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Limitações da análise demográfica em área de proteção e preservação ambiental no Estado de São Paulo

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Limitações da análise demográfica em área de proteção e

preservação ambiental no Estado de São Paulo

Gustavo de Oliveira Coelho de Souza ♣

Palavras-chave: População e meio ambiente, saneamento, Sistema de Informações Geográficas.

Resumo

Tem sido recorrente a demanda para o desenvolvimento de estudos sobre a pressão demográfica em área de proteção e preservação ambiental no Estado de São Paulo. A metodologia correta para um estudo detalhado pressupõe a necessidade de pesquisas de campo, onde se levanta a população residente no interior ou nas bordas dessas áreas. Contudo, como os custos de tais levantamentos são altos somente quando existem grandes investimentos (sobretudo em infra-estrutura como na construção de grandes obras viárias, portuárias, de geração e distribuição de energia elétrica) é que tais estudos são feitos. A metodologia de elaboração dos instrumentos de licenciamento ambiental consagrou tais procedimentos, que implicam em uma investigação na escala local (inclusive porque existe a necessidade do levantamento das populações no caso de sua realocação). Mas os demais estudos acabam por utilizar dados secundários de base de informações espaciais, ou seja, de mapas que contenham os limites das áreas de proteção ambiental e mapas que contenham informações sobre a população. Com o advento dos sistemas de informação geográfica a operação necessária para sobrepor dados de naturezas tão distintas foi grandemente facilitada, pois os SIGs possuem ferramentas que permitem facilmente a migração de dados de uma base espacial para outra. Mas o fato complicador é a inexistência de informações espaciais em escalas de detalhe que permitam um resultado satisfatório dessa análise. Se for verdade que é possível utilizarmos as informações das bases de dados espaciais dos setores censitários urbanos para tal análise, isso não é verdadeiro para as áreas rurais e para as áreas de preservação ambiental. Este é o desafio que se apresenta tanto para os estudos acadêmicos sobre o quanto a população é uma ameaça para as áreas preservadas, quanto para a implementação de políticas públicas que assegurem a preservação ou melhorem a qualidade de vida da população

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu - MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

Professor Doutor do Departamento de Geografia da PUC/SP e Chefe da Divisão de Geoprocessamento da Fundação SEADE.

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Limitações da análise demográfica em área de proteção e preservação

ambiental no Estado de São Paulo

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Gustavo de Oliveira Coelho de Souza

Considerações iniciais

Tem sido recorrente a demanda para o desenvolvimento de estudos sobre a pressão demográfica em área de proteção e preservação ambiental no Estado de São Paulo. São vários os pedidos de análise sobre esse processo tanto na academia quanto em órgãos do Estado, como a Secretaria de Meio Ambiente, EMPLASA, ou a Fundação Seade. É certo que a melhor metodologia para um estudo detalhado dessa relação entre a presença de população e as áreas de preservação ambiental, pressupõe a necessidade de pesquisas de campo, onde se levanta in loco a população residente no interior ou nas bordas dessas áreas. Contudo como os custos de tais levantamentos são altos, somente quando existem grandes investimentos (sobretudo em infra-estrutura como na construção de grandes obras viárias, portuárias, de geração e distribuição de energia elétrica) é que tais estudos são feitos. A metodologia de elaboração dos instrumentos de licenciamento ambiental consagrou tais procedimentos, que implicam em uma investigação na escala local (inclusive porque existe a necessidade do levantamento das populações e de suas condições socioeconômicas, no caso de haver a necessidade de sua realocação). Mas os demais estudos acabam por utilizar dados secundários de base de informações espaciais, ou seja, de mapas que contenham os limites das áreas de proteção ambiental e mapas que contenham informações sobre a população.

Com o advento dos sistemas de informação geográfica, a operação necessária para sobrepor dados de naturezas tão distintas foi grandemente facilitada, pois os SIGs possuem ferramentas que permitem facilmente a migração de dados de uma base espacial para outra. Mas o fato complicador é a inexistência de informações espaciais em escalas de detalhe que permitam um resultado satisfatório dessa análise. Se for verdade que a partir do censo demográfico de 2000 é possível utilizarmos as informações das bases de dados espaciais dos setores censitários para tal análise, isso somente é possível para as áreas urbanas e não para as rurais. De fato, os setores censitários urbanos possuem áreas muito pequenas, que por vezes correspondem a faces de quadras ou mesmo a edifícios, enquanto os setores rurais possuem grande extensão, abrangendo quase que a totalidade do território do município. No caso dos setores urbanos, como possuem pequena extensão, a imputação de suas informações em outras áreas maiores, como as de preservação ambiental, sofre menores erros, pois essa imputação resulta da soma dos dados dessas pequenas áreas na maior. Basta imaginarmos um mosaico, onde cada peça corresponde a um setor censitário e o conjunto das peças uma figura e, na metáfora, a um município. Dependendo da intensidade de agregação das peças do mosaico em outra superfície (a imputação dos dados censitários nas áreas de preservação) há uma tendência que figura fique difusa até que esta desapareça. A difusão e o desaparecimento dos detalhes da figura corresponde a uma “síntese” das informações de cada peça. Contudo quando não existe o mosaico, mas apenas a “síntese” das cores (dos dados), é impossível construirmos a figura, ou seja, quando os dados dos setores censitários estão agregados em grandes áreas é impossível enxergar “a figura”, a particularidade do comportamento das informações na superfície – no espaço. É isso que acontece com os setores rurais. A sobreposição de layers neste caso acaba sendo prejudicada, pois como não temos como saber

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se a população rural está ou não dispersa no território que corresponde ao setor censitário (a disposição das peças do mosaico), a imputação das informações demográficas em outras áreas pode levar a um erro, principalmente se a área a ser imputada for menor que o setor censitário.

Existe um outro conjunto de problemas que dificultam ainda mais os estudos que envolvem a relação entre a presença de pessoas e as áreas de preservação ambiental, que se referem à produção das bases de informações espaciais (mapas digitais) dessas áreas de preservação. Com raras exceções no Estado de São Paulo essas bases estão disponíveis em escalas muito pequenas (em sua maioria na escala 1:250.000), onde o detalhe se perde. Assim, mesmo existindo informações sobre a população em bases digitais representadas em escalas de detalhe (os setores censitários), quando se realiza a sobreposição dessas bases (procedimento nos SIGs conhecido com “overlay”) poderá ocorrer erros no processo de imputação das informações demográficas nas bases ambientais, porque essas bases não possuem desenhos compatíveis entre si. Mais à frente daremos alguns exemplos desse problema.

