• Nenhum resultado encontrado

Indicadores de saúde do trabalhador: um estudo com foco na perícia oficial e exame médico periódico

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Indicadores de saúde do trabalhador: um estudo com foco na perícia oficial e exame médico periódico"

Copied!
101
0
0

Texto

(1)MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA. LÍDIA MARIA COSTA ARAÚJO MAGALHÃES. INDICADORES DE SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO COM FOCO NA PERÍCIA OFICIAL E EXAME MÉDICO PERIÓDICO. NATAL/RN 2017.

(2) LÍDIA MARIA COSTA ARAÚJO MAGALHÃES. INDICADORES DE SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO COM FOCO NA PERÍCIA OFICIAL E EXAME MÉDICO PERIÓDICO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Área de concentração: Saúde Coletiva Linha de pesquisa: Políticas, gestão e planejamento em saúde Orientadora: Prof.a Dr.a Fábia Barbosa de Andrade. NATAL/RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - -Departamento de Odontologia Magalhães, Lídia Maria Costa Araújo. Indicadores de saúde do trabalhador: um estudo com foco na perícia oficial e exame médico periódico / Lidia Maria Costa Araujo Magalhaes. - 2017. 99 f.: il. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2017. Orientadora: Profa. Dra. Fábia Barbosa de Andrade.. 1. Saúde do Trabalhador - Dissertação. 2. Absenteísmo Dissertação. 3. Política de Saúde do Trabalhador - Dissertação. I. Andrade, Fábia Barbosa de. II. Título. RN/UF/BSO. BLACK D585.

(4) LÍDIA MARIA COSTA ARAÚJO MAGALHÃES. INDICADORES DE SAÚDE DO TRABALHADOR: UM ESTUDO COM FOCO NA PERÍCIA OFICIAL E EXAME MÉDICO PERIÓDICO. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em: 04 de julho de 2017. BANCA EXAMINADORA:. _______________________________________________________________ Prof.a Dr.a Iris do Céu Clara Costa - Presidente Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN _______________________________________________________________ Prof.a Dr.a Edna Maria da Silva – Membro Interno Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN _______________________________________________________________ Prof.a Dr.a Flávia Christiane de Azevedo Machado – Membro Interno Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN _______________________________________________________________ Prof.a Dr.a Lenilma Bento de Araújo Meneses - Membro Externo Universidade Federal da Paraíba/UFPB.

(5) AGRADECIMENTOS A Deus, por sustentar-me nas horas difíceis, pelo dom da vida e por permitir a conclusão de mais uma etapa de estudo. Aos meus amados pais, Jorisvaldo e Nélia, que me guiam desde os meus primeiros passos e são exemplo de amor e dedicação; agradeço também ao meu irmão Bruno pelo apoio e incentivo nessa trajetória. Vocês são a minha motivação. Ao meu querido esposo Marcelo, por todo o amor, incentivo e paciência dedicados a mim em todos os momentos de dificuldade enfrentados nas nossas vidas. À família que ganhei de presente de Deus: Mércia, Edson (in memoriam), Tiago, Manuella, Luciana, Adriano, Lucas, Letícia, Lara e Rafael. Agradeço especialmente à Prof.a Dr.a Fábia Barbosa, exemplo de Mestre, com enorme generosidade compartilhou seus conhecimentos, acreditou no meu potencial e incentivou-me sempre. Aos integrantes das bancas de qualificação e defesa: Prof.a Dr.a Iris Costa, Prof.a Dr.a Edna Silva, Prof.a Dr.a Flávia Machado e Prof.a Dr.a Lenilma Meneses, pelas valiosas contribuições as quais enriqueceram esse trabalho. Às colegas enfermeiras Tainara e Dandara, sem as quais este trabalho não teria sido possível. Aos professores Rodrigo Dantas e Cleonice Cavalcante, os quais me ajudaram na elaboração do projeto de pesquisa para ingresso no mestrado. Aos colegas de trabalho da Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor/UFRN, por todo o suporte e palavras de conforto em todos os momentos que precisei. Aos seletos colegas de mestrado do PPGSCol da UFRN, pela construção coletiva do conhecimento..

(6) Às colegas enfermeiras do centro cirúrgico do Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, pela torcida e companheirismo. Aos servidores do Ministério do Planejamento, Carlos Batista e Lorena Medeiros, por disponibilizarem o banco de dados utilizado nesta pesquisa. À UFRN, por incentivar a qualificação profissional dos seus servidores..

(7) “O conhecimento amplia a vida. Conhecer é viver uma realidade que a ignorância impede desfrutar.” Carlos Bernardo González Pecotche.

(8) RESUMO Os Indicadores de Saúde do Trabalhador (IST) são parâmetros relevantes para o planejamento de ações, com vistas à vigilância em Saúde do Trabalhador. No Brasil, as ações de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) para servidores públicos federais foram normatizadas de acordo com a Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (PASS). O objetivo deste estudo é conhecer os IST, com foco na Perícia Oficial em Saúde e Exame Médico Periódico dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Trata-se de um estudo exploratóriodescritivo, transversal, de abordagem quantitativa e natureza retrospectiva, com dados referentes ao período de 2011 a 2015, na cidade de Natal/RN. Quanto ao absenteísmo por doença, o perfil dos servidores se caracterizou por predomínio do sexo feminino, com idade de 51 a 60 anos, ocupante de cargos de nível médio e fundamental. Ao longo da série histórica, observou-se que o número de dias perdidos de trabalho por servidor e a frequência de licenças aumentaram, apesar da diminuição do Índice de Duração do Absenteísmo (IDA) e estabilização da Frequência de Trabalhadores com Licença Médica (FTLM). No que se refere às causas. do. absenteísmo,. prevaleceram. doenças. respiratórias. (25,6%),. osteomusculares (16,2%) e infecciosas e parasitárias (13,0%) entre as licenças de curta duração e, para os afastamentos homologados através de avaliação pericial, predominaram as doenças osteomusculares (18,4%), transtornos mentais (17,2%) e doenças respiratórias (9,2%). Quanto à adesão dos servidores à realização do EMP, foi decrescente, com maior percentual no ano de 2012 (35,3%). Durante o período analisado, 5.186 servidores realizaram o EMP, e a maioria (60,6%) apresentou peso não ideal; 41,1% são sedentários; 33,2% têm dislipidemia; 29,0% são etilistas; 3,2%, tabagistas; 5,9%, diabéticos; 16,4% referiram ruído elevado no local de trabalho; 27,8%, iluminação inadequada e 35,9%, mobiliário de trabalho inadequado. Diante dos resultados, observa-se a necessidade de manutenção e fortalecimento da PASS e, consequentemente, implementação de estratégias de impacto positivo para a SST. PALAVRAS-CHAVE: Saúde do Trabalhador. Absenteísmo. Serviços de Saúde do Trabalhador. Política de Saúde do Trabalhador. Vigilância em Saúde do Trabalhador..

