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Alguns comentários sobre a reestruturação espacial da população mineira nas décadas de oitenta e noventa

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Academic year: 2021

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Alguns comentários sobre a reestruturação espacial da população mineira nas décadas de oitenta e noventa

André Braz Golgher1 Paulo Braz Golgher2

1 - Concentração e descentralização de população 1.1 – Conceituação teórica

O processo de concentração e posterior descentralização de atividades econômicas e de população já foi discutido por vários autores, dentre os quais pode-se citar Azzoni (1986), Martine (1992) e Reedwood (1984). Neste processo ocorre inicialmente uma concentração espacial de atividades e de população que decorre das primeiras etapas da modernização de uma sociedade. Em uma região com predomínio das economias de subsistência e das atividades primárias observa-se , de forma geral, uma ocupação espacial muito homogênea.

Com desenvolvimento regional, criam-se nódulos de concentração inicial de pessoas e de atividades econômicas, com o aparecimento de cidades de tamanho relativamente grandes. Estas últimas passam a apresentar ganhos de aglomeração, ou seja, vantagens comparativas frente as demais áreas com relação a produtividade econômica e a qualidade de vida de sua população.

Estes ganhos de aglomeração podem ser entendidos a partir de uma série de características que influenciam positivamente a qualidade de vida e a efetividade econômica de um local devido a presença mais significativa de fatores diversos como: melhor infra-estrutura física básica (transporte, energia e comunicações); melhor infra-estrutura física urbana (moradias, água, esgoto); grande mercado consumidor próximo; mão de obra especializada e abundante; maior facilidade de obtenção de produtos industrializados diversos através de melhores redes de compradores e vendedores; setor público mais forte, crédito mais abundante e maior gama de serviços, etc.

1

CEDEPLAR/FACE/UFMG.

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Mas com a expansão do centro urbano apareceriam problemas relativos ao aumento de população. Estes problemas, ou deseconomias de escala, seriam posteriormente decisivos na determinação da atratividade relativa, deste locais com relação ao todo regional, como local de moradia e de investimento econômico.

Fatores normalmente associadas às deseconomias de escala seriam: o aumento nos custos marginais per capita para prover infra-estrutura física e serviços públicos; o incremento no custo de vida; o aumento no custo de alugueis; o incremento da sindicalização e da remuneração média dos trabalhadores; uma queda geral na qualidade de vida (aumento da criminalidade, da poluição e do congestionamento de trafego); falta de água e saneamento básico; assentamentos ilegais e epidemias etc. (Azzoni, 1986; Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991; Gilbert e Ward, 1988; Matos, 1995; Morrison, 1983; Redwood, 1984).

Em geral as deseconomias de escala crescem mais rápido do que as economias de aglomeração. Assim com a expansão da malha urbana do grande centro urbano teríamos em um determinado momento um ponto onde as desvantagens suplantariam de certa forma as vantagens existentes neste local. Assim a grande cidade se tornaria cada vez menos atraente relativamente ao restante da região.

Então, a partir de um determinado tamanho, o crescimento populacional dos grandes centros tenderia a diminuir comparativamente as demais áreas da região seguindo esta tendência de queda na atratividade relativa (Preston, 1988). Como conseqüência a população e as atividades econômicas passariam a se desconcentrar destes pontos iniciais de aglomeração, principalmente em direção, principalmente, as cidades médias por que estas já apresentariam economias de aglomeração bastante significativas.

Como conseqüência, a ocupação do espaço sofreria uma restruturação, onde muitos dos migrantes não mais teriam os grandes centros urbanos como destino preferencial e, sim, as cidades um pouco menores. Por fim o espaço apresentaria novamente uma ocupação menos concentrada, embora não tão homogênea como no inicio da ocupação da região (Meyers, 1986).

Esta tendência descrita acima de concentração e posterior descentralização de atividades econômicas e da população já foi observada em países desenvolvidos, como para Europa (Ceresa et al, 1983) e para o Japão (Inoue, 1983). Alguns outros autores discutiram este mesmo fenômeno para regiões em desenvolvimento, como por

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exemplo, na desconcentração da população de países de industrialização recente na Ásia (Meyers, 1986).

Acredita-se que este fenômeno estaria ocorrendo em algumas das grandes metrópoles brasileiras, pelo menos a partir da década de 80. Exemplos de trabalhos desenvolvidos nesta área seriam a desconcentração: dos empregos industriais por grandes regiões no Brasil (Reedwood, 1984), da produção industrial no Brasil (Diniz et al, 1996), dos empregos e da população do estado de São Paulo (Azzoni, 1986), e da população urbana brasileira de forma geral (Faria, 1983; Martine, 1992; Martine, 194; Redwood, 1984).

1.2 - Evidências empíricas da descentralização da população no Brasil e em Minas Gerais

Uma evidência de que este fenômeno já estaria ocorrendo no Brasil foi dada pela desaceleração das taxas de crescimento populacional das regiões metropolitanas brasileiras em conjunto quando comparados com o restante do Brasil, como pode ser visto pelos resultados apresentados na tabela 1. Observa-se que depois de terem apresentado um rápido crescimento de suas populações até 1980, estas mostraram taxas bem inferiores, na década de 80, tendo em seu conjunto crescido a um ritmo próximo da média nacional (Martine, 1994).

Mas observa-se, nos anos noventa, que esta incipiente tendência de diminuição relativa das taxas de crescimento foram levemente revertidas. Este fato sugere que a desaceleração no crescimento das metrópoles, quando comparadas com o restante do país, ocorreu, em parte, devido a características conjunturais da década de 80.

Tabela 1 - Taxas de crescimento populacional das Regiões Metropolitanas do Brasil e do país como um todo.

RM\Período 1940-1970 1970-1980 1980-1991 1991-1996

Belo Horizonte 5,47 4,64 2,52 2,09

Todas as RMs 4,54 3,79 1,98 1,53

Brasil 2,72 2,49 1,89 1,34 Fonte: Martine, 1994; FIBGE, 1993, 1996.

Os dados acima mostram que a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) seguiu a tendência geral de diminuição relativa na velocidade de crescimento populacional na década de 80, com uma leve retomada deste crescimento

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depois de 1990. Vejamos o que mostra um quadro mais detalhado deste processo em Minas Gerais (MG).

A tabela 2 mostra a participação da microrregião de Belo Horizonte (BH) no total da população estadual, para o período entre 1970 e 1996. Residiam nesta 14,2% da população estadual em 1970, e em 1996 esta cifra era de 22,8%. Observou-se um rápido aumento deste valor nos anos 70 e depois o incremento foi mais lento.

Tabela 2 – A participação de BH na população de Minas Gerias entre 1970 e 1996. Proporção da população em Microrregião\

1970 1980 1991 1996

Belo Horizonte 14,2 19,5 21,8 22,8

Fonte: FJP, 1997; FIBGE, 1996.

Mas apesar deste aumento relativo da proporção da RMBH na população do estado, algumas outras microrregiões também incrementaram sua participação, de forma marcante, como foi o caso de Divinópolis, Ipatinga, Sete Lagoas, Uberlândia e Varginha. Este fato indica que houve uma concentração populacional na microrregião de BH e, também, em algumas das demais áreas localizadas, principalmente, nas partes do sul, sudoeste, centro e oeste do estado em detrimento das demais áreas.

