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PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DOS CANDIDATOS A CARGOS PÚBLICOS: Uma comparação entre homens e mulheres na visão do eleitor

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Academic year: 2020

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Percepção de qualidade dos candidatos

a cargos públicos: comparação entre

gêneros na visão do eleitor

Alice Silva Duarte1;

Lindemberg Costa Júnior2;

1 Tecnóloga em Gestão Pública; E-mail: alice_lili16@hotmail.com;

2 Bacharel em Administração; Mestre em Administração; E-mail: lindemberg.junior@ifma.edu.br;

RESUMO

Comparar os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considera-dos por homens e mulheres foi o objetivo dessa pesquisa. As literaturas brasileiras e es-trangeiras buscam analisar e comparar os atributos que levam o consumidor a escolher por um determinado produto, e alguns comparam a relação do Marketing Comercial com o Marketing Político. Para identificar os atributos de qualidade dos candidatos do sexo masculino e feminino na visão dos eleitores, optou-se por metodologia quantitativa, com caráter descritivo e corte transversal. Buscando tornar mais eficiente a centralização das informações, adotou-se coleta primária de dados por meio de formulário eletrônico (TypeForm), enviado prioritariamente pelo aplicativo de celular WhatsApp, por e-mail, em grupos da rede social Facebook, e pelo Messenger. Sendo assim classifica-se a amostra como não probabilística e por conveniência. O questionário utilizado é o de Monte-Mor e Quintino (2014), que visa mensurar os atributos de candidatos nas visões dos votantes brasileiros e norte-americanos. A amostra estudada foi obtida através das respostas de questionários, que foram aplicados aos eleitores. Foram realizadas as análises das com-parações das médias entre os sexos masculinos e femininos e os resultados apontaram diferentes percepções em ambos os sexos, observou-se que os eleitores são criteriosos na escolha de um candidato ao Poder Executivo. Porém, os mesmos pensam de maneira di-ferente na hora de decidir seu voto ao avaliarem os candidatos em relação aos seguintes atributos: Confiabilidade do candidato, Conformidade do candidato e Relacionamento com o eleitorado.

Palavras-chave: Marketing Eleitoral; Política; Qualidade; Comportamento do Eleitor. Recebido em 26/08/2017; Aceito em 09/05/2018; Publicado na web em 01/10/2018

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Perception of quality of candidates to

public positions: comparison between

genders in the vision of the voter

ABSTRACT

To compare the quality attributes of the elective candidates that are considered by men and women was the objective of this research. The Brazilian and foreign literatures seek to analyze and compare the attributes that lead the consumer to choose for a particular product, and some compare the relationship of Commercial Marketing with Political Marketing. To identify the quality attributes of the male and female candidates in the voters’ view, a quantitative methodology was chosen, with a descriptive and cross-sectional character. In order to make the centralization of information more efficient, the primary data collection was done using an electronic form (TypeForm), sent primarily by the WhatsApp mobile application, by e-mail, in groups of the social network Facebook, and by Messenger, being So the sample is classified as non-probabilistic for convenience. The questionnaire used is that of Monte Mor and Quintino (2014), which aims to measure the attributes of candidates in the visions of Brazilian and US voters. The sample studied was obtained through questionnaire responses, which were applied to the voters. Analyzes of the comparisons of the means between the male and female sexes were carried out. The results showed different perceptions in both sexes. It was observed that the voters are judicious in the choice of a candidate for the Executive Branch. However, they think differently when deciding their vote when evaluating candidates in relation to the following attributes: Candidate reliability, Candidate compliance, and Relationship with the electorate.

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1 INTRODUÇÃO

As preferências partidárias ou ideológicas do brasileiro baseiam-se em imagens difu-sas e simplificadas da posição dos partidos: existiria no sistema de crenças da popula-ção uma divisão quase binária do processo político, de modo que os partidos estariam ou do lado do “povo” ou do “governo”, dos “pobres” ou dos “ricos” (REIS, 2009). Segundo Muniz (2013), o marketing polí-tico e eleitoral vem implantar técnicas de marketing de varejo e de comunicação so-cial, com o objetivo de conquistar a aprova-ção e simpatia da populaaprova-ção, construindo uma imagem do candidato que seja sólida e consiga transmitir simpatia e aprovação do eleitorado. Neste sentido, torna-se re-levante identificar a opinião dos eleitores, pois através deles pode-se proporcionar vantagens estratégicas aos candidatos, por exemplo, prever a preferência dos indivídu-os por um determinando partido político (RADMANN, 2001).

Estudos anteriores buscaram analisar e comparar os atributos de qualidade que levam o eleitor a determinar o seu voto. Identificaram-se estudos que utilizaram o Modelo de Garvin (1988) que tem como objetivo mensurar características de quali-dade de um produto comercial. Nesse sen-tido pesquisadores adaptaram o modelo re-lacionando os políticos como se fosse um produto comercial, e consequentemente devem ter bons atributos de qualidade para serem escolhidos.

