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Reavaliação dos impactos económicos do festival SWR Barroselas
Metalfest e a sua relevância no desenvolvimento turístico da região
Jorge Coelho Miguel BrázioResumo
Em 2013, durante a 16ª edição do festival Steel Warriors Rebellion Barroselas Metalfest, foi levado a efeito um estudo cujo principal objetivo seria aferir quais os impactos económicos daquele evento e a sua relação com o desenvolvimento turístico local. Em 2017, durante a 20ª edição do referido festival, procedeu‐se à reavaliação dos impactos atrás mencionados, mantendo‐se também o interesse na análise respeitante à dinâmica turística local. Voltou a assumir‐se a significância deste tipo de estudos, pelo facto de se tornarem uma ferramenta útil na tomada de decisões.A metodologia aplicada em 2017 foi semelhante à usada em 2013 e para o efeito utilizou‐se novamente o modelo de análise sugerido por Crompton, Seokho, e Shuster (2001), que visa sobretudo medir o retorno económico dos eventos para a comunidade local, tendo‐se recorrido a técnicas de investigação como a aplicação de inquéritos e realização de entrevistas. De 27 a 30 de abril de 2017 foram realizados 353 inquéritos a festivaleiros presentes no evento e 6 entrevistas, à organização do festival e comerciantes locais.
O presente estudo apresenta um resumo da análise realizada em 2013, ano em foram realizados 322 inquéritos e 6 entrevistas, seguindo‐se a descrição da investigação efetuada em 2017 e dos consequentes resultados. Estabeleceram‐se comparações, resultando em conclusões devidamente fundamentadas que demonstram a real importância do evento analisado no desenvolvimento cultural e turístico local face aos resultados positivos que o mesmo permite alcançar.
Palavras‐Chave: impactos económicos, desenvolvimento local, festivais, heavy metal
Abstract
In 2013, during the 16th edition of the Steel Warriors Rebellion Barroselas Metalfest, a study was conducted whose main objective was to assess the economic impacts of that event and its relation with local tourism development. In 2017, during the 20th edition of that festival, the aforementioned impacts were reevaluated, and the interest in the analysis regarding the local tourism dynamics was maintained. The significance of this type of studies has once again been assumed to be a useful tool in decision‐making.
The methodology applied in 2017 was similar to that used in 2013 and for this purpose the analysis model suggested by Crompton, Seokho, e Shuster (2001) was again utilised, which mainly aims to measure the economic return of events for the local community, with research techniques such as surveys and interviews. From April 27 to 30, 2017, 353 surveys were pllied to festivalgoers attending the event and 6 interviews were conducted to the festival organization and local merchants. Comparisons were established, resulting in duly substantiated conclusions that demonstrate the real importance of the analyzed event in the local cultural and tourism development, in view of the positive results that it allows to achieve. Key words: economic impacts, local development, festivals, heavy metal
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Introdução
Com base no pensamento de Getz (1997), a realização de eventos pode desempenhar vários papéis importantes, que vão desde a renovação e a revitalização dos lugares e das regiões, não só a nível económico mas também a nível sociocultural. Hoje há, claramente, a tentativa de explorar estes eventos, em termos comerciais e turísticos, e de criar novos deliberadamente como atrações turísticas, enquadrando‐os em estratégias de desenvolvimento turístico mais alargadas. No entanto, para o seu sucesso é necessário coordenação e colaboração entre os agentes envolvidos, do sector público e privado, incluindo a população residente.Resultado destas constatações, evidencia‐se a necessidade de se investigar relações entre as comunidades e a atividade gerada pelos eventos, nomeadamente os impactos dos mesmos (Butler, 1980; Gursoy e Rutherford, 2004, cit. por Andereck et al., 2005).
Neste seguimento, e sabendo‐se que é coerente referir‐se que um evento pode ser considerado como a soma de esforços e ações planeadas (Brito e Fontes, 2002 cit in Oliveira e Januário, 2007), assim como se sabe que um evento é um produto gerador de lucros e por isso de extremo valor (Hamam, 2004, cit. por Zottis, 2006), importa incorporar os eventos na oferta turística global do município/território em causa, de forma a gerar um produto integral que permita oferecer mais e melhores serviços ao turista (Pardo, 2001 , cit. por Pardellas de Blas et
al., 2005).
Assente nestes pressupostos, julga‐se necessária a avaliação e reavaliação dos impactos que os eventos possam causar, nomeadamente económicos. A investigação dedicada a esta problemática é relevante porquanto das conclusões da mesma pode resultar informação útil que sustente a continuidade ou não do investimento nos eventos que possam ser alvo de análise.
Deste modo, partiu‐se em 2013 para a avaliação dos impactos económicos do festival SWR Barroselas Metalfest, aferindo‐se qual a respetiva relevância no desenvolvimento turístico da região, procedendo‐se em 2017 à sua reavaliação, com recurso a um modelo de análise que tem subjacente uma fundamentação teórica e assenta em premissas que chamam a atenção para a importância do indicador dos impactos económicos no rendimento dos residentes e no aumento da receita a nível local.
