masculino com uma deficiência em testosterona.(86)

Futuros estudos acerca do papel do Ginseng na perda de peso, deveriam aprofundar qual dos seus componentes tem maior ação, qual o mecanismo pelo qual atua, a dose ideal e ainda a toxicologia e interações decorrentes do seu uso agudo ou continuado.(85)

Paullinia cupana

Figura 15 - Paullinia cupana (7)

Planta originária do Brasil, conhecida como Guaraná, é amplamente utilizada por desportistas em todo o mundo, por alegadamente ter efeitos ergogénicos e queimadores de gorduras. É geralmente consumido como bebida ou como suplemento.(88)

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26 Esta planta, rica em compostos bioativos, como metilxantinas (incluindo a cafeína, a teobromina e a teofilina), taninos, saponinas, catequinas e proantocianinas, tem sido associada a uma melhoria de fatores que levam ao síndrome metabólico,(89) bem como a uma atividade anti-oxidante, efeito antimicrobiótico, propriedades anticancerígenas, melhoria da performance cognitiva e ainda efeitos antidepressivos.(90)

Por ter uma composição muito semelhante à de Camellia sinensis, os seus efeitos são também muito semelhantes no que toca às alterações metabólicas. Estudos comprovaram que o guaraná afecta o metabolismo lipídico, aumenta a perda de peso e aumenta a energia basal.(91)

Embora, à primeira vista, os efeitos observados nos diversos estudos existentes possam ser atribuídos à cafeína, o elemento que predominantemente causa as alterações de peso observadas é a metilxantina.(88)

Esta planta actua modulando a expressão de inúmeros genes e miRNAs associados à adipogénese, bem como, provocando um aumento da translocação nuclear da β-catenina, o que pode contribuir para a inibição da formação de tecido adiposo.(89)

Estudos populacionais demonstraram efectivamente uma correlação entre o índice de massa corporal e o consumo habitual de guaraná, sendo que nas populações em que a ingestão de guaraná é habitual, o índice de massa corporal era menor e a circunferência abdominal nos homens também, este é um factor importante porque está relacionado com o risco cardiovascular.(91)

Na tentativa de aprofundar os efeitos tóxicos que o guaraná pudesse provocar no fígado, chegou-se à conclusão, de que, ao contrário do esperado, esta planta tem um efeito hepatoprotector. Neste sentido, são necessários mais estudos para que se possa chegar a uma conclusão quanto aos efeitos negativos que o consumo continuado de suplementos que contenham guaraná podem provocar.(90)

(36)

27

Persea americana

Figura 16 - Persea americana (7)

O abacateiro (Persea americana) é uma espécie da família Lauraceae, nativa da América Central mas que mostra grande capacidade de adaptação em outras regiões tropicais.(92) O interesse desta espécie reside no seu fruto, o abacate, ao qual são atribuídas propriedades antibacterianas, antifúngicas, anti-inflamatórias, hipotensivas e estimuladoras da imunidade. Uma dieta rica em abacate pode melhorar o perfil lipídico em doentes saudáveis ou com ligeira dislipidemia.(93)

Os fitoquímicos bioativos, mais importantes, presentes no abacate, pertencem aos carotenoides, ácidos gordos, minerais, compostos fenólicos, fitosteróis, proteínas e vitaminas.(94) O abacate é ainda muito rico em fibras o que aumenta a sensação de saciedade e modula a resposta à insulina.(95)

Enquanto o seu fruto é principalmente utilizado como complemento nas refeições, o extrato das suas folhas também pode ser ingerido com o objetivo de perda de peso. Tanto um como o outro, demonstraram resultados positivos. A ingestão do fruto na dieta, aumenta a sensação de saciedade levando à diminuição da ingestão de alimentos hipercalóricos, já o extrato, atua pela “up-regulation” do receptor gama ativado por um proliferador do peroxissoma (PPAR-γ), diminuindo assim a massa gorda.(36)

Num estudo em que foi incluído meio abacate ao almoço de um grupo de pessoas, estas revelaram um aumento de saciedade nas horas seguintes, o que levou à diminuição de ingestão de alimentos por impulso e consequentemente a uma redução do peso.(95)

Para além do seu interesse para a perda de peso, o abacate demonstrou ser também um bom aliado no tratamento do síndrome metabólico.(94)

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28 Quanto ao seu perfil toxicológico, a sua administração em ratos, mostrou ser segura até uma dose de 2 g/Kg, não provocando quaisquer efeitos adversos. Já quanto à dose ótima para uma ação hipolipidémica, esta foi estabelecida em 100mg/Kg.(92,96)

Ainda que o abacate seja bem tolerado e mais seguro que os medicamentos tradicionais, as evidências cientificas quanto aos efeitos adversos e interações medicamentosas possíveis são muito limitadas. Assim futuros estudos devem procurar explorar estes pontos.(94)

Rosmarinus officinalis

Figura 17 - Rosmarinus officinalis(7)

