ÍÉTURMINA,
Ê>AÍ\!DR¡¿\ C›'\.ROL.INâYIDETEÊRMINÉÃNTÊÍS
U(ÍJ$TEÍRMOÉ5
DÊ
T
¡?.OC›¿\
UO
BRÀSIL
É:ÍÍ"1REÍLACAO
A
_ _... _ ..
...
__.. /UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
EcoNô1vflcAs
\l
DETERMINANTES
DOS
TERMOS
DE
TROCA DO
BRASIL
EM
RELAÇÃQ
À
ARGENTINA
E
Esmnos
Ummosz
Uma
Abordagem
sob
a
Ótica
da Troca
desigual
Monografia submetida ao
Depàrtamento
de
Ciências
Econômicas
para
obtenção
de
carga horária
na
disciplinaCNM
5420-Monografia
Por:
Sandra
Caroline
Turmina
`
.
'
L. .I
Orientador: Prof”
Dr.
Fernando
Seabra
~Í\‹^;ÃGJ/H
-
\
. .Area
de Concentraçao:
Economia
Internacional-D
r
Palavras-chaves:
1°Troca
desigual; 2°.Fermos
de
Troca;
3°`Comércio
Internacional 0 O Florianópolis,
junho
de
1995
. Z-ff
¿
'P.
. ` Êâ É Ê iii; g I P-Ê.ii
U_N],VERS`II)AD`E
FEDERAL D
E
SAN`I`."\ (ÍA'lÍ`.f-XRINACURSO
DE
GÇR.MDUAÇÂ()
EM
(IlÊN(__`.l.ASECONÔMICAS
A
BaglcaExannimndora
resolveu.: :atribuir anota
_?3ã
_ àaluna
Sandra
Caroline
'lfurmimnna
disciplinaCNM
54?.0-Munog|'afia,
pelaapresentação
deste
Em
balhcâ.Banca
Em|1ri:¡mã‹'›¡'z¡:Jffldf.
u
Prof.
Dr.
FerrzzanzdbÊeabfií
Z A
Presicimte
(X
uz
L
Í\`
' Íërúf. <_|f}›¿Íil
lÊ¿›<Membro
fã)
ow
í_*ru!`.
Flãw
0300
ggyzu
sm
,‹//imaAGRADECIMENTOS
Aos meus
pais, Valério eCarmem,
pela vida,formação
epor
confiarem
em
mim.
Aos meus
irmãos,Jakson
e Sílvia pelo apoio e privaçõesque
aceitaram passarem
meu
beneñcio
nesteperíodo de
universidade, eao
meu
amado
Jiovanipor
provmí,em
sua
lutapela vida,
que o
mais
importante é estar vivo, amar, sonhar,enfim
viver sejada forma que
for possível. -
Ao
orientador,Wok”
Dr.Femando
Seabra, pelo interesse, paciência e persistente avaliaçãocrítica,
sem
os quaisnão
me
teria sido possível levar esta tarefa atéo
fim.
A
alguns verdadeirosamigos
que,buscando
um
favorou
um
conforto, encontrei.Obrigada
Jaylson, Marioflia, Denilson, Patxieias, Rosali,
<r
A
Sandro
pelocompanheirismo que
vem
demonstrando.
A
Prof'de Lourdes
P.Dias
pelacompreensão, enquanto
Coordenadora
de
Estágios eSUMÁRIQ
LISTA
DE
ANEXOS
... ..LISTA
DE
FIGURAS
... ..LISTA
DE
QUADROS
... ..LISTA
DE
TABELAS
... ..m‹:sUMo
... ..CAPÍTULQ
1 l.O
PROBLEMA
... .. 1.1.Introdução
... ..1.2.
Formulação da
SituaçãoProblema
E... ._ 1.3. Objetivos ... .. 1.3.1. Geral ... .. 1.3.2.
Específicos
... .. 1.4.Metodologia
... ..CAPÍTULO
II 2.REVISÃo
DE LITERATURA
... ..2.1.
Troca
Desigual e osParadigmas
do Pensamento
Econômico,
... ..2.1.1.
A
"Longa
Tradição
na
Teoriado
Desenvolvimento
Econômico"
2.1.2.
As
Formulações Neo-Marxistas de Troca
Desigual ... ..2.1.3.
As
Formulações Neo-Ricardianas da Troca
Desigual ... ..2.2., Tentativa
de
Sistematizaçãodo
Conceito de
Troca
Desigual ... ._CAPÍTULO
1113.
ADAPTAÇÃQ
DE
UM
MQDELQ
'rEÓ1uco
... ._3.1. Hipoteses Básicas para a Estruturação
do
Modelo
... ..4.
A
EVOLUÇÃO
DOS
TERIVIOS
DE
TROCA
ENTRE
BRASIL,
ARÕENTINA
E
ESTADOS UNIDOS
(1971-88)
:Método
e Resultados ... ..25
4.1.
Método
e Resultados ... ... ..25
cA_P1"'rULo
V
5.
DETERMINANTES
DOS
TERMOS
DE
TR(_`)CA: a validadeda
abordagem do
modelo
teóxicode
troca desigual. ... ..42
5.1.
Dados
eMétodos
... ..43
5.1.1. Van`á\/'eis
detemúnames
dos
termosde
troca: salário e tecnología ... ._ S43
5.1.2. Análisede Regressão
... ..48
5.2.
O
caso
Brasil/Argentina (peiiferia-pelifexia) ... _. 515.3.
O
caso
Brasil/EstadosUnidos
(periferia-centro) ... ._53
cAJ>Í'rULo
V1
H 6.CONCLUSÃO
... ..55
6.1.Conclusões
... _. 55 6.2.Recomendações
... ..56
BIBLIOGRAFIA
... ..57
ANEXOS
... _.64
F
IC
HA
DE AVALIAÇAO
... ..92
LISTA
DE
ANEXOS
Anexo
I.Tabcla.baX
... ..Anexo
II.Tabela.haM
... _.Anexo
HI.Tabela
beX
... ..Anexo
IV.Tabela
bcM
... ..Anexo
V. Quadro.1
... ..Figura 3.1. Situação Inicial
de
Troca
... _.Figura 3.2. Situação
com
queda
salarialem B
... ..Figura 4.1.
Evolução dos
Termos
de Troca
de Brasil/Argczmtíriano
período de
1971
2188 ... ._Figura 4.2.
Evolução dos
Termos
dc Troca de
Brasil/EstadosUnidos no
períodoLISTA
DE
QUADROS
Qu:\dro.1.
