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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Aliança, Porto e no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Local de estágio: Farmácia Aliança, Porto

Período do estágio: 30 de Junho a 31 de Outubro de 2014 (4 meses)

O estagiário:

____________________________________________________

(Rui Miguel Vieira Felisberto)

O orientador de estágio:

____________________________________________________

(Doutor Carlos Costa Brás Cunha)

Tutor FFUP:

____________________________________________________

(Prof. Doutora Irene Rebelo)

(3)

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

Declaração de Integridade

Eu,_______________________________________________,

abaixo

assinado, nº __________, estudante do Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro

ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste relatório de estágio.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um

indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho

intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de

trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou

redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte

bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,

______ de ________________ de ______

Assinatura:______________________________________________________

Rui Miguel Vieira Felisberto

200901246

(4)

Agradecimentos

Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, ao Dr. Carlos Cunha, pessoa com energia contagiante. A ele, agradeço toda a disponibilidade, compreensão e carinho com que me recebeu e orientou durante todo o Estágio. Reconheço-lhe um espírito de liderança notável e agradeço pela partilha da sua sabedoria e experiência. Toda a instrução na área da gestão e funcionamento da Farmácia, certamente será muito útil no meu futuro. Agradeço-lhe, também, o incentivo constante ao meu espírito de iniciativa, permitindo-me consciencializar a mente para a necessidade de procurar desafios profissionais aliciantes.

À Dr.ª Sónia, agradeço a sua capacidade de integração e a oportunidade que me deu de seja qual fosse a atividade, contar com um excelente exemplo do que dever ser o papel de um Farmacêutico. O seu caráter forte preparou-me, também, para o exigente mundo do trabalho.

Agradecer, à Dr.ª Susana, pelo esclarecimento de todas as minhas dúvidas. A sua destreza farmacêutica é impressionante e um modelo de referência a seguir. É, sem dúvida, uma das melhores profissionais com quem já contactei. A sua ternura e boa vontade são realmente apreciáveis.

Ao Dr. Alexandre, ou Alex, gostaria de agradecer a confiança que depositou em mim. Foi com um prazer enorme que com ele partilhei a minha atividade profissional e a minha vida pessoal. Agradecer-lhe a oportunidade de ter estado na Carlton Life, que com certeza será uma mais-valia enorme no meu futuro profissional. A sua boa disposição permanente e a sua amizade foram muito importantes durante todo o estágio.

À Paula, um grande obrigado pela amizade, afeto e pelo sorriso incrivelmente constante. Foi com enorme satisfação que recebi os seus conselhos e conhecimentos. Aprecio muito a sua capacidade de tornar um dia de trabalho num dia recheado de boa disposição.

Ao Pedro, obrigado pela boa disposição permanente, pelas brincadeiras e por tudo o que me ensinou. Agradeço-lhe muito pelo seu apoio.

Ao Eduardo, um obrigado por tudo o que me foi ensinando nestes últimos meses. Foi com ele que pude esclarecer a maior parte das minhas questões.

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À Fátima, um grande obrigado por todos os conselhos que me deu ao longo do estágio.

Agradecer a todos os meus amigos, os quais foram determinantes durante todos estes anos. Com eles, tudo se tornou mais simples e prazeroso.

Agradecer à minha família, o grande pilar da minha vida. Toda a dedicação com que todos os dias se esforçam em tornar-me um Homem melhor, é a base que me garante que “amanhã” serei um Farmacêutico exemplar.

Agradecer a todos aqueles que, sem exceção, enriqueceram a minha bagagem de conhecimentos profissionais e pessoais que farão de mim um profissional de saúde capaz de fazer face à sociedade. Obrigado a todos por me terem deixado fazer parte de uma equipa de excelência.

De igual forma agradeço aos professores integrantes da Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia do Porto, bem como à Ordem dos Farmacêuticos, por todo o esforço e dedicação necessária para garantir o referido estágio.

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Sumário

O século XX parece predisposto a mudanças dramáticas a todos os níveis da nossa sociedade. A saúde, em particular, e os seus intervenientes têm conhecido ao longa das últimas décadas enormes alterações e progressos. O aumento significativo do acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde, a inversão da pirâmide demográfica e a gestão melhorada do Sistema Nacional de Saúde, constituem alguns dos motivos fundamentais que levaram a que houvesse uma redefinição das instituições, tais como as Farmácias, e dos profissionais de saúde envolvidos. Refletir sobre a relação entre a sociedade e a saúde ganha crescente pertinência. Desde logo, é preciso sensibilizar as pessoas para os benefícios da prevenção da saúde. Por outro lado, o papel do Farmacêutico tende a assumir cada vez mais importância, o que determina e implica tomadas de decisão a vários níveis, sendo imposto a todo o Farmacêutico a capacidade para prestar qualquer informação sobre medicamentos a todos os utentes e outros profissionais de saúde. Em simultâneo, gerir uma Farmácia é hoje um grande desafio, tanto pela vertente comercial, como pela componente ética que lhe está associada. No contexto atual de crise, surge a necessidade de adotar novas e diferentes estratégias para enfrentar o mercado e as suas adversidades. Concomitantemente, urge a necessidade de repensar o acervo de valências de apoio à terceira idade. Reforçar o número de profissionais Farmacêuticos será, indubitavelmente, parte de uma resposta que a sociedade portuguesa exige e exigirá.

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Índice

Sumário V

Índice de tabelas IX

Índice de figuras IX

Cronograma XII

Parte I – Atividades desenvolvidas

1. Introdução 1

2. Organização do espaço físico e funcional da Farmácia 2

2.1 Localização e Público-alvo 3

2.2 Espaço exterior e enquadramento socioeconómico 3

2.3 Espaço interior 4

2.4 Recursos humanos 7

2.5 Horário de Funcionamento 8

3. Circuito geral de medicamentos e produtos 8

3.1 Sistema informático 8

3.2 Gestão de stocks 9

3.3 Aprovisionamento, processos de aquisição e encomendas 11

3.3.1 Encomendas 11

3.3.2 Receção e conferência de encomendas 11

3.3.3 Armazenamento 12

3.3.4 Controlo de prazos de validade 13

3.3.5 Devoluções 13

4. Relacionamento com os utentes 14

5. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica 15

5.1 Dispensa 16

5.1.1 A receita médica 16

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5.1.3 O aconselhamento farmacêutico 18

5.2 Medicamentos genéricos 19

5.3 Comparticipação de medicamentos 20

5.4 Medicamentos sujeitos a legislação específica 21

6. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica 21

6.1 Medicamentos manipulados 22

7. Serviços e Cuidados de saúde prestados 23

8. Ações no âmbito da saúde 24

9. Considerações finais 25

Parte II – Apresentação dos temas desenvolvidos

1. Contextualização 27

2. Principais problemas de saúde associados à população sénior 30

2.1 Modificações fisiológicas no idoso 30

2.1.1 Alterações músculo-esqueléticas 30

2.1.2 Alterações do sistema renal 31

2.1.3 Alterações do sistema circulatório 32

2.1.4 Alterações do sistema respiratório 32

2.1.5 Alterações do sistema nervoso 33

2.2 O impacto farmacocinético e farmacodinâmico 33

2.2.1 Alterações Farmacocinéticas 34 a) Absorção 34 b) Distribuição 34 c) Metabolização 35 d) Excreção 35 2.2.2 Interações Farmacodinâmicas 35

3. Análise ao consumo de medicamentos pelo idoso 35

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5. As áreas onde o Farmacêutico pode atuar 38

