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Empreendedorismo e Politicas Económicas Em Moçambique

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Academic year: 2020

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á 5 anos numa palestra que apresente na Universi-dade Pedagógica (UP) terminava dizendo para Moçambique que deveríamos deixar de ser um país de comerciantes para fazermos um país de produtores. Lamentavelmente passaram esses 5 anos e ainda temos que continuar a dizer o mesmo. Porquê?

Em Moçambique temos enormes potencialidades. Baste mencionar por exemplo os recursos em tantálio, pedra calcária, ouro, urânio, ferro, gás natural (estimado em 150 triliões de pés cúbicos), alumínio, carvão, tantalita, limonita, zircão, turmalinas e petróleo, sem esquecer a imensidade de recursos hídricos, florestais, ou o potencial agrícola. Mas não é somen-te isso. Bassomen-te simplesmensomen-te percorrer as estantes de Shoprite e outros supermercados para observar o forte potencial de produção nacional que poderia ser produzida em Moçambi-que com um Programa de Substitui-ção de importações, que de acordo a dados do Ministério de Finanças,

valoriza-se em mais de 1 bilhão de dólares somente a importação de produtos alimentícios.

A pergunta essencial óbvia é por-que com esse potencial não temos as condições para produzir maione-se, caldos de galinha, sumos diversos, saladas de frutas, tomate sauce, chips vários (batata e outros), sorve-tes, bolachas, queixos, café em pó, sopas, latas diversas (verduras, leites, Corn Flakes, chocolate, etc), licores e têmperas variais e muitos mais. Por-que preferimos exportar ferro e não fabricar bicicletas quando a tecnolo-gia a utilizar não é sofisticada?

Não existe dúvida de que

temos recursos em abundância. Bas-ta somente consolidar o processo económico distrital. Temos terra; temos culturas; esta a disponibilidade de todos a transferência de tecnolo-gia simples ou intermédias e existe suficiente capital. A grande dificulda-de é que não temos empreiteiros ou empreendedores. Por agora esta limi-tação representa a grande aposta do desenvolvimento de

Moçambi-Empreendedorismo e Politicas Económicas

Em Moçambique

Prof. Dr. Óscar Emílio Dada Hutt Vice-Reitor do Instituto Superior de Ciência e Tecnologia Alberto Chipande Email: osemida@yahoo.com.br

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que.

Deve-se destacar que o distrito nunca se convertera num pólo de desenvolvimento enquanto não

exis-tam empreendedores. São os

empreendedores os que convertem o distrito num verdadeiro Pólo de desenvolvimento. Mas, para estimular

aquelas pessoas com filosofia

empreendedora existe a necessida-de necessida-de ampliação e monecessida-dernização das estruturas de implementação do apoio às pequenas e medias empre-sas.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) destaca a necessidade de: 1. Fortale-cimento da cultura e competências empreendedoras; 2. Desenvolvimen-to de competências gerências e capacitação técnica; 3. Melhoria do acesso a mercados e seu desenvolvi-mento; à criação de demanda para os produtos e serviços das pequenas e medias empresas; à melhoria da rentabilidade dos produtos e serviços das pequenas e medias empresas; 4. Disponibilidade de insumos, como matérias-primas, energia, equipa-mento e à criação de instituições facilitadoras, com suas regras e regu-lamentações; 5. Criação de institui-ções de apoio que facilitam a cria-ção de negócios e sua viabilizacria-ção; 6. Desenvolvimento de interacções entre fornecedores e consumidores, relações entre grandes e pequenas empresas, interacções intra e inter-sectoriais; parcerias e colaborações entre as pequenas e medias empre-sas, etc. (Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a partir de Tolentino, 2000).

Sendo assim deve-se compreen-der que o empreendedorismo não é um processo magico que aparece espontaneamente numa sociedade nem resultado de uma propaganda duvidosa. O empreendedorismo é resultado da resposta de algumas pessoas que assumem as oportunida-des do mercado para constituir espa-ços produtivos novos. Mas o merca-do, por ele mesmo, não representa uma garantia para o investimento empreendedor. Uma oportunidade nunca converte-se numa realidade se não existem circunstâncias que garantam e fomentem essa possibili-dade de investimento.

