uN|vERs|DADE
FEDERAL DE
sANTA
cATAR|NA
.
cENTRo
TEcNoLÓG|co
PROGRAMA
DE
Pós-GRADUAÇÃO Em
ENGENHARIA
Quí|v||cA
PREPARAÇÃD
DE
MEMBRANAs
M|cRoPoRosAs
PARA
TRATAMENTD
DE
EFLuENTEs
DA
|NDúsTR|A
DE
AL|MENTos
Dissertação apresentada à Universidade
-
Federal de Santa Catarina para a
obtenção
do
títulode
Mestreem
Engenharia Química.
EUNICE
HELENA
PERPÉTUO
DE
OLIVEIRA
orientaaørz
Pmf.
Dr.
José
cAR|.os
cuNHA
PETRus
‹ ‹
PREPARAÇAO
DE
MEMBRANAS
MICROPOROSAS PARA TRATAMENTO
DE
EFLUENTES
DA
INDÚSTRIA
DE ALIMENTOS
por
EUNICE
HELENA PERPÉTUO
DE
OLIVEIRA
Dissertação aprovada
como
requisito parcial para obtenção do títulode
Mestreno Curso. de
Pós-Graduação
em
Engenharia Química, pela comissão.r _.
Prof. José Carlos
Cunha
Petrus, Dr.Orientador
Humberto
Jorge José, Dr. rer. nat.Coord. do Curso de Pós-Graduação
em
Eng. QuímicaBanca
Examinadora:
j
/
il Prof. FlávioRubens
Lapolli, Dr.filé»
úzzzz
f.
Hug
Moreira Soares., Dr.Prof. Jorge Luiz. Ninow, Dr.
ârof.
José CarlosCunha
Petrus, Dr.Florianópolis,
28
de fevereirode
2000.T Á,
¶
Êezzs.\
¶11z1lnÂa ama/a/am1'Â1'a,
em
especjaf
meus
pazlf, Í7a/afa, Ú7Õ'ro e vovó.ll
11/0
posso
9(`a¢ueÍe
fue
me/(or/afece.
77AGRADECIMENTOS
A
Jesus,minha
força e alegria. Muito obrigada, Senhor, pelo seu infinitoamor
e por terme
capacitadocom
discernimento e sabedoria para realizar estetrabalho.
A
ti, todo omeu
amor
e omeu
louvor!Ao
Prof. Dr.José
CarlosCunha
Petrus,que
muito admiro pelaseriedade, responsabilidade, firmeza e dedicação no
desempenho
de seupapel
de
professor e orientador.A
você, agradeço pela valiosa orientação e estímulo sempre.Aos
membros
da
banca
examinadora, pela colaboração através decorreções e sugestões, enriquecendo o trabalho.
À
minha
querida família,que
tantoamo
eque
pacientemente sofreu,orou e aguardou por este momento. Pai,
mãe
e Tatala, obrigada pornunca
me
deixarem desanimar nos
momentos
difíceis ede
incertezas da minha vida.Vocês
são muito preciosos para mim.Ao
Marcelo,meu
namorado, companheiro e amigo, pela compreensão,paciência,
amor
e por tudoque
representaem
minha vida.A
Fátima e
Luciane, minhas queridas amigas e companheirasde
laboratório. Através da troca
de
conhecimentos, experiências, trabalho ecarinho tornaram mais forte e significativo este
momento
de aprendizagem.Às empresas
Macedo
Koerich S.A. e Lacticínios Tirol Ltda, pelofornecimento das amostras
de
efluentes.Aos
professorese
funcionáriosdo
Dep.de
Eng.Química e
Eng.de
Alimentos
da
UFSC,
em
especialo
secretárioda
Pós-Graduação
Edevilson
da
Silva, pelaenorme
disponibilidade e alegria sempre.A
CAPES,
pelo apoio financeiro.A
todos
os
meus
amigos,que de
alguma maneirame
incentivaram esuMÁR|o
ÍNDICE
DE
|=|GuRAs
... ..¡iND|cE
DE
TABELAS
...síMBo|.os E
ABREv|ATuRAs
... ._ iv viRESUMO
... ..viiiABSTRACT
... ..x 1|NTRoDuçÃo
... _. 2oBJET|vos
... ._ 3REv|sÃo B|BL|oGRÁF|cA
... ._3.1
INDÚSTRIA
FRIGORÍFICA
DE
ABATE
E
PROCESSAMENTO
DE
AVES
... _.3.1.1 Produção de Carnes “in natura” ... _.
3.1.1.1
Escaldagem de
Frangos ... 3.1.1.2 Resfriamento de Frangos ... ._ 1 4 6 Lo`oo'\1¡:›3.2
INDÚSTRIA
DE
|_AT|cíN|os ... ..1o3.2.1 Produção
de
Sorode
Queijo ... ..1O3.3
PROCESSOS
DE
SEPARAÇÃO
COM
MEMBRANAS
... ..133.3.1 Considerações Gerais ... ._ 13 "
17
3.3.2
Membranas
para Ultrafiltraçao ... _.3.3.2.1 Classificação das
Membranas
... _.3.3.2.2 Materiais
Empregados
na Preparação deMembranas
... _.18 19
3.3.2.3 Fabricação de
Membranas
Microporosas Assimétricas ... ..243.3.2.4 Características das
Membranas
... ..273.3.3
Fundamentos
da Ultrafiltração ... ... ..293.3.3.1 Fatores
que
Influenciam aTaxa
dePermeação
no Processode
Ultrafiltração ... ..343.3.3.2 Fatores Importantes para a Avaliaçao do Processo de
U
Itrafi Itração ... _ _ 364
MATERIAIS
E
MÉTODOS
... ..394.1
MATERIAIS
... ..394.1.2 Equipamentos Utilizados na Caracterização das
Membranas
... ..4O4.1.3 Efluentes ... ..4O
4.1.4 Equipamentos Utilizados nos Ensaios de Ultrafiltração ... ..41
4.1.5 Materiais Utilizados nas Determinações Analíticas das Amostras de Efluente e
Permeado
... ..434.1.6 Materiais Utilizados na Limpeza e Sanitização das
Membranas
...444.2
MÉToDos
... ..454.2.1 Preparação das
Membranas
... ..454.2.2 Caracterização das
Membranas
... ..474.2.2.1 Microscopia Eletrônica de Varredura
(MEV)
... ..474.2.2.2 Energia Dispersiva de Raio-X ... ..48
4.2.2.3 Espectroscopia na Região
do
Infravermelhocom
Transformada de Fourier (FTIR) ... ..494.2.2.4 Ensaios
de
Permeabilidade àÁgua
... ..494.2.3 Ultrafiltração dos Efluentes ... ..49
4.2.3.1 Célula de Ultrafiltraçäo ... ..5O 4.2.3.2 Unidade Piloto ... ..51
4.2.4 Análises Realizadas
com
Amostras de Efluente ePermeado
... ..524.2.4.1
Demanda
Química de Oxigênio(DQO)
... ..524.2.4.2 Turbidez Espectrofotométrica ... ..53
4.2.4.3 Cor Espectrofotométrica ... ..53
4.2.5 Limpeza e Sanitização das
Membranas
... ..544.2.6 câloulo
do
ínolloe Tolal (l.T.) e do índloe Devidoao
“foullng” (l.l=.) ..55~ 5
RESULTADOS
