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Reavaliação dos impactos económicos do festival SWR Barroselas Metalfest e a sua relevância no desenvolvimento turístico da região

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Academic year: 2021

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Reavaliação dos impactos económicos do festival SWR Barroselas 

Metalfest e a sua relevância no desenvolvimento turístico da região 

Jorge Coelho  Miguel Brázio 

Resumo 

Em 2013, durante a 16ª edição do festival Steel Warriors Rebellion Barroselas Metalfest, foi levado a  efeito um estudo cujo principal objetivo seria aferir quais os impactos económicos daquele evento e a  sua relação com o desenvolvimento turístico local. Em 2017, durante a 20ª edição do referido festival,  procedeu‐se  à  reavaliação  dos  impactos  atrás  mencionados,  mantendo‐se  também  o  interesse  na  análise respeitante à dinâmica turística local. Voltou a assumir‐se a significância deste tipo de estudos,  pelo facto de se tornarem uma ferramenta útil na tomada de decisões. 

A metodologia aplicada em 2017 foi semelhante à usada em 2013 e para o efeito utilizou‐se novamente  o  modelo  de  análise  sugerido  por  Crompton,  Seokho,  e  Shuster  (2001),  que  visa  sobretudo  medir  o  retorno económico dos eventos para a comunidade local, tendo‐se recorrido a técnicas de investigação  como a aplicação de inquéritos e realização de entrevistas. De 27 a 30 de abril de 2017 foram realizados  353  inquéritos  a  festivaleiros  presentes  no  evento  e  6  entrevistas,  à  organização  do  festival  e  comerciantes locais. 

O presente estudo apresenta um resumo da análise realizada em 2013, ano em foram realizados 322  inquéritos  e  6  entrevistas,  seguindo‐se  a  descrição  da  investigação  efetuada  em  2017  e  dos  consequentes  resultados.  Estabeleceram‐se  comparações,  resultando  em  conclusões  devidamente  fundamentadas que demonstram a real importância do evento analisado no desenvolvimento cultural  e turístico local face aos resultados positivos que o mesmo permite alcançar.  

Palavras‐Chave: impactos económicos, desenvolvimento local, festivais, heavy metal 

Abstract 

In  2013,  during  the  16th  edition  of  the  Steel  Warriors  Rebellion  Barroselas  Metalfest,  a  study  was  conducted whose main objective was to assess the economic impacts of that event and its relation with  local  tourism  development.  In  2017,  during  the  20th  edition  of  that  festival,  the  aforementioned  impacts were reevaluated, and the interest in the analysis regarding the local tourism dynamics was  maintained. The significance of this type of studies has once again been assumed to be a useful tool in  decision‐making. 

The methodology applied in 2017 was similar to that used in 2013 and for this purpose the analysis  model  suggested  by  Crompton,  Seokho,  e  Shuster  (2001)  was  again  utilised,  which  mainly  aims  to  measure  the  economic  return  of  events  for  the  local  community,  with  research  techniques  such  as  surveys and interviews. From April 27 to 30, 2017, 353 surveys were pllied to festivalgoers attending  the event and 6 interviews were conducted to the festival organization and local merchants.  Comparisons were established, resulting in duly substantiated conclusions that demonstrate the real  importance of the analyzed event in the local cultural and tourism development, in view of the positive  results that it allows to achieve.  Key words: economic impacts, local development, festivals, heavy metal   

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Introdução 

Com base no pensamento de Getz  (1997), a realização de eventos pode desempenhar  vários papéis importantes, que vão desde a renovação e a revitalização dos lugares e das regiões,  não só a nível económico mas também a nível sociocultural. Hoje há, claramente, a tentativa de  explorar estes eventos, em termos comerciais e turísticos, e de criar novos  deliberadamente  como  atrações  turísticas,  enquadrando‐os  em  estratégias  de  desenvolvimento  turístico  mais  alargadas.  No  entanto,  para  o  seu  sucesso  é  necessário  coordenação  e  colaboração  entre  os  agentes envolvidos, do sector público e privado, incluindo a população residente. 

Resultado destas constatações, evidencia‐se a necessidade de se investigar relações entre  as comunidades e a atividade gerada pelos eventos, nomeadamente os impactos dos mesmos  (Butler, 1980; Gursoy e Rutherford, 2004, cit. por Andereck et al., 2005).  

Neste  seguimento,  e  sabendo‐se  que  é  coerente  referir‐se  que  um  evento  pode  ser  considerado como a soma de esforços e ações planeadas (Brito e Fontes, 2002 cit in Oliveira e  Januário, 2007), assim como se sabe que um evento é um produto gerador de lucros e por isso  de extremo valor (Hamam, 2004, cit. por Zottis, 2006), importa incorporar os eventos na oferta  turística  global  do  município/território  em  causa,  de  forma  a  gerar  um  produto  integral  que  permita oferecer mais e melhores serviços ao turista (Pardo, 2001 , cit. por Pardellas de Blas et 

al., 2005). 

Assente nestes pressupostos, julga‐se necessária a avaliação e reavaliação dos impactos  que  os  eventos  possam  causar,  nomeadamente  económicos.  A  investigação  dedicada  a  esta  problemática é relevante  porquanto das conclusões da mesma  pode resultar informação  útil  que  sustente  a  continuidade  ou  não  do  investimento  nos  eventos  que  possam  ser  alvo  de  análise.  

Deste  modo,  partiu‐se  em  2013  para  a  avaliação  dos  impactos  económicos  do  festival  SWR Barroselas Metalfest, aferindo‐se qual a respetiva relevância no desenvolvimento turístico  da região, procedendo‐se em 2017 à sua reavaliação, com recurso a um modelo de análise que  tem subjacente uma fundamentação teórica e assenta em premissas que chamam a atenção  para a importância do indicador dos impactos económicos no rendimento dos residentes e no  aumento da receita a nível local.  

