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(Re)construindo vidas: integração de refugiados em Portugal

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Academic year: 2020

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DECLARAÇÃO

Nome:

Susana Gonçalves Gomes

Endereço eletrónico: susanaggomes@hotmail.com

Número do Cartão de Cidadão: 14377383

Título do Relatório de Estágio:

(Re)Construindo vidas: integração de refugiados em Portugal Orientador(es):

Prof. Doutora Maria Clara Faria Costa Oliveira Ano de conclusão: 2018

Designação do Mestrado:

Mestrado em Educação – Área de Especialização Educação de Adultos e Intervenção Comunitária

1. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE RELATÓRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

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iii

Agradecimentos

A concretização deste trabalho foi, em grande medida, influenciada pelo apoio que me foi dado por pessoas que têm um valor imensurável na minha vida e que foram fundamentais nesta caminhada.

Deste modo, agradeço:

À Prof. Doutora Clara Costa Oliveira, orientadora de estágio, que o foi no verdadeiro sentido da palavra, por toda a disponibilidade, apoio e compreensão demonstrados ao longo de todo o percurso, nem sempre fácil e que seria bem mais difícil sem todas as palavras de incentivo e confiança.

À Dr.ª Helena Pina Vaz, acompanhante de estágio, por toda a dedicação, prontidão, apoio e disponibilidade mesmo fora de horas.

Ao Público-alvo que me recebeu de braços abertos e que, ao longo de nove meses, foram meus companheiros de aprendizagem.

Aos meus pais e à minha irmã por serem sempre o meu porto de abrigo e acreditarem incondicionalmente em mim, quando eu própria duvidava.

Aos meus avós por todas as palavras e por me terem feito crescer, mesmo nos momentos menos bons.

Ao meu namorado, por ser o amigo de todas as horas, por todos os desabafos, momentos de companheirismo e pela partilha de muitos momentos de tanta alegria.

À Dr.ª Lillian Reis e ao Dr. º Manuel Reis por toda a disponibilidade e amabilidade demonstrada no decorrer do projeto.

À Ângela, à Marta e a Sarah pela partilha de tantos momentos que foram, ao longo desta caminhada, a lufada de ar fresco de que tanto precisava.

À Catarina Nogueira e á Ana Oliveira pela amizade de toda a vida que sempre superou todas as distâncias com o mesmo carinho.

À Maria João por ser a minha companheira ao longo de todo o projeto.

E a todos os meus amigos que, apesar de não poder nomear cada um, são a luz que me ajuda a ver os dias mais coloridos.

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(Re)Construindo Vidas: integração de refugiados em Portugal. Susana Gonçalves Gomes

Relatório de Estágio

Mestrado em Educação – Educação de Adultos e Intervenção Comunitária Universidade do Minho

2018

Resumo

A migração sempre ocorreu ao longo da história. As pessoas que tentam chegar às costas da Europa, fazem-no por diferentes motivos e utilizam os mais diversos meios para o fazer de forma legal, mas quando isso não é possível, encontram-se igualmente dispostas a arriscar a vida, para fugir à repressão política, à guerra e à pobreza, ou para se juntarem às suas famílias à procura de melhores condições de vida.

É neste contexto, que surge este projeto –(Re)Construindo vidas: integração de refugiados em Portugal, no qual se trabalhou com famílias refugiadas acolhidas na cidade de Braga, com a finalidade de promover a sua integração numa nova sociedade.

Este projeto tem como finalidade, promover a integração de famílias de refugiados, numa nova sociedade, com base nos seguintes objetivos gerais: Integrar os participantes na sociedade; Desenvolver competências sociais, culturais e pessoais nos participantes; Potenciar o desenvolvimento integral dos participantes; Promover o interesse pela história; Estimular nos participantes a curiosidade pelas ações de sensibilização; e Promover uma integração ativa e emancipatória dos participantes.

Para isso, o projeto desenvolveu-se em três fases: fase de diagnóstico, onde se percebe quais os interesses e necessidades do público-alvo, posteriormente existe a fase de implementação do projeto de acordo com o diagnóstico de necessidades realizado, e por fim a fase de avaliação, onde se percebe o impacto e os resultados obtidos com a implementação do projeto, onde é possível verificar o cumprimento dos objetivos propostos na fase inicial deste projeto. A dimensão bibliográfica ocupa também um papel importante, pois foi o grande suporte deste projeto relativamente à sua atuação no terreno.

Palavras-chave: Migração; Integração; Refugiados; Educação de adultos; Intervenção comunitária

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(Re)Constructing lives: integration of refugees in Portugal. Susana Gonçalves Gomes

Training Report

Master’s Degree in Education ‒ Adult Education and Community Intervention Minho University

2018

Abstract

Migration has always occurred throughout history. People that try to arrive on Europe’s coast, do it for different motives and use diverse legal means, though, when that is not possible, they find themselves also ready to risk their lives, in order to flee from political repression, war and poverty, or to join their families in attempting to find more favourable conditions of life.

It is in this context, that this project appears ‒(Re)Constructing lives: integration of refugees in Portugal, in which work was done with families of refugees, welcomed into the city of Braga, with the intention of promoting their integration in a new society.

This project has as a goal the encouragement of integrating these refugee families, in a new society, based on the following general objectives: integration of the participants in the community; Development of social, Cultural and personal competences of the participants; Enabling the total development of the participants; Promoting interest in history; Stimulating the participants’ curiosity in the actions of sensitization; and Promoting active and emancipatory integration of the participants.

Therefore, the project developed into three phases: diagnostic phase, when one understands what the interests and needs of the targeted public are, later, the phase of the implementation of the project in accordance with the diagnosis of needs realized, and finally the evaluation phase, when one understands the impact and result obtained with the implementation of the project, where it is possible to verify the fulfilment of the objectives proposed in the initial phase of this project. The bibliographic dimension also occupies an important role, since it was the great pillar of this project in relation to the performance in the field.

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ix Índice:

Agradecimentos ... iii

Resumo ... v

Abstract ... vii

Índice de Gráficos ... xii

Índice de Tabelas ... xii

Índice de siglas/abreviaturas ... xiii

1. Introdução ... 1

2. Enquadramento Contextual do Estágio ... 3

2.1. Caracterização da Instituição de estágio ... 3

2.1.1. Caracterização do público-alvo ... 10

2.2. Apresentação da problemática de intervenção do estágio ... 11

2.2.1. Identificação e justificação da pertinência desta intervenção no âmbito da área de especialização do mestrado ... 11

2.2.2. Finalidade do Projeto ... 12

2.2.3. Objetivos Gerais: ... 12

2.2.4. Objetivos Específicos: ... 13

2.3. Diagnóstico de necessidades/interesses... 13

3. Enquadramento Teórico da Problemática do Estágio ... 15

3.1. Referência a investigações/intervenções sobre a problemática do estágio ... 15

Projeto “Família do Lado 2017” ... 15

Projeto “Integration Game” ... 16

Projeto “Começar de Novo: Apoio à Autonomização de Refugiados” ... 17

Projeto “Português Integra Mais” ... 19

Projeto “PARTIS - Refúgio e Teatro: dormem mil gestos nos meus dedos” ... 20

Projeto “O acolhimento e a inserção de refugiados em Portugal: procedimentos e práticas de intervenção” ... 21

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x

Projeto “Políticas de acolhimento de refugiados recolocados em Portugal” ... 22

Projeto “How Solidarity Influences Political Actors to Manage the Refugee Crisis: The Case of Proactiva Open Arms” ... 23