5.1 Normas e procedimentos 38

5.2 Análise exaustiva e particular de todo o regime terapêutico 39

6. Casos clínicos 41

Caso clínico I 42

Abordagem ao perfil farmacoterapêutico 42

Abordagem à fisiologia do idoso 43

A intervenção farmacêutica 45

Caso clínico II 47

Abordagem ao perfil farmacoterapêutico 47

Abordagem à fisiologia do idoso 48

A intervenção farmacêutica 48

Caso clínico III 49

Abordagem ao perfil farmacoterapêutico 49

Abordagem à fisiologia do idoso 50

A intervenção farmacêutica 50

Caso clínico IV 50

Abordagem ao perfil farmacoterapêutico 51

A intervenção farmacêutica 51

7. Propostas de alteração aos procedimentos do profissional Farmacêutico 51

8. Conclusão 52

Referências Bibliográficas 53

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Índice de Tabelas

Tabela 1: Equipa técnica da Farmácia Aliança 7

Tabela 2: Gestão de stocks 10

Tabela 3: Atividades desenvolvidas durante o estágio (gestão de stocks) 14

Tabela 4: Possíveis alterações na absorção de fármacos. 34

Tabela 5: Principais medicamentos consumidos na Carlton Life (Piso 4) 36

Tabela 6: Fármacos que podem causar Síndrome serotoninérgico grave 44

Índice de Figuras

Figura 1: Escalões de comparticipação de medicamentos 20

Figura 2: índice de envelhecimento por NUTS em 2011 27

Figura 3: Projeção da evolução dos índices de envelhecimento e dependência 28

Figura 4: Imagem de um músculo em diferentes idades 31

Figura 5: Alterações microscópicas e macroscópicas associadas ao processo de

envelhecimento renal. Fatores de risco aliados ao processo natural de degeneração 31

Figura 6: Esquema que resume e traduz as diferenças estabelecidas entre uma placa

aterosclerótica estável e instável 32

Figura 7: Consumo diário de medicamentos dos idosos pertencentes ao Piso 4 38

Figura 8: Esquema que evidencia o espetro variável das manifestações clínicas 44

Figura 9: O uso de antiepilépticos no tratamento da ansiedade generalizada 49

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Lista de Abreviaturas

AIM Autorização de Introdução no Mercado

ANF Associação Nacional de Farmácias

AS Aterosclorose

AAS Ácido Acetilsalicilico

AINES Anti-Inflamatórios Não Esteróides

BCC Bloqueadores da entrada de cálcio

DCI Denominação Comum Internacional

DIM Delegado de Informação Médica

DL Decreto de Lei DM Dispositivo Médico DT Diretor Técnico EH Estabilizadores de Humor FA Farmácia Aliança FF Forma farmacêutica

FEFO First Expired, First Out

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

ISRD Inibidores seletivos da recaptação da dopamina

ISRS Inibidores seletivos da recaptação da serotonina

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

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PF Produto Farmacêutico

PVP Preço Venda ao Público

SAMS Serviços de Assistência Médico-Social

SNS Serviço Nacional de Saúde

SS Síndrome Serotoninérgico

TEH Transtornos do espetro do humor

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Cronograma

1ª Mês: 30/06/14 a 31/07/14

O 1ª mês ficou marcado, essencialmente, pelo ligeiro contacto com todos os serviços da Farmácia. As principais atividades praticadas foram o armazenamento de produtos e a receção e conferência de encomendas. Tive também o 1º contacto com os utentes, designadamente na monitirozação dos seus parâmetros físicos e bioquímicos. Simultaneamente, participei no projeto Carlton Life. Na 2ª semana do mês, dediquei-me esclusivadediquei-mente a este projeto, sendo o responsável máximo pelos Serviços Farmacêuticos da Unidade. Estas agilididades permitiram-me começar a desnvolver as minhas competências quer pessoais quer profissionais.

2ª Mês: 01/08/14 a 31/08/14

Esta semana foi entusiasmante, na medida em que assinalou o meu 1º contacto com os utentes, no que respeita à dispensa de medicamentos. Abordei e assisti a atendimentos e comecei por receber as primeiras noções relativamente à dispensa de medicamentos. Neste mês fui também responsável pelo controlo de prazos de validade. Continuei a integrar o projeto Carlton Life.

3ª Mês: 01/09/14 a 30/09/14

Durante o mês de agosto fui parte integrante no que toca à preparação de manipulados. Fui responsável pela dispensa de medicamentos a empresas com protocolo estabelecido com a Farmácia, como a TRUST. Continuei a desenvolver as minhas competências de comunicação e de responsabilidade no ato da dispensa. Acompanhei o projeto Carlton Life.

4ª Semana: 01/10/14 a 31/10/14

O último mês serviu, fundamentalmente, para consolidar os conhecimentos e processos adquiridos nos meses anteriores. Foi claramente o mês em que fiz mais atendimentos e em que mais participei nos aconselhamentos farmacoterapêuticos.

Nota importante: Este cronograma não procurou ser um instrumento estático mas apenas um

guia que procura evidenciar a evolução das atividades desenvolvidas ao longo do Estágio. O resultado de algumas dessas atividades segue nos anexos em articulação com o relatório.

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Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas |

Rui Miguel Vieira Felisberto

Parte I

Descrição das atividades de

estágio

“Não é o desafio com que nos deparamos que determina quem somos e no que nos tornaremos, mas a maneira com que respondemos ao desafio.”

Henfil

Relatório de Estágio

em Farmácia

Comunitária

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1. Introdução

A Farmácia comunitária, dada a sua acessibilidade à população, é uma das portas de entrada no Sistema de Saúde. É um espaço que se carateriza pela prestação de cuidados de saúde de elevada diferenciação técnico-científica, que tenta servir a comunidade sempre com a maior qualidade. As farmácias portuguesas têm conhecido, nos últimos anos, profundas transformações nos seus métodos e práticas de trabalho, que se traduziram num incremento significativo da qualidade e eficácia dos seus serviços junto dos utentes.

Na Farmácia comunitária realizam-se atividades dirigidas para o medicamento, mas mais do que isso ações dirigidas para o doente. A Farmácia impõe-se como um espaço de saúde de caráter vitalizador para a comunidade. Como os Farmacêuticos estão altamente acessíveis, são frequentemente o primeiro ponto de contacto do cidadão com o sistema de saúde, visto que os cidadãos vêem o Farmacêutico como alguém próximo e de confiança, conhecedor de habilidades que o capacitam a prestar aconselhamento primário. O Farmacêutico deve também ser capaz de encaminhar o doente para o médico e outros serviços de saúde relevantes, quando necessário. É este o profissional que garante o acesso ao medicamento e o seu uso racional, através do aconselhamento prestado aquando da dispensa, contribuindo para a prevenção e controlo de doenças. Não se limitando ao princípio que vê o Farmacêutico como um “guardador de medicamentos”, o Farmacêutico tem sido o responsável pelo reconhecimento da sua relevância através da sua aptidão em revelar os melhores caminhos a serem trilhados no universo dos medicamentos. Uma vasta rede de Farmácias comunitárias, em Portugal, assegura o apoio farmacêutico aos cidadãos, disponibilizando uma série de serviços que pretende abranger as mais diversas áreas de interesse clínico, focando-se sempre nas necessidades e interesses de quem os procura. Atendendo a este novo compromisso, o campo de ação do Farmacêutico inclui cuidados cada vez mais centrados no doente.