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Eventos, festivais e o desenvolvimento das comunidades locais
Uma das abordagens que tem equacionado a relação entre espaço e performance musical é a que se interroga sobre os atuais cruzamentos entre políticas urbanas e políticas culturais locais e as suas implicações sobre a estruturação das esferas culturais e dos respetivos mercados (Abreu, 2004). Em Portugal, as fragilidades estruturais do tecido e da dinâmica das atividades culturais, mais evidentes nos meios urbanos de pequena e mesmo de média dimensão, têm frequentemente vindo a ser contornadas pela instalação de lógicas de produção, difusão e, sobretudo, programação assentes na realização de eventos culturais de diversa natureza. Caracterizados por uma maior ou mais intensa oferta cultural, concentrada em espaços e tempos restritos, esses eventos assumem duas expressões fundamentais: a organização de festas (urbanas, populares ou mesmo académicas) multifacetadas; e a produção de eventos culturais mais ou menos especializados, de duração limitada, em espaços circunscritos e de ocorrência regular, frequentemente designados como festivais (Abreu, 2004). Uma característica comum ou única não existe para a totalidade de eventos e festivais, porque cada um deles tem as suas próprias peculiaridades. Existem festivais com o objetivo do lucro e sem fins lucrativos, com uma abordagem local, regional, nacional ou internacional, com uma meta de entretenimento ou educação, mas a maioria deles partilha a sua intangibilidade, a sua convergência no tempo e lugar e a sua perecibilidade (Rivero, 2009). Mas, pode dizer‐se que a essência de um festival é a sua orientação pública e o sentimento de valores compartilhados que ele encerra (Jafari, 2000, cit. por Rivero, 2009).Neste seguimento, é coerente referir‐se que um evento pode ser considerado como a soma de esforços e ações planeadas com o objetivo de alcançar resultados definidos junto ao seu público‐alvo (Brito e Fontes, 2002, cit. por Oliveira e Januário, 2007), sendo também certo que as entidades locais, sejam elas públicas ou privadas, conscientes da impossibilidade de manter espetáculos artísticos ao longo de todo o ano, optam por concentrar essas iniciativas e atuações em determinados períodos do ano, colocando à disposição dos cidadãos uma oferta cultural própria das grandes áreas metropolitanas (Getz, 1991; Hernández, et al., 2003; Gratton e Taylor, 1995, cit. por Pardellas de Blas et al., 2005). A importância dos eventos está também patente na ideia defendida por Hamam (2004, cit. por Zottis, 2006), referindo que um evento é um produto e, partindo da premissa de que havendo uma atividade destinada a gerar lucros, direta ou indiretamente, a todos os envolvidos, é fácil depreender que se trata de um produto de extremo valor e deve ser explorado e oferecido
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a um público ávido de informação, conhecimento e tudo aquilo que pode ser representado como novas experiências e emoções.
Neste sentido, e atentando‐se ao referido por Richards e Wilson (2004), os eventos podem também incentivar as pessoas a visitar um lugar mais de uma vez.
Deste modo, importa incorporar os eventos na oferta turística global do município/território em causa, de forma a gerar um produto integral que permita oferecer mais e melhores serviços ao turista, prolongando ou incentivando novas visitas em momentos distintos dos da sua realização, convertendo‐os em veículo e motor da dinamização e diversificação económica local (Pardo, 2001, cit. por Pardellas de Blas et al., 2005).
Mas, para que os eventos tenham um papel relevante em termos de desenvolvimento local, é necessário que a população residente obtenha proveitos, mas sobretudo que participe ativamente no processo (André et al., 2003, cit. por Pardellas de Blas et al., 2005).
Neste seguimento importa referir que, de acordo com Bilhim (2004, cit. por Coelho, 2015) chegou‐se a um entendimento sobre o desenvolvimento local como sendo um processo de diversificação e de enriquecimento das atividades económicas e sociais sobre um território a partir da afetação e da articulação dos seus recursos e das suas energias. Será o resultado dos esforços da sua população e deverá ter como pressuposto a existência de um projeto de desenvolvimento, integrando as suas componentes económicas, sociais e culturais, projeto de desenvolvimento ao qual não são alheias as políticas culturais autárquicas, que, segundo Santos Silva, Pérez Babo e Guerra (2015), são relevantes; são específicas ‐ entre outros pontos, porque o consensualismo político é nelas bastante mais forte do que ao nível nacional e estão em transformação.
De facto, as mudanças estão a ocorrer em contextos sociais, na dinâmica territorial da economia, nas cadeias de valor, nos mercados de bens e serviços e no âmbito das políticas públicas. As suas implicações em países como Portugal verificam‐se importantes ao longo da década iniciada no ano 2000 ‐ e são particularmente dramáticas na crise que começou em 2008. A política cultural é reforçada, uma vez que novas formas de capital podem ser mobilizadas (humanas, culturais, sociais, criativas) para as economias locais, na medida em que pode "ler melhor" a territorialização da economia, ou seja, a sua relação com o espaço humanizado, com a comunidade que nele vive e com sua identidade. O valor criativo, identitário e económico da cultura pode servir como alavanca para processos de inovação e desenvolvimento baseados numa exploração mais rica de recursos imateriais, de competências, elementos simbólicos e ambientes coletivos (Santos Silva; Pérez Babo & Guerra, 2013).
Página | 51 Novos propósitos interagem com os três propósitos usuais do património, oferta e
público, e são, em suma, o desenvolvimento e capacitação do meio artístico local e a integração da cultura em estratégias mais amplas de planeamento e desenvolvimento locais, atuando como alavanca para outros setores de atividade e mesmo para o processo de desenvolvimento como um todo. Ao mesmo tempo, é possível e necessário mobilizar outras metodologias de ação, além das já clássicas, como a provisão de instalações, serviços e programas pela administração local, apoio financeiro, material e técnico aos promotores culturais locais e parcerias privilegiadas com escolas, grupos e instituições artísticas. Os processos de conciliação para obter massa crítica, a modernização e profissionalização da gestão e organização no meio artístico, a atração de capital de fora do local e a integração em redes supralocais são apenas algumas das novas metodologias (Santos Silva; Pérez Babo e Guerra, 2013).
