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Relação entre a prática esportiva, funções executivas e desempenho escolar em jovens de 10 a 14 anos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA ESPORTIVA, FUNÇÕES

EXECUTIVAS E DESEMPENHO ESCOLAR EM JOVENS

DE 10 A 14 ANOS

NATHÁLIA MONASTIRSKI RIBEIRO CAMPOS

NATAL - RN 2020

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RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA ESPORTIVA, FUNÇÕES

EXECUTIVAS E DESEMPENHO ESCOLAR EM JOVENS

DE 10 A 14 ANOS

NATHÁLIA MONASTIRSKI RIBEIRO CAMPOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Campos, Nathália Monastirski Ribeiro.

Relação entre a prática esportiva, funções executivas e desempenho escolar em jovens de 10 a 14 anos / Nathália Monastirski Ribeiro Campos. - 2020.

71f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2020.

Orientador: Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral.

1. Esporte - Cognição - Dissertação. 2. Escolares -

Dissertação. 3. Função Executiva - Dissertação. 4. Idade Óssea - Dissertação. I. Cabral, Breno Guilherme de Araújo Tinôco. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 796:165.171

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RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA ESPORTIVA, FUNÇÕES EXECUTIVAS E DESEMPENHO ESCOLAR EM JOVENS DE 10 A 14 ANOS

Presidente da Banca: Prof. Dr. Breno G. de Araújo Tinôco Cabral

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Breno G. de Araújo Tinôco Cabral (UFRN) Profª. Drª. Maria Aparecida Dias (UFRN)

Profª. Drª. Izabel Augusta Hazin Pires (UFRN) Prof. Dr. Radamés Maciel Vítor Medeiros (UNI-RN)

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DEDICATÓRIA

Com o coração cheio de gratidão, dedico este trabalho ao meu pai e à minha mãe por todos os esforços feitos durante toda a minha vida e ensinamentos transmitidos para minha formação acadêmica, profissional e pessoal.

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AGRADECIMENTOS

Com carinho agradeço, inicialmente, ao responsável por guiar a minha vida nos melhores caminhos e iluminar as minhas decisões: Deus. A Ele devo todas as conquistas e vitórias, como também por me manter de pé quando as oportunidades não foram as melhores opções para mim, me fazendo entender que as coisas acontecem no tempo dEle. Sei que junto a Ele está minha vozinha, minha primeira referência na educação, que me protege todos os dias, torce e se orgulha de mais uma conquista da sua primeira neta.

Por conseguinte, todo o meu amor e eterna gratidão ao meu pai Max e a minha mãe Ana, responsáveis pela pessoa que sou hoje e por toda a educação de forma integral, agregando nos âmbitos pessoal, profissional e acadêmico. São as minhas maiores referências em valores éticos e morais que constituem o meu ser e proporcionam tudo e mais um pouco do que eu preciso/quero. Faltam palavras para descrever a importância deles, pois somente por eles e para eles, esse sonho torna-se real. Agradeço também a minha irmã, Letícia, pela parceria em todos os momentos e pelos conselhos dados nas mais adversas situações.

Gratidão ao meu namorado e companheiro de vida, Eduardo, que se fez presente nas fases mais significativas para mim; acompanhou minha trajetória acadêmica, desde a graduação, e foi o principal incentivador para ingressar no mestrado. Obrigada amor, por ser meu melhor amigo, por me aplaudir nas conquistas e me levantar quando fraquejei. Ter você ao meu lado tornou tudo mais leve!

Aos demais familiares e amigos, fico agradecida por toda a força transmitida, pois foram nas palavras mais simples que encontrei motivação para continuar a jornada. Saber que tenho pessoas maravilhosas ao meu lado, me faz crer que estou no caminho certo, amparada por pessoas que acreditam em mim.

Um agradecimento especial cheio de carinho e admiração ao meu orientador, professor Breno Cabral. Obrigada pela compreensão nos momentos mais difíceis, me reerguendo e fazendo acreditar que no final sempre dará certo.

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Obrigada por me formar como profissional e professora, através de todos os valores e conselhos que escutei e vi o senhor pôr em prática. Obrigada por ter apostado em mim e me acolher nesse meio em que o ego fala mais alto; sua humildade e sabedoria são exemplos do ser humano sensível que és.

Sou bastante grata ao meu grupo de pesquisa GEPMAC (Eduardo,

Paulo, Taty, Leandro, Matheus, Rômulo, Victor, Kezianne, Gustavo, Vanessa, Rui, Luiz Felipe e Patrício) por todo auxílio nas coletas, pelas aulas

e reuniões ministradas, pelos artigos escritos, pelas considerações na minha pesquisa, além do mais importante, o incentivo e união do grupo. Fazer parte deste grupo foi super significante para minha formação acadêmica.

Não poderia me esquecer dos meus companheiros de turma do mestrado, os que ingressaram comigo neste desafio e hoje, concluímos esta etapa tão sonhada. Obrigada, amigos: Guzzo, Mileyde, Kaline, Andressa, Levi, Rômulo,

Flávio, Fernanda, Gérson, George, Glauber, Bérgson. Vocês foram

fundamentais para o processo ser mais leve; os nossos momentos juntos ficarão para sempre na lembrança.

Eternamente grata aos professores e professoras por serem essenciais nessa jornada, por todo o conhecimento transmitido e por serem disponíveis na relação professor-aluno. Ao professor Paulo Dantas por me acolher e acreditar no meu potencial desde o início e o grupo AFISA por também me ajudarem sempre que precisei. À professora Cida, a minha maior referência na educação, só gratidão por me acompanhar desde a graduação, passando por especialização e agora como docente e membro da minha banca no mestrado. A senhora foi primordial para minhas escolhas acadêmicas e de fato, descobri o que é ser professora. A sua humildade me faz te admirar cada vez mais.

Sou grata também por ter conhecido a professora Izabel Hazin; é incrível a disponibilidade que tem com seus alunos e alunas. Nossas reuniões foram imprescindíveis para o andamento deste trabalho, bem como a essencial ajuda com as alunas de Psicologia do seu grupo, em especial Sara.

Por fim, agradeço aos voluntários da pesquisa e seus familiares, por se disponibilizarem a contribuir significativamente para o andamento da minha pesquisa e acreditar que isso seria possível.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...14 2. JUSTIFICATIVA...16 3. OBJETIVOS...17 3.1 Geral...17 3.2 Específicos...17 4. REVISÃO DE LITERATURA...17

4.1 O esporte para crianças e jovens...17

4.2 Funções executivas...19

4.3 Esporte e maturação...22

4.4 Funções executivas, esporte e desempenho escolar...23

5. METODOLOGIA...25

5.1 Delineamento do estudo...25

5.2 Amostra...25

5.3 Critérios de inclusão e exclusão...26

5.4 Materiais e métodos...27

5.4.1 Avaliação antropométrica...27

5.4.2 Avaliação da idade óssea...28

5.4.3 Avaliação da idade cronológica...29

5.4.4 Avaliação da maturação...29

5.4.5 Avaliação das funções executivas...29

5.4.6 Desempenho escolar...30 5.5 Análise estatística...30 6. RESULTADOS...31 7. DISCUSSÃO...33 8. CONCLUSÃO...38 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...40 APÊNDICES...50

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TALE – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

FDT – Five Digit Test FE – Funções Executivas

ISAK – International Society for Advancement in Kinanthropometry TR – Dobra Triciptal

PcB – Perímetro Corrigido de Braço DU – Diâmetro de Úmero

DF – Diâmetro de Fémur

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização da amostra...31 Tabela 2 - Correlação das variáveis maturacionais e teste FDT entre jovens praticantes e não praticantes de esporte...31 Tabela 3 - Comparação do teste FDT com os grupos Esporte e Não Esporte...33

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas das fases do Teste dos 5 dígitos (FDT)...30 Figura 2 - Comparação do teste Go/No Go com os grupos Esporte e Não Esporte...32