Os cuidados de saúde têm-se tornado cada vez mais complexos. A gestão da terapêutica medicamentosa por Farmacêuticos maximiza os benefícios e minimiza os riscos inerentes à utilização de medicamentos pelos doentes, através da melhor seleção, otimização e utilização das terapêuticas instituídas mais frequentes nos sistemas de saúde modernos. O aconselhamento farmacêutico ajuda a evitar reações adversas a medicamentos (i.e. na deteção de interações medicamentosas), melhora a adesão e evita o seu uso desadequado. Não restam dúvidas de que o utente é a figura central na Farmácia e é nele que encerra todo o trabalho, dedicação e

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responsabilidade do Farmacêutico. Mas, se por um lado o Farmacêutico deve apostar no interesse do público-alvo, por outro lado também deve ser conhecedor de diversas matérias na área de gestão, para que possa contribuir para a subsistência da Farmácia em que se encontra, fator crucial nos tempos que correm. As alterações legislativas e a ocorrência de um ciclo económico menos vigoroso têm marcado os últimos anos da atividade profissional farmacêutica, mais especificamente no que concerne à Farmácia comunitária, razão pela qual muitos Farmacêuticos têm demonstrado uma preocupação cada vez maior com questões relacionadas com a gestão do seu espaço de saúde.

Este estágio, no final do curso, visa a integração dos futuros Farmacêuticos no mercado de trabalho e na realidade profissional existente em Farmácia de oficina, ao permitir o primeiro contacto com a atividade do Farmacêutico comunitário bem como com o público. Torna-se assim a melhor oportunidade de aprendizagem prática e consolidação de conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da nossa formação académica, que nos leva a tomar consciência das responsabilidades profissionais e éticas para com a comunidade. Outro fator de aprendizagem importantíssimo é a convivência profissional com os nossos pares e com outros profissionais de saúde, o que inclui a transmissão de conhecimentos determinantes na nossa formação enquanto profissionais. O meu Estágio Curricular em Farmácia Comunitária foi realizado na Farmácia Aliança situada na cidade do Porto, tendo decorrido no período de 30 de Junho a 31 de Outubro de 2014. O objetivo deste documento é relatar todas as atividades inerentes ao funcionamento de uma Farmácia comunitária, expondo os diversos desafios encontrados, os conhecimentos adquiridos e a minha contribuição para a Farmácia.

2. Organização do espaço físico e funcional da Farmácia

A organização do espaço físico é um fator importante para que a atividade diária na Farmácia decorra pelo melhor. Para tanto, uma das condições básicas para proporcionar a qualificação do acesso e promover o uso racional dos medicamentos é garantir que a Farmácia,possui um serviço e ambientes adequados, onde as áreas físicas sejam planejadas e capazes de oferecer condições para acolher o usuário com dignidade e respeito; de facilitar o diálogo entre o Farmacêutico e o usuário do medicamento; de garantir que os medicamentos mantenham a sua integridade física e química; de proporcionar boas condições de trabalho àqueles que fazem da Farmácia o seu ”habitat” profissional. Por um lado, este espaço deve ser distribuído de forma

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funcional, atribuindo diferentes tarefas a diferentes locais para que o trabalho de equipa seja possível e tudo seja feito de forma organizada. Por outro lado, esta organização do espaço físico reflete-se na imagem da Farmácia, a qual é avaliada assim que um utente entra no estabelecimento, e pode ser importante no sentido de transmitir confiança e tranquilidade ao mesmo.

2.1 Localização e público-alvo

A Farmácia Aliança (FA) localiza-se no coração do centro histórico da cidade do Porto, particularmente na Rua da Conceição, nº2-8. Esta sua localização central, perto de zonas comerciais e unidades de saúde, reflete -se num fluxo acrescido de pessoas, o que leva a que a FA apresente níveis de procura e de atendimento muito pródigos. Assim sendo, são prestados cuidados de saúde a um grupo heterogéneo de utentes: residentes locais, trabalhadores da zona, estudantes, utentes ocasionais (i.e. turistas) e utentes habituais, na sua maioria idosos, muitas vezes, doentes crónicos, acerca dos quais a Farmácia tem um conhecimento particularizado em relação ao perfil clínico e terapêutico, disponibilizando-lhes um acompanhamento farmacêutico e monotorização completos. O pensamento estratégico da Farmácia pressupõe não só a compreensão do ambiente de atuação, mas também, do seu público-alvo. Esta diversidade populacional representou uma mais-valia no decorrer do estágio, pois permitiu o contacto com pessoas de realidades distintas e proporcionou as mais diversas situações para as quais o Farmacêutico é chamado a intervir.

2.2 Espaço exterior e enquadramento socioeconómico

A FA tem uma apresentação exterior bastante agradável e harmoniosa, que se encontra dentro de todas as exigências legais, e é facilmente identificada através da cruz verde ligada. O espaço de entrada é amplo, de fácil acesso e bastante convidativo. O espaço está distribuído de forma funcional, de modo a facilitar todas as tarefas necessárias ao normal dia-a-dia da Farmácia. No espaço exterior, é possível visualizar uma placa com o nome do Diretor Técnico (DT), o horário de funcionamento e a Farmácia de serviço, de forma a cumprir o Decreto Lei (DL) nº 307/2007 de 31 de agosto, alterado pelo DL n.º171/2012 de 1 de agosto1,2. Na fachada da Farmácia as

montras são aproveitadas para a exposição de cartazes onde o público pode tomar conhecimento dos serviços à sua disposição, para a exposição de produtos, publicidade e ainda informações úteis, atualizadas periódica ou sazonalmente. As montras refletem a identidade e personalidade da marca “Farmácia Aliança”. São um meio de comunicação credível, que bem explorado se torna determinante para

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o impacto causado no consumidor e na concorrência. Durante a minha estadia constatei que a remodelação da montra, a disposição dos produtos e toda esta informação afixada eram chamativas para o público e tinham mesmo uma importância significativa na procura de serviços farmacêuticos (SF) ou produtos. Muitas vezes, os utentes entravam na Farmácia com o intuito de procurar esclarecer dúvidas ou obter mais informações relativamente aos artigos e comunicações expostas. É de salientar que a FA dispõe de um serviço de decoração responsável pela organização das montras.

Quanto à distribuição da área da Farmácia, esta é constituída por dois espaços físicos independentes, com portas de entrada diferentes, sendo um deles o espaço principal da Farmácia, onde ocorre a dispensa de medicamentos e a prestação dos mais variados cuidados de saúde e um outro espaço adjacente, dedicado à ortopedia e produtos de bebé. Existe ainda uma terceira porta lateral destinada à entrega de mercadoria, com acesso direto ao armazém. Junto a esta é possível encontrar uma janela de atendimento nos períodos em que a Farmácia realiza atendimento noturno nos dias de serviço permanente.

2.3 Espaço interior

A FA está dividida em diversas áreas funcionais, tal como previsto no DL n.º 307/2007, de 31 de agosto e no DL n.º 171/2012, de 1 de agosto que cita as suas alterações, divididas por dois andares. Cumpre ainda as especificações regulamentadas pela Deliberação n.º 2473/2007, de 28 de novembro1,2,3. Todas as

Farmácias devem ter uma área útil total mínima de 85m2, e dispor obrigatoriamente de

uma zona de atendimento geral, armazém, laboratório, escritório e instalações sanitárias, segundo o DL n.º 18/90, de 27 de Dezembro4. Para além destas zonas, a

FA possui ainda uma área de atendimento personalizado, uma área dedicada à dermocosmética e uma dedicada à ortopedia.