Para o caso de Moçambique assumem-se ao menos três teses fun-damentais para que o empreende-dorismo se faz uma realidade cotidia-na. A primeira tese indica que as pos-sibilidades do empreendedorismo em Moçambique encontram-se fora do espaço dos megaprojetos. Os esfor-ços de fomento ao empreendedoris-mo têm que estar baseados nesta característica do desenvolvimento africano. Não se discute neste artigo a importância ou não dos megapro-jetos em relação ao desenvolvimento nacional. Simplesmente trata-se de relacionar os megaprojetos com as possibilidades de desenvolvimento do empreendedorismo.

Na interpretação do Professor Castelo Branco "o impacto da rique-za produzida pelos megas projetos na economia nacional é relacionado com o grau de retenção e absorção dessa riqueza pela economia e não apenas pela quantidade de riqueza produzida. (...) Se, por um lado, o

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mega projeto for uma ilha isolada do resto da economia, a retenção será mínima ou nula. Se, por outro lado, o mega projeto tiver estabelecido for-tes ligações com a economia que o rodeia, a retenção aumentará e, com essa retenção, aumentará o impacto social positivo do mega pro-jeto. (...) As principais ligações econó-micas que se desenvolvem a partir de mega projetos minerais e energé-ticos são: produtivas, tecnológicas, de emprego, investimento/poupança e fiscais. (As) ligações produtivas são difíceis de desenvolver por causa da sofisticação tecnológica dos mega projetos, da magnitude da sua pro-dução e da fraqueza estrutural da base produtiva nacional. (...)

Liga-ções produtivas a montante

(fornecedores nacionais dos mega projetos) também são difíceis de estabelecer dada a fraqueza da base produtiva nacional e as exigên-cias relacionadas com a sofisticação dos standards de qualidade e certifi-cação que caracteriza a procura de bens e serviços industriais dos mega projetos. (...) Os mega projetos (...) não produzem “produtos tecnológi-cos”, ou capacidade produtiva. Pro-duzem produtos primários, os quais, em si, não permitem transferir tecno-logia e ganhos tecnológicas para

empresas consumidores a jusante. " (Nuno Castelo Branco, 2010)

Não interessa argumentar sobre esta tese, já comprovada pela reali-dade histórica de muitos países afri-canos. Como simples exemplos pode-se mencionar que paípode-ses especializa-dos na indústria extrativa, depois de mais de 3 décadas, especializados na exportação de produtos minerais não observam o aparecimento de processos de industrialização e na maioria deles o sector industrial e pra-ticamente inexistente, mostrando assim que as ligações produtivas dos megaprojetos não fazem-se presen-tes, assim como mantem esses países com uma fraqueza estrutural da base produtiva nacional e não favorecem a criação de emprego. Pode obser-var-se na estrutura sectorial de Ango-la, Guine Equatorial, Gabão, Nigéria, Republica de Congo e Botswana que o sector industrial não esta entre os 5 sectores principais da economia. A dinâmica dos mega projectos, como ilhas isoladas não colabora com a diversificação sectorial e deve-se indicar, pela própria experiencia his-tórica dos países desenvolvidos, que sem um forte dinamismo do sector industrial não existira um verdadeiro processo de crescimento e de desen-volvimento económico.