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RESUMO

RELAÇÃO ENTRE A PRÁTICA ESPORTIVA, FUNÇÕES EXECUTIVAS E DESEMPENHO ESCOLAR EM JOVENS DE 10 A 14 ANOS

Autor: NATHÁLIA MONASTIRSKI RIBEIRO CAMPOS

Orientador: Prof. Dr. BRENO GUILHERME ARAÚJO TINOCO CABRAL

O esporte tem efeitos benéficos em vários desfechos da saúde mental, além disso, a participação regular em atividades físicas está ligada ao aprimoramento da função cerebral e da cognição. O presente estudo teve como objetivo verificar a relação da prática esportiva com funções executivas e o desempenho escolar, considerando o estágio maturacional. Foram avaliados 75 jovens de 10 a 14 anos, ambos os sexos. A amostra foi dividida em dois grupos: grupo I (não esporte; n=37) constituído por estudantes que não realizam a prática esportiva e o grupo II (esporte; n=38) composto por praticantes de iniciação esportiva regular, além da educação física escolar. O controle inibitório foi avaliado através do Teste Go/No Go e o Teste dos 5 dígitos (FDT). O estágio maturacional foi determinado pela equação de idade óssea e para o desempenho escolar foi feita a média das notas do boletim escolar fornecido pelas escolas. Após análise dos resultados não foram verificadas correlações entre a idade óssea e os testes cognitivos com o desempenho escolar avaliado através do boletim de notas (p>0,05). Todavia, ao observar o desempenho nos testes cognitivos entre os grupos, observou-se que o grupo de praticantes de esporte obteve resultados com menor quantidade de erro em todas as fases do teste FDT (p<0,05) em relação ao grupo que não pratica esporte, obtendo ainda melhores desempenhos no teste Go/No Go [7,58±0,14; p=0,001], o que mostra consequentemente um melhor controle inibitório do grupo que pratica esportes. Dessa forma, pode-se concluir que a maturação observada através da idade óssea, assim como as funções executivas não apresentaram correlação com o desempenho escolar avaliado através das notas do boletim das escolas, todavia, ao comparar os grupos observa-se que os jovens que praticam esporte obtiveram melhores desempenhos nos testes cognitivos em relação aos que não praticam esporte.

Palavras-chave: Cognição, Esporte, Escolares, Função Executiva, Idade Óssea.

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ABSTRACT

RELATIONSHIP BETWEEN SPORTS PRACTICE, EXECUTIVE FUNCTIONS AND SCHOOL PERFORMANCE IN YOUNG PEOPLE FROM 10 TO 14

YEARS

Author: NATHÁLIA MONASTIRSKI RIBEIRO CAMPOS

Supervisor: Prof. Dr. BRENO GUILHERME ARAÚJO TINOCO CABRAL Sport has beneficial effects on various mental health outcomes, and regular participation in physical activity is linked to improved brain function and cognition. The present study aimed to verify the relationship between sports practice and executive functions and school performance, considering the maturational stage. Seventy-five youngsters from 10 to 14 years old, both genders, were evaluated and the sample was divided into two groups: group I (non-sport; n=37) consisting of students who do not practice sports and group II (sport; n=38) composed of practitioners of sports initiation in addition to school physical education. Inhibitory control was assessed by the Go / No Go Test and the 5-digit Test (FDT). The maturational stage was determined by the bone age equation and for school performance the grade of the report card provided by the schools was averaged. After analysis of the results, no correlation was found between bone age and cognitive tests with school performance assessed through the grade report (p> 0.05). However, when observing the performance on cognitive tests between the groups, it was observed that the group of sports practitioners obtained results with lower amount of error in all phases of the FDT test (p <0.05) compared to the group that did not. practicing sports, achieving even better performances in the Go / No Go test [7.58 ± 0.14; p = 0.001], which consequently shows better inhibitory control of the sports group. Thus, it can be concluded that the maturation observed through bone age, as well as the executive functions did not correlate with the school performance evaluated through the grades in the school report. However, when comparing the groups, it is observed that the youngsters practicing sports performed better on cognitive tests compared to those who do not practice sports.

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1. INTRODUÇÃO

Na época atual, as crianças e adolescentes estão crescendo cada vez mais sedentários e inaptos e, como consequência, estes fatores estão relacionados diretamente a um aparecimento precoce de várias doenças crônicas, dentre elas a diabetes tipo II e a obesidade, que tipicamente não aparecem antes da fase adulta (Hillman, Erickson, & Kramer, 2008). Devido a esse quadro da atualidade, torna-se necessária a introdução de programas de atividade física em ambientes escolares, incentivando os jovens a adquirir tal hábito, visto que o desenvolvimento de habilidades motoras apropriadas, através de experiências de movimentos nos primeiros anos da escola, pode levar a uma maior competência motora e um melhor desenvolvimento cognitivo, bem como o aumento do envolvimento com um estilo de vida saudável e mais ativo (De Marco, Zeisel, & Odom, 2015).

O esporte tem efeitos benéficos em vários desfechos da saúde mental que, de acordo com Penedo & Dahn (2005), está associada ao não aparecimento de depressão e melhores estados de humor. Além disso, a participação regular em atividades físicas está ligada ao aprimoramento da função cerebral e da cognição (A. Singh, Uijtdewilligen, Twisk, Van Mechelen, & Chinapaw, 2012). O desenvolvimento de capacidades cognitivas e a promoção da saúde são importantes variáveis que influenciam no crescimento e no desenvolvimento biológico. Sendo assim, o neurodesenvolvimento é visto como um fator importante para melhorar o desempenho esportivo de crianças e adolescentes, principalmente quando comparados aos indivíduos que não praticam esportes (Herting, Colby, Sowell, & Nagel, 2014; Khan & Hillman, 2014). Achados sobre aprendizagem e desenvolvimento motores evidenciam as mudanças no comportamento motor em relação às necessidades práticas e ambientais, ao longo do ciclo da vida, envolvendo questões como a maturação (Fuentes, Malloy-Diniz, de Camargo, & Cosenza, 2014).

Alguns estudos têm mostrado uma relação positiva entre o tempo gasto em atividade física e o sedentarismo, quando associados ao desempenho escolar (Haapala et al., 2017; Wittberg, Northrup, & Cottrel, 2009), como também

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Ruiz et al. (2006) apresentaram que crianças mais aptas – que praticam exercício físico moderado - tem uma maior eficiência nos recursos atencionais, quando comparadas às crianças sedentárias. Em contrapartida, Pestana et al. (2018) avaliaram que a prática do esporte no contexto extracurricular da escola pode influenciar positivamente a educação e o desenvolvimento humano e não, necessariamente, o desempenho escolar.

Dentre os domínios cognitivos que despontam como mais suscetíveis aos efeitos da prática esportiva estão as funções executivas (FE) (Donnelly et al., 2016; Ludyga, Gerber, Brand, Holsboer‐Trachsler, & Pühse, 2016). Tais funções estão associadas a processos cognitivos que possibilitam a realização de atividades direcionadas a metas específicas, tais como a memória de trabalho, a flexibilidade cognitiva e o controle inibitório; sendo esses aspectos centrais para o sucesso acadêmico, laboral e comportamento social (Zorza, Marino, & Mesas, 2016). Porém, estudos consistentes têm apontado a dimensão do controle inibitório como aquela que mais se beneficia da prática de exercícios físicos (Gejl et al., 2018; Ludyga et al., 2016; Verburgh, Königs, Scherder, & Oosterlaan, 2014).

Considerando a prática esportiva, resultados trazem informações referentes à quais habilidades cognitivas são importantes para a execução de determinadas tarefas (Fuentes et al., 2014). Dentre tais habilidades, destaca-se o controle inibitório, que consiste na resposta voluntária de supressão à capacidade de filtrar distratores e reter uma resposta definida (Bjorklund & Harnishfeger, 1995). Melhorias nesta função corresponde com o aumento das habilidades metacognitivas, bem como com a maturação das regiões cerebrais pensado para fundamentar a memória de trabalho e controle inibitório (Carver, Livesey, & Charles, 2001; Zelazo, Frye, & Rapus, 1996). Estudos com ressonância magnética (método utilizado para criar imagens dos órgãos internos através da utilização de campo magnético) revelaram que as regiões cerebrais importantes para a aprendizagem, como o hipocampo, são afetadas pela atividade física, promovendo alterações funcionais e estruturais no cérebro (Chaddock-Heyman et al., 2016; Khan & Hillman, 2014).