A zona de atendimento ao público constitui um espaço amplo, funcional, iluminado, ventilado e acolhedor, composto por uma zona com 3 postos de atendimento. Cada um deles está equipado com computador, impressora e leitores óticos de códigos de barras, partilhando os terminais multibanco e a caixa registadora. Os 3 postos estão suficientemente distanciados entre si, o que possibilita alguma privacidade durante a dispensa de medicamentos, para que o utente se sinta confiante e disponível para expor os seus problemas e dúvidas. Todo este espaço encontra-se estruturado de forma a permitir a fácil circulação tanto dos funcionários como dos utentes, que ao entrarem dispõem de um pequeno espaço de espera, com água fresca e um monitor onde passam informações do seu interesse (i.e. programas nacionais

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nos quais a Farmácia se encontra inserida). Há ainda à sua disposição, folhetos informativos com os mais diversos temas, que funcionam como complemento ao serviço prestado pelo Farmacêutico. É também neste espaço da Farmácia que os utentes têm acesso a uma balança eletrónica, que permite o uso autónomo por parte dos utentes. Na área envolvente e ao alcance visual dos utentes, encontram-se lineares com produtos farmacêuticos (PF) organizados por marcas e por indicação terapêutica, como suplementos vitamínicos, higiene buco-dentária, produtos naturais, produtos dermocosméticos entre outros, permitindo uma dispensa mais fácil e rápida. No espaço circundante há ainda outras estantes que contêm produtos muitas vezes escolhidos sazonalmente e divididos por diferentes áreas e fins a que se destinam como: produtos veterinários, homeopatia (em armário fechado) e fitoterapia. Para esta seleção é sempre tida em conta a época do ano, campanhas promocionais ou a chegada de novos produtos. Durante a minha estadia na FA tive oportunidade de participar ativamente na renovação das montras, prateleiras e expositores, o que me permitiu perceber alguns dos critérios de marketing que levam a determinadas escolhas, bem como a sua importância no exponenciar do interesse do doente.

Os medicamentos cuja forma farmacêutica (FF) é comprimido ou cápsula estão guardados por ordem alfabética da Denominação Comum Internacional (DCI), numa zona recuada da área de atendimento ao público, estando o sobrenadante no armazém. Esta zona inacessível ao público, mas que se encontra relativamente perto do balcão, está organizada em gavetas e é o local a que mais se recorre na maioria das vezes, permitindo uma dispensa rápida ao Farmacêutico e impedindo, simultaneamente, o acesso do público. Contudo, esta zona não dispõe de armários suficientes para armazenar todos os comprimidos / cápsulas. Assim, os medicamentos que não usufruem de espaço disponível encontram-se no armazém.

Numa zona mais recatada da Farmácia encontra-se a área de atendimento

personalizado, à qual se recorre sempre que algum utente deseja fazer a

monotorização de parâmetros físicos e bioquímicos, serviço pelo qual a FA se importa e revela bastante interesse. A atividade não é nova, mas a filosofia da prestação de cuidados farmacêuticos está agora muito mais adaptada às necessidades dos doentes, garantindo uma melhor acessibilidade e um atendimento mais próximo e acompanhado. Estar mais próximo do doente é um dos principais objetivos da FA. Aqui, a pessoa sentir-se-á à vontade também para expor as suas dúvidas, relatar as suas preocupações e pedir o aconselhamento farmacêutico, usufruindo de privacidade e sigilo. Proporcionando uma maior personalização de cuidados, a FA disponibiliza ainda um contacto direto de telefone, telemóvel e fax para onde os doentes podem ligar para esclarecer dúvidas sobre a terapêutica prescrita sem ter de se deslocar à

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Farmácia. Esta área serve também para a prestação de serviços de enfermagem. Este serviço possui enfermeiros experientes e especializados que através da utilização dos melhores produtos e equipamentos, procuram dar uma resposta eficaz aos doentes.

Para acondicionar todos os produtos que não estão expostos, existe, numa secção anexa e mais ao fundo do edifício, o chamado armazém, onde é possível encontrar guardados em gavetas e prateleiras medicamentos apresentados sob a forma de xaropes, gotas, semi-sólidos, granulados, injetáveis, medicamentos de uso externo, restantes produtos de veterinária, dispositivos médicos (DM) e produtos de higiene. Este é um espaço multifuncional, com passagem direta para a área de atendimento ao público e para o exterior. Todos os produtos estão agrupados em secções específicas e distribuídos por ordem alfabética da marca, geralmente. No caso de se tratar de comprimidos e cápsulas que não tiveram espaço disponível junto da zona de dispensa, a organização é feita por DCI. Os psicotrópicos e estupefacientes, são guardados no armazém também, em separado dos restantes medicamentos, em gavetas próprias não identificadas. Produtos de frio, como as vacinas, insulinas e alguns colírios são armazenados igualmente nesta área, onde se encontra um frigorífico com termohigrómetro que garante o correto e vigiado acondicionamento dos produtos que necessitam destas condições especiais a 2-8ºC. Esta é uma área de bastante movimento, uma vez que possui o material informático e as condições necessárias à execução e realização da receção de encomendas, ao ocorrer o contacto direto ou via telefone com os fornecedores. A impressão de etiquetas para os produtos de saúde não éticos (NETT), bem como a impressão de outros documentos é feita no armazém. Este espaço possui ainda um “sótão” onde estão armazenados os excedentes, produtos que não podem ser colocados num local mais acessível devido à falta de espaço.

O 1ºandar, acessível por meio de escadas, engloba o laboratório, destinado à preparação de medicamentos manipulados e a alguns processos necessários ao nível da dermocosmética. É aqui que se encontram fontes bibliográficas importantes como as Boas Práticas de Farmácia, o Formulário Galénico Português ou a Farmacopeia Portuguesa, e ainda outros livros relacionados com a saúde em geral e com interesse para a prática na Farmácia. Muito recentemente, a FA iniciou a construção do

laboratório de homeopatia, uma das grandes apostas da FA no mercado. Também

no andar de cima da FA existe um escritório pertencente ao DT, onde este se ocupa da administração e da gestão económica, financeira e fiscal da Farmácia. Muitas vezes, o Dr. Carlos transmitiu-me conhecimentos acerca dessas áreas, despertando o meu interesse para a gestão farmacêutica. Existe ainda um gabinete de

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saúde capilar (tricologia), nutrição, naturopatia/homeopatia e acupuntura. Esta é uma das áreas em que a FA se especializa, possuindo pessoas distinguidas em diversas áreas, com capacidade superior para prestar serviços de aconselhamento. Outra grande aposta na FA é a ortopedia e a puericultura, duas áreas com um público-alvo restrito mas com bastante procura. Uma vez que existe um espaço apenas dedicado a ambas as áreas, encontram-se ao dispor inúmeros dispositivos e acessórios que não são encontrados em qualquer Farmácia, bem como Farmacêuticos e Técnicos especializados nos temas.

Ao longo destes anos, a FA tem acompanhado o progresso e inovação, no que diz respeito ao cuidar por excelência. Através da criação de vários serviços que não se limitam á dispensa de medicamentos a FA tem adquirido a confiança dos clientes e o seu trabalho de referência tem permitido obter convenções com várias entidades de renome no mercado.

2.4 Recursos Humanos

Os recursos humanos são a base essencial de uma gestão de qualidade.

O Dr. Carlos é o responsável máximo pelos atos farmacêuticos praticados na Farmácia, tendo sob sua orientação e responsabilidade um quadro de funcionários, desde Farmacêuticos a outro pessoal habilitado, os quais constituem uma equipa coesa e ativa na prestação de cuidados de saúde (Tabela 1).A FA cumpre assim o DL nº 307/2007, de 31 de agosto, que estabelece como regra que as Farmácias comunitárias disponham de pelo menos 2 Farmacêuticos1.