3.2. Correntes teóricas ... 23

A guerra na Síria ... 23

A crise dos refugiados ... 26

Migração ... 28

Conceito de refugiado ... 30

Acolhimento de refugiados em Portugal ... 31

Integração de refugiados em Portugal ... 32

3.3. Contributos teóricos ... 33

Educação de Adultos ... 33

Intervenção Comunitária ... 36

Animação Sociocultural ... 40

Integração Social ... 41

Educação ao longo da vida ... 42

4. Enquadramento Metodológico do Estágio ... 45

4.1. Apresentação e fundamentação da metodologia de intervenção/investigação a adotar ……….45

4.1.1. Metodologia de intervenção/ investigação………..46

4.1.2. Métodos e técnicas de investigação………...48

4.1.3. Métodos e técnicas de intervenção………..50

4.2. Recursos mobilizados... 52

4.2.1. Limitações do Processo……….56

5. Apresentação e Discussão do Processo de Intervenção/Investigação ... 57

5.1. Apresentação e descrição das atividades de estágio... 57

(12)

xi

Oficina das Artes Plásticas ... 59

Oficina da Linguagem ... 62

Oficina das Visitas ... 64

Oficina dos Jogos tradicionais ... 68

Atividades extraplano ... 72

5.2. Evidenciação de resultados de avaliação ... 78

5.3. Discussão dos resultados de avaliação ... 89

6. Considerações Finais ... 93

7. Bibliografia Referenciada... 97

APÊNDICES ... 102

Apêndice I – Questionário de avaliação de necessidades adultos ... 102

Apêndice II – Questionário de avaliação de necessidades crianças ... 107

Apêndice III – Gráficos dos dados da caracterização do público-alvo - Adultos .. 108

Apêndice IV – Gráficos dos dados da caracterização do público-alvo- Crianças . 120 Apêndice V– Exemplo de atividade de aplicação de conhecimentos “Oficina da linguagem” ... 122

Apêndice VI – Exemplo de atividade de aplicação de conhecimentos sobre as visitas... 123

Apêndice VII – Exemplo de preparação de atividade para pausa letiva do CLIB -Férias da Páscoa ………..124

Apêndice VIII – Exemplos de atividades de pintura ... 125

Apêndice IX – Inquérito de avaliação ... 126

Apêndice X– Excerto do diário de bordo ... 127

ANEXOS ... 129

Anexo I –Entrevista Jornal Diário do Minho ... 130

Anexo III – Formação da estagiária ... 131

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xii Índice de Gráficos

Gráfico 1- Sentiu que esta atividade foi útil? ... 78

Gráfico 2 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 78

Gráfico 3 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 79

Gráfico 4 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 79

Gráfico 5 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 80

Gráfico 6 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 80

Gráfico 7- Sentiu que esta atividade foi útil? ... 81

Gráfico 8 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 81

Gráfico 9 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 82

Gráfico 10 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 82

Gráfico 11 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 83

Gráfico 12 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 83

Gráfico 13 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 84

Gráfico 14 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 84

Gráfico 15 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 85

Gráfico 16 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 85

Gráfico 17 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 86

Gráfico 18 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 86

Gráfico 19 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 87

Gráfico 20 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 87

Gráfico 21 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 88

Gráfico 22 - Sentiu que esta atividade foi útil? ... 88

Índice de Tabelas Tabela 1 ... 9

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xiii Índice de siglas/abreviaturas

ACM - Alto Comissariado das Migrações

ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

APCEP - Associação Portuguesa para a Cultura e Educação Permanente CAR - Centro de Acolhimento para Refugiados

CLIB - Colégio Luso Internacional de Braga CP - Comboios de Portugal

CPR - Centro Português para os Refugiados

DGERT - Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho ECRE - Eurpean Council of Refugees and Exiles

ELS - Exército de Libertação Síria

ESAA - Erasmus Student Alumni Association FAMI - Fundo Asilo, Migração e Integração

IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social

ISCTE-IUL - Instituto Universitário de Lisboa

JRS - Serviço Jesuíta aos Refugiados

ODM - Objetivos de Desenvolvimento do Milénio ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONG - Organização não-governamental

ONU - Organização das Nações Unidas PAR - Plataforma de Apoio ao Refugiado

PARTIS - Práticas Artísticas para Integração Social SDN - Sociedade das Nações

SEF - Serviço de Estrangeiros e Fronteiras U.E. - União Europeia

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1 1. Introdução

O presente projeto de intervenção, realizou-se no âmbito do 2º ano do Mestrado em Educação – Área de Especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária no CLIB – Colégio Luso Internacional de Braga em Parceria com a PAR – Plataforma de Apoio ao Refugiado, com duas famílias de Refugiados acolhidas na cidade de Braga, em que a finalidade passou por promover a integração destas famílias numa nova sociedade.

Neste sentido, o projeto intitula-se (Re)Construindo vidas: integração de refugiados em Portugal foi desenhado para integrar famílias que se vêm forçadas a fugir do seu país à procura de melhores condições de vida.

A área de intervenção selecionada deve-se essencialmente ao facto de considerar este tema bastante interessante e atual. Desde os tempos mais remotos, a história da humanidade tem encontrado registo de situações relacionadas com o deslocamento de populações ou de grupos individualizados que procuram refúgio e ajuda noutro país ou região.

Ao longo do tempo, este contingente humano tem vivenciado situações dramáticas, cujas necessidades se tornam mais urgentes e de grande complexidade, pelo desrespeito à dignidade humana e pela crescente violência na sua contenção, apesar da sua condição de extrema vulnerabilidade1, sendo certo que qualquer questão relacionada com os refugiados se

traduz num grande desafio (Silva, 2012).

Portugal é um dos 144 países signatários da convenção das Nações Unidas sobre o estatuto dos refugiados, nenhum destes países deve devolver um refugiado ao seu país de origem se o mesmo for alvo de perseguição.

Apesar de não ser um dos países com mais pedidos de asilo, Portugal tem ao logo dos tempos acolhido refugiados de várias partes do mundo, já recebeu cerca 1520 cidadãos refugiados de acordo com o relatório divulgado pela ACM em dezembro de 2017 (ACM, 2017, p.5).

Relativamente à organização deste relatório, apresenta-se dividido em cinco pontos. No primeiro ponto consta o enquadramento contextual, em que se menciona a caracterização do contexto onde se desenvolve a intervenção, e a caracterização do público-alvo do projeto. No mesmo ponto é exibida a problemática de intervenção do estágio, o diagnóstico de necessidades realizado e a identificação e justificação da pertinência de intervenção no âmbito da área de

1De acordo com os últimos dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, 51% da população de refugiados no mundo é

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especialização do mestrado, onde constam a finalidade da intervenção, bem como os objetivos gerais e específicos da mesma.

No que diz respeito ao segundo ponto do presente relatório, aborda-se o enquadramento teórico em que são apresentadas outras investigações e experiências importantes para o trabalho desenvolvido, sendo também exploradas as correntes teóricas que sustentam o projeto, tais como: a crise dos refugiados, a migração, o conceito de refugiado, o acolhimento de refugiados em Portugal, a intervenção comunitária, a animação sociocultural, a integração social e a educação ao longo da vida.

No terceiro ponto, trata-se o enquadramento metodológico onde se explora o paradigma qualitativo, a metodologia da investigação-ação, os métodos e técnicas de investigação e intervenção, e ainda os recursos mobilizados e limitações de todo o processo.

Relativamente ao quarto ponto, ele refere-se à apresentação e discussão de todo o processo de investigação e intervenção, que agrega as diferentes fases da intervenção realizada, a descrição de todas as atividades realizadas, a avaliação e evidenciação dos resultados obtidos, mas também a discussão e reflexão sobre os resultados através da avaliação realizada às mesmas e sua comparação com estudos mencionados anteriormente.

Por último, no quinto ponto abordam-se as considerações finais, neste ponto é feita uma análise crítica do projeto desenvolvido e do seu impacto no público-alvo, assim como a nível pessoal.