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Eventos, festivais e o desenvolvimento das comunidades locais 

Uma das abordagens que tem equacionado a relação entre espaço e performance musical  é a que se interroga sobre os atuais cruzamentos entre políticas urbanas e políticas culturais  locais e as suas implicações sobre a estruturação das esferas culturais e dos respetivos mercados  (Abreu, 2004).  Em Portugal, as fragilidades estruturais do tecido e da dinâmica das atividades culturais,  mais  evidentes  nos  meios  urbanos  de  pequena  e  mesmo  de  média  dimensão,  têm  frequentemente  vindo  a  ser  contornadas  pela  instalação  de  lógicas  de  produção,  difusão  e,  sobretudo,  programação  assentes  na  realização  de  eventos  culturais  de  diversa  natureza.  Caracterizados  por  uma  maior  ou  mais  intensa  oferta  cultural,  concentrada  em  espaços  e  tempos  restritos,  esses  eventos  assumem  duas  expressões  fundamentais:  a  organização  de  festas  (urbanas,  populares  ou  mesmo  académicas)  multifacetadas;  e  a  produção  de  eventos  culturais  mais  ou  menos  especializados,  de  duração  limitada,  em  espaços  circunscritos  e  de  ocorrência regular, frequentemente designados como festivais (Abreu, 2004).  Uma característica comum ou única não existe para a totalidade de eventos e festivais,  porque cada um deles tem as suas próprias peculiaridades. Existem festivais com o objetivo do  lucro e sem fins lucrativos, com uma abordagem local, regional, nacional ou internacional, com  uma meta de entretenimento ou educação, mas a maioria deles partilha a sua intangibilidade,  a sua convergência no tempo e lugar e a sua perecibilidade (Rivero, 2009). Mas, pode dizer‐se  que  a  essência  de  um  festival  é  a  sua  orientação  pública  e  o  sentimento  de  valores  compartilhados que ele encerra (Jafari, 2000, cit. por Rivero, 2009). 

Neste  seguimento,  é  coerente  referir‐se  que  um  evento  pode  ser considerado  como  a  soma de esforços e ações planeadas com o objetivo de alcançar resultados definidos junto ao  seu público‐alvo (Brito e Fontes, 2002, cit. por Oliveira e Januário, 2007), sendo também certo  que  as  entidades  locais,  sejam  elas  públicas  ou  privadas,  conscientes  da  impossibilidade  de  manter espetáculos artísticos ao longo de todo o ano, optam por concentrar essas iniciativas e  atuações em determinados períodos do ano, colocando à disposição dos cidadãos uma oferta  cultural própria das grandes áreas metropolitanas (Getz, 1991; Hernández, et al., 2003; Gratton  e Taylor, 1995, cit. por Pardellas de Blas et al., 2005).  A importância dos eventos está também patente na ideia defendida por Hamam (2004,  cit. por Zottis, 2006), referindo que um evento é um produto e, partindo da premissa de que  havendo uma atividade destinada a gerar lucros, direta ou indiretamente, a todos os envolvidos,  é fácil depreender que se trata de um produto de extremo valor e deve ser explorado e oferecido 

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a  um  público  ávido  de  informação,  conhecimento  e  tudo  aquilo  que  pode  ser  representado  como novas experiências e emoções. 

Neste  sentido,  e  atentando‐se  ao  referido  por  Richards  e  Wilson  (2004),  os  eventos  podem também incentivar as pessoas a visitar um lugar mais de uma vez.  

Deste  modo,  importa  incorporar  os  eventos  na  oferta  turística  global  do  município/território em causa, de forma a gerar um produto integral que permita oferecer mais  e  melhores  serviços  ao  turista,  prolongando  ou  incentivando  novas  visitas  em  momentos  distintos  dos  da  sua  realização,  convertendo‐os  em  veículo  e  motor  da  dinamização  e  diversificação económica local (Pardo, 2001, cit. por Pardellas de Blas et al., 2005). 

Mas, para que os eventos tenham um papel relevante em termos de desenvolvimento  local, é necessário que a população residente obtenha proveitos, mas sobretudo que participe  ativamente no processo (André et al., 2003, cit. por Pardellas de Blas et al., 2005).  

Neste seguimento importa referir que, de acordo com Bilhim (2004, cit. por Coelho, 2015)  chegou‐se  a  um  entendimento  sobre  o  desenvolvimento  local  como  sendo  um  processo  de  diversificação e de enriquecimento das atividades económicas e sociais sobre um território a  partir da afetação e da articulação dos seus recursos e das suas energias. Será o resultado dos  esforços  da  sua  população  e  deverá  ter  como  pressuposto  a  existência  de  um  projeto  de  desenvolvimento, integrando as suas componentes económicas, sociais e culturais, projeto de  desenvolvimento ao qual não são alheias as políticas culturais autárquicas, que, segundo Santos  Silva, Pérez Babo e Guerra (2015), são relevantes; são específicas ‐ entre outros pontos, porque  o  consensualismo  político  é  nelas  bastante  mais  forte  do  que  ao  nível  nacional  e  estão  em  transformação.  

De facto, as mudanças estão a ocorrer em contextos sociais, na dinâmica territorial da  economia,  nas  cadeias  de  valor,  nos  mercados  de  bens  e  serviços  e  no  âmbito  das  políticas  públicas. As suas implicações em países como Portugal verificam‐se importantes ao longo da  década iniciada no ano 2000 ‐ e são particularmente dramáticas na crise que começou em 2008.  A  política  cultural  é  reforçada,  uma  vez  que  novas  formas  de  capital  podem  ser  mobilizadas  (humanas, culturais, sociais, criativas) para as economias locais, na medida em que pode "ler  melhor" a territorialização da economia, ou seja, a sua relação com o espaço humanizado, com  a comunidade que nele vive e com sua identidade. O valor criativo, identitário e económico da  cultura  pode  servir  como  alavanca  para  processos  de  inovação  e  desenvolvimento  baseados  numa  exploração  mais  rica  de  recursos  imateriais,  de  competências,  elementos  simbólicos  e  ambientes coletivos (Santos Silva; Pérez Babo & Guerra, 2013).  