TABELA 1 – Equipa Técnica da Farmácia Aliança: definir uma estrutura organizacional da Farmácia, bem como estabelecer a missão e as atribuições de cada atividade operativa, é significativamente importante para o pleno desenvolvimento da atividade de uma Farmácia.

Nome Função/Cargo

Dr. Carlos Brás Cunha Director-técnico e Proprietário

Dr.ª Sónia Correia Farmacêutica-Adjunta

Dr.ª Susana Castro Farmacêutica-Adjunta

Dr. Alexandre Faria Farmacêutico-Adjunto

Paula Martinho Técnica de Farmácia

Eduardo Moreira Técnico de Farmácia

João Pedro Jorge Técnico de Farmácia

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2.5 Horário de funcionamento

A FA presta cuidados de saúde em horário contínuo, das 8:30h até às 22h, de segunda a sábado. O DL n° 172/2012, de 1 de agosto, e com a Portaria nº 14/2013 de 11 de janeiro, assinala um período mínimo semanal de 44 horas de atendimento, logo o horário de funcionamento da Farmácia está de acordo com o previsto pela lei5.

Quando em serviço permanente, funciona de forma ininterrupta, desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte. De referir que, dada a quantidade de Farmácias existentes na cidade do Porto, o serviço de atendimento ininterrupto é bastante distribuído, pelo que a FA apenas fica responsável por este serviço 6 a 7 vezes por ano.

3. Circuito geral de medicamentos e produtos

3.1 Sistema Informático

Um dos principais instrumentos que tem permitido cumprir o duplo desafio - modernização dos processos internos e melhorar o serviço ao utente – são as tecnologias informáticas. Com o avanço da tecnologia, também na Farmácia se fez sentir a evolução, com o aparecimento de softwares mais rápidos, simples e funcionais, como o Sifarma2000, usado atualmente pela FA. Este é comercializado pela empresa Glintt, que se encarrega da instalação e manutenção do sistema, atualizando-o diariamente. Este sistema informático é indispensável na gestão da Farmácia e uma falha técnica pode, sem dúvida, pôr em causa o normal funcionamento, situação que deve ser prevista e assegurada. Por um lado, é um sistema de grande simplicidade, porque permite uma utilização simples, apesar da sua sofisticação. Com efeito, apresenta-se de uma forma bastante intuitiva, oferecendo uma interface utilizador-sistema adaptado ao uso quotidiano de atendimento ao balcão, com menus lógicos, uma estrutura clara e homogénea em todos os módulos. Por outro lado, tem uma grande flexibilidade, porque tem a possibilidade de processar no mesmo ato farmacêutico, várias receitas, devoluções, regularizações, entre outros.

O acesso ao programa é feito individualmente por cada funcionário, a quem é atribuído um nº de utilizador e palavra passe, assegurando assim que cada ação realizada fique registada e se possam assumir responsabilidades. Consoante o utilizador, estão à disposição diferentes funcionalidades. Todos os estagiários têm um nº de utilizador e password definidos, contudo, estas credenciais conferem um acesso limitado e restrito ao programa. Porém, sempre que se justificava, tive acesso às

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credenciais de outros colegas, as quais me permitiam um acesso total às funcionalidades do Sifarma2000. O Sifarma2000 permite o rápido acesso a informações sobre determinado produto como: a quantidade existente em stock, rotatividade, stock mínimo e stock máximo, consumo diário, mensal e anual (com apoio de gráficos), histórico de vendas, prazo de validade (PV), data/hora e valor da compra, atualizações do preço de venda ao público. Ao acompanhar toda a dispensa ao utente, diminui a probabilidade de ocorrerem erros, contribuindo para a otimização deste processo, pois constitui um apoio para o Farmacêutico até ao nível da informação científica do medicamento.

3.2 Gestão de stocks

A gestão de stocks é um dos encargos do Farmacêutico. A gestão de stocks é essencial em Farmácia comunitária, constituindo um dos índices que melhor demonstra a sua funcionalidade e contribui para a sua manutenção e estabilidade. O software de gestão de stocks permite um controlo rigoroso do fluxo de entradas e saídas nos stocks da Farmácia, através de múltiplas funcionalidades otimizadas e integradas nas soluções do Sifarma2000. Este deve garantir a existência de todo um leque de produtos em determinada quantidade, de modo a conseguir responder às necessidades diárias de quem a frequenta. É imprescindível que os SF sejam capazes de responder às solicitações de medicamentos e outros PF, desde as mais raras às mais comuns, sem que se verifique uma quebra ou atraso na resposta. As recentes intervenções modernizadoras levaram à reorganização e à automatização do circuito do medicamento (CdM) e, permitem que, agora, a gestão de PF seja mais fácil e instintiva. Hoje em dia, esta gestão é assegurada com o apoio do Sifarma2000, que em função do stock máximo e mínimo estabelecidos, permite fazer uma gestão de stocks semiautomática. Assim que é detetado pelo sistema que o stock mínimo de um produto foi atingido é efetuada uma sugestão de encomenda ao operador, o que permite ao mesmo, ter uma noção geral das quantidades de produto a encomendar.

Por um lado, pretende-se que o stock na Farmácia não seja demasiado elevado, pois isso implica a necessidade de espaços físicos grandes e mecanismos financeiros. Excedentes no armazém simbolizam empate de capital e podem ter de ser devolvidos. Por outro lado, o stock também não deve ser muito baixo, pois pode não chegar para responder à procura, o que se poderá repercutir na satisfação e fidelização dos utentes e na boa imagem da Farmácia, uma vez que fica em causa a dispensa atempada dos medicamentos. A aquisição de produtos sem rotação, para ter em stock, também poderá não ser vantajoso. Desde que vá havendo produtos em quantidade suficiente para cobrir as necessidades, o stock deve ser o mais reduzido

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possível, de modo a que o capital empatado seja reduzido. Muitas vezes, quando a gestão de stocks é mal executada, podem surgir diversas dificuldades financeiras, incluindo a sobrevivência da farmácia.

Para se obter uma boa gestão de stocks, é essencial ter em conta diversos aspetos (Tabela 2). Todos estes são fatores preponderantes, e como variam, é necessário proceder a uma atualização dos stocks, muitas das vezes. É recorrente a deteção de erros de stock, que podem levar a situações confusas em que o atendimento não é assegurado e a boa gestão é posta em jogo. Estes advêm de situações como por exemplo erros na entrada da encomenda, devoluções ou quebras, erros no registo das vendas e erros nas marcações. Apesar de, um erro de stock, poder não ter um impacto direto no doente e na sua terapêutica, este tipo de situações condiciona a logística da Farmácia e do seu equilíbrio económico. Perante isto, pede-se aos Farmacêuticos uma atitude pró-ativa. Dadas as discrepâncias que pede-se possam verificar, o registo de stocks não está isento da contabilização manual segundo determinada frequência. Diariamente, faz-se o levantamento imediato em computador, de todos os produtos em falta para clientes. Ao Farmacêutico cabe averiguar a razão da rutura e tomar as diligências necessárias. Outro fator a ter em conta é a Portaria nº 137-A/2012, de 11 de maio, que transmite que a Farmácia deve ter em stock pelo menos três medicamentos do grupo dos cinco mais baratos de cada grupo homogéneo, com a mesma dosagem, substância ativa e forma farmacêutica6.

Na FA o funcionamento no que toca a esta parte é bastante organizado, e desde cedo me foi explicado como tudo é gerido em termos de stocks. Aprendi a avaliar as necessidades, a negociar e a comparar vantagens. Sempre que me foi possível, procurei envolver-me nesta área mais administrativa.