O desafio que se apresenta tanto para os estudos que envolvem a compreensão de como se dá à relação entre a dinâmica demográfica e a ameaça que esta representa para as áreas de preservação ambiental; quanto para as ações que visam à implementação de políticas públicas que assegurem a preservação e a melhoria da qualidade de vida da população, é o de encontrar meios para mitigar a incompatibilidade escalar entre as informações dessas duas fontes de natureza tão distinta. Este é o exemplo que daremos a seguir, ou seja, das necessidades da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo em avaliar qual é o impacto para as áreas de preservação ambiental, quando esta fomenta políticas de universalização do acesso aos serviços de água e esgoto para as famílias assentadas nessas áreas, sobretudo quando estas são áreas de proteção aos mananciais hídricos de grandes centros urbanos, como o da cidade de São Paulo.

Preservação ambiental e o saneamento básico

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp – vêm demando estudos para mensurar a magnitude do impacto da presença de populações em áreas de proteção ambiental nos municípios operados pela empresa. Isso se explica pelo fato de serem crescentes os pedidos para que a empresa atenda as populações assentadas nessas áreas. Contudo, como essas são área de preservação, existem uma série de restrições para sua ocupação e por esse motivo não haveria como a empresa atender a esses pedidos. Esta realidade estabelece uma contradição que o poder público tem que enfrentar, pois se de um lado existe um direito difuso que impõe a necessidade de preservação no ambiente para o bem comum, por outro existe a realidade da necessidade de se morar, em uma conjuntura que pressupõe a lógica do mercado de terras. Ou seja, de um lado existem “terras disponíveis” “fora do mercado” passíveis de serem “consumidas”, que compõem o conjunto das áreas de preservação ambiental; e de outro existem as pessoas que só podem assentar-se onde sua capacidade de consumo permitir. Essa equação mediada pela lógica da renda de terra causa uma reação trágica nas cidades: grandes extensões de terras ocupadas a partir do mercado informal de lotes urbanos1, sem qualquer tipo de infra-estrutura, sendo que grande parte delas são áreas de reserva ou de preservação ambiental. O fato é que apesar de existirem instrumentos legais para coibir esse processo, como o Código Florestal (Lei 4771 de 1965)2,

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A bibliografia sobre esse tema é vasta, mas uma é de referencia para o caso da cidade de São Paulo ver Kowarick, 1975.

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sua aplicação em áreas urbanas foi muito pouco controlada. Mas dois adventos de natureza distinta mudaram dessa situação: o primeiro, na esfera das questões estritamente urbanas, foi à implementação da Lei Lehman (Lei 6766/79), que passou regulamentar a implantação dos assentamentos urbanos; e o segundo, foi a crescente responsabilização legal imposta aos crimes ambientais, a partir da regulamentação de algumas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, sobretudo a resolução 01/86 (que estabelece os procedimento de licenciamento ambiental no país), assim como da promulgação da Lei 9605/98 – denominada Lei de Crimes Ambientais – que estabelece as sanções penais e administrativas para as condutas lesivas ao meio ambiente. Uma característica interessante dessa Lei foi à configuração do princípio legal da “responsabilidade solidária” para os crimes ambientais, ou seja, passou-se a imputar a responsabilidade legal dos gestores públicos por sua omissão no caso de crimes causados por terceiros.

Se a legislação, mais rigorosa, permitiu um maior controle sobre as áreas de valor ambiental, ela também acabou criando um processo contraditório que possui pelo menos duas faces. A primeira é que o gestor público possui mais instrumentos de controle e a segunda que houve uma certa paralisia nos processos de licenciamento ambiental em áreas enquadradas como de interesse ecossistêmico, sobremaneira as que estão elencadas no Código Florestal. Mesmo se respeitando os processos preconizados na legislação, muitos processos de licenciamento ambiental ficam sem solução, porque, de alguma forma, sempre há uma ação degradatória do ambiente, e como existe a figura jurídica da responsabilidade solidária para crimes ambientais, os técnicos responsáveis pelos pareceres que instruem os processos de licenciamento se recusam a fazê-los aprovando as intervenções. O seu temor é que alguma instância (sobremaneira o Ministério Público) possa invocar a responsabilidade solidária e incriminá-lo juntamente com o empreendedor. É neste contexto que se enquadram as ações das empresas públicas que instalam serviços de infra-estrutura urbana em áreas protegidas como a dos mananciais de água. Em muitos casos gestores públicos acabam sendo indiciados por crimes ambientais por autorizam a implantação de serviços de infra-estrutura urbana, sobremaneira a instalação de água, em áreas de proteção ambiental. De fato, os gestores públicos acabam ficando em um dilema entre atender as populações em suas necessidades básicas, ou respeitar a lei que impede a implantação de qualquer ação que induza a fixação e/ou ocupação em áreas ambientalmente protegidas. Acrescida a essa realidade soma-se a pressão política de movimentos populares e de instâncias políticas locais que exigem a implantação de infra-estrutura em assentamentos urbanos irregulares, assim como o seu reconhecimento legal. Contrapondo-se a essa pressão, surge outra em sentido contrário promovida pelos movimentos ambientalista, que exigem do poder público respeito às leis ambientais, porque somente assim será possível a garantia de um ambiente saudável às gerações futuras. Essa contradição é um dos principais aspectos que particularizam a questão ambiental, por esse motivo as políticas públicas, que de alguma forma tangenciam esta questão, devem aplicar metodologias que permitam a identificação desses conflitos a partir dos chamados “grupos de interesse” (ou stackholders).

No caso dos serviços vinculados ao saneamento básico, o conflito entre os interesses que envolvem a distribuição de água, mais do que a coleta e o tratamento do esgoto (como veremos), possuem contornos particulares. A lógica das empresas de saneamento é do da venda de água (sobremaneira com a instituição do conceito do Estado mínimo, onde a eficiência e o lucro sobrepõem-se ao do wellfare state) e, a rigor, todos aqueles que podem consumi-la, são potenciais clientes. De fato, apesar de algumas ações terem por traz de si o discurso da saúde pública, as tomadas de decisão de aonde investir são mediadas pela lógica do retorno econômico, mesmo aplicando-se políticas de contas mínimas e de isenções tarifárias para as populações mais pobres. Existem vários exemplos na Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, onde o debate interno sobre onde investir é decido pelo

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retorno econômico com a venda de água. Assim é muito mais lucrativo para e empresa estender uma rede, ou ramal, em lugar mais adensado demograficamente – por exemplo, nas franjas metropolitanas –, que instalar redes em áreas pouco densas, mesmo que as populações que lá residem necessitam mais da água que as primeiras, devido a uma questão de saúde publica3.

Somada a essa lógica perversa do mercado das águas (um negócio lucrativo, basta ver quantas empresas privadas estão interessadas no processo de privatização do setor de saneamento, não só do Brasil4), há os interesses dos poderes locais, que por troca de apoio da população, exigem das empresas de saneamento a instalação de serviços de água, mesmo em locais onde essa ação não poderia ocorrer, como nas área de proteção ambiental. Situação que pode ser mais radical quando os serviços de saneamento são de outorga do próprio município. Nesses casos, a instrumentalização pode-se dar de maneira mais direta entre as forças políticas locais, na troca de prestígio e poder. Já no caso dos municípios onde a outorga é da empresa estadual as negociações passam obrigatoriamente por mais instâncias, ou níveis, de poder, como, por exemplo, da mediação de um deputado estadual, que é o representante na Assembléia Legislativa de uma determinada região5. Assim existem, nesses casos, a soma de interesses daqueles que “necessitam” vender água e daqueles que necessitam desses serviços para a manutenção de seus poderes locais. Mais que em qualquer situação, cabe aqui “como uma luva”, o ditado – de conotação perversa – que diz que uma mão lava a outra e que as duas lavam o rosto.