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Página | 51  Novos  propósitos  interagem  com  os  três  propósitos  usuais  do  património,  oferta  e 

público, e são, em suma, o desenvolvimento e capacitação do meio artístico local e a integração  da cultura em estratégias mais amplas de planeamento e desenvolvimento locais, atuando como  alavanca para outros setores de atividade e mesmo para o processo de desenvolvimento como  um todo. Ao mesmo tempo, é possível e necessário mobilizar outras metodologias de ação, além  das já clássicas, como a provisão de instalações, serviços e programas pela administração local,  apoio financeiro, material e técnico aos promotores culturais locais e parcerias privilegiadas com  escolas, grupos e instituições artísticas. Os processos de conciliação para obter massa crítica, a  modernização  e  profissionalização  da  gestão  e  organização  no  meio  artístico,  a  atração  de  capital  de  fora  do  local  e  a  integração  em  redes  supralocais  são  apenas  algumas  das  novas  metodologias (Santos Silva; Pérez Babo e Guerra, 2013). 

SWR Barroselas Metalfest, um evento da subcultura Heavy Metal 

Crê‐se que, pelo descrito no parágrafo final do capítulo anterior, as dinâmicas próprias do  universo musical, de todos os géneros e subgéneros, cada um com as suas particularidades e  dando  origem  a  outras  tantas  subculturas,  encerrem  em  si  uma  constante  evolução  e  modernização do meio cultural e artístico.  

Um dos subgéneros do Rock de maior longevidade, o Heavy Metal, transcende a esfera  meramente  musical,  apresentando  aspetos  que  o  caracterizam  como  uma  subcultura  disseminada  em  vários  países  (Silva,  2007).  O  Heavy  Metal,  embora  com  características  contestatárias  e  de  rutura,  está  absolutamente  embebido  na  indústria  musical,  apesar  de  socialmente estar à margem (Silva, 2010). 

Este tipo de subculturas pretende destacar‐se da cultura de massas, procurando uma voz  mais individual que tende a ser anulada pelas comunidades globais, mais standardizadas, cuja  lógica primária é a de produção e consumo, anulando a individualidade no processo (Gelder,  2005, cit. por Silva, 2010). 

Pelas  características  assumidas  pelo  Heavy  Metal,  sonoras,  visuais  e  estéticas,  pode  identificar‐se  esta  subcultura  também  como  um  nicho  de  mercado.  De  acordo  com  Novelli  (2005, cit. por Coelho & Brázio, 2014) podemos falar de um nicho de mercado, como um grupo  mais restrito em que os indivíduos do grupo são identificáveis pelas mesmas necessidades ou  interesses especializados.  

E é neste âmbito que se enquadra o caso alvo de estudo, o SWR (Steel Warriors Rebellion)  Barroselas Metalfest, um festival dedicado à música Heavy Metal e aos seus subgéneros que 

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acontece sempre no mês de abril, pois, segundo a organização do evento, o NAAM ‐ Núcleo de  Apoio às Artes Musicais, em entrevista, um dos objetivos com esta calendarização é evitarem a  concorrência.  São  também  objetivos  da  organização  a  gestão  eficaz  dos  recursos  existentes,  integrando o desenvolvimento económico, o respeito pelos valores ambientais e culturais muito  característicos da vila de Barroselas.   Numa pequena vila pertencente ao concelho de Viana do Castelo, fazendo fronteira com  o distrito de Braga, portanto situada no centro da região Minho, a Norte de Portugal, e de acordo  com o Instituto Nacional de Estatística – Censos 2011 com uma população composta por 3.927  indivíduos, a dinâmica social, económica e cultural da mesma é impulsionada pelo festival aqui  analisado. De notar que em 2017 se realizou a vigésima edição consecutiva do evento.  Em 2017, o SWR Barroselas Metalfest contou com a presença de 39 bandas oriundas de  14  países:  Portugal,  Brasil,  Estados  Unidos  da  América,  Colômbia,  Bélgica,  Itália,  Suécia,  Alemanha, Espanha, Inglaterra, Grécia, Noruega, Egipto e Finlândia (SWR Barroselas Metalfest,  2017). Um claro exemplo de envolvimento multicultural, que se repete a cada ano que passa. 

Metodologia 

Para o desenvolvimento do presente estudo, tal como em 2013, foi utilizado o modelo de  análise de impactos económicos sugerido por Crompton, Seokho & Shuster (2001), que indica  princípios e procedimentos a adotar.  

O  modelo  mostra  que  os  residentes  de  uma  comunidade  pagam  fundos  à  sua  Câmara  Municipal  na  forma  de  impostos.  A  Câmara  Municipal  usa  uma  parte  desses  fundos  para  subsidiar  a  produção  de  um  evento  ou  desenvolvimento  de  uma  estrutura.  O  evento  ou  estrutura atrai visitantes que gastam dinheiro na comunidade local, dentro e fora do evento ou  da  facilidade/atração  que  eles  visitam.  Este  novo  dinheiro  gera  rendimento  e  emprego  na  comunidade  residente.  Por  isto,  estudos  sobre  impactos  económicos  complementam  os  balanços financeiros tradicionais dos municípios, sendo que uma das principais finalidades dos  estudos  sobre  impactos  económicos  é  medir  o  retorno  económico  para  os  residentes  (Crompton, Seokho & Shuster, 2001). 

Para além do referido, o uso desta fórmula justifica‐se dado que às vezes uma verdadeira  falta de compreensão das análises de impactos económicos e os procedimentos utilizados levam  a  erros  involuntários,  mas  em  outros  casos  são  usados  maliciosa  ou  estrategicamente  para  deliberadamente enganar e gerar grandes números. Isso acontece porque frequentemente os  estudos são realizados para justificar um evento em termos quantitativos, com a expectativa de 

(7)

Página | 53  que os resultados reforcem o argumento para sustentar ou aumentar os recursos que lhe são 

atribuídos.  Nestas  circunstâncias,  existe  uma  tentação  de  manipular  os  procedimentos.  Para  evitar  que  a  ferramenta  útil  de  análise  dos  impactos  económicos  caia  em  descrédito,  é  importante que os profissionais que dela têm necessidade de se servir estejam preparados para  reconhecer  e  expor  tais  estudos  charlatões  quando  são  produzidos  (Crompton,  Seokho  &  Shuster, 2001). 

