EDUCAÇÃO DE RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADES: INTERVENÇÕES ATRAVÉS DO PIBID
Bruno Domingues (PIBID/CAPES-UENP)1, Daniele
KlocheMiterBregangoli(PIBID/CAPES-UENP), Gabriella Heloísa Pedroso UENP), Paula Beatriz Ferreira de Oliveira
(PIBID/CAPES-UENP), Jorge Sobral da Silva Maia (Orientador), e-mail:
sobralmaia@uenp.edu.br, Alexandre Oliveira Fernandes da Silva (Orientador), e-mail: aofsilva@uenp.edu.br.1Bolsistade Iniciação a Docência PIBID/UENP.
Universidade Estadual do Norte do Paraná/Centro de Ciências Humanas e da Educação.
Categoria: Ensino, Subprojeto de Ciências Biológicas / Campus Jacarezinho
Palavras-chave: Diversidade Sexual, Educação Escolar, Desafio Contemporâneo.
Introdução
Este trabalho relata as intervenções realizadas pelo subprojeto PIBID Ciências Biológicas, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Campus
Jacarezinho, financiada pela Capes, com os discentes da turma do 8º B, Colégio Estadual Luiz Setti, da cidade de Jacarezinho.
Em linhas gerais o PIBID, tem como objetivo fomentar a formação docente, contribuindo para a valorização do magistério, oportunizar experiências ligadas ao cotidiano escolar e contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciaturas (CAPES, 2012).
Para este trabalho, buscamos iniciar o debate do conceito de Gênero e Diversidade Sexual, e sua legitimidade, no contexto da educação escolar para a diversidade. Assim é vista como fator essencial para garantir inclusão, e promover igualdade de oportunidades, enfrentar de modo crítico-dialético o preconceito, discriminação e violência, especialmente no que se refere a questões de gênero e em sexualidades. (MAIA; BIANCON, 2014)
Cabe a escola desenvolver a ação crítica e reflexiva para desenvolver uma educação em sexualidades crítica. Sob essa perspectiva para os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997) o objetivo da escola é informar e discutir os tabus, preconceitos, crenças e atitudes que existam na sociedade, a educação sexual tem que ser tratada no coletivo.
Na visão de Figueiró (2004, p.119) os professores devem conceber a:
[...] educação sexual como um caminho para preparar o educando para viver a sexualidade de forma positiva, saudável e feliz e, sobretudo, para formá-lo como cidadão consciente, crítico e engajado nas transformações de todas as questões sociais, ligadas direta ou indiretamente à sexualidade.
Deste modo, objetivamos com o trabalho, articular o conhecimento dos estudantes acerca de gênero e sexualidade coma diversidade de gênero e as diversas formas vivenciar a sexualidade humana, bem como apresentar as dificuldades enfrentadas pelas pessoasLGBTs em uma sociedade preconceituosa, quebrar paradigmas construídos acerca das relações e papeis que cada gênero desenvolve e esclarecer a diversidade de conceitos existentes nessa vertente.Que para isso é necessário
Refletir sobre a realidade partindo do empírico (a realidade dada, o real aparente, o objeto assim como ele se apresenta à primeira vista) e, por meio de abstrações (elaborações do pensamento, reflexões, teoria), chegar ao concreto: compreensão mais elaborada do que há de essencial no objeto, objeto síntese de múltiplas determinações, concreto pensado. (PIRES, 1997, p. 86)
Materiais e métodos
A metodologia dá-se pela análise das intervençõesque aconteceram em sala de aula, na turma do 8° B do Colégio Estadual Luiz Setti. Na primeira
intervenção realizou-se um questionário de verificação, respondido por 30
discentes, sujeitos deste estudo (figura 1), de maneira que os estudantes compreendessem a importância do tema Gênero e Sexualidade em seus estudos.
Figura 1 - Aplicação do questionário
Figura 2- Momento dos debates
Também trabalhamos durante as intervenções com o curta metragem “Eu não quero voltar sozinho” (figura 3). Esse material foi escolhido para aproximar os estudantes das dimensões que abrangem em Gênero e Sexualidade, levando-os a compreenderem que a sexualidade está além dos estereótipos impostos pela sociedade.
Figura 3 - Exibição do curta
Ainda, aplicou-se a dinâmica denominada “Um, dois, três”, extraída do livro Coolkit – Jogos para Não-Violência e Igualdade de gênero. Essa dinâmica possibilitou que os estudantes atrelassem os estereótipos gênero e sexualidade discutidos anteriormente através do curta metragem, vinculando aos discursos e as práticas sociais em seus cotidianos.
Resultados e Discussão
biológica do indivíduo, podendo ser masculino ou feminino de acordo com o nascimento.
Esse discurso referente à sexualidade vincula-se ao olhar essencialista biológico, que para os autores Silva (1993, 2000, 1994, 1998), Larrosa (1994) e Walkerdine (1998) é fortemente propagado na sala de aula. Nessa reflexão não há uma preocupação em entender a sexualidade nas dimensões psicológica, sociocultural, filosófica e ética, que para Figueiró (2001) é essencial.
Durante as intervenções, as reflexões estimularam os estudantes à deixarem o pensamento de que a identidade sexual é ligada exclusivamente ao nascimento, passando assim, a verem a sexualidade numa dimensão mais diversa, já que “cada ser humano tem múltiplas formas de vivenciar sua identidade” (JESUS, 2012, p.18) e por consequência a sua sexualidade.
Ao decorrerdas atividades, procuramos deixá-los à vontade para perguntar e para expor suas opiniões, com isso, a sala se familiarizou com o tema conferindo ao trabalho um aspecto positivo, partindo do pressuposto em que esse assunto não é abordado nem mesmo no livro didático. Estudos feitos por Silva e Coutinho (2016) apontou que a
a aprendizagem de biologia, tal como difundida em livros didáticos aprovados no programa nacional do livro didático, envolve a aquisição de uma estrutura conceitual essencialista, produzindo uma forma de ignorância em biologia que possibilita o sexismo e a discriminação de gênero.
Dialogamos com os estudantes sobre os efeitos de atitudes preconceituosas, mostrando que não é apenas uma brincadeira, ou diversão entre o grupo de amigos, e sim que essas atitudes têm consequências graves que envolvem a LGBTfobia, que segundo ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) trata-se de uma aversão às pessoas LGBTs.
Conclusões
Agradecimentos
À Professora Elisangela CôcoMarcidele. Aos estudantes do 8º B do Colégio Estadual Luiz Setti, da cidade de Jacarezinho. À CAPES e a Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS. Manual de Comunicação LGBT. Ferdinando Martins, Lilian Romão, LiandroLindner, Toni Reis. (Org.) [Curitiba]: Ajir Artes Gráficas e Editora, 2010.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural, orientação sexual. / Secretaria de Educação Funfamental. Brasília: MEC / SEF, 1997, 164 p.
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FIGUEIRÓ, M. N. D. Educação sexual: retomando uma proposta, um desafio. 2. ed. Londrina: EDUEL, 2001.
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