Monte-Mor e Quintino (2014) compararam a visão dos eleitores norte americanos e bra-sileiros. Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018) identificaram os fatores que levaram eleitores de baixa renda brasileiros a esco-lher seu candidato. E Silva (2016) desenvol-veu pesquisa com o objetivo de relacionar o que o eleitor leva em conta na hora de escolher um candidato ao cargo de prefeito municipal (Poder Executivo Municipal). Nesta perspectiva, os estudos anteriores apresentam as ferramentas do Marketing, seja comercial ou político, como vantagem estratégica perante aos concorrentes. Porém, não foram identificadas pesquisas que com-param atributos de qualidade do candidato na visão de homens e mulheres. Com a in-tenção de avançar os estudos sobre essa te-mática, o presente estudo busca responder o seguinte questionamento: A percepção dos atributos de qualidade em candidatos a cargos eletivos é diferente na visão entre homens e mulheres? Nesse sentido, o objeti-vo desta pesquisa é comparar os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. O estudo dessa temática se faz pertinente, pois na visão do Marketing Eleitoral iden-tificar os principais atributos de qualidade que levam o eleitor a determinar seu voto pode fornecer aos candidatos vantagens estratégicas em suas corridas eleitorais (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018; MONTE-MOR; QUINTINO, 2014; SILVA, 2016). Nessa perspectiva as ferra-mentas do Marketing Eleitoral podem reve-lar o comportamento dos eleitores diante

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das urnas. (BORBA, 2005; GARCIA; MAIA; BILHALVA, 2014).

Como contribuição prática, a pesquisa pre-tende proporcionar aos candidatos sub-sídios que podem ajudá-los a entender o comportamento do eleitor, levando em conta seu gênero (WERNER; REIS, 2009). Como contribuição teórica, pretende-se acrescentar informações para a literatura cientifica com assuntos acerca do marke-ting eleitoral e os atributos de qualidade, com a lacuna existente que é a comparação de comportamento dos homens e mulheres enquanto eleitores (COSTA JUNIOR; BEI-RUTH; MONTE-MOR, 2018; MONTE-MOR; QUINTINO, 2014; SILVA, 2016).

Nesse contexto, para alcançar o objetivo proposto na pesquisa, analisaram-se estu-dos anteriores relacionaestu-dos ao marketing eleitoral e as diferenças de gêneros. Em se-guida, realizou-se a analise metodológica do estudo, e procedeu-se com a coleta de dados. Logo após, analisou-se os mesmos, onde foi realizada estatística descritiva e multivariada, utilizando-se a regressão para explicar o comportamento do eleitor.

2 FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA

2.1. Marketing eleitoral

De acordo com Scotto (2003), uma eleição a cargos políticos é observada hoje como a venda de um produto (candidato) a uma enorme gama de clientes (eleitores). Nesse sentido, existe a necessidade de apresentar as qualidades desse produto para provocar

encantamento, e consequente, interesse dos consumidores (COSTA JUNIOR; BEIRU-TH; MONTE-MOR, 2018).

O marketing eleitoral está ligado a cons-trução da imagem em curto prazo (SILVA, 2016). Estratégia e tática são elaboradas de tal forma que no tempo certo da eleição o candidato irá apresentar o maior número de votos possíveis, e cumprirá com seus objetivos (MUNIZ, 2013). Ainda segundo o autor, a intenção do Marketing eleitoral é garantir a eleição do candidato nas elei-ções, trabalhando a sua imagem e credibi-lidade com seu eleitorado alvo, para que assim consiga um maior número de votos. Barry (1965) diz que o objetivo maior dos partidos é ganhar o poder político. No pro-cesso democrático, essa busca é complexa e depende do voto popular, e na disputa eleitoral ganha quem conseguir persuadir a maioria (GARCIA; MAIA; BILHALVA, 2014). O Marketing eleitoral deve “partir da visão do cliente e suas necessidades para, a partir de então, criar e praticar um posicionamen-to na mente das pessoas, valorizando os atri-butos que mais elas valorizam”. (TEIXEIRA, 2006, p.22). Em uma campanha eleitoral, é obrigatório criar uma estratégia adequada ao momento político e à realidade em que se está inserida. Tudo o que for desenvolvi-do a partir daí, até mesmo com o suporte do marketing, deve ser analisado e avaliado, buscando sempre a execução dos objetivos previamente estabelecidos (RIBEIRO, 2002). Segundo Tomazeli (1988, p. 17), “a estratégia de marketing compreende análise, planeja-mento e controle da ação mercadológica”.

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Ribeiro (2002, p. 127) argumenta que “uma campanha eleitoral sem direcionamento, sem um eixo de referência, sem metas e ob-jetivos, é transformada em uma nau sem rumo, com ações feitas na base do improvi-so”. Ribeiro (2002, p. 38) define a propagan-da política como “uma propagan-das ferramentas mais importantes e mais utilizadas para conquistar o poder e justificar a dominação. Trata-se de uma forma de coação psicológica, cujo ele-mento fundamental é a manipulação […]” Tomazeli (1988, p. 47) avalia a propagan-da como “qualquer forma paga e impessoal de apresentação e promoção de idéia, bens ou serviços por um patrocinador identifica-do”. O autor sugere que a imagem de um candidato pode ser comparada com a ima-gem de um produto commercial. Portanto, o mesmo deve ter boa imagem perante a sociedade para que atinja seus objetivos eleitorais e politicos.

A propaganda consegue atingir as massas de forma categórica e eficiente, com assis-tência dos grandes meios de comunicação, tornou-se o carro-chefe deste processo e, por muitas vezes, foi considerada como sinônimo de marketing político/eleitoral. (KUNTZ; LUYTEN, 1982). Aliados à propa-ganda política, atuando com o objetivo de dar subsídios estruturais à campanha, estão os recursos institucionais e audiovisuais, como símbolos, logotipos, slogans, mate-rial para rádio, e TV, Tomazeli (1988, p. 45) os define como “um conjunto de ativida-des cujo objetivo é obter uma atitude fa-vorável por parte do consumidor, gerando uma ação de compra”.