Mas qual seria, dentre os componentes da dinâmica demográfica, o principal responsável por esta redistribuirão da população? Foram estimados o crescimento populacional vegetativo e o crescimento populacional devido à migração de cada uma das microrregiões mineiros. Com estes resultados foram feitas análises envolvendo a técnica de Cluster, e, também, a partir de regressões simples, que indicaram que a diferenciação das taxas de crescimento populacional era devido, principalmente, aos regimes diferenciado de migração.

Neste trabalho pretende-se discutir alguns pontos referentes a reestruturação espacial da população a partir da dinâmica migratória recente em MG, tendo como base da discussão o fenômeno de concentração e decentralização de população e de atividades econômicas. Antes porem de iniciarmos a discussão sobre a migração em MG, que incluirá a análise de fluxos de migrantes e a estimativa de saldos migratórios, será apresentada uma breve caracterização das microrregiões mineiras, já que este tópico será incluído nas discussões posteriores.

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2 - Características socioeconômicas das microrregiões de Minas Gerais

Sabe-se que Minas Gerais é um estado bastante heterogêneo. As mesoregiões do Sul/Sudeste de Minas e do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba apresentam condições sociais, em média, superiores ao restante do estado e, por outro lado, as mesoregiões do Norte de Minas, Jequitinhonha e Vale do Mucuri têm níveis dos indicadores socioeconômicos mais baixos. O restante do estado, com exceção de alguns grandes centros urbanos (Belo Horizonte, Juiz de Fora etc), se localizam entre estes dois extremos.

Existem inúmeras maneiras de se estudar a variabilidade regional com a uso de técnicas diversas. As microrregiões mineiras foram analisadas a partir da utilização da técnica “Grade of Membership” (GOM, ver Golgher, 1998, para a analise completa). Estas foram classificadas em categorias, a partir de algumas características demográficas, sociais e econômicas3 de cada uma delas, onde foram obtidas duas destas em uma primeira análise e seis em uma segunda.

No primeiro estudo obtivemos um grupo de microrregiões que apresentou, basicamente, as características de regiões mais desenvolvidas como: melhores níveis de educação, saúde e infra-estrutura urbana/domiciliar; população mais urbanizada; presença de setores mais modernos da economia; etc. O outro grupo mostrou justamente as características contrárias, típicas de regiões mais ruralizadas e pouco desenvolvidas. A tabela 3 apresenta os resultados e a classificação de cada microrregião.

Na análise com seis categorias estas se diferenciaram basicamente em dois aspectos: no grau de urbanização/industrialização da região e na qualidade dos indicadores sociais. A definição dada a cada uma delas pode ser observada na tabela a seguir, que também mostra a composição de cada grupo de microrregiões. Estes foram designados como regiões de níveis de indicadores sociais bons, médios e precários, e mais ou menos urbanizados.

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Dados: taxas de crescimento populacional entre os anos de 1970-1980 e 1980-1991; indicadores demográficos (esperança de vida ao nascer e mortalidade infantil nos anos de 1980 e 1991); indicadores socioeconômicos (analfabetismo, média de anos de estudo, renda familiar média, desigualdade de renda, todos estes para o ano de 1991, e proporção de pobres em 1980 e 1991); dados sobre a infra-estrutura urbana/domiciliar (presença de água encanada, de esgoto ligado a rede geral e de luz elétrica no domicilio em 1991); grau de urbanização em 1991; e participação na economia local de cada setor de atividades (primário, secundário e terciário) no ano de 1991.

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Tabela 3 – Classificação da microrregiões mineiras em dois grupos com níveis socioeconômicos diferenciado. Grupo Microrregiões 1 - Condições socioeconômica precárias e ruins

Aimorés, Almenara, Andrelândia, Araçuaí, Bocaiúva, Capelinha, Caratinga, Conceição do Mato Dentro, Curvelo, Diamantina, Grão Mogol, Guanhães,

Itaguara, Janaúba, Januária, Manhuaçu, Mantena, Montes Claros, Muriaé, Nanuque, Oliveira, Paracatu, Peçanha, Pedra Azul, Pirapora, Piuí, Ponte Nova,

Salinas, Santa Rita do Sapucaí, Teófilo Otoni, Ubá, Unaí e Viçosa. 2 - Condições

socioeconômica médias e boas

Alfenas, Araxá, Barbacena, Belo Horizonte, Bom Despacho, Campo Belo, Cataguases, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Formiga, Frutal, Governador Valadares, Ipatinga, Itabira, Itajubá, Ituiutaba, Juiz de Fora, Lavras, Ouro Preto,

Pará de Minas, Passos, Patos de Minas, Patrocínio, Poços de Caldas, Pouso Alegre, São João Del Rei, São Lourenço, São Sebastião do Paraíso, Sete

Lagoas, Três Marias, Uberaba, Uberlândia e Varginha

Tabela 4 – Classificação da microrregiões mineiras em seis grupos com níveis socioeconômicos e grau de urbanização/industrialização diferenciado.

Grupo Microrregiões 1 – Condições socioeconômica

precárias e grau de urbanização/industrialização baixo

Araçuaí, Capelinha, Conceição do Mato Dentro, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Peçanha e Salinas.

2 – Condições socioeconômica precárias e grau de urbanização/industrialização

médio

Aimorés, Almenara, Bocaiúva, Caratinga, Guanhães, Itaguara, Manhuaçu, Mantena, Nanuque, Pedra Azul, Ponte Nova, Teófilo

Otoni, e Viçosa 3 – Condições socioeconômica

médias e grau de urbanização/industrialização

médio

Andrelândia, Campo Belo, Curvelo, Diamantina, Frutal, Muriaé, Oliveira, Paracatu, Patos de Minas, Piuí, Santa Rita do Sapucaí,

São Sebastião do Paraíso , Três Marias, Ubá e Unaí 4 - Condições socioeconômica

médias e grau de urbanização/industrialização alto

Barbacena, Bom Despacho, , Cataguases, Formiga, Governador Valadares, Itabira, Itajubá, Lavras, Montes Claros, Pirapora, São

João Del Rei, São Lourenço e Sete Lagoas. 5 - Condições socioeconômica

boas e grau de

urbanização/industrialização alto

Alfenas, Araxá, Ituiutaba, Pará de Minas, Passos, Patrocínio, Poços de Caldas, Pouso Alegre e Varginha

6 - Condições socioeconômica boas e grau de

urbanização/industrialização muito alto

Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Ipatinga, Juiz de Fora, Ouro Preto, Uberaba e Uberlândia

3 – Análises com fluxos de migrantes

O objetivo aqui é discutir a questão da importância da qualidade dos indicadores sociais na formação dos fluxos de migrantes e apresentar a processo de desconcentração de população na década de 80, a partir destes resultados. Esperasse que os fluxos de migrantes tenham sido preferencialmente das regiões menos prosperas para as mais ricas, mas que nesta década citada tenha ocorrido uma variação destes fluxos que podem explicar, pelo menos em parte, este processo. Em outras palavras, supõe-se que, tanto na década de 70, como na de 80, os fluxos de migrantes se direcionavam principalmente das regiões com indicadores sociais precários para

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outras com condições econômicas superiores, que a partir da década de 80, verifica-se uma mudança neste padrão, com as regiões mais prosperas, inclusive a RMBH, atraindo menos e/ou expulsando mais migrantes, enquanto que com as regiões mais pobres ocorreria o contrário.