(9) ABSTRACT The Occupational Health Indicators (OHI) are relevant parameters for planning actions aimed at the surveillance on Occupational Health. In Brazil, Occupational Health and Safety (HOS) actions for federal public servants were standardized according to the Occupational Safety and Health Care Policy (PASS in Portuguese). The objective of this study is to know the OHI focused on the Official Health Expertise and the Periodical Medical Examination (PME) of the servants of the Federal University of Rio Grande do Norte. This is an exploratory-descriptive and cross-sectional research, with a quantitative approach and a retrospective nature, with data relating to the period from 2011 to 2015, in the city of Natal/RN. As for the absenteeism due to disease, the profile of the servants licensed for health treatment was characterized by the predominance of women aged between 51 and 60 years and working at medium and elementary-level positions. Throughout the historical series, the number of lost days of work per servant and the frequency of leaves increased, although the Absenteeism Duration Index (ADI) decreased and the Frequency of Workers with Medical Leave (FWML) kept stable. Regarding the causes of absenteeism, there was a prevalence of respiratory diseases (25.6%), musculoskeletal diseases (16.2%) and infectious and parasite diseases (13.0%) among the short-time leaves. Musculoskeletal diseases (18.4%), mental disorders (17.2%) and respiratory diseases (9.2%) prevailed in relation to leaves approved by means of expert evaluation. As for the adhesion of the servers to the PME, it was decreasing, with a higher percentage in the year 2012 (35.3%). During the analyzed period, 5,166 servers performed the PME and the majority (60.6%) presented nonideal weight, 41.1% were sedentary, 33.2% had dyslipidemia, 29.0% were alcoholic, 3.2% were smokers, 5.9% diabetics, 16.4% reported high noise in the workplace, 27.8% inadequate lighting and 35.9% inadequate work furniture. In view of the results, there is need to maintain and strengthen the PASS and, consequently, to implement positive impact strategies for HOS. KEYWORDS: Occupational Health. Absenteeism. Occupational Health Services. Occupational Health Policy. Surveillance of the Workers Health..

(10) LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fluxograma das etapas para a conclusão do Exame Médico Periódico, segundo a portaria normativa no 4, de 15/09/2009.. 44. Figura 2 - Organograma da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 49.

(11) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Indicadores de absenteísmo, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 59. Gráfico 2 - Distribuição da razão dos afastamentos menores e maiores do que 15 dias, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 62. Gráfico 3 - Distribuição do IDA, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 65. Gráfico 4 - Distribuição de razão de convocação, adesão, não adesão e cobertura ao EMP, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 68. Gráfico 5 - Distribuição da adesão ao EMP segundo estrutura organizacional da UFRN, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 72.

(12) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Demonstrativo da força de trabalho da UFRN, 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 51. Tabela 2 – Distribuição das variáveis, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 67. Tabela 3 - Distribuição dos fatores de risco associados à hipertensão arterial, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 75. Tabela 4 - Distribuição dos fatores de risco associados ao ritmo acelerado de trabalho, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 80.

(13) LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Etapas previstas pelo EMP. SIASS/UFRN, 2017.. 38. Quadro 2- Demonstrativo das definições que envolvem a normatização do Exame Médico Periódico.. 45. Quadro 3 - Distribuição das variáveis usadas no estudo, série histórica 2011-2015. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 51. Quadro 4 - Distribuição dos agravos de saúde segundo os capítulos da CID-10.. 52. Quadro 5 - Nomenclatura, definição e forma de cálculo dos Indicadores de absenteísmo.. 53. Quadro 6 – Variáveis usadas para o EMP. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 53. Quadro 7 - Distribuição dos órgãos executivos da UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. 54.

(14) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABESO - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica ACT - Acordo de Cooperação Técnica AGHU - Assessoria para Gestão dos Hospitais Universitários APF - Administração Pública Federal ASO - Atestado de Saúde Ocupacional BCZM - Biblioteca Central Zila Mamede CAAE - Certificado de Apresentação e Apreciação Ética CAS - Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho CB - Centro de Biociências CCET - Centro de Ciências Exatas e da Terra CCHLA - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes CCS - Centro de Ciências da Saúde CCSA - Centro de Ciências Sociais Aplicadas CEDUC - Centro de Educação CEP - Comitê de Ética em Pesquisa CERES - Centro de Ensino Superior do Seridó CEREST - Centros de Referência em Saúde do Trabalhador CESAT - Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador CGSET - Coordenação Geral de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho CID-10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde CISST - Comissão Interna de Saúde e Segurança do Trabalho CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CNST - Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador COAPS - Coordenadoria de Apoio Psicossocial ao servidor COMPERVE - Núcleo Permanente de Concursos COMUNICA - Superintendência de Comunicação CONSAD - Conselho de Administração COPS - Coordenadoria de Promoção da Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental.

(15) COVEPS - Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde CQVT - Coordenadoria de Qualidade de Vida no Trabalho CRUTAC - Núcleo para Ação Acadêmica em Comunidades CT - Centro de Tecnologia DAS - Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis DM - Diabetes Mellitus DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes EAJ - Escola Agrícola de Jundiaí EAS - Elementos Anormais e Sedimentoscopia ECT - Escola de Ciências e Tecnologia ELSA - Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto EMCM - Escola Multicampi de Ciências Médicas do RN EMP - Exame Médico Periódico EMURF - Escola de Música ESUFRN - Escola de Saúde de Natal FACISA - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi FLM - Frequência de Licenças Médicas FTLM - Frequência de Trabalhadores com Licença Médica FUNASA - Fundação Nacional de Saúde HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica HOSPED - Hospital de Pediatria Professor Heriberto Ferreira Bezerra HUAB - Hospital Universitário Ana Bezerra HUOL - Hospital Universitário Onofre Lopes IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICe - Instituto do Cérebro IDA - Índice de duração do absenteísmo IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia IGA - Índice de Gravidade do Absenteísmo IMC - Índice de Massa Corpórea IMD - Instituto Metrópole Digital IMT - Instituto de Medicina Tropical INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INSS - Instituto Nacional da Seguridade Social.

(16) IPAQ - Internacional Physical Activity Questionnaire MCC - Museu Câmara Cascudo MEJC - Maternidade Escola Januário Cicco MP - Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão NAC - Núcleo de Arte e Cultura NHH - Núcleo de Hematologia e Hemoterapia NOSS - Norma Operacional de Saúde do Servidor NR - Normas Regulamentadoras NUPLAM - Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series OIT - Organização Internacional do Trabalho OMS - Organização Mundial da Saúde OSHA - Occupational Safety and Health Administration PASS - Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho PNSST - Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho PNSTT - Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora PPg - Pró-Reitoria de Pós-Graduação PPGSCol - Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva PROAD - Pró-Reitoria de Administração PROAE - Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis PROEX - Pró-Reitoria de Extensão Universitária PROGESP - Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação PROPESQ - Pró-Reitoria de Pesquisa PROPLAN - Pró-Reitoria de Planejamento e Coordenação Geral PROUNI - Programa Universidade para Todos PSA - Antígeno Prostático Específico PSO - Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais RN - Rio Grande do Norte SEDIS - Secretaria de Educação a Distância SIAPE - Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos.