Quadro
resumo
das seções cz capítulosda nomeclatura
brasiieirade
Ta.bela.4. la) 'l`abela.4. lb) 'I`abela.4.2a) 'I`ab‹:la.4.2b) 'l`abcla.4.3a) 'Íl"abcla.4.3b) Tabela. 4. 4a) Tabela.
4
.4b)
Tabela. 4.5Participação
%
dos produtos
(capítulos) selecionadosno
valor totaldas exportações brasileiras para a Argentina
no
periodo1971-88
Participação
%
ou
peso
médio
dos
produtos (capítulos selecionadosno
total>
2/3(em
1988)
das exportações brasileiras para aArgentina
no
periodo 1971-88
... ..Participação
%
dos produtos
(capítulos) selecionadosno
valor totaldas
importações
e exportações brasileirasda
Argentinano
periodo
1971-88
... ... ._Participação
%
ou
peso
médio
dos produtos
(capítulos selecionadosno
total>
2/3(em
1988)
das importações e exportações brasileirasda
Argentinano
período 1971-88
... ..Participação
%
dos produtos
(capitulos) selecionadosno
valor totaldas exportações brasileiras para os Estados
Unidos no
período 19'71-88
... ... ._Participação
%
ou
peso
médio
dos
produtos (capítulos selecionadosno
total>
2/3(em
1988)
das exportações brasileiras para osEstados
Unidos no
período1971-88
... ..Participação
%
dos produtos
(capítulos) selecionadosno
valor totaldas
importações
e exportações brasileirasdos
EstadosUnidos
no
período 1971-88
... ..Participação
%
ou
peso
médio
dos produtos
(capitulos selecionadosno
total>
2/3(em
1988)
das importações e exportações brasileirasdos Estados
Unidos
no
periodo1971-88
... .Ç ... _.Índice
de
preços das exportações brasileiras para asArgentina
no
"I.`abela.4.6 Índice
de
preços das lmportaçoes brasllexrasda
Argentma no
período 1971 88
Tabe1a.4.7
'l"abela.4.8
'l`abela.4.9a)
Tennos
de Troca
entre Brasil ‹.Amgentma
no
penodo
1971
8Tabela.4.9b)
Termos
de
'I roea entre Brasxl e EstadosUmdos
no
penodo
1971 88
Tabela. S. 1 Tabela. 5.2 Tabela. 5.3 Tabela. 5.4 Tabela. 5.5 Tabela. 5.6 Tabela. 5.7 Tabela. 5.8
'1`abela.baX
Exportações
blasllexras para aArgentma
no
penodo
1971-88
Tabela.baM
Importações
brasxlenasda
Argennna
no
penodo
1971-88
Tabela.beX
Exportações
brasxlenas para os EstadosUmdos
no
penodo
1971 88
'l`abela.beM 'Importações brasllen as
dos
Estados Unidos,no
penudo
1971 88
'1`abela.W
'l`abc:la.Y
'I`ab‹:.la.1
Índice
de
preços das exportaçoes brasnlexras para os EstadosUrudos
no
período 1971-88
Índice
de
preços dasImportações
blasulâuasdos
EstadosUmdos
no
período 1971-88
Crescimento
do
salario realpor
empregado
no
penodo
de 1971 88
Taxa
de
crescxmento salanalno
penodo
1971 88
Taxa
de
dlscrepanexado ganho
-zalanal entre Blast!/Argentlna eBrasil/Estados
Umdos
no
penodo
1971-88
\
Taxa
de
crescunentoda renda
pet capita realno
penodo
1971 88
Taxa
de
dlscrepanclade
aumento
darenda
pe1 caplta realde
Brasil/Argemma
e Brasll/EstadosUmdos
no
penodo
de 1971-8
Estimativas
de
lmmmos
quadrados
para aRegressao
Mulnpla
em
P
deYeW
Vaxiáveis para
anahse
entre B1as1lJArgentma Variáveispara
anahse
entre Brastl/1‹ stadosUmdos
Saláno
real porempregado no
penodo
1970-88
Evolução da
rendapu
capxtanormnal
no
penodo
1970
88
RESUMO
Analisa-se os
termos de
trocado
Brasilem
relação a Argentina e aosEstados
Unidos no
periodo
de 1971
a 88, issocom
base nas conclusõesde
um
modelo
teórico simplesde
comércio
internacional,envolvendo
dois paises,duas
mercadorias,com
especializaçãocompleta
e abstraçãodo
nivelde
atividade, aplicado auma
abordagem
da
troca desigual.Para
realizar tal análise,toma~se
como
base
o
referencial das diferentes correntes teóricasque
tratam
do
comércio
entre centro e periferiacomo
uma
relação desigual onde,em
condições
de
livre comércio, a.maior
partedos
ganhos
dessa relação é apropriada pelo centro.Observa-
se
que
as análises das causas para a relaçãode comércio
desigualou
troca desigual sãodistintas entre as correntes teóricas: os teóricos
do
l")esenvolvimerrtoEconômico
buscam
na
baixa elasticidade
preço-renda da
demanda
por bens produzidos na
periferia,na
naturezadiversa
do
progresso tecnológico entre centro e periferia ena
concorrência imperfeita; osteóricos Neo-l\/Iarizistas
procuram
explicações a partirdos
dcsníveis salariais entre centro eperiferia; e os
Neo-Ricardíanos encontram Troca
Dérsígualna
perda
estáticade renda
realpelos paises
de
baixo salário, derivadada
i
abertura
do
livre comércio. Opta~se,como
instrumental
de
análise empírica, pela correnteNeo-Marxista, mais
especificamente pelostrabalhos
de
EMMANUEI..
(1972, ap.V
e1981)
eGIBSON
(1980) que trabalham
o
chamado
"Teorema
Fundamental da
Troca
desz'gzmI",o
qual apontaque
um
(a)aumento
(queda)
do
saláriono
paísde
menor
saláriomelhora
(piora) seustermos de
trocaem
relaçãoao
paísde maior
salário.A
partir daí constrói-se urnaproxy
-dostermos de
trocado
Brasil/Argentirra e Brasil/Estados
Unidos
e observa-seno
primeiro caso (periferia-periferia)cena
instabilidadedos
'termosde
troca,mas
favorávelao
Brasil,no
segundo
caso ( periferia-centro) os
termos de
troca sãomais
estáveis,mas
descrescentes, reflctindo deterioraçãodos
termos de
troca Brasil/'EstadosUnidos.