SWR Barroselas Metalfest, um evento da subcultura Heavy Metal
Crê‐se que, pelo descrito no parágrafo final do capítulo anterior, as dinâmicas próprias do universo musical, de todos os géneros e subgéneros, cada um com as suas particularidades e dando origem a outras tantas subculturas, encerrem em si uma constante evolução e modernização do meio cultural e artístico.
Um dos subgéneros do Rock de maior longevidade, o Heavy Metal, transcende a esfera meramente musical, apresentando aspetos que o caracterizam como uma subcultura disseminada em vários países (Silva, 2007). O Heavy Metal, embora com características contestatárias e de rutura, está absolutamente embebido na indústria musical, apesar de socialmente estar à margem (Silva, 2010).
Este tipo de subculturas pretende destacar‐se da cultura de massas, procurando uma voz mais individual que tende a ser anulada pelas comunidades globais, mais standardizadas, cuja lógica primária é a de produção e consumo, anulando a individualidade no processo (Gelder, 2005, cit. por Silva, 2010).
Pelas características assumidas pelo Heavy Metal, sonoras, visuais e estéticas, pode identificar‐se esta subcultura também como um nicho de mercado. De acordo com Novelli (2005, cit. por Coelho & Brázio, 2014) podemos falar de um nicho de mercado, como um grupo mais restrito em que os indivíduos do grupo são identificáveis pelas mesmas necessidades ou interesses especializados.
E é neste âmbito que se enquadra o caso alvo de estudo, o SWR (Steel Warriors Rebellion) Barroselas Metalfest, um festival dedicado à música Heavy Metal e aos seus subgéneros que
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acontece sempre no mês de abril, pois, segundo a organização do evento, o NAAM ‐ Núcleo de Apoio às Artes Musicais, em entrevista, um dos objetivos com esta calendarização é evitarem a concorrência. São também objetivos da organização a gestão eficaz dos recursos existentes, integrando o desenvolvimento económico, o respeito pelos valores ambientais e culturais muito característicos da vila de Barroselas. Numa pequena vila pertencente ao concelho de Viana do Castelo, fazendo fronteira com o distrito de Braga, portanto situada no centro da região Minho, a Norte de Portugal, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística – Censos 2011 com uma população composta por 3.927 indivíduos, a dinâmica social, económica e cultural da mesma é impulsionada pelo festival aqui analisado. De notar que em 2017 se realizou a vigésima edição consecutiva do evento. Em 2017, o SWR Barroselas Metalfest contou com a presença de 39 bandas oriundas de 14 países: Portugal, Brasil, Estados Unidos da América, Colômbia, Bélgica, Itália, Suécia, Alemanha, Espanha, Inglaterra, Grécia, Noruega, Egipto e Finlândia (SWR Barroselas Metalfest, 2017). Um claro exemplo de envolvimento multicultural, que se repete a cada ano que passa.
Metodologia
Para o desenvolvimento do presente estudo, tal como em 2013, foi utilizado o modelo de análise de impactos económicos sugerido por Crompton, Seokho & Shuster (2001), que indica princípios e procedimentos a adotar.O modelo mostra que os residentes de uma comunidade pagam fundos à sua Câmara Municipal na forma de impostos. A Câmara Municipal usa uma parte desses fundos para subsidiar a produção de um evento ou desenvolvimento de uma estrutura. O evento ou estrutura atrai visitantes que gastam dinheiro na comunidade local, dentro e fora do evento ou da facilidade/atração que eles visitam. Este novo dinheiro gera rendimento e emprego na comunidade residente. Por isto, estudos sobre impactos económicos complementam os balanços financeiros tradicionais dos municípios, sendo que uma das principais finalidades dos estudos sobre impactos económicos é medir o retorno económico para os residentes (Crompton, Seokho & Shuster, 2001).
Para além do referido, o uso desta fórmula justifica‐se dado que às vezes uma verdadeira falta de compreensão das análises de impactos económicos e os procedimentos utilizados levam a erros involuntários, mas em outros casos são usados maliciosa ou estrategicamente para deliberadamente enganar e gerar grandes números. Isso acontece porque frequentemente os estudos são realizados para justificar um evento em termos quantitativos, com a expectativa de
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atribuídos. Nestas circunstâncias, existe uma tentação de manipular os procedimentos. Para evitar que a ferramenta útil de análise dos impactos económicos caia em descrédito, é importante que os profissionais que dela têm necessidade de se servir estejam preparados para reconhecer e expor tais estudos charlatões quando são produzidos (Crompton, Seokho & Shuster, 2001).