3.1 – Metodologia utilizada e resultados obtidos na análise indireta

Inicialmente, obteve-se as matrizes de migrantes entre os municípios de MG para os anos de 1980 e 1991. Estes dados, obtidos a partir do quesito de última etapa4, foram agregados a nível de microrregião. Existem uma série de limitações de análise que devem ser ressaltadas decorrentes da escolha deste quesito censitário e também devido a forma de utilização destes dados (Golgher, 1998). Estas limitações foram parcialmente resolvidas pela inclusão das estimativas indiretas de saldo migratório apresentados posteriormente.

Assim, os fluxos entre as 66 microrregiões de Minas Gerais, como definidas no Censo Demográfico de 1991, foram obtidos para o ano de 1980 e para o ano de 1991. Além, destas duas matrizes foram obtidas, também, as trocas de migrantes entre as microrregiões mineiras e os demais estados da união para este segundo ano. Como a quantidade de fluxos é muito grande (somente para os fluxos internos de Minas Gerais 66 x 66), optou-se por agregar os resultados obtidos para cada uma das microrregiões em separado. Obteve-se assim os fluxos intramicroregionais, intermicroregionais tendo como origem, intermicroregionais tendo como destino para ambos os anos citados, e os intranacionais tendo como origem e intranacionais tendo como destino para o segundo destes. Com estes fluxos foram calculadas as diferenças entre emigrantes e imigrantes para cada uma das microegiões, sendo que os resultados

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Nos dados censitários temos duas informações básicas sobre a migração entre localidades diferentes que são normalmente designadas como de última etapa e de data fixa (Rigotti, 1999 e Carvalho et al, 1992). O primeiro destes, indica o nome do município de residência anterior do entrevistado, se este residisse a menos de 10 anos no seu município atual. Temos apenas a última etapa de migração do indivíduo, mesmo que ele tenha feito várias, sendo que o migrante pode ter feito a mudança de domicílio no último ano ou em qualquer época até 10 anos antes do censo. No censo de 91, foi incluído um novo quesito que perguntou ao entrevistado migrante o nome da unidade da federação e do município onde este residia exatamente cinco anos antes da data do censo, ou seja, em 1º de setembro de 1986. Este quesito é conhecido como data fixa, pois temos a informação de onde o migrante se encontrava em uma data específica.

Mas qual dentre estas duas medidas é a que apresenta os melhores resultados para os estudos de migração? Esta é uma questão ainda debatida, tendo cada tipo de quesito algumas vantagens e desvantagens metodológicas (Carvalho et al, 1992). No caso deste trabalho optou-se pôr utilizar a informação de última etapa pôr uma razão básica. O censo de 80 traz somente informação sobre este quesito. Como um dos principais objetivos aqui é justamente comparar os dados dos censos de 1980 com os de 1991, tivemos como única alternativa a escolha deste quesito.

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foram designados, saldo de fluxos intermicroregionais para 1980 e para 1991 e saldo de fluxos intranacionais para 19915. Estes dados não serão mostrados aqui em sua totalidade, mas apenas para algumas das microrregiões, como exemplo, como pode ser visto na tabela 5.

Verificou-se, para os dados referentes ao ano de 1991, que grande parte das pessoas que trocavam de município de residência em MG, faziam isto dentro da própria microrregião em que viviam. Os fluxos intramicroregionais totalizavam 770842 migrantes, respondendo por 42,9% de um total de 1795022.

Entre as 66 microrregiões mineiras, 46 tinham um saldo de fluxos negativo para os anos de 1981-1991, para os fluxos intermicroregionais, e 47 para os fluxos intranacionais. Dentre estes se destacavam com valores bastante negativos as microrregiões de Aimorés (-9704 para os primeiro tipo de fluxos, -24952 para o último tipo), Almenara (-11349, -22734), Caratinga (-15147, -23817), Governador Valadares (-6594, -23875), Peçanha (-11866, -18641), Ponte Nova (-14193, -18787) e Teófilo Otoni (-13230, -36008). Por outro lado, tínhamos com maiores saldos de fluxos Belo Horizonte (132231, 144284), Divinópolis (11688, 14023), Juiz de Fora (8822, 17384), Sete Lagoas (13546, 13578) e Uberlândia (20696, 46759).

Observa-se, tendo em mente as caracterização do estado de MG discutida anteriormente, que as microrregiões que se destacavam pela existência de saldo de fluxos muito negativos se localizavam, em sua maioria, em áreas com níveis sociais precários ou ruins e que as regiões que tinham os saldos de fluxos positivos mais relevantes, além de serem bastante populosas, apresentavam condições sociais bem mais favoráveis. Mas para ir além deste tipo de análise exploratória, serão discutidos a seguir estes resultados tendo como base os estudos GOM mostrados anteriormente.

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O saldo de fluxos não é saldo migratório. É apenas a diferença entre emigrantes e imigrantes de última etapa e não existe uma data prefixada de análise. O termo saldo migratório será utilizado posteriormente e se refere, neste trabalho, a diferença entre população esperada e população observada.

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Tabela 5 - Número de emigrantes, imigrantes e saldo de fluxos para algumas microrregiões mineiras selecionadas em 1980 e 1991. Microrregião Intramicro regional 1980 Intermicro regionais tendo como origem 1980 Intermicro regionais tendo como destino 1980 Saldo de fluxos intermicro regionais 1980 Intramicro Regional 1991 Intermicro Regionais tendo como origem 1991 Intermicro regionais tendo como destino 1991 Saldo de fluxos intermicro regionais 1991 Saldo de fluxos intra nacionais 1991 Belo Horizonte 206698 88722 430668 341946 313416 147079 279310 132231 144284 Caratinga 7600 50052 17896 -32156 7863 29795 14647 -15147 -23817 Divinópolis 10459 19734 28200 8466 7462 16514 28201 11688 14023 Governador Valadares 18797 62423 34191 -28232 17273 37756 31162 -6594 -23875 Ipatinga 27681 31015 91666 60651 23359 34301 39658 5356 -4046 Itabira 18517 45882 19887 -25995 14786 32349 21360 -10989 -14004 Januária 2819 15230 5307 -9923 4681 14853 9469 -5384 -18416 Juiz de Fora 23061 18737 29954 11217 21958 19268 28090 8822 17384 Montes Claros 24469 31069 23919 -7150 20735 30867 27712 -3155 -12902 Poços de Caldas 14319 7784 11813 4029 10486 7986 9039 1053 3439 Ponte Nova 10459 34601 8713 -25888 8718 24043 9849 -14193 -18787 Pouso Alegre 8029 6667 10108 3441 6961 6931 10556 3626 12651 Salinas 3582 9770 2883 -6887 6329 10007 4213 -5794 -16211 Sete Lagoas 14553 25733 25246 -487 13052 20369 33915 13546 13578 Teófilo Otoni 7138 36231 13448 -22783 5387 26279 13049 -13230 -36008 Uberaba 7581 12163 23370 11207 4787 13201 14645 1444 3689 Uberlândia 24706 15160 45054 29894 17418 20118 40814 20696 46759 Unaí 4712 7286 17846 10560 5330 9421 9712 291 -9183 Varginha 15725 14968 16442 1474 18473 17456 20179 2723 3342 Viçosa 9104 16044 6293 -9751 7285 12939 8350 -4589 -7522 Minas Gerais 718378 1189112 1189112 0 770842 1024180 1024180 0 -175972