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3 2. Enquadramento Contextual do Estágio

2.1. Caracterização da Instituição de estágio

Este projeto foi desenvolvido com duas famílias de refugiados sírios acolhidos em Portugal no ano 20l7; Para este efeito conta com a intervenção de uma organização da sociedade civil, a PAR (Plataforma de Apoio ao Refugiado) em parceria com uma instituição física, o CLIB (Colégio luso Internacional de Braga), pois é obrigatório no decorrer do projeto a existência de uma instituição física para desenvolver as atividades realizadas com o público - alvo em questão. Assim, o CLIB (Colégio luso Internacional de Braga) assumiu a responsabilidade relativamente às famílias em parceria com a PAR (Plataforma de Apoio ao Refugiado), estando neste momento a acolher os filhos das famílias envolvidas neste projeto.

CLIB - Colégio Luso Internacional de Braga

O Colégio Luso Internacional de Braga é um estabelecimento de ensino privado sediado em Braga desde 1999, este acolhe crianças dos 3 aos 18anos de idade, e tem capacidade para 375 alunos (15 turmas de 25 alunos). Quanto às suas instalações conta com:

• 1 Cantina;

• 1 Biblioteca/ Sala de estudo; • 1 Sala de Artes;

• 19 Salas de Aula; • 2 Laboratórios; • 1 Pavilhão desportivo; • 1 Campo de jogos exterior;

Esta instituição foi concebida para conceber a todos os seus alunos um plano de estudos de cariz transacional, exigente, moderno, aberto a desenvolver competências novas no âmbito da tecnologia, mas acima de tudo, centrado no aluno enquanto pessoa.

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Assim, o CLIB oferece aos seus alunos condições para serem cidadãos literatos, competentes, educados e multifacetados para assim enfrentar os desafios de um mundo complexo, interdependente e pluralista.

Para alcançar esses objetivos o CLIB elabora um regulamento interno, que visa sobretudo desenvolver no aluno o sentido de responsabilidade, assiduidade e integração dos mesmos na comunidade escolar, proporcionando-lhes a aquisição de novas competências e novos saberes (DI, 2017).

Missão

O CLIB tem como missão desenvolver nos seus alunos:

• A capacidade de razoar bem e eticamente;

• A flexibilidade para se ajustarem a uma realidade em mudança constante; • A força moral para resistirem à eclosão de desconhecidos novos e formidáveis;

• A sensibilidade para compreenderem a fragilidade do nosso ambiente e a qualidade delicada do trabalho humano;

• O saber que lhes permita gerir, com vantagem pessoal e para o maior bem comum, a proliferação dos novos meios de comunicação e a sua complexidade inerente;

• O amor e fé na humanidade indispensáveis à vida num mundo pequeno e diverso. Contudo, estas aprendizagens só serão possíveis num ambiente onde haja uma comunidade democrática, justa e libertadora. O colégio reconhece que a realidade é o contexto natural das aprendizagens da criança, logo o mesmo não deve ser excessivamente infantilizado.

Quanto ao programa de estudos, este reforça todas estas vertentes através de projetos de investigação, trabalhos temáticos e outros meios que lhe sejam disponibilizados.

Por isso, os conteúdos programáticos devem derivar e ser processados num contexto tão próximo da perceção da realidade quanto possível. Acreditam que as crianças são seres dotados de uma capacidade inata para aprender, de um espírito criativo e da capacidade para agir de forma responsável.

Afirmam a natureza holística do conhecimento e a interligação de todos os empreendimentos humanos. O programa de estudos reforça estas noções através de projetos integrados de investigação, de trabalho temático, e de outros meios disponíveis. Estando

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conscientes que levam seriamente em consideração, que o sistema mais alargado de educação valida o progresso dos alunos de acordo com a segmentação tradicional de conhecimento em disciplinas (DI, 2017).

O Colégio Luso-Internacional de Braga (CLIB) procura assim concentrar o seu projeto educativo nos meios pedagógicos mais eficientes com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento educacional dos seus alunos e fomentar nos mesmos:

• A aptidão de raciocinar bem e eticamente;

• A capacidade de pensar criticamente e de resolver problemas com eficiência; • A flexibilidade de ajustamento a uma realidade em mudança constante; • A coragem para enfrentar situações desconhecidas e intimidantes;

• A sensibilidade para compreender a fragilidade do nosso contexto ambiental;

• A competência para gerir a proliferação e inerente complexidade dos meios de

comunicação;

• A solidariedade e a fé na humanidade tão indispensáveis à vida num mundo pequeno e

pluralista.

Um projeto desta natureza implica, necessariamente, que se pense com seriedade sobre educação alargada, para dar resposta às seguintes questões:

• O que entendemos por princípios básicos da educação?

• O que queremos e podemos transmitir aos alunos que frequentam este Colégio? • O que queremos e podemos transmitir às famílias dos nossos alunos?

Princípios básicos

É objetivo da instituição, enquanto educadores e responsáveis por este projeto educativo, orientar a intervenção de acordo com os seguintes princípios básicos:

1. Educar é guiar na construção de uma personalidade humana forte, capaz de enfrentar inúmeros desafios da sociedade contemporânea.

2. Os Pais são os principais responsáveis pela educação dos seus filhos e podem desempenhar, como o comprovam inúmeras pesquisas realizadas por todo o mundo, um papel muito importante no sucesso escolar dos filhos.

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3. Conscientes dos desafios que se colocam às Famílias, por um lado, e fazendo questão de as considerar como parceiros educativos, por outro, é intenção do colégio não descuidar a formação dos Pais, em matérias de reconhecida atualidade e pertinência, como sejam os princípios éticos, a necessidade de facultar aos filhos um bom ambiente familiar e de os respeitar como pessoas livres e dotadas de vontade, a necessidade de lhes incutir atitudes de defesa e intervenção contra alguns dos problemas da sociedade atual.

4. Este Colégio veio preencher uma lacuna educacional na área geográfica que abrange, apresentando-se como uma Escola Internacional que tem o português e o inglês como línguas veiculares, o sistema educacional britânico como modelo base e cobrindo todos os escalões etários desde o nível pré-escolar (3-4 anos de idade) até ao ingresso no ensino superior (DI,2017).

Estando conscientes de que, desde o início da escolaridade, as crianças passam a maior parte do dia nos estabelecimentos de ensino, o colégio não pode, nem quer, deixar de trabalhar em estreita cooperação com os pais e compromete-se a assumir responsabilidades ao nível das seguintes funções básicas em matéria de educação:

1. Pessoal: oferecendo uma educação personalizada e completa que desenvolva na criança competências como a disciplina, a perseverança, a autoconfiança, o espírito de verdade, o espírito de fortaleza, o espírito de serviço, a capacidade de decidir livremente, com justiça e sentido de responsabilidade;

2. Social: incentivando o respeito pela diferença, a compreensão pela diversidade cultural e a solidariedade para com os mais desfavorecidos social e economicamente; investindo nos valores, na tolerância, no respeito pelo outro, na disponibilidade para estar ao serviço da sociedade.

3. Cívica: privilegiando estratégias que formem os alunos para o exercício da cidadania, conscientes de que a sociedade atual exige, cada vez mais, a capacidade de conviver com diferentes formas de estar na vida, sem abrir brechas no projeto de vida individual: a unidade para além das divisões;

4. Profissional: a crescente globalização cultural a que se assiste atualmente, nomeadamente na sequência da adesão de Portugal à União Europeia, necessidade de mobilidade geográfica para quem prossegue uma carreira profissional, e naturalmente para a sua Família, criaram novas necessidades educacionais, quer para as crianças

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que já viviam nesta região, quer para as que agora aqui chegam vindas de outros países;

5. Cultural: respeitando o conteúdo espiritual e cultural da educação que as Famílias escolheram para os seus filhos;

6. De suplência da família: propondo aos pais um programa de ocupação de tempos livres com atividades extracurriculares que, complementando o currículo formal, promovam um desenvolvimento equilibrado das crianças.