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A literatura mostra que a capacidade de aprendizagem de um indivíduo pode interferir em seu processo de desenvolvimento cognitivo e no desempenho escolar segundo Oberer et al. (2018). Dessa forma, torna-se relevante a discussão sobre a relação da prática de atividade esportiva e melhora de parâmetros cognitivos, tendo em vista, consequentemente, a melhor capacidade cognitiva desses jovens, possibilitando maior capacidade nos resultados acadêmicos, apesar dos mesmos serem influenciados por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos. Portanto, o estudo apresentado tem como problemática investigar se os jovens que praticam esportes possuem melhores desempenhos nas suas funções executivas, como também melhor rendimento acadêmico.

2. JUSTIFICATIVA

Este trabalho busca preencher uma lacuna encontrada na literatura no que diz respeito a estudos sobre os aspectos cognitivos e desempenho escolar em praticantes de esporte, considerando também, os estágios maturacionais desses indivíduos. A relação dessas variáveis é de grande importância no processo de descoberta e seleção de talentos esportivos e alunos que podem ter destaques nos rendimentos escolares.

Ao iniciarmos uma pesquisa, é importante estudar algo que possa ter relevância para a sociedade acadêmica e, neste contexto, percebeu-se a necessidade de realizar esta pesquisa, no intuito de verificar se os jovens que praticam esportes têm melhores desempenhos acadêmicos e melhores habilidades cognitivas para capacidades de filtração de distratores, além de investigar a influência da maturação em tais aspectos.

O interesse e envolvimento com o tema resulta da minha curiosidade científica em saber se os jovens que realizam esportes regularmente obtêm melhores notas nas disciplinas escolares, como também, descobrir quais os fatores cognitivos que a prática esportiva influencia - podendo interferir ou não no processo de aprendizagem - devido à minha vivência esportiva, mais especificamente de atleta, durante o período da infância/adolescência.

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Torna-se oportuno este estudo para a classe acadêmica por auxiliar e completar alguns estudos já existentes, favorecendo uma maior ampliação do conhecimento, visto que pouco se tem de informações científicas a respeito de testes que avaliem a capacidade cognitiva do indivíduo, principalmente quando relacionado a prática esportiva e performance escolar na população brasileira. Além disso, os estágios maturacionais são pouco considerados durante a realização de atividades esportivas e cotidiano dentro de sala de aula, podendo prejudicar fisicamente e cognitivamente as crianças e adolescentes que não se encontram em níveis regulares de desenvolvimento.

Portanto, a junção de parâmetros físicos e cognitivos objetiva elucidar os fatores envolvidos no processo de um bom desempenho escolar e suas possíveis aplicações na aprendizagem dos jovens, resultando na detecção de alunos que obtém destaque nas capacidades executivas, como também, nas notas escolares.

3. OBJETIVOS 3.1 Geral

Verificar a correlação das variáveis cognitivas e maturacionais com o desempenho escolar em jovens que praticam e não praticam esportes.

3.2 Específicos

 Verificar a existência de correlação da idade óssea com o desempenho escolar de jovens de 10 a 14 anos;

 Comparar os resultados dos testes cognitivos com as notas do boletim escolar de jovens de 10 a 14 anos;

 Comparar as funções executivas em praticantes e não praticantes de atividades esportivas;

 Comparar o desempenho escolar de praticantes e não praticantes de esportes.

4. REVISÃO DE LITERATURA

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O esporte é uma prática cultural associada diretamente ao lazer e ao uso do tempo livre (Katia Rubio, 2002), podendo contribuir para diferentes aspectos da sociedade, tais como educação, expressão cultural, economia, até mesmo política, como também ser importante ferramenta de divertimento (Simões, 2017). Desde o surgimento de atividades físicas com a finalidade de competição até aos grandes espetáculos dos dias atuais, o esporte viveu inúmeras transformações. Além da mudança de valores, a própria prática de alguma modalidade esportiva – técnicas esportivas, equipamentos, regras – tem sido alterada. Ademais, o esporte acompanha as transformações que ocorrem na sociedade, refletindo em seu ambiente os avanços científicos, tecnológicos e os valores criados e desenvolvidos pelos indivíduos (Silva & Rubio, 2003).

A prática motora na infância através de diversos esportes e posteriormente, o envolvimento com o treinamento esportivo são estratégias efetivas não somente para a geração de futuros atletas, como também para a geração de cidadãos que utilizam o esporte como ferramenta de educação, integração social, lazer, entretenimento e promoção da saúde (Ré, 2011). A iniciação esportiva é um processo de socialização dos indivíduos, e possui implicitamente determinados valores, conhecimento, condutas, rituais e atitudes próprios do grupo social no âmbito que se realiza a iniciação (Contreras, La Torre, & Velázquez, 2001). Com isso, a iniciação não é apenas o momento de início da prática de um esporte, mas a totalidade de uma ação que envolve o processo e o produto (Gabarra, Rubio, & Ângelo, 2009).

De acordo com Sánchez & Ramírez (1995), a iniciação esportiva pode ser destinada para três fins: o esporte recreativo, o esporte educativo e o esporte competitivo. Este primeiro, também conhecido como esporte-participação, está centrado em proporcionar o bem-estar aos seus participantes, sendo realizado pelo prazer e pela diversão. Também está ligado ao tempo livre e ao lazer da população, no qual, as pessoas praticam por diversão, descontração e relacionamento pessoal e social. Acredita-se que este esporte possibilita o processo de democratização, promovendo a participação e oportunidades esportivas para todos (Tubino, 1992).

Já o esporte educativo tem como objetivo colaborar para o desenvolvimento global e potencializar os valores da criança, além de

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constituir-se como uma atividade cultural, possibilitando a formação básica e contínua através do esporte (Sánchez & Ramírez, 1995). Possui uma relação dos aspectos motrizes e psicomotrizes com os afetivos, cognitivos e sociais, respeitando os estágios de desenvolvimento do indivíduo. Porém, há uma crítica com relação a prática esportiva escolar, na qual, esta deveria proporcionar o esporte educativo, mas vem reproduzindo o esporte de alto rendimento, perdendo a essência de um conteúdo edificante. (Gabarra et al., 2009).

Por fim, há o esporte competitivo ou de rendimento, visando a prática esportiva apenas com um olhar de “vencer” o adversário, buscando sempre a técnica perfeita através dos movimentos repetitivos para aperfeiçoar-se (Sánchez & Ramírez, 1995). Todavia, torna-se essencial ter um cuidado para que a criança não seja tratada como um adulto em miniatura, quando esta é submetida ao treinamento de alto rendimento. Isso faz com que esta dimensão do esporte tenha um forte impacto social por exigir uma rede de organizações complexas, envolvendo investimentos financeiros, mesmo em se tratando de um público infantil (Tubino, 1992).

Portanto, a utilização do lúdico no momento da iniciação no esporte é bastante importante para que a criança sinta prazer na atividade. É válido ressaltar que a motivação intrínseca para o esporte na infância é um fator preponderante para a permanência na prática, reforçando a importância do lúdico como favorecedor da motivação (Gabarra et al., 2009), para que haja aderência à prática esportiva durante um longo período, contribuindo para a manutenção da saúde.

4.2 Funções executivas

As funções executivas consistem em um grupo de habilidades mentais que auxiliam os indivíduos a realizarem tarefas de forma independente, organizada, criativa, eficaz e socialmente adaptada (Lima, Azoni, & Ciasca, 2011). Elas possuem diversas características e têm componentes de construção independentes, como planejamento de capacidade, uso de estratégias, flexibilidade mental e controle inibitório (Uehara, Charchat-Fichman, & Landeira-Fernandez, 2013). Além disso, favorecem o gerenciamento de outras

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habilidades cognitivas (Leandro Fernandes Malloy-Diniz, Paula, Loschiavo-Alvares, Fuentes, & Leite, 2010).