Compara-se
então, estaevolução dos
temros de
trocacom
a relação salarial ede
crescimento tecnológico entre Brasil/Argentina e Brasil/EstadosUnidos.
Conclui-seque
a partir dessemodelo,
que
atribuiapenas
às variações salariais a.determinação
do comportamento
dos termos da
troca, corrseguiu~seapenas
parcialmente,através
do
instrumental empírico utilizado, provar suas conclusões e,mesmo
incluindo avariável tecnologia,
com
conclusõesmais
aproveitáveis,ambos,
variações salariais e variaçõestecnológicas,
não
explicarammuito
do comportamento
dos termos de
troca, sejade
cArÍTULo
I
1.O
PROBMZMA
1.1.
Introdução
Muitos
estudiosostem
sededicado
a analisar as relações comerciais entre paisescentrais e perifénicos
do
sistema capitalista mundial, principalmenteum
processochamado
de
"fosso crescente entre
nações
ricas e pobres" decorrentedo
desenvolvimento
desigualcom
trâmsferências
de
recursos reaisda
periferia parao
centro via intercâmbio desigual.As
preocupações
nesse sentidosurgem
pnncipalmentc
no
pós-guerracom
os teóricosdo
'Desenvolvimento
Econômico,
representados pelaCEPAL
e autorescomo
Furtado, Prebisch, Singer, Pallobc e outros.Entre as
décadas de
60
e80
surgem
duas abordagens
altemativas parao
intercâmbio desigual.
A
abordagem
Neo-Marxista
com
os trabalhosde
Emmanuel
sobre"
Troca
Desz'gual“, Lewis,Mandel,
Gibson
e outros, e aabordagem
Neo-Ricardiana
atravésde
Baghatti¬Maneschi, Delarue
e outros. pNo
presente trabalho, a partirda
abordagem
dos
teóricos neo-marxistas,mais
precisamente
dos
trabalhosdo
Emmanuel
e Gibson, pretende-se analisar ostermos de
trocado
Brasilem
relação a Argentina e aosEstados
Unidos no
períodode 1971
a 88.O
estudoestá
organizado da
seguinte forma.No
capitulo I, apresenta-se as principais contribuiçõesteóricas das três principais correntes
do pensamento econômico
que
abordaram
o
intercâmbio(troca) desigual e destaca-se
uma
dessas contribuiçõescomo
modelo
teóricoadaptado para
atroca desigual.
Com
base
nas e conclusões dessemodelo no
capítuloV
analisa-se ostermos
de
trocado
Brasilemrelação
aum
país periférico eem
relação aum
país central, Argentinae
Estados Unidos,
respectivamente.Para
a análisedo
capítuloV,
constrói-seno
capituloIV
uma
proxy
para
ostermos de
troca Brasil/Argentina e Brasil/EstadosUnidos.
No
capituloV,
compara-se
os resultados dapmây
dos termos de
troca obtidasno
capítuloIV
com
o
detcnninante
proposto
pelomodelo, o
salário, ecom
um
determinante adicionado, atecnologia.
Assim,
pretende-se analisar,de acordo
com
o
modelo
teórico, se as variaçõesnos
niveis salariais são
o
determinantedo comportamento
nos termos de
trocaou
estes são1.2.
Formulaçao
da
Situaçao
Problema
Processos
de
troca desigual são fato nas relações comerciais entre paisescapitalistas, principalmente nas relações de troca entre países periféricos e países centrais.
Como
consequência
dessas trocas desiguais,num
periodo relativamentelongo de tempo,
percebe-se a deterioração
dos termos de
troca,do
país periférico,levando
aum
"hiatocrescente" entre países ricos e pobres.
Nesta
perspectiva a principal questãoque
se coloca é:Como
tem
secomportado
ostermos de
trocado
Brasilem
relaçãoao
seu principal parceirocomercial entre
os
países centrais, osEstados Unidos;
eem
relaçãoao
seu principal parceiroentre os paises perifericos, a Argentina
(que
será seu principal parceirono
Mercosul)?
Existeuma
tendênciade
deterioração?A
teoriada
troca desigual ajuda a explicar aevolução dos
temios
de
troca?1.3.
Objetivos
1.3.1.Qr_er_ê_rl:
Examinar
aevolução dos termos
de trocado
Brasilem
relaçäo aArgentina
e aosEstados
Unidos
no
períodode 1971
a 88, e verificar a validade das conclusõesde
um
modelo
teórico
de
troca desigual.1-3.2.lÊ_ifâr2_@9.í1isz<_›_›<â1
a) Apresentar
algumas
das principaisabordagens
teóricas relacionadasao
comércio de mercadorias
entre centro e periferia,mais
especificamente asque
tratamda
troca desigual.
l›)
A
partir daabordagem
teórica de troca des1'gua1de
Emmanuel
(1972, ap. V),expor
um
modelo
teóricosimplificado de comércio
intemacional,semelhante ao proposto por
tšilrson(1980)
e derivar os principais determinantesdos termos de
troca.c) Analisar
empiricamente
o comportamento
dos termos de
troca entre3
resultado
do modelo
teórico, busca-se testar a hipótesede que
variações salariais eavanço
técnico são as pn`ncipa.is causas
de
mudanças
nos
termos de troca.1.4.
Metodologia
Para
aconsecução dos
objetivos acima,o
presente estudo tram, primeiramentè,de
uma
revisão bibliográfica sobre troca desigual (Capítulo II).Com
base nesta revisão críticaopta-se
por
um
modelo
teóricoo
qual é explorado especialmentecom
relação a suasprincipais implicações (Capítulo 111).
Os
capítulosIV
eV
sãode
verificação empírica.No
capítulo
IV
constrói-se os índicesde termos de
troca eno
capítuloV
ve-rifica-se a validadedas conclusões
do
modelo
teórico.O
método
utilizadoem
cada
um
destes capítulos é2.
Rm/1'sÁo
Iii:t_,tTERA"rURA
O
objetivo neste capítulo é revisar criticamentealgumas
das principaisabordagens
teóricas relacionadasao comercio de mercadorias
entre centro e periferia,mais
especificamente
asque
tratamda
"troca des!g1.¢al".Nele
incluí-seapenas algumas
dascontribuições
mais
conhecidas,com
eventuais tratamentos críticos.O
capítulo está divididoem
duas
seções :A
primeiratem
por
base os trabalhosde
BACHA
(1978)
eMORAES
(1989), os quais identificam eperiodizam
em
três ascorrentes teóricas
do pensamento econômico
que
abordam
a questãoda
troca desigual:A
"Longa
Tradição
na
Teoriado
Desenvolvimento Econômico"; Formulações Neo-Marxistas;
eFonnulações
Neo-Ricardianas.A
segunda
seção segueuma
tentativade
sistematizaçãodo
conceito
de
troca desigual desenvolvidapor
MORAES
(1989),sendo
a partir desta.sistematização
que
se extrairá0
conceitode
troca desigzmlcom
o
qual se abordará osdemais
capitulos.