E
DISCUSSAO
... ..565.1
MORFOLOGIA
D_EUMA MEMBRANA
ASSIMÉTRICA
DE
ULTRAFILTRAÇAO
... ..565.2
INFLUÊNCIA
DA
CONCENTRAÇÃO
DE
PVDF
NA
MORFOLOGIA
E
NO
DESEMPENHO
DAS
MEMBRANAS
DE ULTRAFILTRAÇÃO
... ..575.2.1 Efeito na Morfologia das
Membranas
... ..585.2.2
Desempenho
dasMembranas
... ..6O A ~ 5.3INFLUENCIA
DA
CONCENTRAÇAO
DE
LiCINA
MORFOLOGIA
E
NO
DESEMPENHO
DAS
MEMBRANAS
DE
ULTRAFILTRAÇÃO
PREPARADAS A
PARTIR
DE
PVDF
... ..655.3.1 Efeito na Morfologia das
Membranas
... ..655.3.2
Desempenho
dasMembranas
... ..685.4
INFLUENCIA
DA
ADIÇAO DE
PVAc
NA
MORFOLOGIA
E
NO
DESEMPENHO
DAS
MEMBRANAS
DE ULTRAFILTRAÇÃO
PREPARADAS
A
PARTIR
DE PVDF
... ..725.4.1 Efeito na Morfologia das
Membranas
... ..725.4.2
Desempenho
dasMembranas
... ..755.4.3 Efeito
da
Limpeza naComposição
Químicade
uma
Membrana
Preparada a Partirde
Blenda dePVDF/PVAc
... ..795.5
INFLUÊNCIA
DA
ADIÇÃO DE
PMMA
NO DESEMPENHO
DAS
MEMBRANAS
PREPARADAS A
PARTIR
DE PVDF
... ..805.5.1
Desempenho
dasMembranas
... ..815.6
coMPARAçAo
ENTRE
o
ÍNDICE
ToTAL
E
o
íND|cE
DEv|Do
Ao“Fou|.|NG”
PARA
ALGUMAS MEMBRANAS
... ..s3 5.7INFLUÊNCIA
DAS CONDIÇOES
OPERACIONAIS
SOBRE
O
DESEMPENHO
DAS
MEMBRANAS
DE ULTRAFILTRAÇÃO
... ..845.7.1 Efeito
da
Variaçãoda
Pressão no FluxoPermeado
... ..855.7.2 Efeito da Variação da Temperatura no Fluxo
Permeado
... ..885.7.3 Efeito
da
Agitação no FluxoPermeado
... ..905.8
INFLUÊNCIA
DA
DILUIÇAO
DOS
EFLUENTES
DA
INDÚSTRIA
FRIGORÍFICA
NO
FLUXO
PERMEADO
E
REDUÇÕES
DE
DQO,
COR
E
TURBIDEZ
... ..985.8.1
Água
de
Escaldagem
de Frangos ... ..985.8.2
Água
do
"cniiiefl ... ..1o1 5.9 E|=E|ToDA
|.|iv|PEzAE
sANmzAçÃo
DAs
MEMBRANAS
NA
iREsTAuRAçAo DA
PER|v|EAB||.|DADE,AAGUA
DEsT||_ADA
APos
ENsA|os
DE
u|.TRAF||.TRAçÃo
coM
AGUA
DE
EscA|.DAGEM
.... ..1o3 5.10coMPARAçÃo
ENTRE
|=Luxos
PERMEADos
E
REDUÇÕES
DE
Doo, TuRB|DEz
E
coR
PARA os
D|FERENTEs
EFLUENTES
... ..1o5 .- scoNcLusoEs
... ..11o 1REFERÊNc|As
B|B|.|oGRÁ|=|cAs ... ..113íND|cE
DE
|=|GuRAs
Figura 1 - Fluxograma do processo de beneficiamento do frango
de
corte ... ..7Figura 2 -
Diagrama
esquemático da técnica de inversão de fases pordifusão induzida, pela coagulação da solução polimérica
em
banho de
não-solvente, para preparação demembranas
microporosas assimétricas ... ..25
Figura 3 - Representação esquemática dos
fenômenos que
influenciam aultrafiltração
de
soluções macromoleculares: (a) polarização porconcentração e (b)
zona
de polarização e formação dacamada
de
gel, e perfilde
concentração estabelecido durante oprocesso ... ..3O
Figura
4
- Célulade
ultrafiltraçãocom
fluxo perpendicular ... ..41Figura 5 -
Esquema
do
equipamento piloto utilizado na ultrafiltraçãodos efluentes ... ..42
Figura 6 - Etapas e condições utilizadas no preparo das
membranas
... ..45Figura 7 - Microfotografias da fratura (a) e superfície (b) de
uma
membrana
assimétrica de ultrafiltração, preparada a partirde
PVDF,
com
indicação de suas diferentes regiõesmorfológicas ... ..56
Figura 8 - Microfotografias das
membranas
E8,E6
e E9, mostrando ainfluência
da
concentraçãode
PVDF
em
suas subestruturas ... ..58Figura 9 - Microfotografias das
membranas
E8,E6
e E9, mostrando ainfluência
da
concentração dePVDF
em
suas superfícies ... ..59Figura 10 -
Comportamento
do fluxopermeado
durante a ultrafiltraçãoda
água de
escaldagem, através dasmembranas
E8,
E6
eE9
... ..61Figura 11 - Microfotografias das fraturas das
membranas
E5,E6
e E7,mostrando a influência
da
concentração de LiClem
suassubestruturas ... ..66
Figura 12 - Microfotografias das superfícies das
membranas
E5,E6
e E7,mostrando a influência da concentração de LiCl
em
suassuperfícies ... ..67
Figura 13 -
Comportamento
do fluxopermeado
durante a ultrafiltraçãoll
Figura 14 - Microfotografias das
membranas
E6,E1O
e E11, mostrandoa influência da concentração de
PVAc
em
suas subestruturas...73Figura 15 - Microfotografias das
membranas
E6,E1O
e E11, mostrando ainfluência da concentração de
PVAc
em
suas superfícies ... ..74Figura 16 -
Comportamento do
fluxopermeado
durante a ultrafiltraçãoda
água de
escaldagem, através dasmembranas
E6,
E10eE11
... ..77Figura 17 - Espectros no infravermelho da
membrana
E11, preparadaa partir
de
blendade
PVDF/PVAc
e o efeito das soluçõesde
limpeza na composição química damembrana
... ..8OFigura 18 -
Comportamento
do fluxopermeado
durante a ultrafiltraçãoperpendicular da
água
de escaldagem, através dasmembranas
F7
e M10-1 ... ..82Figura 19 - Efeito da pressão sobre o fluxo permeado, para a ultrafiltração
tangencial da
água de
escaldagem através damembrana
E7
.... ..85Figura 20 - Efeito da pressão sobre o fluxo
permeado
para a ultrafiltraçãoperpendicular
da
água
do “chiller” através damembrana
M10-2..86 Figura 21 - Efeitoda
temperatura sobre o fluxo permeado, para aultrafiltração tangencial
da água de
escaldagem atravésda
membrana
E7
... ..89Figura
22
- Efeitoda
agitação, expressaem
termos de velocidade tangencialsobre o fluxo permeado, para a ultrafiltração tangencial da