Deste  modo,  importa  referir  que,  no  modelo  adotado,  os  autores  adequam  uma  metodologia assente em quatro princípios: 1) Excluem residentes na localidade, inquirindo‐se  por isso apenas os visitantes que residem fora da mesma e cuja principal motivação para a visita  é para participar no evento; 2) Excluem “time‐switchers” e “casuals” porque estes podem ter  planeado  uma  visita  à  cidade  por  algum  tempo,  mas  mudaram  a  duração  da  mesma  para  coincidir com o evento, e quem já estava na cidade atraído por outras características e que optou  por ir ao evento em vez de fazer outra coisa; 3) Privilegiam o uso da medida rendimento, em vez  de  vendas  (output)  porque  o  impacto  económico  da  medida  relativa  ao  rendimento  pessoal  reporta o efeito de uma unidade extra de gastos dos visitantes sobre as mudanças no nível de  rendimentos pessoais dos residentes na comunidade, em contraste com o indicador das vendas  (output), sendo que a medida relativa ao rendimento tem implicações práticas importantes, pois  permite  que  os  benefícios  económicos  recebidos  pelos  residentes  se  relacionem  com  o  que  investiram;  4)  Sugerem  uma  interpretação  cuidadosa  das  medidas  relacionadas  com  multiplicadores de emprego. 

No que concerne a este último princípio, no presente caso, e dada a dimensão do evento,  relembrando‐se que é de pequena dimensão, à semelhança do que foi feito em 2013, decidiu‐ se  não  efetuar  a  sua  abordagem  em  termos  quantitativos,  mas  sim  interpretando‐se  e  analisando‐se entrevistas realizadas. 

Decidiu‐se igualmente não considerar a categoria dos Extended Stayers, ou seja, aqueles  que prolongariam a sua permanência em Barroselas após o festival, incluídos no estudo inicial,  atendendo à sua reduzida participação. 

Entendeu‐se  também,  como  complemento,  acrescentar  um  conjunto  de  questões  que  ajudassem a perceber a geração de procura e avaliação subjacente a indicadores da atividade  turística. 

Os coeficientes multiplicadores utilizados para este caso prático resultam de um estudo  com  base  em  artigos  de  publicações  internacionais  recentes,  nomeadamente  os  que  foram  revistos por Eusébio (2006), dado que se verifica a ausência de dados adequados para um efetivo 

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cálculo dos multiplicadores turísticos, evitando o recurso a outros elementos que naturalmente  teriam implicações nocivas sobre os seus resultados. 

Em 2013, foram aplicados presencialmente 322 inquéritos a festivaleiros e realizadas 6  entrevistas,  à  organização  do  evento  e  comerciantes  locais.  Em  2017,  foram  aplicados  presencialmente 353 inquéritos a festivaleiros e, tal como em 2013, realizadas 6 entrevistas, à  organização do evento e a comerciantes locais. De acordo com a organização do SWR Barroselas  Metalfest, informação aferida em 2013 e 2017, o evento foi frequentado diariamente por cerca  de  1.500  pessoas.  O  número  de  inquiridos  em  2013  (322,  correspondente  a  um  universo  de  1.252 pessoas) representou 21,5% face ao número total de pessoas presentes no festival por  dia.  Em  2017,  os  353  inquiridos  (correspondente  a  um  universo  de  1.493  pessoas)  representaram 23,5%, tendo em conta o número total de pessoas presentes no festival a cada  dia de realização do mesmo.  

Síntese do estudo desenvolvido em 2013: resultados quantitativos 

"The  economic  impacts  of  subcultures  events  and  the  relation  with  local  tourism  development:  The  case  of  Steel  Warriors  Rebellion  Barroselas  Metalfest  in  Northern"  (título  original) é um estudo que teve como objetivo principal relacionar a importância dos eventos  organizados por subculturas e o desenvolvimento turístico local, aferindo concretamente sobre  os impactos económicos de um festival de música específico, o SWR Barroselas Metalfest. Em  2013, contou com a presença de 55 bandas de 22 países diferentes. Como referido no capítulo  anterior,  foi  utilizado  o  modelo  de  análise  de  impactos  económicos  sugerido  por  Crompton,  Seokho & Shuster (2001). 

Em termos práticos, durante os quatro dias da edição de 2013, a 16ª, que aconteceu de  24  a  27  de  abril,  foram  realizados  322  inquéritos  aos  visitantes  do  festival,  obtendo‐se  os  seguintes resultados:  

68,5%  dos  respondentes  eram  do  sexo  masculino  e  31,5%  do  sexo  feminino.  A  idade  média das pessoas que responderam ao inquérito situou‐se nos 27,6 anos. Relativamente ao  país de origem dos inquiridos, a maioria era oriunda de Portugal (83,2%), seguindo‐se Espanha  com 12,7%. Os restantes 4,1% distribuíam‐se em percentagens equivalentes por países como  Alemanha,  Bélgica,  Brasil,  França,  Inglaterra,  Itália,  Suécia  e  Suíça.  Quanto  à  localidade  de  residência  dos  portugueses,  verificou‐se  que  a  sua  maioria  era  proveniente  de  localidades  situadas  um  pouco  por  todo  o  país,  como  Almada,  Aveiro,  Braga,  Faro,  Guarda,  Lamego,  Portimão e Viseu, entre muitas outras.  

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Página | 55  A média de pessoas por grupo situou‐se nas 3,97 pessoas, sendo que o número mínimo  registado foi de uma pessoa (84 vezes) e o máximo foi de trinta pessoas (3 vezes). O valor que  ocorreu com maior frequência no conjunto dos dados foi de duas pessoas por grupo. O universo  de pessoas, total do número de pessoas por grupo referido pelos inquiridos, resultante das 322  inquirições, foi de 1.252 pessoas.   O Impacto Direto dos gastos efetuados pelos visitantes em Barroselas, no que concerne  às categorias abordadas no inquérito (alimentação, alojamento, transporte, aluguer de viaturas,  bares, comércio a retalho, merchandising e outros) assumiu o valor total de 12.866,60€, por dia.  Multiplicando‐se pelos 4 dias de festival, o Impacto Direto Total das diversas categorias foi de  51.466,40€.  Este  considera‐se  o  dinheiro  efetivamente  gasto  pelo  universo  de  visitantes  apurado no estudo, 1.252 pessoas.  

