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Percepção de residentes sobre a residência multiprofissional em saúde: um aporte para o fomento da qualidade do ensino superior / Resident inspections by multiprofessional health experience: a service for the development of quality in higher education

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761

Percepção de residentes sobre a residência multiprofissional em saúde: um

aporte para o fomento da qualidade do ensino superior

Resident inspections by multiprofessional health experience: a service for

the development of quality in higher education

DOI:10.34117/bjdv5n11-037

Recebimento dos originais: 10/10/2019 Aceitação para publicação: 04/11/2019

Andressa Paola Ferreira

Residente Enfermeira do Programa Multiprofissional em Urgência e Emergência Instituição: Hospital Universitário - Universidade Estadual de Ponta Grossa HU-UEPG. Endereço: Av. Carlos Cavalcante 4748, Bloco M, Campus de Uvaranas, Ponta Grossa, PR

84030-000, Brasil.

E-mail: a_andressa_p01@hotmail.com.br

Danielle Bordin

Doutora em Odontologia Preventiva e Social pela Universidade Estadual Paulista Instituição: Professora do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública da Universidade Estadual de

Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa-PR, Brasil.

Endereço: Av. Carlos Cavalcante 4748, Bloco M, Campus de Uvaranas, Ponta Grossa, PR 84030-000, Brasil

E-mail: daniellebordin@hotmail.com

Luciane Patrícia Andreani Cabral

Mestre em Tecnologia em Saúde pela PUCPR. Coordenadora geral das residências multiprofissionais em saúde

Instituição: Professora Colaboradora do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública – UEPG – Hospital Universitário da UEPG.

Endereço: Av. Carlos Cavalcante 4748, Bloco M, Campus de Uvaranas, Ponta Grossa, PR 84030-000, Brasil

E-mail: luciane.pacabral@gmail.com

Clóris Regina Blanski Grden (orientadora)

Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná. Instituição: Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública da Universidade Estadual de

Ponta Grossa.

Endereço: Av. Carlos Cavalcante 4748, Bloco M, Campus de Uvaranas, Ponta Grossa, PR 84030-000, Brasil

E-mail: reginablanski@hotmail.com

Camila Zanesco Mestre em Ciências da Saúde

Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa-PR, Brasil. Endereço: Av. Carlos Cavalcante 4748, Bloco M, Campus de Uvaranas, Ponta Grossa, PR

84030-000, Brasil

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 Cristina Berger Fadel

Doutora em Odontologia Preventiva e Social pela Universidade Estadual Paulista. Instituição: Professora Associada do Departamento de Odontologia da Universidade

Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Endereço: Av. Carlos Cavalcante 4748, Bloco M, Campus de Uvaranas, Ponta Grossa, PR 84030-000, Brasil

E-mail: cbfadel@gmail.com

RESUMO

Introdução: A percepção inerente a uma determinada realidade é própria de cada indivíduo e pode ser divergente, mesmo perante a vivência de situações similares, como é o caso do cenário das residências multiprofissionais em saúde. Objetivo: Verificar a percepção dos residentes acerca da necessidade de melhorias nos programas de Residência Multiprofissionais em Saúde (RMS). Método: Estudo transversal, qualitativo realizado no ano 2018, com residentes concluintes do primeiro ano de RMS (n=54). Os dados foram coletados mediante á aplicação de questionários individualizados. Os dados foram analisados seguindo os preceitos da proposta de análise de conteúdo, e os resultados foram divididos em 2 categorias, a saber: “prática acadêmica na residência” e “prática de trabalho na residência”. Resultados: Foi possível observar a insatisfação dos residentes perante a qualificação das aulas teóricas, deficiência na organização das atividades pedagógicas, com os relacionamentos interpessoais e a interpretação errônea por muitos profissionais sobre o real papel do residente na instituição de saúde, ocasionando designações equivocadas. Conclusão: As insatisfações mencionadas constituem-se como ferramenta para direcionamentos futuros, visando a qualidade da proposta formativa, com capacidade para atender com êxito aos objetivos traçados, mantendo a qualidade de vida dos envolvidos.