água
de
escaldagem
através damembrana
E11 ... ..91 Figura 23 - Efeito da agitação sobre o fluxo permeado, para a ultrafiltraçãoperpendicular da
água de
escaldagem através damembrana
M1o-1 ... _, ... ..93
Figura
24
- Efeitoda
turbulência, promovida pela agitação do efluentepróxima à superfície filtrante, sobre o fluxo
permeado
para aágua de
escaldagem de frangos, através damembrana
E6
... ..94Figura 25 - Microfotografias das fraturas da
membrana
E6, apósultrafiltração da
água
de escaldagem durante 3 horas,mostrando a
camada
de gel formada na superfície:(a) filtração perpendicular (agitação:
800
rpm) -(b) filtração tangencial (O,7 mls) - (c) filtração perpendicular
- detalhe
de
g
- (d) filtração tangencial - detalhede
Q
... ..95Figura 26 - Efeito da diluição do efluente no fluxo permeado, durante a
ultrafiltração tangencial da
água de
escaldagem, através damembrana
E6
... ..99Figura
27
- Efeito da diluiçãodo
efluente no fluxo permeado,durante a ultrafiltração tangencial da
água
do “chilIer“',Figura
28
-Medidas
de permeabilidade àágua
destilada, após limpezae sanitizaçäo da
membrana
E7, utilizadaem
6 ensaiosconsecutivos
de
ultrafiltração daágua de
escaldagem.Tempo
de cada processamentocom
o efluente: 3 horas .... _.Figura
29
-Comportamento
do fluxopermeado
em
função do tempo,durante a ultrafiltraçäo tangencial dos efluentes, através
da
membrana
E6
... _.Figura 30 - Efluentes da indústria frigorífica de abate e processamento
de frangos,
sem
filtrar e ospermeados
obtidos através daultrafiltração tangencial, utilizando-se a
membrana
E6
... _.Figura 31 - Efluente
da
indústria de laticínios,sem
filtrar e opermeado
obtido através
da
ultrafiltração tangencial, utilizando-se aíND|cE
DE
TABELAS
Tabela 1 -
Composição
média do soro Iácteo ... ..11Tabela 2 -
Algumas
possibilidades de aproveitamentodo
soro Iácteo ... ..13Tabela 3 - Diferenças entre os principais processos de separação
com
membranas
ealgumas
de suas aplicações ... ..16Tabela
4
- Principais materiais utilizados no preparode
membranas
... ..2OTabela 5 - Características, principais propriedades e aplicações dos
polímeros utilizados no preparo das
membranas
... ..23Tabela 6 -
Composição
química dasmembranas
preparadas ouapenas
utilizadas ... ..46
Tabela 7 -
Composição
dasmembranas
e valores de permeabilidade àágua
e fluxopermeado
para aágua
de escaldagem,utilizando-se as
membranas
E8,E6
eE9
... ..6OTabela 8 -
Reduções de
DQO,
turbidez e cor para aágua
de escaldagemem
função dotempo
de ultrafiltração, utilizando-se asmembranas
E8,E6
eE9
... ..63Tabela 9 -
Composição
dasmembranas
e dadosde
permeabilidade àágua
e fluxopermeado
para aágua
de escaldagem,utilizando-se as
membranas
E5,E6
eE7
... _.68Tabela 10 -
Reduções
deDQO,
turbidez e cor para aágua
de escaldagemem
funçãodo
tempo
de ultrafiltração, para asmembranas
E6
eE7
... ..71Tabela 11 -
Composição
dasmembranas
edados
de permeabilidade àágua
e fluxopermeado
para aágua
de escaldagem,utilizando-se as
membranas
E6,E10
e E11 ... ..76Tabela 12 -
Reduções
deDQO,
turbidez e cor para aágua de
escaldagemem
função dotempo
de ultrafiltração, para asmembranas
E6,E1 O e E11 ... ..78
Tabela 13 -
Composição
dasmembranas
e dados de permeabilidade àágua
e fluxopermeado
para aágua
de escaldagem,utilizando-se as
membranas
F7
e M10-1 ... ..82Tabela 14 - Permeabilidade à água, antes e após a ultrafiltração da
água
de escaldagem; fluxo
permeado
e índices total e devido aoV
Tabela 15 - Percentual
em
peso.dos elementos químicos presentes no gelformado, através da ultrafiltração da
água
de escaldagemcom
fluxo perpendicular, utilizando-se amembrana
E6
... ..97Tabela 16 -
Reduções
deDQO,
turbidez e cor para aágua de
escaldagemsem
diluição e diluídaem
duas concentrações diferentes(diluições 1:2 e 1:3),
em
função dotempo
de ultrafiltração ... ..100Tabela 17 -
Reduções
deDQO,
turbidez e cor para aágua
do “chilIer“'sem
diluição e diluídaem
duas concentrações diferentes(diluições 1:2 e 1:3),
em
função dotempo
de ultrafiltração ... ..102Tabela 18 -
Reduções
deDQO,
turbidez e cor para aságuas
residuáriase para o soro de queijo
em
função dotempo
de ultrafiltração,síMBo|.os
E
ABREv|ATuRAs
CbCw
C9 J s ll n r Rc R9Rm
RP IAP
Ax
An
DBO
DQO
DMA
DMF
Concentração da soluçãoConcentração de partículas na superfície
da
membrana
Concentraçao de partículas na
camada
de gelFluxo permeado, [Kg/h.m2]
Porosidade da
membrana
Viscosidade da solução
Número
de poros Raio dos porosResistência devido à colmatagem
Resistência da
camada
de gelResistência total da
membrana
Resistência da zona de polarização
Tortuosidade dos poros
Pressão transmembrana
Comprimento
dos porosPressão osmótica
Demanda
Bioquímica de OxigênioDemanda
Química de Oxigênio DimetilacetamidaDMSO
DimetilsulfóxidoEDX
Energia Dispersivade
Raio-XFTIR
Espectroscopia de Absorção na Regiãodo
Infravermelhocom
Transformada de Fourier.
