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SEMINÁRIO INTERMUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO CAMPO: INDAGAÇÕES DAS ESCOLAS PÚBLICAS LOCALIZADAS NO CAMPO

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ISSN 2176-1396

SEMINÁRIO INTERMUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO CAMPO:

INDAGAÇÕES DAS ESCOLAS PÚBLICAS LOCALIZADAS NO

CAMPO

Rosana Aparecida da Cruz1 - UTP Regina Bonat Pianovski2 – UTP Grupo de Trabalho – Educação do Campo

Agência Financiadora: CAPES/INEP Resumo

O presente trabalho emerge de discussões realizadas coletivamente e das ações advindas de dois municípios da Região Metropolitana de Curitiba: Tijucas do Sul e Lapa. Esses encontros se referem aos Seminários Intermunicipais realizados em 2014 e 2015 sobre a Educação do Campo, proveniente das interrogações vindas dos encontros de formação de professores que envolveram também a comunidade escolar, nos quais buscaram debater assuntos relacionados às limitações e dificuldades enfrentadas no cotidiano das escolas públicas localizadas no campo. É um movimento de debates coletivos o qual se origina para discutir um projeto de desenvolvimento na perspectiva da formação humana e da afirmação da identidade camponesa. A troca de experiência possibilita o repensar a educação efetivada nas escolas públicas localizadas no campo e sua identidade a partir da reorganização do trabalho pedagógico. Nesse sentido, as realizações dos seminários estão ligadas ao trabalho coletivo desenvolvido nestes municípios a partir da participação no projeto do Observatório de Educação, desenvolvido pelo NUPECAMP (Núcleo de pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas) da Universidade Tuiuti do Paraná. Estas ações desenvolvidas em Tijucas do Sul e Lapa desde 2012 envolvem outros municípios da Região Metropolitana de Curitiba, formando uma rede de troca, experiência e aprendizado na construção de metas e estratégias, mediante as limitações encontradas nas escolas públicas localizadas no campo. Constata-se que os seminários realizados propiciaram intensos debates sobre a concepção da educação do campo e , configurando um espaço de diálogo para socializar e debater as atuais conjunturas sobre a Educação do Campo.

Palavras-chave: Educação do Campo. Sujeitos do campo. Seminário Intermunicipal.

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Doutoranda em educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. Integrante do NUPECAMP (Núcleo de pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas). Bolsista com financiamento CAPES/INEP - email: rosanacruz2007@yahoo.com.br.

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Doutoranda em educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. Integrante do NUPECAMP (Núcleo de pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas). Bolsista com financiamento da CAPES/INEP – email: reginabonat@yahoo.com.br

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Introdução

Este trabalho apresenta os debates coletivos realizados por dois Municípios da Região Metropolitana de Curitiba, Tijucas do Sul e Lapa, os quais organizaram seminários intermunicipais para problematizar as questões inerentes às escolas localizadas no campo com relação a reorganização do trabalho pedagógico. Este espaço de diálogo, de saberes, trocas, experiências e indagações coletivas possibilitou repensar sobre princípios pautados na Educação do Campo como contraponto a concepção de educação rural, a qual ainda se faz presente na orientação do ensino nas escolas públicas localizadas no campo, nos municípios da Região metropolitana de Curitiba. A importância da realização do SIEDOC (Seminário Intermunicipal de Educação do Campo), está ligada ao trabalho coletivo que nasce das ações desenvolvidas em Tijucas do Sul e Lapa desde 2012, provocadas pela participação de professoras e pedagogas no projeto do Observatório de Educação desenvolvido pelo NUPECAMP (Núcleo de pesquisa em Educação do Campo, movimentos sociais e práticas pedagógicas) da Universidade Tuiuti do Paraná, financiado pela CAPES. Frente aos desafios postos no momento, estes municípios propuseram um espaço de diálogo para socializar e debater as atuais conjunturas sobre a Educação do Campo. Os objetivos destes seminários realizados pretendiam: promover encontros coletivos entre municípios na formação continuada de educadores; fomentar debate relacionado à reestruturação do projeto político-pedagógico; refletir coletivamente sobre as práticas pedagógicas inerentes a prática social; Socializar um espaço de formação em rede na troca de conhecimentos; propor ações coletivas na busca de estratégias diante das limitações enfrentadas nas escolas públicas localizadas no campo; propiciar discussões sobre a valorização da identidade e cultura dos povos do campo.