Princípios pedagógicos

O Colégio Luso Internacional de Braga baseia-se em oito princípios pedagógicos fundamentais:

1. Excelência académica: a obtenção dos mais elevados padrões académicos, através de um currículo completo e integrado que premeie, tanto o desempenho individual, como as realizações em equipa;

2. Aprender a aprender: o nível de conhecimentos desenvolve-se, hoje em dia, a tal ritmo que se torna praticamente inviável qualquer visão enciclopédica da educação. Ao valorizar o “como aprender”, o nosso objetivo é preparar os alunos para uma vida inteira de permanente aprendizagem e constante desenvolvimento das suas capacidades; 3. Aprendizagem em equipa: o programa de estudos do Colégio baseia-se na premissa

de que os alunos podem e devem aprender uns com os outros, assumindo eles próprios a maior parte da responsabilidade pela sua própria educação;

4. Diversão e educação transcultural: o conceito de pessoa como um ser único e as transformações resultantes dos processos globalizantes implicam a estruturação de um processo de aprendizagem que privilegie a afirmação da singularidade cultural de cada aluno e o estudo das diversas formas por que se exprime a vida humana;

5. Desenvolvimento ético e moral: o desenvolvimento integral dos alunos exige uma educação ética e moral sólida e dinâmica. A absorção de códigos estandardizados de comportamento não é suficiente; é necessário que cada aluno aprenda a razoar e a decidir ética e moralmente;

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6. Interesses e necessidades individuais: as metodologias têm em consideração a individualidade do aluno. A realização prática deste conceito assenta na interação aluno-educadores;

7. Tomada de decisões participada: a gestão do Colégio baseia-se num modelo democrático de tomada de decisões. O Colégio reconhece o papel fundamental dos pais, professores e alunos, no desenvolvimento do processo educativo;

8. As expressões artísticas: as expressões artísticas são essenciais para uma compreensão integral da nossa natureza como seres humanos e como membros de grupos culturais. Pretende-se contribuir para o desenvolvimento de uma nova compreensão das artes, em geral, e das artes visuais, em particular, através da criação artística, da estética, da história da arte e da crítica.

Para ocupar dos tempos livres, o colégio conta com os CLIBclubs. Este programa de prolongamento escolar é facultativo e funciona a partir das 16 horas. Relativamente às atividades que ocorrem fora da instituição, a mesma assegura o transporte e acompanhamento da criança.

De acordo com o (DI, 2017), os Clubes funcionam como um programa autónomo dirigido pelo seu próprio coordenador que, em contacto diário com os outros professores, assegura a ligação curricular com todos os programas do colégio. Deste modo, os CLIBclubs incluem as seguintes componentes:

• Desportos/atividades recreativas (Natação, Ténis, Karaté, Hipismo, Jogos Diversos); • Artes (Ateliers de Atividades Criativas, Dança Criativa, Ballet, Música e Movimento, Artes

Dramáticas);

• Música (Guitarra, Órgão, Clarinete, Violino, Educação Musical, Coro);

• Enriquecimento académico (Estudo Supervisionado, Programas de Incentivos nas diferentes áreas de conhecimento, Computadores, Outras Línguas);

• Formação religiosa (destinada à comunidade católica que frequenta o CLIB). PAR – Plataforma de Apoio ao Refugiado

A PAR surge como plataforma de organizações da sociedade civil porque:

• Está em curso a maior crise de refugiados desde a IIº Guerra, situação de uma enorme complexidade, para a qual não existe uma resposta simples, nem uma solução isenta de riscos/efeitos perversos.

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• Há a noção da urgência da ação humanitária, que pede uma resposta imediata de acolhimento, sem ignorar as intervenções com impacto a médio-longo prazo, como a estabilização política, económica e social das zonas de crise.

• Coloca-se o desafio de uma resposta europeia solidária e eficaz que evite os egoísmos nacionais, que não aumente a xenofobia e que seja útil.

• Portugal está – por enquanto – afastado do centro do problema, podendo ter a tentação de o “ignorar“. Deve ser, no entanto, solidário com os restantes países europeus na gestão desta crise humanitária.

• Existem instituições da sociedade civil com vontade, disponibilidade e experiência no acolhimento de refugiados que, através de um modelo colaborativo e articulado, poderiam dar um contributo para este desafio, em complementaridade com a ação do Estado.

Neste sentido, podemos afirmar que a PAR é um projeto de acolhimento e integração de famílias em Portugal, em contexto comunitário, disperso pelo país, com o envolvimento de instituições locais (IPSS, Autarquias, Associações, Instituições Religiosas e Escolas) que assumam essa responsabilidade face a uma família concreta, atuando em dois eixos de ação:

Projeto PAR Famílias

Projeto PAR linha da Frente

Criação de um projeto de acolhimento e integração de crianças refugiadas e suas famílias em Portugal, em contexto comunitário, com o envolvimento de instituições locais (autarquias, IPSS, associações, instituições Religiosas, e escolas) que assumam essa responsabilidade face a uma família concreta

Apoio aos refugiados nos países de origem ou vizinhos, através do trabalho da Cáritas e do JRS, recolhendo fundos para apoio ao trabalho local com população em risco (deslocados internos) e refugiados, permitindo-lhes viver com mais dignidade e segurança

Tabela 1

Considera-se, para a presente iniciativa, um conceito abrangente de “refugiado”, onde se incluem também pessoas em busca de proteção humanitária, provenientes de países em crise/ guerra, nomeadamente da Síria. Neste sentido, a PAR promove o acolhimento de famílias por

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instituições. Esta opção prende-se com a complexidade e exigência deste acolhimento, que implica respostas em todas as vertentes como o alojamento, a alimentação adequada, o apoio de saúde, a educação, a aprendizagem do português e a ajuda na integração laboral dos adultos que compuserem o agregado. Não está considerado, por isso, o acolhimento em contexto doméstico.

Assim, a instituição que assume a responsabilidade de uma determinada família (Instituição/Família) assegura que a mesma terá um acompanhamento durante todo o processo de acolhimento e integração ao longo de um ano, com um 2º ano de redução gradual de apoio, face à sua desejada autonomização progressiva, acolhimento e integração tendo em vista a autonomia – integração dos adultos no mercado de trabalho e das crianças na escola, apoio na aprendizagem de português, na integração na escola da(s) criança(s), no acesso à saúde, na integração no mercado de trabalho.

Para fazer fase a estes objetivos, a PAR conta com um secretariado executivo que receberá as propostas de instituições anfitriãs e as candidaturas de famílias, fará o encontro do par “instituição/família” e acompanhará posteriormente a instituição anfitriã no que necessitar, nomeadamente em termos de apoio técnico. É ainda de realçar que a PAR segue assim um modelo onde não há centros de refugiados. “É um modelo de integração comunitária”, em que a instituição anfitriã assume a responsabilidade de organizar o apoio à família de refugiados. E tem que dar resposta a seis objetivos: o alojamento autónomo, a alimentação e vestuário enquanto a família não for autónoma, apoio no acesso das crianças à educação, e na procura de e na aprendizagem do português.

2.1.1. Caracterização do público-alvo

Após o tratamento dos dados recolhidos relativos aos inquéritos por questionário de diagnóstico de necessidades (apêndice I), foi possível obter um conjunto de informações relativas ao público-alvo (apêndice II) deste projeto de intervenção, que permitiram reunir um maior conhecimento acerca do mesmo.

Neste sentido, o público-alvo deste projeto é composto por nove elementos, três do sexo masculino e seis do sexo feminino, com idades compreendidas entre os cinco e os trinta e cinco anos, sendo que os seis anos é a idade predominante. Relativamente ao estado civil, quadro dos participantes são casados legalmente.

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Neste projeto participaram duas famílias, ambas com filhos, todos nascidos na Síria, com a exceção de uma menina que nasceu em Portugal no decorrer desta intervenção. Nenhum dos participantes possui qualquer tipo de deficiência, podendo assim afirmar que são saudáveis.