Sem “critérios técnicos” e sem observar as restrições ambientais às ocupações em áreas de proteção ambiental, as empresas de saneamento acabam por instalar redes de água em locais onde a população não poderia estar assentada, como em área de proteção aos mananciais hídricos. Claro que as empresas de saneamento exigem dos poderes executivos locais algum tipo de garantia legal às suas ações (como a comprovação da legalidade dos loteamentos), porque jamais estariam dispostas a investir grandes recursos (seu capital fixo) em locais que, por ventura, pudessem ser desocupados. Fato é que, em muitos casos, como na Região Metropolitana de São Paulo, as prefeituras acabam por legalizar assentamentos em glebas que não respeitaram exigências mínimas preconizadas na Lei 6966, inclusive aquelas formadas em áreas de proteção ambiental. Essa realidade pode ser exemplificada no município de São Paulo. O órgão da prefeitura responsável pela regularização fundiária de assentamentos no município – RESSOLO – cadastrou em 2003 cerca de 2750 lotes irregulares na cidade6, ou seja, são loteamentos que em seu estabelecimento não obedeceram às exigências da Lei 6966 e que, nesse sentido, não são reconhecidos juridicamente pela municipalidade. Isso implica que, a qualquer momento, eles poderiam sofrer processos de reintegração de posse aos seus proprietários legais. Portanto, são áreas que estão juridicamente em situação precária7. Apesar dessa situação de ilegalidade comprova-se que mais de 96% domicílios ali assentados possuíam água ligada à rede publica e cerca de 78% à rede de esgoto ou a rede pluvial. Para esse último dado, somente uma observação: no município de São Paulo boa parte do esgoto dos conjuntos habitacionais está ligado à rede

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Muitas vezes as empresas somente instam serviços em locais pouco “lucrativos”, quando há um grave problema de saúde pública, como a ocorrência de endemias causadas por vetores hídricos, quando há algum interesse político, ou, em um caso extremo, quando o Ministério Público obriga o Estado a instalar tais serviços. 4

Ver discussão sobre a privatização dos serviços de água em Barlow, M. E Clarke, T. (2003). 5

No Estado de São Paulo a ação dos deputados estaduais é tão acintosa perante o poder executivo em suas exigências com relação à instalação de sistemas de água em “currais” de seus correligionários locais, que a empresa de saneamento básico estabeleceu uma série de “critérios técnicos” (elaborados por empresas idôneas terceirizadas), na tentativa de mitigas os desvios que essas ações causam em sua política.

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Eram naquele dois milhões de pessoas residindo em 480 mil domicílios. 7

O governo da prefeita Marta Suplicy iniciou o programa “Lote Legal” para tentar resolver o impasse jurídico em que vivem as famílias que residem nesses loteamentos.

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pluvial. De fato, a diretrizes da companhia de saneamento recomendam que na inexistência de redes troco de esgoto próximas aos conjuntos, que essa seja ligada à rede de águas pluviais, pois seria, em alguns casos, muito caro à extensão dessas redes tronco aos conjuntos (já que boa tarde deles são edificados nas franjas da cidade). Há casos, inclusive, que a recomendação é que o esgoto seja despejado diretamente em córregos, como ocorreu quando da instalação do conjunto habitacional Recanto dos Humildes em Perus. O que essa realidade indica é que a grande quantidade de domicílios servidos por água e esgoto em loteamentos irregulares comprova que por traz da política de universalização do acesso ao saneamento básico, neste caso, independente da condição jurídica do assentamento, há a clara intenção de expansão do “mercado das águas”. Isso é ainda mais evidente quando se observa a situação dos loteamentos irregulares localizados na Área de Proteção dos Mananciais, pois neste caso além das restrições de ordem fundiária, ainda existem as restrições ambientais, pois nesses loteamentos 93% dos domicílios possuíam água ligada à rede pública8 e 50% do esgoto também ligado à “rede” (semelhante à situação anterior, ou seja, de esgotos ligas à rede de águas pluviais). Aqui uma dupla contradição se estabelece. A primeira, já verificada, diz respeito à dimensão fundiária (restrição da implementação da infra-estrutura em áreas cuja situação fundiária á ilegal9). E a segunda diz respeito à dimensão ambiental, ou seja, ao fato de serem poucos os domicílios que possuem o esgoto ligado à rede (50%), considerando ainda que um outro terço têm como destino de seu esgoto fossas negras, valas ou córregos, gera uma situação gravíssima considerando ser essa uma área de proteção aos mananciais hídricos da cidade de São Paulo. Assim, com a provisão de água às famílias assentadas em locais irregulares, fomenta-se, por efeito demonstração, a que novas famílias venham a assentar-se nesses locais, exigindo mais infra-estruturas do Estado, como de saúde, educação e transporte. Mas o fato é que sem água essas populações não vivem. Se o poder público não a provém, elas encontrarão estratégias para conseguí-las, mesmo quando sua qualidade não é boa10. Deve-se ressaltar que a Lei de Proteção dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo – LPM – (Lei 898/75), reconhecia a ocupação urbana nas áreas de mananciais hídricos da região, pois estabelecia (pela Lei 1172/76) duas categorias de ocupação: a primeira categoria como de maior restrição (faixas marginais aos corpos d’água protegidos, matas e todas formas de vegetação primitiva e de declive superior a 60%); e a segunda de menor restrição (são as bacias de drenagem dos mananciais protegidos exclusive as áreas de primeira categoria). Essa foi dividida em três classes: A – são as áreas urbanizadas por ocasião da promulgação da legislação (LPM); B – as áreas ao entorno das áreas urbanizadas por ocasião da promulgação da legislação; e C – são as porções restantes da área de proteção dos mananciais.

Mas o fato do reconhecimento pela lei da ocupação urbana das áreas protegidas, acabou por não colaborar com a preservação das áreas naturais ainda restantes naquele momento. Ao contrário, contribuiu para sua ocupação. Reconhecer a existência dessas pessoas levou obrigatoriedade ao reconhecimento, pelo Estado, da legitimidade de suas reivindicações. O problema é que a pressão exercida pelas populações lá residentes no

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Verificaremos na parte seguinte desse texto que o cruzamento de informações espaciais (loteamentos e os limites da Área de Proteção dos Mananciais), quando utilizamos bases cartográficas ambientais, é no caso do Estado de São Paulo bastante precário. Mas os dados extraídos desse cruzamento servem, de qualquer forma, como um parâmetro para dimensionarmos o problema analisado.