No que respeita ao cálculo do impacto deste novo dinheiro na economia de Barroselas,  os valores estimados relativos ao Impacto Económico, tendo em conta o multiplicador sobre as  vendas, resultou num impacto total de 21.873,21€ por dia. Quando multiplicado pelos 4 dias de  festival, o Impacto Total sobre as Vendas das diversas categorias foi de 87.492,84€.  

Uma  medida  considerada  deveras  útil  do  impacto  económico  é  o  seu  efeito  no  rendimento dos residentes. Em 2013, estimou‐se em 771,99€ por dia; multiplicando pelos 4 dias  de festival, o Impacto no Rendimento da Comunidade foi de 3.087,96€.  

Relativamente  ao  indicador  emprego,  dado  ser  considerado  um  festival  de  pequena  dimensão  e  decorrente  de  entrevistas  a  comerciantes  locais,  foi  entendido  que  o  mesmo  ajudava o comércio local a manter postos efetivos de trabalho, pelo lucro obtido nas vendas  durante  os  dias  de  duração  do  mesmo.  Foi  ainda  demonstrado  que  o  evento  proporciona  a  contratação temporária de pessoas a cada edição do festival, sendo que em 2013 resultou num 

Staff composto por 110 elementos.  

Resultados obtidos do estudo desenvolvido em 2017 

Decorridos quatro (4) anos sobre o estudo do impacto económico da 16ª edição do SWR  Barroselas  Metalfest,  e  com  base  no  reconhecimento  empírico  assente  no  modelo  atrás  enunciado, aplicaram‐se, nos dias 27 a 30 de abril de 2017, trezentos e cinquenta e três (353)  inquéritos, tendo sido analisados com recurso ao software IBM SPSS Statistics 20.  

O número de inquéritos realizados teve um acréscimo de 10% face ao período homólogo.  De acordo com os dados recolhidos, podemos verificar que o conjunto de inquiridos é  constituído  por  duzentos  e  sessenta  e  oito  (268)  indivíduos  do  género  masculino, 

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Página | 56 correspondendo a 75,9% do total de inquiridos, e oitenta e cinco (85) do género feminino, 24,1%  do total de inquiridos. A idade média situa‐se nos 28,9 anos, sendo que a idade mínima registada  foi de quinze anos e a mais elevada cinquenta e quatro anos, contrastando com treze anos e  cinquenta anos de idade, em 2013. De ressalvar que a idade média tem uma variação de mais  5% em relação a 2013, assim como a idade mínima aumentou dois anos e a máxima de quatro  anos.  O estado civil reflete as condições de casado na percentagem de 8,6%, união de facto com  2,6%  e  divorciado  3,2%,  destacando‐se  a  predominância  de  solteiros  com  85,7%,  nomeadamente duzentos e noventa e nove inquiridos. 

A distribuição de habilitações literárias dos festivaleiros divide‐se em cinco grupos, com  51,4% ao nível do ensino secundário, 33,7% com licenciatura, 10% com mestrado, 4% com o  ensino básico e os restantes 0,9% responderam ser doutorados. 

Relativamente  aos  países  de  origem  dos  inquiridos  em  2017,  encontram‐se  sete  nacionalidades diferentes. Portugal apresenta‐se como o país mais representado, com 91,2 %  de  participantes,  mantendo‐se  a  Espanha  em  segundo  lugar  com  5,3%.  Os  restantes  3,5%  distribuem‐se por países como França, Alemanha, Inglaterra, Itália e Brasil.  

De salientar  que,  contrariamente ao ano de 2013,  assistiu‐se a  um aumento de 8% de  visitantes portugueses e uma diminuição de 7,4% de espanhóis, substituída por um crescimento  de 8% de participantes oriundos da vizinha França.  

No  que  toca  às  localidades  de  origem  dos  inquiridos  de  nacionalidade  portuguesa,  verificaram‐se  as  seguintes  por  ordem  de  maior  frequência:  Lisboa,  Porto,  Braga,  Aveiro,  Coimbra, Figueira da Foz, Vila Nova de Gaia, Guimarães, Vila do Conde, Almada, Sintra, Paredes,  Vale de Cambra, Trofa, Viseu, Vila Real, Leiria, Torres Vedras, Santo Tirso, Santa Maria da Feira,  Felgueiras, Macedo de Cavaleiros, Cascais Caldas da Rainha, Faro, Estarreja, Espinho, Ericeira,  Ermesinde, Matosinhos, Nazaré, Ourém, Maia, Gondomar, Covilhã, Celorico de Basto, Barcelos,  Setúbal, Seixal, Queluz, Póvoa de Varzim e Pombal. 

No  que  se  refere  ao  inquérito  em  apreço  e  que  se  relaciona  diretamente  com  os  resultados quantitativos e sua análise, pretendeu‐se aferir qual o número de pessoas que faziam  parte do grupo do elemento inquirido, tendo‐se constatado que a média de pessoas por grupo  se situava nas 4,24 pessoas, em oposição às 3,97 pessoas avaliadas no ano de 2013. O número  mínimo registado foi de uma pessoa, trinta e uma vezes, e o máximo de vinte pessoas, registado  uma vez, e ainda um valor médio, resultante de outros compostos com dez elementos, cerca de  27 vezes. O valor que ocorreu com maior frequência no conjunto de dados (moda) foi de duas  pessoas por grupo, identificado aproximadamente 89 vezes. O universo alcançado, somatório 

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Página | 57  total do número de pessoas dos diferentes grupos, resultante das trezentas e cinquenta e três  inquirições, foi de mil e quatrocentos e noventa e três (1.493) pessoas que, comparadas ao ano  de 2013, se traduz num aumento de cento e quarenta e uma pessoas, correspondendo a 26%,  envolvidas no estudo.  De ressalvar que a análise que o estudo releva incide sobre os gastos de 1.493 pessoas,  classificadas como “Out‐of‐Towners” e caraterizadas por não serem residentes em Barroselas  ou no concelho de Viana do Castelo.  