(17) SIAPE SAÚDE - Sistema de Informações de Saúde e Segurança no Trabalho da Administração Pública Federal SIASS - Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas SIGEPE - Sistema de Gestão de Pessoas SIN - Superintendência de Infraestrutura SINFO - Superintendência de Informática SIPEC - Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal SISOSP - Sistema Integrado de Saúde Ocupacional do Servidor Público Federal SPSS - Statistical Package for the Social Science SRI - Secretaria de Relações Internacionais e Interinstitucionais SST - Saúde e Segurança no Trabalho ST - Saúde do Trabalhador SUS - Sistema Único de Saúde TAE - Técnico-administrativo nível E; TC/D - Técnico-administrativo níveis C/D. TGO - Transaminase Glutâmica Oxalacética TGP - Transaminase Glutâmica Pirúvica UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte VISAT - Vigilância em Saúde do Trabalhador.

(18) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 17. 2 OBJETIVOS.............................................................................................. 20. 2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................. 20. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................... 20. 3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 21. 3.1 HISTÓRIA E EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE DO TRABALHADOR......... 21. 3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL.......................................................................................................... 26. 3.3 POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL........................................................... 31. 3.4 MECANISMOS REGULATÓRIOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR.... 41. 4 METODOLOGIA........................................................................................ 48. 4.1 TIPO DE ESTUDO.................................................................................. 48. 4.2 LOCAL DE ESTUDO.............................................................................. 48. 4.3 PERÍODO DO ESTUDO......................................................................... 50. 4.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................... 50. 4.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO....................................................................... 51. 4.6 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................... 55. 4.7 ASPECTOS ÉTICOS.............................................................................. 55. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 56. 5.1 AVALIAÇÃO DA PERÍCIA OFICIAL EM SAÚDE.................................... 56. 5.2 EXAME MÉDICO PERIÓDICO: ADESÃO E AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCO.................................................................................... 67. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 83. REFERÊNCIAS............................................................................................. 86.

(19) 17. 1 INTRODUÇÃO O trabalho é um dos determinantes que mais provocam impactos nas condições e qualidade de vida do homem e, consequentemente, na sua saúde. Nesse sentido, as relações entre saúde e trabalho podem ser compreendidas através da análise de indicadores que retratam a situação de saúde e doença no contexto laboral e fornecem subsídios relevantes para o planejamento de ações com vistas à vigilância à Saúde do Trabalhador (ST). De acordo com Rouquayrol e Almeida Filho (2003), indicadores de saúde são parâmetros utilizados para mensurar o nível de saúde das coletividades humanas e fornecer ferramentas aos planejamentos em saúde, possibilitando o seguimento das flutuações e tendências históricas dos padrões sanitários das populações. Destacase que o conhecimento epidemiológico é essencial para a consolidação das práticas de ST como forma de aliar a epidemiologia e a promoção da saúde. Fernandes (2009) enfatiza que o campo da ST é um tema de profunda importância e atualidade, sobretudo em uma época de intensas transformações no mundo do trabalho, com sérias implicações sobre a saúde física e mental do cidadão-trabalhador, bem como ao meio ambiente geral e do trabalho. O trabalho interfere na vida e saúde preocupando entidades governamentais e não governamentais do mundo todo, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) (BEDIN, 2009). Ressalta-se que o trabalho tem fundamental importância para o ser humano, uma vez que é o caminho pelo qual se obtém respeito, integração, sociabilidade, reconhecimento e laços de amizade. Por outro lado, as condições de vida dos trabalhadores do Brasil são agravadas pela alternância de etapas de crescimento e industrialização acelerada com momentos de recessão, resultando em adoção, por parte dos governantes, de medidas de ajuste e cortes financeiros nas políticas sociais, como educação, saúde, segurança, transporte, moradia e trabalho, entre outras (MEDEIROS JUNIOR, 2005; COSTA et al., 2013). No contexto do serviço público federal brasileiro, desde o seu surgimento até meados do ano de 2006, as questões relativas à saúde dos servidores não se constituíam prioridade e só eram consideradas quando o adoecimento gerava ausência ao trabalho. A inexistência de um sistema estruturante com informações de saúde, que permitisse traçar o perfil de morbidade dos servidores e das reais.

(20) 18. condições de trabalho, inviabilizou a gestão das políticas relacionadas à saúde do servidor. Nesse cenário, os altos índices de absenteísmo e aposentadorias precoces exigiram ações concretas de promoção da saúde do servidor por parte do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), órgão responsável por coordenar as ações referentes à Saúde e Segurança no Trabalho (SST) dos servidores públicos vinculados ao poder executivo federal (BRASIL, 2008a). Desta forma, diante da necessidade de uma Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (PASS) como resposta a esta realidade e no intuito de consolidar ações na área de SST para os trabalhadores, foi criado o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) através do Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009, com a finalidade de estruturar e integrar ações e programas referentes à assistência à saúde, perícia, promoção, prevenção e acompanhamento da saúde dos servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional (BRASIL, 2014). Nesse sentido, o presente trabalho discute indicadores de saúde do trabalhador, tomando por referência o Exame Médico Periódico (EMP) e a Perícia Oficial em Saúde, alicerces da PASS. Os fatores de risco para o adoecimento dos servidores, mediante indicadores de saúde, devem ser acompanhados previamente por meio da identificação de sinais e sintomas, com vistas ao desenvolvimento de um plano estratégico de cuidado, com foco preventivo e de promoção da saúde, para que a saúde do trabalhador seja preservada em seu ambiente laboral. No que se refere ao pilar de Perícia Oficial em Saúde no âmbito da PASS, destaca-se que tal atividade consiste na avaliação técnica de questões relacionadas à saúde e à capacidade laboral do servidor. Dentre as várias modalidades de competência da Perícia Oficial em Saúde, destaca-se neste estudo a Licença para Tratamento da Saúde do servidor, a qual consiste no direito de o servidor ausentarse do trabalho por motivo de doença (BRASIL, 2014). Destaca-se a necessidade de estudos em torno do EMP para que os achados possam retornar à unidade responsável pelos servidores, permitindo o norteamento de diretrizes de cuidado e práticas de promoção da saúde. Diante deste contexto, a Universidade precisa ser conhecedora dos fatores de risco para o adoecimento e dos agravos à saúde dos servidores, visando à implantação de um sistema de vigilância à saúde com foco na qualidade de vida..