Kuntz e Luyten (1982, p. 37) classificam estes elementos como indispensáveis. Para eles, “o símbolo e o slogan estão para a campanha, assim como a bandeira está para uma nação, o que exige que se tenha muito cuidado ao adotá-los e, uma vez efe-tivada a adoção, colocá-los em evidência durante toda a duração da campanha” Segundo Scotto (2003), a representação mercadológica da vida política durante as eleições vê os adversários políticos como “concorrentes” disputando o mercado de eleitores (consumidores), com os mesmos métodos com que os fabricantes de

sabone-tes disputam o mercado. Trata-se de vender

o produto (candidato), principalmente por intermédio dos meios de comunicação de massa, individualizando e tornando dire-ta (sem mediações) a relação do candida-to-produto com o eleitor-consumidor. Em síntese, uma “eleição é um grande processo mercadológico em que o candidato pro-cura vender, passar as suas idéias, as suas propostas a um eleitor que vai comprá-las” (CABRAL, 1998, p. 99).

Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018) pesquisaram a importância do marketing eleitoral para os candidatos a cargos poli-ticos. Os autores compararam a percepção dos eleitores brasileiros considerados baixa renda com os não baixa renda em relação aos candidatos, identificando os princi-pais atributos que esses eleitores levam em conta na hora de decidir seu voto. Vercic e Verdnik (2002) realizaram estudo basean-do-se nas eleições eslovenas de 2000, onde identificou-se que os eleitores apoiam os

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candidatos que lutam pelos direitos das mulheres, e que possuem propostas econô-micas para combater a inflação. Cwalinaet al. (2004) pesquisaram o comportamento do eleitor esloveno, comparando com elei-tores norte-americanos (democracia esta-belecida) e poloneses (democracia em de-senvolvimento). Os resultados indicaram que os meios de comunicação em um país soberano como os Estados Unidos são utili-zados para informar o eleitorado sobre suas propostas de governo, enquanto em países que a democracia ainda está em evolução, como Eslovênia e Polônia, os meios de co-municações perdem a essência de conquis-tar o eleitorado, e passam a ser usadas em batalhas eleitorais com acusações mútuas. Newman (2002) analisou as motivações do eleitor norte americano na escolha dos candidatos à presidência George Bush e Al Gore nas eleições de 2000. Identificou-se que tanto os eleitores republicanos, como os democratas, valorizam quatro característi-cas políticaracterísti-cas, sendo elas: um maior controle de armas, reais mudanças na maneira que o país está sendo administrado, combate a inflação; e candidatos que possuem imagem de patriotismo. Schneider (2014) analisa o comportamento do eleitor norte america-no comparando os gêneros. Identificam-se estratégias utilizadas pelos candidatos nos seus websites de campanha para influenciar na escolha dos eleitores homens e mulheres. Em relação ao Brasil, Castro (1992) afirma que o eleitor brasileiro tem características diferentes do eleitor europeu, e que com-portamentos devem ser analisados para

identificar o que determina o votante a es-colher seu candidato. O marketing político e eleitoral surgiu no país a partir das eleições diretas de 1985 com a eleição do presidente Tancredo Neves, período em que os candi-datos utilizaram-se de estratégias de marke-ting para alavancar as campanhas eleitorais (ZUCCOLOTTO; SILVA; GARCIA, 2005). Manhanelli (1992), afirma que o marketing eleitoral representa hoje o que de mais eficien-te pode se levar a eficien-termo em uma campanha eleitoral. É uma ferramenta mundialmente utilizada em processos eletivos que demons-tra, em várias ocasiões, eficiência e eficácia. Não obstante, seu poder, se utilizado de ma-neira equivocada, pode levar a erros que pre-judicam e até conduzem ao insucesso cam-panhas com chances reais de vitória (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018).

2.2. Atributos de qualidade

Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros” (KOTLER; KELLER, 2006). Richers (1986) afirma que marketing é o processo de en-contrar necessidades e satisfazê-las de for-ma rentável. O Marketing político é um conjunto das atividades planejadas para ‘trabalhar’ o candidato enquanto produto. Entre elas, destacam-se a pesquisa do mer-cado eleitoral, o planejamento do conceito do candidato, a determinação das estraté-gias, o planejamento de mídia, o esquema promocional e a organização geral da cam-panha (REGO, 1985, p. 74).

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Dessa forma, na revisão literária identifi-cou-se pesquisas que analisam os atribu-tos de qualidade que levam a decisão do voto na visão do eleitor. Conforme Silveira (1998) e Carreirão (2000), dentre os atri-butos mais valorizados pelos eleitores, na literatura destaca-se um menor peso para as imagens (candidato do povo/candidato da elite, esquerda/direita) e dando maior ênfase para atributos relacionados à credi-bilidade como (honestidade/integridade e a competência/bom desempenho admi-nistrativo). Para Borba (2005), as possíveis relações estabelecidas entre a tipologia do eleitor brasileiro e os fenômenos da cultura política e da ideologia permitem investigar as causas do comportamento da grande maioria do eleitorado brasileiro, que decide seu voto, em grande parte, a partir de atri-butos pessoais do candidato, como a com-petência e a honestidade.

De acordo com Kotler (1978), o marketing eleitoral é de fundamental importância em um processo político-eleitoral, pois através da aplicabilidade de suas técnicas, os eleitores são identificados, bombardeados e facilmen-te persuadidos. Um candidato é visto como um novo produto a ser lançado no mercado, ou seja, o candidato é um novo produto pro-curando um lançamento bem sucedido no mercado de eleitores (SILVA, 2016).