Tabela No. 1: Estrutura do PIB em países com exportações concentradas na extração mineral

Países 2006 2010

Angola Min

e

Ext Comer-cio Agricul-tura PublicaAdm. Transpor-te Min

e

Ext Comer-cio Agricul-tura PublicaAdm. Transpor-te 69.7 10.1 9.1 6.6 3 46.9 16.6 10.1 7.4 4.4 Guiné Equato-rial Min e

Ext Constru-ção Agricul-tura Comercio Eletrici-dade Min

e

Ext Constru-ção Agricul-tura Comercio Eletrici-dade

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Estas informações mostram perfei-tamente que o impacto na econo-mia dos megaprojetos não tem a ver com o prazo de maturidade dos mes-mos. O impacto inicial dos megapro-jetos, fortemente reduzido em com-paração com os investimentos reali-zados inicialmente, não logram modi-ficar as estruturas produtivas dos paí-ses e como certamente define o Pro-fessor Castelo Branco, mantem-se como ilhas isoladas sem favorecer mudanças estruturais na economia.

Resulta logico, quando são lidos os Relatórios anuais do Banco de

Desenvolvimento Africano (BDA)

encontrar comentários da pobre absorção de investimentos dos megaprojetos. (...) sua base produti-va permanece fortemente depen-dente dos recursos naturais, os quais estão concentrados em poucos megaprojetos, especialmente car-vão, gás e alumínio. Estes

megaproje-tos resultam de um forte Investimento Direto Estrangeiro, o qual tem favore-cido o crescimento económico mas não tem tido um impacto significativo em receitas governamentais, criação de emprego e diversificação econó-mica (Moçambique, 2012), (...); "Cameron tem abundantes recursos. Sem embargo, rendimento obtido da exprobração destes recursos, petró-leo em particular, não tem sido dirigi-do suficientemente a investimentos em infraestrutura e a os sectores pro-dutivos (Cameron, 2012) ", (...) o sec-tor privado de Gabão esta ainda dominado por grandes multinacionais e não oferece muitas possibilidades a abertura de pequenas e medias empresas (Gabão, 2012) ", (...) como o crescimento económico é obtido por sectores intensivos em capital, este não tem tido impacto em cria-ção de emprego e a pobreza perma-nece elevada. (...) O crescimento CONTINUAÇÂO

92.1 2.7 2.0 0.8 0.5 88.0 4.6 1.9 0.9 0.8 Gabão

Min e

Ext Comer-cio Agricul-tura ManufInd. Transpor-te Min

e

Ext Comer-cio Agricul-tura ManufInd. Transpor-te 53.0 5.8 4.9 5.1 4.6 51.8 6.8 4.1 4.5 4.2 Nigéria

Min as e

Extr. Agricul-tura Comer-cio PublicaAdm. Eletrici-dade Min as e

Extr. Agricul-tura Comer-cio PublicaAdm. Eletrici-dade 37.8 32.0 15.1 3.7 3.2 33.5 35.5 16.4 3.8 3.2 Repú-blica de Congo Min as e

Extr. Finanças PublicaAdm. Comercio Transpor-te Min as e

Extr. Finanças PublicaAdm. Comercio Transpor-te 69.8 5.1 4.4 5.5 4.2 70.5 5.2 3.6 5.9 4.3

Botswa-na

Min e

Ext PublicaAdm. Comer-cio Finan-ças Constru-ção Min

e

Ext PublicaAdm. Comer-cio Finan-ças Constru-ção 46.1 16.4 11.1 6.2 4.3 34.7 18.4 14.4 7.4 5.7

Fonte: Elaborado na base de www.africaneconomicoutlook.org. Banco de Desenvolvimento Africano. 2012

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não tem gerado emprego nem redu-zido a pobreza nem as desigualda-des (Nigéria, 2012) "; (...) os recursos naturais não têm sido favoráveis para transformações estruturais e inclusive criação de empresas e trabalho (Zâmbia, 2012) "; (...)"A maioria da população tampouco tem tido expe-riencia positiva (em termos de gera-ção de emprego, aumento de rendi-mentos e desenvolvimento humano) das transferências para extração de recursos naturais". (Tanzânia, 2012) e assim por diante. (Fonte: Relatórios Anuais do Banco de Desenvolvimen-to Africano 2012 dos países referidos. www.africaneconomicoutlook.org)