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No caso específico da área de proteção dos mananciais da RMSP, a lei que rege sua implementação foi revista permitindo que em determinadas áreas onde o adensamento humano é muito grande, que obras de infra-estrutura sejam realizadas.

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Nem sempre a qualidade da água é determinada pela contaminação por esgoto de fossas instaladas muito próximas de poços (processo comum em áreas sem saneamento básico), mas a má qualidade também pode estar vinculada a fatores geológicos. De fato, existem algumas formações na porção sul do território da RMSP, que a presença de alguns silicatos causam o acúmulo de toxinas no organismo causando doenças hepáticas.

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atendimento de suas demandas por infra-estrutura de transporte, saúde, educação e saneamento, propiciou uma grande oportunidade para a ação de políticas clientelistas, que ao capitalizar para si essa demanda deixou de cumprir os preceitos básicos da LPM. Basta exemplificar os conflitos gerados (no final dos anos 1970 e início dos de 1980) pelas políticas, no município de São Paulo, de expansão de vias de acesso à região de Parelheiros como a construção da avenida Teotônio Vilela e a extensão do ramal Pinheiros do trem metropolitano até o Socorro e de lá até Parelheiros (obra que não ocorreu nesse último trecho); da construção de escolas e creches em toda a área de proteção dos mananciais; e a execução dos programas Pró Luz e Pró Água que levou esses benefícios às populações assentadas irregularmente nessas áreas de proteção aos recursos hídricos. Esse conjunto de ações, de um lado, e o baixo custo das terras, dada a inviabilidade de valorização pelo mercado formal, pela restrição legal a sua ocupação, de outro, levou a uma ocupação desenfreada dessas áreas. Fato conhecido e fartamente relatado. Mas a questão é que tal realidade ensejou a uma revisão da legislação que rege as áreas de mananciais hídricos no Estado de São Paulo (Lei 9866/97). Essa lei introduz o conceito de proteção e recuperação das bacias hídricas dos mananciais de interesse regional no Estado. Para tanto, as bacias hidrográficas das áreas de proteção dos mananciais foram classificadas em “sub-áreas” de intervenção, assim denominadas: I – áreas de restrição à ocupação (são as áreas de preservação permanente – APP – mais as áreas de interesse para proteção dos mananciais e para a preservação, conservação e recuperação dos mananciais hídricos); II – áreas de ocupação dirigida (são áreas de interesse para a consolidação de usos rurais e urbanos, desde que atendidos os requisitos que garantem a manutenção das condições ambientais necessárias à produção de água em quantidade e qualidade para o abastecimento das populações atuais e futuras11); e III – áreas de recuperação ambiental (são áreas cujos usos e ocupação estejam comprometendo a fluidez, potabilidade, quantidade e qualidade dos mananciais de abastecimento público e que necessitem de intervenção de caráter corretivo. Com as correções estabelecidas, essas área passaria para a categoria II).

Se o estrago foi feito no passado por uma legislação de proteção frágil, por um sistema político que não tinha nenhum interesse em esforçar-se para que a lei fosse cumprida, alimentada por uma política populista perversa (alguns vereadores chegaram a instituir a figura do “prefeito de bairro” para lideranças locais sem legitimidade, ou sem inserção em suas comunidades12) e por uma lógica de apropriação da renda da terra pelo mercado informal, hoje se procura estabelece procedimentos corretivos. Nesse sentido, o papel das políticas de saneamento são fundamentais, mas o fato é que ainda não são claras quais são as áreas passíveis de recuperação e aquelas que devem ser preservadas em detrimento da presença de população. Na lei está claro que as áreas de categoria I são as APPs, ou seja, que neste caso, no limite, bastaria aplicar o que reza o Código Florestal. Mas na realidade isso não pode se dar dessa forma, pois dois problemas se colocam. O primeiro que muitas pessoas residem em áreas protegidas pelo Código (só para citar um exemplo: as áreas lindeiras de cursos d’água) e o segundo que não existe um mapeamento em escala adequada que permita identificar com clareza essas área e essas populações. Então o que se coloca é o perigo da reprodução dos efeitos perversos que a Lei de Proteção aos Mananciais causou aos recursos hídricos, que ao atender as demandas da população por infra-estrutura, não coibiu a ocupação descontrolada das áreas de mananciais hídricos.

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Aqui preconizando uma das principais recomendações da Agenda 21. 12

Também nesse período, fins dos anos 1970 até meados dos anos 1980, ainda era forte a figura das sociedades amigos de bairro. Seus presidentes eram comumente cooptados pelos vereadores “da região” em troca de prestígio político. Decisões de aonde colocar infra-estrutura urbana geralmente passavam pelos presidentes das SABs.

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É nesse embate contraditório que a política de saneamento se estabelece: vender água e ao mesmo tempo preservar suas fontes, seus recursos (o bem material); atender a satisfação da necessidade de dessedentação das pessoas que residem em locais irregulares, garantido, assim, sua qualidade de vida e ao mesmo tempo preservar os mananciais hídricos para o conjunto da população da cidade. Enfim, dar acesso aos serviços de água e esgoto a todos, para de um lado viabilizar economicamente o negócio e dar respostas políticas a diversos agentes e, de outro, para proporcionar meios para a preservação de um bem comum, que é a água.

É nessa realidade que ocorrem os conflitos entre os interesses das companhias de saneamento e os do meio ambiente; e onde age o Ministério Público contra essas companhias em defesa dos direitos difusos de toda a população, que é o direito à água.

O saneamento básico e as áreas de recuperação ambiental

Determinar o contingente populacional das áreas protegidas é um procedimento fundamental para a implementação de ações que visem à manutenção da qualidade ambiental dessas áreas; mas é também uma forma de defesa das empresas de saneamento, pois a constatação da existência de um grande número de pessoas assentadas nessas áreas justificaria a necessidade de uma intervenção. Ou seja, antes agir para responder uma necessidade básica dos moradores (afinal eles já estão lá mesmo) do que atender ao interesse difuso da coletividade e retirar as pessoas dessas áreas. Contudo, para ambas situações, remover as populações, ou provê-las de saneamento, o conhecimento sobre o seu tamanho é de fundamental importância para a definição de que estratégias podem ser adotadas. O problema que se coloca, portanto, é como quantificar essas populações. O método ideal é o censitário, contudo, dependendo da dimensão da área do assentamento, seu custo é proibitivo13. A alternativa para essa situação é a utilização de dados indiretos, sobremaneira de informações dos setores censitários, porque esses possuem um alto grau de desagregação espacial, contudo essa alternativa apresenta algumas limitações para a sua execução. Como não há como imputar as informações demográficas (a presença de população) diretamente sobre as área de proteção ambiental, à única metodologia possível para a realização desse estudo pressupõe a sobreposição das cartografias com as informações demográficas (no caso de setores censitários) às ambientais, através das ferramentas existentes nos sistemas de informações geográficas. Portanto, o insumo básico para a realização desse estudo pressupõe a existência de cartografias da população e de meio ambiente que sejam compatíveis. É sob esse prisma que se colocam as limitações para os estudos sobre a pressão demográfica em área de proteção/preservação ambiental no Estado de São Paulo.