Monte-Mor e Quintino (2014) identifica-ram a percepção dos votantes brasileiros e norte-americanos em relação aos atributos de qualidade dos candidatos. Os autores criaram um modelo capaz de analisar 08 atributos de qualidade dos candidatos a

cargos eletivos, baseando-se no Modelo de Garvin (1988) que mensura oito dimensões da qualidade de um produto comercial. Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018) utilizando o mesmo modelo, comparou os eleitores brasileiros considerados baixa renda com os não baixa renda, identifican-do os principais atributos que esses eleito-res levam em conta na hora de decidir seu voto. Silva (2016) seguiu a mesma linha de pesquisa, identificado os principais atribu-tos que o eleitor buriticupuense leva em consideração quando escolhe seu represen-tante no Poder Executivo Municipal. O candidato é um produto que carece atri-butos de qualidade para ser escolhido pelo eleitor (GARCIA; MAIA; BILHALVA, 2014). Monte-Mor e Quintino (2014), produziram um modelo capaz de analisar oito dimen-sões de qualidade de um candidato a cargo eletivo: planejamento de governo, identi-dade partidária, confiabiliidenti-dade do candida-to, conformidade do candidacandida-to, durabili-dade do candidato, relacionamento com o eleitorado, imagem do candidato, e exposi-ção eleitoral. Tais características localizar-se no quadro 1 abaixo:

Quadro 1: Oito dimensões de qualidade de

um candidato a cargo eletivo.

Planejamento de Governo

Estratégias traçadas para atingir os objetivos propos-tos. Está ligada às caracterís-ticas como: propostas políti-cas, ideologia do candidato, temas defendidos, equipe de governo e assessoria política.

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Identidade Partidária

Integração do candidato com partidos políticos, coligações partidárias e demais filiados. Envolve características como ideologia partidária, atuação partidária, representativida-de, filiação partidária, históri-co do partido etc.

Confiabilidade do Candidato

Envolve o nível de confian-ça do eleitor segundo his-tórico de vida e político do Candidato (vida privada, histórico familiar, opção sexual, religiosa, financeira, profissional, ideológica etc.) Conformidade

do Candidato

Capacidade de atender aos princípios de honestidade, probidade, ética, verdade, retidão.

Durabilidade do candidato

Capacidade de exercer o mandato com pleno vigor físico, mental e jurídico (en-volve riscos de cassação de eventual mandato em virtu-de virtu-de processo judicial)

Relaciona-mento com o eleitorado

Capacidade de interlocução com eleitores e instituições que compõe o público alvo do candidato.

Imagem do candidato

Atributos físicos do candi-dato. Envolve características como boa apresentação, pos-tura, civilidade, expressão, persuasão, segurança, conhe-cimento, cortesia e educação.

Exposição Eleitoral

Conjunto de elementos da comunicação social capazes de promover as qualidades de um candidato. Envol-ve elementos publicitários como jingles, banners, car-tazes, inserções, placas, pan-fletos e eventos.

Fonte: Monte-Mor e Quintino (2014).

Pelo exposto, percebe-se na literatura a

importância de o candidato ter atributos

de qualidade para ser escolhido perante

o eleitor (COSTA JUNIOR; BEIRUTH;

MONTE-MOR, 2018; MONTE-MOR,

QUINTINO, 2014; SILVA, 2016). O

es-tudo dessa natureza pode trazer novas

perspectivas para os eleitores na hora de

escolher em quem vai votar

(ZUCCO-LOTTO; SILVA; GARCIA, 2005).

3 METODOLOGIA

Com o presente estudo pretende-se com-parar os atributos de qualidade dos candi-datos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. Adotou-se meto-dologia quantitativa, com caráter descri-tivo e corte transversal. Com a finalidade de dinamizar o estudo, foi aplicado coleta primária de dados por meio do formulá-rio eletrônico TypeForm. Visando alcançar o maior número possível de respostas, o questionário foi emitido pelo aplicativo de celular WhatsApp, por e-mail, em grupos da rede social Facebook, e pelo Messenger. Sen-do assim, classifica-se a amostra como não probabilística por acessibilidade. Salienta--se que a coleta dos dados se deu entre os meses de maio, junho, e julho de 2017. Nesse contexto, aplicou-se o questionário de Monte-Mor e Quintino (2014) como fer-ramenta para a coleta de dados. Os autores utilizaram para analisar os atributos de qua-lidade dos candidatos brasileiros e norte-a-mericanosa cargo eletivo. O questionário foi elaborado com 23 (vinte e três) perguntas, divididas em 09 (nove) construtos: Critérios

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do voto, planejamento de governo, identificação partidária, confiabilidade do candidato, conformidade do candidato, durabilidade do candidato, relacionamento com o eleitorado, imagem do candidato, e exposição eleitoral. Empregou-se a Escala de Likert composta de cinco posições como ferramenta para coletar as respostas, onde 1 (um) indica que discorda totalmente e 5 (cinco) concorda totalmente. Conforme quadro 2, apresenta-se abaixo o questionário:

Quadro 2: Questionário utilizado para coletar dados. Atributo dos

Candidatos Afirmações

Critérios do

voto 1. Sou muito criterioso na escolha do candidato em quem eu vou votar.