No que diz respeito às habilitações académicas, foi possível verificar que são minimamente alfabetizados, possuindo o ensino básico em termos escolares, relativamente às profissões exercidas, na síria só os elementos do sexo masculino trabalhavam, pois, a cultura não permite que o sexo feminino trabalhe. Assim um dos elementos tinha apenas um emprego, como engomador e o outro tinha três empregos em simultâneo, como operário fabril, vendedor de rua e construtor civil.

Atualmente as esposas encontram-se desempregadas. Relativamente aos elementos do sexo masculino encontram-se ocupados, um como como empregado fabril e outro como agricultor numa estufa.

Quanto à naturalidade dos inquiridos, nasceram todos na Síria, tendo fugido do seu país de origem, por razões políticas e à procura de melhores condições de vida. Relativamente percurso de fuga, é semelhante em ambas as famílias, apenas difere o tempo de permanência nos países por onde passaram: Síria- Turquia- Grécia- Portugal, toda a travessia foi feita através da via marítima.

Atualmente os elementos encontram-se em Portugal por opção de escolha, sendo que a primeira família chegou em maio de 2017 e a segunda em setembro de 2017. Recebem ajudas financeiras da segurança social e da instituição que os acolhe dentro dos paramentos estabelecidos no protocolo celebrado entre a intuição e a PAR.

Por fim, as maiores dificuldades que encontraram ao chegar a Portugal foram: a perceção da língua, arranjar emprego, os costumes diferentes e a dificuldade em fazer amigos.

2.2. Apresentação da problemática de intervenção do estágio

2.2.1. Identificação e justificação da pertinência desta intervenção no âmbito da área de especialização do mestrado

O presente projeto – (Re)Construindo vidas: integração de refugiados em Portugal é um projeto com famílias refugiadas acolhidas na cidade de Braga – trabalhou a problemática da integração destas famílias na sociedade, tendo sido desenvolvido com nove elementos numa instituição anfitriã da cidade de Braga.

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Como sabemos este público já representa uma parcela considerável da população mundial, pelo que se considerou fundamental trabalhar no sentido de alertar para a importância de acolher e integrar esta população na nossa sociedade.

No entanto, a realidade atual prova-nos que ainda há uma visão muito redutora e discriminatória relativamente a esta problemática, pois considera-se que este tipo de população não trás com ela nada de bom para oferecer à nossa sociedade.

Assim, o presente projeto surge para contrariar esta atitude, sendo que com ele pretendemos revelar a importância da integração na sociedade para o alcance de um mundo melhor.

Neste sentido, pretende-se trabalhar temas diferenciados que possibilitem a mudança no sentido de obter um impacto positivo na nossa sociedade, como a aprendizagem da língua portuguesa, a integração no mercado de trabalho bem como o desenvolvimento de competências não formais.

No que diz respeito à pertinência destes temas no contexto e no público com que se desenvolve o estágio, parece-nos que trabalhar a linguagem pode ajudar ao nível da comunicação e da compreensão. A integração no mercado de trabalho faz com que estes se mantenham cidadãos ativos e não estejam a viver apenas dos apoios que lhes são atribuídos. As competências não - formais ajudam a manter os elementos de sexo feminino ocupados em casa, uma vez que ainda não exercem funções laborais.

2.2.2. Finalidade do Projeto

A finalidade do presente projeto de intervenção consiste em promover a integração de famílias de refugiados numa nova sociedade.

2.2.3. Objetivos Gerais:

• Integrar os participantes na sociedade;

• Desenvolver competências sociais, culturais e pessoais nos participantes; • Potenciar o desenvolvimento integral dos participantes;

• Promover o interesse pela história;

• Estimular nos participantes a curiosidade pelas ações de sensibilização; • Promover uma integração ativa e emancipatória dos participantes;

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13 2.2.4. Objetivos Específicos:

• Desenvolver competências ao nível da língua portuguesa; • Estimular o diálogo;

• Promover o convívio e bem-estar através de momentos de descontração; • Fomentar o espírito de equipa e entreajuda;

• Promover o raciocínio e a lógica;

• Estimular a autonomia, a partilha e a participação; • Proporcionar visitas a espaços dedicados à natureza;

• Estimular o interesse dos participantes pela história da sua nova cidade e país; • Incentivar o interesse pela arte;

• Promover a expressão corporal através da dança; • Incentivar o interesse pela gastronomia;

• Promover o interesse pelos trabalhos manuais; 2.3. Diagnóstico de necessidades/interesses

Para que o projeto possa ser planeado e implementado de forma eficaz é necessário proceder a um diagnóstico de necessidades e interesses do público-alvo em questão. “O que está em causa, quando falamos em diagnóstico, é o conhecimento científico dos fenómenos sociais e a capacidade de definir intervenções que atinjam as causas dos fenómenos” (Guerra, 2000, p.129), ou seja, se o diagnóstico não for bem concretizado podemos correr o risco de o projeto não ser adequado às necessidades do público-alvo.

Um bom diagnóstico, passa pela “adequabilidade da resposta às necessidades locais e é fundamental para garantir a eficácia de qualquer projeto de intervenção” (Guerra, 2000, p.131).

Assim, na elaboração deste projeto de intervenção recorreu-se a técnicas como inquérito por questionário, conversas informais e observação direta participante para a realização do diagnóstico de necessidades.

Em seguida apresentam-se os dados relativos à análise dos inquéritos por questionário que permitiram recolher informações para o diagnóstico de necessidades (Apêndice I), sendo que foram aplicados dois tipos de inquéritos, um aos adultos e outro mais curto para as crianças que mostraram aptidão para o responder.

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Neste sentido, as questões que procuramos ver respondidas pelos participantes relacionaram-se com: atividades que tivessem interesse em desenvolver ao longo deste projeto assim como com competências não formais que pretendessem vir a adquirir.

Relativamente às atividades a desenvolver as que se destacaram com votos de todos os inquiridos foram: as visitas a monumentos da cidade de Braga, as atividades gastronómicas portuguesas e sírias, de seguida com cinco votos dos seis elementos inquiridos situam-se as atividades sobre costumes e tradições portugueses e sírios e ainda com quatro votos dos seis elementos inquiridos, destaca-se a atividade de visitas a museus.

Quanto à questão das competências não - formais, que foi só aplicada aos quatro adultos inquiridos manifestaram maior interesse em bordar, cozinhar e dançar com dois votos de um total de quatro inquiridos, sendo que os elementos do sexo feminino mostraram interesse em aprender a bordar, cozinhar e dançar e os elementos do sexo masculino apesar de terem referido a dança, mostraram-se mais interessados em realizar outras que não se encontravam nas opções do questionário como o exercício.

Não obstante, as conversas informais e a observação direta participante foram fundamentais para compreender, de certa forma o que leva os inquiridos a querer participar neste projeto.

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3. Enquadramento Teórico da Problemática do Estágio

3.1. Referência a investigações/intervenções sobre a problemática do estágio De forma a realizar uma boa intervenção foi necessário a leitura e análise de livros, teses, artigos e documentos, para assim recolher informação sobre a problemática do meu projeto. Exemplo disso foram os projetos que analisei, os quais destaco alguns pela sua relevância para o meu trabalho de intervenção e investigação.

Projeto “Família do Lado 2017”

O projeto “Família do Lado 2017” é uma iniciativa que visa contribuir para uma integração mais efetiva dos refugiados em Portugal, reforçando as relações sociais e promovendo a diversidade cultural existente no nosso país, ou seja é uma ação através da qual uma família aceita acolher em sua casa outra família que não conheça, constituindo-se pares de famílias - uma refugiada e outra autóctone (ou vice-versa) - para a realização de um almoço-convívio, típico da sua cultura, como forma de acolhimento do “Outro”.