Palavras-chave especialização; satisfação no trabalho; serviços de saúde; comunicação interdisciplinar; pesquisa qualitativa

ABSTRACT

Introduction: The inherent perception of a given reality belongs to each individual and can be divergent, even in the face of similar situations, such as the scenario of multiprofessional residences in health. Objective: To verify the residents' perception about the need for improvements in Multiprofessional Health Residency programs (RMS). Method: A qualitative cross-sectional study carried out in 2018, with residents of the first year of MSY (n = 54). Data were collected through the application of individualized questionnaires. The data were analyzed according to the precepts of the content analysis proposal, and the results were divided into 2 categories, namely: "academic practice in residence" and "work practice in residence". Results: It was possible to observe the residents' dissatisfaction with the qualification of the theoretical classes, the deficiency in the organization of the pedagogical activities, the interpersonal relationships and the misinterpretation by many professionals about the real role of the resident in the health institution, leading to mistaken assignments. Conclusion: The mentioned dissatisfactions constitute a tool for future directions, aiming at the quality of the training proposal, with the ability to successfully meet the objectives outlined, maintaining the quality of life of those involved.

Keywords: Specialization; Job Satisfaction; Health Services; Interdisciplinary Communication; Qualitative Research.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 1 INTRODUÇÃO

Os movimentos de transformação exigidos nos serviços e nos processos de ensino em saúde nos últimos anos, em contraposição ao modelo médico centrado, vêem se debruçando sobre uma formação profissional generalista, de atuação multiprofissional, e que atenda integralmente as necessidades e singularidades do indivíduo1-3. Tais deliberações motivaram a indução de políticas públicas orientadoras da formação e da qualificação de trabalhadores na área da saúde no Brasil e, dentre elas, destacam-se os programas de pós-graduação lato sensu na modalidade de residências multiprofissionais em saúde (RMS)1,4-7.

Conforme a portaria interministerial nº 1.077/2009, a RMS contempla uma carga horária de 5.760 horas de caráter teórico-prático, distribuídas ao longo de dois anos e alocadas em 60 horas semanais de atividades, sob a forma de treinamento em serviço4. Os programas de residências multiprofissionais são então sistematizados de forma a inserir o profissional residente na realidade dos serviços públicos de saúde, abrangendo campos estratégicos do Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo a melhor compreensão da multicausalidade dos processos de saúde e doença, individuais ou coletivos, e consequentemente, a qualificação da formação profissional2,6,8.

Assim, esta modalidade formativa concede ao profissional residente um papel central no processo de ensino e aprendizagem, por meio da experienciação intensa e profícua do trabalho em saúde. No entanto, estudos demonstram que essa iniciativa pioneira pode ocasionar uma vivência alternada de sentimentos de satisfação e insatisfação profissional1,6. Ponderando o exposto e também o caráter inovador da recente proposta formativa, surge a necessidade de investigações que contemplem a percepção de residentes em saúde sobre os mais diversos aspectos envoltos em sua rotina9, visando subsidiar a qualidade do processo em questão.

A percepção inerente a uma determinada realidade é própria de cada indivíduo e pode ser divergente, mesmo perante a vivência de situações similares, como é o caso do cenário das residências multiprofissionais em saúde. Em contrapartida, os resultados de uma rotina considerada desgastante e que não apresente coerência com os objetivos inicialmente propostos, ocasionam prejuízos de ordem geral e interferem diretamente no processo de trabalho, formação e funcionamento dos serviços de saúde6.

Tendo em vista a importância da RMS para o país e para o desenvolvimento do SUS, torna-se imprescindível verificar a percepção de residentes acerca da necessidade de melhorias nos programas de residência multiprofissional em saúde, objeto do presente estudo.

2 MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, de caráter qualitativo, realizado em 2018, em um hospital de ensino localizado no Estado do Paraná - Brasil, que oferta dezessete programas de residência em saúde, sendo cinco multiprofissionais, dois uniprofissionais não-médicos e dez programas médicos. A

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 amostra foi composta pela totalidade de residentes do primeiro ano dos programas multiprofissionais em saúde (n=46), a saber: Intensivismo, Neonatologia, Saúde do Idoso e Reabilitação.