Deste modo, importa referir que, no modelo adotado, os autores adequam uma metodologia assente em quatro princípios: 1) Excluem residentes na localidade, inquirindo‐se por isso apenas os visitantes que residem fora da mesma e cuja principal motivação para a visita é para participar no evento; 2) Excluem “time‐switchers” e “casuals” porque estes podem ter planeado uma visita à cidade por algum tempo, mas mudaram a duração da mesma para coincidir com o evento, e quem já estava na cidade atraído por outras características e que optou por ir ao evento em vez de fazer outra coisa; 3) Privilegiam o uso da medida rendimento, em vez de vendas (output) porque o impacto económico da medida relativa ao rendimento pessoal reporta o efeito de uma unidade extra de gastos dos visitantes sobre as mudanças no nível de rendimentos pessoais dos residentes na comunidade, em contraste com o indicador das vendas (output), sendo que a medida relativa ao rendimento tem implicações práticas importantes, pois permite que os benefícios económicos recebidos pelos residentes se relacionem com o que investiram; 4) Sugerem uma interpretação cuidadosa das medidas relacionadas com multiplicadores de emprego.
No que concerne a este último princípio, no presente caso, e dada a dimensão do evento, relembrando‐se que é de pequena dimensão, à semelhança do que foi feito em 2013, decidiu‐ se não efetuar a sua abordagem em termos quantitativos, mas sim interpretando‐se e analisando‐se entrevistas realizadas.
Decidiu‐se igualmente não considerar a categoria dos Extended Stayers, ou seja, aqueles que prolongariam a sua permanência em Barroselas após o festival, incluídos no estudo inicial, atendendo à sua reduzida participação.
Entendeu‐se também, como complemento, acrescentar um conjunto de questões que ajudassem a perceber a geração de procura e avaliação subjacente a indicadores da atividade turística.
Os coeficientes multiplicadores utilizados para este caso prático resultam de um estudo com base em artigos de publicações internacionais recentes, nomeadamente os que foram revistos por Eusébio (2006), dado que se verifica a ausência de dados adequados para um efetivo
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cálculo dos multiplicadores turísticos, evitando o recurso a outros elementos que naturalmente teriam implicações nocivas sobre os seus resultados.
Em 2013, foram aplicados presencialmente 322 inquéritos a festivaleiros e realizadas 6 entrevistas, à organização do evento e comerciantes locais. Em 2017, foram aplicados presencialmente 353 inquéritos a festivaleiros e, tal como em 2013, realizadas 6 entrevistas, à organização do evento e a comerciantes locais. De acordo com a organização do SWR Barroselas Metalfest, informação aferida em 2013 e 2017, o evento foi frequentado diariamente por cerca de 1.500 pessoas. O número de inquiridos em 2013 (322, correspondente a um universo de 1.252 pessoas) representou 21,5% face ao número total de pessoas presentes no festival por dia. Em 2017, os 353 inquiridos (correspondente a um universo de 1.493 pessoas) representaram 23,5%, tendo em conta o número total de pessoas presentes no festival a cada dia de realização do mesmo.
Síntese do estudo desenvolvido em 2013: resultados quantitativos
"The economic impacts of subcultures events and the relation with local tourism development: The case of Steel Warriors Rebellion Barroselas Metalfest in Northern" (título original) é um estudo que teve como objetivo principal relacionar a importância dos eventos organizados por subculturas e o desenvolvimento turístico local, aferindo concretamente sobre os impactos económicos de um festival de música específico, o SWR Barroselas Metalfest. Em 2013, contou com a presença de 55 bandas de 22 países diferentes. Como referido no capítulo anterior, foi utilizado o modelo de análise de impactos económicos sugerido por Crompton, Seokho & Shuster (2001).
Em termos práticos, durante os quatro dias da edição de 2013, a 16ª, que aconteceu de 24 a 27 de abril, foram realizados 322 inquéritos aos visitantes do festival, obtendo‐se os seguintes resultados:
68,5% dos respondentes eram do sexo masculino e 31,5% do sexo feminino. A idade média das pessoas que responderam ao inquérito situou‐se nos 27,6 anos. Relativamente ao país de origem dos inquiridos, a maioria era oriunda de Portugal (83,2%), seguindo‐se Espanha com 12,7%. Os restantes 4,1% distribuíam‐se em percentagens equivalentes por países como Alemanha, Bélgica, Brasil, França, Inglaterra, Itália, Suécia e Suíça. Quanto à localidade de residência dos portugueses, verificou‐se que a sua maioria era proveniente de localidades situadas um pouco por todo o país, como Almada, Aveiro, Braga, Faro, Guarda, Lamego, Portimão e Viseu, entre muitas outras.
Página | 55 A média de pessoas por grupo situou‐se nas 3,97 pessoas, sendo que o número mínimo registado foi de uma pessoa (84 vezes) e o máximo foi de trinta pessoas (3 vezes). O valor que ocorreu com maior frequência no conjunto dos dados foi de duas pessoas por grupo. O universo de pessoas, total do número de pessoas por grupo referido pelos inquiridos, resultante das 322 inquirições, foi de 1.252 pessoas. O Impacto Direto dos gastos efetuados pelos visitantes em Barroselas, no que concerne às categorias abordadas no inquérito (alimentação, alojamento, transporte, aluguer de viaturas, bares, comércio a retalho, merchandising e outros) assumiu o valor total de 12.866,60€, por dia. Multiplicando‐se pelos 4 dias de festival, o Impacto Direto Total das diversas categorias foi de 51.466,40€. Este considera‐se o dinheiro efetivamente gasto pelo universo de visitantes apurado no estudo, 1.252 pessoas.
No que respeita ao cálculo do impacto deste novo dinheiro na economia de Barroselas, os valores estimados relativos ao Impacto Económico, tendo em conta o multiplicador sobre as vendas, resultou num impacto total de 21.873,21€ por dia. Quando multiplicado pelos 4 dias de festival, o Impacto Total sobre as Vendas das diversas categorias foi de 87.492,84€.