2.1. Tifoczr
desigual
cos Paradigtnas
do
Pcnsaniento
Econômico
Proposições
relacionadas à possibilidade de ocorrênciade
perdasde renda
realpor
um
país, atravesdo
comércio
intemaciortal,motivaram
a discussão acercada
questão "trocadesiguaf
de
três correntes teóricas dentrodo pensamento
econômico.
2.1.1.
A
"Longa
Tradição na
Teoria
do
Desenvolvimento
Econômico"
Esta
seção
tratade
contribuições teóricasque
analisain ostermos de
trocano
contexto das teorias
do
crescimento edesenvolvimento econômico.
O
elemento
comum
que
u
5
leva
ao
agrupamento
de
alguns autoressob
esta designação teórica é apercepção de
que,no
contexto
do
comércio
centro/'periferia edada
a divisão intemacionaldo
trabalho existente, olivre
comércio
produzirámais
efeitos negativosdo que
positivospara o desenvolvimento
econômico na
periferia. Resultanto, assim,num
comportamento
adverso das relaçõesde
troca
para a
periferia.Para amenizar
o
problema
estes autoressugerem
politicasde
manipulação
de
preçoscombinadas
com
medidas
protecionistas e políticasde
substituiçãode
importações.
Segundo
BLOOMFIELD
(1981),o economista
inglêsG.
P.SCROPE
(1797-
1876)
foio
primeiro autor aformular
a proposiçãode
que
um
paíspode
sofrer perdasde
renda
real atravésdo
comércio
externo se as suas relaçõesde
troca tiveremcomportamento
adverso
no
tempo.
Em
meados
deste século, aproposição de
Scrope alcançou grande
relevância empírica e teórica
no
contextoda
discussãodo
papeldo
comércio
internacionalno
desenvolvimento econômico.
Istodevido
a alta vulnerabilidadeeconômica
apresentadapor
países historicamente produtores e exportadores
de produtos
primários ea percepção
do
fenômeno
da
"dependência"
tantopor
economistasdos
países periféricoscomo
dos
paísescentrais.
Entre os autores
dos
paises periféricos destaca-se os trabalhosde
PREBISCI-I
(194-9,1959),
vindo
o
primeiro(1949) a
tratardos
efeitos ido progresso técnico.Segundo
ele,os benefícios
do
progresso tecnico seriam apropriados parcialou
integralmente pelos paisescentrais. Isto porque,
quando
0
progresso técnico ocorresseno
centro osaumentos na
produtividade
do
trabalho seriam apropriados pelos produtoresdomésticos devido ao
seupoder
de monopólio,
equando
ocorressena
periferia essesaumentos na
produtividadedo
traballio seriam transferidos aosconsumidores
do
centro viadiminuição
de
preçosdos
produtos
exportados pela periferia.Assim
haveria a deterioraçãodos termos de
intercâmbioda
periferia via cicloeconômico.
No
segundo
traballiode
PREBISCH
(1959), a deterioraçãodos termos de
intercâmbioda
periferia écausada
pela baita elasticidaderenda
e preçosda
demanda
por produtos
primários. Esses fatorescombinados
com
0
progresso técnico e0
excesso
de mão-de-obra
geram
aargumentação
de Prebischem
favorde
politicasde
industrialização
por
substituiçãode
importações. tNa
linhade
análisede
Prebisch, tem~se trabalhosda
Comissão Econômica
para aAmerica
Latina(CEPAL,
1951
e1970)
ede
FURTADO
(1963)
que
trabalhou0
caso
dasexportações brasileiras
de
café.Entre
oseconomistas dos
países centrais, destaca~seo
trabalhode
SINGER
na produção
de
matérias-primas e alimentos antesde
1930, criandonas
economias
periféricasuma
base das economias
desenvolvidas, e portantonão
ocorrendo a
difusãodo
desenvolvimento
econômico
na
periferia.SINGER
demonstrou
como
os "efeitos secundáriose cumulativos" desses investimentos
foram,
essencialmente, absorvidos pelos paises centrais.Também
citou as baixas elasticidades-renda epreço da
demanda
como
fatores responsáveis pela relaçãode
troca desfavorávelà
periferia, pois, ademanda
por
alirnerttos é naturalmenteinelástica
para
níveisde
renda
altos eo
progesso
tecniconos
setores indmtrializadostem
efeito redutor
na
demanda
por insumos.
Nessa
linhade
encontra-seo
trabalhode
FRANK
(1967).SINGER
(1950)
é co-autor das idéiassob
o
rótulo "tesede
Prebisch~Singer",cuja discussão inicial foi prejudicada pela falta de
um
modelo
formal.JOHNSON
(1955)
eBHA(3‹WATl
(1958) forneceram
uma
forrnalizaeãopara
atese
de Prebisch-Singer
com
baseno modelo
2x2x2"
de comércio
internacional.Especifieararn
ascondições
necessárias e suficientes para a. ocorrênciade
"crescimentoempobrecedor". Para
eles, aselasticidadewenda
epreço
desempenham
papelfundamental
na determinação de
uma
deterioração suficientenos termos de
intercâmbio paraque
sejagerada
uma
redução
na
renda
realda
economia.em
crescimento.MANESCHI
(1983),com
baseno
mesmo
modelo,
especificacondições
necessárias e suficientes
para
a ocorrênciado
"crescimentoempobrecedor"
absoluto erelativo
per
capita. Eleexamina o
papeldo
progreso
técnico edo
crescimentono
"hiatocrescente" entre paises desenvolvidos e países
menos
desenvolvidosque
se especializarnincompletamente.