I.T. Índice total
|.F. índice devido ao “f<›u|¡ng”
LABSEM
Laboratóriode
Processos de Separaçãocom Membranas
MEV
Microscopia Eletrônica de VarreduraMM
Massa
MolecularMWCO
“Molecular Weight Cut-off”PMMA
Polimetil MetacrilatoPVAc
Poliacetato de VinilaPVDF
Polifluoreto de VinilidenoRESUMO
As
indústrias frigoríficas de abate e processamento de animais e as indústriasde
laticínios são responsáveis por grande parte da carga poluentedespejada nos cursos d'água pelas indústrias alimentícias. Por isso,
devem
sofrer tratamento
adequado
antesdo
despejo, a fim de reduzir o impacto negativo ao meio ambiente.Neste trabalho, estudou-se principalmente o processo de ultrafiltração
como
agente redutor da carga poluente das águas residuárias originadas deuma
indústria frigorífica, nas etapas de escaldagem e resfriamento dascarcaças,
onde
uma
grande quantidade deágua
é consumida, resultandoem
um
grande volume de efluente a ser tratado. Para efeito comparativo, foirealizado
também,
um
breve estudo da ultrafiltração do soro de queijo.Membranas
microporosas e assimétricas foram preparadas a partir doPVDF
(Polifluoretode
Vinilideno) puro, ou associado aoPVAc
(Poliacetato deVinila),
PMMA
(Polimetil Metacrilato) e ao LiCl (Cloreto de Lítio).A
técnicautilizada foi a
de
inversao de fases pela coagulação dos polímerosem
banho
de não-solvente.
A
caracterização dasmembranas
foi feita através deMEV
- MicroscopiaEletrônica de Varredura,
FTIR
- Espectroscopia de Absorção na Regiãodo
Infravermelho
com
Transformada de Fourier e ensaios de permeabilidade.A
técnica
de
EDX
- Energia Dispersivade
Raio-X foi utilizada para identificaçãodos elementos químicos presentes na
camada
de gel formada na superfícieda
membrana,
durante a ultrafiltração.Os
experimentos de ultrafiltraçãocom
fluxo perpendicular foramconduzidos a pressões variando de 1,0 a 4,0 Kgf/cmz, temperatura de
20
aResumo ix
com
fluxo tangencial, foram utilizadas amesma
faixa de temperatura, pressõesde
1,0 a 3,0 Kgf/cmz e velocidade deescoamento
do efluente sobre asuperfície da
membrana
(fluxo tangencial) variando de 0,5 a 0,7 mls.Os
resultados mostraram diferenças acentuadas nas morfologias e naspropriedades funcionais das
membranas
em
função das variaçõesem
suacomposição química.
Na
ultrafiltraçãoda água de
escaldagem na unidade piloto, melhoresresultados foram alcançados
com
amembrana
E6 (12%
PVDF
I3%
LiCl, nasolução polimérica), obtendo-se fluxo
permeado
de48
Kg/h.m2, após 1 hora deprocessamento e
82%
de
redução deDQO, com
as seguintes condiçõesoperacionais: 50°C, 3,0 Kgflcmz e velocidade tangencial de 0,5 mls. Para a
água do
“chiller” o valor de fluxo permeado, obtido após 1 hora foi 107 Kg/h.m2e a
máxima
reduçãode
DQO
foi 74%, nasmesmas
condiçõesde
temperaturae pressão, descritas anteriormente e
com
uma
velocidade tangencial de 0,7mls. Fluxo
permeado de
57 Kg/h.m2 e73%
de redução deDQO
foramalcançados através da ultrafiltração
do
soro de queijocom
amembrana
E6, apressão
de
3,0 kgflcm2, temperatura de 50°C e velocidade tangencial de~O,7m/S.
A
redução significativa deDQO
das amostras, os baixos índices de core de turbidez dos permeados,
comprovaram
a eficiência da ultrafiltração navalorização destes efluentes, tornando-se possível a reutilização do filtrado,
proveniente das
águas
residuárias, nomesmo
processo, resultandoconseqüentemente,
em
economia
deágua
e energia para as indústriasABSTRACT
The
slaughterhouse,meat
processing and dairy product industries areresponsible for the great part of the polluent material descarted in the water
systems.
On
account of this, they should undergo adequate treatment beforedisposing, in order to reduce the negative impact to the environment.
In this work, the ultrafiltration process
was
studied as a reducing agentof polluent material from the residual water originating from a meat processing
industry, in the scalding and cooling of carcasses
where
a great quantity ofwater is consumed, resulting in a large volume of effluent to be treated. For a
done
comparative effect there alsowas
a brief study of cheesewhey
ultrafiltration. Microporous and asymmetric
membranes
were prepared frompure
PVDF
- Poly(vinylidene fluoride). or associated withPVAc
- Poly(vinylacetate),
PMMA
- Poly(methyl methacrylate) and LiCl.The
technique utilizedwas
thephase
inversion through coagulation of polymers in a non-solvent bath.The
characterization of themembranes was
done
throughMEV
-Electronic Scanning Microscope,
FTIR
- Fourier Transform InfraredSpectroscopy
and
permeability trials.The
EDX
- Energy DispersiveX-Ray
tecnique
was
utilized for identification of chemical agents present in the layer ofgel formed on the
membrane
surface during the ultrafiltration.The
ultrafiltration experiments with dead-end flux were carried out withpressures varying from 1.0 to 4.0 Kgf/cmz,
20
to50°C
temperature, underagitation of
800 rpm
or without agitation. For the pilot unit with tangencial flux,the
same
temperature scalewas
utilized, pressures of 1.0 to 3.0 Kgflcmz andtangencial flux varying from 0.5 to 0.7 m/s.
The
resultsshowed
accentuateddifferences in the morfological and functional properties of the
membranes
inAbstract Xi
ln the ultrafiltration of scalding water in the pilot unit better results were
achieved with the
E6
membrane
(12%
PV
DF,3%
LiCI, in the polymersolution), obtaining permeated flux of
48
Kg/h.m2, after 1 hour of processingand
82%
reduction ofDQO,
with the following operating conditions: 50°C, 3.0Kgf/cmz
and
tangencial velocity of 0.5 mls.The
result of permeated flux for thechiller water, after 1 hour
was
107 Kg/h.m2 andmaximum
reduction ofDQO
was
74%,
in thesame
conditions of temperature and pressure, describedpreviously
and
with a tangencial velocity of 0.7 mls. Permeated flux of the 57Kg/h.m2 and a
73%
reduction ofDQO
were obtained through the ultrafiltrationof cheese
whey
with theE6 membrane,
a pressure of 3.0 Kgflcmz, temperatureof
50°C
and tangencial velocity of 0.7 mls.The
significant reduction ofDQO
from the samples, low indexes of colorand
turbidity from the permeates, prove the efficiency of ultrafiltration in thevalorization of these effluents. ln this manner, the reutilization of the filtered in
the
same
processbecomes
possible resulting, consequently, in water and1
|NTRoDuçÃo
O
desenvolvimento dos processos de separaçãocom membranas
pode
ser considerado relativamente recente.