Nessa perspectiva, percebeu-se que os seminários realizados constituíram espaços de abertura de diálogo e por meio dessas discussões, os coletivos debateram diferentes temáticas levantadas pelos professores com relação aos desafios enfrentados no cotidiano escolar e, os próprios sujeitos reavaliaram suas práticas redimensionando a organização do trabalho pedagógico no contexto da educação do campo.

A metodologia adotada na pesquisa tem sido os encontros coletivos que emergem numa pesquisa qualitativa, nos termos de Paulo Freire (1987), refletir-agir-refletir. Dessa forma, há uma abertura democrática nas decisões dos municípios de Lapa e Tijucas do Sul, os quais os sujeitos indagam, questionam e redirecionam as próprias práticas.

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O texto divide-se em três partes, a saber: 1) Educação do Campo: Desafio constante; 2) Os seminários organizados e os grupos de trabalho; 3) Carta Compromisso elaborada pelo coletivo; 4) Considerações finais.

Educação do Campo: Desafio constante

A Educação do Campo origina-se da luta dos movimentos sociais no final da década de oitenta e desde então iniciam os debates e fomentos nas discussões coletivas em que se busca os direitos negados historicamente aos sujeitos do campo. De acordo com Cruz (2014, p. 74) é de grande relevância pensar em uma escola transformadora, que abra espaços na participação democrática. Necessitamos da participação de todos (as) os envolvidos no processo educacional rumo à gestão democrática, exigir direitos de cidadania e lutar pela qualidade da educação é papel da comunidade escolar.

A mesma autora supracitada ressalta que na gestão democrática, é imprescindível ouvir as pessoas, seus anseios, suas angústias, suas ideias, compartilhando o diálogo constante para atingir os objetivos pretendidos. A partir do momento em que um grupo problematiza as questões da sua realidade e se inquieta diante delas, reconhecendo as contradições existentes na sociedade, inicia-se um processo de conscientização política, a luta pelos direitos negados historicamente.

A Educação do Campo tem sido historicamente marginalizada na construção de políticas públicas. Tratada como política compensatória, suas demandas e sua especificidade raramente têm sido como objeto de pesquisa no espaço da academia e na formulação de currículos nos diferentes níveis e modalidades de ensino. A educação para os povos do campo é trabalhada a partir de um currículo essencialmente urbano e, quase sempre, deslocada das necessidades e da realidade do campo. Mesmo as escolas localizadas nas cidades têm um currículo e trabalho pedagógico, na maioria das vezes, alienante, que difunde uma cultura burguesa e enciclopédica. É urgente discutir a Educação do Campo e, em especial, a educação pública no Brasil. (PARANÁ, 2006, p. 25).

A Concepção da Educação do Campo nos faz refletir sobre as contradições existentes na sociedade. É o enfrentamento coletivo lutando contra o modo de produção capitalista e a disputa do agronegócio, contra um sistema da cultura urbanizada, e em contra partida defende outra organização social que considere os direitos do homem que vive no campo. Implica na luta coletiva e conscientização política, que resiste por meio de um movimento voltado à formação humana, valorização do contexto sociocultural dos sujeitos, no que se refere à identidade, à cultura e aos modos de vida.

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como marco a I Conferência Nacional Por Uma Educação Básica do Campo, a qual aconteceu em Goiânia em julho de 1998, defende a uma educação “que encontra, antes de tudo, no próprio sujeito que vive no campo a principal referência histórica para fazer acontecer a formação humana através da educação escolar”. Representa uma ação contra o tipo modelo de escola urbanocêntrico que caracteriza a concepção de educação rural.