(21) 19. Além das informações do EMP, deve ser do conhecimento dos responsáveis pelo planejamento em saúde a existência de eventos relacionados à saúde do servidor, igualmente possíveis de serem extraídos através das informações da Perícia Oficial em Saúde, os quais servem como dados comparativos, qualificando ainda mais a pesquisa. É fundamental aprofundar o estudo em relação à saúde do servidor público federal, considerando a necessidade de pesquisar, conhecer e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho e com isso orientar os gestores no planejamento e controle das atividades, além de possibilitar deduções quanto aos efeitos das decisões e de seus resultados. O interesse para a realização do presente estudo se deu por ser a pesquisadora enfermeira do trabalho de uma instituição federal de ensino superior, atuante no serviço de atenção à saúde do servidor, e ter percebido a necessidade de conhecimento das circunstâncias mais comuns que levam ao adoecimento e, por isso, necessitam de intervenção, bem como a escassez de estudos que abordem o absenteísmo na referida instituição. Por outro lado, o estudo sobre EMP tem se caracterizado inovador pela importância do seguimento clínico e vigilância dos fatores de riscos e, por sua vez, surgimento de agravos preveníveis. Assim, o presente estudo é considerado de grande relevância, visto que o desenvolvimento de pesquisas acerca de indicadores de saúde do trabalhador emerge como uma necessidade atual, importante para traçar políticas e programas de promoção à saúde e prevenção dos agravos e de doenças relacionadas ao trabalho, favorecendo a qualidade de vida dos servidores da UFRN e de outras instituições que enfrentem os mesmos desafios. Neste sentido, a pesquisa aqui desenvolvida parte da necessidade de planejamento de ações de atenção à saúde do servidor e de inúmeras questões que advêm do processo saúde-doença e trabalho, por meio das quais surge o seguinte questionamento: quais os indicadores de saúde do trabalhador com foco na Perícia Oficial em Saúde e Exame Médico Periódico dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil?.

(22) 20. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Conhecer os indicadores de Saúde do Trabalhador com foco na Perícia Oficial em Saúde e Exame Médico Periódico dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar os indicadores de Perícia Oficial em Saúde, considerando as licenças para tratamento da saúde dos servidores da UFRN no período de 2011 a 2015; Conhecer a situação de adesão e acompanhamento do Exame Médico Periódico dos servidores da UFRN, considerando a série histórica de 2011 a 2015; Conhecer as potencialidades e fragilidades do uso do Exame Médico Periódico no tocante à promoção da saúde;.

(23) 21. 3 REVISÃO DE LITERATURA Com o propósito de subsidiar este estudo, a revisão de literatura foi apoiada nos seguintes temas: História e Epidemiologia da Saúde do Trabalhador; Políticas Públicas de Saúde do Trabalhador no Brasil; Política de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho do Servidor Público Federal e, Mecanismos Regulatórios da Saúde do Trabalhador. 3.1 HISTÓRIA E EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE DO TRABALHADOR Na história da humanidade, observa-se que, na época da antiguidade, a relação entre saúde e trabalho era referenciada - ainda que diminuta - entre os povos egípcios e judeus, e no mundo greco-romano. Nesse contexto, nas Idades Antiga e Média, períodos da História que compreendem os anos de 4.000 a.C. a 1.453 d.C., os regimes de trabalho escravo e servil eram considerados um castigo ou estigma, e a preocupação em preservar a saúde dos trabalhadores, considerados ferramentas, sem história e sem perspectivas, inexistia para as figuras detentoras do poder (MENDES; WAISSMANN, 2007; NOSELLA, 1989). Passados os anos, em meados do século XVIII, com a Revolução Industrial na Europa, o processo de transformação econômico-social converteu os trabalhadores em reféns das máquinas, do ritmo acelerado e da acumulação rápida de capital. Os ambientes de trabalho eram insalubres, aos quais se submetiam também mulheres e crianças (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). Os acidentes de trabalho eram numerosos, provocados por máquinas sem qualquer tipo de proteção, cujo funcionamento era desconhecido pelos funcionários. Nesse contexto, intervenções foram necessárias sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo de produção, culminando então, com a criação dos primeiros serviços de medicina do trabalho (RODRIGUES; BELLINI, 2010; MENDES; DIAS, 1991). No início do século XIX, surgiu a Medicina do Trabalho. Naquela época, os serviços médicos das empresas, centrados na figura do médico, eram coordenados por pessoas de total confiança do empregador e, sendo assim, aptas a defendê-lo. A figura do médico tinha caráter de onipotência, e a expectativa era promover a “adequação do trabalho ao trabalhador”. Mas, na verdade, era limitada à seleção de.

(24) 22. candidatos a emprego, escolhendo mão-de-obra menos geradora de absenteísmo, e ao esforço de adaptar os trabalhadores às suas condições de trabalho, através de treinamentos (MENDES; DIAS, 1991). Os altos índices de acidentes e adoecimento estabelecidos pelas precárias condições de vida e trabalho ocasionaram prejuízos econômicos e reivindicações dos trabalhadores. Naquela realidade, a presença do médico no interior das fábricas justificou-se pela possibilidade de recuperação do trabalhador o mais rápido possível para retorno às atividades laborais. Dessa maneira, o nascimento da Medicina do Trabalho direcionado à intervenção médica resultou em um enfoque biologicista e individual (DIAS; HOEFEL, 2005; OLIVEIRA, 2001). Ao longo dos anos, com a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, prover serviços médicos aos trabalhadores tornou-se cada vez mais prioridade por intermédio de recomendações e orientações de grupos de especialistas na área. Esse modelo de serviço ampliou-se velozmente por outros países desenvolvidos e em desenvolvimento, lado a lado ao processo de industrialização (MENDES; DIAS, 1991). Após a Segunda Guerra Mundial, foram introduzidas novas estratégias de ações voltadas para a saúde do trabalhador. Surgiu a Saúde Ocupacional, e a centralidade da figura médica deu lugar à equipe multidisciplinar, com o objetivo de controlar os riscos ambientais nas indústrias. A abordagem das relações trabalhosaúde parte do conceito de corpo como máquina, o qual se submete a fatores de risco (físicos, químicos, biológicos, mecânicos) existentes no ambiente de trabalho e, dessa forma, compreende-se o trabalho através de traços detectáveis por instrumentos das ciências físicas e biológicas (MINAYO-GOMEZ, THEDIM-COSTA, 1999; LACAZ, 2007). Na Europa, em meados do século XX, sob o impulso de políticas públicas e reorganização de movimentos sociais, surgiram questionamentos sobre as condições de trabalho existentes para a população, refletindo uma postura de luta dos trabalhadores no sentido de reivindicar mudanças para garantir a saúde e qualidade de vida das pessoas (DIAS; HOEFEL, 2005). Ecos desse movimento apareceram no Brasil em meados da década de 19701980, em um contexto histórico de transição democrática. Dessa forma, através de manifestações no âmbito da Saúde Pública, de setores sindicais e acadêmicos do país, teve início a construção do campo da Saúde do Trabalhador, o qual contempla.