O sujeito possui a capacidade de engajar-se em comportamentos orientados à objetivos, ou seja, ele realiza ações autônomas, voluntárias, auto organizadas, independentes e orientadas à metas específicas (M S Gazzaniga, Ivry, & Mangun, 2002). Estas funções iniciam o seu desenvolvimento nos primeiros anos de vida (Diamond, 1996), havendo um padrão evolutivo da infância até os cinco anos de idade (Garon, Bryson, & Smith, 2008). Estudiosos investigaram o comportamento de tais funções e observaram que é progressivo o aumento dessas habilidades, perdurando ao longo da vida, com picos de desenvolvimento aos quatro e dezoito anos, estabilizando-se na vida adulta e declinando-se significativamente na velhice (Papazian, Alfonso, & Luzondo, 2006).

Atividades sequenciais mais complexas, comumente mais presentes em esportes coletivos, que exigem planejamento, tomada de decisão e monitoramento detalhado das ações, requer uma maior atuação das funções executivas, quando comparadas a atividades mais simples (caminhar, correr, saltar). Com isso, a prática de atividade física exerce efeito positivo sobre as funções executivas, estimulando o indivíduo a dirigir comportamentos a metas, avaliar eficiência e a adequação desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e de longo prazo (Fuentes et al., 2014; Leandro F Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes, & Leite, 2008).

Muitos autores acreditam que as funções executivas não façam parte de um constructo unitário, devido à complexidade dos mecanismos cognitivos diferentes que caracterizam tais funções (Simões, 2017), como por exemplo selecionar informações relevantes, inibir elementos irrelevantes, integrar e manipular essas informações, planejar, assim como a intenção, efetivação das ações, a flexibilidade cognitiva e comportamental e o monitoramento das atitudes (Pliszka, 2004; Pontifex, Hillman, Fernhall, Thompson, & Valentini, 2009). De acordo com Simões (2017), uma subdivisão considera que as seguintes habilidades constituem as funções executivas: memória de trabalho, flexibilidade cognitiva, planejamento, atenção seletiva e controle inibitório.

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Levando em consideração a memória de trabalho, o conceito teórico mais comum encontrado na literatura diz que essa se trata de um sistema de capacidade limitada, que mantém e armazena informações temporariamente, de modo a sustentar os processos de pensamento humano, fornecendo uma interface entre percepção, memória de longo prazo e ação - compreensão da linguagem, aprendizado e raciocínio – se desenvolvendo ao longo da infância e adolescência (Baddeley, 1992; Mourão-Júnior & Melo, 2011; Uehara & Landeira-Fernandez, 2010). Já a flexibilidade cognitiva, consiste na capacidade de mudar (ou alternar) o caminho das ações ou pensamentos de acordo com a influência do ambiente (Lezak, Howieson, Loring, & Fischer, 2004; Leandro F Malloy-Diniz et al., 2008).

O planejamento também encontra-se pertencente as funções executivas, sendo definido de acordo com Malloy-Diniz et al. (2008), como a habilidade responsável por identificar etapas a serem cumpridas para realizar um objetivo determinado, analisar os meios alternativos de resolver os problemas e escolher a abordagem mais vantajosa para determinada situação. Outra habilidade existente é a atenção seletiva, que tem como definição a capacidade de um indivíduo selecionar apenas o que for importante em determinada circunstância, focando a atenção e não se distraindo com variados estímulos presentes no ambiente, ou seja, uma habilidade ponderada essencial ao funcionamento adaptativo e orientado a um propósito (Pontifex et al., 2009; Simões, 2017).

Por último, há o controle inibitório que pode ser descrito como um mecanismo de filtragem para complementar a atenção seletiva, inibindo estímulos irrelevantes a solução de um dado problema e, com isso, minimizar a demanda sobre o processamento da informação (Michael S Gazzaniga, Ivry, & Mangun, 2006). A partir disso, considerando os conceitos dados anteriormente, o controle executivo é subdividido em controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho. Porém, dentre eles, a capacidade que o sujeito tem de filtrar os distratores e reter uma resposta definida (Bjorklund & Harnishfeger, 1995) – controle inibitório – é considerado como o domínio principal do controle executivo, visto que é um fator determinante para o desempenho escolar, controlando a atenção, o comportamento, o pensamento e/ou a emoção para

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sobrepor uma forte predisposição interna ou atração externa e adaptar-se a situações conflituosas (Diamond, 2013).

4.3 Esporte e maturação

Com o objetivo de promover uma socialização benéfica para a saúde mental e física, o esporte é um fenômeno que proporciona a interação entre as pessoas. Também é caracterizado por possuir regras, leis e comportamentos próprios e características autônomas. Considerando tal contexto, os indivíduos tem o objetivo de desempenhar-se da melhor forma física e cognitiva, demonstrando diversos tipos de habilidades, enfatizando a modalidade esportiva praticada (Horne & Whannel, 2016).

Este fenômeno citado anteriormente, pode ser categorizado em duas diferentes posições: o esporte desempenho, que objetiva uma melhor performance de maneira estruturada e institucionalizada, e o esporte recreativo, com o objetivo de visar o bem-estar de todos que o pratica, além de possuir um forte fator social. O que também diferencia estas duas categorias de esporte, é que este último sofre influência da educação e da saúde e pode ser praticado de forma voluntária (Kátia Rubio, 2001).

Já a maturação é o termo usado para descrever o processo de tornar-se maduro ou o progresso/caminho até o estado maduro (R. M. Malina, Bouchard, & Bar-Or, 2009). Todavia, há uma definição mais complexa sobre tal processo, sendo definido como uma progressão de alterações quantitativas e qualitativas que conduzem de um estado indiferenciado ou imaturo a um estado altamente organizado, especializado ou maturo, ou seja, ao atingir o estado adulto, o indivíduo se torna maduro, atingindo a maturidade funcional, implicando na procriação com sucesso e na descendência (Ellis, 2004).

A prática esportiva na infância e posteriormente, o envolvimento com o treinamento esportivo, são recursos usados não apenas para a geração de futuros atletas, como também, para os cidadãos que utilizam o esporte como meio de entretenimento, lazer, educação, integração social e promoção da saúde (Ré, 2011). Levando em consideração o esporte rendimento, um fator importante a ser mensurado é o estágio maturacional das crianças e adolescentes, podendo haver indivíduos atrasados e outros avançados, comparando com a idade cronológica. Isto significa que duas crianças podem ter

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a mesma idade cronológica, mas situarem-se em estádios de maturação diferentes. A maturação biológica é responsável pela introdução de uma considerável força de variância na morfologia e na aptidão desportiva motora (Robert M Malina & Katzmarzyk, 2006).

Estudos têm investigado sobre a importância de se observar as diferentes variáveis e suas influências na determinação de características individuais, quando ligadas ao desempenho esportivo. Dentre estas variáveis podemos citar: as antropométricas, as qualidades físicas, a velocidade de maturação e a variabilidade genética, onde as relações de interferências entre as variáveis são consideradas fatores determinantes no processo de desenvolvimento (R M Malina & Bouchard, 2002; Matsudo, Oliveira, & Araújo, 2007).

Então, para obter melhor performance no esporte é necessário que as características individuais sejam relacionadas a especificidade de cada modalidade esportiva, proporcionando ao indivíduo a possibilidade de progressão do desempenho, como também a influência dos fatores de interferência, tendo como exemplo, o estado maturacional, promovendo um avanço nas habilidades, além da potencialização das características físicas (Linhares et al., 2009; Mohamed et al., 2009).

4.4 Funções executivas, esporte e desempenho escolar

O desenvolvimento de habilidades cognitivas e promoção da saúde são importantes variáveis de crescimento e desenvolvimento biológico. Sendo assim, o neurodesenvolvimento é visto como um fator importante para melhorar o desempenho esportivo de crianças e adolescentes, principalmente quando comparados a indivíduos que não praticam esportes (Herting et al., 2014; Khan & Hillman, 2014).