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3.2 – Relação entre níveis socioeconômicos e formação de fluxos de migrantes

Foram feitos dois tipos de análise tendo como base os estudos GOM mostrados anteriormente. A tabela 6 mostra os resultados da tabela anterior, para o ano de 1991, agregados por grupo de microrregiões, como obtidos na análise GOM com duas categorias. A tendência é bastante clara: as regiões com níveis sócio-econômicos piores responderam por saldos de fluxos negativos tanto os intermicroregionais (-173379), como nos intranacionais (-367821). No outro grupo os resultados foram positivos para ambos tipos de fluxos: 173379 e 191849.

Para as taxas referentes aos fluxos intraestaduais temos que as regiões com piores condições sociais tinham, para emigrantes, taxas um pouco maiores (12,1) que as de melhores condições (11,1). Esta diferença era ainda mais relevante quando não incluímos os fluxos intramicroregionais (8,6 contra 5,5). Por outro lado, as taxas de imigração eram superiores no grupo 2 (12,7 contra 8,7). Quando se exclui os fluxos intramicroregionais, observa-se que a diferença é bem menor, 7,1 e 5,2. Assim pode-se dizer que a emigração é maior nas regiões com níveis sociais piores e a imigração é menor6.

Estas diferenças acima assinaladas tem como conseqüência que as taxas de saldo de fluxos é negativa (-3.4) para as regiões com níveis sociais precários e ruins e positiva (1.6) para as demais. Quando se inclui os dados interestaduais este mesmo quadro é observado mas as diferenças são amplificadas (-7,2; 1,8).

Tabela 6 – Análise de fluxos de migrantes em Minas Gerais, a partir dos resultados obtidos na técnica GOM para microrregiões com dois perfis, para os dados de 1991

Grupo Migrantes tendo como origem – Intermicroregionais e

com e sem intramicroregionais

1991

Migrantes tendo como destino – Intermicroregionais e com e sem intramicroregionais 1991 Saldo de trocas – Intermicro Regionais 1991 Saldo de trocas – Intranaciona l 1991 Valores brutos 615234 / 439038 441854 / 265659 -173379 -367821 1 Taxas 12,1/8,6 8,7/5,2 -3,4 -7,2 Valores brutos 1179788 / 635142 1353167 / 808521 173379 191849 2 Taxas 11,1/5,5 12,7/7,1 1,6 1,8

Na segunda análise, os resultados foram agregados a partir da análise GOM com seis categorias e estes são mostrados na tabela a seguir. A tendência verificada na

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11 tabela 6, onde as regiões com piores condições sociais apresentavam saldos de fluxos negativos, também é observada aqui. No caso, os grupos 1 e 2, apresentaram saldos bastante negativos. O grupo 1, que é menos urbanizado, mostrou saldos maiores do que o grupo 2 (-51507 contra –97472 para fluxos intermicroregionais; -113023 contra –196179 para fluxos intranacionais) mas taxas semelhantes (-4,4 contra –5,0; -9,7 contra –10,0). Este fato mostrou que o grau de urbanização, neste nível de qualidade dos indicadores sociais, não foi relevante para os valores de saldos de fluxos.

Com relação as regiões com qualidade dos indicadores sociais médios, grupos 3 e 4, o saldo de fluxo foi negativo mas as áreas menos urbanizadas mostraram saldos e taxas negativas menores, ou seja, de modulo maior.

As regiões com melhores condições sociais, grupos 5 e 6, mostraram saldos positivos. Este último grupo, que se refere as regiões mais urbanizadas entre estas duas, apresentou valores bem mais elevados (186226 contra 11957; e 227331 contra 23675), com taxas também superiores (3,2 contra 0,7; 3,9 contra 1,4), sendo estas as áreas preferenciais de absorção de migrantes em MG.

Tabela 7 – Análise de fluxos de migrantes em Minas Gerais a partir dos resultados obtidos na técnica GOM para microrregiões com seis perfis

Grupo Emigrantes tendo como origem – Intraestaduais definidos com e sem

intramicro regionais 1991

Imigrantes tendo como destino - Intraestaduais definidos com e sem

intramicro regionais 1991 Saldo de trocas – Intermicro regionais 1991 Saldo de trocas – Intranaciona l 1991 Valores brutos 120951/91889 69445/40382 -51507 -113023 1 Taxas 10,4/7,9 5,9/3,4 -4,4 -9,7 Valores brutos 264956/198439 167484/100967 -97472 -196179 2 Taxas 13,5/10,1 8,5/5,1 -5,0 -10,0 Valores brutos 239644/157208 207817/125380 -31828 -64414 3 Taxas 11,5/7,5 10,0/6,0 -1,5 -3,1 Valores brutos 324237/208154 306860/190777 -17377 -53361 4 Taxas 11,3/7,3 10,7/6,7 -0,6 -1,9 Valores brutos 169998/92972 181955/104929 11957 23675 5 Taxas 9,7/5,3 10,4/6,0 0,7 1,4 Valores brutos 675236/275517 861462/461743 186226 227331 6 Taxas 11,5/4,7 14,7/7,9 3,2 3,9

3.3 - Comparação temporal entre os dados de 1980 e 1991

Depois de analisados os dados acima sobre fluxos intranacionais e intermicroregionais, para o ano de 1991, serão discutidos algumas variações temporais ocorridos com os fluxos de migrantes em Minas Gerais, incluindo na análise os dados de 1980. Em um primeiro estudo foram analisados os fluxos intermicroregionais e intramicroregionais. A metodologia foi utilizada anteriormente (Golgher, 1998) e aqui

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12 incluiu-se comparações quanto a significância estatística das diferenças. Os resultados para esta análise e para a seguinte são sumariadas na tabela 8.

Observou-se que as microrregiões que tiveram saldos de fluxos predominantemente positivos, para o período entre 1970 e 1991, apresentaram uma diminuição significativa em seu poder de atração (o poder de atração foi definido como número total de imigrantes; uma diminuição neste significa que os valores de 1991 eram menores do que em 1980). Quanto ao poder de retenção (definido como número total de emigrantes) houve um aumento não significativo. Para as regiões que tiveram saldo de fluxos predominantemente negativos tivemos um aumento significativo no poder de retenção e uma variação não significativa para o poder de atração.