(25) 23. o estudo dos processos de trabalho articulado às questões sociopolíticoeconômicas, visando romper com as teorias propostas pela Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional. Diante desse aspecto, os trabalhadores passam a construir sua própria história, pois são sujeitos ativos dos processos de estudos e modificações dos ambientes de trabalho (OLIVEIRA, 2001; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). Nessa ótica, a ST emerge enquanto modelo de saúde que, desta vez, privilegia o trabalhador. O alicerce desse campo envolve os seguintes eixos: a defesa do direito ao trabalho digno e saudável; a participação dos trabalhadores nas decisões sobre a organização e gestão dos processos produtivos e a busca da garantia de atenção integral à saúde (DIAS, 1994). Entretanto, outros desafios para a ST surgiram, como o advento da globalização no final do século XX, o que refletiu em um modelo de organização do trabalho que visava garantir o cumprimento de metas, objetivos e planos, aliado ao aumento da produtividade e dos resultados e, se possível, à diminuição de custos. As condições dessa nova ordem mundial resultaram na introdução de novos processos de produção e gestão do trabalho, gerando novos riscos para a saúde do trabalhador e o meio ambiente (RODRIGUES; BELLINI, 2010; MENDES; DIAS, 1991). Diante desse cenário, o mundo do trabalho causou impactos na vida da sociedade: agravos à saúde, estresse, competitividade desenfreada, desemprego, precarização das condições de trabalho e desequilíbrio nas relações entre trabalho e família. Além disso, o avanço tecnológico não foi capaz de eliminar ou reduzir os infortúnios laborais relacionados, em grande medida, ao aumento do ritmo e da intensificação do trabalho exigidos atualmente no mundo (CARVALHO, 2014). A OIT divulga regularmente informações que revelam a persistência, em todo o mundo, de elevados números de acidentes e doenças originadas nos processos de trabalho, revelando a magnitude destes eventos para a Saúde Pública. Segundo os relatórios divulgados, a cada ano, ocorrem cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho no mundo, e o Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de acidentes fatais (ZINET, 2012). Ainda de acordo com a OIT, estima-se que, anualmente, 2,34 milhões de pessoas no mundo morrem por infortúnios no trabalho e, dessas mortes, aproximadamente 2 milhões seriam causadas por doenças relacionadas ao trabalho..

(26) 24. Os dados do Anuário Brasileiro de Proteção mostram que, no ano de 2013, ocorreram 717.911 acidentes de trabalho no total, 2.814 óbitos e 16.121 incapacidades permanentes (BRASIL, 2015b). No período de 2004 a 2014, entre trabalhadores do setor formal, houve queda nas taxas de mortalidade devido a acidentes de trabalho típicos e de trajeto, e doenças ocupacionais. Todavia, essas informações geram preocupação, pois representam apenas uma parcela do total de acidentes efetivamente ocorridos, visto que excluem agravos sofridos por trabalhadores do setor informal e aqueles não registrados pelas empresas, resultando na subnotificação de casos (ZINET, 2012; DIEESE, 2016). O trabalhador sofre várias consequências provocadas pelos acidentes de trabalho e doenças profissionais típicas, com elevados custos sociais e econômicos: debilidade física e psíquica, diminuição da capacidade laborativa e financeira, podendo excluí-lo do mercado de trabalho e consumo. O empregador também é atingido com a diminuição da produtividade, falta de mão-de-obra, perda de material e/ou danificação de equipamentos (BEDIN, 2009). Becker e Oliveira (2008) relatam que o tipo de categoria profissional e as condições em que ela é desenvolvida podem determinar riscos para a ST. Em referência ao ambiente de trabalho, relacionam-se fatores como: ruído, iluminação inadequada, temperaturas extremas, vibração e higiene; e relacionados à organização do trabalho, estão fatores como: conteúdo da tarefa, horário de trabalho, sobrecarga ou subcarga de trabalho físico e mental, participação e envolvimento no trabalho, relações interpessoais, ritmo de trabalho e impossibilidade de ascensão funcional, por ausência de planos de cargos e salários. Segundo Mendes (1988), além das doenças profissionais específicas, também merece destaque a contribuição inespecífica do trabalho à morbidade dos trabalhadores, equivalente às doenças em que o trabalho é fator contributivo (categoria II da classificação de Schilling) e àquelas doenças em que o trabalho é provocador ou agravador de distúrbios ou doenças pré-existentes (categoria III da classificação de Schilling). No rol de patologias crônicas que abrangem as categorias II e III da classificação de Schilling, as causas mais comuns de morbidade entre trabalhadores são: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), doenças respiratórias crônicas, doenças do aparelho locomotor e os distúrbios mentais. Trata-se de patologias de etiologia.

(27) 25. múltipla nas quais o trabalho é considerado um fator de risco associado à probabilidade aumentada de ocorrência desses agravos (MENDES, 1988; BRASIL, 2001). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em cerca de 36 milhões as mortes anuais por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), compostas principalmente por doenças circulatórias, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e Diabetes Mellitus (DM), as quais possuem fatores de risco - tabagismo, álcool, inatividade física, alimentação não saudável e obesidade - modificáveis em comum (WHO, 2011; BRASIL, 2011a). Uma importante característica dos padrões epidemiológicos do Brasil diz respeito às modificações na composição da morbidade e mortalidade por grupos de causas. Assim, as altas prevalências de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, presentes no início do século XX, deram lugar às DCNT e agravos relacionados aos acidentes e violências (CARMO; BARRETO; SILVA JUNIOR, 2003). No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011a), as DCNT estão entre as principais causas de internações hospitalares, e o custo financeiro para o Sistema Único de Saúde (SUS) representa impacto crescente. Para Abegunde et al. (2007), estimativas para o Brasil sugerem que a perda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar resultantes de patologias crônicas como Diabetes, doenças do coração e Acidente Vascular Encefálico envolveram gastos de US$ 4,18 bilhões, entre 2006 e 2015. Os pesquisadores Moura, Carvalho e Silva (2007) realizaram um estudo sobre a repercussão das DCNT na concessão de benefícios previdenciários pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) e identificaram as doenças osteomusculares e do aparelho circulatório como as principais causas para concessão de auxílio–doença. Essa realidade também é revelada entre servidores públicos em diversos estudos que apresentam os principais grupos de causas das licenças para tratamento da saúde dessa categoria de trabalhadores, com elevados índices de absenteísmo por motivo de doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, transtornos mentais e comportamentais, doenças respiratórias crônicas e doenças do aparelho circulatório (SILVA, 2010; SALA et al., 2009; VALE et al., 2015; LEÃO et al., 2015; CUNHA; BLANK; BOING, 2009; MARANGONI et al.,.