Dentro das habilidades cognitivas, destaca-se o controle inibitório, responsável por ter a capacidade de filtrar distratores e reter uma resposta definida, sendo crucial para escolher um curso de ação baseada em um plano cognitivo sobre alternativas comportamentos irrelevantes de tarefa(Bjorklund & Harnishfeger, 1995; Dempster, 1992). Estudos de desenvolvimento sugerem que, aos 7 anos de idade, crianças em desenvolvimento típico têm a

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compreensão conceitual de quando inibir respostas, mas que isso pode nem sempre se traduzir em procedimentos processuais bem-sucedidos / eficientes do desempenho comportamental (Dowsett & Livesey, 2000).

Pesquisadores têm especulado que melhorias no controle inibitório corresponde com o aumento das habilidades metacognitivas (Zelazo et al., 1996), bem como com a maturação das regiões cerebrais pensado para fundamentar a memória de trabalho e controle inibitório, e, em particular, o córtex pré-frontal (Carver et al., 2001; Harnishfeger & Bjorklund, 1993; Passler, Isaac, & Hynd, 1985). Casey et al. (1997) comparou a extensão da ativação no córtex pré-frontal de crianças (n = 9, com idades entre 7 e 12 anos) e adultos (n = 9, com idades entre 21 e 24 anos) durante uma resposta a tarefa de inibição Go/No Go. Sua investigação da ativação cerebral foi limitada a priori a cinco grandes regiões do sistema pré-frontal córtex (isto é, frontal inferior, frontal médio, frontal orbital, córtex frontal superior e cingulado anterior). Significativamente maiores volumes médios de ativação foram observados em crianças do que os adultos na região pré-frontal dorsal e córtice lateral (Casey et al., 1997).

Atividade física e esportes são geralmente promovidos para terem efeitos positivos sobre a saúde física das crianças. A regular participação em atividade física na infância está associada a uma diminuição do risco cardiovascular na juventude e idade adulta. Há também estudos em crescimento na literatura sugerindo que a atividade física tem efeitos benéficos em vários desfechos da saúde mental. Além do impacto positivo sobre a saúde mental, existe uma forte crença de que a participação regular em atividade física está ligada a aprimoramento da função cerebral e da cognição, influenciando positivamente o desempenho acadêmico (A. Singh et al., 2012).

Existem várias hipóteses de mecanismos provando que o exercício é benéfico para a cognição, pois este promove o aumento do fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro, níveis aumentados de norepinefrina e endorfina, resultando em redução de estresse e uma melhoria de humor e aumento dos fatores de crescimento que ajudam a criar células nervosas e suporte da plasticidade sináptica. Com isso, a participação regular em atividades esportivas pode melhorar o comportamento das crianças na sala de aula, aumentando as chances de melhor concentração no conteúdo escolar (A. Singh et al., 2012).

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As buscas de pesquisas têm concentrado interesses em investigar a relação entre atividade física e o desempenho acadêmico da idade escolar em crianças. Diversos estudos sugeriram que a participação na atividade física tem uma relação positiva quando relacionada ao desempenho acadêmico, com diferenças através de estudos provavelmente refletindo as técnicas que foram usados para avaliar o comportamento e / ou os aspectos da aptidão escolar que foram medidos (teste de realização, média de notas e registros acadêmicos, por exemplo). Independentemente da medida, esses estudos indicaram que um aumento da quantidade de tempo dedicada a atividades físicas baseadas na saúde (como educação) não é acompanhado por um declínio no desempenho acadêmico. As implicações desses achados são importantes para promover melhor saúde física, sem a perda de outros benefícios educacionais, em crianças escolares (Hillman et al., 2008).

5. METODOLOGIA

5.1 Delineamento do estudo

O presente estudo caracteriza-se como descritivo, de tipologia transversal, com amostra não probabilística intencional. A pesquisa descritiva explora as relações das variáveis e a predição existentes delimitando dessa maneira a coleta de dados nos mesmos sujeitos, não havendo manipulações (Thomas, Nelson, & Silverman, 2009).

5.2 Amostra

A amostra foi composta por 75 voluntários de ambos os sexos, com faixa etária entre 10 a 14 anos. O grupo I foi composto por 37 sujeitos que não participavam de escolinhas esportivas e o grupo II composto por 38 jovens praticantes de esportes em turmas de iniciação esportiva (futsal, voleibol e handebol), como também a educação física escolar. Todos os sujeitos estavam devidamente matriculados em escolas públicas.

Inicialmente os alunos foram orientados sobre os procedimentos da coleta, assim como a importância da autorização dos pais. Posteriormente, os alunos foram divididos em dois grupos: I (Não Esporte) constituído por jovens

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que não realizavam prática esportiva e II (Esporte) formado por jovens que realizavam prática regular de atividades esportivas.

Foram feitas duas visitas aos locais de coleta, a primeira para informar aos voluntários e seus respectivos responsáveis sobre os objetivos da pesquisa e os procedimentos metodológicos adotados no estudo. Na segunda visita, após os responsáveis pelos participantes assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e dos sujeitos da pesquisa assinarem o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), foram realizadas as medidas antropométricas e os testes cognitivos, nesta ordem, sendo os últimos aplicados por profissional psicólogo em atendimento às exigências do Conselho Federal de Psicologia. Também foi orientado que os participantes não realizassem atividades físicas antes das coletas.

5.3 Critérios de inclusão e exclusão

Os critérios adotados previamente de inclusão e exclusão dos grupos foram:

Grupo I - Grupo não praticantes de atividade esportiva: Os critérios de inclusão respeitam o princípio da seletividade para o sujeito que estivesse dentro da faixa etária entre 10 a 14 anos, e que concordasse em participar assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão foram aplicados para os sujeitos que não concluíram todas as avaliações (Idade Óssea, Maturação e Testes Cognitivos), que fizessem atividade esportiva com frequência mínima de 2x por semana, que apresentasse alguma doença que pudesse interferir nos resultados dos testes utilizados, déficit cognitivo diagnosticado, ou oferecer risco ao próprio sujeito.

Grupo II - Grupo praticantes de atividade esportiva: Os critérios de inclusão respeitam o princípio da seletividade para o sujeito que estivesse dentro da faixa etária 10 a 14 anos, que praticasse atividade esportiva no mínimo 6 meses com frequência mínima de 2x por semana, e que concordasse em participar assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão foram aplicados para os sujeitos que não concluíram todas as avaliações (Idade Óssea, Maturação e Testes Cognitivos), apresentou déficit

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cognitivo diagnosticado, possuiu alguma doença que pudesse interferir nos resultados dos testes utilizados, ou oferecer risco ao próprio sujeito.

A pesquisa foi analisada e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa –

CEP da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CAEE:

98795318.3.0000.5537; Parecer:3.390.644) conforme a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, em 12/12/2012, respeitando rigorosamente os princípios éticos internacionais na declaração de Helsinki (2000).

5.4 Materiais e métodos

5.4.1 Avaliação antropométrica

Os indivíduos foram avaliados descalços e usando roupas leves. Para o estudo, a idade cronológica, massa e estatura corporais, uma dobra cutânea, um perímetro corrigido de braço e dois diâmetros foram verificados, de acordo com os procedimentos e na sequência descrita abaixo. Toda antropometria seguiu copiosamente a padronização da International Society for Advancement in Kinanthropometry– ISAK (Marfell-Jones, Olds, Stewart, & Carter, 2006).

Massa corporal: O sujeito posicionou-se em pé no centro da plataforma da balança, procurando não se movimentar. A massa foi registrada em quilogramas, com precisão de 100 gramas. Utilizou-se uma balança eletrônica Filizola® 110, com capacidade para 150 kg e divisões de 1/10 de kg.