Os dados foram coletados por pesquisador treinado, por meio de questionário individualizado, e tiveram aporte na questão norteadora: "Em sua opinião, o que poderia ser feito para melhorar a qualidade da residência nesta instituição? Por favor, fale sobre todos os aspectos". O instrumento foi aplicado em local e horário de maior conveniência para os residentes, e foi assegurado que a pesquisa não comprometeria a sua estabilidade no programa, além do critério de voluntariedade e confidencialidade. O tempo gasto para o preenchimento do instrumento foi, em média, de 10 minutos. Os sujeitos foram também informados sobre os objetivos da pesquisa, a forma de coleta, análise e destino dos dados. Os que aquiesceram com sua participação, o fizeram mediante o preenchimento de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As informações coletadas foram submetidas à técnica da análise de conteúdo10, mediante a categorização das respostas. Considerando-se o número total de ocasiões que cada resposta foi citada, uma vez que o residente poderia fazer menção a mais de uma resposta, os dados foram descritos por meio de frequências absoluta e relativa. As respostas que não ofereceram subsídios ao objeto de estudo foram incluídas ao final de cada subcategoria, com o nome de ‘respostas sem fundamentação’.

A consistência do processo de categorização foi avaliada por pesquisador de renomada experiência em análise qualitativa e a taxa de concordância entre o padrão ouro e os demais pesquisadores foi de 89%. A divisão em categorias, subcategorias e suas definições estão expostas no capítulo dos resultados. A totalidade de citações por categorias podem ser observadas no Anexo.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com seres humanos sob parecer nº 2.461.494/2018, (CAAE: 81453417.1.0000.0105) respeitando os ditames da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, e pela direção técnica do referido hospital de ensino.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra final foi composta de 46 residentes, com média etária de 25,8 (22±46) anos, sendo 39 (85%) do sexo feminino e 07 (15%) do sexo masculino, 39 (85%) solteiros e 07 (15%) casados.

As respostas foram agrupadas em duas categorias, a saber: a prática acadêmica na residência e a prática de trabalho na residência. As tabelas 01 e 02 expõem a divisão em categorias segundo pontos de convergência, como preconizado na análise de conteúdo10, e as frequências de respostas em cada subcategoria encontrada.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 Categoria – A prática acadêmica na residência

Tabela 01. Categoria: A prática acadêmica na residência e respectivas subcategorias. 2018.

Subcategorias de respostas n %

Fomento do ensino 20 43

Organização das atividades pedagógicas 26 57

TOTAL 46 100

Subcategoria – Fomento do ensino. Esta divisão incluiu as respostas nas quais os residentes evidenciaram a necessidade de ampliação e qualificação de aulas teóricas e práticas, voltadas especificamente a cada uma das diferentes áreas de graduação e residência. Conforme excertos que seguem:

Para formação hospitalar totalmente satisfeita, falta parte clínica e aulas específicas da nossa área com o programa envolvido (R1).

Mais aulas, palestras, cursos voltados à área de formação da residência (R2).

Discussões de casos clínicos com as mais variadas áreas, incluindo profissionais médicos (R7).

Aulas realizadas durante a prática, como estudos de caso. Aulas de emergências obstétricas, pois fizemos um curso que não atingiu nossas expectativas e não foi suficiente para atuarmos em uma emergência, sendo que já ocorreram emergências durante nossas práticas (R8).

Impasses similares foram descritos em um estudo prévio (11), onde as sugestões com relação à mudança dos processos pedagógicos lideraram as respostas entre os participantes. Os relatos da carência de momentos com foco na área específica do programa de residência e profissão base dos residentes podem ser reflexo da cultura da fragmentação do cuidado, ainda presente em muitas instituições durante o processo formativo na graduação, com extensão para

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 a pós-graduação, constituindo-se, deste modo, como barreira adaptativa para a proposta das RMS, onde o foco integral e interdisciplinar arquitetam a formação12.

É importante constar que na interdisciplinaridade, o conhecimento angariado na formação base não será generalizado, pelo contrário, as especificidades e delimitações necessitam continuar tanto no campo da intervenção social, como na atuação pedagógica, quanto nas atividades de pesquisa13, o que gera dificuldade e justifica o grande valor do ensino focado nas múltiplas profissões e suas especificidades.

Subcategoria - Organização das atividades pedagógicas. Nesta divisão foram reunidas as respostas que apontaram para uma melhor organização das atividades pedagógicas, envolvendo críticas sobre processos avaliativos, cronograma de atividades, distribuição de aulas e estímulo à participação em pesquisas e eventos científicos. Como exemplos de respostas para esta divisão:

As aulas poderiam ser melhor distribuídas para não sobrecarregar o residente pelo serviço. A forma de avaliação de algumas atividades e disciplinas pode ser melhorada (R5).

Melhoria na organização no aspecto pedagógico, em "n" momentos o residente se sente desamparado (R6).