MANESCHI
reconhece
a possibilidade teóricado
crescimentoernpobrecedor
absoluto,mas
com
baixa probabilidade,sendo
ascondições para a
ocorrênciade
um
"hiato crescente"mais
simples emenos
restritivas.Quanto
ao
progesso
técnicoManeschi
avalia a tesede
Prebisch~Singercomo
"altamente implausivel“, pois, 'para sua validade ci suficienteque
a relaçãode
trocas deteriore sistematicamente para a periferiade
modo
que
uma
parte significativados
frutosde
seu próprio progresso técnico, enão
todos osganhos
de
produtividadesejam
sistematicamentedrenados para
o
centro.Um
outroenfoque
também
incluido nesta classificação éo que
enfatiza osganhos
estáticos derivadosda
aberturado
comércio
quando há
diferenças salariais entresetores
de
um
país. ~W
Modelo tradicional de comércio internacional que envolve dois países e duas mercadorias,com
7
Nesse
sentido,MANÓILESCU
(1929)
argurnentouque
se os salariosforem
suficientemente
mais
altosna
indústriado que
na
agricultura, a especializaçãocompleta
eo
livrecomércio,
conforme
asvantagens
comparativas ricardianas, prejudicarãoo
paisque
seespecializar
no
produto
agricola.VINER
(1932) apresentou
que
diferenças salariaisfavorecem
o
protecionismo,sendo
possívelque
estas diferençasreveitam o padrão de
especializaçãosob condições de
livre comércio.
Assim,
o
país passaa
especializar-sena
mercadoria
errada.Mas
0
livrecomércio conduzirá
àperda da
posiçãode
monopóiio do
traballiode maior
salário, eà
reversão
do
padrão de
especializaçãopara
a direção correta..HABERLER
(1950)
demonstrou
que
diferenças salariais resultantesda
imobilidade intersetoiial
de
fatores e rigidezde
preçospodem
levar avantagem
comparativa
reala
serdominada
pelo "falso" critériodo
preço
relativode
mercado na
deterioraçãodo
padrão de comércio.
~HAGENv(1958)
argumentou, baseado
no modelo 2x2x2
,que
a
existênciade
diferenças salariais estabelece a
dominância de
políticas proteciofnistas sobreo
livre comércio. Estasformulações
são vistascomo
distorções, desviosde
concorrência perfeita,com
redurida
relevância empírica. eNesta abordagem,
no
entanto, destaca-seo
trabalhode
LEWXS-
(1954),que
apresentou
como
o
crescimento sob
uma
economia
dualcom
.oferta ilimitadade
mão-de-
obra,
e
diferenças salariais,pode
geraruma
situaçãode
deterioraçãodos termos de
troca.Segundo
ele,o
níveldo
salário real,que
semantêm
constantedevido
à infinita elasticidadeda
oferta
de
traballio édeterminado
pela produtividademédia
do
trabalhono
setorde
subsistência dessa
economia. Deste
modo,
ena
ausência
de
poder
de monopólio
dos
exportadores
da economia
dual,o
progresso técnicoda
periferia transfere-se inteiramente para osconsumidores
estrangeirosatravésde
um
processode redução
de
preços.LEWIS
(no
seu
argumento
do
ladodo
custo) faz0
vinculo entre a tesede
Prebisch-Singer eo
excesso
estrutural
de
mão-de-olirn.Para
ele,a
«diferença salarial dentroda
economia
periféricanão
explica
a
deterioraçãode sua
relaçãode
troca, e sim,a
diferença salarial entre centro eperiferia. '
A
idéiade
diferenças salariais relacionwsecom
o
conceitode
trocadesigual de
duas
maneiras: primeiro extrapolandoa
idéiade
diferenças salariaispara
o
plano
internacional, possibilitando
a
criaçãodo
conceito neo-marxistada
troca desigual; esegundo
forneceu a
primeirabase para
que
a
possibilidadedo
padrão de
especialização "errado"2.1.2.
As
Formulaçües Neo-Marxistas
da
Troca
Designa!
Para
osNeo-marxistas
a troca desigual ocorredevido
aos saláriosserem
mais
altosnos
paises centraisdo que
nos
paises perifericos.Assim,
as relaçõesde comércio
sãodesiguais
para
os periféricosno
sentidode
que
seustermos de
troca sãomais
baixosdo
que
seriam
com uma
perfeitamobifidade do
traballio.EMMANUEL
(1972)
foio
primeiroa
propor
que
o
livrecomércio
entreum
paisde
"baixo salário" eum
paísde
"alto salário", dentro dascondições de
especialização ditadaspela teoria
das vantagens comparativas
(isto é,com
padrão
"correto"de
comércio),conduziria
a
uma
"transferênciade
valor"do
primeiro parao
último, cujosintoma
seriauma
deterioração
da
relaçãode
trocaao longo
do
tempo.
Emmanuel
fazuma
exposição confusa.de seu
trabalho,define
"trocadesigual
no
sentidoamplo" -composição
orgânicado
capitaldiferente
de
paíspara
país,com
iguais níveis salariais- e "troca desz'gualno
sentido estrito" «-composição
orgânicado
capital diferentecom
níveis salariais diferentes- e trabalhacom
estaúltima.