Esta iniciativa ocorre todos os anos em Portugal, desde 2012. Têm sido muitas as entidades públicas (Autarquias e Juntas de Freguesia) e privadas (Associações de Imigrantes; Associações Juvenis e outras, Cooperativas, ONG, IPSS e Empresas) que todos os anos se inscrevem para a sua implementação a nível local.

Em Portugal, a iniciativa é dinamizada pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), em parceria com entidades públicas e privadas de todo o país. Nela poderão participar todo o tipo de famílias que desejem contribuir para o processo de integração dos imigrantes residentes em Portugal, entrando em contacto com a entidade organizadora mais próxima da sua área de residência (autarquias, entidades da sociedade civil ou outra), junto da qual poderão obter mais informações e inscrever-se na qualidade de Família Anfitriã ou de Família Visitante (ACM, 2017).

Este projeto foi uma mais-valia para o meu trabalho com estas famílias, pois tive a oportunidade de participar com elas nesta iniciativa no ano 2017, inscrevendo-me como assistente de projeto por uma instituição, no caso pela Habitat For Humanity.

No dia 26 de novembro de 2017, realizamos assim um almoço na cantina da instituição, com várias famílias recém-chegadas a Portugal e várias famílias anfitriãs. O encontro foi um sucesso, houve imensa partilha e muita participação por parte das famílias acolhidas, todos gostaram imenso de conhecer pessoas novas, com as mais variadas histórias de vida.

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16 Projeto “Integration Game”

Associações e ONGs têm desenvolvido várias campanhas e projetos com o objetivo de ajudar no bem-estar dos refugiados. Uma vez chegados ao seu destino final, os refugiados enfrentam um grande problema: como se tornar parte da sua nova sociedade, absorver novas informações e hábitos todos os dias e, por outro lado, contribuir ativamente para a progressão e crescimento dessa mesma sociedade.

Este é um projeto que visa criar oportunidades para que os refugiados se integrem em atividades culturais - através de jogos de tabuleiro - bem como para partilhar os seus novos conhecimentos com outras pessoas com menos oportunidades na sociedade, criando, entretanto, relacionamentos e competências que lhes proporcionem oportunidades reais no mercado de trabalho.

O "Jogo de Integração" é um projeto baseado em objetivos positivos e numa estrutura muito organizada, que levará os participantes a uma jornada de educação e integração.

O projeto consiste em fornecer aos participantes ferramentas formais e não formais, para através de jogos de tabuleiro educativos, criar laços com pessoas que vêm de condições difíceis da sociedade portuguesa. Posteriormente a missão deles será promover competências de educação não formal em várias instituições de caráter social locais.

O "Jogo de Integração" consiste em três momentos diferentes:

1º - Cinco sessões de apresentação, onde as partes interessadas fornecerão aos participantes conhecimentos teórico-práticos necessários para conhecer os jogos, com o objetivo de familiarizá-los com o ambiente dos jogos de tabuleiro como utilizadores. 2º - Quatro sessões de treino e apresentação de resultado sem ambiente de jogo, durante reuniões mensais de jogadores de tabuleiro, com o intuito de se integrarem os participantes como membros ativos da comunidade de jogadores de tabuleiro, assim como oportunidade de socialização com agentes da comunidade local, facilitando, assim, a sua integração.

3º - Três eventos diferentes nos quais os participantes se tornarão partes interessadas de um encontro de jogo de tabuleiro em diferentes instituições de carácter social local. Esta fase permite aos participantes mostrarem aquilo que aprenderam, as competências

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que adquiriram, permitindo, por outro lado, aos utentes das instituições, o desenvolvimento de um novo sentido de perspetiva sobre a realidade dos refugiados e sobre a sua própria realidade. Integrar os refugiados para integrar os locais.

De acordo com o responsável do projeto, o objetivo passa por, recorrendo às vertentes de pedagogia, ensino, História e interação social dos jogos de tabuleiro, trabalhar com os refugiados alojados em Braga e que têm uma realidade de conflito e muito diferente da nossa, para conhecerem um pouco do que é Portugal, da nossa história, de forma a facilitar a sua integração na comunidade.

O “projeto-piloto” do “Integration Game” decorreu em novembro, com os responsáveis a salientarem o enorme sucesso da iniciativa e a desejarem continuar com o trabalho. O “Integration Game” é um projeto patrocinado pela Erasmus Student Alumni Association (ESAA), no âmbito de uma iniciativa de promoção da integração de refugiados na Europa.

O “Integration Game” aparenta-se bastante interessante para as famílias envolvidas neste projeto. Entrei em contacto com o responsável e tratamos de marcar um encontro, onde as famílias tiveram oportunidade de experimentar esta iniciativa. Apesar de ainda terem participado em 2 sessões e terem gostado bastante da dinâmica do jogo, não nos foi possível participar no projeto a 100%, pois o projeto-piloto tinha datas definidas, tal como mencionado anteriormente e devido ao curto espaço de tempo e incompatibilidade de horários, não nos foi possível fazer mais que duas sessões.

No entanto, foi um projeto que se mostrou bastante interessante e que trabalha bem a integração, pois a certo ponto do jogo as pessoas já interagiam umas com as outras de forma muito positiva, tentando-se ajudar umas às outras quanto à dinâmica do jogo. Nesse sentido foi uma iniciativa que considero produtiva, apesar da sua curta duração na minha intervenção. Projeto “Começar de Novo: Apoio à Autonomização de Refugiados”

Para a realização deste projeto o Conselho Português para os Refugiados (CPR) conta com a parceria de uma entidade com 30 anos de especialização nesta temática: a RHmais - Organização e Gestão de Recursos Humanos, SA, que permitirá o desenvolvimento de um projeto inovador, sustentável e replicável em outros consórcios de acolhimento.

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Nesse sentido, de acordo com o (CPR, 2011) os objetivos a que este projeto se propõe são:

1- Estimular o empowerment individual dos requerentes de asilo e refugiados, para que, a médio e longo prazo, diminua o risco de pobreza e exclusão social, habilitando-os, findos os 18 meses de apoio do Programa Nacional de Recolocação, para o exercício de uma cidadania autónoma. Assim, pretende-se que:

• Os beneficiários do projeto se tornem mais autónomos em termos de estruturação do seu projeto vida e, simultaneamente, menos dependentes dos serviços de apoio;

• Se garanta a existência de espaços de participação, com vista a que os requerentes de asilo e refugiados tenham a possibilidade de fazer ouvir a sua opinião e intervir na definição das políticas de acolhimento e integração;

• Reforço dos mecanismos de informação (individualmente e em grupo) sobre aspetos diversos de direitos, deveres e cidadania, com especial enfoque para a empregabilidade; • Construção de um Plano Individual de Integração e consequente enquadramento

profissional e/ou profissionalizante;

• Promoção de sessões de sensibilização/informação sobre a problemática dos refugiados e culturas das comunidades residentes em Portugal, destinadas à sociedade de acolhimento (com especial ênfase nos técnicos locais, sector empresarial e outras entidades empregadoras).

2- Construir e testar uma ferramenta online (Rede Operacional de Apoio aos Refugiados) de apoio aos técnicos do CPR e de outras entidades de acolhimento, assim como técnicos locais dos municípios, para a promoção do trabalho em rede, que possibilite um acompanhamento técnico e operacional de proximidade e de apoio continuo aos diferentes parceiros de Projeto.

3- Desenvolver modelos sustentáveis de parcerias locais multiníveis que conduzam à integração dos grupos-alvo no mercado de trabalho.

O meu interesse por este projeto encontra-se relacionado com os objetivos a que o mesmo se propõe, pois, vai um pouco de encontro à situação das minhas famílias em Portugal, e aos objetivos estipulados para eles durante 24 meses, essencialmente no que diz respeito a trabalhar a autonomia, a procura ativa de emprego, a participação na sociedade e nesse sentido trabalhar também a integração.