(28) 26. 2016; ANDRADE et al., 2008; PAWLINA; CAMPOS; RIBEIRO, 2009; GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO; 2005). Isso. mostra. a. necessidade. de. novos. planejamentos. estratégicos,. considerando a realidade locorregional, a natureza dos agravos e as estratégias de prevenção dos agravos e promoção da saúde mais viáveis à manutenção da saúde do trabalhador. 3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL As políticas públicas na área de SST devem delimitar e executar, ao mesmo tempo, ações que protejam a saúde e segurança dos trabalhadores e apontem para a garantia do lucro nas atividades produtivas, diante do atual modo capitalista de produção. Destaca-se que a implementação delas vai depender de processos democráticos e participativos que envolvem os trabalhadores, profissionais da área, governo e a sociedade em geral (DIAS; MELO, 2007). Entretanto, os processos de trabalho passam por modificações decorrentes da intensificação do trabalho através das múltiplas atribuições e superexploração do trabalhador. Ademais, associado à essa realidade, observa-se o crescimento das desigualdades sociais e disputas por mercado de trabalho que afastam os trabalhadores da articulação e enfrentamento dessa problemática (DIAS; MELO, 2007). Os autores supracitados apresentam um conceito amplo de políticas públicas no campo da Saúde do Trabalhador quando afirmam que se trata de um conjunto de decisões implementadas em uma dada sociedade, através do Estado, visando garantir que o trabalho, base da organização social e direito fundamental do ser humano, seja executado em condições que venham a contribuir para a qualidade de vida, a realização pessoal e social dos trabalhadores, de modo que não haja prejuízo para sua saúde e integridade física, mental e espiritual. De fato, as referidas políticas devem contemplar as diversas dimensões políticas, sociais, biológicas, econômicas, filosóficas e ambientais que perpassam o campo da Saúde do Trabalhador. Dentre elas, destacam-se as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, bem como aquelas relacionadas às condições e ambientes de trabalho, consideradas medidas importantes para assegurar formas de trabalho dignas, protetivas e saudáveis para todos os trabalhadores..

(29) 27. Para. melhor. entendimento,. faz-se. necessário. relatar. que. o. Brasil. experimentou, embora de forma mais tardia em relação aos países desenvolvidos, a crescente e fundamental mobilização social no intuito de cobrar a interferência do Estado nas relações entre trabalhadores e empregadores, com vistas à redução dos riscos ocupacionais. É possível entender esse atraso em virtude de a maior parte da massa de trabalho ser composta por escravos (índios e negros) durante o período colonial e imperial. Nessa época, as preliminares ações de saúde para o controle de doenças tinham o objetivo de preservar a força de trabalho (SANTOS, 2012). Além da abordagem da saúde, durante o período da República Velha, de 1889 a 1930, teve início o processo de industrialização do país, os passos para o arcabouço referente à legislação trabalhista foram ampliados com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1930; e a introdução, através da constituição de 1934, de alguns direitos destinados aos trabalhadores, como salário mínimo, jornada de trabalho de oito horas, férias remuneradas, liberdade sindical, entre outros (SANTOS, 2012; LUZ; SANTIN, 2010). Mais tarde, em 1943, o governo Vargas instituiu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a qual regulava os direitos dos trabalhadores – com exceção dos trabalhadores informais, autônomos e estatutários – e elucidava o perfil desejado dos sindicatos e seus limites de atuação, controlava a formação e funcionamento das associações, exigia a unicidade sindical e inibia a greve. Por conseguinte, destaca-se esse período da História do Brasil como autoritário, tendo em vista que o governo buscou manter sob seu controle as questões sociais e trabalhistas (SANTOS, 2012; PESSANHA; ARTUR, 2013). No final da década de 1970, mediante a necessidade de adequar a legislação trabalhista brasileira às recomendações sugeridas pelas convenções da OIT, foram criadas as Normas Regulamentadoras (NR) relativas à segurança e medicina do trabalho, as quais são de observância obrigatória pelas empresas que possuem empregados regidos pela CLT (BEJGEL; BARROSO, 2001; SANTOS, 2012). A CLT, apesar de não regular a saúde e segurança no trabalho nas relações de emprego entre servidores de órgãos públicos, teve seus princípios como norteadores dos instrumentos jurídicos a nível do serviço público federal. Vale destacar que o Ministério do Trabalho não tem competência legal para fiscalizar os ambientes de trabalho de instituições públicas e, consequentemente, não pode.

(30) 28. estabelecer sanções administrativas por irregularidades constatadas neste tipo de vínculo empregatício (SANTOS, 2012). Diante dessa realidade, até o ano de 1988, no Brasil, as intervenções públicas em saúde para os trabalhadores eram centralizadas e se limitavam às inspeções do trabalho tradicionais, realizadas por Agentes de Inspeção do Ministério do Trabalho, e apenas os trabalhadores que possuíam contrato de trabalho e carteira profissional assinada dispunham de proteção social – trabalhista, previdenciária e assistência médica – sob a responsabilidade dos Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social (DIAS; RIBEIRO, 2011; VILELA; RICARDI; IGUTI, 2001). Assim, o movimento da Saúde do Trabalhador surgiu na década de 80 do século passado, em meio ao processo sociopolítico de reconstrução democrática, ao final da ditatura militar. Na sua origem, reuniu profissionais da saúde, das Universidades, lideranças sindicais e organizações de trabalhadores, os quais buscavam entender as relações entre trabalho e saúde, seus efeitos e, principalmente, arquitetar meios que possibilitassem a melhoria das condições de trabalho e vida para toda a sociedade (DIAS; MELO, 2007). Nesse contexto, culminou com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual incorporou as questões de ST através do conceito ampliado de saúde que, entre seus determinantes, compreende as condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho e emprego. A lei maior atribuiu ao Ministério da Saúde, através do SUS, a responsabilidade de coordenar as ações no país e, após dois anos, essa competência foi regulamentada através da Lei n0 8.080, que definiu os princípios e a formatação do SUS. Dessa maneira, consolidava-se o campo da ST a nível legal e institucional (DIAS; HOEFEL, 2005). Vale salientar que a constituição vigente representou grandes vitórias na área trabalhista, pois revogou alguns dispositivos autoritários da CLT e ampliou a proteção legal do trabalho, resguardando as liberdades sindicais como, por exemplo, o direito de greve, de organização e de não intervenção estatal abusiva. Entretanto, foram mantidos a unicidade sindical e o imposto sindical obrigatório. (PESSANHA; ARTUR, 2013). A partir deste momento histórico, um conjunto de leis e portarias foram editadas pelo Ministério da Saúde, a fim de definir atribuições e responsabilidades para orientar e instrumentalizar as ações de Saúde do Trabalhador no SUS, resguardando as competências de cada uma das três esferas do governo. Esse.