Muito  importante  é  referir  que  a  venda  de  bilhetes  para  o  festival,  por  parte  da  organização  do  mesmo,  não  conta  para  análise.  O  modelo  de  investigação  utilizado  não  considera esse item.  

Relativamente  ao  meio  de  transporte  para  deslocação  até  Barroselas,  o  automóvel  e  autocarro evidenciam ser os mais utilizados, com 86,3%, seguido do comboio, com 13,7% das  preferências. 

Em  referência  ao  local  de  pernoita  dos  festivaleiros,  90%  preferem  o  convívio  do  campismo  instalado  junto  ao  recinto  do  SWR,  5%  têm  preferência  por  empreendimentos  classificados como alojamento local, 2,5% recorrem a empreendimentos hoteleiros entre Viana  do Castelo ou distrito de Braga, e os restantes 2,5% a procurar a casa de familiares e amigos. 

Questionado  qual  o  meio  de  pagamento  utilizado  durante  o  festival,  dentro  e  fora  do  recinto, 91,6% dos inquiridos tem preferência pelo numerário e 8,4% pelo cartão débito/crédito.  As colunas 1, 2 e 3 da Tabela 1, a seguir incluída, mostram a média de gastos por pessoa  e por dia na área de Barroselas, nos anos de 2017 e 2013, assim como a variação existente. Nas  colunas seguintes (4, 5 e 6) da mesma tabela, são extrapolados para a proporção de visitantes  em ambos os períodos (2017 e 2013).  De igual modo, uma vez que o procedimento é semelhante à totalidade das categorias  inseridas nos inquéritos analisados e descritas na tabela 1 anteriormente referida (colunas 1, 2  e  3)  relativamente  à  categoria  alimentação,  os  gastos  por  pessoa  e  por  dia  em  Barroselas  totalizaram, no ano de 2017, o valor de cinco euros e quarenta e um cêntimos (5,41€), ao invés  de cinco  euros e sete  cêntimos (5,07€) no ano de 2013, o que representa uma variação, um  aumento de 7%. Já no que se refere ao impacto direto dos gastos em Barroselas analisados e  descritos na tabela 1 (colunas 4, 5 e 6), também na mesma categoria – alimentação –, o valor  situa‐se nos oito mil e setenta e sete euros e treze cêntimos (8.077,1 €) proveniente dos cálculos  [5,41€ x 1.493 pessoas], ao contrário dos cálculos do ano de 2013 [(5,07€ x 1.252 pessoas) +  (4.78€ x 12)], apresentando uma variação positiva de 27%.  

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Fonte: autores do estudo   

Em  termos globais, o estudo do ano de 2017, conforme representação do  Gráfico 1, a  seguir incluído, demonstra um aumento de doze por cento (12%) no total de gastos por pessoa  e por dia em Barroselas, no montante de onze euros e quarenta cêntimos (11,40€).       Fonte: autores do estudo    O mesmo se pode aferir em relação ao impacto direto dos gastos em Barroselas, mais  uma vez tendo presente os dois períodos (2017‐2013), através de um considerável aumento de  Categoria 2017 2013 Variação % 2017 2013 Variação %

Alimentação 5,41 5,07 7% 8 077,13 6 347,64 27% Bares e discotecas 0,14 0,11 27% 209,02 137,72 52% Comércio a retalho 1,89 1,81 4% 2 821,77 2 266,12 25% Alojamento 1,06 1,02 4% 1 582,58 1 277,04 24% Transporte 2,45 1,82 35% 3 657,85 2 278,64 61% Aluguer de viaturas 0,11 0,10 10% 164,23 125,20 31% Outras despesas 0,34 0,26 31% 507,62 325,52 56% Total 11,40 10,19 12% 17 020,20 12 757,88 33%

Gastos em Barroselas (€) em Barroselas (€)

TABELA 1

TOTAL DOS GASTOS DIRECTOS

Por pessoa, por dia Total dos Gastos Directos Out-of-Towners Out-of-Towners 5,41 € 0,14 1,89 1,06 2,45 0,11 0,34 11,40 5,07 € 0,11 1,81 1,02 1,82 0,10 0,26 10,19 7% 27% 4% 4% 35% 10% 31% 12% Alimentação Bares e discotecas Comércio a retalho Alojamento Transporte Aluguer de viaturas Outras despesas Total

Total dos Gastos Directos Por pessoa, por dia em Barroselas

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Página | 59  cerca  de  trinta  e  três  por  cento  (33%),  nomeadamente  dezassete  mil  e  vinte  euros  e  vinte 

cêntimos (17.020,20€).  Nesse sentido, multiplicando pelos quatro dias de SWR Barroselas Metalfest, o impacto  direto das diversas categorias (alimentação, bares, comércio a retalho, alojamento, transporte,  aluguer de viaturas, entre outras despesas) assume o valor de sessenta e oito mil e oitenta euros  e oitenta cêntimos (68.080,80€).  No que importa ao cálculo do impacto deste novo dinheiro na economia de Barroselas,  considerando o método adotado, nas colunas 1, 2 e 3 da Tabela 2 são apresentados os valores  estimados relativos ao Impacto Económico dos anos de 2017 e 2013 e a sua variação percentual,  com base nos coeficientes multiplicadores definidos para o efeito. Assim, no que diz respeito ao  multiplicador sobre as vendas, assiste‐se em 2017 a um impacto de vinte e oito mil e novecentos  e trinta e quatro euros e trinta e quatro cêntimos (28.934,34€) por dia.  Quando multiplicado pelos quatro dias de festival, o impacto sobre as vendas das diversas  categorias foi, em 2017, de cento e quinze mil euros e setecentos e trinta e sete euros e trinta e  seis cêntimos (115.737,36€).  Uma medida, sobremaneira relevante, no que ao impacto económico diz respeito, é o que  se  reflete  no  rendimento  dos  residentes.  As  colunas  4,  5  e  6  da  tabela  2  indicam  o  efeito  económico nos anos de 2017 e 2013 e a sua variação percentual, no rendimento da comunidade,  estimado na edição de 2017 do SWR Barroselas Metalfest de mil e vinte e um euros e vinte e  um cêntimos (1.021,21€). 