Na segunda análise utilizou-se, também, os fluxos intramicroregionais. Não verificou-se qualquer variação nos poderes de atração ou retenção nas microrregiões que apresentavam saldos de fluxos positivos. Mas para as regiões com fluxos de saldos negativos, tivemos o aumento significativo no poder de retenção e um incremento, também significativo, da atração.

Tabela 8 – Comparação entre o número de emigrantes e imigrantes nas microrregiões mineiras entre os anos de 1980 e 1991

Fluxos Tipo de região – saldo de fluxos predominatemetne

Poder de atração Poder de retensão

Positivo Diminuição Não significativo Intermicroregionais

Negativo Não significativo Aumento Positivo Não significativo Não significativo

Intermicroregionais e

Intramicroregioanis Negativo Aumento Aumento

Fonte: FIBGE, 1980 e 1991. Dados Trabalhados

Os fatos descritos acima mostra uma clara homogeneização espacial no poderes de atração e retenção populacional na dinâmica migratória entre as microrregiões de MG, no decorrer das décadas de 70 e 80. Apesar da direção dos fluxos de migrantes ainda ter sido preferencialmente das regiões pobres para as ricas, como foi verificado pelas análises tendo como base os estudos GOM, as diferenças de atratividade relativa diminuíram bastante na década de 80. Outras análises, feitas a partir de comparações de média, obtiveram as mesmas conclusões

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13

3.4 - Comparação temporal entre os dados de 1980 e 1991 com a inclusão da variável socioeconômica.

Nesta análise, procurou-se integrar as duas análises anteriores, incluindo em uma mesma discussão a relação entre os níveis socioeconômicos, a formação de fluxos de migrantes e a variação temporal destes últimos. As tabelas 9 e 10 mostram, respectivamente, os dados da tabela 5, referentes aos fluxos intermicroregionais, agregados a partir dos grupos de microrregiões separados pela análise GOM de duas e seis categorias.

A primeira destas tabelas mostra que, entre os períodos de 1970-1980 e 1981-1991, houve uma diminuição nas taxas de emigração para os dois grupos de microrregiões. O grupo que tinha piores condições sociais teve suas taxas diminuídas de 12,3 para 8,6 e o de melhores níveis sócioeconômicos de 7,1 para 5,5. Este fato mostra que houve uma diminuição relativa dos fluxos de emigrantes, em ambos os grupos, mostrando um aumento no poder de retenção de ambos mas com variação mais marcante para as regiões pobres.

Quando se leva em conta as taxas de imigrantes, verifica-se que o primeiro grupo citado teve suas taxas levemente aumentadas de 5,1 para 5,2, enquanto que o outro passou de 10,9 para 7,1. Observa-se que não houve um aumento no poder de atração para o primeiro grupo mas para o segundo ocorreu uma diminuição nas atracão relativa de migrantes.

Como conseqüência das mudanças anteriormente citadas tivemos uma variação marcante nas taxas de saldo de fluxos. As regiões mais pobres do estado diminuíram suas taxas de –7,1 para –3,4, e, por outro lado, as regiões mais ricas tiveram sua taxas de saldo de fluxos diminuída de 3,8 para 1,6.

Esta discussão mostra a dimensão socioeconômica da homogeneização dos poderes de atracão/retenção populacional em Minas Gerais levando em conta apenas os migrantes intermicroregionais do estado. Este fato foi decorrente, principalmente, da diminuição geral do poder de atração dos centros mais ricos do estado e da conseqüente retenção do indivíduo nas regiões tradicionalmente expulsoras de população.

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14 Tabela 9 – Análise de taxas de fluxos de migrantes intermicroregionais em Minas Gerais para diferentes períodos a partir dos resultados obtidos na técnica GOM com dois perfis para microrregiões 1980 1991 Grupo/Taxas Emigrantes tendo como origem Imigrantes tendo como destino Saldo de trocas Emigrantes tendo como origem Imigrantes tendo como destino Saldo de trocas 1 12,3 5,1 -7,1 8,6 5,2 -3,4 2 7,1 10,9 3,8 5,5 7,1 1,6

Na análise seguinte, com seis categorias, obteve-se conclusões semelhantes. Os grupos 1 e 2 mostraram uma diminuição em suas taxas de emigração e um aumento nas de imigrantes. Entre os períodos analisados ocorreu, portanto, um aumento nos poderes de retenção e de atração populacional, com a conseqüente diminuição das taxas negativas de saldo de trocas.

Para os grupos com níveis sociais com qualidade média, 3 e 4, houve uma diminuição na emigração e na imigração sendo que a variação nas primeiras taxas foram mais marcantes. Assim tivemos, como conseqüência, taxas de saldo de trocas menos negativas para estes grupos. Para o grupo 5 temos um quadro semelhante aos dos grupos 3 e 4, sendo que o saldo de trocas passou de levemente negativo para ligeiramente positivo.

Todos os grupos analisados anteriormente tiveram seus valores de saldos aumentados. Este fato foi devido, em grande parte, (lembrando que MG não tem uma população fechada e estamos trabalhando apenas com o fluxos intermicroregionais) a diminuição dos mesmos para o grupo 6. Este teve suas taxas de emigração levemente aumentadas de 4,6 para 4,7 e apresentou uma marcante diminuição de sua taxas de imigração de 15,8 para 7,9. Assim, estas áreas tiveram sua taxa de saldo diminuída de 11,2 para 3,2.

Tabela 10 – Análise de taxas de fluxos de migrantes em Minas Gerais a partir dos resultados obtidos na técnica GOM com seis perfis para microrregiões

Taxas em 1980 Taxa em 1991 Grupo

Emigrantes Imigrantes Saldo de trocas

Emigrantes Imigrantes Saldo de trocas 1 9,3 2,8 -6,5 7,9 3,4 -4,4 2 16,0 4,8 -11,2 10,1 5,1 -5,0 3 10,4 6,4 -4,1 7,5 6,0 -1,5 4 11,0 7,3 -3,8 7,3 6,7 -0,6 5 7,5 6,2 -1,3 5,3 6,0 0,7 6 4,6 15,8 11,2 4,7 7,9 3,2

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15

5 – Saldos migratórios em Minas Gerias para microrregiões

Nesta parte do trabalho será apresentada uma discussão envolvendo os saldos migratórios (SM) das microrregiões mineiras para os períodos de 1980-1990 e 1991-1996. A análise de fluxos, citada anteriormente, permitiu traçar um quadro geral da dinâmica migratória no período, entre 1981 e 1991, e compara-lo com os dados da década de 70. Pretende-se, nesta segunda parte, complementar a análise anterior, com a inclusão de resultados mais recentes entre 1991 e 1996.

5.1 – Metodologia de estimativa indireta

Diferentemente da técnica utilizada anteriormente, que se baseia na análise direta dos resultados censitários, a metodologia utilizada no calculo dos SMs tem como base as técnicas indiretas publicadas em Naciones Unidas (1986). Inicialmente, com o objetivo de se calcular os saldos migratórios para as microrregiões mineiras, estimou-se as taxas específicas de fecundidade (TEFs) de cada uma delas. A estimação destas, para os anos de 1980 e 1991, foi feita a partir da aplicação da técnica de Brass aos dados dos censos destes mesmos anos, como descrito em Naciones Unidas (1986).