Referido a Moçambique desta-cam-se duas referências. A primeira sublinha que "a absorção de empre-go também é insignificante. No rela-tório de Moçambique 2012 o Banco de Desenvolvimento Africano indica que " Mesmo se o numero de empre-gos diretos e indiretos são projetados para alcançar alguns dez mil empre-gos no tempo de exploração total de carvão em 2016, isto permanecera insignificante em relação a estimativa anual de 300 000 novos incorporados no mercado de trabalho". A segunda indica que "A economia em Moçam-bique e principalmente uma econo-mia extrativa, ligada à exportação de matérias-primas. Isto é o resultado da natureza do crescimento basea-do em alto capital intensivo. Amplos Investimentos Estrangeiros Diretos diri-gidos a poucos megaprojetos são a origem do crescimento do PIB. As exportações de bens aumentaram de USD 360 milhões em 2000 a 2.78 bilhões em 2011. Ainda, isto é

inteira-mente devido ao inicio da produção de alumínio pela empresa Mozal e a produção de gás natural por Sasol em 2004 (e de carvão nos últimos anos). Como resultado, a participa-ção do sector industrial no PIB decli-nou de 17% em 2004 a 11.9% em 2011. Gaz e alumínio representaram 75% do total do sector manufatureiro e 70% do total das exportações em 2008. " (Fonte: Moçambique. Relatório Anual do Banco de Desenvolvimento

Africano 2011

www.africaneconomicoutlook.org) O pouco impacto dos megapro-jetos como mecanismo de fomento

do empreendedorismo também

pode apreciar-se na relação do aumento significativo do valor das importações e sua desvinculação do

aparecimento de pequenas e

medias empresa.

No livro do autor deste mesmo artigo "A geopolítica da pobreza no Continente Africano no seculo XXI" indica-se que "Em todos os países observa-se um aumento significativo do valor das importações como con-sequência de uma base industrial muito fraca, dependência de maté-rias-primas, combustíveis, produtos alimentares e importação para con-sumo de luxo das elites dos países em análise. Num período de 30 anos o valor quinquenal das importações aumento quase 69 vezes na Guine Equatorial, 15 vezes na Angola, 10 vezes na Uganda, 8 vezes na Etiópia e no resto de países este crescimento e maior a 4 vezes".

Somente como referencia no caso de Moçambique indica-se que o valor das importações representou Vol. 2, Nº 04, Ano II, Abril - Junho de 2015

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9,955 milhões de dólares durante 2010-2011. Não há duvida que uma parte importante destas importa-ções são resultado das necessida-des produtivas dos próprios mega-projetos, mas as possibilidades de organizar processos de substituição de importações são praticamente ilimitadas no curto e medio prazo. Ainda a pergunta óbvia seria: Por-que não existem processos de subs-tituição de importações generaliza-dos em Moçambique que promo-vam o empreendedorismo a nível provincial e distrital?

Para responder, sem aprofundar na teoria económica, baste ressal-tar que nos programas económicos implementados em Moçambique com a filosofia do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Interna-cional (FMI), a liberalização das importações representa uma parte essencial da apertura dos merca-dos e que nos programas de ajusta-mento estrutural não se assumem politicas de substituição de importa-ções pois são os mercados e as capacidades de competitividade as que definem os critérios de inves-timento. Essa e a grande contradi-ção entre sonhar, querer e fazer. E é precisamente esta condicionalida-de que condicionalida-demostra a importante condicionalida- des-cida do PIB dirigida as necessidades internas nacionais.

Falar ainda da percentagem do PIB dirigida ao Investimento, produ-ção e consumo Interno favorece-riam a população nacional não vin-culada as empresas dedicadas a

exportar ou importar. Esta percenta-gem diminui de 66.2 a 27.0 para Moçambique, de 66.0 a 38.0 para Madagáscar, de 80.5 a 51.0 para Etiópia, de 44.4 a 26.5 para Níger e de 60.8 a 29.9 para Nigéria (Fonte: Óscar Emílio Dada Hutt, "A geopolíti-ca da pobreza no Continente Afri-cano no século XXI", Mimeo)

A organização é dominância dos processos de acumulação nacional voltados as necessidades globais do mercado externo apre-ciam-se claramente, de forma gráfi-ca com a descida da percentagem do PIB dirigido ao investimento, pro-dução e consumo interno nacional por regiões, comprovando ao mes-mo tempo que esta organização e funcionamento dos processos de acumulação seguem o mesmo padrão imposto pelos organismos financeiros internacionais que se subordinam ao capital mundial dominante.