TABELA 2 – Gestão de stocks: é necessário implementar metodologias de gestão, objetivando que um produto em stock esteja constantemente pronto a dar resposta à uma encomenda de um cliente.

Gestão de stocks

Perfil dos utentes habituais, as suas preferências e poder de compra Hábitos de prescrição dos médicos mais recorrentes nas receitas

Variações sazonais Média mensal de vendas Prazos de validade dos produtos

Publicidade de determinados produtos nos meios de comunicação social Dias de serviço permanente da farmácia

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3.3 Aprivisionamento, processos de aquisição e encomendas

3.3.1 Encomendas

Hoje em dia, já não é necessário a Farmácia possuir um stock elevado de produtos, pois a indústria de distribuição farmacêutica já garante a sua rápida distribuição e estes podem ser adquiridos em algumas horas. Na FA as encomendas são realizadas, na maior parte das vezes, por um dos Técnicos de farmácia. Mais ainda, a FA dispõe de um colaborador formado em gestão que em regime de estágio profissional se encontra inteiramente responsável pelo serviço de Gestão de Armazém, logo apenas pude assistir ao processo, e não executá-lo diretamente. Os processos de aquisição podem ser consultados (ANEXO I), porém foi um serviço que eu não executei.

3.3.2 Receção e conferência de encomendas

Desde o início do meu estágio que participei ativamente neste processo, bem como no armazenamento de encomendas, acabando por me tornar bastante autónomo e responsável nesta tarefa, o que foi vantajoso para adquirir destreza com o sistema informático e para melhorar o meu conhecimento acerca dos mais variados PF, seus nomes comerciais e caraterísticas. Como referido anteriormente, na FA existe um espaço destinado à realização da receção de encomendas, que dispõe de um computador e suporte físico para se disporem os produtos à medida que vão sendo registados. Também me coube a mim, muitas das vezes, fazer o contacto com os fornecedores, sempre que era necessário regularizar alguma situação inerente às encomendas.

O processo, que advém de uma prévia encomenda por parte da Farmácia, inicia-se com a chegada do funcionário da empresa fornecedora, perfeitamente identificado, que aquando do ato da entrega requer a um elemento da equipa uma assinatura e carimbo na fatura ou guia de transporte. Desta forma, muitas das vezes cheguei a ser eu o responsável pela confirmação da entrega de encomendas quer efetuadas a fornecedores, quer a laboratórios. As encomendas chegam à Farmácia acondicionadas em contentores de plástico ou caixas de cartão com a identificação do fornecedor e sempre acompanhadas pela fatura ou guia de encomenda em duplicado. Junto com as embalagens de psicotrópicos ou estupefacientes, vem a requisição específica para estes fármacos, em duplicado também. Os produtos de frio, que exigem condições de conservação entre os 2ºC e os 8ºC, são transportados em contentores térmicos. Após a entrega ter sido feita, é necessário proceder-se ao registo informático, para o qual é essencial a fatura (ANEXO II). Com o auxílio de um leitor do código de barras, é registada cada caixa, e deve-se verificar se a data de

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validade marcada corresponde ou é superior à que aparece no monitor, bem como se o PVP está atualizado. Nesta fase, há que ter em conta: se os produtos recebidos correspondem aos da encomenda, se vêm nas condições ideais, se o valor faturado está correto, se a atribuição de bónus ou descontos foi feita corretamente, se a quantidade é a registada na fatura e na nota de encomenda (NE), se o PVP foi alterado ou se a margem precisa de ser modificada. Se no final do registo se verificar correspondência de valores, a encomenda é fechada. Os produtos em falta, ou esgotados, são assinalados pelo sistema informático, havendo a possibilidade de serem transferidos para outro fornecedor ou retirados da encomenda, e é sempre possível informar automaticamente o INFARMED sobre a existência de produtos esgotados.

Para os produtos que não trazem preço marcado, têm de ser impressas etiquetas com o código de barras, preço e IVA. Estes produtos são designados de NETT e englobam MNSRM, produtos de dermocosmética, puericultura, homeopatia e ortopedia e podem ser comercializados com margens definidas pela Farmácia. O preço dos medicamentos e produtos de saúde éticos, onde se incluem os Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), é estabelecido através de margens fixas determinadas pelo DL nº 112/2011, de 29 de novembro alterado pelo DL n.º 152/2012, de 12 de julho7,8. Já o preço dos NETT é calculado tendo em conta o seu

custo para a Farmácia, a margem da Farmácia (variável) e o IVA. A receção termina com a assinatura das faturas, que são arquivadas em dossiers organizados por fornecedor, a entregar ao contabilista. A fatura original e duplicada de psicotrópicos e estupefacientes deverá ser carimbada e assinada pelo DT.

3.3.3 Armazenamento

Um organizado armazenamento é essencial para reduzir o tempo necessário para a procura de produtos, proporcionando uma dispensa mais despachada e um maior foco no utente. Há que ter em conta a forma de se obter um melhor atendimento mas também a forma de se garantir a conservação e integridade de cada medicamento. Para isso é necessário que a temperatura no interior da Farmácia ronde os 25ºC, a humidade seja de aproximadamente 60% e os produtos termolábeis estejam armazenados a temperatura entre 2º a 8ºC.

Cedo percebi, que a colocação dos produtos no armazém ou expositores não era feita ao acaso. Dentro do mesmo PF, a norma de arrumação denomina-se “FEFO -

first expire, first out”, a qual se traduz na colocação de produtos com menor prazo de

validade à frente, criando-se uma ordem de prazo de validade. Isto garante uma rotação adequada de stocks, levando a que sejam vendidos primeiro os que já estão há mais tempo na Farmácia e cuja validade expira primeiro, evitando uma maior

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quantidade de produtos para devolução ou que sejam vendidos o mesmo tipo de produtos por preços variáveis, devido às atualizações de preços constantes. O armazenamento de produtos foi uma tarefa que realizei inúmeras vezes e que foi de grande importância para me familiarizar com todas as suas localizações, nomes comerciais e grupos homogéneos. Desta forma, fiquei apto para posteriormente realizar um atendimento com mais confiança e autonomia.

3.3.4 Controlo de prazos de validade

O controlo dos prazos de validade tem como objetivo a verificação mensal dos produtos em stock, por forma a retirar os produtos com prazo de validade a expirar. Uma regra básica, que em muito pode facilitar esta tarefa, é a verificação das datas de validade aquando da receção da encomenda. Todos os meses, é feita uma verificação de todo o tipo de produtos existentes na Farmácia, com apoio do sistema informático, o qual emite mensalmente, uma lista de todos os produtos com PV a expirar (ANEXO III). Normalmente, todos os medicamentos têm de ser recolhidos, dois meses antes de a validade acabar, mas os medicamentos veterinários ou produtos do protocolo de Diabetes Mellitus, devem ser recolhidos cinco meses antes de o prazo expirar. Quando são detetados produtos nas situações anteriores, é feita a sua devolução ao fornecedor, que ao aceitar, emite uma nota de crédito e procede à sua troca. Há que haver um controlo apertado no que diz respeito ao controlo do PV dos medicamentos, pois a sua venda pode pôr em perigo a saúde dos utentes. Para além disso, a nível económico, uma deteção tardia de produtos fora de prazo, pode levar a uma impossibilidade de devolução, e assim a uma perda do capital inicialmente investido.