No
final dos anos 60, estes processosdeixaram de ser
apenas
uma
técnica laboratorial e, apesar das dificuldadesnormalmente encontradas na introdução de
uma
nova tecnologia,desde
entãovêm
sendo amplamente empregados
em
diversos setores da atividadeindustrial.
Exemplos
destas aplicações são encontrados nas indústriasquímicas, alimentícias, farmacêuticas, nas áreas médica e biotecnológica, e
nos tratamentos de
águas
industriais e municipais. Estas tecnologias àmembrana
são aplicadascomo
uma
alternativa bastante atraenteem
comparação
aosmétodos de
separação tradicionais. Dentre estes processosos mais utilizados industrialmente são a
osmose
inversa, ultrafiltração,microfiltração e diálise (hemodiálise).
A
ultrafiltraçao é utilizada nas indústrias alimentícias, principalmente naclarificação
de
sucosde
frutas e na concentração de produtos lácteos(PETRUS,
1997). Recentemente, estudosvêm
sendo
desenvolvidos visando oemprego
desta técnica no tratamento elou na valorização de efluentesindustriais,
com
o objetivode
reduzir o impacto ambientalque
estes materiaispodem
provocar.Dentre os efluentes das indústrias alimentícias, aqueles originados dos
frigoríficos
de
abate e processamento de animais domésticos, são osque
contêm maior carga poluente, devido à presença de grande quantidade de
matéria orgânica. Estes
possuem
valores altos dedemanda
bioquímica deoxigênio (DBO), sólidos
em
suspensão, material flotável e gorduras.Além
disso, a maior parte destes efluentes, principalmente aqueles oriundos
da
Introdução 2
contém
sangue, gordura, pedaços de tecidos, penas, etc.(BRAILE, 1979).Através
da
ultrafiltração é possível a eliminação das proteínas, gorduras esólidos suspensos presentes nestes efluentes, reduzindo-se,
consideravelmente, a carga poluente.
Na
maioria das vezes, o filtrado pode serreutilizado, resultando
em
grande economia deágua
e energia para asindústrias e o concentrado
pode
ser aproveitadocomo
matéria-prima napreparação
de
ração animal e de fertilizantes.A
indústria de laticíniostambém
gera efluentescom
elevada cargapoluente, dentre eles destaca-se o soro, subproduto da produção de queijo.
Este possui alto valor nutritivo, pois é rico
em
proteínas, carboidratos,vitaminas e sais.
Em
diversos países, a ultrafiltraçãovem
sendo
bastanteutilizada industrialmente na recuperação das proteínas do soro que, após
concentrada, é utilizada
em
dezenas
de produtos alimentícios, na forma líquidaou desidratada. Desta forma, contribui-se para a redução
de
problemasambientais,
ao
mesmo
tempo
em
que
se valorizaum
subprodutoque
normalmente é isento ou possui
pouco
valor comercial.Nas
últimas décadas, ocorreuum
grande desenvolvimento na área depolímeros, favorecendo, assim, a preparação de
membranas
mais resistentesmecânica, química e termicamente, e
com
melhoresdesempenhos
como
fluxospermeados
mais altos e maior seletividade.Mesmo
assim, persiste ainda, oprincipal problema encontrado no uso
da
ultrafiltraçãoem
escala industrialque
é a redução da taxa de
permeação
durante o processamento, devido afenómenos
inerentes ao próprio processo, que serão abordados posteriormente.O
estudo da ultrafiltração dos efluentes das indústrias frigoríficas é degrande interesse tecnológico, industrial e ambiental. Por isso, através
do
desenvolvimento
de
membranas
com
altodesempenho,
associado às melhorescondições operacionais, deve-se buscar o maior fluxo
permeado
possível e a retençãode
solutos no nível desejado paraque
o processo seja técnica eeconomicamente
viável.É
também
desejávelque
asmembranas
sejamde
fácil limpeza eque
após cada processamento, o fluxopermeado
retorne aosIntrodução 3
permeados
são desejáveis, vistoque
um
maior fluxo leva auma
menor
área demembrana
necessária paraum
determinado processo,com
as vantagensinerentes à redução de custo de investimento,
menor
consumo
de energia eeconomia de
espaço, dentre outras.Neste trabalho,
membranas
de diferentes composições químicas forampreparadas, caracterizadas e aplicadas na ultrafiltração de efluentes
originados
da
indústria de Laticínios e Frigoríficas de abate e processamentode
frangos.Foram
determinados os fluxospermeados
dasmembranas
e odesempenho
destas nas reduções daDQO,
da turbidez eda
cor destesefluentes. Alguns estudos foram feitos para se determinar a resistência das
membranas
frente aos agentesde
limpeza normalmente utilizados eque
são2
OBJETIVOS
O
desenvolvimento deste trabalho consistiu, principalmente, no estudoda possibilidade
de
valorização, através de ultrafiltração, de efluentes daindústria frigorífica
de
abate e processamento de aves, originados das etapasde escaldagem
e lavagem e resfriamento das carcaças.Um
breve estudo daultrafiltração
do
sorode
queijo, efluente da indústria de laticínios,também
foirealizado. Teve-se
como
objetivos principais:1. Preparação
de
membranas
microporosas e assimétricasa
partir doPVDF
(Polifluoreto de Vinilideno) puro, ou associadoao
PVAc
(Poliacetato
de
Vinila) e ao LiCl (Cloreto de Lítio).2. Caracterização das
membranas
atravésdo
estudode
suascaracterísticas morfológicas e propriedades funcionais.
3. Utilização destas
membranas
em
equipamento piloto de ultrafiltração, visando a redução dademanda
química de oxigênio(DQO), da turbidez e cor
de
efluentes deum
frigorífico de abate deaves, a fim
de
avaliar a possibilidade de reutilização do filtrado nomesmo
processo.4. Estabelecimento de
um
programa de limpeza para asmembranas.
5. Verificação da polarização por concentração, formação da
camada
de
gel e colmatagem,que provocam
reduçao importante no fluxoObjetivos 5
6
Estudo comparativoda
aplicabilidade dasmembranas
desenvolvidas no tratamento dos efluentes da indústria frigorífica de
abate e processamento
de
frangos e do soro lácteo (subproduto da3
REv|sÃo
B|B|_|oc;RÁ|=|cA
Na
Revisão Bibliográfica são apresentadas, inicialmente, algumasabordagens sobre as indústrias frigoríficas de abate e processamento
de
frangos, indústrias de laticínios e seus efluentes,
que
são objetos dedesenvolvimento
do
nosso estudo.Em
seguida, as considerações gerais sobreos processos
de
separaçãocom
membranas,
mais especificamente aultrafiltração, as características dos materiais utilizados, a técnica
empregada
no preparo dasmembranas
e os fundamentos da ultrafiltração são abordadosdetalhadamente.
3.1
|NDúsTR|A FR|GoRíF|cA
DE
ABATE
E
PRocEssA|v|ENTo
DE
AvEs
Na
década de
70,houve
um
avanço na produção de avesem
SantaCatarina, devido à implantação de sistemas integrados de produção entre o
produtor e a indústria frigorífica.