Em termos das regiões observa-se a mesma diminuição da partici-pação do PIB para investimento, produção e consumo interno nacio-nal, podendo-se generalizar que os esforços do crescimento económi-co dirigem-se fundamentalmente as relações económicas externas da economia e muito menos ao cresci-mento interno e essa falacia, sobre-tudo com processos de industrializa-ção nacionais fracos, de que a vin-culação ao mercado mundial garante por ele mesmo o desenvol-vimento nunca se comprovou em países subdesenvolvidos.

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Gráfico No. 1: Percentagem do PIB para Investimento, Pro-dução e Consumo Interno Nacional 1980 – 2011

Fonte: Elaborado na base de World International Invest. WB/ org. http://data.worldbank.org/indicator/BM.KLT.DINV.GD.ZS.

(Fonte: Óscar Emílio Dada Hutt, "A geopolítica da pobreza no Continente Africano no seculo XXI", Mimeo Não deve-se esquecer que a glo-balização deve ser entendida como um tratamento desigual para os desi-guais e que os países subdesenvolvi-dos estão e estarão numa total des-vantagem se não se modifica esta concepção. Não perceber estas dife-renças pressupõe entregar nosso pro-cesso de desenvolvimento a interes-ses estrangeiros. As possibilidades do empreendedorismo em Moçambique encontram-se fora do espaço dos megaprojetos e como moçambica-nos devemos organizar moçambica-nossos pró-prios espaços para impulsar o empreendedorismo em nosso pais.

A segunda tese tem a ver com a identificação do potencial produtivo do país para garantir nossas próprias necessidades internas. Pode-se indi-car esta tese assim: Sem conhecer a especialização produtiva e as neces-sidades de consumo nacional, a nível provincial ou distrital existe pouca ou nula possibilidade de fomentar o empreendedorismo.

Esta tese relaciona-se com as eta-pas do desenvolvimento distrital.

Mes-mo se refere-se à instalação de pequenas e medias empresas agríco-las e de igual forma para pequenas e medias empresas urbanas, de forma resumida pode-se indicar que para lograr o anterior precisa-se:

1. Identificar as condições natu-rais, ambientais, hídricas e climáticas a nível distrital;

2. Identificar as especializações produtivas distritais na base a seu potencial produtivo e aos requeri-mentos e restrições ambientais;

3. Definir os processos de recon-versão e transformação distrital na base destas especializações;

4. Definir as metas de produção anuais e quinquenais destas especia-lizações a nível distrital;

5. Definir a organização e os estí-mulos aos agricultores e camponeses para garantir as especializações pro-dutivas;

6. No caso de Moçambique reo-rientar o financiamento do Fundo de Desenvolvimento Distrital na base destas especializações produtivas. Lembre-se que cada distrito dispõe no mínimo de 45 milhões de meticais para favorecer estas especializações cada 5 anos;

7. Determinar o pacote de estímu-los para a instalação das agroindus-triais;

8. Programar a instalação de agroindustriais na base das metas de especialização agropecuária e os volumes e metas de produção agrí-cola.

A terceira tese refere-se aos pro-gramas de políticas definidas pelo Estado para o fomento do empreen-dedorismo. Esta tese pode-se enume-Vol. 2, Nº 04, Ano II, Abril - Junho de 2015

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rar assim: Para o fomento do empreendedorismo precisam-se de condições e tratamentos diferencia-dos para as pequenas e medias empresas que o mercado por ele mesmo não tem possibilidade de ofe-recer.