A primeira limitação refere-se às diferentes escalas de abordagem que o tema ambiental suporta, acrescida pelo fato de que as informações ambientais no âmbito do Estado de São Paulo organizam-se de uma maneira muito diversificada, o que acaba implicando na existência de em uma grande diversidade de representações cartográficas. De fato, as cartografias ambientais do Estado estão dispersas em vários órgãos, que não apenas os pertencentes à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, sendo que a produção dessas cartografias tem origem em fontes diversas e obedeceram a processos técnicos de geração que são distintos. Isto faz com que existam grandes diferenças na qualidade das informações cartografias, não se tendo certeza de quais são as mais corretas. O simples fato de inexistirem banco de metadados referenciando as fontes e metodologias de onde se baseou para a geração dessas bases, implica na incerteza de seu uso. Um exemplo que pode ser dado sobre a

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Lembramos que em projetos específicos, como os de infra-estrutura energética, que possuem custos muito elevados, a dotação de recursos para pesquisas diretas com as populações atingidas ocorrem.

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inconsistência das cartografias ambientais existentes, foi o que ocorreu na elaboração do recém lançado mapa de uso do solo da Região Metropolitana de São Paulo gerado pela EMPLASA. No caso houve um grande esforço da equipe técnica de cartografia daquela empresa para dar coerência espacial às diversas bases ambientais existentes para a região (por exemplo, a definição dos limites da bacia do Alto Tiête partiu de quatro bases que possuíam desenhos bastante diferentes, todas elas pertencentes órgão do Estado que as utilizam em suas políticas). O esforço para a construção de bases cartográficas ambientais consistentes para a RMSP contrasta com a realidade do restante do território do Estado, cujo esforço restringe-se a geração de informações bastante genéricas. Relembramos que o ponto de partida para o sucesso de um estudo como o pretendido parte da qualidade da cartografia utilizada, ou seja, o desenho deve garantir a representação da localização e das reais dimensões no espaço dessas áreas de interesse ambiental. Esse é um ponto de partida fundamental, pois, como colocado, a única metodologia de estudo possível para estabelecer a correlação entre a existência de pessoas nas áreas de proteção ambiental, pressupõe a sobreposição das cartografias da distribuição da população no espaço e as manchas que representam as áreas de interesse ambiental. Isto significa que qualquer incompatibilidade entre essas cartografias compromete a qualidade do resultado a ser obtido.

Uma outra característica importante do estudo proposto é que uma análise consistente da dinâmica demográfica nas áreas de interesse e/ou proteção ambiental deve pressupor uma escala de observação detalhada. De fato, de nada adiantaria um estudo que não apontasse localmente aonde se assenta à população e como o adensamento desse assentamento comprometeria a sustentabilidade ecossistêmica desses ambiente protegidos. Por esse motivo é que o ponto de partida para a compreensão de como se comporta a população nessas áreas, deve ser o uso dos dados demográficos na unidade espacial compreendida pelos setores censitários. É nesse sentido que a questão da escala torna-se importante, pois existe a necessidade de haver uma correspondência entre a escala da cartografia dos setores censitários e das ambientais. O fato é que não existem cartografias em escalas de detalhe das áreas de interesse e/ou proteção ambiental, para o conjunto do Estado, que atendam às necessidades deste estudo, isto porque a base de dados cartográfica dos setores censitários pressupõe um detalhamento inferior à escala 1:10.000, enquanto que as informações ambientais para o conjunto do Estado estão em uma escala de 1:250.000. Mesmo que tratando a população em outras escalas, como das áreas de ponderação, ou dos distritos (que a rigor impediriam uma análise mais refinada de sua dinâmica no espaço), a incompatibilidade com a escala da cartografia das áreas de proteção e/ou interesse ambiental ainda seria muito grande.

Além do problema da incompatibilidade entre as escalas das bases cartográficas de população e de meio ambiente hoje disponíveis, existe ainda um outro problema que se refere à incompatibilidade de desenhos entre elas. E aqui reside o segundo problema do estudo proposto. De fato, mesmo considerando que ambas as cartografias foram geradas em uma mesma escala (por exemplo 1:10.000), o uso de fontes cartográficas (projeções e DATUM) e técnicas de vetorização distintas acabam por gerar uma incompatibilidade das informações no espaço. Este é o caso, por exemplo, da Região Metropolitana de São Paulo, que apesar de ter uma cartografia de maior detalhe e de ter havido um esforço para realizar sua compatibilização14, as bases de quadras e setores censitários não se sobrepõe às ambientais como um estudo dessa natureza exige. As figuras 1, 2 e 3 trazem exemplos desse caso. Na figura 1 estão representadas as cartografias da APA do Rio Tietê, dos setores censitários, dos rios e córregos e da altimetria. O que se verifica é que há uma incompatibilidade entre os

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Como afirmado anteriormente, a EMPLASA ao gerar o mapa de uso do solo da RMSP compatibilizou as bases ambientais existentes, contudo a escala de geração desse mapa somente permite um detalhamento na escala de 1:25.000.

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dados ambientais (dos limites da APA, rios e das curvas de nível) e desses em relação aos setores e quadras, basta ver a posição do curso do rio Tietê em relação ao dos setores censitários, que em alguns lugares possuem deslocamento entre elas de até 40 metros.

Figura 1

Já na figura 2 estão representados as unidades de conservação de parte do litoral norte do Estado de São Paulo (a porção sul do município de São Sebastião) e os setores censitários de censo demográfico de 2000. Neste caso, diferentemente do que ocorre na RMSP, não houve um tratamento prévio de compatibilização das informações oriundas do desenho dos setores censitários com o das unidades de conservação, além de também não ter havido uma compatibilização entre os limites dos setores censitários urbanos e rurais. Este segundo ponto é bastante visível na figura, quando se observa a existência de áreas em branco na base de setores censitários. Esse problema é genérico para o conjunto do território do país, pois o processo de vetorização dos setores censitários urbanos foi diferente dos rurais, muito mais detalhado no primeiro (como dito em escalas menores de 1:10.000) e menos no segundo (escalas maiores que 1:20.000). Somado a este problema há ainda a compatibilidade entre as escalas das bases cartográficas que representam as unidades de conservação (1:250.000) e essas dos setores censitários.

Para melhor visualizar essas incompatibilidades a figura 3 mostra um detalhe da situação dos desenhos dos setores censitários e das unidades de conservação na praia de Juqueí. No caso fica claro como não existe a sobreposição das informações cartográficas ambientais das demográficas.