A estimação das taxas de mortalidade foi feita em três etapas. Inicialmente calculou-se a mortalidade na infância, através de técnica que utiliza informações sobre o total de filhos nascidos vivos e os que, dentre estes, ainda sobreviviam. Em seguida estimou-se a sobrevivência de adultos, pelo método desenvolvido por Brass, baseado em informações sobre a orfandade materna. Ambas as técnicas são descritas em detalhes em Naciones Unidas (1986). Posteriormente foi feita a compatibilização dos resultados obtidos nas etapas anteriores, utilizando transformação logital (Naciones Unidas, 1986), aplicada aos quatro modelos de Coale-Demeny, norte, sul, leste e oeste.

Para a estimação das taxas, para a metade do período entre 1991 e 1996, foram feitas extrapolações logísticas, tanto para os resultados obtidos para a mortalidade, como para a fecundidade a partir dos dados obtidos dos censos de 1980 e 1991.

Uma vez estimadas as taxas específicas de fecundidade e as tabelas de sobrevivência, e tendo como base a população no começo do período, calculou-se a população fechada no fim deste. Os valores de SM foram calculados pela diferença entre a população fechada e a população observada. A tabela 11 mostra o SM para

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16 cada uma das microrregiões mineiras e para o estado como um todo, nos períodos de 1980-1990 e 1991-1996.

5.2 – Resultados

MG apresentou, durante todo o século 20, SM negativos (Coelho et al, 1982; de Graham, Holland, 1984; Matos, 1995), inclusive nas últimas décadas deste. Na década de 80, os valores de SM variou entre -756586 e –808674, para as estimativas indiretas utilizando, respectivamente, os dados do estado como um todo e a soma dos resultados obtidos para cada uma das microrregiões separadamente. Para o quinquênio entre 1991 e 1996, para estas mesmas estimativas, foram obtidos os seguintes valores: -200769 e -177984. A dimensão da taxa líquida de migração anual média (TLM)7 neste segundo período diminuiu para, aproximadamente, a metade do valor da década de 80, 0,24% contra 0,50%, mostram um maior poder de retenção/atração populacional estadual no 2º período analisado.

Este mesmo fato pode ser observado pelo aumento no número de microrregiões que apresentavam saldos migratórios positivos: estas eram 10, para o primeiro período citado, e passaram a ser 17 no segundo. Dentre estas Belo Horizonte se destacava por apresentar os maiores saldos, 165242 para o primeiro período, e 130768 no seguinte, com valores anuais, respectivamente, de 16524 e 26154. Observa-se um incremento muito grande nestes últimos valores interrompendo, assim, a tendência de perda no poder de retenção e/ou de atração populacional verificada anteriormente na análise de fluxos de migrantes para as décadas de 70 e 80.

Outras microrregiões que mostravam saldos positivos, para ambos os períodos, eram Divinópolis, Juiz de Fora, Pará de Minas, Pouso Alegre, Sete Lagoas e Uberlândia, algumas destas mostrando, inclusive, valores de taxas líquida de migração mais elevados do que a microrregião de Belo Horizonte, sinalizando para uma restruturação espacial da população mineira com ocupação preferencial destas áreas específicas.

Por outro lado, extensas áreas apresentavam saldos migratórios negativos, principalmente, nas regiões mais ao norte do estado. Dentre as microrregiões que se destacavam estavam Caratinga, Governador Valadares, Januária, Montes Claros e

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17 Teófilo Otoni para valores de saldos migratórios e Conceição do Mato Dentro, Grão Mogol, Mantena e Peçanha para valores de taxas.

Observa-se, como na análise com os fluxos de migrantes, que existe uma clara diferenciação nos níveis socioeconômicos das microrregiões que apresentavam saldos positivos com relação ao outro que apresentava valores negativos. Os primeiros são, em geral, os que apresentam melhores condições sociais e maiores graus de urbanização, enquanto que os últimos têm piores condições socioeconômicas.

Tabela 11 - Saldo migratório e taxa líquida de migração entre 1980-1990 e 1991-1996 para as microrregiões mineiras.

Microregião Saldo migratório 1980-1990 Saldo migratório 1991-1996 Taxa líquida de migração 1980-1990 Taxa líquida de migração 1991-1996 Aimorés -35516 -14813 -1,86 -1,82 Alfenas 208 -2376 0,01 -0,24 Almenara -37937 -14496 -1,84 -1,58 Andrelândia -19619 -2771 -2,16 -0,73 Araçuaí -33182 -16923 -1,98 -2,08 Araxá -727 -3061 -0,05 -0,36 Barbacena -9897 1209 -0,51 0,12 Belo Horizonte 165242 132792 0,52 0,72 Bocaiúva -7609 -6788 -1,17 -2,06 Bom Despacho -9339 -764 -0,66 -0,11 Campo Belo -2676 271 -0,27 0,05 Capelinha -30552 -16268 -1,51 -1,67 Caratinga -46293 -18872 -1,67 -1,52 Cataguases -13079 -2068 -0,64 -0,20

Conceição do Mato Dentro -23762 -6459 -2,12 -1,36

Conselheiro Lafaiete -3026 204 -0,15 0,02 Curvelo -17693 -6938 -1,16 -0,96 Diamantina -7028 -9597 -0,81 -2,13 Divinópolis 9590 19836 0,32 1,18 Formiga -7485 -3127 -0,54 -0,44 Frutal -23564 -5373 -1,41 -0,69 Governador Valadares -58612 -24187 -1,34 -1,19 Grão Mogol -16450 -9089 -2,94 -3,82 Guanhães -25554 -13659 -1,67 -1,95 Ipatinga -33844 2133 -0,77 0,10 Itabira -21461 -1044 -0,62 -0,06 Itaguara -4950 -2429 -0,81 -0,82 Itajubá -9431 -1439 -0,55 -0,16 Ituiutaba -12911 -4842 -0,91 -0,70 Janaúba -26527 -1993 -1,12 -0,17 Januária -25329 -32917 -0,94 -2,40 Juiz de Fora 7030 18809 0,12 0,62 Lavras -2615 -345 -0,22 -0,05 Manhuaçu -17432 -19605 -0,74 -1,61 Mantena -23350 -8174 -2,61 -2,31 Montes Claros -33304 -28890 -0,67 -1,12 Muriaé -10082 -10796 -0,40 -0,83

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18 Nanuque -30180 -12528 -1,96 -1,89 Oliveira -10434 -395 -0,89 -0,07 Ouro Preto -1848 -2989 -0,14 -0,42 Pará de Minas 1345 1196 0,15 0,24 Paracatu -26401 -10882 -1,30 -1,12 Passos -13363 -1238 -0,68 -0,12 Patos de Minas -21971 2421 -1,00 0,23 Patrocínio -617 4120 -0,04 0,49 Peçanha -31461 -11404 -2,62 -2,35 Pedra Azul -19692 -4822 -1,69 -1,07 Pirapora 451 -11174 0,03 -1,39 Piuí -6268 -848 -0,79 -0,22 Poços de Caldas 6736 -3644 0,26 -0,25 Ponte Nova -36734 -18504 -1,59 -1,78 Pouso Alegre 8086 9282 0,37 0,76 Salinas -26502 -19594 -1,27 -1,94