Estatura Corporal: É a distância compreendida entre a planta dos pés e o ponto mais alto da cabeça (vértex). O indivíduo ficou descalço ou usando meias finas. A postura padrão recomenda ângulo reto com o estadiômetro, procurando colocar em contato com o aparelho de medida os calcanhares, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região occipital. A cabeça ficou orientada no plano de Frankfurt. A medida registrada em cm, estando o indivíduo em apneia, após inspiração profunda. Foi utilizado um estadiômetro Sanny® ES2020.

Perímetro corrigido do Braço (Pcb): Se refere ao perímetro do braço em centímetros, subtraído pelo valor da dobra cutânea tricipital (TR) transformado em cm. Foi utilizada uma fita antropométrica Sanny®.

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Dobra Cutânea Tricipital (TR): O local da mensuração foi determinado através da medida da distância entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e a borda inferior do olécrano da ulna, pelo uso de uma fita métrica, estando o cotovelo flexionado a 90°. O ponto médio foi marcado na parte lateral do braço. A dobra foi mensurada na linha média do bordo posterior do braço, sobre o músculo tríceps, no ponto médio entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e a margem inferior do olécrano. Foi utilizado um adipômetro da Sanny®.

Diâmetro Biepicondiliano do Úmero (DU): Esta medida é a distância entre as bordas externas dos epicôndilos medial e lateral do úmero. O indivíduo ficou em pé. O braço, posicionado horizontalmente, com cotovelo e ombro em flexão próxima a 90°. O examinador ficou de pé, em frente ao avaliado e apalpou os epicôndilos medial e lateral do úmero, com os dedos indicadores e polegar da mão esquerda. As hastes do paquímetro foram colocadas em ângulo próximo a 45°.

Diâmetro Biepicondiliano do Fêmur (DF): Esta medida é a distância entre a borda medial e lateral dos côndilos do fêmur. Estes pontos são conhecidos como os epicôndilos medial e lateral. O sujeito sentou-se com flexão do joelho próximo a 90°. O ponto aparente mais lateral do côndilo femural foi apalpado com os dedos indicador e/ou médio da mão esquerda, enquanto os correspondentes dedos da mão direita apalparam o ponto aparente mais medial do côndilo femural. As hastes do paquímetro foram colocadas a 45° para baixo.

5.4.2 Avaliação da Idade Óssea

Foi utilizado o modelo preditor de idade óssea proposto por Cabral (2013) no qual, a idade óssea é determinada a partir das variáveis antropométricas conforme a equação:

Idade Óssea = -11,620 + 7,004(estatura) + 1,226. Dsexo + 0,749(idade) – 0,068(Tr) + 0,214(Pcb) – 0,588(Du) + 0,388(Df).

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Onde: Tr= dobra cutânea tricipital, Pcb= perímetro do braço, DU= diâmetro ósseo

do úmero, Df= diâmetro ósseo do fêmur e Dsexo = 0 para o sexo masculino e

Dsexo = 1 para o sexo feminino.

5.4.3 Avaliação da Idade Cronológica

A idade cronológica em anos foi determinada pela soma dos meses de vida do indivíduo, a partir de sua data de nascimento até o dia da coleta de dados dividida por 12, resultando, assim, em sua idade cronológica em anos (R M Malina & Bouchard, 2002).

5.4.4. Avaliação da Maturação

Malina e Bouchard (2002) classificam a maturação em atrasado, normal ou acelerado. A classificação é obtida através da subtração entre o valor da idade óssea pela idade cronológica em anos. Após a subtração caso o indivíduo esteja entre +1 e -1 em relação à idade cronológica ele é classificado como normal, acima do +1 encontra-se em classificação acelerado e caso o valor seja inferior a -1 o indivíduo tem classificação maturacional atrasada.

5.4.5 Avaliação das funções executivas

- Teste Go/No Go: É um subteste da bateria NEUPSILIN-Inf(Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve Infantil) (Salles et al., 2011). Uma gravação de áudio com 60 números aleatórios foi apresentada à criança. Ela foi orientada a falar “sim” para cada número que escutar, exceto para o número 8, quando era para permanecer em silêncio. O Go/No Go é um paradigma que permite observar erros de omissão (quando o participante não responde quando se espera que o faça) e comissão (quando o participante responde quando se espera que ele não responda). Foi feita uma rodada de familiarização. Os resultados foram anotados por um psicólogo (Gonçalves et al., 2017).

- Teste dos 5 dígitos (FDT): O FDT possui quatro etapas: leitura, contagem, escolha e alternância. A fase da Leitura é a mais simples e apresenta dígitos em quantidades que correspondem exatamente a seus valores (ou seja, um 1, dois 2, três 3...), e nela o indivíduo deve reconhecer e nomear um dos

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números. A fase de Contagem apresenta grupos de um a cinco asteriscos, e o indivíduo deve reconhecer o “conjunto” e contar o número de asteriscos existentes. Na fase de Escolha o sujeito deve inibir a leitura dos números apresentados e dizer quantos números existem em cada estímulo, apresentados dessa vez de forma incongruente (quando o sujeito encontra 2-2-2, deve dizer “três”, ou quando encontra 1-1-1-1, deve dizer “quatro”). Por fim, na fase de Alternância, um de cada cinco grupos de dígitos é delimitado por uma borda mais grossa. Nesses estímulos, é ordenado ao indivíduo que alterne entre duas operações, contando 80% dos itens (como em Escolha), mas quebrando essa rotina nos estímulos com a borda mais grossa, devendo ele apenas ler um dos números (como em Leitura) (Campos1, da Silva1, Florêncio1, & de Paula, 2016).

Figura 1 – Etapas das fases do Teste dos 5 dígitos (FDT).

5.4.6 Desempenho escolar

O desempenho escolar foi avaliado através da análise das notas do boletim escolar de cada aluno, sendo feito a média geral de todas as disciplinas (Pestana et al., 2018).

5.5 Análise estatística

Os dados foram normalizados pelo teste estatístico de Kolmogorov-Smirnov. As correlações foram realizadas pelo teste de Pearson. A magnitude dos resultados de cada correlação foi determinada pela escala proposta por Hopkins (2000): r<0,1 trivial; 0,1-0,3 pequeno; 0,3-0,5 moderado; 0,5-0,7 forte; 0,7-0,9 muito forte; 0,9-0,99 quase perfeito; e 1,0 perfeito. As análises comparativas entre os grupos foram realizadas mediante o teste “T”

independente de Student. O Effect Size foi calculado pelo teste de Cohen (d).

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Daniel (2017): insignificante <0,19; pequena 0,20-0,49; média 0,50-0,79; grande 0,80-1,29; muito grande <1,30). Todas as análises foram realizadas no software estatístico open source R (versão 3.3.5), e foi considerado o grau de significância de p<0,05 para todas as análises.

6. RESULTADOS

Tabela 1. Caracterização da amostra.

GERAL ESPORTE NÃO ESPORTE

N° (%) 75 (100%) 38 (50,5%) 37 (49,5%) MASCULINO 36 (47,9%) 16 (43%) 20 (54%) FEMININO 39 (52,1%) 22(57%) 17 (46%) IC 11,7±1,24 12,5±1,18 10,9±0,66 IO 9,4±1,81 10,3±1,69 8,50±1,40 MB -2,28±1,16 -2,13±1,15 -2,43±1,17 Estatura (Cm) 147,7±17,87 153,5±8,34 141,7±22,6

IC = Idade Cronológica; IO = Idade Óssea; MB = Maturação Biológica; Cm = centímetros.

A tabela 1 expõe a caracterização da amostra, evidenciando que, apesar dos sujeitos do grupo Esporte terem a idade cronológica superior aos indivíduos do grupo não esporte (p=0,04), o estágio maturacional de ambos os grupos é similar (p=0,7), desta forma, a amostra é classificada com maturação atrasada.