Uma medida considerada deveras útil do impacto económico é o seu efeito no rendimento dos residentes. Em 2013, estimou‐se em 771,99€ por dia; multiplicando pelos 4 dias de festival, o Impacto no Rendimento da Comunidade foi de 3.087,96€.
Relativamente ao indicador emprego, dado ser considerado um festival de pequena dimensão e decorrente de entrevistas a comerciantes locais, foi entendido que o mesmo ajudava o comércio local a manter postos efetivos de trabalho, pelo lucro obtido nas vendas durante os dias de duração do mesmo. Foi ainda demonstrado que o evento proporciona a contratação temporária de pessoas a cada edição do festival, sendo que em 2013 resultou num
Staff composto por 110 elementos.
Resultados obtidos do estudo desenvolvido em 2017
Decorridos quatro (4) anos sobre o estudo do impacto económico da 16ª edição do SWR Barroselas Metalfest, e com base no reconhecimento empírico assente no modelo atrás enunciado, aplicaram‐se, nos dias 27 a 30 de abril de 2017, trezentos e cinquenta e três (353) inquéritos, tendo sido analisados com recurso ao software IBM SPSS Statistics 20.
O número de inquéritos realizados teve um acréscimo de 10% face ao período homólogo. De acordo com os dados recolhidos, podemos verificar que o conjunto de inquiridos é constituído por duzentos e sessenta e oito (268) indivíduos do género masculino,
Página | 56 correspondendo a 75,9% do total de inquiridos, e oitenta e cinco (85) do género feminino, 24,1% do total de inquiridos. A idade média situa‐se nos 28,9 anos, sendo que a idade mínima registada foi de quinze anos e a mais elevada cinquenta e quatro anos, contrastando com treze anos e cinquenta anos de idade, em 2013. De ressalvar que a idade média tem uma variação de mais 5% em relação a 2013, assim como a idade mínima aumentou dois anos e a máxima de quatro anos. O estado civil reflete as condições de casado na percentagem de 8,6%, união de facto com 2,6% e divorciado 3,2%, destacando‐se a predominância de solteiros com 85,7%, nomeadamente duzentos e noventa e nove inquiridos.
A distribuição de habilitações literárias dos festivaleiros divide‐se em cinco grupos, com 51,4% ao nível do ensino secundário, 33,7% com licenciatura, 10% com mestrado, 4% com o ensino básico e os restantes 0,9% responderam ser doutorados.
Relativamente aos países de origem dos inquiridos em 2017, encontram‐se sete nacionalidades diferentes. Portugal apresenta‐se como o país mais representado, com 91,2 % de participantes, mantendo‐se a Espanha em segundo lugar com 5,3%. Os restantes 3,5% distribuem‐se por países como França, Alemanha, Inglaterra, Itália e Brasil.
De salientar que, contrariamente ao ano de 2013, assistiu‐se a um aumento de 8% de visitantes portugueses e uma diminuição de 7,4% de espanhóis, substituída por um crescimento de 8% de participantes oriundos da vizinha França.
No que toca às localidades de origem dos inquiridos de nacionalidade portuguesa, verificaram‐se as seguintes por ordem de maior frequência: Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Vila Nova de Gaia, Guimarães, Vila do Conde, Almada, Sintra, Paredes, Vale de Cambra, Trofa, Viseu, Vila Real, Leiria, Torres Vedras, Santo Tirso, Santa Maria da Feira, Felgueiras, Macedo de Cavaleiros, Cascais Caldas da Rainha, Faro, Estarreja, Espinho, Ericeira, Ermesinde, Matosinhos, Nazaré, Ourém, Maia, Gondomar, Covilhã, Celorico de Basto, Barcelos, Setúbal, Seixal, Queluz, Póvoa de Varzim e Pombal.
No que se refere ao inquérito em apreço e que se relaciona diretamente com os resultados quantitativos e sua análise, pretendeu‐se aferir qual o número de pessoas que faziam parte do grupo do elemento inquirido, tendo‐se constatado que a média de pessoas por grupo se situava nas 4,24 pessoas, em oposição às 3,97 pessoas avaliadas no ano de 2013. O número mínimo registado foi de uma pessoa, trinta e uma vezes, e o máximo de vinte pessoas, registado uma vez, e ainda um valor médio, resultante de outros compostos com dez elementos, cerca de 27 vezes. O valor que ocorreu com maior frequência no conjunto de dados (moda) foi de duas pessoas por grupo, identificado aproximadamente 89 vezes. O universo alcançado, somatório
Página | 57 total do número de pessoas dos diferentes grupos, resultante das trezentas e cinquenta e três inquirições, foi de mil e quatrocentos e noventa e três (1.493) pessoas que, comparadas ao ano de 2013, se traduz num aumento de cento e quarenta e uma pessoas, correspondendo a 26%, envolvidas no estudo. De ressalvar que a análise que o estudo releva incide sobre os gastos de 1.493 pessoas, classificadas como “Out‐of‐Towners” e caraterizadas por não serem residentes em Barroselas ou no concelho de Viana do Castelo.
Muito importante é referir que a venda de bilhetes para o festival, por parte da organização do mesmo, não conta para análise. O modelo de investigação utilizado não considera esse item.
Relativamente ao meio de transporte para deslocação até Barroselas, o automóvel e autocarro evidenciam ser os mais utilizados, com 86,3%, seguido do comboio, com 13,7% das preferências.