(11)

Figura 2

Essa situação implica em uma maior possibilidade de erro quando se imputa os dados de população nas áreas de presevação/conservação ambiental. Mas um fato interessante dessas informações espaciais do litoral é que parte dos setores censitários urbanos tem como limite a cota 50, que justamente corresponderia ao limite do Parque Estadual da Serra do Mar. Isso indica que os setores censitários urbanos respeitam uma parcela importante dos limites estipulados pela lei que restringe a ocupação humana nessa faixa litorânea, implicando que, a rigor, as populações ai residentes não estariam assentadas em áreas de proteção/conservação ambiental. O fato é que outras áreas protegidas, como os manguezais e as restingas (conforme o Código Florestal), não estão identificadas nos setores censitários e portanto não é possível uma análise específica das populações ali assentadas. O recurso existente para superar esse problema seria o uso das bases cartográficas que representam as Unidades de Conservação do Litoral. Contudo, como elas foram elaboradas, como foi visto, em escalas muito genéricas seus limites são grosseiros e não acompanham o detalhe das feições dos setores censitários. Isso significa que pode haver um grande erro na estimativa da população ali assentada devido à incompatibilidade dos desenhos das bases cartográficas. E isso é ainda mais grave para as áreas denominadas como “sertão”, que seriam faixas não ocupáveis que deveriam servir como áreas tampão entre as zonas ocupadas pelo assentamento urbano e aquelas ambientalmente protegidas.

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Figura 3

Analise dos dados censitários nas bases ambientais

Dependendo do grau de incompatibilidade entre as cartografias de população e meio ambiente, a probabilidade de haver um erro no processo de imputação da população assentada nas áreas de proteção e/ou interesse ambientais é muito grande. Portanto, antes da realização de qualquer projeto que implique na necessidade da imputação de dados demográficos em área de ambientais, deve ficar claro no escopo de tais projetos qual deverá ser a escala aceita como de erro máximo para o calculo da imputação que será realizada. Por exemplo, é comum em estudos urbanos que a escala mínima de trabalho aceita seja 1:10.000, sendo que para projetos que impliquem em algum tipo de intervenção essa seja ainda maior (geralmente a partir de 1:2.000), ou seja, de extremo detalhe. Ressalta-se que esta escala é adequada para uso dos setores censitários urbanos, que, como visto, foram gerados em escalas maiores que 1:10.000. Já os setores censitários rurais têm seu uso comprometido devido à pequena escala de sua produção, que reflete sua grande extensão territorial. É sob esse conjunto de limitações que estudos sobre a pressão demográfica sobre áreas de interesse ambiental podem ser feitas. Assim, para efeito de exemplo e respondendo a uma demanda da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, apresentaremos a seguir os resultados da imputação de informações demográficas nas áreas de interesse ambiental do município de São Paulo e do trecho da porção sul do litoral do município de São Sebastião no Estado de São Paulo.

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A população assentada nas áreas de proteção ambiental

O exercício que ora apresentamos exemplifica como se poderia utilizar as ferramentas disponíveis nos SIGs para a imputação dos dados demográficos dos setores censitários, na base cartográfica das áreas de proteção ambiental – APAs – da Região Metropolitana de São Paulo e de parte do litoral do Estado de São Paulo. O método usado foi o da imputação das informações dos setores censitários no mapa das APAs a partir da ferramenta “overlay” existente nos SIGs15. Para tanto se considerou que o erro da compatibilidade entre as bases de setores censitários era aceitável. Assim, por exemplo, foi possível estimar que no ano 2000 havia 462 mil pessoas residindo em APAs na RMSP, sendo que desses, 187,6 mil estavam na APA da Várzea do Rio Tietê (tabela 1). Da mesma forma, usando os mesmos critérios para a Área de Proteção dos Mananciais, pode-se estimar que em 2000 havia 2.356,6 mil pessoas residindo nessa área. Como parte das APAs, sobretudo as que estão ao norte da RMSP estão contidas na Área de Proteção dos Mananciais, estima-se que aproximadamente 2,5 milhões de pessoas residiam em 2000 em APAs e/ou na Área de Proteção dos Mananciais na RMSP. Já no ano de 1991, usando o mesmo critério de imputação dos dados, a população residente nas APAs na região era de 335,3 mil e na APA da Várzea do Tietê eram 138,1 mil, ou seja, no período houve um incremento de 3,63 % ao ano na população das APAs e de 3,47% ao ano na da Várzea do Rio Tietê, valores muito mais expressivos que os do crescimento da população no conjunto da Região Metropolitana de São Paulo, que foi de 1,7% ao ano. Dentre as APAs da Região a que mais sofreu com a ocupação foi a do Iguatemi (localizada na zona leste do município de São Paulo), que teve uma taxa de 21,64% ao ano (de uma população de 446 habitantes em 1991 para 2.630 em 2000).

O mesmo método foi utilizado para imputar nas APAs da RMSP os dados de domicílios dos anos de 1991 e 2000. As informações de domicílios são particularmente interessantes no caso aqui estudado, quando analisamos as ações das companhias de saneamento básico em áreas de interesse ambiental, pois permite avaliar a situação do saneamento nessas áreas de fragilidade ambiental (considerando que a determinação de uma dada área ser de interesse ambiental vincula-se à relação que esta faz com seu entorno, ou seja, a ameaça de ocupação de área de interesse ecossistêmico implicou na aplicação de instrumentos que permitissem a sua preservação). Segundo essa imputação, em 1991 havia 83.633 domicílios em APAs na região, sendo que a maioria (34.152) estavam assentadas na APA da Várzea do Tietê (tabela 2), refletindo a situação da população. Naquele ano 73,7% dos domicílios em APAs tinham água ligadas à rede (tabela 3), sendo que o maior percentual de domicílios com água ligada à rede (98%) situava-se na APA Haras São Bernardo, pequena área incrustada na zona urbana no município de São Bernardo do Campo (Figura 4); enquanto o menor percentual localizava-se na Reserva Natural Boturuna (3,7%), que se localiza em área rural na divisa dos municípios de Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus. Naquele ano, pouco menos da metade dos domicílios (46,41%), tinham esgoto ligado à rede16, sendo que havia locais onde praticamente não existia esse tipo de serviço (APAs da Serra do Mar e Reserva Natural Boturuna), como visto, eram essencialmente rurais, contratando-se com locai com até áreas com 93% de cobertura como na APA Haras São Bernardo, ou no Horto Florestal (88,78%). Em 2000 o número de domicílios nas APAs da RMSP subiu para 122.385 (tabela 4), que corresponde a um incremento de 4,32% ao ano, portanto superior ao ritmo de crescimento da população. No período entre 1991 e 2000 houve

15

Neste caso foi utilizado o software Maptitude 4.5. 16

Há uma diferença nos conceitos de esgoto ligados à rede entre os censos de 1991 e de 2000. No primeiro caso somente há a informação de ligações à rede sem definir de que rede se trata (esgoto ou águas pluviais). Já em 2000 essa informação está explícita, ou seja, quando se trata de “rede’ está se falando de rede de esgoto ou de água pluviais."