(31) 29. sistema assumiu um papel social diferenciado, ao se colocar como a única política pública de cobertura universal para o cuidado da saúde dos trabalhadores (DIAS; HOEFEL, 2005; MACAGI, 2013). Na década de 1990, dentre as diversas estratégias propostas pelo MS, merece destaque a criação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), como possibilidade de fomentar os escassos recursos disponíveis, favorecer o diálogo com o movimento social e capacitar profissionais para desenvolver as atividades propostas. Dentre as dificuldades enfrentadas, pode-se citar o pouco financiamento e baixa cobertura das ações, as quais não alcançavam um número expressivo de trabalhadores, reflexo do lugar periférico ocupado pela ST na configuração do SUS (DIAS; HOEFEL, 2005; VASCONCELLOS, 2007). É possível, ainda assim, afirmar que os anos 90 foram produtivos para a consolidação do campo da ST no país, com um considerável crescimento e expansão das ações. O trabalho dos CEREST, na rede de serviços de saúde, proporcionou o aumento considerável de registros de casos pela Previdência Social das doenças relacionadas ao trabalho, fato expressivo para a construção de uma atenção diferenciada à saúde dos trabalhadores no SUS (SANTOS, 2012; DIAS; HOEFEL, 2005). No sentido de ampliar a estrutura de atenção à saúde do trabalhador, em 2002, foi criada a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) por meio da portaria ministerial no 1.679. A estratégia da Rede é disseminar os princípios e práticas do campo da ST no SUS, em todos os níveis de atenção à saúde. Para tanto, a RENAST previu a implantação de diversas unidades dos CEREST, as quais têm o papel de suporte técnico, educação permanente de técnicos e de toda a rede do SUS, além de fortalecer a articulação entre atenção básica, média e alta complexidade no que se refere aos agravos à saúde relacionados com o trabalho (JACQUES; MILANEZ; MATTOS, 2012). O binômio saúde-trabalho é complexo e exige um amplo leque de ações através da intervenção de setores públicos distintos. No Brasil, são representados pelos Ministérios do Trabalho, da Saúde e da Previdência, os quais deveriam atuar de forma mútua e complementar. Porém, de acordo com os autores Chiavegatto e Algranti (2013), esses setores trabalham com lógicas distintas, fato que impede a integração entre eles e, em consequência, resultados práticos positivos..

(32) 30. Por outro lado, cumpre ressaltar que a criação da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), por meio do decreto no 7.602/2011, revelou para a sociedade o interesse e a postura das autoridades em estabelecer um compromisso com o fomento de uma cultura preventiva de segurança e saúde, buscando a superação da fragmentação, desarticulação e superposição das ações de SST, a partir de um trabalho integrado dos três Ministérios responsáveis pela implementação e execução da política (BRASIL, 2005). A respeito do esforço para consolidação das práticas de ST no SUS, observase a iniciativa do Ministério da Saúde em instituir a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), através da Portaria nº 1.823/2012, a qual dita a participação do SUS no contexto da PNSST e define as diretrizes e a estratégia da atuação do SUS nos diversos níveis de atenção para o desenvolvimento da atenção integral à ST (COSTA et al., 2013). A PNSTT reafirma o conjunto de princípios e diretrizes para a promoção da ST, a saber: a) universalidade, b) integralidade, c) participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social, d) descentralização, e) hierarquização, f) equidade e, g) precaução. Preconiza ainda, de forma explícita, a ênfase na Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) para todos os trabalhadores, independentemente da sua forma de inserção no mercado de trabalho. No tocante ao controle social, é importante citar a participação da comunidade na gestão do SUS por meio de conferências e conselhos de saúde (BRASIL, 2012b). Destaca-se que, sem a participação dos trabalhadores, não se faz VISAT; pois nenhum saber técnico substitui a contribuição do conhecimento dos trabalhadores. A promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, com vistas à redução da morbimortalidade decorrente do adoecimento e dos agravos nas atividades laborais, tratam-se do grande desafio coletivo a ser enfrentado com realismo e dedicação por todos os que acreditam ser possível investir em uma classe trabalhadora com mais saúde e consciente de seus direitos. (MINAYOGÓMEZ, 2013; VASCONCELLOS; MINAYO-GÓMEZ; MACHADO, 2014). Diante da complexidade de ações que envolvem as políticas de saúde voltadas para todos os trabalhadores do Brasil nos mais diversos espaços de trabalho, percebe-se a necessidade de discorrer sobre as práticas que foquem a qualidade de vida do servidor público federal, considerando a realidade do presente estudo..

(33) 31. 3.3 POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO DO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL Historicamente, no Brasil, as políticas da área de atenção à SST para o servidor público federal estão fortemente associadas à evolução político-social e econômica do país e se apresentam como conquistas de direitos resultantes de reivindicações e lutas dos trabalhadores. Nesta perspectiva, a fim de observar, conhecer e compreender as peculiaridades da evolução histórica desta área de atenção, descreve-se um resgate histórico de políticas específicas para este grupo de trabalhadores. Segundo a Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS), conceitua-se a SST como área do conhecimento que avalia as condições e fatores que afetam, ou poderiam afetar, a segurança e a saúde dos trabalhadores no local de trabalho. Neste âmbito, o bom desempenho em SST é decisivo para as instituições empregadoras, uma vez que reduz os riscos de acidentes, promove a saúde e a satisfação dos trabalhadores (OHSAS, 2007; OLIVEIRA; OLIVEIRA; ALMEIDA, 2010). As medidas de saúde e segurança no processo de trabalho têm buscado garantir uma atenção contínua e qualificada para o servidor público que, segundo Cardoso e Pedro (2011), define-se como o agente público vinculado ao regime estatutário e tem por função atender às necessidades da coletividade; é ocupante de cargo público efetivo ou em comissão, sujeito a regime jurídico de direito público, e atua na Administração Pública Direta – órgãos subordinados diretamente ao poder executivo - ou Indireta – autarquias, fundações e empresas públicas. De acordo com Fonseca (2015), observa-se que, ao longo do tempo, as demandas referentes à saúde dos servidores públicos brasileiros eram tratadas de forma pontual como, por exemplo, a realização de inspeção médica para fins de exercício do cargo, readaptação em nova função por incapacidade física ou intelectual, concessão de licenças remuneradas para tratamento da saúde e previsão de assistência médica e odontológica. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, no âmbito do serviço público federal, início da década de 90, foi instituída a Lei n0 8.112, a qual rege os princípios e regras referentes a direitos e deveres do servidor e conduz a relação jurídica entre o servidor e o Poder Público. Na época, quanto às questões de saúde.