Santa Rita do Sapucaí -8296 -1203 -0,69 -0,20

São João Del Rei -14421 -3924 -0,85 -0,47

São Lourenço -9017 2403 -0,51 0,26

São Sebastião do Paraíso -8231 -3876 -0,36 -0,32

Sete Lagoas 19674 15424 0,76 1,01 Teófilo Otoni -55283 -30793 -1,70 -2,11 Três Marias -5645 735 -0,68 0,17 Ubá -19136 3100 -0,84 0,28 Uberaba -26161 12224 -0,98 0,95 Uberlândia 49247 18288 0,98 0,60 Unaí -27694 -7507 -1,80 -1,09 Varginha -5649 -2248 -0,16 -0,12 Viçosa -20445 -7541 -0,94 -0,71 Minas Gerais -808674/-756586 200769/ -177984 -0,50 -0,24

Fonte: Censos Demográficos de 1980 e 1991, dados trabalhados.

5.3 – Análise dos dados de saldo migratório incluindo a dimensão socioeconômica

Os valores mostrados na tabela 11 serão analisados pelos mesmos grupos de microrregiões utilizados anteriormente na análise de fluxos. Os resultados são mostrados, respectivamente, nas tabelas 12 e 13. A primeira destas mostra os dois grupos de microrregiões divididos a partir da qualidade dos indicadores sociais de cada uma delas. Pode-se perceber que o grupo 1, que corresponde as microrregiões com piores condições sociais, apresentava, na década de 80, um saldo migratório de – 760244. Por outro lado, as regiões mais prosperas, as que pertenciam ao grupo dois, apresentavam um saldo migratório levemente negativo neste período, -48430.

Observa-se que estas diferenças foram incrementadas no período entre 1991 e 1996. Apesar da diminuição do saldo negativo no estado como um todo neste período, esta primeira região continuou a apresentar valores bastante negativos para seu saldo

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19 neste período (-375572), sendo que a TLM continuou praticamente a mesma (-1,36 contra –1,30). Enquanto isto a segunda região passou a mostrar um SM positivo de 174803. As taxas variaram de –0,05 para 0,31 mostrando que o aumento no poder de atração/retenção populacional estadual se deu, somente, nesta região e não nas microrregiões do grupo 1.

Tabela 12 – Análise de saldo migratório e taxas líquidas de migração em Minas Gerais a partir dos resultados obtidos na técnica GOM para dois grupos de microrregiões

Grupo Saldo migratório 1980-1990 Saldo migratório 1991-1996 Taxa líquida de migração anual 1980-1990 Taxa líquida de migração anual 1991-1996 1 -760244 -375572 -1,30 -1,36 2 -48430 174803 -0,05 0,31

Na tabela 13, temos os resultados agregados para os seis grupos obtidos a partir da análise GOM. Os grupos 1 e 2 mostraram saldos negativos em ambos os períodos analisados. As taxas líquidas de migração sofreram, inclusive, um leve aumento (grupo 1 de –1,55 para –1,75 e grupo 2 de –1,55 para –1,64) mostrando que o aumento do poder de atração/retenção populacional, verificados a nível estadual, não ocorreu nestas regiões.

Para os grupos 3 e 4, os saldos foram também negativos, mas tiveram seus valores bastante reduzidos. Este fato pode ser observado pela diminuição das taxas líquidas de migração do segundo período com relação ao primeiro (grupo 3 de –0,94 para –0,48 e grupo 4 de –0,55 para –0,38). Este fato mostra que, além de mostrarem valores de saldo negativos bem menores que as regiões com condições sociais menos favorecidas, eles ainda tiveram seu poder de atração/repulsão bastante aumentado, seguindo as mudanças ocorridas no estado como um todo. O grupo 4, que é mais urbanizado, mostrou taxas menores ao do grupo 3, indicando a maior atração destas áreas com relação as menos urbanizadas.

O grupo 5, que apresenta melhores condições sociais que os grupos 3 e 4, sendo menos urbanizado que o grupo 6, mostrava taxas levemente negativas, passaram de –0,10 para –0,03, em um processo semelhante ao observado para as regiões com indicadores sociais de qualidade média.

O grupo 6, referente as regiões com boas condições socioeconômicas e muito urbanizadas, e que contava com várias das microrregiões com crescimento

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20 populacional rápido (Divinópolis, Uberaba, Uberlândia, Belo Horizonte, Juiz de Fora) apresentou saldos e taxas bastante positivos. Além disto os valores das taxas foram crescentes, entre a década de 80 e os anos 1991-1996, mostrando a grande atração destas regiões frente as demais.

Tabela 13 – Análise de saldo migratório e taxas líquidas de migração em Minas Gerais a partir dos resultados obtidos na técnica GOM para os seis grupos de microrregiões

Grupo Saldo migratório 1980-1990 Saldo migratório 1991-1996 Taxa líquida de migração anual 1980-1990 Taxa líquida de migração anual 1991-1996 1 -213764 -114647 -1,55 -1,75 2 -360976 -173023 -1,55 -1,64 3 -214739 -53660 -0,94 -0,48 4 -168535 -57926 -0,55 -0,38 5 -16891 -2811 -0,10 -0,03 6 166230 201297 0,29 0,64

Quando os fluxos de migrantes nos anos de 1970-1980 e 1981-1991 foram analisados temporalmente, observou-se que ocorreu no estado de Minas Gerais uma tendência de homogeneização dos poderes de atração e repulsão entre as microrregiões mineiras. Os fluxos continuaram predominantemente das regiões pobres para as mais ricas, mas de forma menos marcante.

Aqui foi mostrado que, para os períodos entre 1980-1990 e 1991-1996, esta tendência parece ter sido revertida, com as regiões com níveis sociais piores mantendo taxas liquidas de migração bastante negativas, sinalizando para uma pequena variação em seus poderes de atração e/ou repulsão, enquanto que as regiões mais ricas mostraram um aumento em seu poder de atração e/ou uma diminuição em seu poder de repulsão. Teríamos então, em vez de uma homogeneização nos poderes de atração/repulsão, um processo de divergência destes poderes. As regiões que já atraiam migrantes passaram a atrair ainda mais, e o contrário ocorreria com as áreas que perdiam população.

As análises que buscavam verificar a significância estatística dos dados referentes as TLM mostraram que as microregiões que apresentavam valores inferiores à média estadual para esta taxa, tiveram seus valores significativamente diminuídos, enquanto que as regiões que tinham valores superiores ao estado, não apresentaram qualquer variação significativa.