Sua
primeira definiçãode
troca desigualfica
assim
fonmulada:Para
além
de toda
equalquer
alteraçãonos preços
resultantesde
uma
concorrência
imperzfeitano mercado
das mercadorias,
a
troca desigual éa
relação dos preços
de
equilibrioque
se estabeleceem
virtudeda
ígualação
dos
lucros (taxas) entre regiõescom
taxasde
maz's~valia 'institucionalmente'dãèrentes
-o
termo
'tnstitucionalmente' s1'gnz`ficandoque
essas taxasescapam,
seja
por
que
razão
for,à
igualoçao concorrencial
no
mercado
dos
fatores esão
independentes dos
peços
relativos.(EM1l{,~4NUEL
, 1972, p.122)
Esta
deíiniçãode
Emmanuel
não
émuito
clara e estáformulada
nos termos
da
teoria
do
valor trabalho, assimcomo
aargumentação que
a precede.Nas
palavrasde
EMMANUEL
(198
l,_ p.168)
: "Agora,em
-vista dasconfusões
teóricasque
tai apresentaçãooriginou, estou
convencido de que cometi
um
erro."Emmanuel
admite
que
acomparação
relevante a ser feitana
definição de
trocadesigual
não
é entrea razão de
trocade
traballioincorporado
e a razãodc
trocade
preçosde
produção
com
diferenças salariaiscomo
embasava
sua primeira definiçäo.A
comparação
da-se entre razões
de
trocade
preçosde produção
em
dois casos diferentes: igualdadede
9
1981, ps. 163-196),
formula
a suaargumentação
em
termos
de
um
modelo
srafliano
simplesde comércio
internacional, construindoum
esquema
independente de
preçosde
produção
livreda ambiguidade
da
transfonnação
da
teoriado
valor trabalho.Ele
deixa visívelque
aprodução
líquidada
sociedade, salários e lucros, sóaumenta
parauma
das partes,trabalhadores
ou
capitalistas, se a outradiminui
eque
a taxade
mais-valiacombinada
com
acomposição
orgânicado
capitaldetermina
a taxade
lucro (r) ea
partir disso os precosde
equilíbrio (preço
de
produção
das mercadorias).Assim,
Emmanuel
forneceuma
nova
definição
de
troca desigual:Fica
da
mesma
forma,
diretamente visível nestas equações...,que
todo
aumento
dos
salários, se é geral, reduzirá r (o taxade
lucro) e, portanto,reduzirá
o preço
relativode
A
(composição orgânica
superior) e elevaráo
preço
relativode
B
(composição orgânica
infizrior) ,caso seja local, elevaráo
~
preço
do
ramo
(regiaoou
país)onde
se deu.Este
últimocaso
corresponde
ao
da
troca desigual.(EMMANUEL,
1981, p. 183) VEsta
nova
definição equivalea
uma
comparação
entreuma
situaçãode comércio
sob
especializaçãocompleta
com
diferenças salariais e taxasde
lucro iguaiscom
outrasituação alternativa
na
qual tanto a taxade
lucrocomo
os niveis salariaissejam
igualados.Afirma-se que
um
aumento
(uma
queda)
no
saláriodo
paísde
salário inferiormelhorará
(piorará) a
sua
relaçãode
trocas.A
istoGIBSON
(1980)
chama
de
"Teorema Fundamental
daT
roca
desigual",o
qual,depende
da
posiçãode
monopólio
dos
trabalhadoresdos
paisesde
saláriosmais
altosdevido
à existênciade
barreiras internacionaisà imigração
do
trabalho.`
BETTE1.HEIM
(1972),no
Apêndice
Ido
livrode
Emmanuel
criticoua
suaformulação
(primeira)baseado
em
razões políticas e doutrinárias.AMIM
(_ 1973a,1973b, 1974)
apresenta a primeira definiçãode
Emmanuel como
"contribuição
fundamental" por
incorporar aformação
internacionaldo
valor,um
fatoque
ele acredita
como
verdadeirono
estágio atualda
divisão internacionaldo
trabalho.No
entanto,
Amim
modifica
o
conceitode
troca desigualbaseado
no
fatode
que,aproximadamente,
três quartos das exportações(dados de
1966)
dos
paísessubdesenvolvidos são provenientes
do
"setor capitalista ultramoderno".Amim
afrma
aindaque a
troca desigual surgeno
comércio
internacionalde mercadorias não-específicas
(mercadorias
que
sãoproduzidas
tantono
centrocomo
na
periferia).AMIM
(1973b, p.51.)salariais
são maiores
do
que
as diferençasnas
produtividades",uma
vez
que
os “preçossejam
uniformes
no
mercado
mundial”.Mas,
eletambém
supõe
que
"as técnicasque
sãousadas
na produção da
maioria das exportaçõesdo
terceiromundo
são similares àsusadas nos
setores produtivos...
do
centro".Para
DE
JANVRY
eKRAMER
(1979), estes dois supostosde
Amim
emais a
perfeita
mobilidade
do
capitalcom
livrecomércio
são incompatíveis, excetono
caso
especialem
que
as diferenças salariaiscompensam
exatamente
asdiferençasde
produtividade.Em
caso
contrário,ou
ospreços
não
são uniformes,ou
as taxasde
lucros diferem entre paises.A
primeira alternativa viola a hipótese
de
liberdadede comércio
e asegunda
viola ade
mobilidade
internacionaldo
capital.ERNEST
MANDEL
(1972)
também
baseia sua definiçãode
trocadesigual
na
teoria
do
valor trabalho. Ele criticaEmmanuel
eAmim
pela hipótesede mobilidade
perfeitado
capital,afirmando
que, se este fosse verdadeiro,o
capitalmigaria
para os paisesde
baixosalário até
o
ponto
em
que
as diferenças salariais desapareceriam.Mandei
também
rejeitaa
hipótese
de
igualação internacionalda
taxade
lucro eo
'tratamentodo
saláriocomo
variávelindependente
de
Emmanuel.
`Mandei
define
trocadesigual
construindoum
exemplo
numérico
onde
uma
quantidade
maior
de
trabalhoincorporado da
periferia é igualada auma
quantidademenor
de
trabalho
incorporado
do
centro.A
razão
disso desvaloriza aunidade de
trabalho internada
periferia. Então, _
Esta
"troca desigual"acha-se
no
fato
de que
esses valores internacionaisigualados representam quantidades
desiguaisde
trabalho... ,em
outras
palavras,nojàto
de
que,no
mercado
mundial,uma
hora
de
trabalhodo
pais desenvolvido
e'contada
como
mais
produtiva
e intensivado
que
a
do
país
sudesenvolvido. Ud/1./VDEL , 1978. p. 352.
apudMoz'aes,
1989, p. 51-2)ANDREWS
(1980) enfocou a
questão,a
saber se existeou não
uma
formação
"internacional"
do
valor.Ela
explicou:O
fato de
que
Vdzferençasna
símilariadede
preços
estejamaparentemente associados
com
níveisde desenvolvimento
capitalista indica'que
a
leidos
valores internacionaispode
desenvolver~se desigualmente,e
que
ela_11
seja aplicável
nas sociedades
capitalistasmais
desenvolvidas.Ç4NDREWS,
1980, p.175,apud
Moraes,
1989, p. 53)ANDERSON
(1976)
critica dois aspectosmetodológicos
na
formulação de
trocadesigual
de
Emmanuel:
primeiro, a ausênciade
um
ponto de
equilíbriono modelo
no
que
concerne
à divisão internacionaldo
trabalho;segundo,
é a incomparabilidade internacionaldo
trabalho
na
ausênciade
suamobilidade
internacional.Anderson não
aceita asduas
definições
de
Emmanuel.