Conhecida como alecrim, esta espécie da família Lamiaceae é uma erva aromática com cerca de 1m de altura, flores azuladas e folhas verdes e encontra-se amplamente distribuída na região mediterrânea.(97)

O extrato de Rosmarinus officinalis é um antioxidante natural, bastante utilizado como conservante em certos alimentos, suplementos e produtos cosméticos.(98) A sua utilização como conservante está aprovada na União Europeia e é considerada como segura pela FDA.(99)

A atividade biológica desta espécie é atribuída à sua fração volátil e aos compostos fenólicos presentes na sua composição. Dentro dos compostos fenólicos, destacam-se a fração flavonóica, o ácido rosmarinico e alguns compostos diterpenóicos derivados do ácido carnósico. É a estes compostos que se deve a sua ação como antioxidante, anti-inflamatória e hepatoprotetora,(98) sendo que a sua atividade na diminuição do peso

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29 corporal está associada especificamente ao ácido carnósico, que ativa a lípase pancreática e inibe a diferenciação dos adipócitos.(100)

Vários estudos têm demonstrado a eficácia do extrato de alecrim e dos seus compostos fenólicos no tratamento não só da obesidade mas das comorbilidades associadas como a diabetes ou o síndrome metabólico. Os mecanismos através dos quais a R. officinalis exerce estes efeitos passam pela supressão da neoglicogénese, aumento da digestão dos hidratos de carbono, diminuição da síntese lipídica e indução da lipólise.(97) Não há, ainda, estudos conclusivos quanto à dose ideal e potenciais efeitos tóxicos decorrentes da utilização do extrato de alecrim. Seria então interessante explorar a relação dose-resposta e os possíveis efeitos negativos associados a uma ingestão prolongada de R. officinalis.(97,99)

Salvia hispanica

Figura 18 - Salvia hispânica (7)

A Salvia hispânica é uma espécie plantada bianualmente, pertencente à família Labiatae. Essencialmente conhecida pelas suas sementes, esta espécie dá origem a flores brancas ou púrpura. As sementes contêm entre 25% a 60% de óleo, composto por ácido ω-3 alfalinolénico (60%) e ácido ω-6 linoleíco (20%), estes ácidos gordos essenciais são necessários para o bom funcionamento do organismo humano. (101)

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30 As sementes de chia têm vindo a ser utilizadas como complemento na alimentação desde a civilização Azteca. Este super alimento contém uma das maiores percentagens de fibra e ácido linolénico sendo excecionalmente rico em minerais e uma boa fonte de proteínas. (102)

Vários estudos demonstraram os efeitos benéficos que o consumo de chia pode ter no organismo. A sua composição torna-a uma excelente ajuda para manter a integridade mental e psicológica e ainda no combate a algumas doenças de coração, digestivas, alguns tipos de tumor, e à obesidade.(103)

Vários estudos demonstraram os efeitos da chia na perda de peso. Sendo rica em anti-oxidantes, impede a proliferação dos adipócitos (bastante sensíveis à oxidação) ,diminui a quantidade de citoquinas pró-inflamatórias e aumenta a quantidade de adiponectinas,(104) consequentemente observa-se uma redução da gordura visceral e circunferência abdominal, resultado de uma perda de peso. (102) Observam-se ainda efeitos benéficos sobre a resistência à insulina, dislipidemia e disfunções do tecido adiposo, permitindo concluir que a S. hispânica pode ter um papel crucial no tratamento do síndrome metabólico.(104)

Embora se tenham obtido resultados muito interessantes, os estudos existentes foram realizados com recurso a modelos animais, pelo que é imperativo que se estudem os efeitos e mecanismos dos diferentes componentes de chia no consumo pelo Homem, tendo em atenção o ajuste de doses e toxicidade derivada da sua ingestão prolongada.(103) Devido às suas propriedades seria ainda interessante avaliar com maior profundidade o seu efeito cardioprotetor.(102)

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Taraxacum officinale

Figura 19 - Taraxacum officinale (7)

Da família Asteraceae, as plantas do género Taraxacum, têm sido usadas como diurético há mais de 2000 anos, quer na medicina tradicional chinesa, quer na medicina Ayurvédica. Aquela que se encontra nos principais suplementos da América e Europa é a espécie Taraxacum officinale ou dente de leão.(105)

Um pouco por todo o mundo, o dente de leão tem sido utilizado para tratar as mais diversas situações, na Arábia é usada para tratar problemas de fígado e baço, na Alemanha (um dos maiores consumidores mundiais desta planta) para tratar a gota, diarreia e problemas de baço e fígado, na América do Norte trata problemas de rins, dispepsia e pirose, no México é utilizada para controlar a diabetes e na Turquia utiliza-se o seu poder diurético e laxativo. Além disto, na medicina popular ainda se referem o seu uso como destoxificante do sangue, para tratar a artrite e reumatismo e ainda algumas doenças de pele como o eczema.(106)