Além disto, uma análise envolvendo também a dimensão espacial mostrou que as mesoregiões do Noroeste de Minas, Norte de Minas, Jequitinhonha, Vale do

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21 Mucuri, e parte das mesoregiões do Vale do Rio Doce e Zona da Mata, que apresentaram TLM negativas e tinham condições sociais mais precárias, apresentaram uma variação não significativa para baixo para estas taxas. Enquanto que o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e Sul/Sudoeste de Minas, a parte central do estado e a região sudoeste de Minas tiveram sua TLM aumentadas significativamente.

Estas análises mostram que realmente houve uma tendência de divergência nos poderes de atração/repulsão, a nível microregional, em Minas, tendência esta contrária a observada na década de 80.

6 – Comentários complementares

Discutiu-se inicialmente o fenômeno de concentração e desconcentração de população e de atividades econômicas, primeiramente a partir de conceitos teóricos, e depois com a inclusão de alguns dados empíricos. Verificou-se para MG que, na década de 80, pareceu haver uma incipiente reversão de polarização populacional devido a diminuição nas taxas de crescimento populacional da capital com relação ao restante do estado. Mas na década seguinte, observou-se que esta tendência foi parcialmente revertida, com uma aumento das taxas de crescimento populacional da RMBH e das áreas localizadas mais ao sul e oeste do estado. Este processo foi designado como descentralização concentrada de população.

Verificou-se que os fluxos de migrantes se direcionavam, tanto na década de 70, como entre os anos de 1981-1991, para as regiões mais prosperas do estado, tendo como origem as áreas mais pobres. Mas apesar disto, pode-se observar que, neste 2º período, houve uma homogeneização dos poderes de atracão/repulsão populacional entre as microrregiões mineiras. As regiões que apresentavam perda de população tiveram seu poder de atração/retenção populacional incrementado, enquanto que o contrário ocorreu com as regiões que absorviam população. Este fato explica, em parte, a queda nas taxas de crescimento populacional da RMBH no período. Mas verificou-se que esta variação foi compartilhada por outras microrregiões com boas condições sociais e muito urbanizadas como Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba e Ipatinga. Sugere-se que a descentralização de população, ainda incipiente no estado de Minas Gerais, na década de 80, deve ter sido causada muito mais por aspectos conjunturais que afetaram de certa maneira também estas últimas regiões citadas,.

Estas variações ocorridas em Minas Gerias, podem ser substanciadas pela discussão de alguns autores. Martine e Diniz (1998) citam que devido a condições de

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22 estagnação econômica, ocorrida nos anos 80, houveram alterações marcantes no meio rural e na criação de estabelecimento agrícolas. Esta mudanças, possivelmente, tiveram como conseqüência uma diminuição dos fluxos de migrantes do tipo rural-urbano ou do tipo pequena cidade-grande metrópole.

Outro autor que discute um tópico correlato é Matos (1995). Este mostra que, devido a condições sociais desanimadoras nas áreas preferenciais de destino na década de 80, muitos dos migrantes em potencial em MG, preferiram permanecer em seus locais de origem, em vez de trocarem de local de moradia.

Uma discussão para o nordeste brasileiro, que serve como base para discussões para o caso mineiro, foi apresentada pôr Ribeiro (1997). Este discute a importância da migração de retorno na década de 80 como uma possibilidade de estratégia de sobrevivência em tempos de crise, o que teria, como conseqüência, a diminuição dos saldos migratórios negativos nas regiões tradicionalmente expulsoras de população.

Além destes, pode-se citar Preston (1988), que mostra a forte correlação positiva, em países em desenvolvimento, entre o nível de desenvolvimento econômico e a proporção de indivíduos migrando para os grandes centros.

No período mais recente, entre 1991 e 1996, observou-se que o estado de MG, tomado em conjunto, teve um aumento no poder de atracão/retenção populacional com um incremento em suas taxas líquidas de migração. Mas este aumento não foi dividido de forma homogênea. As áreas que perdiam população, de forma marcante, na década de 80, continuaram a apresentar um regime semelhante entre os anos de 91 e 96, enquanto que as demais, aquelas que perdiam pouca população ou tinham SM positivo, passaram a perder menos ou a absorver mais migrantes. Este processo mostrou uma divergência nos regimes de migração entre as microrregiões, em contrapartida a homogeneização observada na década anterior.

Vejamos alguns tópicos relacionados a estes resultados apresentados por outros autores. Em uma discussão de caráter histórico, Penna (1983) mostra que estado de Minas Gerais, nos últimos séculos, passou por três grandes processos de concentração e desconcentração populacional, dependendo da atividade econômica predominante, indicando ser este um processo em parte cíclico e reversível. Assim dependendo das características econômicas de cada época, teríamos uma concentração de população ou a reversão deste processo.

Diniz et al (1993, 1996) mostra que a produção industrial, depois de ter atingido uma grande concentração no Brasil, principalmente na RMSP, começou a

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23 se distribuir de forma mais homogênea, incluindo neste processo várias cidades médias e pequenas. Estas últimas se localizam, preferencialmente, em uma determinada parte do pais, compreendida do sul da Região Sudeste e do norte da Região Sul. Esta área incluiria as regiões mais desenvolvidas de MG, como as partes Sul/Sudoeste de Minas Gerais e Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, muito interligadas a economia paulista, e a parte central do estado. Desta forma a desconcentracão populacional, ocorrida de forma incipiente em Minas Gerais na década de 80, seria revertida, ocorrendo uma desconcentração concentrada de população nestas áreas. Por outro lado, as regiões mais ao norte, nordeste e leste do estado se esvaziariam relativamente frente as demais do estado, pois estas não seriam contempladas com este desenvolvimento industrial preferencial.

Seguindo esta tendência geral de desenvolvimento estadual, teríamos que alguns centros urbanos de tamanho médio localizados nesta região preferencial de desenvolvimento, como Uberlândia, Uberaba, Poços de Caldas, Pouso Alegre e Varginha, e além destas, Divinópolis, Juiz de Fora e Sete Lagoas apresentariam uma atratividade elevada, e em alguns casos, inclusive superior ao da capital do estado.

Toda esta discussão acima sugere que a desconcentração populacional, a partir do grande centro do estado, observada a partir da análise de fluxos, ainda não seria uma tendência histórica bem definida e sim teria ocorrido, principalmente, devido a especificidades da década de 80. Dentro de uma perspectiva abordando os conceitos de economia e deseconomias de escala, pode-se dizer que as características negativas, que poderiam ser relacionados com a existência de uma extensa malha urbana na RMBH, como poluição, altas taxas de criminalidade, congestão urbana etc., ainda não seriam suficientes para diminuir a atratividade relativa deste grande centro frente a várias regiões mineiras, principalmente, com relação ao norte e nordeste do estado8. Por outro lado, o aparecimento de significativas economias de escala em vários centros menores, promoveriam o crescimento de alguns centros médios como pólos secundários de absorção de população.

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Mas um ponto que deve ser ressaltado é que mesmo que as deseconomias de escala suplantem as economias de aglomeração, pela própria inércia inerente ao processo migratório, como defasagens na percepção do migrante em potencial quanto as melhores opções de locais de moradia e pela própria dificuldade de transposição da barreira de potencial devido aos custos de migração, os fluxos migratórios não refletem as características do meio urbano e regional de forma imediata.

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