3.3.5 Devoluções

Normalmente as devoluções decorrem de situações em que os produtos não estão nas condições ideais, as embalagens estão deterioradas, produtos foram trocados, produtos foram retirados do mercado, produtos não foram encomendados ou o seu prazo de validade está prestes a expirar, preços incorretos, notificação de produtos retirados do mercado pelo INFARMED. Assim que se contacta o fornecedor para informar da reclamação/pedido de devolução, é emitida uma nota de devolução, a qual deve acompanhar os produtos no seu trajeto de volta ao fornecedor. A guia de transporte também tem obrigatoriamente de acompanhar o produto, de acordo com a legislação, que se refere à circulação de bens descrita no DL n.º 198/2012 de 24 de agosto9. A resposta do fornecedor, ao ser positiva, representa a possibilidade de

efetuar uma troca por outros produtos ou a emissão de uma nota de crédito a descontar na fatura seguinte. Caso os produtos não sejam aceites, estes são

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devolvidos e têm de ser catalogados como quebras de stock. Quando se empresta um medicamento a outra Farmácia, faz-se a devolução do produto.

TABELA 3 – Atividades desenvolvidas durante o estágio no decorrer da gestão de stocks: apenas não tive a oportunidade de realizar encomendas.

Atividades realizadas no período de estágio

Encomendas

Receção e conferência de encomendas

Armazenamento de encomendas

Controlo de Prazos de Validade

Devoluções

4. Relacionamento com os utentes

“Enquanto utilizadores dos serviços de saúde os indivíduos necessitam mais do que cuidados físicos. Necessitam de atenção ao seu bem-estar psicológico, medos específicos e ansiedades relacionadas com saúde e doenças, exames a realizar e tratamentos, qualidade de vida, crises pessoais e familiares. Sempre que não há resposta adequada a essas necessidades há insatisfação dos utentes em relação ao comportamento dos profissionais e uma avaliação negativa da qualidade dos cuidados que foram prestados.” José A. Carvalho Teixeira

A profissão farmacêutica desempenha um papel fundamental na sensibilização e educação da sociedade para os cuidados de saúde. Para que esta mensagem, seja compreendida e corretamente transmitida, torna-se obrigatória uma boa comunicação. A interação Farmacêutico – Utente tem como base estratégias comunicacionais de linguagem verbal e não-verbal. O conhecimento científico e a habilidade técnica do Farmacêutico são importantes, mas pouca relevância têm, se este mesmo profissional não apresentar um bom relacionamento interpessoal, empatia e assertividade. A empatia é uma qualidade do cuidador. Assim sendo, a ação do Farmacêutico como profissional de saúde, e como promotor do uso racional de medicamentos, depende do conhecimento científico e das competências no ato de comunicar, respeitando o indivíduo e tornando-o ativo nesse processo. A informação em saúde necessita de ser clara, compreensível, recordável, credível, consistente, baseada na evidência e personalizada. Esta personalização significa que a informação é fornecida consoante as necessidades de informação do utente, adaptada ao seu nível cultural e ao seu estilo cognitivo, permitindo economizar tempo, aumentar a satisfação dos utentes e facilitar a sua intenção de virem a adotar os comportamentos propostos. O

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Farmacêutico deve falar num tom baixo, próximo do doente e manusear os medicamentos requeridos de modo a que a exposição seja a menor possível. Caso seja necessário, o Farmacêutico deve convidar o utente a continuar o atendimento na zona de atendimento personalizado, onde este se poderá sentir mais à vontade. No período que passei na zona de atendimento ao público pude aperfeiçoar a forma de relacionamento com os utentes. Assim, consegui ultrapassar a minha timidez que me causava algum desconforto e inibição dificultando a minha interação e realização dos objetivos pessoais e profissionais. Atuei sempre de forma a garantir a privacidade do utente, e adaptei o meu diálogo às diferentes situações, de forma a permitir uma intercomunicação eficaz, com todos os benefícios que isso traz para a saúde do doente e para a confiança depositada, e bem, na classe Farmacêutica. Tentei sempre ser o mais profissional e cientificamente correto possível e fui desenvolvendo o compromisso de, passar o máximo de tranquilidade possível aos utentes que o procuram, desdramatizando as situações ou alertando-os, dando-lhes uma perspetiva da situação, sugerindo, por exemplo, a procura de um médico. Com as habilidades adquiridas penso ter reunido os conselhos e a prática necessária para, mais tarde, ser um Farmacêutico bem-sucedido.

5. Dispensa de Medicamentos sujeitos a receita médica

(MSRM)

A dispensa de medicamentos é a função primordial do Farmacêutico e deve ser feita unicamente em Farmácia, por Farmacêuticos ou técnicos devidamente habilitados, sempre sob a responsabilidade do DT. Esta dispensa passa por todo um processo de grande responsabilidade e rigor que vai desde a validação da prescrição médica ao aconselhamento acerca da posologia, interações terapêuticas, cuidados especiais, duração de tratamento. É neste contacto direto com o doente, que o Farmacêutico tem oportunidade de aplicar todo o seu conhecimento, que deve ser bastante abrangente, no sentido de se encontrar competente para poder dispensar e aconselhar acerca de qualquer tipo de produto existente ou não na Farmácia. No exercício da sua profissão, o Farmacêutico como agente da saúde deve priorizar a orientação e o acompanhamento farmacoterapêutico. A enorme quantidade de medicamentos disponível e sua variada ação farmacológica manifestam a necessidade que alguém, com sólidos conhecimentos científicos na área do medicamento, ponha racionalidade no mercado e garanta o seu uso correto.

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O sistema informático desempenha nesta fase, um papel fulcral. É através do mesmo que se faz todo o registo da venda: os códigos da receita e dos produtos são lidos, os sistemas de saúde são selecionados, as comparticipações são calculadas automaticamente, os descontos podem ser feitos e no fim, a fatura é emitida. O

Sifarma2000 também está preparado para a consulta de quaisquer informações

científicas do medicamento, que podem ser úteis aquando do aconselhamento. A ficha de produto torna-se igualmente um separador bastante recorrente, para visualizar informações de stock e preços. Durante o meu estágio, apenas tive oportunidade de fazer atendimento numa fase mais avançada, mas esta foi sem dúvida a tarefa mais complexa e com a qual aprendi mais. Aqui torna-se importantíssimo ganhar a confiança do público e para isso, a experiência e o profissionalismo são determinantes.

5.1 Dispensa

No que diz respeito à sua dispensa ao público, os medicamentos são classificados em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), segundo o DL n.º176/2006, de 30 de agosto alterado pelo DL n.º 20/2013, de 14 de fevereiro10,11.

5.1.1 A receita médica

Os MSRM apenas podem ser dispensados pelo Farmacêutico através da apresentação de uma receita médica válida por parte do utente. A Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio, regulamentada pelo Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro, determina o modelo de receitas do Sistema Nacional de Saúde (SNS) que, na grande maioria das situações, deverá ser em suporte eletrónico12,13. Apenas em

raras exceções, descritas pelo art.º 8 da Portaria n.º 137-A/2012, é possível validar uma receita prescrita à mão, e estas incluem: a) falência do sistema informático; b) inadaptação fundamentada do prescritor; c) prescrição ao domicílio ou d) profissionais com volume de prescrição igual ou inferior a 40 receitas por mês12 (ANEXO IV). Desta

forma, todas as receitas passaram a apresentar uma configuração semelhante e a diferente categoria a que pertencem, é evidenciada pela presença de uma sigla no canto superior direito: RN- Receita Normal; RD – Receita de Dispositivos (tiras e lancetas); RM – Receita Migrante e RE – Receita Especial (estupefacientes e psicotrópicos).