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19 Projeto “Português Integra Mais”

O presente projeto é financiado pelo Fundo Asilo, Migração e Integração (FAMI), visa melhorar e reforçar a integração social e profissional de requerentes e beneficiários de proteção internacional em Portugal, através da alfabetização e da formação linguística.

De acordo com o (CPR, 2017) este projeto propõe-se aos seguintes objetivos:

• Prestar uma formação gratuita e individualizada à situação específica do grupo-alvo (requerentes e beneficiários de proteção internacional: pessoas vulneráveis, homens, mulheres, menores desacompanhados), respeitando a dignidade humana e os compromissos assumidos a nível internacional pelo Estado Português;

• Desenvolver as competências linguísticas e comunicativas necessárias à integração, desenvolvimento e ao exercício dos direitos de cidadania dos requerentes e beneficiários de proteção internacional;

• Complementar a formação teórica com atividades socioculturais e socioprofissionais que permitam reforçar laços sociais e afetivos e a integração no mercado de trabalho; • Dotar de conhecimentos e competências os requerentes e beneficiários de proteção

internacional para uma procura ativa e eficaz de emprego;

• Contribuir para minimizar os efeitos mais negativos do processo de asilo, quer numa fase inicial de acolhimento, quer posteriormente numa fase de integração;

• Desenvolver a atividade formativa de acordo com os requisitos do referencial de qualidade definidos pela DGERT (Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho) em sede de certificação de entidades formadoras.

Relativamente ao projeto “Português integrar mais”, o que despertou atenção foi a componente da alfabetização, pois é um trabalho que se estende ao longo de toda a intervenção. Não tanto no sentido de ensinar a língua portuguesa, mas sim no sentido de dar aos indivíduos ferramentas que lhes possam ser uteis para o seu dia-a-dia. Contudo, a questão da procura ativa de emprego também me pareceu um ponto bastante importante, porque é muito fácil estas pessoas caírem no comodismo devido às ajudas que lhes são dadas no início do acolhimento e portanto, nesse sentido torna-se essencial manter presente a procura ativa de emprego. Assim, achei que seria benéfico para mim estar a par deste projeto, daí o ter destacado.

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Projeto “PARTIS - Refúgio e Teatro: dormem mil gestos nos meus dedos”

Em 2004, no âmbito do ensino-aprendizagem da língua portuguesa, surgiu um grupo de teatro, denominado “RefugiActo”, integrando ao longo destes anos elementos de diferentes origens (Afeganistão, Albânia, Bielorrússia, Caxemira, Colômbia, Costa de Marfim, Etiópia, Gana, Geórgia, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Irão, Iraque, Kosovo, Mianmar, Nigéria, Palestina, Portugal e Rússia).

O “RefugiActo” procura criar ligações com a sociedade portuguesa e a problemática dos refugiados, partilhando emoções, saberes e experiências através de debates e reflexões em diversos eventos festivos e ações de sensibilização pública por vários pontos do país.

Este projeto relaciona a aprendizagem da língua-teatro-integração e esteve na base da candidatura ao Programa PARTIS (Práticas Artísticas para Integração Social), da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo sido aprovado o projeto “Refúgio e Teatro: dormem mil gestos nos meus dedos”, que teve início em janeiro de 2014 e terminou em dezembro de 2016, tem como objetivo, promover a expressão dramática como estratégia facilitadora da aprendizagem da língua e da integração dos requerentes de asilo e refugiados e, ao mesmo tempo, proporcionar acompanhamento artístico profissional ao “RefugiActo”, cada vez mais empenhado em adquirir conhecimentos artísticos e técnicos que reforcem e potenciem a sua prática teatral (FC

Gulbenkian, 2015).

Por último, destaco um projeto relacionado com a expressão dramática, pois considero importante trabalhar esta temática com este tipo de pessoas. Como sabemos todos eles têm uma história de vida, no caso uma história de vida com muitos altos e baixos, e por isso difícil, logo torna-se necessário arranjar formas de poderem exprimir os seus sentimentos.

Nesse sentido, considero que a expressão dramática os pode ajudar em muitos aspetos, porque embora o objetivo final seja quase sempre a realização de um espetáculo, não obstante, na sua preparação, todo o trabalho de imaginação, conceção, de entreajuda, de cooperação, de criatividade coletiva, formam um espaço onde o individuo se poderá desenvolver a nível individual e coletivo, quanto à sua personalidade e interação social.

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Projeto “O acolhimento e a inserção de refugiados em Portugal: procedimentos e práticas de intervenção”

É uma dissertação de Mestrado em Serviço Social, concluída por Sabrina Raquel Pereira Carvalho, em 2017, na Escola de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Através da abordagem de vários casos do norte de Portugal, o presente estudo evidencia um significativo conjunto de especificidades quanto aos processos de intervenção social no quadro do programa europeu de recolocação de refugiados.

O trabalho propõe-se analisar o modo como, localmente, as estruturas institucionais de acolhimento disponibilizam as suas respostas em articulação com a Plataforma de Apoio aos Refugiados e com o Conselho Português para os Refugiados, as principais organizações nacionais de coordenação e encaminhamento.

A compreensão dos procedimentos e das práticas de intervenção das organizações que lidam diariamente, no terreno, com os refugiados desde que chegam a território nacional, constituem o objetivo central deste estudo. Assinalar as características internas do processo de acolhimento em Portugal, ou seja, os procedimentos e práticas de intervenção dos respetivos dispositivos de apoio social acompanhados, constitui, também, um dos objetivos do estudo.

Procura-se, portanto, identificar e compreender as condições técnicas e institucionais para o acolhimento; Os procedimentos efetivados aquando da receção, acolhimento e integração; E ainda a intervenção institucional perante os diferentes perfis de refugiados. São apresentados, neste seguimento, os papéis dos técnicos institucionais neste processo, em particular, o papel dos assistentes sociais. Em simultâneo são caraterizados, ainda que sucintamente, os quotidianos e as rotinas dos refugiados durante o processo de acolhimento e integração. Remete-se também para algumas limitações, efeitos perversos e/ou constrangimentos no âmbito dos processos de intervenção. O estudo reflete ainda, criticamente, sobre os quadros políticos no campo do asilo e das migrações no espaço Schengen e sobre a sua relação com as estruturas técnicas e institucionais existentes no terreno na União Europeia (Carvalho, 2017).

Este trabalho despertou a minha atenção por tratar um pouco a questão do acolhimento ao nível institucional relativamente a este tipo de público. Outro ponto que gostei de ler foi o papel que o técnico deve desempenhar neste tipo de situações. Neste sentido, foi muito útil a

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leitura deste trabalho, até para perceber um pouco mais sobre as rotinas desta população ao longo do seu processo de acolhimento e integração, tendo-me alertado ainda para alguns tipos de limitações que podem ocorrer neste campo de intervenção.

Projeto “Políticas de acolhimento de refugiados recolocados em Portugal”

É uma dissertação de Mestrado em Sociologia, concluída por Mário Ribeiro, em 2017, no Instituto Universitário de Lisboa – ISCTE-IUL.

Trata-se de um estudo exploratório tem como objetivo analisar as políticas de acolhimento de refugiados recolocados em Portugal, relativamente a dimensões como a habitação, saúde, aprendizagem da língua portuguesa e inserção no mercado de trabalho.

Pretende-se sobretudo compreender como decorre o acolhimento dos refugiados. É um estudo de caráter qualitativo que foi desenvolvido através da observação participante, em Lisboa e Portimão, junto das diferentes entidades de acolhimento, através de entrevistas realizadas com os seus responsáveis, entre março e maio de 2017.

Os resultados apontam para a necessidade de promover o acesso ao trabalho, à formação e à aprendizagem da língua portuguesa por parte dos refugiados após a sua chegada, de modo a facilitar a integração desde o primeiro momento, sendo assim necessárias políticas que facilitem o acesso à aprendizagem da língua, à validação de competências e acesso ao mercado de trabalho, tendo como objetivo uma integração efetiva no final do programa de acolhimento. Outro dos resultados deste trabalho aponta para a necessidade de melhorar a comunicação na administração pública, para que a informação existente nos serviços de atendimento ao público seja prestada de forma igual, independentemente do local de acolhimento e, para que não existam bloqueios na integração originados pelos serviços do Estado (Ribeiro, 2017).