O
modelo
de
Anderson
contêm
três mercadorias,um
bem
básicoproduzido
no
centro,
um
tropicalproduzido
na
periferia eum
bem
não-comercializável.O
modelo
estáem
estrutura srqfiiana,
mas
permite a derivaçãode
modelos
nacionais e internacionais.Sua
condição para a
troca desigual é expressaem
termos de
uma
comparação
entreo
preço de
produção
e
o
valorde cada
bem
comerciável.Sendo
os fatoresque
determinam
amagnitude
da
não-equivalênciada
troca: diferençasna
composição
orgânicado
capital; diferençasna
composição
orgânicado
trabalho; diferenças nas taxasde
mais-valia; diferenças nas taxasde
lucro;
rendas
diferenciais nacionais e internacionais; e tarifas e subsídios. `DE JANVRY
eKRAMER
(1979)
distinguem "relaçõesde comércio
desigual" -"transferências
de
valorque
resultamno
poder de
monopólio...ou da
intervenção estata1..."-das "relações
de
troca desigual" ~ 'Transferênciasde
valorque
existemmesmo
sob condições
de
concorrência perfeita e livre comércio". Elesfazem
uma
apresentação clara e concisada
teoria
do
valor trabalho e das teoriasde
troca desigualformuladas por
Emmanuel,
Amim
cMandei,
com
respectivasargumentações
criticasbaseadas
em
suasdemonstrações de
que:livre
comércio; mobilidade
perfeitade
capital; diferenças salariais superiores às diferençasde
produtividade; e
comércio de mercadorias
não~especificas são supostos contraditórios.GIBSON
(1977)
realizoua
tentativamais
rigorosade medir
a "transferênciade
valor" implicada pela idéia
de
troca desigual.Usando
um
modelo
geralde
formação
intemacional
do
valor:para
n
mercadorias, ele calculou os preçosde produção de acordo
com
o
modelo
de
Sraffa.A
base de sua
definiçãode
transferênciade
valor surgeda
comparação
entre preçosde
produção
e valores paracada
mercadoria,onde
qualquerdiferença nessas razões resulta
que
"auoca
associadade
trabalho é desigual". Ele tentouisolar "troca
desigual
no
sentido estrito" e "troca desigualno
sentido amplo".GIBSON,
(1980) responde
às críticasde
DE
JANVRY
eKRAMÇER
(1979)
àteoria
da
troca desigual, e aplicao
seu
modelo
de
estimaçãodas
"transferênciasde
valor"um
aumento
no
salárioda
periferia -o
paíscom
saláriomais
baixoque
se especializacompletamente
na produção do
bem
menos
intensivoem
capital --conduz
auma
melhoria
em
seus
termos de
intercâmbio,desde
que não
ocorra reversãono
padrão de
especializaçãoapós
o
aumento
salarial.A
diferença entre a relaçãode
troca hipotéticaque
é consistentecom
a igualação internacionalde
salários e a relaçãode
troca prevalente"mede
o
fluxode
valorpor
unidade
de exportação
do
centro para a periferia".A
segunda
definiçãode
Emmanuel
corresponde
a essadeñnição
eGIBSON
(1980, p.2())denomina
de
"Teorema Fundamental
da Troca
desigual".O
traballiode
BRAUM
(1973)
surgeao
mesmo
tempo
dos
principais trabalhosneo-ricardianos.
Braum
construiuum
modelo
srqfilarzode duas mercadorias
e dois países;supondo
especialização completa, livrecomercio
e igualação internacionalde
taxade
lucro,ele
demonstrou
a existênciade
uma
relação inversa entre os saláriosda
periferia e osdo
centro.
Sugeriu
então,que o
mecanismo
da
troca desigualopera de
talforma que
geravalores
de
equilibriopara
os preçosque
são desfavoráveis para a periferiaem
termos de
ironteira
de
salários.Ou
seja,a
troca desigual éo
resultadode
barreirasao
comércio
impostas
pelo centroque forçam
um
preço mais
baixona
periferia - e,consequentemente,
um
saláriomais
baixo -do que
aqueleque
vigoraiiasem
tais barreiras.2.l.3 -
As
Formulaçoes
Neo-Rirrardlianasda Troca Designa!
Ao
tratarda
Troca
desigual, os neo-rícardianosconcentraram
os seus esforçosno
exame
das implicaçõesde
uma
taxade
lucro positiva eda
heterogeneidadedos bens de
capital sobre os resultadosdo
modelo
tradicionalde
comercio
internacional (2x2x2).METCALFE
eSTEEDMAN
(l973a)
eMAINWARING
(l976b)
demonstraram
que
a presença de bens de
capital heterogêneos invalida osteoremas de
Stolper~Sa.muelson ede
igualaçãodos preços dos
fatores. Elestambém
demonstraram
(l\/IETCALFE
eSTEEDMAN,
l973b)
que
apresença de
uma
taxa de lucro positivapode
revertero
padrão
de
especialização predito pelomodelo
ricardiano simples (com. lucro zero)fazendo
com
que
os parceiros
de
comércio (ou apenas
um
deles)sofram
perdasde renda
realcom
a aberturado
livre comércio.MAINWARING
(1974) usou
0 modelo
neo~rz`cardz'ano,sob
as hipótesesde
duas
mercadorias, dois países e especialização completa, para analisar a distribuiçãodos
13
doméstica
de
renda
eo
crescimentodesempenham
na
determinação
do
padrão de comércio
ena
consequente
distribuiçãodos
ganhos.Neste
casoo
capitalnão
tem
mobilidade
internacional e, portanto, as taxas
de
lucro diferem entre os países.Subsequêntemente,
MAINWARING
(1976a) demonstra
como
a aplicação seletivade
tributospode
"corrigir" asperdas
neo-rieardianasde comercio
oriundasda
reversãodo
padrão de
comercio.A
imposição
desses tributospode
"distorcer" os preços relativosna
direçãooposta
das“distorções”
provocadas
pelas taxasde
lucro positivas, resultandona
especialização "correta".Recentemente
MAINWARING
(1980),usando
um
modelo
srafiiano
com
asmesmas
caracteristicas anteriores,
demonstrou
que, a partirde
uma
posiçãode
livrecomércio
com
imobilidade
de
capital,quando
se introduz amobilidade
deste último,não
ocorre necessariamenteuma
deterioraçãodos
termos de
intercâmbio parao
paísde
salário baixo, eainda
que
ocorra essa deterioração, as "transferênciasde
valor trabalho"podem
assumir
qualquer
direção.DELARUE
(1973)
aplicao
modelo
srqƒflano ao
caso geralde n mercadorias
para estudar a questão
da
exploração atravésdo
comercio.Modificando
alguns supostosde
Sraí-Ta ele constróium
modelo
teórico próprio.Enquanto
Sraífasupôs
igualação intersetorialda
taxade
lucro edo
nívelde
salário, pois seu objetode
estudo erauma
economia
fechada,Delarue,
adotando
a idéia sugeridapor
Emmanuel,
cancela acondição de
igualacãodos
salários.Assim,
ele defineuma
nova
entidadeque
denomina
"economia
não
integrada",ou
"economia
com
discriminação salarial",em
oposição a"economias
integradas"onde
vigora aigualação
de
salários eda
taxade
lucro.Para Delarue
"as trocas são iguais se esomente
se preços e valores relativoscoincidem"
1ou
sea uando
1o
salário é uniforme.Os
valores relativos sãodados
orum
V
modelo
normativo
construído pelaimposição da condição de
igualaçãode
salários entre ossetores
para
o
mesmo
"estadoda
economia".