(34) 32. do servidor, o estatuto também discorreu sobre o direito do servidor à licença por motivo de doença e o pagamento de adicionais de insalubridade (FONSECA, 2015). Apesar de o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, autarquias e das fundações públicas federais contemplar vários artigos que orientam os gestores públicos diante de suas obrigações quanto à saúde e segurança de seus trabalhadores, percebe-se que as ações eram fragmentadas e heterogêneas, com ausência de ações de políticas públicas direcionadas aos ambientes e processos de trabalho do servidor público federal. No decorrer dos anos, verificou-se que as instituições públicas brasileiras vinculadas ao regime de trabalho estatutário necessitavam de um arcabouço teórico para tratar das questões da Saúde do Trabalhador, e a ausência de legislação própria fez com que Ministérios e demais órgãos públicos federais estruturassem serviços de saúde próprios, com recursos financeiros, estruturas físicas e organizacionais e critérios periciais diferenciados (ZANIN et al., 2015). A ausência de um sistema de informações que registrasse os agravos à saúde, licenças médicas, acidentes de trabalho, aposentadorias por invalidez e readaptações funcionais impossibilitou a construção do perfil de adoecimento dos servidores públicos e dificultou o real dimensionamento das questões relacionadas à saúde do servidor (ZANIN et al., 2015). Corroborando com outros pesquisadores, Carneiro (2006) e Ferreira (2010) também relatam que, por muitos anos, o retrato epidemiológico de morbimortalidade e as condições de trabalho dos servidores públicos das três esferas do governo foram desconhecidos em virtude da carência de um sistema de informação em saúde, o que constituiu o primeiro grande obstáculo para o desenvolvimento de ações voltadas para a saúde dos trabalhadores estatutários. Diante desse contexto, através do Ministério do Planejamento e influenciado pelos debates realizados nas Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador (CNST), o Governo Federal criou a Coordenação Geral de Seguridade Social e Benefícios do Servidor, no ano de 2003, com o objetivo de alinhar as ações de saúde e segurança do trabalho voltadas para os servidores (BIZARRIA et al., 2014). A respeito das conferências, vale destacar que a primeira, realizada em 1986, não discutiu a relação saúde-trabalho referente aos ambientes de trabalho. Mais tarde, em 1994, a II Conferência propôs a criação de Comissões de Saúde do Trabalhador nos serviços públicos e privados, destacando a exigência de emissão.

(35) 33. de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) nestas instituições. Destaca-se a conformidade reforçada na III CNST, realizada em 2005, no que se refere à necessidade de cumprimento das NRs de segurança e saúde para os trabalhadores do serviço público, nas três esferas do governo, priorizando o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (ANDRADE, 2009). Em 2006, através do decreto nº 5.961/2006, foi instituído o Sistema Integrado de Saúde Ocupacional do Servidor Público Federal (SISOSP) que trouxe o objetivo de uniformizar procedimentos administrativo-sanitários na área de gestão de recursos humanos, garantindo a saúde ocupacional do servidor. As normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, especificamente as relacionadas ao PCMSO e PPRA, foram utilizadas como orientação para as ações em saúde e segurança previstas pelo SISOSP (PÉREZ, 2011). Durante o mesmo ano, no processo de implantação do SISOSP, foram realizados vários treinamentos em todo o país. Na época, os representantes do MP, em visita ao estado do Rio Grande do Norte (RN), manifestaram o interesse para que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) sediassem e coordenassem as ações desse sistema, acolhendo servidores de outros órgãos públicos federais do estado (SILVA, 2009). Assim, delimitou-se o início de uma política de direitos e benefícios fundamentada na integralidade, universalidade e equidade, através da padronização e uniformização de procedimentos nas áreas de assistência social, saúde suplementar, saúde e segurança no trabalho e previdência. Entretanto, a necessidade de adaptar as condutas técnicas das ações de saúde direcionadas para o servidor público, as quais não são iguais às condutas dos trabalhadores regidos pela CLT, demandou revisão e reorientação de conceitos e instrumentos legais (SILVA, 2009; PÉREZ, 2011). Ao longo dos anos, o envolvimento das áreas de recursos humanos dos diversos órgãos públicos federais, entidades sindicais e dos técnicos dos serviços de saúde dessas instituições possibilitou a construção coletiva da PASS, que se expandiu entre os estados da federação por meio da implantação do SIASS em 2009, após extinção do SISOSP. O governo federal estabeleceu o compromisso de construir e implantar a PASS de forma compartilhada, apoiada por um sistema de informação em saúde do servidor, uma rede de unidades e serviços e da garantia de.

(36) 34. recursos financeiros específicos para a implementação de ações e projetos (SOUZA; REIS, 2013). Os caminhos percorridos para a construção da PASS perpassaram discussões coletivas, as quais ocorreram através da realização de Encontros Nacionais de Atenção à Saúde do Servidor, alinhamento de planejamento estratégico pelo MP, fóruns, oficinas, formação de grupos de trabalho para discussão de assuntos específicos, realização de consulta pública, reunião com gestores de diversos órgãos da Administração Pública Federal (APF) e publicações de legislações e documentos, como manuais, normas operacionais, decretos e portarias (CARNEIRO, 2011). Os diversos momentos descritos acima foram primordiais para a organização coletiva e troca de experiências, além de fomentar as articulações em torno do SIASS com muitos servidores, ajudando na construção, apropriação e execução dessa política (BIZARRIA et al., 2014). O SIASS foi criado por meio de decreto presidencial com o intuito de operacionalizar a PASS, a qual é sustentada por três grandes eixos: assistência, perícia e promoção e vigilância à saúde. O subsistema se efetivou a partir da estruturação de uma rede de unidades, devendo atender ao conjunto de servidores federais em todo o país e, para o registro de todas as informações sobre SST, deveria ser utilizado o Sistema de Informações de Saúde e Segurança no Trabalho da Administração Pública Federal (SIAPE SAÚDE) (BRASIL, 2014). Então, o SIASS tem por objetivo: (...) coordenar e integrar ações e programas nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial, promoção, prevenção e acompanhamento da saúde dos servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional, de acordo com a política de atenção à saúde e segurança do trabalho do servidor público federal, estabelecida pelo Governo (BRASIL, 2009d, p. 1).. Desse modo, a partir de 2009, as instituições públicas federais foram orientadas a formar Unidades do SIASS, cuja operacionalização ocorreu por meio da assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT), envolvendo um grupo de instituições das quais uma referida unidade seria escolhida como sede, numa lógica de parceria, conforme estabelece a Portaria Normativa nº 1.397, de 10 de agosto de 2012, publicada pelo MP (BRASIL, 2012a)..

Referências

Documentos relacionados

Para Souza (2004, p 65), os micros e pequenos empresários negligenciam as atividades de planejamento e controle dos seus negócios, considerando-as como uma

Effects of the bite splint 15-day treatment termination in patients with temporomandibular disorder with a clinical history of sleep bruxism: a longitudinal single-cohort

Dessa maneira, os resultados desta tese são uma síntese que propõe o uso de índices não convencionais de conforto térmico, utilizando o Índice de Temperatura de Globo Negro e

Bom, eu penso que no contexto do livro ele traz muito do que é viver essa vida no sertão, e ele traz isso com muitos detalhes, que tanto as pessoas se juntam ao grupo para

escola particular.. Ainda segundo os dados 7 fornecidos pela escola pública relativos à regulamentação das atividades dos docentes participantes das entrevistas, suas atribuições

produção 3D. Mas, além de, no geral, não possuírem um forte caráter científico nos conteúdos, a maioria está voltada ao ensino de criação de personagens. Mesmo em livros

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das