Em Moçambique existem poucas politicas que fomentem de forma realista o empreendedorismo. Talvez seja essa razão que ser empreende-dor em nosso pais é muito mais difícil que ser empreendedor na Europa, Brasil ou México, por exemplo. Não se tem uma proteção quase mínima para o pequeno e medio empreiteiro num pais em que existem enormes diferencias de competitividade em sua relação com o resto do mundo e não se pode pedir que de um dia para outro este novo empreiteiro este preparado para concorrer satisfato-riamente com competidores que estão melhor preparados.

Existem um sem-número de politi-cas para fomentar e proteger nas etapas iniciais a pessoas com iniciati-va empreendedora, focalizadas na instalação e abertura de pequenas e medias empresas, nas compras públi-cas, nas diferencias e estímulos tribu-tários, no acesso ao crédito e aos mercados externos, na tecnologia, na informação, na capacitação e no treinamento.

Numa importante investigação elaborada por Lia Hasenclever, Pro-fessora do Instituto de Economia, da Universidade Federal do Rio de Janei-ro para a Comissão Económica para América Latina e o Caribe (CEPAL), com o título "Políticas de apoio às pequenas e médias empresas na

América Latina: proposta metodoló-gica", menciona algumas das políti-cas que estão a ser aplicadas em vários países desse continente.

Mencionam-se algumas destas políticas de forma resumida que estão a ser executadas em vários dos países do estudo, de forma a permitir apreciar a importância de definir pacotes ou programas de fomento ao empreendedorismo.

"1. Condições Diferenciadas para

Abertura de Empresas:

Estabeleci-mento de condições diferenciadas para abertura de empresas nos governos provinciais, através das jun-tas de produção e comerciais; simpli-ficação dos procedimentos de cria-ção de empresas; identificacria-ção do potencial produtivo a nível distrital e provincial para instalação de peque-nas e medias empresas.

2. Tratamento Diferenciado nas

Compras Públicas: Percentagem das

licitações da Administração Pública Nacional sejam exclusivas para pequenas e medias empresas com possibilidade de dividir uma compra entre diversas empresas a fim de per-mitir que pequenas e médias empre-sas com menor capacidade de pro-dução possam entrar em determina-das licitações públicas; preferência de melhor oferta a uma pequena e medias empresas caso ela ofereça um valor até 5% superior ao oferecido na licitação pública por uma grande empresa.

3. Tratamento Tributário

Diferen-ciado: concessão de crédito fiscal

para empresas que invistam em capacitação; tratamento tributário diferenciado o qual estabelece que

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municípios e distritos, e órgãos do governo podem criar regimes tributá-rios especiais para pequenas e medias empresas.

4. Tratamento Diferenciado no

Acesso ao Crédito e acesso a merca-dos externos: Financiamento especial

para processos de substituição de importações; Incentivar as exporta-ções por parte das pequenas e medias empresas; fornecer acesso a financiamento e a informações de maneira a capacitar as empresas para alcançar novos mercados; desenvolvimento de grupos associati-vos pertencentes a um mesmo setor ou cadeia produtiva, apoio as pequenas e medias empresas no pro-cesso de exportação, capacitação dos empresários e difusão de informa-ções; Programas para formar e desenvolver grupos formais ou infor-mais de PMEs na forma de consórcios de exportação, a fim de iniciar uma atividade exportadora; sistema de Informações para o exportador; financiamento com taxas de juros subsidiadas para compra de bens de capital ou para a regularização de dívidas fiscais; fundos de garantia às sociedades de crédito e financeiras credoras de pequenas e médias empresas a fim de facilitar o acesso ao crédito; crédito para compras de matéria-prima e insumos e capital para investimentos com condições especiais; linha de crédito para pla-nos de negócios viáveis, que envol-vam a necessidade de financiamen-to para investimenfinanciamen-to em capital para agroindústrias, cooperativas e asso-ciações de produção.