Atualmente, o Brasil é o
segundo
maior produtor de frangos de corte domundo
ocidental.Além
disso, omercado
de aves estáem
ascensão, devido às exportações eao
grandeaumento
noconsumo
interno.O
crescimento deste setor de produçao gera problemas ambientais,devido
ao aumento da
quantidade de efluente produzido.Com
isso, surge anecessidade de implantação de
uma
tecnologiaadequada
para o tratamentodestes resíduos, a fim de se obter
um
efluentecom
características físico-químicas e microbiológicas dentro das especificações estabelecidas pelos
Revisão Bibliográfica 7
3.1.1
Produção
de
carnes
“in
natura”
O
processo básico envolve descarregamento de matéria-prima,atordoamento, abate, evisceração, cortes, preparo e embalagem.
Todas
asetapas envolvidas no processo de beneficiamento dos frangos' sao
apresentadas na Figura 1. Receggão Pendura
d
Insensibilizaâão sangue Sangria Escaldagem penas Degenagem querafina Degilacão Eviscera ão4 condenados > lns Pe? ãoFederaI ‹visceras não comestíveis vísceras comestíveis e pés
Resfriamento Resfriamento
§ChiIIerz Chiller
---_-_-_---__-- alguns miúdos
Classificaãao
Pa"'* “a"¡“°““°s Esgostešamento Embala -
em
Pesa øem
Embala
em
Introdução ৠcarca a
Resfriamento e _ Conelamento
V Con elamento Resfriamento
Subprodutos
Y
Farinhas, óleos Exgedigäo
|
e ração
Figura 1 - Fluxograma do processo de beneficiamento do frango
de
corte.Revisão Bibliográfica 8
Como
o nosso trabalho refere-se às etapas de lavagem e resfriamentodos frangos,
somente
estas sao descritas a seguir.3.1.1.1
Escaldagem de
Frangos
Após
a sangria, os frangos são imersosem
uma
escaldadeiraque
consiste
num
tanquecom
água
à temperatura de aproximadamente 60°C,com
borbulhamento para promover agitação.
A
escaldagem
temcomo
objetivos a prévia lavagem da ave, redução dacarga microbiana, devido à alta temperatura, e o amolecimento das
penas
parafacilitar o processo
de depenagem.
Se
a temperatura daágua
ou otempo
de imersao do frango no tanquede escaldagem
for muito grande, ocorrerá a coagulação da proteínada
pele,resultando
numa
menor
absorçãode água
no processo de hidratação, além deprejudicar a carcaça sensorialmente (cor, sabor, textura, etc.). Por outro lado,
se a temperatura for muito baixa, além de dificultar a dilatação dos folículos
para a retirada das penas,
não
haverá redução significativa da concentraçãomicrobiana (salmonela resiste a temperatura de 58°C).
O
efluente originadodo
tanque de escaldagem é ricoem
matériaorgânica, principalmente gorduras e proteínas.
A
suaDBO
(demanda
bioquímica
de
oxigênio) varia muito,dependendo
do estágio do processo eda
recirculação ou não,
de
parte da água. Este valorpode
variar entre 1.200 e20.000 mg/l e o teor médio
de
sólidos suspensos, de aproximadamente700
mg/I
(TUMELERO,
1998).Segundo
Gardner (19--) a concentração decoliformes fecais presentes na água, 4 horas após o início do abate é de
1,3×103 bactérias/ml e a quantidade de bactérias heterotróficas mesofílicas é
da
ordem de
2,7×106 bactérias/ml.Neste tanque, são gastos cerca de 10 litros/ave, o
que
resultanum
grande volume
de
água
necessária ao processo e conseqüentemente grandequantidade de efluente a ser tratado.
O
processo de ultrafiltração -tecnologiaRevisão Biblíográfica 9
estudado
como
uma
alternativa de fracionamento e/ou retençao demacromoléculas (proteínas, gorduras, microorganismos, etc.) presentes na
água, reduzindo assim, o volume
de
efluente a ser tratado e criando apossibilidade
de
reutilizaçãoda
água
no processo de produção.3.1.1.2
Resfriamento
de
Frangos
Os
'“chillers” são grandes tanques de aço inox, côncavos, dotados deum
eixo helicoidal centralque
operacom
baixa rotação, a fim de transportar ofrango. Este equipamento possui
um
sistema de borbulhamento para agitaçãoda
água
e tem por finalidade lavar, resfriar e hidratar os frangos.Normalmente
são utilizados três '“chillers”'que
são dispostosem
série.O
primeiro ou pré-chiller tem
como
objetivo lavar o frango, diminuindo assim, acarga bacteriana e eliminando sujidades encontradas nas carcaças (penas,
sangue, etc.).
O
pré-chiller opera à temperatura aproximada de 23°C. Nestafase há a incorporação da
água
pelos poros,uma
vezque
estão dilatadosdevido à alta temperatura da escaldagem.
No
segundo
“chiller“', trabalha-secom
água
a 10-11°C oque
provoca ofechamento dos poros, levando-se à retenção
da água
pelas carcaças(hidratação).
No
terceiro “chiller“', aágua
é mantida à temperatura aproximada de2°C.
A
temperaturada
carcaça no final do resfriamento é de .7-8°C. Esta baixatemperatura auxilia no controle da carga bacteriana.
O
efluente analisado neste trabalho foi coletado dosegundo
chiller.Os
principais contaminantes deste efluente são o sangue, gordura e microorganismos.
A
quantidade de sólidos totais suspensos neste efluente,encontra-se na faixa
de
600-800 mg/I; aproximadamente30%
destes sólidos(200-250 mg/l) são partículas de gordura
(ZHANG
et al., 1997).Segundo
`G'ardner (19--) a quantidade de coliformes fecais presentes naRevisão Bibliográfica 10
bactérias/ml e a quantidade
de
bactérias heterotróficas mesofílicas varia de1,2×1o" a 2,4›<1o“ bactérias/mi.
Um
trabalho realizado porZhang
et al. (1997) relataque
membranas
comerciais
de
ultrafiltraçao à base de polissulfonas produziram efluentesisentos de bactérias e
uma
transmitância a luz de 90%.3.2
|NoúsTR|A
DE
|.AT|cíN|os
Anteriormente, este
ramo de
atividade alcançava projeção significativano conjunto
da
indústria alimentar, no Estado de Santa Catarina.No
entanto,não
acompanhou
o ritmo de desenvolvimento de outrosramos
de produtosalimentares.
Embora
se situe entre os seis maiores produtores de leite pasteurizado,os valores anualmente atingidos por Santa Catarina são ainda inexpressivos.
A
áreade
maior aproveitamento dos derivados do leite é aquelaque
coincide
com
a área maisdensamente
povoada, ou seja, a Bacia do Itajaí.E
nesta, destacam-se os municípios de Pomerode, Indaial e Blumenau,
como
aqueles
que
apresentam estabelecimentos mais organizados, de maiorprodução, funcionando
como
centrosque
comercializamcom
numerosos
municípios do Estado.