Em referência ao local de pernoita dos festivaleiros, 90% preferem o convívio do campismo instalado junto ao recinto do SWR, 5% têm preferência por empreendimentos classificados como alojamento local, 2,5% recorrem a empreendimentos hoteleiros entre Viana do Castelo ou distrito de Braga, e os restantes 2,5% a procurar a casa de familiares e amigos.
Questionado qual o meio de pagamento utilizado durante o festival, dentro e fora do recinto, 91,6% dos inquiridos tem preferência pelo numerário e 8,4% pelo cartão débito/crédito. As colunas 1, 2 e 3 da Tabela 1, a seguir incluída, mostram a média de gastos por pessoa e por dia na área de Barroselas, nos anos de 2017 e 2013, assim como a variação existente. Nas colunas seguintes (4, 5 e 6) da mesma tabela, são extrapolados para a proporção de visitantes em ambos os períodos (2017 e 2013). De igual modo, uma vez que o procedimento é semelhante à totalidade das categorias inseridas nos inquéritos analisados e descritas na tabela 1 anteriormente referida (colunas 1, 2 e 3) relativamente à categoria alimentação, os gastos por pessoa e por dia em Barroselas totalizaram, no ano de 2017, o valor de cinco euros e quarenta e um cêntimos (5,41€), ao invés de cinco euros e sete cêntimos (5,07€) no ano de 2013, o que representa uma variação, um aumento de 7%. Já no que se refere ao impacto direto dos gastos em Barroselas analisados e descritos na tabela 1 (colunas 4, 5 e 6), também na mesma categoria – alimentação –, o valor situa‐se nos oito mil e setenta e sete euros e treze cêntimos (8.077,1 €) proveniente dos cálculos [5,41€ x 1.493 pessoas], ao contrário dos cálculos do ano de 2013 [(5,07€ x 1.252 pessoas) + (4.78€ x 12)], apresentando uma variação positiva de 27%.
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Fonte: autores do estudo
Em termos globais, o estudo do ano de 2017, conforme representação do Gráfico 1, a seguir incluído, demonstra um aumento de doze por cento (12%) no total de gastos por pessoa e por dia em Barroselas, no montante de onze euros e quarenta cêntimos (11,40€). Fonte: autores do estudo O mesmo se pode aferir em relação ao impacto direto dos gastos em Barroselas, mais uma vez tendo presente os dois períodos (2017‐2013), através de um considerável aumento de Categoria 2017 2013 Variação % 2017 2013 Variação %
Alimentação 5,41 5,07 7% 8 077,13 6 347,64 27% Bares e discotecas 0,14 0,11 27% 209,02 137,72 52% Comércio a retalho 1,89 1,81 4% 2 821,77 2 266,12 25% Alojamento 1,06 1,02 4% 1 582,58 1 277,04 24% Transporte 2,45 1,82 35% 3 657,85 2 278,64 61% Aluguer de viaturas 0,11 0,10 10% 164,23 125,20 31% Outras despesas 0,34 0,26 31% 507,62 325,52 56% Total 11,40 10,19 12% 17 020,20 12 757,88 33%
Gastos em Barroselas (€) em Barroselas (€)
TABELA 1
TOTAL DOS GASTOS DIRECTOS
Por pessoa, por dia Total dos Gastos Directos Out-of-Towners Out-of-Towners 5,41 € 0,14 1,89 1,06 2,45 0,11 0,34 11,40 5,07 € 0,11 1,81 1,02 1,82 0,10 0,26 10,19 7% 27% 4% 4% 35% 10% 31% 12% Alimentação Bares e discotecas Comércio a retalho Alojamento Transporte Aluguer de viaturas Outras despesas Total
Total dos Gastos Directos Por pessoa, por dia em Barroselas
Página | 59 cerca de trinta e três por cento (33%), nomeadamente dezassete mil e vinte euros e vinte
cêntimos (17.020,20€). Nesse sentido, multiplicando pelos quatro dias de SWR Barroselas Metalfest, o impacto direto das diversas categorias (alimentação, bares, comércio a retalho, alojamento, transporte, aluguer de viaturas, entre outras despesas) assume o valor de sessenta e oito mil e oitenta euros e oitenta cêntimos (68.080,80€). No que importa ao cálculo do impacto deste novo dinheiro na economia de Barroselas, considerando o método adotado, nas colunas 1, 2 e 3 da Tabela 2 são apresentados os valores estimados relativos ao Impacto Económico dos anos de 2017 e 2013 e a sua variação percentual, com base nos coeficientes multiplicadores definidos para o efeito. Assim, no que diz respeito ao multiplicador sobre as vendas, assiste‐se em 2017 a um impacto de vinte e oito mil e novecentos e trinta e quatro euros e trinta e quatro cêntimos (28.934,34€) por dia. Quando multiplicado pelos quatro dias de festival, o impacto sobre as vendas das diversas categorias foi, em 2017, de cento e quinze mil euros e setecentos e trinta e sete euros e trinta e seis cêntimos (115.737,36€). Uma medida, sobremaneira relevante, no que ao impacto económico diz respeito, é o que se reflete no rendimento dos residentes. As colunas 4, 5 e 6 da tabela 2 indicam o efeito económico nos anos de 2017 e 2013 e a sua variação percentual, no rendimento da comunidade, estimado na edição de 2017 do SWR Barroselas Metalfest de mil e vinte e um euros e vinte e um cêntimos (1.021,21€).