A Lei n.º 11/2012, de 8 de março veio estabelecer novas regras de prescrição e dispensa de medicamentos de uso humano, e a Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio12,14. A partir de 1 de junho de 2012, a prescrição de medicamentos passou a ser

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optarem por medicamentos genéricos, que acarretam, geralmente, menos despesas para os próprios e para o Estado. Desde então, o paciente passou a poder escolher qualquer medicamento que pertença ao mesmo grupo homogéneo, quer este seja de marca patenteada ou genérico de um variado leque de laboratórios. No entanto, é frequente haver receitas que incluem a marca ou o titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM), o que se justifica em casos em que não há medicamento genérico comparticipado para essa substância ativa ou em casos em que o utente vê o seu poder de escolha ser bloqueado (exceção a e b) ou restringido (exceção c) pelo médico prescritor (ANEXO V), através de três exceções em vigor, respeitantes à Lei nº 11/2012 de 8 de março, Portaria nº 137-A/2012 de 11 de maio. No caso de se tratar da exceção a e b, o utente não pode pedir a troca do medicamento prescrito e com a exceção c, este apenas pode optar por uma medicamento de preço igual ou inferior ao prescrito. As receitas médicas, têm de respeitar a Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio (alterada pela Portaria n.º 224-A/2013 de 9 de julho) que estabelece os parâmetros necessários para garantir a validade de uma receita12,14,15. Normalmente

podem ser prescritos até 4 medicamentos diferentes numa receita, sendo que apenas 2 embalagens podem ser prescritas para cada um, num total de 4 embalagens. No caso de medicamentos unitários, poderão ser prescritas até quatro embalagens e nas receitas para prescrição de dispositivos abrangidos pelo Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, não devem constar outro tipo de medicamentos. Nas receitas de medicamentos manipulados comparticipados, também não devem aparecer outros medicamentos prescritos, e deve aparecer inscrito “FSA” (faça segundo a arte) e “manipulado”. No que diz respeito à data de validade, existem dois diferentes tipos de receitas: as não renováveis, com validade até 30 dias e que geralmente contêm medicamentos destinados a tratamentos de curta/média duração, e as renováveis, com validade até seis meses após a data de emissão, que podem ser passadas em triplicado, e que se destinam a medicação de uso crónico.

5.1.2 O ato de dispensa

A distribuição do medicamento é o denominador comum e a face mais visível da atividade farmacêutica, representando um processo fundamental no circuito do

medicamento.

A distribuição tem como principais objetivos assegurar a validação da prescrição, o cumprimento integral do plano terapêutico, a diminuição dos erros associados à dispensa e administração, uma melhor adesão do doente à terapêutica e o cumprimento dos procedimentos e normativos. Assim que uma receita chega às mãos do Farmacêutico, a primeira coisa a conferir é a validade da mesma,

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seguindo-se uma inspeção rápida mas eficiente a todos os outros elementos que constituem uma receita aceitável. È feita uma interpretação a nível terapêutico, em que o profissional deve recorrer ao seu conhecimento científico de forma imparcial e ética, para constatar se aquela prescrição terá sido feita corretamente para o utente. Em seguida, procede-se à recolha dos medicamentos, na qual se deve ter e conta o nome do medicamento, a dosagem, o número de unidades por embalagem e a quantidade de embalagens prescritas (ou as que o utente pretende levar, no caso de ser em nº inferior). Este é um procedimento que deve ser feito com a máxima cautela, pois um pequeno lapso pode prejudicar ou pôr em risco a terapêutica do doente. Assim que todos os produtos estiverem reunidos, inicia-se o processo de venda. No sistema informático são inseridos os dados da receita (número, médico a prescrever e local de prescrição) através do leitor ótico e a entidade que faz a comparticipação ou o despacho específico, através de uma lista de códigos já existente. O código de barras de cada produto é lido, e deve conferir-se rapidamente se corresponde ao indicado na receita. As comparticipações são feitas automaticamente, o total da venda é indicado ao utente e atrás da receita é impresso um código com um conjunto de dados sobre a venda, junto aos quais o doente deve assinar. No mesmo verso da folha, o Farmacêutico deve colocar o carimbo da Farmácia e assinar, indicando a data da venda. No caso de regimes de complementaridade, é necessário processar duas receitas: a original que vai para o organismo de comparticipação da receita (geralmente, o SNS) e uma fotocópia (contém fotocópia do cartão de beneficiário) que é enviada para o outro organismo (i.e. SAMS QUADROS). Embora simples, este processo implica o dispêndio de muito tempo por parte do Farmacêutico. É importante que aquando da dispensa, o profissional procure saber se há interações entre fármacos ou com alimentos que devam ser mencionadas, se há reações adversas para as quais o utente deve ser advertido, evitando assim a fraca adesão à terapêutica e se há alguma chamada de atenção que deve ser feita. É essencial que a posologia seja mencionada e até anotada nas embalagens. O diálogo claro, dinâmico e consistente com quem está do lado de lá do balcão, é algo bastante importante, pois muito mais que fazer o processamento de uma prescrição, o Farmacêutico tem o papel de aconselhar o utente.

5.1.3 O aconselhamento farmacêutico

Desde que iniciei o atendimento ao público apercebi-me de que o contacto com o utente é a área de intervenção mais importante na Farmácia. É essencial dirigirmo-nos ao mesmo com clareza, transmitindo todas as informações necessárias para efetuar uma farmacoterapia eficaz e consciente, realçando a importância da

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medicação e da necessidade de uma utilização correta. Com o crescente conhecimento acerca das diversas patologias e seus mecanismos, as terapêuticas tendem a ser cada vez mais individualizadas. Este aspeto, por si só, acarreta a adoção de uma postura de carácter avaliativo mais assertivo por parte de todos os profissionais de saúde. Atendendo a este novo compromisso, o campo de ação do Farmacêutico inclui cuidados cada vez mais centrados no doente.

Inicialmente é necessário analisar se o utente está a fazer a medicação pela primeira vez, ou se a prescrição corresponde a um tratamento crónico, com o qual já está familiarizado. Em ambos os casos, o Farmacêutico deve garantir que o utente não inicia o seu tratamento sem estar informado da posologia, interações, efeitos secundários relevantes, forma de administração e finalidade da toma. Apesar da maioria do público-alvo estar bem informado acerca da sua medicação, na FA contactei várias vezes com doentes idosos, os quais necessitam de atenção redobrada neste aspeto, e fiz sempre questão de me disponibilizar para escrever nas embalagens se assim o entendessem. Na realidade, compreendi que o Farmacêutico é quem muitas das vezes está mais a par do estado de saúde do doente, bem como da sua farmacoterapia, daí o seu papel tão importante como promotor de saúde. Ao longo do estágio fui melhorando as minhas capacidades ao nível de aconselhamento, mas sempre que pretendia ajudar o utente numa área para a qual não me sentia preparado, recorria à restante equipa, a qual foi crucial no esclarecimento das minhas dúvidas.

5.2 Medicamentos genéricos, prescrição por Denominação Comum Internacional

A promoção do mercado dos medicamentos genéricos tem sido, há vários anos, um dos principais objetivos da política do medicamento em Portugal, uma vez que a prescrição, dispensa e utilização destes medicamentos se reflecte num potencial de poupança para os utentes e para o Estado. O Estatuto do Medicamento (Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto) entende por genérico todos os que possuem “a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”.10 Nas embalagens dos

medicamentos genéricos está sempre presente a sigla “MG”, para facilitar a sua identificação, e estes são fornecidos aos utentes quando os mesmos apresentam uma prescrição feita pela DCI, seguida do respetivo titular da AIM ou marca, da dosagem e da FF (Decreto-Lei nº 242/2000, de 26 de setembro, do Ministério da Saúde)16. A partir

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