No que toca à sua composição química, o dente de leão possui nas suas folhas, luteolina e apigenina; nas suas folhas e flores, quercetina, luteolina; nas suas folhas, flores e raíz ácido cafeico, ácido clorogénico e ácido monocaffeiltartarico e nas suas folhas e raíz, ácido p-hydroxifenylacético.(107)

Esta planta é consumida de diversas formas, as suas folhas podem ser consumidas frescas como uma salada, as suas raízes torradas são um bom substituto do café, e o seu extrato é utilizado como aditivo para conferir sabor a algumas bebidas alcoólicas,

(41)

32 sobremesas e queijos. A forma de consumo mais comum quando o objetivo é a perda de peso é a infusão obtida das suas folhas secas.(106)

Embora a informação sobre os efeitos do dente de leão na perda de peso seja escassa, vários estudos comprovam a sua ação em alterações relacionadas com a obesidade como o efeito hipolipidémico e a diminuição da resistência à insulina, pelo que se pode afirmar que mais do que na obesidade, o dente de leão tem efeitos muito benéficos no síndrome metabólico. (107)

Considera-se a ingestão de T. officinale bastante segura, não tendo apresentado quaisquer efeitos adversos na toma oral de 6g/Kg de peso corporal. Devido à sua composição pode causar (raramente) dermatite de contacto. Por ser um forte diurético está contra-indicado em insuficientes renais.(106)

Zingiber officinale

Figura 20 - Zingiber officinale

O Zingiber officinale é uma espécie pertencente à família das Zingiberaceae, tradicionalmente conhecida como gengibre, é uma das plantas mais consumidas em todo o mundo atualmente.(108).

Natural da Ásia, a sua utilização tem-se espalhado rapidamente pela Europa pela fama dos seus potenciais efeitos benéficos na saúde,(20) incluindo ação anti-inflamatória e anti-oxidante, capacidade de reduzir os níveis de lípidos e glucose, efeito anti-hemético e anticancerígeno.(20)

(42)

33 O gengibre contém vários fitoquímicos e compostos biologicamente ativos, entre os quais se encontram os ácidos fenólicos e os flavonoides e ainda o gingerol e o shogaol.(109) Estes dois últimos têm-se provado benéficos na melhoria da tolerância à glucose, melhoria do perfil lipídico e ainda modulação dos fatores de inflamação.(20)

Recentemente, o gengibre tem vindo a ser estudado pela sua capacidade de auxiliar na perda de peso. Embora ainda não existam estudos concretos, pensa-se que a ingestão do gengibre possa afetar o nível de adipocinas, regulando a função adipocitária e as vias metabólicas.(110)

Os mecanismos através dos quais o gengibre aumenta a perda de peso são a regulação do metabolismo lipídico, a supressão da digestão de hidratos de carbono, a modulação da secreção da insulina, a inibição do stress oxidativo e a atividade anti-inflamatória.(20)

A informação sobre qual das formas (pó, extrato ou compostos ativos) apresenta melhores efeitos, qual a dose que deve ser tomada e ainda quais são os possíveis efeitos negativos ainda é muito limitada, pelo que são necessários mais estudos até que se possa tirar conclusões.(108)

(43)

34

Conclusão

O estilo de vida da população portuguesa está a mudar. Os dias agitados levam a que o cuidado dado à alimentação não seja o melhor, dando origem a distúrbios alimentares que podem ir de carências vitamínicas a problemas a excesso de peso.

No entanto, a tendência de querer ser e parecer mais saudável tem vindo a acompanhar a alteração do estilo de vida das pessoas, o que as leva a procurar soluções rápidas, eficazes e pouco dispendiosas para os seus problemas de saúde, nomeadamente a nível da alimentação.

Quando a terapia convencional não consegue oferecer uma resposta eficaz, como é o caso da obesidade, cada vez mais pessoas recorrem a suplementos alimentares. A venda de suplementos sofreu um crescimento exponencial na última década.

Os suplementos disponíveis para a perda de peso, são muitos e geralmente tratam-se de misturas de componentes, no entanto, a grande maioria é composta por plantas.

Todas as plantas apresentadas neste artigo, provaram ser eficazes para a perda de peso, especialmente quando acompanhadas de uma dieta equilibrada e algum exercício físico. O suplemento ideal para cada caso deve ser discutido consoante a alimentação é mais rica em lípidos ou em açucares ou haja outras necessidades inerentes como a de melhoria de retenção de líquidos, celulite, intestino preguiçoso.

Apesar da falta de documentação científica acerca da contra-indicações, toxicidade e interações para a maioria dos suplementos, este é um ponto que nunca deve ser descurado no aconselhamento e toma destes produtos.

Imagem

Figura 2 - Ananas comosus (7)
Figura 3 - Annona muricata (7)
Figura 4 - Baccharis trímera (7)
Figura 5 - Camellia sinensis (7)
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Referências

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