Multiplicado  pelos  quatro  dias  de  festival,  o  impacto  no  Rendimento  da  Comunidade  proveniente das categorias em estudo foi de quatro mil e oitenta e quatro euros e oitenta e  quatro cêntimos (4.084,84€). 

Fonte: autores do estudo 

Categoria 2017 2013 Variação % 2017 2013 Variação %

Alimentação 13 731,12 10 790,99 27% 484,63 380,86 27% Bares e discotecas 355,33 234,12 52% 12,54 8,26 52% Comércio a retalho 4 797,01 3 852,40 25% 169,31 135,97 25% Alojamento 2 690,39 2 170,97 24% 94,95 76,62 24% Transporte 6 218,35 3 873,69 61% 219,47 136,72 61% Aluguer de viaturas 279,19 212,84 31% 9,85 7,51 31% Outras despesas 862,95 553,38 56% 30,46 19,53 56% Total 28 934,34 21 688,39 33% 1 021,21 765,47 33%

Vendas Rendimento da Comunidade Out-of-Towners Out-of-Towners

TABELA 2

O IMPACTO ECONÓMICO DOS OUT-OF-TOWNERS NAS VENDAS E NO RENDIMENTO DA COMUNIDADE

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Ainda com o pretexto da identificação do perfil, assim como de indicadores da atividade  turística, inerente à vontade dos autores deste estudo pois entendem da sua real importância,  questionou‐se os inquiridos se viriam a Barroselas nesta altura do ano, caso o SWR Barroselas  Metalfest  não  se  realizasse,  tendo  trezentos  e  catorze  festivaleiros,  89,8%  dos  inquiridos,  respondido  que  não,  trinta  e  quatro  (9,6%  dos  inquiridos)  que  viriam  e  as  restantes  cinco  pessoas (1,4%) não manifestaram qualquer opinião.  Numa outra questão que objetiva a possibilidade de visitar Barroselas noutra altura do  ano e quais os motivos, encontram‐se cento e dez pessoas, que perfazem 31,2% da amostra, a  referir que sim, duzentas e trinta e seis pessoas que não (66,9% dos inquiridos) e sete pessoas  (2% dos inquiridos) sem opinião formada. Os motivos pelas quais justificam a sua deslocação a  Viana do Castelo têm a atividade turística como grande motivação, seguido de visitas à família,  motivos profissionais e motivos particulares.  Relativamente à possibilidade de já ter visitado Viana do Castelo e/ou repetições de visita,  cerca de 74,1% dos inquiridos afirmou já o ter efetuado, contra 25,9 % que ainda não o fez. A  média da sua concretização foi de 5,32 dias de estada média. 

Uma  outra  dúvida  que  se  afigurou  pertinente  na  preparação  do  trabalho  foi  saber  se,  durante a permanência no SWR Barroselas Metalfest, existia a vontade de visitar a cidade de  Viana do Castelo, tendo 82,6% dos inquiridos referido que individualmente ou em grupo não  pretendia fazê‐lo, e 17,4% demonstrou vontade na deslocação. Para estes últimos, a justificação  prende‐se mais uma vez com a atividade turística, seguido da necessidade de transporte para a  localidade  de  residência,  motivos  particulares  e  alojamento.  Auscultados  os  82,6%  sobre  a  ausência  de  pretensão  na  visita,  consuma‐se  o  festival  como  elemento  decisivo,  apesar  de  a  maioria não descurar essa hipótese no futuro. 

Por  fim,  questionou‐se  sobre  o  número  de  vezes  referente  a  participações  no  SWR  Barroselas Metalfest encontrando‐se um número médio de 5,24 vezes, com feedback variado  que  oscila  entre  a  primeira  vez  e  a  vigésima,  por  exemplo  sessenta  e  sete  inquiridos  com  participação de 10 vezes, quarenta e nove com 3 participações, trinta e oito com 5 vezes no SWR  Barroselas  Metalfest,  por  entre  grande  distinção  de  presenças.  De  realçar  que  73  pessoas  sinalizam a sua primeira vez em Barroselas em 2017.  

A  terminar,  caso  o  SWR  Metalfest  se  realize  no  ano  de  2018,  98,9  %  dos  inquiridos  tenciona regressar a Barroselas. 

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Conclusão 

Um dos domínios de inegável valor para a economia prende‐se com a atividade turística,  incentivada  e  apoiada  pelos  municípios,  que  naturalmente  se  manifesta  na  satisfação  dos  visitantes mas também na relação e nas repercussões no comércio e nas comunidades locais.  O estudo aqui apresentado ocorreu por altura do vigésimo aniversário do SWR Barroselas  Metalfest, no ano de 2017, e baseou‐se na recolha de informação pertinente e necessária de  forma objetiva e fidedigna. Através da realização de inquéritos aos visitantes do festival, não  residentes, mas também à auscultação da organização do evento e de comerciantes da Vila de  Barroselas, estes, não obstante alguma relutância em divulgar os fluxos gerados, demonstram  satisfação óbvia e sinais encorajadores para novas edições, tal é o retorno económico atingido  em quatro dias de festival.  A justificação e a adequação do modelo em análise sobre os impactos económicos têm  subjacente uma fundamentação teórica e assentam nas premissas dos seus autores, que nos  chamam a atenção para a importância do indicador dos impactos económicos no rendimentos  dos  residentes,  porquanto  esse  fator  encerra  importância  extrema  para  a  comunidade  em  questão, prevalecendo sobre outro indicador que tem a ver com o impacto económico sobre as  vendas, mais precisamente o aumento da receita como consequência das despesas turísticas.  