Dentre as indústrias
de
alimentos, as de laticínios são responsáveis porgrande parte
da
carga poluente despejada nos cursos d'água. Estes efluentessão constituídos principalmente pelo soro, resultante
da
fabricação de queijos.3.2.1
Produção
de
Soro
de
Queijo
Praticamente todos os tipos
de
queijo têmuma
seqüênciacomum
noseu processo
de
fabricação.O
grandenúmero
de variedades resulta deRevisão Bibliográfica 11
culturas Iácteas responsáveis pela cura, diferentes condições de cura, etc.
De
um
modo
geral, a fabricaçãode
queijo envolve as seguintes etapas: escolha etratamento do leite, coagulação, tratamento
da
massa, dessoragem,enformagem
ou moldagem, prensagem, salga, cura, armazenamento,embalagem
e comercializaçao. Durante as etapas dedessoragem
eprensagem, obtém-se a maior quantidade de soro.
A
produção de queijo, tanto pelos sistemas tradicionaiscomo
pelosmodernos, fornece
uma
quantidade de soro correspondente a83%
do
volumetotal de leite utilizado.
Embora
osdados não
sejam recentes,segundo
aFAO
(19791apud
TAKAHASHI,
1979), a produção mundial de soroem
1978 foi,aproximadamente, 78 milhões de toneladas métricas, contendo,
em
média,mais de 0,6 milhões toneladas métricas de proteínas
de
alto valor nutritivo, oque
equivale,em
conteúdo protéico, a 0,24 milhões de toneladas métricas desoja.
No
Brasil, aproximadamente50%
do soro são lançados diretamenteem
cursos d'água,sem nenhum
tratamento, resultandoem
sérios problemas ambientais.Além
das proteínas, o soro contém outros nutrientes muito valiosos,como
por exemplo as vitaminas, carboidratos e sais.Embora
o conteúdodestes nutrientes varie
de
acordocom
o tipode
queijo elaborado, acomposição média do soro é mostrada a seguir, através da Tabela 1.
Tabela 1 -
Composição
média do soro Iácteo.Componente
Composição
(%) Sólidos totais 6,6 Proteínas 0,8 Lactose 5,0 Cinzas 0,7 Gordura 0,1 Ácido iâcflco 1 -2Fonte: Modificado de Takahashi et al. (1979). 1
Revisão Bibliográfica 12
Após
a fabricação do queijo, cercade
25%
das proteínas do leite ficam incorporadas no soro. Estas proteínaspossuem
alto valor biológico epodem
ser recuperadas e reutilizadas na alimentação humana.
Um
dos processos mais interessantesdo
ponto de vista tecnológico eeconômico
para a recuperação das proteínas é a ultrafiltração.Em
muitospaíses, notadamente Estados Unidos, França e Dinamarca, as indústrias de
laticínios utilizam a ultrafiltração
como
técnica para concentrar o leite e o soro dando, a este último, destinos nobrescomo
a incorporação na alimentaçãohumana,
enriquecendo outros produtoscomo
sorvete, iogurte, chocolate,biscoitos, etc.
O
fracionamento do soro, além de aumentar a concentração deproteínas,
também
remove
parte da lactose. Através da ultrafiltração do soroobtém-se cerca
de
80%
de
suas proteínas. Este processo, alémde
contribuirpara redução do problema ambiental, associado ao eventual descarte do soro
de
queijoem
cursos d'água, proporciona maior rendimento do processo deprodução de queijo pela incorporação das proteínas do soro ao produto final.
O
alto valor nutritivo do soro tem motivado estudos e investigações paraobtenção
de
novosmétodos
de aproveitamento.Na
Tabela 2 sãoapresentados alguns dos sistemas potencialmente utilizados para o
aproveitamento do soro.
A
aplicação dos processos de separaçãocom
membranas,
maisespecificamente a ultrafiltração, no tratamento de efluentes
em
geral,vem
sendo
estudada, avaliada e aperfeiçoada,uma
vez que, na maioria dos casos,se mostra bastante interessante do ponto de vista econômico, tecnológico,
Revisão Bibliográfica 13
Tabela 2 -
Algumas
possibilidades de aproveitamento do soro lácteo.o Bebidas carbônicas e fermentadas.
ø Precipitados de albuminas e globulinas
como
aditivos alimentares.o Preparados de albuminas utilizados
como
suplemento de valor nutritivo dealguns elementos. _
o Preparados cosméticos e farmacêuticos.
o Fabricação de álcool.
0 Produção de lactose.
o Fabricação de queijo de soro, Ziger, Urda, Ricotta, etc.
o Fabricação de ácido láctico para a indústria farmacêutica ou alimentícia. o
Como
meio de fermentação para a fabricação de antibióticos, combustíveis(metano), biomassa para a produção de alimentos.
3.3
PROCESSOS
DE
SEPARAÇAO
COM
MEMBRANAS
3.3.1
Considerações
Gerais
Os
processoscom
membranas, embora
recentes, têm sido utilizados demaneira crescente
como
processosde
separação, purificação, fracionamento econcentração
numa
ampla
variedade de indústrias, taiscomo
asde
produtosquímicos, farmacêuticos, alimentícios, entre outras
(HAMZA
et al., 1997).Suas
principais vantagens
em
relação aos processos de separação convencionais,são a redução significativa do
consumo
de energia e donúmero
de etapasem
um
processamento, maior eficiência na separação e alta qualidade do produtofinal
(PETRUS,
1997).Membranas
podem
ser consideradascomo
películas poliméricas ouRevisão Biblíográfica 14
filtração
em
nível molecular, separando duas fases e restringindo, total ouparcialmente, o transporte
de
uma
ou várias espécies químicas (solutos)presentes na solução.
Hwang
& Kammermeyer
(1975) definirammembrana como
uma
regiãodescontínua interposta entre duas fases. Lakshminarayanaiah (1984) refere-se
a esta película seletiva
como
uma
faseque
atuacomo
uma
barreira aotransporte
de
massa, permitindo apassagem
restrita deuma
ou mais espéciesatravés dela
(CHERYAN,
1986).1
Segundo
Friedlander&
Rickes (1966apud
Peres, 1997), a seletividadeà
passagem
de solutos presentesem
soluçõeshomogêneas
está relacionadacom
asdimensões
da partícula,tamanho
dos poros damembrana,
difusividadedo
soluto no materialque
constitui amembrana
e cargas elétricas associadas.A
aplicação deuma
força motriz, promotora do movimento, sobuma
membrana
em
contatocom
uma
solução,promove
o fluxo de solvente e/ousoluto através desta
membrana.
A
parte da solução conhecidacomo
“permeado” ou "filtrado", consiste de moléculas
menores
doque
otamanho
médio dos poros da
membrana
que, juntamentecom
o solvente,passam
através da
membrana.