Mais incentivo à pesquisa, falta interesse por parte dos preceptores em auxiliar o residente a iniciar as pesquisas, como TCR (R10)

Não conseguimos participar de eventos (de alguns eventos), pois a preferência é dada para os funcionários enquanto residentes tem que ficar no serviço (R11).

O aprendizado na RMS não está exclusivamente atrelado a atividades práticas no serviço, mas sim, a atividades teóricas associadas por meio de momentos sob orientação de tutores e preceptores14, sendo que a agregação dessas estratégias visa provocar e promover experiências profícuas de aprendizagem. Promover o desenvolvimento harmonioso desta dinamicidade, sob uma conjuntura de diversas RMS ofertadas ao mesmo tempo, com um fluxo rotativo de residentes de forma periódica, configura-se um grande desafio imposto às instituições que se propõe a ofertar este tipo de ensino, visto o seu caráter recente de implantação em todo o Brasil2. As instituições estão vivenciando um processo de ‘learning by doing’, ou seja, ao mesmo tempo que desbravam, constroem e reconstroem por meio das experiências adquiridas, seu arcabouço formativo e estrutura pedagógica. Deste modo,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 debruçar-se sobre esta temática é de extrema valia para auxiliar no crescimento progressivo e na qualificação das RMS no país.

Deste modo, com vistas a minimizar as demandas apresentadas pelos residentes, sugere-se a inclusão de momentos destinados a debates pertinentes a cada área envolvida que propiciem reflexões sobre as atividades executadas, e educação permanente em saúde15, promovendo integrações teórico-prática11, além de, estruturar o cronograma visando promover interações dos envolvidos12 e minimizar desgastes físicos. Essas estratégias seriam respostas importantes ao exposto pelos residentes na subcategoria: ‘fomento ao ensino’.

Os residentes enfatizaram também a relevância da participação em atividades extracurriculares (eventos, cursos e pesquisas), iniciada na graduação e muitas vezes dissolvida nesta etapa formativa. O caráter complementar atrelado à participação neste tipo de atividades enriquece a formação em âmbito geral, promovendo condição diferencial, além de, incentivar a construção ativa de conhecimento, fortalecer o vínculo entre os residentes e demais atores envolvidos na RMS (tutores, preceptores, coordenadores)15.

Categoria – A prática de trabalho na residência

Subcategoria - Organização das atividades em serviço. Esta divisão incluiu respostas sobrevindas das reflexões dos residentes sobre a organização do seu processo de trabalho no hospital e de sua inquietação por uma melhor designação de sua atuação profissional.

A falta de organização em relação aos horários dos residentes. Não conseguimos organizar nossos compromissos fora do hospital, pois uma hora o serviço é das "7 às 19", outra das "8 às 20", e quando o profissional não pode assumir o plantão que era dele, "joga" o residente para assumir de última hora (R14).

Adequação entre práticas e tempo para estudo. Tempo para desenvolver atividades de reabilitação, sem estar na escala de serviço (R16)

Tabela 02. Categoria: A prática de trabalho na residência, e respectivas subcategorias. 2018.

Subcategorias de respostas N %

Organização das atividades em serviço 6 25

Relacionamento interpessoal 18 75

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761

Ter mais tempo para se dedicar a tarefas da residência como RESIDENTE e menos como FUNCIONÁRIO do hospital (R18).

A disposição das atividades no cronograma com períodos curtos de antecedência, sem pactuação prévia com os residentes, onerou insatisfação dos investigados. Os profissionais que ingressam nas RMS carregam consigo expectativas, entretanto as demandas inerentes a proposta formativa e as pessoais impedem ou dificultam as metas estipuladas, ocasionando frustração, desgastes e sobrecarga6. O planejamento repentino imposto pelas alterações requeridas em decorrência de déficits institucionais intensifica o contexto desgastante vivenciado pelos residentes6.

A repercussão da sobrecarga, demasiadas cobranças, aumento da responsabilização ao longo dos 24 meses de residência contribuem, para piora da qualidade de vida e elevação do índice de burnout14. O modelo trabalhador-aprendiz pode consolidar-se como gerador de

tensão16, responsável por depravação da saúde geral do residente, interferência negativa no

aperfeiçoamento profissional e nos serviços em saúde prestados. A exposição contínua a situações negativas desgasta a saúde geral dos residentes, interfere no potencial profissional, e consequentemente desestimula a continuação na RMS12.