Este foi um trabalho que gostei de ler, vai um pouco de encontro às necessidades que sinto relativamente ao meu público-alvo, nomeadamente ao nível da língua portuguesa, que trabalhei ao longo de toda a minha intervenção.

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Projeto “How Solidarity Influences Political Actors to Manage the Refugee Crisis: The Case of Proactiva Open Arms”

A Europa enfrenta a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial e o Mare Nostrum tornou-se o caminho que milhões de pessoas estão a usar para fugir do conflito armado, principalmente desde o início da guerra síria, em março de 2011. Assim, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 1.014.973 pessoas chegaram à Grécia, Itália e Espanha por via marítima em 2015. No entanto, a área do Mediterrâneo tornou-se cenário não apenas de uma crise humanitária, mas também da solidariedade dos cidadãos.

Nesse contexto, a Proactiva Open Arms, uma ONG formada principalmente por salva-vidas, ajudou 135.000 pessoas a chegar à costa em segurança, das quais 10.273 navegaram em barcos errantes. Destes indivíduos, 475 caíram na água e 9.067 ficaram presos em falésias. O trabalho da Proactiva Open Arms levou as autoridades europeias e gregas a acudir aos refugiados. Este artigo analisa ainda a forma como a solidariedade entre cidadãos civis pode mudar as ações políticas e encorajar outros cidadãos a agirem de forma solidária, como parte do projeto de pesquisa financiado pelo H2020, SOLIDUS.

Considero assim que foi uma mais-valia a leitura de todos estes projetos, pois permitiu-me adquirir uma maior bagagem para abordar a problemática do meu projeto.

3.2. Correntes teóricas

Quando se pretende desenvolver um projeto de intervenção, e tendo em conta que “todo o trabalho de investigação se inscreve num continuum e pode ser situado dentro de, ou em relação a, correntes de pensamento que o precedem e influenciam” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p.48).

A guerra na Síria

Desde 17 de novembro de 1946, quando se tornou independente da França, a Síria viu sua história política pós-independência ser construída de uma forma muito insegura. Entre as décadas de 1950 e 1960, existiram diversas tentativas de golpes militares e esforços de tomada de posse em relação ao poder, a crise política ao final da década de 1970 e a “aliança com a

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União Soviética em conexão com as ideias socialistas até o fim da mesma” (Gonçalves, 2016, p.1).

“Os interesses distintos dos diferentes grupos étnicos, religiosos e ideológicos (socialismo, pan-arabismo, baathismo, por exemplo) do país num espaço de poder nacional novo, pronto a ser conquistado e com todas as oportunidades para ser redesenhado, geraram tensões significativas entre os partidos já existentes às quais o poder respondeu sempre com uma presença militar forte e coesa, entendida como a única forma de manter a lei e a ordem desejada” (Santos, 2014, p.5).

A força do exército e a disputa pelo poder que se vê hoje na Síria, não é algo novo. O que sustenta essa ideia, é a quantidade de golpes de Estado na Síria que somam sete entre 1949 e 1970, sendo que o último marcou o início do regime al-Assad, com a ascensão de Hafez al-Assad, militar chefe das Forças Aéreas da Síria e pai de Bashar al-Assad (Santos, 2014).

Hafez al-Assad criou um regime fortemente caracterizado pela postura autoritária e repressiva com o objetivo de manter a ordem no país. Para isso, permitiu a criação ilegal de partidos políticos da oposição e proibiu as candidaturas e políticos contrários ao governo, utilizando a força militar para criar milícias pró-regime em todas as cidades sírias com o intuito de combater todas as formas de oposição ao governo.

Insatisfeita, a maioria da população, composta pela etnia sunita, correspondente a quase dezoito milhões de pessoas (Cavalcanti, 2012), articulou uma rígida oposição ao governo de Hafez al-Assad, exigindo a retirada do presidente do poder. A 2 de fevereiro de 1982, o exército Sírio bombardeou Hama, a cidade que apresentava a maior resistência ao governo Hafez. “O presidente Hafez al Assad ordenou o cerco e destruição da resistência islâmica que se encontrava na cidade. Ao final de 27 dias de cerco, o governo havia acabado com a revolta, deixando um saldo de 10.000 mortos” (Zahreddine, 2013, p.14).

Esta resposta violenta, fez com que não existissem outros movimentos contrários ao governo surgissem até a morte de Hafez al-Assad, no dia 10 de junho de 2000. “Houve festa e manifestação de júbilo em diversas cidades do país. Uma parcela da população acreditou que a morte de Hafez al-Assad poderia representar o início de mudanças no regime ditatorial” (Cavalcanti, 2012, p.69).

Essa celebração surgiu porque Bashar Assad, filho e herdeiro político de Hafez al-Assad, assumiu o comando do país e população achou que a partir desse momento existiria um regime diferente. Bashar manteve a força das alianças locais, como seu pai, principalmente em relação às minorias sírias, no entanto promovendo algumas transformações significativas nos

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primeiros anos de governo. político. “Porém, observou-se que as forças políticas que sustentavam seu governo não permitiram uma mudança mais profunda do modus operandido regime, mantendo os mesmos instrumentos de ação do período anterior” (Zahreddine, 2013, p.13).

Em março de 2011, a repressão aos protestos deixou de ser pacífica: o governo passou a utilizar armas de fogo e tanques contra população a fim de controlar as manifestações. “Em algumas cidades o governo sírio chegou a suspender o fornecimento de água e energia elétrica para determinados bairros. Foi o que aconteceu em Dara’a, Hama, Latakia e Homs, a maior cidade síria contrária a al-Assad” (Cavalcanti, 2012, p.70).

Assim, estima-se que em outubro do mesmo ano, 2.900 pessoas tenham sido mortas e mais de 10.000 presas. Dessas cidades, partiram relatos de que milícias pró-governo assassinaram famílias inteiras, crianças, fizeram decapitações em praças públicas e estupraram mulheres em frente às suas famílias (Cavalcanti, 2012).

Na medida em que o governo sírio reprimia os protestos com violência, a oposição começou-se a organizar e criou estruturas políticas e militares para combater o regime de Bashar. No final de 2011, cerca de 3 mil soldados e oficiais desertaram do Exército Sírio por discordar das ações do governo e se uniram a civis para formar o Exército de Libertação Síria, ELS, a maior força armada opositora ao governo al-Assad (Santos, 2014). Essa oposição é conhecida – e generalizada - no ocidente como “rebeldes”. “Progressivamente, os diferentes grupos armados conseguiram ganhar bases militares e armamento pesado” (Santos, 2014, p.7). O Exército Livre da Síria passou assim a ser o grupo mais representativo dos rebeldes. O objetivo do ELS é “derrubar o regime, proteger a revolução e os recursos do país” (Santos, 2014, p.10). Entre os rebeldes que fazem oposição ao governo de Bahsar al-Assad, estão forças já conhecidas do mundo ocidental, como a al-Qaeda que tem grande influência junto aos grupos armados jihadistas de oposição ao regime. O objetivo da al-Qaeda no conflito é derrotar o governo al-Assad e instaurar o “Estado Islâmico”. A Jabhat al-Nusra, é um grupo essencialmente sunita e assume como objetivo a criação de um Estado islâmico regido pela sharia e declara publicamente ser uma organização apoiada pelo líder da al-Qaeda,Ayman al- Zawahiri.

Perante tais acontecimentos, cresce a violência que força as populações a abandonar as suas casas à procura de segurança e melhores condições de vida, surgindo assim uma questão humanitária: A crise dos refugiados.

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