Dessa forma, a organização de grupos coletivos, mobiliza a comunidade em busca de reflexão dos problemas e dificuldades enfrentados no cotidiano escolar, e os sujeitos passam a ser protagonistas na reconstrução de suas práticas. Entendemos que são grandes os desafios, uma empreitada bastante desafiadora, mas que há necessidade de romper com uma educação ideologicamente pensada como lugar de atraso, e tentar superar as contradições sociais e lutar pela transformação social. “Nesse sentido, a criação de circunstâncias educativas intencionais, voltadas para a humanização e para a transformação social, assume um papel fundamental, desde que organicamente integrada com a luta pela mudança”. (SCHWENDLER, 2010, p. 286).

Corroborando com a autora, Caldart afirma que “o cultivo da pedagogia do movimento é uma tarefa de nosso tempo. E não poderá ser assumida por outros que não os próprios sujeitos que se desafiam a lutar por toda a vida, pessoalmente, organizadamente, apaixonadamente”. (CALDART, 2006, p. 19). No entanto, a autora afirma que a Educação do Campo não se limita ao contexto escolar, mas entendemos que este é o espaço para a materialização dos princípios defendidos por este movimento.

Como afirma Souza, o que se pretende é “[...] construir uma prática educativa coletiva que se desdobra em produção do conhecimento e valorização da postura crítica na prática e gestão escolar [...]”. (SOUZA, 2012, p. 753)

A organização dos seminários e os grupos de trabalho

Os seminários realizados em parceria entre os Municípios de Lapa e Tijucas do Sul, Estado do Paraná, representaram espaços de discussões no contexto da Educação do Campo e de modo a questionar e problematizar a concepção de educação rural, urbanocêntrica e excludente.

O I Seminário Intermunicipal da Educação do Campo, foi realizado nos dias 31 de julho e 1 de agosto de 2014, em Tijucas do Sul, no Salão de Festas da Igreja Matriz, reuniu aproximadamente 500 pessoas. Constatou-se a presença de: educadores e educadoras, educandos, educandas, pais de alunos, representantes de associações de moradores,

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movimentos sindicais, conselhos escolares, associação de pais, mestres e funcionários, conselhos municipais de educação, Conselho da alimentação escolar, Conselho da criança e do adolescente, Conselho tutelar, agricultores familiares, escolas, secretarias municipais, universidades entre outros. Cabe ressaltar que o grupo NUPECAMP da Universidade Tuiuti do Paraná, colaborou nas discussões nos grupos de trabalho onde atuaram como coordenadores dos grupos para mediar as discussões nos grupos de trabalho. Nesse espaço/tempo foi abordada a atual conjuntura do campo e da Educação do Campo, voltada à formação humana numa perspectiva emancipatória.

Foram dois dias de intenso debate coletivo sobre as questões relacionadas à Educação do Campo. Os membros dos grupos de trabalho enfocaram os limites, potencialidades, proposições e ações buscando melhoria nas escolas localizadas no campo. Foram 10 grupos de trabalho entre os quais citamos: 1) Processo de Nucleação e Fechamento de Escolas; 2) Currículo e Diversidade; 3) Educação Infantil; 4) Educação Especial; 5) Educação de Jovens e Adultos; 6) Educação Integral; 7) Gestão Democrática; 8) Alfabetização Ecológica; 9) Planejamento e práticas contextualizadas: Relação Teoria e Prática; 10) Relações Humanas na Escola.

Após a discussão com as diferentes temáticas abordadas nos grupos de trabalho, foram elencadas em assembleia as proposições e ações transformadas em carta compromisso pelo coletivo.