Multiplicado pelos quatro dias de festival, o impacto no Rendimento da Comunidade proveniente das categorias em estudo foi de quatro mil e oitenta e quatro euros e oitenta e quatro cêntimos (4.084,84€).
Fonte: autores do estudo
Categoria 2017 2013 Variação % 2017 2013 Variação %
Alimentação 13 731,12 10 790,99 27% 484,63 380,86 27% Bares e discotecas 355,33 234,12 52% 12,54 8,26 52% Comércio a retalho 4 797,01 3 852,40 25% 169,31 135,97 25% Alojamento 2 690,39 2 170,97 24% 94,95 76,62 24% Transporte 6 218,35 3 873,69 61% 219,47 136,72 61% Aluguer de viaturas 279,19 212,84 31% 9,85 7,51 31% Outras despesas 862,95 553,38 56% 30,46 19,53 56% Total 28 934,34 21 688,39 33% 1 021,21 765,47 33%
Vendas Rendimento da Comunidade Out-of-Towners Out-of-Towners
TABELA 2
O IMPACTO ECONÓMICO DOS OUT-OF-TOWNERS NAS VENDAS E NO RENDIMENTO DA COMUNIDADE
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Ainda com o pretexto da identificação do perfil, assim como de indicadores da atividade turística, inerente à vontade dos autores deste estudo pois entendem da sua real importância, questionou‐se os inquiridos se viriam a Barroselas nesta altura do ano, caso o SWR Barroselas Metalfest não se realizasse, tendo trezentos e catorze festivaleiros, 89,8% dos inquiridos, respondido que não, trinta e quatro (9,6% dos inquiridos) que viriam e as restantes cinco pessoas (1,4%) não manifestaram qualquer opinião. Numa outra questão que objetiva a possibilidade de visitar Barroselas noutra altura do ano e quais os motivos, encontram‐se cento e dez pessoas, que perfazem 31,2% da amostra, a referir que sim, duzentas e trinta e seis pessoas que não (66,9% dos inquiridos) e sete pessoas (2% dos inquiridos) sem opinião formada. Os motivos pelas quais justificam a sua deslocação a Viana do Castelo têm a atividade turística como grande motivação, seguido de visitas à família, motivos profissionais e motivos particulares. Relativamente à possibilidade de já ter visitado Viana do Castelo e/ou repetições de visita, cerca de 74,1% dos inquiridos afirmou já o ter efetuado, contra 25,9 % que ainda não o fez. A média da sua concretização foi de 5,32 dias de estada média.
Uma outra dúvida que se afigurou pertinente na preparação do trabalho foi saber se, durante a permanência no SWR Barroselas Metalfest, existia a vontade de visitar a cidade de Viana do Castelo, tendo 82,6% dos inquiridos referido que individualmente ou em grupo não pretendia fazê‐lo, e 17,4% demonstrou vontade na deslocação. Para estes últimos, a justificação prende‐se mais uma vez com a atividade turística, seguido da necessidade de transporte para a localidade de residência, motivos particulares e alojamento. Auscultados os 82,6% sobre a ausência de pretensão na visita, consuma‐se o festival como elemento decisivo, apesar de a maioria não descurar essa hipótese no futuro.
Por fim, questionou‐se sobre o número de vezes referente a participações no SWR Barroselas Metalfest encontrando‐se um número médio de 5,24 vezes, com feedback variado que oscila entre a primeira vez e a vigésima, por exemplo sessenta e sete inquiridos com participação de 10 vezes, quarenta e nove com 3 participações, trinta e oito com 5 vezes no SWR Barroselas Metalfest, por entre grande distinção de presenças. De realçar que 73 pessoas sinalizam a sua primeira vez em Barroselas em 2017.
A terminar, caso o SWR Metalfest se realize no ano de 2018, 98,9 % dos inquiridos tenciona regressar a Barroselas.
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Conclusão
Um dos domínios de inegável valor para a economia prende‐se com a atividade turística, incentivada e apoiada pelos municípios, que naturalmente se manifesta na satisfação dos visitantes mas também na relação e nas repercussões no comércio e nas comunidades locais. O estudo aqui apresentado ocorreu por altura do vigésimo aniversário do SWR Barroselas Metalfest, no ano de 2017, e baseou‐se na recolha de informação pertinente e necessária de forma objetiva e fidedigna. Através da realização de inquéritos aos visitantes do festival, não residentes, mas também à auscultação da organização do evento e de comerciantes da Vila de Barroselas, estes, não obstante alguma relutância em divulgar os fluxos gerados, demonstram satisfação óbvia e sinais encorajadores para novas edições, tal é o retorno económico atingido em quatro dias de festival. A justificação e a adequação do modelo em análise sobre os impactos económicos têm subjacente uma fundamentação teórica e assentam nas premissas dos seus autores, que nos chamam a atenção para a importância do indicador dos impactos económicos no rendimentos dos residentes, porquanto esse fator encerra importância extrema para a comunidade em questão, prevalecendo sobre outro indicador que tem a ver com o impacto económico sobre as vendas, mais precisamente o aumento da receita como consequência das despesas turísticas.