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uma melhora no índice de cobertura de água e esgoto nos domicílios assentados em APAs, pois a taxa de cobertura no primeiro caso subiu para 81,3% e no segundo para 56,74% (tabela 5), ou seja, um incremento relativo de 10,28% na cobertura de água e de 22,24% na de esgoto (muito acima da média metropolitana que foi respectivamente de 2,87% e de 10,28%).

Um dado particularmente interessante que auxilia a explicar a dinâmica de ocupação nas APAs na RMSP, é o da presença de domicílios subnormais nessas áreas. De fato, o número de domicílios nesta condição praticamente triplica no período de 3.326 em 1991 para 9.521 em 2000, com destaque para a APA da Várzea do Tietê (de 2.343 para 8.188 domicílios). A existência de domicílios subnormais caracteriza a presença de favelas nas áreas de proteção ambiental, que por sua vez revelam a dinâmica perversa de apropriação do solo urbano. Como visto, sem alternativa para assentar-se, a população sem recursos para inserirem-se no mercado formal de terras, ocupam as áreas públicas, independente da importância ambiental que essa possa ter, ou das condições de risco que possam advir dessa ocupação. O caso da Várzea do Rio Tietê é claro nesse sentido. As populações assentam-se na planície aluvial de inundação do rio, que no período de cheias extravasa inundando os domicílios ali localizados. O evento é tão corriqueiro que parte das áreas ocupadas dessa várzea foram denominadas como “pantanal” (existem algumas denominações de “favela pantanal” para áreas ocupadas essas várzeas nos distritos do Jardim Helena e da Vila Jacuí, no município de São Paulo – figura 1).

Os dados imputados para porção sul do litoral do município de São Sebastião17, mostram que, no ano de 2000, havia 8,9 mil pessoas residindo em 2,46 mil domicílios assentados em áreas de preservação ambiental (sendo que a maior concentração está na praia do Cambury/Camburizinho – 2,18 mil pessoas em 586 domicílios). Esses números indicam que, proporcionalmente, pouco menos da metade (46,9%) da população total da região, vivia em área de proteção ambiental, dado que por si só já mostra a criticidade da pressão demográfica sobre essas áreas no litoral paulista. Analisada a condição de saneamento nessa região percebe-se o quando ela era dramática em 2000, pois somente 40,2% dos domicílios tinham água servida por rede pública e 2,5% por esgotamento sanitário (já 70,3% dos domicílios tinham seus esgotos ligados a fossas sépticas). O fato é que nesse quesito, ao contrario do que ocorre na RMSP, nas áreas de proteção ambiental somente a condição de acesso à rede de água que é pior que a média total da região (apenas 31,7% dos domicílios estavam nessa condição, já com relação ao esgotamento sanitário observa-se que 3,3% tinham seus esgotos ligados à rede – valor pouco superior à média da região). Esse quadro sucinto mostra a emergência de políticas agressivas de saneamento no litoral paulista, que já vem sendo executada, diga-se, pela SABESP.

Conclusões

A análise dos dados extraídos dos setores censitários imputados nas bases cartográficas de áreas de interesse e/ou proteção ambiental na RMSP poderia se estender, contudo não é a intenção desse trabalho. A questão aqui colocada é que se utilizada essa metodologia de imputação dos dados e aceito o erro cartográfico da compatibilização entre as bases de setores censitários e as ambientais e pensando na lógica de extensão dos serviços de saneamento18, poderíamos concluir, por exemplo, que existiria a necessidade de se prover em APAs na RM, cerca de 23 mil domicílios de serviços de água e de 52 mil domicílios de serviços de esgoto (sendo que desses 9.500 estão em favelas), sendo possível destacar as

17

Praias de Boracéia, Engenho, Juréia, Barra do Una, Juqueí, Preta, Barra do Say, Baleia, Cambury/Camburizinho, Boissucanga e Maresias.

18

(15)

1991 2000 Relativo Ao ano

APA Serra do Mar 4.219 3.535 -16,23 -1,95

APA Itupararanga 28.979 49.137 69,56 6,04

Res Estadual Morro Grande 884 1.093 23,61 2,38

Res Natural Boturuna 447 417 -6,79 -0,78

APA Cajamar 33.427 49.942 49,41 4,56

Pq Estadual do Jaragua 1.528 2.268 48,42 4,48

Pq Estadual do Juqueri 4.318 5.220 20,89 2,13

APA Haras São Bernardo 3.893 3.921 0,71 0,08

Horto Florestal 13.244 13.356 0,85 0,09

Pq Estadual Cantareira 5.826 8.711 49,52 4,57

APA Fazenda do Carmo 18.222 21.511 18,05 1,86

APA Mata Iguatemi 446 2.603 482,99 21,64

APA Sistema Cantareira 39.235 58.577 49,30 4,55

APA Varzea do Tietê 138.084 187.651 35,90 3,47

APA Manaciais do Rio Paraíba do Sul 42.554 54.066 27,05 2,70

Total 335.309 462.009 37,79 3,63

Fonte: IBGE, 1991; IBGE, 2000

1991 e 2000 Tabela 1

População nas Unidades de Conservação Ambiental e Parques Estaduais Números Absolutos e Taxa de Crescimento Relativo e Anual

RMSP

Crescimento 91/00 População Total

Unidades de Conservação Ambiental

necessidades de cada uma das unidades de interesse ambiental. O mesmo pode ser dito das áreas de proteção ambiental das zonas litorâneas do Estado. O problema nesse caso, é que o assentamento das famílias nas áreas de proteção ambiental está mais difusa, entre os sertões das praias e as encostas da Serra do Mar (na porção do litoral analisada, ainda em cotas que não superam os 50 metros).

Mas como vimos à incompatibilidade entre as cartografias gera um erro na imputação dos dados demográficos, sobremaneira nas áreas cuja extensão das unidades de conservação são grandes. O problema, portanto, não está propriamente na metodologia de imputação dos dados (sobremaneira nas áreas de menor extensão, para as grandes áreas o uso da imputação por overlay poder ser questionada e melhor trabalhada). O que gostaríamos de deixar aqui é a necessidade de uma maior aplicação no desenvolvimento de bases cartográficas digitais de informações ambientais, que fossem compatíveis com a escala de produção das informações censitárias. Uma possibilidade que julgamos interessante e que poderia ser aplicada nos próximos censos seria de também classificar os setores censitários segundo a sua condição ambiental, ou seja, criar mais uma categoria de Tipo que identificasse os setores que se localizam em área de proteção/interesse ambiental.