A partir da análise dos dados e das categorias referidas (alimentação, bares e discotecas,  comércio a retalho, alojamento, transporte automóvel, aluguer de viaturas e outras despesas),  pode constatar‐se a consolidação do festival em 2017 com um aumento de gastos diários por  pessoa  de  doze  por  cento  (12%)  justificados  pelo  valor  de  onze  euros  e  quarenta  cêntimos  (11,40€), contra os dez euros e dezanove cêntimos (10,19 €) do ano de 2013.  O impacto direto desses gastos em Barroselas assinala em 2017 um considerável aumento  de cerca de trinta e três por cento (33%), consistindo em dezassete mil e vinte euros e vinte  cêntimos (17.020,20€), ao invés dos doze mil e setecentos e cinquenta e sete euros e oitenta e  oito cêntimos (12.757, 88€) obtidos em 2013.   Nesse sentido, multiplicando pelos quatro dias de SWR Barroselas Metalfest, o impacto  direto  em  2017  assume  o  valor  de  sessenta  e  oito  mil  e  oitenta  euros  e  oitenta  cêntimos  (68.080,80€), com um acréscimo de dezasseis mil e seiscentos e catorze euros e quarenta dois  cêntimos  (16.614,40€),  ou  seja  trinta  e  dois  por  cento  (32%),  face  aos  cinquenta  e  um  mil  e  quatrocentos e sessenta e seis euros e quarenta cêntimos (51.466,40€) do período homólogo. 

O  impacto  deste  novo  dinheiro  na  economia  de  Barroselas,  no  que  diz  respeito  ao  multiplicador sobre as vendas em 2017, apresenta cerca de vinte e oito mil e novecentos e trinta 

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e  quatro  euros  e  trinta  e  quatro  cêntimos  (28.934,34€)  por  dia.  Quando  multiplicado  pelos  quatro dias de festival, o impacto sobre as vendas das diversas categorias é, em 2017, de cento  e quinze mil euros e setecentos e trinta e sete euros e trinta e seis cêntimos (115.737,36€).  O impacto económico no rendimento dos residentes nesta última edição estima‐se ser de  mil e vinte e um euros e vinte e um cêntimos (1.021,21€). Quando multiplicado pelos quatro  dias de festival, o impacto no rendimento da comunidade proveniente das categorias em estudo  será de quatro mil e oitenta e quatro euros e oitenta e quatro cêntimos (4.084,84€), em oposição  aos três mil e oitenta e sete euros e noventa e seis cêntimos (3.087,96€) do ano de 2013.  Para além dos valores apresentados e ponderados, volta a concluir‐se, em 2017, que a  realização de um festival musical, embora associado a uma subcultura, tem vindo a traduzir‐se  numa  oportunidade,  também  futura,  devidamente  quantificada  em  2013  e  2017,  reconhecedora do esforço individual e coletivo da comunidade local, representada pelo NAAM  – Núcleo de Apoio às Artes Musicais.  

Na  sua  essência,  é  a  música,  enquanto  arte  universal,  que  ultrapassa  barreiras  geográficas,  criando  motivação  suficiente,  dando  lugar  ao  multiculturalismo,  aproximando  gerações e dinamizando o desenvolvimento local. Prova disso é o número total de visitantes a  cada edição do festival alvo de estudo, bem como o número de pessoas que reportam a sua  primeira vez no evento, sinal de renovação de público, e os quase noventa e nove por cento  (98,8%) de inquiridos que tencionam regressar a Barroselas, prova de satisfação pela visita e  experiência. 

Depois,  tal  como  em  2013,  volta  a  concluir‐se  que  não  sendo  Barroselas  um  destino  turístico, a verdade é que a Vila se localiza apenas a cerca de 15 kms da sede do concelho ‐de  Viana do Castelo, reconhecidamente uma cidade de destaque no panorama turístico nacional,  pelo que, atendendo à dinâmica criada por este festival, os resultados que daí podem advir são  um aumento do fluxo de turistas em ambas as localidades. Aliás, o facto é corroborado pelos  74,1% dos inquiridos que afirmam já ter visitado Viana do Castelo e ainda concluir‐se que 17,4%,  individualmente  ou  em  grupo,  durante  a  permanência  no  festival,  demonstra  vontade  em  conhecer a cidade de Viana do Castelo. 

Na  prática,  um  aspeto  preponderante  é  pretensão  da  organização  do  festival  em  promover, manter e renovar parcerias para a criação de programas turísticos, com elementos  culturais  e  de  lazer,  aproveitando  o  interesse  percecionado  junto  de  todos  quanto  os  têm  visitado, incluindo o grande número de artistas que por ali passam.  

Por  último,  a  importância  deste  evento,  adensando  a  visibilidade  de  Viana  do  Castelo,  continua a contribuir  para a atenuação da sazonalidade na área  territorial em que se insere, 

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Página | 63  dado  que  se  realiza  sempre  no  mês  de  abril,  bem  como  a  relevância  que  tem  para  a 

sustentabilidade turística, logo económica, do destino e o feedback resultante das estratégias  municipais, em particular na política cultural diversificada e extensiva a todos os públicos. 

Sem manipulação de dados, assume‐se o SWR Barroselas Metalfest como sendo um caso  claro de considerável sucesso em termos de sustentabilidade, pois, pelos resultados obtidos em  2013 e 2017, pese embora algumas naturais diferenças de nível  quantitativo,  a procura pelo  festival  mantém‐se,  a  dinâmica  económica  continua  a  ser  interessante  e  a  importância  do  evento no contexto turístico do território em que o evento acontece continua a ser relevante.  

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Notas sobre os autores:

Jorge Coelho 

ORCID: 0000‐0002‐1219‐9796  CiênciaID: 8A17‐5C0D‐D718  Doutorando na Universidade de Tilburg, Holanda; Mestre em Turismo, Inovação e  Desenvolvimento  pelo  Instituto  Politécnico  de  Viana  do  Castelo;  Licenciado  em  Turismo  pelo  Instituto  Politécnico  de  Viana  do  Castelo.  Professor  Assistente  no  Instituto de Estudos Superiores de Fafe. Consultor/Coordenador do setor do Turismo  da  Câmara  Municipal  de  Vizela.  Consultor  na  associação  empresarial  Gerês  Viver  Turismo. Investigador em Turismo.  

Afiliação institucional ‐ Instituto de Estudos Superiores de Fafe.   

Miguel Brázio 

Licenciado  em  Turismo  pelo  Instituto  Politécnico  de  Viana  do  Castelo  é  também  Mestre  em  Gestão  das  Organizações  pela  mesma  instituição.  Profissionalmente,  exerce funções na APDL – Porto de Viana do Castelo. 

Afiliação institucional ‐ Instituto Politécnico de Viana do Castelo.   

Referências

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