A partir da análise dos dados e das categorias referidas (alimentação, bares e discotecas, comércio a retalho, alojamento, transporte automóvel, aluguer de viaturas e outras despesas), pode constatar‐se a consolidação do festival em 2017 com um aumento de gastos diários por pessoa de doze por cento (12%) justificados pelo valor de onze euros e quarenta cêntimos (11,40€), contra os dez euros e dezanove cêntimos (10,19 €) do ano de 2013. O impacto direto desses gastos em Barroselas assinala em 2017 um considerável aumento de cerca de trinta e três por cento (33%), consistindo em dezassete mil e vinte euros e vinte cêntimos (17.020,20€), ao invés dos doze mil e setecentos e cinquenta e sete euros e oitenta e oito cêntimos (12.757, 88€) obtidos em 2013. Nesse sentido, multiplicando pelos quatro dias de SWR Barroselas Metalfest, o impacto direto em 2017 assume o valor de sessenta e oito mil e oitenta euros e oitenta cêntimos (68.080,80€), com um acréscimo de dezasseis mil e seiscentos e catorze euros e quarenta dois cêntimos (16.614,40€), ou seja trinta e dois por cento (32%), face aos cinquenta e um mil e quatrocentos e sessenta e seis euros e quarenta cêntimos (51.466,40€) do período homólogo.
O impacto deste novo dinheiro na economia de Barroselas, no que diz respeito ao multiplicador sobre as vendas em 2017, apresenta cerca de vinte e oito mil e novecentos e trinta
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e quatro euros e trinta e quatro cêntimos (28.934,34€) por dia. Quando multiplicado pelos quatro dias de festival, o impacto sobre as vendas das diversas categorias é, em 2017, de cento e quinze mil euros e setecentos e trinta e sete euros e trinta e seis cêntimos (115.737,36€). O impacto económico no rendimento dos residentes nesta última edição estima‐se ser de mil e vinte e um euros e vinte e um cêntimos (1.021,21€). Quando multiplicado pelos quatro dias de festival, o impacto no rendimento da comunidade proveniente das categorias em estudo será de quatro mil e oitenta e quatro euros e oitenta e quatro cêntimos (4.084,84€), em oposição aos três mil e oitenta e sete euros e noventa e seis cêntimos (3.087,96€) do ano de 2013. Para além dos valores apresentados e ponderados, volta a concluir‐se, em 2017, que a realização de um festival musical, embora associado a uma subcultura, tem vindo a traduzir‐se numa oportunidade, também futura, devidamente quantificada em 2013 e 2017, reconhecedora do esforço individual e coletivo da comunidade local, representada pelo NAAM – Núcleo de Apoio às Artes Musicais.
Na sua essência, é a música, enquanto arte universal, que ultrapassa barreiras geográficas, criando motivação suficiente, dando lugar ao multiculturalismo, aproximando gerações e dinamizando o desenvolvimento local. Prova disso é o número total de visitantes a cada edição do festival alvo de estudo, bem como o número de pessoas que reportam a sua primeira vez no evento, sinal de renovação de público, e os quase noventa e nove por cento (98,8%) de inquiridos que tencionam regressar a Barroselas, prova de satisfação pela visita e experiência.
Depois, tal como em 2013, volta a concluir‐se que não sendo Barroselas um destino turístico, a verdade é que a Vila se localiza apenas a cerca de 15 kms da sede do concelho ‐de Viana do Castelo, reconhecidamente uma cidade de destaque no panorama turístico nacional, pelo que, atendendo à dinâmica criada por este festival, os resultados que daí podem advir são um aumento do fluxo de turistas em ambas as localidades. Aliás, o facto é corroborado pelos 74,1% dos inquiridos que afirmam já ter visitado Viana do Castelo e ainda concluir‐se que 17,4%, individualmente ou em grupo, durante a permanência no festival, demonstra vontade em conhecer a cidade de Viana do Castelo.
Na prática, um aspeto preponderante é pretensão da organização do festival em promover, manter e renovar parcerias para a criação de programas turísticos, com elementos culturais e de lazer, aproveitando o interesse percecionado junto de todos quanto os têm visitado, incluindo o grande número de artistas que por ali passam.
Por último, a importância deste evento, adensando a visibilidade de Viana do Castelo, continua a contribuir para a atenuação da sazonalidade na área territorial em que se insere,
Página | 63 dado que se realiza sempre no mês de abril, bem como a relevância que tem para a
sustentabilidade turística, logo económica, do destino e o feedback resultante das estratégias municipais, em particular na política cultural diversificada e extensiva a todos os públicos.
Sem manipulação de dados, assume‐se o SWR Barroselas Metalfest como sendo um caso claro de considerável sucesso em termos de sustentabilidade, pois, pelos resultados obtidos em 2013 e 2017, pese embora algumas naturais diferenças de nível quantitativo, a procura pelo festival mantém‐se, a dinâmica económica continua a ser interessante e a importância do evento no contexto turístico do território em que o evento acontece continua a ser relevante.
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Notas sobre os autores:
Jorge Coelho
ORCID: 0000‐0002‐1219‐9796 CiênciaID: 8A17‐5C0D‐D718 Doutorando na Universidade de Tilburg, Holanda; Mestre em Turismo, Inovação e Desenvolvimento pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo; Licenciado em Turismo pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Professor Assistente no Instituto de Estudos Superiores de Fafe. Consultor/Coordenador do setor do Turismo da Câmara Municipal de Vizela. Consultor na associação empresarial Gerês Viver Turismo. Investigador em Turismo.
Afiliação institucional ‐ Instituto de Estudos Superiores de Fafe.
Miguel Brázio
Licenciado em Turismo pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo é também Mestre em Gestão das Organizações pela mesma instituição. Profissionalmente, exerce funções na APDL – Porto de Viana do Castelo.
Afiliação institucional ‐ Instituto Politécnico de Viana do Castelo.