5. Tratamento Diferenciado no

acesso a tecnologia, informação, programas de capacitação e treina-mento: organizar atividades de

capa-citação e assistência técnica para pequenas e medias empresas levan-do em consideração as característi-cas da localidade e do setor de ativi-dade; utilizar a infraestrutura de orga-nismos, tais como, ministérios, secreta-rias e agências de desenvolvimento, para identificar demandas de capa-citação existente por parte dessas empresas; melhoramento da capaci-tação para ampliar a competitivida-de das pequenas e medias empresas de maneira que permita que essas empresas se internacionalizarem; for-talecimento das estruturas de apoio as pequenas e médias empresas fomenta a alianças tecnológicas, for-talecimento de sistemas de informa-ção e de monitoramento das empre-sas; capacitar as pequenas e medias empresas de maneira a otimizar a gestão dessas empresas na relação com as administrações públicas e com outros organismos e instituições com assessoria de técnicos com o objetivo de atualizar as empresas com a diversidade de requisitos e normas a cumprirem e com fatores importantes do mercado produtivo". (Lia Hasenclever e outros, "Políticas de apoio às pequenas e médias empre-sas na América Latina: Proposta Metodológica, Documento elabora-do no âmbito elabora-do Convênio CEPAL/ SEBRAE, LC/BRS/R.139, Maio de 2003, Comissão Econômica para a Améri-ca Latina e o Caribe, Escritório no Bra-sil).

Não existe dúvida que muitas des-tas políticas entram em contradição Vol. 2, Nº 04, Ano II, Abril - Junho de 2015

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com os programas de ajustamento estrutural, tais como aqueles que funcionam em Moçambique. A exis-tência destas politicas indicam que o mercado não e capaz de organi-zar os estímulos para desenvolver o empreendedorismo. São os Estados os que tem que encher esta função a partir de programas de fomento ao empreendedorismo. Deve-se ter consciência de que existe uma con-tradição entre a filosofia dos progra-mas de ajustamento estrutural e o fomento do empreendedorismo, e que devido a que nossa experien-cia produtiva ainda e muito fraca, não e o mercado que resolve essas diferencias.

Devemos compreender igual-mente que se não atuamos desde agora, estaremos cheios de empre-sas estrangeiras e nos simplesmente não teremos outra opção de ser simples empregados delas. Devem-se de definir programas reais para empresas reais a partir do potencial dos distritos e na base deste poten-cial, organizar a constituição de pequenas e medias empresas agrí-colas e agroindústrias na base dum processo de substituição de impor-tações. Com essa experiencia ini-cial, no medio prazo, poderemos convertermos num pais que produz para ele mesmo e para o exterior utilizando toda essa riqueza e recur-sos que Moçambique tem.

Se queremos empreendedores, em Moçambique, primeiro é o Esta-do que deve converter-se num ver-dadeiro empreendedor, originando e organizando programas de fomento ao empreendedorismo.

Não existe a possibilidade do empreendedorismo sem primeiro garantir um Estado empreendedor.

Referências Bibliografias

Lia Hasenclever e outros, "Políticas de apoio às pequenas e médias empresas na América Lati-na: Proposta Metodológica, Documento elabo-rado no âmbito do Convênio CEPAL/SEBRAE, LC/BRS/R.139, Maio de 2003, Comissão Econômi-ca para a AmériEconômi-ca Latina e o Caribe, Escritório no Brasil)

Óscar Emílio Dada Hutt, "A geopolítica da pobreza no Continente Africano no século XXI", Mimeo.

Relatórios Anuais do Banco de Desenvolvimento Africano (2012), In www.africaneconomicoutlook.org

World International Invest. WB/org. http:// data.worldbank.org/indicator/

BM.KLT.DINV.GD.ZS. In Óscar Emílio Dada Hutt, "A geopolítica da pobreza no Continente Africano no seculo XXI", Mimeo.

Imagem

Tabela No. 1: Estrutura do PIB em países com exportações concentradas na extração mineral
Gráfico No. 1: Percentagem do PIB para Investimento, Pro- Pro-dução e Consumo Interno Nacional 1980 – 2011

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