O II Seminário Intermunicipal da Educação do Campo, foi realizado nos dias 20 e 21 de julho de 2015, no Clube Recreativo Sete de Setembro no Município da Lapa, onde reuniram-se aproximadamente 700 pessoas. Dentre os participantes destacamos: professores e professoras, estudantes; representantes de: sindicato dos trabalhadores rurais, dos conselhos escolares, da associação de pais, mestres e funcionários; representantes dos conselhos municipais de Educação, do Fundeb, da Alimentação Escolar, da Criança e do Adolescente, e Conselho Tutelar; agricultores familiares; escolas; membros das secretarias municipais de Lapa e Tijucas do Sul; representantes das universidades: Unicentro, UFPR - Setor Litoral, NUPECAMP da Universidade Tuiuti do Paraná, Escola Latino Americano de Agroecologia do Assentamento Contestado (ALL); Universidade Aberta do Brasil (UAB) e Faculdade Educacional da Lapa (FAEL).

Foram dois dias de debate coletivo sobre as questões relacionadas a Educação do Campo e dos trabalhadores em geral. No primeiro dia, tivemos as palestras em que a Sra. Leila Aubrift Klenk abordou a temática “ O que caracteriza um município agrícola”, e na

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sequência a Profa. Dra. Maria Antônia de Souza, dialogou com o coletivo sobre “ Educação do Campo no Estado do Paraná”. No segundo dia, os participantes foram divididos em dezessete grupos. É importante destacar que no início do seminário foram resgatadas as solicitações apresentadas no I SIEDOC em Tijucas e a apresentação das ações desenvolvidas pelas secretarias de educação na busca de atender os compromissos assumidos.

Diante das temáticas discutidas no I Seminário de Tijucas do Sul e Lapa, percebe-se que algumas ações foram redimensionadas como a elaboração coletiva dos projetos- políticos pedagógicos, a reorganização curricular contemplando a especificidade dos povos do campo, gestão democrática aberta as discussões no coletivo, formação continuada específica com enfoque nas temáticas direcionadas a diversidade dos povos do campo e temas levantados pelos professores com relação as demandas e dificuldades encontradas. Outro fator discutido no I seminário foi com relação à Educação Integral, que ainda é um grande desafio, pois necessita-se de espaço adequado, construções de salas de aula , ou seja, a questão da infraestrutura para que haja esse atendimento.

Cabe ressaltar, que o Programa Mais Educação está propiciando aos alunos no contraturno aulas de dança, violão, ciclismo, artesanato, cultura local, aulas de capoeira, proporcionando atividades que contribuem para que os alunos usufruam desse espaço/tempo, caminhando futuramente para uma escola integral; Com relação ao fechamento de escolas, também os municípios apresentam essa clareza na defesa e lutam para que as escolas permaneçam em suas comunidades.

É preciso salientar que algumas dificuldades ainda são enfrentadas como questões relacionadas a infraestrutura das escolas, construções, melhores condições de trabalho, salários melhores, revisão de estatuto, espaços próprios, transporte escolar e demais desafios enfrentados no cotidiano. Ressalta-se, porém, que ambos os município de Lapa e Tijucas do Sul, apresentam uma abertura de diálogo, elementos essenciais na construção da democracia, por meio das indagações no coletivo, na busca pela qualidade da educação, almejando e caminhando por uma nova concepção de educação voltada a formação humana.

No que se refere ao II Seminário, os grupos de trabalho enfatizaram os limites, potencialidades, proposições e ações buscando a melhoria do processo de ensino e aprendizagem nas instituições de ensino, dando continuidade nas discussões coletivas realizadas no Município de Tijucas do Sul, com o propósito de interrogar as práticas pedagógicas do cotidiano das escolas públicas. Desse modo, os participantes do seminário, assumiram coletivamente um conjunto de metas e desafios propostos, bem como a luta

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necessária para que os trabalhadores tenham um processo de formação humana emancipatória com qualidade social.