(16)

Rede Fossa septica

Sem esgoto ou fossa

APA Serra do Mar 1.033 391 0 265 768 451 4

APA Itupararanga 6.938 3.337 886 944 5.108 5.411 6

Res Estadual Morro Grande 210 64 17 23 171 90 0

Res Natural Boturuna 90 3 1 9 80 6 0

APA Cajamar 7.837 6.202 4.087 362 3.388 6.380 442

Pq Estadual do Jaragua 375 328 91 23 261 47 46

Pq Estadual do Juqueri 2.048 592 306 130 1.613 298 0

APA Haras São Bernardo 1.001 981 932 15 54 300 62

Horto Florestal 3.556 3.466 3.157 120 279 768 43

Pq Estadual Cantareira 1.642 912 605 186 851 444 20

APA Fazenda do Carmo 4.272 3.850 2.545 549 1.179 1.144 332

APA Mata Iguatemi 103 43 7 10 87 29 11

APA Sistema Cantareira 9.842 5.204 2.969 2.076 4.797 6.833 8

APA Varzea do Tietê 34.152 29.816 18.406 3.568 12.179 16.393 2.343

APA Manaciais do Rio Paraíba do Sul 10.532 6.464 4.811 2.216 3.505 6.992 9

Total 83.633 61.655 38.817 10.496 34.320 45.588 3.326

Fonte: IBGE, 1991

Tabela 2

Domicílios nas Unidades de Conservação Ambiental e Parques Estaduais RMSP

1991

Com banheiro

Coleta de lixo

Total Com água

na rede

Domicílios 1991 Unidades de Conservação Ambiental

(17)

Rede Fossa sepetica total Sem esgoto ou fossa

APA Serra do Mar 37,9 0,0 25,7 74,3 43,6 0,4

APA Itupararanga 48,1 12,8 13,6 73,6 78,0 0,1

Res Estadual Morro Grande 30,5 8,0 10,7 81,3 42,7 0,1

Res Natural Boturuna 3,7 0,8 10,3 88,9 6,5 0,0

APA Cajamar 79,1 52,2 4,6 43,2 81,4 5,6

Pq Estadual do Jaragua 87,7 24,2 6,1 69,7 12,6 12,3

Pq Estadual do Juqueri 28,9 14,9 6,3 78,7 14,6 0,0

APA Haras São Bernardo 98,0 93,1 1,5 5,4 30,0 6,2

Horto Florestal 97,5 88,8 3,4 7,8 21,6 1,2

Pq Estadual Cantareira 55,5 36,8 11,3 51,8 27,1 1,2

APA Fazenda do Carmo 90,1 59,6 12,8 27,6 26,8 7,8

APA Mata Iguatemi 41,1 6,4 9,9 83,7 28,2 10,5

APA Sistema Cantareira 52,9 30,2 21,1 48,7 69,4 0,1

APA Varzea do Tietê 87,3 53,9 10,4 35,7 48,0 6,9

APA Manaciais do Rio Paraíba do Sul 61,4 45,7 21,0 33,3 66,4 0,1

Total 73,7 46,4 12,5 41,0 54,5 4,0

Fonte: IBGE, 1991

Tabela 3

Porcentagem de Domicílios nas Unidades de Conservação Ambiental e Parques Estaduais RMSP

Com coleta de lixo

Subnormal total Unidades de Conservação Ambiental

Domicílios 1991 em porcentagem

Agua rede

1991

(18)

Total Rede Fossa septica Sem esgoto ou fossa

APA Serra do Mar 986 214 965 59 273 633 618 0

APA Itupararanga 12.672 8.594 12.318 4.281 3.407 4.630 12.447 0

Res Estadual Morro Grande 292 87 281 32 115 134 129 0

Res Natural Boturuna 108 17 106 7 75 24 73 0

APA Cajamar 13.473 11.456 13.311 8.249 1.496 3.565 12.233 391

Pq Estadual do Jaragua 596 559 590 218 110 262 42 56

Pq Estadual do Juqueri 927 767 918 579 124 215 342 112

APA Haras São Bernardo 1.127 1.021 1.019 987 8 23 214 40

Horto Florestal 3.869 3.849 3.847 3.670 43 134 686 100

Pq Estadual Cantareira 2.257 1.788 2.213 1.002 452 760 595 30

APA Fazenda do Carmo 5.646 5.561 5.618 4.356 216 1.047 2.081 536

APA Mata Iguatemi 693 637 683 525 51 108 99 27

APA Sistema Cantareira 15.784 8.793 15.547 4.078 4.064 7.404 14.197 0

APA Varzea do Tietê 49.448 46.078 48.968 33.459 4.145 11.363 27.504 8.188

APA Manaciais do Rio Paraíba do Sul 14.507 10.080 14.328 6.983 2.263 5.082 11.432 42

Total 122.385 99.499 120.712 68.488 16.840 35.384 82.693 9.521

Fonte: IGBE, 2000

Tabela 4

Domicílios nas Unidades de Conservação Ambiental e Parques Estaduais RMSP 2000 Com banheiro Subnormal Com coleta de lixo Domicílios 2000

Unidades de Conservação Ambiental

Total Com água

(19)

Rede Fossa septica

Sem esgoto ou

fossa

APA Serra do Mar 21,7 6,1 28,3 65,6 62,7 0,0

APA Itupararanga 67,8 34,8 27,7 37,6 98,2 0,0

Res Estadual Morro Grande 29,7 11,5 40,8 47,7 44,3 0,0

Res Natural Boturuna 15,6 7,0 70,7 22,3 67,0 0,0

APA Cajamar 85,0 62,0 11,2 26,8 90,8 2,9

Pq Estadual do Jaragua 93,9 37,0 18,6 44,4 7,0 9,4

Pq Estadual do Juqueri 82,7 63,1 13,5 23,4 36,9 12,1

APA Haras São Bernardo 90,6 96,9 0,8 2,3 19,0 3,5

Horto Florestal 99,5 95,4 1,1 3,5 17,7 2,6

Pq Estadual Cantareira 79,2 45,3 20,4 34,3 26,4 1,3

APA Fazenda do Carmo 98,5 77,5 3,8 18,6 36,9 9,5

APA Mata Iguatemi 91,9 76,8 7,4 15,8 14,3 3,9

APA Sistema Cantareira 55,7 26,2 26,1 47,6 89,9 0,0

APA Varzea do Tietê 93,2 68,3 8,5 23,2 55,6 16,6

APA Manaciais do Rio Paraíba do Sul 69,5 48,7 15,8 35,5 78,8 0,3

Total 81,3 56,7 14,0 29,3 67,6 7,8

Fonte: IBGE, 2000

Tabela 5

Porcentagem de Domicílios nas Unidades de Conservação Ambiental e Parques Estaduais RMSP 2000 Com coleta de lixo Com banheiro Domicílios 2000 em porcentagem Subnormais totais Unidades de Conservação Ambiental Com água

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Bibliografia

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apropriando da água doce do nosso planeta. São Paulo, MBooks do Brasil, 2003. GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – SMA. Atlas das Unidades de Conservação do

Litoral Paulista. São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente – SMA, 1995.

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IBGE Censo demográfico de 1991. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1997.

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