A
outra parteda
solução a ser tratada,que
fica retida, édenominada
“concentrado”, e é composta por solutos de altamassa
molecular,tais como, as macromoléculas e partículas coloidais.
Em
geral, odesempenho
de
uma
membrana
é caracterizado pelo fluxopermeado
e pela retenção epassagem
de espécies químicas.Nas
operaçõesgovernadas por diferenciais de pressão, tais como, a ultrafiltração e
microfiltração, a
passagem de
espécies para opermeado
dependeráde
suasdimensões
oumassas
moleculares médias. Nestes casos,removem-se
partículas
em
suspensão
e macromoléculas como, por exemplo, célulasem
processos fermentativos e proteínas. Já na nanofiltração e
osmose
inversa(também
governadas por diferenciaisde
pressão), levam-seem
consideração espécies iônicasque
são retidas oupassam
numa
determinada percentagemda concentração da corrente total. Neste caso, retém-se íons metálicos, sais
1FRlEDLANDER, H. Z. & RICKES, R. N. (1966). Membrane separation processes. Chemical Engineering, [s.I.]., v.73, p.111-116.
Revisão Bibliográfica 15
em
solução, e até açúcaresde
baixamassa
molecular,como
a glicose, frutosee sacarose.
Além
dos processos, cuja força motriz é a diferençade
pressão, existemtambém
aquelesque
são conduzidos por forças motrizes de natureza distinta, taiscomo
diferençasde
concentração, diferençasde
potencial elétrico epressão de vapor.
A
Tabela 3 apresenta algumas distinções entre os principaisprocessos
de
separaçãocom membranas
e suas diversas aplicações.Dentre os processos
com
membranas, a microfiltração (MF), aultrafiltração (UF) e a diálise, são os mais difundidos e utilizados.
Como
a ultrafiltração foi objeto de nosso estudo, maior ênfase foidada
a ela,juntamente
com
aqueles processos que utilizammembranas
microporosascomo
microfiltração e nanofiltração (NF).Em
alguns casos, aosmose
inversatambém
foi levadaem
consideração.O
usode
processos de separaçãocom membranas
em
escala industrialse deu por volta
de
1970, após os sistemas de fluxo tangencialserem
introduzidos. Até esse período, utilizava-se a filtração convencional, na qual o fluido a ser filtrado escoava perpendicularmente à superfície filtrante.
Os
sólidos suspensos retidos no filtro cresciam rapidamente, diminuindo a taxa de
filtração,
como
conseqüência doaumento
da resistência hidráulica, fazendocom
que
o processo fosse interrompido constantemente para a execução dalimpeza ou troca do filtro.
Nos
processos de separaçãocom membranas com
fluxo tangencial, o fluido (solução a ser tratada) escoa paralelamente ou seja,
tangencialmente, à superfície
da membrana.
Um
dos maiores problemas associados aos processosde
separação,como
aosmose
inversa, NF,UF
eMF
é a formaçãodesde
o início doprocesso,
de
uma
camada
na superfície damembrana, que embora
delgada, ofereceuma
resistênciaao
fluxopermeado
e altera a seletividade damembrana
(LEE eMERSON,
1976). Esta “segundamembrana”
é compostapelos solutos
que
se pretende separar ou concentrar.As
moléculas (oumacromoléculas) rejeitadas, devido à sua baixa difusividade na solução ou
em
função de sua carga elétrica,
acumulam-se
na superfície damembrana,
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Revisão Bibliográfica 17
A
viabilidadeem
escala industrial dos processosde
separaçãocom
membranas
depende, dentre outros fatores, da escolhaadequada
damembrana
para o processamento deum
determinado produto.É de
grandeinteresse
que
amembrana
tenha alta taxa de fluxo, além de apresentarretenção desejada, altas resistências química, mecânica e térmica, e vida útil
relativamente longa.
O
elevado custo destes processosem
nível industrialdeve-se principalmente ao preço das
membranas
e,em
alguns casos, àsubstituição destas
(LAWRENCE
et al., 1997).3.3.2
Membranas
para
Ultrafiltraçao
O
desenvolvimento e o aperfeiçoamento demembranas
sintéticas,surgiram
como
uma
tentativa de reprodução dasmembranas
naturais (porexemplo, as
membranas
celulares), quepossuem
características únicas deseletividade e permeabilidade.
A
morfologia damembrana
e a natureza domaterial
que
a constitui são alguns dos fatoresque
vão definir o tipo deaplicaçao e a eficiência na separação
(HABERT
et al., 199 ).Na
década de
50,membranas
assimétricas de acetato de celulose, utilizadas no processo deosmose
inversa para dessalinização daágua
domar, apresentaram retenção elevada
de
sais.Após
este período,membranas
mais seletivas e
com
alta permeabilidade hidráulica foram desenvolvidas porLoeb
&
Sourirajan e, no início dadécada
de 60, os processosde
separaçãocom membranas
deixaram de serapenas
uma
técnica de laboratório epassaram
a ser utilizadosem
escala industrial(BHATTACHARJEE
eDATTA,
1996; HVID, 1990).
O
sucesso dasmembranas
preparadas pela técnica desenvolvida porLoeb
&
Sourirajan foi devido à sua morfologia singular.Na
região superior(pele filtrante),
que
possuiuma
espessura daordem
de 0,5-3,0um
e éresponsável pela seletividade da
membrana,
encontram-se poros muitopequenos
(< 0,05 um). Abaixo desta, existeuma
subcamada onde
poros progressivamente maiores sao formados e têmcomo
função principal fornecerRevisão Bíbliográfica 18
Membranas
que
apresentam morfologia desuniformesem
suasubcamada
sãodenominadas
anisotrópicas ou assimétricas.A
formação deuma
estruturaassimétrica é
um
importante elemento nodesempenho
demembranas
paraultrafiltração.
3.3.2.1
Classificaçao
das
Membranas
As
membranas
podem
ser classificadas quanto à morfologia (estrutura) superficial e da subcamada, porosidade e configuração.(a)
Quanto
à morfologiapodem
ser:o
Homogêneas
- constituídas porapenas
um
material,0
Compostas
- constituídas por mais deum
material,o Simétricas
ou
Isotrópicas - apresentam asmesmas
característicasmorfológicas
ao
longo de sua espessura,o Assimétricas
ou
Anisotrópicas - apresentam gradiente deporosidade na direção perpendicular a sua superficie.
(b)
Quanto
à porosidade classificam-se em: oDensas
- praticamentesem
poros,o
Porosas
(c)
Quanto
à configuraçãopodem
ser:- Planasz muito utilizadas
em
microfiltração eosmose
inversa.As
membranas
planas geralmente são encontradasem
módulos “p/ate-and-frame”,
que
consistem de placas demembranas
empilhadas alternadamenteem
placas-suporte porosas, etambém
em
módulos ”'sp¡ral-wound"que
são osmais populares nas indústrias
que
trabalhamcom
processos de separaçãocom
membranas.
São
formados por váriascamadas de
membranas
planas,material-suporte e espaçadores