Medindo
as variáveisem
termos
de
"mercadoria
padrão".Delarue consegue provar
que, para qualquer troca entreuma
cestade
mercadorias
pertencenteao conjunto de
mercadorias "sohrevalorizadas" euma
cestapertencente
ao
conjunto
dasmercadorias
"subvalorizadas", existeuma
"transferência líquidade
valorem
favordo
possuidor inicial" das mercadorias sobrevalorizadas, transferência estaproporcional às diferenças salariais.
EVANS
(1976)
apresentauma
resenhada
critica neo-ricardianada
teoria dasvantagens comparativas
ede
suas implicações para questõesde
políticaeconômica.
No
tipo
neo-ricardiano
bastante útil. Eledemonstra
que,sob
as hipótesesde
tecnologiasidênticas, especialização completa, dois países e
duas mercadorias
e igualação internacionalda
taxade
lucro,nenhuma
troca desigual é possivel.No
entanto, se as tecnologias diferirementre os países, é possivel gerar
duas definições de
troca desigual, as quaisEvans
atribui aEmmanuel.
SAMUELSON
(1976)
analisoua
argumentação
especificade
Emmanuel
em
suatentativa
de
forneceruma
base
teóricapara
a invalidaçäoda
'teoria dasvantagens
comparativas.
Com
sarcasmo
destruiu a primeiradefinição de
Emmanuel,
baseada
na
teoriado
valor trabalho,ao demonstrar
que
os seusexemplos
numéricos,na forma
de
tabelasde
valores, estão logicamente errados e
quando adequadamente
refonnulados,de
forma alguma
invalidam a
teoria dasvantagens
comparativas. 9Neste
trabalho,conforme
MORAES
(1989),Samuelson não
percebeu a
existência
da
segunda definição de
troca desigual dada.por
EMMANUEL
(1972, app. V).Em
artigo posterior,mas
com
publicação anteriorao acima
descrito,SAMUELSON
(1975)
examina
casosde
reversãodo
padrão de
especializaçãoem
sistemas ricardianoscom
defasagem de
tempo
e as suas implicações para acondição
de
eficiênciado
livre comércio.
Após
esta análiseo
autor fazuma
digressão sobrea
troca desigual,demonstrando que
qualquer
teoriaque
tente atribuir aperda por
ineficiência alocativa à igualação das taxasde
lucro,ao
invésde
suanão
igualação, está forada
razão correta.BACHA
(1978)
constróium
modelo
de
dois países eduas mercadorias
com
especialização
completa
eonde
a periferiatem
um
salário real constantedevido
à existênciade
um
excesso estruturalde mão-de-obra.
A
partirda condição de
equilíbrioda
balança comercial, ele derivauma
"função
demanda
de
trabalhode
equilibrio"que
relacionao
nívelde
emprego na
periferia â relaçãode
trocas e aos coeficientesde
produtividadedo
trabalhoem
ambos
os paises.A
partir dessafunção
demanda
Bacha examina
o que
chama
de
"caso Prebisch-Singer" eo
"casode
Emmanuel".
'2.2 -
Tentativa
de
Sistematização
do
Conceito
de Troca Desigual
Para
definiro
tipode
abordagem
a ser seguidono
decorrer deste tratalho faz-se,15
Na
seção 2.1 fez-seuma
sucinta revisão teórica sobre troca clesigual e observou-se
que
o elemento
comum
a maioria das delinições e a caracterizaçãodo
comercio
entrecentro e periferia,
em
condições de
livre comerio,como uma
relaçãode
exploraçãoou
de
injustiça através
da
qual amaior
pane
dos ganhos
é apropriada pelo centro.Com
base nesta revisãode
literatura pode-se excluir,como
método
de
análisede
uma
evidência empírica, algunsdos
estudosacima
citados: Sejapor
inconsistência teóricacomo
nasabordagens de
MANDEL
(1972), AIVLUVI(l973a,l973b,1974)
e outros marxistas;Por
serem ambiguos,
além
de
panirem
de
um
errode
interpretaçãode
EMMANUEL
(suaprimeira
definição)
como
em
EVANS
(1976)
eMAINWARING
( 1980);Ou
por
suporem
anão
existênciade
livrecomercio
como
nos
trabalhos deANDERSON
(1976)
eBRAUN
(1973).
Desta
forma
asabordagens que
se consideracomo
potenciais para senzirem deembasamento
parauma
análiseempírica da
troca desigual são:Na
corrente teórica tratadacomo
Longa
Tradição na
Teoriado
Desenvolvimento
lflconômico, os trabalhos
de 1>1`(EBlSCH
(1949, 1959),SINGER
(1950),LEWIS
(1954),JOHNSON
(1955),BHAGWATI
(1958)
eMANESCHI
(1983),que
constituemum
grupo
para
o
qual a trocadesigual
pode
surgirda evolução
do
comércio
dentrode
uma
dada
divisão internacional
do
trabalho. Seja porque, as elasticidades-renda e preçoda
demanda
assumam
valores suficientemente diferentes, sejaporque
existam diferentespadrões
domésticos
de
distribuiçãodos
ganhos
de
produtividade,o
progresso técnico e/ou0
crescimento
conduz
à deterioraçãodos termos de
intercâmbio, e estaconduz
ao
"hiatocrescente" entre as rendas reais
dos
países e, possivelmenteao
"crescimentoempobrecedor"
na
periferia.Por
tratar das variaçõesdo
comércio ao longo
do tempo
échamada
de
"trocadesigual
dinâmica".Na
correnteNeo-Marxista,
EMMANIJEI5
(1972, app. V),GIBSON
(1977, 1980),DELARUE
(1973)
eDE JANVRY
E
KRAMER
(1979)
fomram
um
grupo
cujoelemento
comum
e' aproposição normativa de
que
em
um
mundo com
mobilidade
irrtemacional
do
capital e especialização completa, a relaçãode
trocas entre centro e periferiamelhoraria