Planejamento de Governo

2. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham elaborado o melhor Plano de Governo;

3. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham mais capacidade de imple-mentar seu Plano de Governo;

4. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham a melhor equipe de governo;

Identificação Partidária

5. Nas eleições, eu levo em consideração o partido político para escolher meus candidatos;

6. Nas eleições, eu escolho candidatos que respeitem as diretrizes e decisões de seus respectivos partidos políticos;

7. Nas eleições, eu levo em consideração as alianças dos partidos políticos (co-ligações) para escolher meus candidatos;

Confiabilidade do Candidato

8. Nas eleições, eu escolho candidatos em quem mais confio;

9. Nas eleições, eu escolho candidatos por sua trajetória política (vida pública, ex-periência política, ascensão política, trabalhos realizados, projetos de sucesso etc.); 10. Nas eleições, eu escolho candidatos por suas características pessoais (como histórico familiar, orientação sexual, religiosa, condição financeira, profissio-nal e ideológica);

Conformidade do Candidato

11. Nas eleições eu escolho candidatos que aparentem ser os mais honestos, éticos e verdadeiros;

12. Nas eleições, eu escolho candidatos que respeitem os princípios morais com que me identifico;

Durabilidade do Candidato

13. Nas eleições, eu escolho candidatos pela sua potencial capacidade de exer-cer o mandato até o fim, com pleno vigor físico e mental;

14. Nas eleições, eu escolho candidatos pela sua potencial capacidade de exer-cer o mandato até o fim, sem risco de ser cassado por eventual processo judicial;

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Relaciona-mento com o eleitorado

15. Nas eleições, eu escolho candidatos que se preocupem em manter um bom relacionamento com seu colégio eleitoral;

16. Nas eleições, eu escolho candidatos que se preocupem em manter um bom relacionamento com as instituições que o apoiaram (ONGs, igrejas, sindicatos, associações, empresas etc.;

17. Nas eleições, eu escolho candidatos que se preocupem em atender as de-mandas de seus eleitores;

Imagem do candidato

18. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham a melhor aparência; 19. Nas eleições, eu escolho candidatos que sejam mais carismáticos;

20. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham preparado a melhor cam-panha política;

Exposição Eleitoral

21. Nas eleições, eu escolho candidatos que estejam melhores nas pesquisas de intenção de voto.

22. Nas eleições, eu escolho candidatos que tenham o melhor material de pro-paganda eleitoral.

23. Nas eleições, eu escolho candidatos que apareçam mais vezes nas propa-gandas eleitorais.

Fonte: Monte-Mor e Quintino (2014).

Para atingir o objetivo da pesquisa, buscou-se diferenciar o gênero do respondente. Por-tanto, utilizou-se como pergunta controle a primeira questão, que solicita informar seu gênero. E para detalhar o perfil dos eleitores, foram inseridas questões objetivas visando identificar suas características pessoais como idade, interesse por política, escolaridade, estado civil, e ocupação profissional.

Logo após coletar os dados, as respostas foram devidamente validadas conforme a pergun-ta controle. Obteve-se um topergun-tal de 520 respondentes, sendo que 261 respospergun-tas abrangem os respondentes do sexo masculino, e 259 respostas abrangem as respondentes do sexo feminino. Nesse contexto, realizou-se a caracterização da amostra, análises sobre a estatís-tica descritiva e regressão linear múltipla. Utilizou-se o modelo de regressão abaixo:

Modelo 1: Critério na visão dos votantes em relação a qualidade = β0+ ∑8i=1 βi Xi + Contro-les + E1 em que:

X1 = Planejamento de Governo; X2 = Identificação Partidária; X3 = Confiabilidade do Candidato; X4 = Princípios Morais do Candidato;

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X5 = Durabilidade do Candidato; X6 = Relacionamento com o eleitorado; X7 = Imagem do candidato;

X8 = Exposição eleitoral;

Drenda = 1 mulher; 0 se homem;

Controles: idade, interesse por política, escolaridade, estado civil, ocupação profissional; E1= Termo de erro.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.Caracterização da amostra

A análise dos dados aqui apresentados visa comparar os atributos de qualidade dos candi-datos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. Obteve-se 520 ques-tionários válidos, dentre os quais 261 relaciona-se aos respondentes do sexo masculino e 259 aos respondentes do sexo feminino. Nesse contexto dividiu-se a amostra coletada conforme tabela 1.

Tabela 1: Características da amostra dos eleitores masculinos e femininos

MASCULINOS FEMININOS IDADE 16 a 25 anos 84 32,18 116 44,78 26 a 35 anos 85 32,56 82 31,66 36 a 45 anos 55 21,07 28 10,81 46 a 55 anos 32 12,26 33 12,74 56 anos ou mais 05 1,91 00 0,0 Total 261 100,00 259 100,00

INTERESSSE POR POLÍTICA

Não tenho interesse 26 9,96 37 14,28

Tenho interesse 114 43,67 139 53,66

Tenho muito interesse 121 46,36 83 32,04

Total 261 100,00 259 100,00

ESCOLARIDADE

Ensino Fundamental 29 11,11 28 10,81

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22 Ensino Superior 101 38,69 92 35,52 Pós-Graduação 05 1,91 06 2,31 Mestrado/Doutorado 07 2,68 03 1,15 Total 261 100,00 259 100,00 ESTADO CIVIL Solteiro 132 50,57 134 51,73 Casado 78 29,88 71 27,41 Divorciado/Separado 15 5,74 17 6,56 Viúvo 16 6,13 07 2,70 União Estável 20 7,66 30 11,58 Total 261 100,00 259 100,00 OCUPAÇÃO PROFISSIONAL Desempregado 52 19,92 58 22,39

Empregado em empresa privada 49 18,77 39 15,05

Servidor Público 56 21,45 55 21,23

Empresário 24 9,19 12 4,63

Autônomo 80 30,65 95 36,67

Total 261 100,00 259 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa.

Observa-se na tabela 1 que a amostra pesquisada é composta em sua maioria (261) pelo sexo masculino, com idade entre 26 a 35 anos (32,56%), com muito interesse por política (46,36%), tendo cursado o ensino médio completo (45,59%), com estado civil solteiro (50,57%), e autônomo como ocupação profissional (30,65%). Já no sexo feminino foram (259) respondentes, com idade entre 16 e 25 anos (44,78%), com interesse por política (53,66%), tendo cursado o ensino médio completo (50,19%), com estado civil solteiro (51,73%), autônomo como ocupação profissional (36,67%). Portanto a amostra apresen-ta-se certa homogeneidade.