Tabela 2. Correlação das variáveis maturacionais e teste FDT com as médias

das notas escolares entre jovens praticantes e não praticantes de esporte. Não Esporte (r) p Esporte (r) P Maturação -0,15 0,3 -0,05 0,7 Idade Óssea -0,30 0,06 -0,23 0,1 FDT: Leitura Tempo 0,17 0,3 -0,01 0,9 FDT: Leitura Erros 0,007 0,9 0,13 0,4 FDT: Contagem Tempo 0,31 0,05 -0,01 0,9 FDT: Contagem Erros 0,05 0,7 0,11 0,4 FDT: Escolha Tempo 0,24 0,1 -0,15 0,3 FDT: Escolha Erros 0,23 0,1 0,18 0,2 FDT: Alternância Tempo 0,22 0,1 -0,05 0,7 FDT: Alternância Erros 0,13 0,4 0,19 0,2

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A tabela 2 exibe resultados referentes a correlação da maturação biológica e idade óssea com o desempenho nos testes cognitivos descritos acima, no qual, não foi encontrada correlações entre as variáveis (p>0,05).

Além disso reporta a correlação do teste cognitivo FDT e as médias das notas dos voluntários que praticam esporte como também quem não pratica, mostrando que, apesar de uma baixa correlação entre as variáveis, os jovens que realizam a prática esportiva tem menores tempos neste teste, ou seja, maior capacidade cognitiva para a atenção automática, velocidade de processamento, atenção controlada e atenção executiva, embora este bom desempenho nas funções executivas não tenha refletido nos boletins escolares.

Figura 2. Comparação do teste Go/No Go com os grupos Esporte e Não Esporte.

* Maior pontuação.

Já a figura 2 mostra os resultados da comparação do teste cognitivo Go/No Go com os dois grupos mensurados acima. Também se nota um resultado significante (Effect Size: 0,93; IC 95%: [0,45] [1,42]; p=0,0001) para o grupo que pratica esporte, mostrando que tal grupo apresentou um melhor controle inibitório.

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Tabela 3. Comparação do teste FDT com os grupos Esporte e Não Esporte.

Fases FDT

Esporte Não Esporte ES IC 95% P

LT 0,54 ± 0,05* 0,59 ± 0,10 -0,54 [-1,02] [0,07] 0,02 LE 0,027 ± 0,16* 0,26 ± 0,53 -0,60 [-1,07] [-0,12] 0,01 CT 0,61 ± 0,05 0,64 ± 0,07 -0,45 [-0,91] [0,01] 0,05 CE 0,27 ± 0,73* 1,05 ± 1,98 -0,52 [-0,99] [-0,05] 0,02 ET 0,79 ± 0,08 0,82 ± 0,12 -0,25 [-0,72] [0,20] 0,2 EE 1,32 ± 0,70* 2,01 ± 0,82 0,90 [-1,38] [-0,41] 0,0002 AT 0,84 ± 0,09 0,88 ± 0,13 -0,36 [-0,83] [0,09] 0,1 AE 3,56 ± 2,29* 5,43 ± 3,34 -0,65 [-1,12] [0,17] 0,006 Legenda tabela 3: LT= Leitura Tempo, LE = Leitura Erros, CT = Contagem Tempo; CE= Contagem Erros, ET = Escolha Tempo, EE = Escolha Erros, AT = Alternância Tempo, AE = Alternância Erros. ES = Effect Size, IC 95% = Intervalo de Confiança de 95%. * = menor tempo e menos erros.

A tabela 3 se refere à comparação do teste cognitivo FDT com os dois grupos avaliados. Percebe-se que o grupo Esporte obteve menos erros em todas as fases do teste, como também apresentaram melhores resultados para medidas de atenção automática e velocidade de processamento, resultando em uma diferença estatística significativa (p<0,05).

7. DISCUSSÃO

Esta pesquisa teve como objetivo verificar a relação da prática esportiva com as funções executivas e o desempenho escolar, considerando o estágio maturacional de jovens. Após a análise dos resultados, pode-se perceber que a maturação biológica e a idade óssea não possuem relação com o desempenho escolar verificado através das notas do boletim, revelando que, os jovens mais maturados ou menos maturados não possuirá melhores notas na escola, bem como não apresentará funções executivas mais desenvolvidas. Todavia, estes achados vão contra os resultados de Barrigas & Fragoso (2012), que encontraram influência dos níveis maturacionais no desempenho acadêmico global (os rapazes com maturidade normal ou avançada apresentaram resultados superiores aos seus pares com maturidade atrasada (p=0,035; p=0,014) e que as mulheres com maturidade atrasada e normal apresentavam resultados superiores às avançadas nas disciplinas de matemática (p=0,012) e ciências da natureza (p=0,022)). O que diferencia o estudo relatado deste ora

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executado são os métodos de avaliação cognitiva, teste da maturação usados e um aprofundamento nos níveis sócio econômicos encontrados na amostra.

Levando em consideração a correlação das funções executivas com o desempenho escolar, também não foi encontrada correlação quando comparados os jovens que praticam esporte e os que não praticam (p>0,05), porém, ao destacar a variável tempo em cada fase do teste FDT, observa-se que obteve uma relação inversamente proporcional no grupo Esporte, mostrando que, quanto menor o tempo de realização do teste, maiores foram as notas escolares. O estudo de Pestana et al. (2018) investigou a relação da prática esportiva com a performance acadêmica em atletas e não atletas e, apesar de ter uma amostra diferente quando comparada a desta pesquisa, os achados corroboram com tal estudo, verificando que também não foram encontradas diferenças entre estas duas variáveis para o nível de ensino avaliado (p=0,626). Resultados positivos (Oddios Ratio = 6,53; p=0,046) foram encontrados para estudantes do final do ensino médio com prática regular de atividade física e bom condicionamento motor. Tais achados podem ser justificados pela imaturidade do córtex pré-frontal - das faixas etárias pesquisadas - responsável por habilidades metacognitivas (Carver et al., 2001; Zelazo et al., 1996).

Ao comparar os dois grupos estudados com as funções executivas, em especial o controle inibitório, notou-se que o grupo Esporte possui melhores pontuações e menos erros em ambos os testes aplicados, evidenciado melhores resultados para medidas de atenção automática, velocidade de processamento, atenção controlada e atenção executiva (p<0,05). Pestana et al. (2018) também encontrou que praticantes de esporte, apesar de não terem comprovado melhor desempenho escolar, têm 2,15 vezes mais chances de obter uma melhor performance dentro de sala de aula, quando comparados aos inativos (p=0,028). O presente estudo também vai de encontro com a pesquisa de Haapala et al. (2017) que mostra a influência da atividade física sobre a capacidade de leitura e, tais evidências podem ser justificadas devido às crianças que se exercitam mais, melhorarem mecanismos cognitivos, como por exemplo a melhoria nos processos neuroelétricos, aumentando o volume de fluxo sanguíneo para o cérebro, mais especificamente, para o hipocampo, desenvolvendo a atenção e a capacidade de memória (Donnelly et al., 2016).

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Corroborando com os nossos achados, Simões (2017) observou também que praticantes de atividade esportiva obtiveram resultados superiores de controle inibitório aos sujeitos não praticantes, pois além de obterem menores valores de tempo de respostas, apresentaram menores quantidades de erros. Os esportes que envolvem altas demandas da capacidade cognitiva, podem desenvolver um melhor controle inibitório, levando em consideração o ambiente de treinamento, sendo este consistente, previsível e de autoaprendizagem para os praticantes (Wang et al., 2013).

Ao analisar a faixa etária selecionada neste estudo, refletimos sobre o período da adolescência, onde ocorre o maior e mais dinâmico desenvolvimento neuronal, acontecendo as maiores remodelações dos circuitos comportamentais. Estes fatores estão associados principalmente ao aumento da capacidade funcional, alterações na distribuição dopaminérgica, maturação do sistema límbico e desenvolvimento do córtex pré-frontal (Johnson, Blum, & Giedd, 2009). A velocidade de transmissão de informações nestas regiões é aumentada, reforçando os circuitos neuronais mais utilizados, devido a mielinização que é favorecida nas áreas corticais, permanecendo intactas. Tem-se verificado que no córtex pré-frontal este reforço da mielinização só acontece após os 10 anos de idade (Simões, 2017).