A associação do residente como um profissional utilizado para suprir a carência ou ausência de profissionais na rede de saúde corrobora com o exposto na literatura17. Este fato

pode ser decorrente do baixo entendimento de alguns sujeitos acerca do papel do residente na instituição de ensino e a demanda reprimida de profissionais da saúde nas instituições públicas de saúde17.

Subcategoria – Relacionamento interpessoal. Esta divisão contém respostas que evidenciam o desejo dos residentes por melhorias na relação com tutores e preceptores e suas considerações quanto ao papel deste profissional em sua formação na residência.

Deveriam preparar os preceptores, capacitá-los, pois alguns não ensinam e não se dispõe a ensinar. Alguns não têm experiência e nem conhecimento na área (R22).

Melhorar a escolha dos preceptores e fazer capacitação sobre: O QUE É ser um preceptor?(R23).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761

Na farmácia temos apenas uma farmacêutica que faz avaliação, e como podemos ter problemas de relacionamento especialmente com esta pessoa, a avaliação pode ser feita de forma injusta, prejudicando os residentes (R24).

A insuficiência de informações sobre a RMS gera confusão entre a legítima definição de residente, preceptor, tutor, e a real ocupação17, condições destacadas em ambas as subcategorias da prática de trabalho na residência. Como ferramentas para superar as barreiras supracitadas e favorecer o reconhecimento das diversas designações profissionais existentes no universo das RMS, bem como, potencializar os objetivos da proposta formativa, é de fundamental importância a implantação de cursos de capacitação para preceptoria ou inserção dos preceptores na construção dos processos formativos, considerando a demanda frequente de conhecimento17. Qualificar os profissionais para atuação, pautando-se na comunicação e cooperação entre os envolvidos, visando contribuir para um espaço potencial para aprendizado coletivo e soluções eficientes17 configura-se também estratégia promissora.

Tem-se conhecimento que profissionais preparados atuantes nos serviços constituem-se disconstituem-seminadores de informações, imponente aspecto para compreensão e aceitabilidade das RMS na rede de saúde17, além de impulsionar as relações humanas e o processo de trabalho. Neste sentido, torna-se indispensável o envolvimento mútuo para solucionar os impasses evidenciados pelos residentes investigados pelo presente estudo. Compreende-se que as relações interpessoais são processos graduais e progressivos que se pautam na confiança e conhecimento, e que delas depreende o bom desenvolvimento das RMS18.

Vale ressaltar que com as RMS têm-se melhorias e qualificação na atenção à saúde em diversos cenários do SUS, gerando beneficiamento mútuo aos profissionais, pacientes, instituições e ao sistema de saúde2. Dessa forma, intensifica-se a necessidade de intervenções

corretivas, conforme exposto, buscando a excelência da proposta formativa. A articulação de ensino e aprendizagem por meio da vivência no serviço possibilita ao residente uma imersão nos locais de produção do cuidado e deposita nos profissionais o exercício contínuo de análise do sentido das práticas, possibilitando o estabelecimento de ações questionadoras e de ressignificação, fundamentando a aprendizagem19.

As percepções dos residentes apresentadas neste estudo não desfavorecem as RMS na instituição investigada, pelo contrário, demonstram a constante busca por melhorias e preservação de sua qualidade, considerando a importância de todos os envolvidos no processo de formação, e pleiteando o seu potencial máximo.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23144-23155 nov. 2019 ISSN 2525-8761 3.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Destaca-se como limitação do presente estudo a representatividade da amostra, procedente de um único hospital de ensino e a sua seletividade, por conveniência. No entanto, estudos qualitativos assumem este tipo de característica e não perdem seu caráter de importância, uma vez que buscam em sua análise elucidar em profundidade os aspectos inerentes ao objeto de investigação, requerendo, para tanto, grupos homogêneos e representativos qualitativamente ao contexto sob investigação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O levantamento das demandas provindas dos residentes multiprofissionais em saúde evidenciou dificuldades com relação à prática acadêmica, organização pedagógica e relacionamentos interpessoais. As questões apontadas podem amparar planejamentos e estratégias a serem desempenhados com o objetivo de preservar a qualidade da oferta das RMS na instituição em questão e em segmentos afins.

REFERÊNCIAS

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Tabela 01. Categoria: A prática acadêmica na residência e respectivas subcategorias. 2018
Tabela 02. Categoria: A prática de trabalho na residência, e respectivas subcategorias

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