As diferenças encontradas relacionam-se a idade e o interesse por política. Os homens declararam-se ser bem mais interessados por política do que as mulheres, já elas mos-traram ter interesse pelo assunto mais não tanto como os homens. A respeito da idade os homens em sua grande maioria são adultos com certa maturidade, já a maioria das mulheres respondentes são mais jovens, entre a fase da pré-adolescência e a fase adulta. Nesse segmento, os dados apresentados na presente pesquisa, vão ao encontro com os re-sultados encontrados no estudo científicos de Costa Junior, Beiruth e Monte-Mor (2018).

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Já no estudo de Silva (2016), a maioria dos respondentes foram mulheres que declararam ter pouco interesse por política, com idade de 18 a 28 anos.

4.2. Estatística descritiva

Para que seja possível a comparação dos atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres, veremos nessa seção a estatística descritiva de cada variável. São analisados o painel A e painel B, onde respectivamente estão representados os respondentes masculinos e femininos. Na estatística descritiva ge-ral utilizou-se a média, desvio padrão, mínimo, quartil 1, mediana, quartil 3, e máximo.

Tabela 2: estatística descritiva geral. Painel A: Eleitores Masculinos:

Variáveis Média DP MÍn. Q1 Mdn Q3 Máx.

Critério do Voto (y) 4,81 0,68 1 5 5 5 5

Planejamento de Governo 4,65 0,52 1,33 4,33 5 5 5 Identidade Partidária 4,14 1,04 1 3,33 4,66 5 5 Confiabilidade 3,84 0,59 1 3,66 3,66 4 5 Conformidade 4,51 0,72 1 4 5 5 5 Durabilidade 4,58 0,73 1 4,5 5 5 5 Relacionamento 4,52 0,77 1 4,33 5 5 5 Imagem 3,97 1,10 1 3,33 4,33 5 5 Exposição Eleitoral 1,71 1,07 1 1 1,33 2 5 Idade 2,12 1,07 1 1 2 3 5

Interesse por política 2,36 0,65 1 2 2 3 3

Escolaridade 2,39 0,81 1 2 2 3 5

Estado Civil 1,90 1,22 1 1 1 2 5

Ocupação Profissional 3,11 1,51 1 2 3 5 5

Painel B: Eleitores Femininos:

Variáveis Média DP MÍn. Q1 Mdn Q3 Máx.

Critério do Voto (y) 4,72 0,51 3 5 5 5 5

Planejamento de Governo 4,59 0,55 1 4,33 5 5 5

Identidade Partidária 4,08 0,95 1 3,33 4 5 5

Confiabilidade 4,30 0,57 2,66 4 4,33 4,66 5

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24 Durabilidade 4,61 0,62 1 4 5 5 5 Relacionamento 4,53 0,62 1 4 5 5 5 Imagem 4,12 0,87 1 3,66 4,33 5 5 Exposição Eleitoral 2,40 1,24 1 1,33 2 3 5 Idade 1,91 1,03 1 1 2 2 4

Interesse por política 2,17 0,65 1 2 2 3 3

Escolaridade 2,32 0,74 1 2 2 3 5

Estado Civil 1,94 1,31 1 1 1 2 5

Ocupação Profissional 3,18 1,59 1 2 4 5 5

Fonte: Dados da pesquisa.

A análise no que tange a média obtida revela que a variável dependente (Y=sou muito cri-terioso na escolha de meus candidatos) obteve alta média em ambas as amostras (Painel A: M=4,81 e Painel B: M=4,72) revelando assim que independente do sexo os eleitores consi-deram-se criteriosos na escolha de um candidato ao cargo eletivo. Analisando a média dos Atributos de Qualidade percebe-se que em ambas amostras os atributos Conformidade do Candidato (Painel A: M=4,51 e Painel B: M=4,39), Durabilidade do Candidato (Painel A: M=4,58 e Painel B: M=4,61), Planejamento de Governo (Painel A: M=4,65 e Painel B: M=4,59) e Relacionamento com o Eleitorado (Painel A: M=4,52 e Painel B: M=4,53) são as maiores médias encontradas.

Nesse sentido, sugere-se que em média, independente do gênero, o eleitor brasileiro bus-ca votar em bus-candidatos que se apresentam éticos e verdadeiros, que possuem um plano de governo direcionado para atingir os objetivos propostos na campanha, que consigam exercer seu mandato até o fim com pleno vigor físico/mental e que possua uma boa comunicação com o eleitorado (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018). Para Silveira (1998) e Carreirão (2000), dentre os atributos mais valorizados pelos eleitores, a li-teratura destaca-se um menor peso para a imagem (candidato do povo/candidato da elite, esquerda/direita) e dando maior ênfase para atributos relacionados à credibilidade como (honestidade/integridade e a competência/bom desempenho administrativo).

Borba (2005) explicita que as possíveis relações estabelecidas entre a tipologia do eleitor brasileiro e os fenômenos da cultura política e da ideologia permitem investigar as causas do comportamento da grande maioria do eleitorado brasileiro, que decide seu voto, em grande parte, a partir de atributos pessoais do candidato, como a competência e a honestidade. Os resultados obtidos nessa pesquisa também vão ao encontro de estudos realizados por Silva (2016), onde foi constatado que os votantes escolhem candidatos a prefeito com base em aspectos relacionados à honestidade, propostas e projetos de governo que

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pos-25

sam ser executados. Os atributos que tiveram menor média foram Exposição Eleitoral (Painel A: M=1,71 e Painel B: M=2,40) e Imagem do Candidato (Painel A: M=3,97 e Painel B: M=4,12). Esses dados vão de encontro com pesquisa de Monte-Mor e Quintino (2014), que constatou que as menores médias do eleitor brasileiro foram exatamente às encontra-das nesses atributos.