À vista disso, observa-se que há uma possibilidade de que os indivíduos que possuem maior capacidade de filtrar os distratores e inibir as respostas prepotentes, podem ser mais propensos a seguir uma vida praticando esportes e ser bem sucedido na modalidade escolhida. Isto vai de encontro aos achados de Tsai (2009) e Chan et. al. (2011) que verificou que o treinamento físico afeta o controle inibitório em jogadores de tênis, quando comparados a indivíduos sedentários, como mostrado por tempos de reação de sinal de paragem mais curtos, indicando que um menor tempo foi necessário para os jogadores de tênis de reterem as suas ações prepotentes. Todavia, já no estudo de Kramer et al. (1999), não foram encontradas vantagens no controle inibitório de nadadores, que mostraram tempos de reação de sinal de paragem semelhantes aos sedentários, sendo justificado pelo diferentes níveis de aptidão física entre os grupos, havendo associação com o tempo de reação em tarefas que requerem um alto poder de controle inibitório, flexibilidade cognitiva e ativação cortical em

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crianças (Brown, Martinez, & Parsons, 2005; Schäfer, Huxhold, & Lindenberger, 2006).

O estudo de Kramer et al. (1999) diverge do presente estudo, visto que, neste foram encontrados resultados diferentes para o controle inibitório entre praticantes de esportes e os não praticantes, obtendo também menores valores de tempo de reação (respostas), como também menores quantidades de erros no teste dos 5 dígitos. Corroborando com os nossos resultados obtidos, Buck, Hillman, & Castelli (2008), observaram que crianças (com faixa etária de 7 a 12 anos de idade) com maior aptidão física, ou seja, que praticam esportes regularmente, tiveram melhores resultados no teste de funções executivas, mais precisamente de controle inibitório. Além do mais, a memória de reconhecimento também parece estar associada a um maior nível de aptidão física em pré-adolescentes (9 e 10 anos de idade) (Leandro F Malloy-Diniz et al., 2008).

Então, ao comparar os tempos de reação do grupo de praticantes de esporte com os indivíduos que não realizam prática esportiva de forma regular, observa-se valores elevados nas pontuações entre os grupos para as variáveis verificadas, mostrando que os praticantes possuem um controle inibitório melhor do que os não praticantes.Esses resultados podem ser de grande importância para elucidar a influência do exercício sobre a eficiência do controle inibitório e, por conseguinte, contribuir para o processo de aprendizagem em ambiente escolar (Cypel, 2006).

O papel das funções executivas para a aprendizagem também tem sido destacado recentemente (Bodrova & Leong, 2006), havendo não apenas evidências da relação entre essas habilidades e o desempenho escolar (Capovilla & Dias, 2008; Lima, Travaini, & Ciasca, 2009), mas também dados acerca da importância dessas habilidades para as competências de leitura e matemática (Cutting, Materek, Cole, Levine, & Mahone, 2009; Seabra & Dias, 2012). Van der Sluis, de Jong, & van der Leij, (2007) examinaram a participação de funções executivas específicas – flexibilidade (shifting), inibição (inhibition), e atualização e monitoramento (updating) – nas habilidades de leitura, aritmética e raciocínio não verbal, em crianças entre 9 e 12 anos, verificando que é significativo o papel do monitoramento na leitura e aritmética, enquanto que o raciocínio não verbal envolve principalmente a flexibilidade.

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Outros fatores ambientais também precisam ser levados em consideração ao avaliar o desempenho escolar de crianças e jovens, como escolaridade dos pais, renda e oportunidades de aprendizado, como acesso a livros, arte, esporte e cultura em geral (Dykeman, 1998). O efeito das variáveis socioeconômicas sobre o desempenho cognitivo e o efeito do desempenho cognitivo sobre o desempenho escolar já estão estabelecidos na literatura (Ardila, Rosselli, Matute, & Guajardo, 2005; Karande & Kulkarni, 2005; Lipina et al., 2013). Ao destacar o desempenho escolar, temos como agente influenciador o esporte na escola, colocando em primeiro plano os aspectos educacionais e a preparação para a vida em sociedade (Lettnin, 2005; Santos & Simões, 2007). Na escola, a importância se evidencia pela associação de situações transferíveis do esporte para a vida cotidiana, contribuindo para que crianças e adolescentes aprendam formas de ser e de estar no mundo (Lettnin, 2005; Molina, Oliveira, & da Silveira, 2004). Desenvolvido sob a motivação para o desenvolvimento da maestria em habilidades diversas, o ambiente esportivo é passível de auxílio à superação de frustrações, timidez e dificuldades no rendimento escolar (Valentini, 2002).

Logo, após analisar os resultados deste estudo, nota-se que os alunos que praticam esportes têm melhores funções executivas, porém, não obtém bom desempenho acadêmico quando são avaliadas as notas, devido a outros fatores que não foram mensurados nesta pesquisa. Entretanto, o desempenho escolar, ainda é medido pelo resultado de avaliações de aprendizagem (Hoffmann, 2004; Luckesi, 2002), como por exemplo,o boletim escolar, embora não seja suficiente para determinar o quão desenvolvidas são as funções executivas de cada indivíduo. Conceitualmente relacionada à quantidade e qualidade dos estudos, a quantificação da aprendizagem por meio de conceitos ou notas determina o sucesso ou o insucesso do aluno (Luckesi, 2002).

De acordo com Menezes-Filho (2007), as diferenças de notas obtidas representam de 10 a 30% da competência intelectiva, no mais, o restante corresponde ao que ocorre dentro da escola, como características individuais dos alunos e suas famílias. A motivação pelos estudos depende não somente dos estudantes e de sua busca por novidades e desafios (motivação intrínseca), mas também dos contextos familiar, social e cultural, que

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exigem a demonstração de competências e habilidades, satisfazem a comandos e pressões e geram recompensas (motivação extrínseca), além do funcionamento da escola e do trabalho dos professores (de Cássia Martinelli & Bartholomeu, 2007; Ribeiro, Almeida, & Gomes, 2006). Então, é importante perceber a influência positiva que o esporte tem sobre tais habilidades cognitivas, dentre elas o controle inibitório, permitindo que o aluno filtre os distratores e tenha um maior poder de concentração nas aulas. Também é sugerido para estudos futuros outra forma de avaliação do desempenho escolar.

8. CONCLUSÃO

Esse estudo nos permite concluir que, a maturação assim como os resultados dos testes das funções executivas, não apresentaram correlação com o desempenho escolar avaliado a partir das notas no boletim escolar, entretanto, ao comparar os grupos observa-se que os jovens que praticam esporte obtiveram melhores desempenhos nos testes de controle inibitório quando comparados aos que não praticam esportes. Todavia, apesar de apresentarem maior capacidade cognitiva em parâmetros como o controle inibitório, os praticantes de esporte apresentaram resultados de rendimento escolar semelhantes ao dos não praticantes, sugerindo dessa forma, que outros aspectos estão relacionados ao rendimento escolar dos jovens nessa faixa etária que não apenas a sua melhor capacidade em aspectos cognitivos.

Também é importante destacar que o esporte proporciona efeitos benéficos em várias esferas da vida, como por exemplo em nosso estudo nos aspectos cognitivos, mais especificamente o controle inibitório, mostrando que seus praticantes têm uma maior predisposição a filtrar os distratores e reter uma resposta definida, ou seja, indivíduos que realizam a prática esportiva regular podem apresentar maior capacidade de concentração e menores tempos de reação nas respostas dentro de sala de aula. Então, estimular os jovens a praticar esporte pode ser uma ótima atitude para que bons hábitos se perpetuem por toda a vida, beneficiando também fatores ligados a cognição.

Estudar funções executivas, esporte (seja escolar, seja competitivo) e rendimento acadêmico, mostra relações fundamentais para as áreas de

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pesquisa, enfatizando a relevância da interdisciplinaridade para discutir questões científicas comuns as áreas estudadas. Tendo como exemplo esse estudo, os achados trazem informações significativas para as áreas da Psicologia e Educação Física, mostrando que é possível dialogar quando a prática esportiva interfere nos aspectos cognitivos, consequentemente na trajetória escolar nas avaliações de desempenho.

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