Quanto às temáticas abordadas nos grupos de trabalho destacamos: 1) Agroecologia; 2) Gestão e Motivação de Equipe; 3) Literatura, poesia e história da comunidade; 4) Atendimento Educacional Especializado; 5) Diversidade Cultural; 6) Educação Infantil I – Berçário e Maternal; 7) Educação infantil II – Pré; 8) Organização do Trabalho Pedagógico; 9) Avaliação Educacional; 10) Currículo; 11) Habilidades Básicas para a Aprendizagem ou Pré- requisitos Necessários para a alfabetização Infantil; 12) Geografia Local e Reconhecimento dos Espaços; 13) Família X comunidade; 14) Cuidados com a voz); 15) Ciências: observação e intervenção na natureza experimentos; 16) Pesquisa como Princípio Educativo; 17) Tecnologia na Educação.

Como aconteceu no Seminário anterior às discussões apresentadas nos grupos de trabalho foram apresentadas em plenária, onde foi organizada uma carta compromisso, contendo as demandas da comunidade escolar, no que se refere a políticas necessárias para a melhoria da situação das escolas localizadas no campo.

Carta Compromisso elaborada pelo coletivo nos dois seminários:

Nas cartas compromisso desenvolvidas nos dois seminários os grupos apontaram reivindicações para a melhoria do processo educativo, entre as quais mencionaremos a seguir. Na primeira carta compromisso realizada no I seminário em 2014, em Tijucas do Sul, os participantes sugeriram: O não fechamento das escolas, respeitando a cultura e identidade dos sujeitos do campo, bem como a legislação e a participação da comunidade pela luta e empoderamento no coletivo; valorização de um currículo articulado à concepção da educação do campo que contemple o conhecimento dos aspectos vinculados à prática social. Com relação à Educação Infantil as reivindicações apontaram: contratação de profissionais para atender a demanda, monitores nos ônibus para acompanhamento das crianças, número limitado de alunos nas salas de aula, atendendo a legislação vigente, melhoria na infraestrutura, e no mobiliário, adaptações para as crianças inclusas, compra de materiais e brinquedos pedagógicos. No que tange à educação especial destacaram: a necessidade de formação continuada específica para os profissionais, a presença de um psicólogo ou psicopedagogo para atendimento em cada escola orientando alunos e professores, fazer valer a política Nacional de Educação Inclusiva, de modo a assegurar a todos os alunos o acesso ao atendimento pela equipe multidisciplinar e a avaliação psicopedagógica em tempo hábil;

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redução de número de alunos em sala de aula no processo de aluno incluso, garantir a presença de tutor na sala para auxiliar o professor, garantir transporte adequado, acessibilidade, material pedagógico, adaptação curricular, momentos de diálogo e informações com as famílias entre outros.

Outras questões levantadas indicaram a necessidade de construção de salas de aula para implantação da educação integral; envolvimento da comunidade no processo de construção coletiva do PPP e currículo; formação e constituições de conselhos escolares de forma a efetivar, ações e decisões com a comunidade escolar. Também sugeriram a conscientização e preservação dos ambientes para além dos muros da escola, por meio de projetos que envolvam a sustentabilidade e a valorização da agricultura familiar na produção de produtos orgânicos; além de desenvolver processos de mobilização para que o jovem, adulto ou idoso volte estudar, garantindo a formação de profissionais especializados na EJA, com formação continuada específica, e oferta de abertura de turmas nas comunidades.