Objetivando comparar a média das amostras e examinar a dispersão dos valores, analisa--se na Tabela 3 a comparação dos atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por homens e mulheres. Nesse sentido, utilizou-se o teste t-Student com intervalo de confiança de 95%.

Tabela 3: diferença de médias da amostra de eleitores masculinos e femininos. Variáveis

MASCULINOS FEMININOS Diferença de médias Média PadrãoDesvio Média PadrãoDesvio Mas-Fem P(|T| > |t|)

Critério do Voto (y) 4,81 0,68 4,72 0,51 0,09 0,22

Planejamento de Governo 4,65 0,52 4,59 0,55 0,06 0,08 Identidade Partidária 4,14 1,04 4,08 0,95 0,06 0,26 Confiabilidade 3,84 0,59 4,30 0,57 -0,46 0,00*** Conformidade 4,51 0,72 4,39 0,78 0,12 0,03** Durabilidade 4,58 0,73 4,61 0,62 -0,03 0,31 Relacionamento 4,52 0,77 4,53 0,62 -0,01 0,39 Imagem 3,97 1,10 4,12 0,87 -0,15 0,04** Exposição eleitoral 1,71 1,07 2,40 1,24 -0,69 0,00***

Fonte: Dados da pesquisa. ** e *** representam coeficientes significativos a 5% e 1%, respectivamente.

Os dados revelam que existem diferenças significativas nos atributos: planejamento de governo, durabilidade do candidato, identidade partidária e relacionamento com o eleito-rado. Indica-se que nesses atributos tanto o sexo feminino e masculino concordam com as afirmativas apresentadas. Sendo assim, foram conferidos os resultados com significância. Com 99% de confiança existem diferenças significativas entre homens e mulheres nos atributos Confiabilidade e Exposição Eleitoral. E com 95% de confiança existe diferenças significativas nos atributos Conformidade e Imagem.

Evidencia-se que as mulheres levam mais em consideração os atributos: confiabilidade do candidato (M=4,30), imagem do candidato (M=4,12), e exposição eleitoral (M=2,40) do que os homens. Confiabilidade do candidato (M=4,30) está relacionada com o grau de confiança do eleitor no candidato tendo como referência sua trajetória profissional e

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experiência política. Para Veiga (2004) a confiabilidade é um fator decorrente da aparên-cia de sinceridade. Já os homens levam mais em consideração o atributo conformidade (M=4,51). O atributo refere-se a capacidade de atender aos princípios de honestidade, probidade, ética, verdade, retidão (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018; SIL-VA, 2016). Desse modo, este atributo também está associado positivamente ao critério de escolha do eleitor. Os dados vão ao encontro da pesquisa de Borba (2005).

Nesse contexto, os dados revelam que as mulheres levam mais em consideração critérios pessoais, propagandas partidárias e aparência pessoal e carisma na hora de decidir seu voto. Barros, Sauerbronn e Ayrosa (2012) destacam a tese da existência de uma nova mo-dalidade de escolha do candidato pelo eleitor que ocorre a partir da imagem que os votan-tes têm do seu candidato, que seria formada, entre outros, por meio de critérios pessoais. Domenach (1963) constatou que a propaganda política é uma ferramenta crucial em um processo político, por ser utilizada para influenciar, persuadir, manipular e dirigir a opi-nião pública, que exercem uma grande influência sobre o eleitor no momento da escolha do candidato. Manhanelli (1992) enfatizou que o candidato consegue se eleger quando possui o dom de persuasão e convence um bom número de pessoas de que suas aspirações coincidem com as do povo.

4.3. Regressão com interação da variável (y)

Como parte integrante das análises, realizou-se testes de regressão com o objetivo de as-sociar os atributos de qualidade do candidato (MONTE-MOR; QUINTINO, 2014) com a variável dependente (Y=sou muito criterioso na escolha de meus candidatos), analisa-se os resultados da regressão conforme Tabela 4.

Tabela 4: Resultados da regressão.

HOMENS MULHERES

Atributo dos Candidatos Coeficiente P>|t| Coeficiente P>|t|

Planejamento de Governo 0,92 0,00*** 0,41 0,00*** Identidade Partidária -0,08 0,09 -0,03 0,40 Confiabilidade -0,04 0,53 0,10 0,04** Conformidade -0,14 0,03** -0,00 0,85 Durabilidade 0,07 0,29 0,04 0,52 Relacionamento 0,14 0,04** 0,09 0,19 Imagem -0,01 0,82 0,00 0,97 Exposição eleitoral -0,12 0,00*** -0,04 0,05** Número de observações 261 259

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Na Tabela 4 estão descritos os resultados da regressão, pode-se afirmar com 99% de confiança que o atributo Planejamento de Governo (Homens: 0,92 e Mulheres: 0,41) está associado positivamente ao critério de escolha do voto, independente do seu gênero. De acordo com Branco (2014) so-mente a partir da década de 1990 é que o planejamento se tornou relevante no setor público, estando centrado na agilidade, efi-ciência, qualidade e flexibilidade.

Em relação ao atributo Confiabilidade do candidato, que refere-se ao nível de con-fiança do eleitor em relação ao candidato, pode-se afirmar com 95% de confiança que o voto das mulheres está associado posi-tivamente ao critério de escolha do voto. Os dados vão ao encontro da pesquisa de Borba (2005), pois revela que o eleitor bra-sileiro ao escolher seu candidato, analisa as habilidades técnicas (planejamento) e éti-cas (confiabilidade).

Os dados revelam que o atributo Conformi-dade do candidato, que refere-se a capacida-de capacida-de atencapacida-der aos princípios capacida-de honestidacapacida-de, probidade, ética, verdade, retidão (MON-TE-MOR; QUINTINO, 2014) com 95% de confiança está relacionado negativamente com a escolha do voto dos homens. Nota--se, portanto, que os eleitores homens não relacionam seu voto com as características éticas que o candidato possui.

Analisando o atributo Relacionamento com eleitorado (0,14) que versa sobre a capacidade de interlocução com eleitores e instituições que compõe o público alvo do candidato. Pode-se afirmar com 95% de

confiança que apenas os homens associam positivamente esse atributo com o critério de escolha do voto. Torna-se importante para o eleitor a proximidade que o candida-to tem com o eleicandida-torado (COSTA JUNIOR; BEIRUTH; MONTE-MOR, 2018).

Por fim, observa-se que o atributo Exposi-ção eleitoral (Homens: -0,12 e Mulheres: -0,04) é negativamente associado em rela-ção à variável dependente em ambos os gê-neros. Os homens com 99% de confiança e a mulheres com 95% de confiança. Esse atributo está relacionado aos elementos da comunicação utilizados para promover o candidato usando para isso material de pro-paganda eleitoral. Os resultados indicam que os eleitores discordam que a escolha do candidato se dá entre o que está melhor nas pesquisas, o que tem melhor material de propaganda e que apareça mais vezes em propaganda durante o período eleitoral. Esse resultado se opõe ao estudo realizado por Domenach (1963) que constatou que a propaganda política é uma ferramenta cru-cial em um processo político, por ser utiliza-da para influenciar, persuadir, manipular e dirigir a opinião pública, que exercem uma grande influência sobre o eleitor no momen-to da escolha do candidamomen-to. Diante do expos-to, nota-se que os eleitores, homens e mu-lheres, pensam de maneira diferente na hora de decidir seu voto e mostraram serem muito criteriosos na decisão do voto ao avaliarem comportamentos relacionados à Confiabili-dade do candidato, ConformiConfiabili-dade do candi-dato e Relacionamento com o eleitorado.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo comparar os atributos de qualidade dos candidatos a cargo eletivo que são considerados por ho-mens e mulheres. Para isso, relacionaram--se estudos sobre comportamento eleitoral e diversidade de gênero. Nesse contexto, utilizou-se o modelo proposto por Monte--Mor e Quintino (2014) capaz de verificar na visão dos eleitores os principais atribu-tos de qualidade do candidato.

Após análises sobre as estatísticas descriti-vas e regressão, observou-se que os eleitores de ambos os sexos são criteriosos na esco-lha de um candidato ao Poder Executivo. Porém, os mesmos pensam de maneira di-ferente na hora de decidir seu voto ao ava-liarem os candidatos em relação aos seguin-tes atributos: Confiabilidade do candidato, Conformidade do candidato e Relaciona-mento com o eleitorado.

As mulheres consideram as habilidades téc-nicas, de planejamento, características éti-cas e trajetória profissional, como atributos que as levam a decidir seu voto. Enquan-to os eleiEnquan-tores homens levam em conside-ração o plano de governo do candidato, bem como o que ele sente mais confiança. Na comparação de médias, identificou-se que nos atributos Confiabilidade, Exposi-ção Eleitoral, Conformidade e Imagem, as amostras pensam de maneira diferente. Com a realização desse estudo, espera-se contribuir para que os candidatos a cargos públicos percebam que os eleitores homens e mulheres pensam de maneira diferente ao avaliarem atributos de qualidade. Nesse

sentido, os candidatos poderão fazer uso da presente pesquisa para elaborar estratégias para suas campanhas eleitorais. Espera-se ainda colaborar no avanço do entendimen-to de que faentendimen-tores da qualidade do marke-ting commercial podem ser associados à política. Ressalta-se que o avanço das tec-nologias, em especial a internet e suas redes sociais, podem servir de ferramenta para alavancar o marketing eleitoral dos candi-datos Como contribuição teórica, espera-se agregar informações no que diz respeito a literatura de Marketing Eleitoral e atri-butos de qualidade, acrescentando novos elementos ao planejamento estratégico de campanhas eleitorais.

Admite-se que a pesquisa possui algumas limitações. Cita-se por exemplo que os dados foram coletados em um período de denúncias, investigações e escândalos po-líticos. Além disso, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, prisões de polí-ticos, denúncias de corrupção contra o pre-sidente Michael Temer, e aprovação de Leis como reforma trabalhista e da previdência. Nesse contexto, todos esses fatores podem influenciar o comportamento do eleitor. Sugere-se para pesquisas futuras que uti-lize o modelo proposto para identificar o comportamento de eleitores em relação à cor da pele, por exemplo, entre branco e negro. Sugere-se também comparar os atri-butos na visão do eleitor em relação a um candidato homem e uma candidata mulher concorrendo a um cargo eletivo. E por fim, sugese identificar a influência que as re-des sociais exercem nos votantes durante a campanha eleitoral.

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Imagem

Tabela 1: Características da amostra dos eleitores masculinos e femininos
Tabela 2: estatística descritiva geral.
Tabela 3: diferença de médias da amostra de eleitores masculinos e femininos.
Tabela 4: Resultados da regressão.

Referências

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