Na segunda carta compromisso, desenvolvida no seminário na Lapa, dentre as proposições elencadas destacamos: enfatizando uma educação ecológica, propuseram a utilização do meio, como forma saudável e sustentável, com reaproveitamento e responsabilidade, aproveitando-se dos conhecimentos científicos, e valorizando os saberes populares; adequar as avaliações de desempenho para todos os profissionais da Educação, pelas instituições e secretarias municipais de educação; implementar ações para que o Conselho Escolar, funcione em conjunto com a Associação de Pais e Mestres; manutenção e reforma dos prédios escolares; realizar projetos extracurriculares, de acordo com a realidade de cada instituição. Destacaram a importância do resgate de memórias e histórias da comunidade na prática pedagógica, o qual deve ser trabalhado em sala de aula de forma contínua para não se perder as lembranças, memórias e relatos do passado, iniciando este trabalho já na educação infantil; organizar momentos de estudos coletivos na instituição de ensino sobre educação e diversidade, direcionadas pela equipe pedagógica; promover estratégias e ações que visem a participação dos pais e a valorização de seus profissionais, bem como o entendimento dos pais em relação ao desenvolvimento de seus filhos; e desenvolver projetos de pesquisa a partir de questionamentos do cotidiano, tanto na educação infantil quanto no ensino fundamental.

Nos grupos de trabalho desenvolvidos nos dois seminários os profissionais tiveram oportunidade de falar sobre seu trabalho, trocar experiências e apresentar reivindicações construídas e pensadas no coletivo.

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Considerações Finais

A realização dos seminários envolvendo profissionais que atuam nas escolas localizadas no campo nos municípios de Tijucas do Sul e da Lapa, propiciou a reflexão sobre o modelo de escola que temos, elencando ações em prol do modelo de escola que queremos orientados pelos princípios da Educação do Campo.

Como afirma Leher (2014, p. 176) “é necessário começar a construir um movimento em defesa da escola pública que incorpore outros protagonistas.” É nesta perspectiva que são encaminhados os estudos e ações do NUPECAM, que por intermédio das problematizações provocadas nos seminários e debates realizados nos municípios da Região Metropolitana de Curitiba tem como objetivo a construção de uma educação emancipadora, uma educação construída pelos povos do campo.

É necessário uma educação que considere as especificidades de cada lugar, pois “cada uma das atividades gera experiências e prática social diversificada, cuja identidade pode ser construída no espaço comunicativo do movimento social e na gestão coletiva da vida na escola.” ( SOUZA, 2006, p. 24)

Os encontros ao envolverem a reflexão sobre a forma de condução do ensino nestas escolas permitiram pensar sobre a prática pedagógica, o currículo e a organização de uma escola mais democrática, de forma a garantir também um ensino que desenvolva o senso crítico e possibilite o acesso a conhecimentos científicos que instrumentalize o sujeito que vive no campo a atuar sobre a própria realidade e na transformação da sociedade.

REFERÊNCIAS

CALDART, R. S. Teses sobre a Pedagogia do Movimento. Educação básica de nível médio nas áreas de reforma agrária: Textos de estudo. Boletim da educação, São Paulo, n. 11, p. 137-149, set de 2006.

CRUZ, R. A. da. Reestruturação do projeto político-pedagógico das escolas localizadas no campo no município de Tijucas do Sul. 229 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2014. Disponível em:

http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=713 Acesso em: 3 agos. 2015

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação do Campo. Curitiba: SEED, 2006.

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LEHER, R. Atualidade de política pública educacional e desafio da educação dos

trabalhadores. In: PALUDO, C. Campo e cidade em busca de caminhos comuns. Pelotas: UFPel, 2014, p. 159 – 178

MUNARIN, A. Educação dos trabalhadores do campo e da cidade e política educacional: desafios centrais. In: PALUDO, C. Campo e cidade em busca de caminhos comuns. Pelotas: UFPel, 2014, p. 137 – 158

SCHWENDLER, S.F. Educação e movimentos sociais: uma reflexão a partir da pedagogia do oprimido. In: MIRANDA, S. G; SCHWENDLER S. G. (org.). Educação do Campo em Movimento Teoria e Prática Cotidiana - v. I. Curitiba: UFPR, 2010. P. 267-286.

SOUZA, M. A. de. Educação do Campo, desigualdades sociais e educacionais. Educação e Sociedade, Campinas, v. 33, n. 120, p. 745-763, jul.-set. 2012. Disponível em:

http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 3 agos. 2015.

____ Educação do Campo: propostas e práticas pedagógicas do MST. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.

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